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Direito à Intimidade X Poder de Controle do Empregador

Diante das atuais exigências dos meios informacionais em prol da


melhoria das condições comunicativas, a esfera do campo de trabalho também
se engloba a essa realidade. De modo que, ao serem incorporados tais
costumes ao local de trabalho, surgem discussões acerca do direito à intimidade
do empregador, em contrapartida, o poder de controle do empregador.
Tal impasse jurídico, a favor do empregado, encontra escopo nos
diplomas legais do Código Civil, naquilo concernente ao direito da personalidade,
pois esse substancia o direito à intimidade do empregado; bem como, encontra
também amparo constitucional nos incisos V e X da Carta Magna. Ademais, faz-
se necessário ponderar o controle e fiscalização do empregador com o direito à
intimidade do empregado à luz do princípio da razoabilidade.
Nesse diapasão, sob uma perspectiva neoconstitucionalista, outros
princípios basilares à consolidação eficaz do Estado Democrático de Direito, os
princípios da dignidade humana e da isonomia no tratamento dos indivíduos,
também devem ser observados, tanto nas relações sociais, como nas
trabalhistas.
Visto que, está excluída a admissibilidade de tratamento discriminatório e
arbitrário em nosso regime político, como também, inadmissível é a perseguição
por motivos religioso, racial, ou redução do trabalhador a condição de escravo.
De igual modo, enfatiza Delgado a importância do indivíduo enquanto pessoa e
da não possibilidade de coisificação desse. (DELGADO, G. N., 2006, p. 206).
Desse modo:

O que se percebe, em última análise, é que onde não houver respeito pela vida
e pela integridade física do ser humano, onde as condições mínimas para uma
existência digna não forem asseguradas, onde a intimidade e identidade do
indivíduo forem objeto de ingerências indevidas, onde sua igualdade
relativamente aos demais não for garantida, bem como onde não houver
limitação do poder, não haverá espaço para a dignidade da pessoa humana, e
esta não passará de mero objeto de arbítrio e injustiças. A concepção do homem-
objeto, como visto, constitui justamente a antítese da noção da dignidade da
pessoa humana. (SARLET, 2012, p. 104)
Para o bem do equilíbrio das partes, em certa medida, ao empregador não
pode queixar-se de excesso de direitos protetivos aos empregados, pelo menos
no tocante ao direito à intimidade. Pois o poder dirigente também o possui e para
isso estão disponibilizados elementos para a preservação da intimidade de sua
empresa. Da mesma maneira que, a figura patronal possui recursos para dirimir
suas chances de sofrer os efeitos das ações indenizatório.
Cabe ressaltar, a situação de hipossuficiência e vulnerabilidade na
relação empregatícia, na qual os empregados veem-se como vítimas de
condutas invasivas e violadoras de sua intimidade, quando da extrapolação
razoável do poder fiscalizador patronal ao ponto de invadir o foro íntimo do
empregado. Tais prerrogativas atribuídas ao empregador justificam-se pela
inibição da queda da produtividade, assim como, da salvaguarda de informações
sigilosas da empresa a fim da sua não disseminação.
À tal conduta, atualmente, tem-se dado o nome de furto cibernético.
Nessa matéria já há previsão pela Súmula 227, do Superior Tribunal de Justiça,
por aderir a pessoa jurídica a capacidade sofrer dano moral. Como bem ocorreu,
no qual um funcionário de cargo trainee foi condenado a indenizar as Lojas
Renner em R$ 7.000,00 por encaminhado de seu e-mail corporativo ao pessoal
informações sigilosas da empresa1, o que caracteriza furto cibernético, além de
violar as normas de segurança da empresa e dessas informações serem de
importância estratégica — arquivos que armazenavam conteúdos como
orçamentos de departamentos e lista de fornecedores.
Apesar dessa rede de lojas não ter alegado qualquer prejuízo sofrido por
tal conduta inadequada ou do empregado ter usado desses dados para fins
ilícitos; em sede da 10ª Turma do TRT-4, no acórdão 0000295-
37.2011.5.04.0027 RO:

ACÓRDÃO
Por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO
ORDINÁRIO DA RÉ [...] para, julgando procedente a reconvenção,
condenar o reconvindo ao pagamento de indenização por danos morais
no importe de R$ 7.000,00, acrescido de juros a partir do ajuizamento da

1
Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2014-mar-24/envio-dados-sigilosos-empresa-mail-
pessoal-gera-dano-moral>, acessado em: 07.06.18.
ação e atualização monetária a contar da data deste julgamento,
autorizada a compensação dos valores devidos na presente ação pelo
reconvinte. Por unanimidade [...].

Segundo o entendimento do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região,


em prol da valorização da dignidade da pessoa humana, frente ao poder diretivo
do empregador, quando não reduz a um “mero dissabor” a revista de bolsa de
funcionários. Como pode-se observar:

DANO MORAL. REVISTA DE BOLSA. A revista da bolsa e dos pertences do


empregado é ato do empregador e de seus prepostos revelador de perpetuada
desconfiança na pessoa do funcionário, sendo assim presumível o abalo moral
sofrido pela vítima, que se projeta na esfera laboral e íntima, causando-lhe, sem
dúvida, efetivo prejuízo e não mero dissabor com a conduta de trabalhar sob
permanente suspeita. A empresa pode se valer de outros meios para controle
de furtos em seu estabelecimento, não havendo como consentir pela licitude do
ato contínuo e sistemático adotado que quebra, inclusive, a fidúcia
caracterizadora da relação de trabalho, exigível de ambas as partes, empregador
e empregado. Condenação confirmada. (TRT 4ª R., RO 0001437-
33.2012.504.0030, Red. Marcelo José Ferlin D’Ambroso, 1ª Turma, j. em
28/05/2014).

Bem como dispõe o o Enunciado nº 15 da I Jornada de Direito Material e


Processual do Trabalho realizada no TST, em Brasília/DF, em 23.11.2007:

15. REVISTA DE EMPREGADO.


I – REVISTA – ILICITUDE. Toda e qualquer revista, íntima ou não, promovida
pelo empregador ou seus prepostos em seus empregados e/ou em seus
pertences, é ilegal, por ofensa aos direitos fundamentais da dignidade e
intimidade do trabalhador.
II – REVISTA ÍNTIMA – VEDAÇÃO A AMBOS OS SEXOS. A norma do art. 373-
A, inc. VI, da CLT, que veda revistas íntimas nas empregadas, também se aplica
aos homens em face da igualdade entre os sexos inscrita no art. 5º, inc. I, da
Constituição da República.

Agora, quanto a revista íntima em bolsas e armários dos funcionários, o


Tribunal também entende como uma conduta atentatória à dignidade e
intimidade do empregado, pois que o mesmo tem sua moral danificada.
É interessante a distinção das dimensões da honra para a caracterização
do dano moral, tanto nas esferas objetiva — isto é, a honra na esfera coletiva,
no meio social, o juízo que a sociedade atribui a dada pessoa — e subjetiva —
o foro íntimo, o juízo que o indivíduo possui de si — como componentes da moral.
No tocante ao direito à honra ainda, no plano internacional, o pacto de
São José da Costa Rica (Convenção Interamericana de Direitos Humanos),
recepcionada por meio do Decreto 678/92 em nosso ordenamento jurídico, na
qual em seu art. 11, prevê a proteção à honra: “toda pessoa tem direito ao
respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade”.
Nessa perspectiva, o mesmo Tribunal também enaltece a dignidade e a
intimidade do empregado:

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. REVISTAS EM BOLSAS E ARMÁRIOS.


VIOLAÇÃO DA INTIMIDADE RECONHECIDA. A prova dos autos autoriza
concluir que a reclamante foi exposta a situações capazes de caracterizar o dano
moral alegado e a consequente indenização. A revista, em qualquer de suas
modalidades, é sempre atentatória à dignidade e intimidade do empregado.
Recipientes pessoais, como bolsas, carteiras, sacolas, ou armários costumam
conter pertences que o indivíduo considera úteis ou necessários de serem
transportados, neles incluindo objetos ligados à esfera da intimidade que o
trabalhador não deseja ver expostos. Recurso conhecido e provido para
reconhecer a ofensa e condenar a ré ao pagamento de verba indenizatória. (TRT
4ª R., RO 0000747-79.2013.5.04.0026, Red. Gilberto Souza dos Santos, 3ª
Turma, j. em 30/09/2014).
Fonte:

http://justificando.cartacapital.com.br/2016/04/20/trabalhador-a-revista-intima-e-
de-pertences-viola-seu-direito-a-intimidade/
DELGADO, Gabriela Neves. Direito fundamental ao trabalho digno. São Paulo:
Editora LTr, 2006.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral
dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado Editora, 2012

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