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O que se percebe, em última análise, é que onde não houver respeito pela vida
e pela integridade física do ser humano, onde as condições mínimas para uma
existência digna não forem asseguradas, onde a intimidade e identidade do
indivíduo forem objeto de ingerências indevidas, onde sua igualdade
relativamente aos demais não for garantida, bem como onde não houver
limitação do poder, não haverá espaço para a dignidade da pessoa humana, e
esta não passará de mero objeto de arbítrio e injustiças. A concepção do homem-
objeto, como visto, constitui justamente a antítese da noção da dignidade da
pessoa humana. (SARLET, 2012, p. 104)
Para o bem do equilíbrio das partes, em certa medida, ao empregador não
pode queixar-se de excesso de direitos protetivos aos empregados, pelo menos
no tocante ao direito à intimidade. Pois o poder dirigente também o possui e para
isso estão disponibilizados elementos para a preservação da intimidade de sua
empresa. Da mesma maneira que, a figura patronal possui recursos para dirimir
suas chances de sofrer os efeitos das ações indenizatório.
Cabe ressaltar, a situação de hipossuficiência e vulnerabilidade na
relação empregatícia, na qual os empregados veem-se como vítimas de
condutas invasivas e violadoras de sua intimidade, quando da extrapolação
razoável do poder fiscalizador patronal ao ponto de invadir o foro íntimo do
empregado. Tais prerrogativas atribuídas ao empregador justificam-se pela
inibição da queda da produtividade, assim como, da salvaguarda de informações
sigilosas da empresa a fim da sua não disseminação.
À tal conduta, atualmente, tem-se dado o nome de furto cibernético.
Nessa matéria já há previsão pela Súmula 227, do Superior Tribunal de Justiça,
por aderir a pessoa jurídica a capacidade sofrer dano moral. Como bem ocorreu,
no qual um funcionário de cargo trainee foi condenado a indenizar as Lojas
Renner em R$ 7.000,00 por encaminhado de seu e-mail corporativo ao pessoal
informações sigilosas da empresa1, o que caracteriza furto cibernético, além de
violar as normas de segurança da empresa e dessas informações serem de
importância estratégica — arquivos que armazenavam conteúdos como
orçamentos de departamentos e lista de fornecedores.
Apesar dessa rede de lojas não ter alegado qualquer prejuízo sofrido por
tal conduta inadequada ou do empregado ter usado desses dados para fins
ilícitos; em sede da 10ª Turma do TRT-4, no acórdão 0000295-
37.2011.5.04.0027 RO:
ACÓRDÃO
Por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO
ORDINÁRIO DA RÉ [...] para, julgando procedente a reconvenção,
condenar o reconvindo ao pagamento de indenização por danos morais
no importe de R$ 7.000,00, acrescido de juros a partir do ajuizamento da
1
Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2014-mar-24/envio-dados-sigilosos-empresa-mail-
pessoal-gera-dano-moral>, acessado em: 07.06.18.
ação e atualização monetária a contar da data deste julgamento,
autorizada a compensação dos valores devidos na presente ação pelo
reconvinte. Por unanimidade [...].
http://justificando.cartacapital.com.br/2016/04/20/trabalhador-a-revista-intima-e-
de-pertences-viola-seu-direito-a-intimidade/
DELGADO, Gabriela Neves. Direito fundamental ao trabalho digno. São Paulo:
Editora LTr, 2006.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral
dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado Editora, 2012