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Primeira proposta dramatúrgica do espetáculo de conclusão do módulo II (sábado) do Projeto Palavra


Viva (2018)

Personagens:
A DOS FONES - Stephanie
BÊBADO - Igor
CACHORRO - Esdras
CASADA - Giuly
CASADO - Ivo
CONTRAPESO - Vinícius
CORAÇÃO - Luiz
DONA DE SI - Olívia
FILÓSOFO: Marcos
PESO - Matheus
MONSTRO - Cristian
MULHER 1 - Isadora
MULHER 2 - Nigri
MULHER 3 - Thaynara
MULHER CALADA - Maria Clara
MULHER CANSADA - Alba
MULHER QUE PROCURA - Lucília
PEQUENA - Laís
POETA - Lucas
SONÂMBULO - Arthur
SRA PIRES - Cláudia
VERBORRÁGICA - Britney

PRÓLOGO

A peça começa lá fora. As pessoas vão chegando e os personagens também. Cada um carrega
o seu mar.

CENA 1

Sonâmbulo recebe carinhosamente a todas as pessoas, abraços e agradecimentos. Ele é


sonâmbulo. Ninguém sabe. Aos poucos tem comportamentos estranhos. Colocar o lixo pra
fora, coisas do tipo.

No palco o cenário é um bar, Cachorro e Monstro tomam vitamina de abacate.


CACHORRO: Eu não gosto de domingo, sabia? Pra mim é o pior dia da semana, nada
acontece. É um dia monótono, tudo vazio e sem vida, não tem criança gritando, gente
brigando. Eu gosto do caos. Gosto de agitação, sabe? Muita agitação! Quero que tudo se
exploda, essa agitação me faz viver. E o domingo é bobo, sem graça.
MONSTRO: Não, não acho! Pra mim o domingo é como semana passada, é como ontem e
como são todos os outros dias comuns e normais onde as pessoas fazem coisas normais em
suas vidas normais e é isso. Domingo é só isso, não tem nada de menos e nem nada de mais.
O que eu acho vazio é o seu copo.
(Mulher Calada serve mais vitamina aos dois)
CACHORRO: Você conhece o Albert?
MONSTRO: Não… talvez. Talvez eu conheça o Albert. Porque você tá me perguntando
isso?
CACHORRO: Nada, não.
MONSTRO: Você conhece o Albert?
CACHORRO: Não conheço.
MONSTRO: Então porque você tá me perguntando sobre alguém que não conhece?
CACHORRO: É que eu tenho uma teoria de que os Alberts não existem. Eu não conheço
nenhum Albert e não conheço ninguém que conheça algum.
MONSTRO: Puta que pariu! Ainda bem que a gente só tá bebendo hoje.
CACHORRO: E isso me intriga!
(Os dois começam a rir juntos.)
CACHORRO: Sabe o que é engraçado? A gente aqui sentado consegue observar todas as
pessoas que estão passando e dá pra inventar histórias para cada uma delas. Imaginar essas
vidas, nós temos esse poder. Só que ninguém nos vê, é como se essa mesa fosse invisível.
(falar algo de alguém da platéia) Olha lá aquela mulher, tá vendo? Ela anda muito engraçado,
presta atenção.
MONSTRO: Eu acho melhor a gente parar, ninguém gosta de ser observado.
CACHORRO: Fica tranquilo, ela quase não enxerga.
MONSTRO: Como é que você sabe disso?
CACHORRO: Eu conheço ela, senhora Fátima. Você não leu jornal?
MONSTRO: Quem lê jornal?
CACHORRO: Essa mulher matou o marido e os três filhos, ficou presa durante 30 anos e
agora está livre. É uma assassina.
MONSTRO: Meu deus isso é sério?
CACHORRO: Hahahaha! Não, claro que não. E é disso que eu tô falando. É fácil criar
história para cada uma dessas pessoas. Não precisa nem de apontar o dedo é bem simples.
MONSTRO: Eu não sei se eu posso rir de uma coisa dessa. Isso que você tá fazendo é um
absurdo, mas eu quero participar disso também. Eu vou escolher uma pessoa e te contar uma
história sobre ela.
CACHORRO: Não é assim que funciona, você simplesmente conta, não anuncia.

O bêbado surge na cena.

BÊBADO: Enche meu copo? (Mulher Calada serve).


Bêbado bebe toda a vitamina e cai no chão.

BÊBADO: (conversando sozinho, perdido em um tempo no qual não se recorda) Eu sou forte
como cavalo novo com fogo nas patas correndo em direção ao mar. Deus!!! Eu não vou
incomodar, eu juro. Pode ficar ai. E só pra ficar olhando!! Eu vou levantar daqui sozinho. E
se for necessário irei começar tudo de novo. Porque eu sou forte, porque eu sou forte. Eu vou
criar outros instantes, porque todos todos todos irão se envolver! TODOS! Eu sei recomeçar.
Eu sei ! EU SEI ! Quem respira por mim?? Quem respira por mim? Porque eu sou forte como
cavalo novo com fogo nas patas correndo em direção ao mar correndo em direção ao mar
correndo em direção ao mar correndo em direção ao mar (desmaia)

DONA DE SI: Morreu?

CENA 2

Um mar de gente passa com suas quietudes (View Points). Pequena se isola ao fundo em
busca de ar. Ela carrega uma máquina respiratória. Verborrágica acalma Pequena acariciando
seus cabelos. Aos poucos as pessoas param e a ajudam respirar.

PEQUENA - Grande, deus. Bom, vou me apresentar: sou Pequena, me chamam assim aqui
em casa. Moramos eu, mamãe, papai e meus irmãos. Ah, o William também. Mas esse é um
assunto complicado, eu explico depois. Enfim... mamãe é muito cuidadosa e está sempre
ocupada. Sobre meus irmãos... Poeta mora longe e está sempre ligando para ter notícias;
Filósofo arrumou um emprego numa locomotiva e começa amanhã; A dos Fones ama música
e está toda contente com o headphone que Poeta mandou para ela; o mais velho é
"sonântulo". (para o público) Mamãe disse que não se pode acordar alguém que está
“sonântulo”.

SONÂMBULO - Boa noite. Obrigado por terem vindo. Desculpem começar assim, cortando
o sonho de vocês, mas para que tanto suspense? Todas as histórias do mundo já foram
contadas. Essa é só mais uma história de uma família comum (formar fotografia da família),
que toma café, em que um briga com o outro, em que um adoece, enfim: com nossos
problemas cotidianos. A nossa história é essa. Vocês são grandes, eu sou grande, ninguém
aqui é Pequena… todo mundo aqui sabe onde está. Todos sabem que amanhã eu vou repetir
as mesmas coisas que eu estou falando agora. Todos sabem que amanhã eu vou entrar nesse
lugar e dizer: Boa noite. Obrigado por terem vindo, mas todas as histórias já foram
contadas… […] É isso: todas as histórias do mundo já foram contadas… Vocês sabem: em
alguma hora, um celular vai tocar aí (apontando o espaço da plateia), algumas pessoas vão
pensar: “Nossa, que falta de educação deixar o telefone ligado aqui!” Aí o dono ou vai
desligar seu telefone para ser fiel à educação que sua família lhe deu, ou vai, sem culpa,
atender, falando baixo: “Oi, tô em outra realidade! Depois te ligo!”
Mãe carrega Sonâmbulo para a fotografia

PEQUENA: (Voltando a escrever no diário e se posiciona na fotografia): Bom, hoje eu tive


uma crise de falta de ar. Mamãe fica preocupada e me disse que eu vou ter que entrar para a
natação e usar os sapatos que o Poeta mandou para mim. Mas eu não quero.

SRA PIRES: A família é o que está nos cantos, nas nossas fissuras, como o pó que se
acumula na esquina do chão, tão difícil de retirar.
- Mãe!
SRA PIRES: Ela está entre os dedos, as axilas, entre as pernas...
- Mãe! Onde está o meu sapato?
SRA PIRES: … no canto do olho, debaixo da língua, entre os dentes. É um pires. Porque é
para o pires, não é?
- Mãe!?
SRA PIRES: É para o pires que a xícara sempre retorna, em repouso.
- Mãe! Sabe onde está meu sapato?
SRA PIRES: Debaixo da cama.
- Eu já olhei, mãe.
SRA PIRES: Se eu for aí e achar você vai apanhar.
- Mãe o meu irmão me bateu!
SRA PIRES: Cuidado com o que planta no mundo! Mas por aqui, como eu, existem outros
moradores desprotegidos, mesmo com cães dentro de casa. Companheiros de muros: muros
de tijolos, muros de pele.
- Cadê meu sapato?
- Cadê deus?
- Cadê meu ar?

CENA 3

Um mar de gente a procura de algo. Aos poucos fica apenas o Casado.

CASADO: (para alguém da plateia) Você pode ler este texto quando você achar o momento,
por favor?

Casado senta em uma cadeira.

CASADA: (em off) Vamo, a gente tá atrasado! A gente tá atrasado! (entra em cena) Cê viu
meu relógio?
CASADO: Tá alí em cima da... da cômoda.
CASADA: Cê não viu meu relógio?
CASADO: Tá em cima da cômoda.

Casada sai de cena e do fundo começa a falar enquanto volta em direção a Casado
CASADA: Já são 8:15, se a gente sair agora e pegar o primeiro ônibus vamos chegar lá umas
9:40 .
CASADO: 9 horas... Acho que a gente chega 9 horas.
CASADA: A gente tá atrasado, não vai dar tempo! Cadê meu relógio?

Repete o mesmo diálogo e os mesmos movimentos até entrar o texto que finaliza a cena.

TEXTO: Sabeis o quanto o dia a dia encerra os nossos sentidos, desenha nossas almas no
hábito e, portanto, o quanto a vida cá nessas quatro paredes não é doce, branda ou suave.
Vós sabeis. Sabeis porque sois também, assim como nós, dessa linhagem ancestral no ritual
de convivência. Estamos na mesma situação!

Poeta bate na porta. Peso repete partitura física.

POETA: Passado é uma ideia que pensamos no presente, sobre algo que já aconteceu. E o
futuro é um pensamento sobre algo que ainda não aconteceu, ambos pensados agora no
presente. Portanto, apenas o presente existe. Quando começamos nossa conversa, era
presente, mas já se tornou passado, tomado por outro presente e deixou de existir. O presente
só é tempo quando não cessa de, instante a instante, se anular. Um homem está sentado numa
cadeira em qualquer lugar, em qualquer tempo, distraído em seus pensamentos. Uma voz
grita de algum lugar que não se vê; estão atrasados, tem que chegar à algum lugar, fazer algo.
Uma mulher aparece em cena e se revela dona da voz. Está agitada, apressada, no relógio. O
homem continua distraído, ouve em partes o que a mulher diz, como se fossem murmúrios,
está em outra realidade (em parte), seu tempo corre lento. Responde alguma coisa sem prestar
muita atenção. Ela procura algumas coisas apressada, pergunta se ele sabe onde está o creme,
o desodorante, o relógio, o relógio, a chave, o relógio. Ele demora a responder, que não, e
quando finalmente fala ela já está fora de cena novamente, sempre falando em off, apressada,
no relógio.

FILÓSOFO: Então mãe... eu estou indo…

A Mulher que Procura rega uma vaso.

FILÓSOFO: Mãe!? MÃE!?

A dos Fones canta muito alto uma música que condiz com o que está acontecendo em cena.

A DOS FONES - Motheeer… uuuh

Olha para Filósofo desorientada.

A MULHER QUE PROCURA: Pai?

A DOS FONES: Meu paaaaai! Meu paaai! Pai já estou indo embora, quero partir sem
brigar… (música Raul Seixas - Sapato 36)
A MULHER QUE PROCURA: Pai?

A DOS FONES: Pai, afasta de mim este cálice… (Chico Buarque - Cálice)

A MULHER QUE PROCURA: Você é meu pai?

CENA 4

Um mar de homens. Mulher que Procura por seu pai e não o encontra. Homens apressados a
ignoram. Ela grita e todos param.

Texto Lucília

VERBORRÁGICA: Não se envolvam! Essa é só mais uma história. Prestem atenção: não se
envolvam. Não se envolvam. Existem técnicas que a gente aprende pra não se envolver
demais, então não se envolvam Vocês querem ouvir histórias? Historinha eu tenho mil.
Poderia contar várias aqui para vocês. (contar uma história da platéia) Tem também a da
senhora (entra Mulher Calada, pratica Tai Chi - Chuan) que brotou uma alface no meio do
corpo dela. E ela se abriu para a vida. Essa é ótima. Uma das melhores que já ouvi por aqui.
Tem a daquela mulher que estava triste andando na rua e caiu no bueiro: só que lá dentro
encontrou um homem na mesma situação. E então eles ficaram alegres. Olha que loucura.

Verborrágica corre em direção ao mar, o Coração acompanha seus batimentos cardíacos. Ela
cansa e cai em um bueiro e encontra o Romântico.

CENA 5

VERBORRÁGICA - Eu te amo.
ROMÂNTICO - Eu te amo.

Eles repetem a declaração até quando se beijam.

CORAÇÃO:

(Ele infarta)
MULHER: Ele teve um enfarte no coração e durante o enfarte começou a dizer, me dizer
uma porção de palavras bonitas e espontâneas. A vida dele se enfartou e ele teve um ataque
de lirismo.

DONA DE SI: (passando) Morreu? Morreu?

Ela olha para o céu e vê o sol se pondo. Sorri por um tempo. Outras mulheres chegam.

DONA DE SI: Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que
descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas,
esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de
muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto
fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo,
gaguejando, pediu ao pai…

MULHER CALADA: Me ajuda a olhar!

CENA 6

Mar de mulheres. Mulher Cansada está sentada em uma cadeira com rodinhas. Olha pro nada,
olhar vazio.
- A louça, a casa…
- A campainha, o cachorro…
- A vizinha.
- A hora…
- O cachorro, a louça, a cozinha, a casa, a hora, o chão, a limpeza, o abacate...

As mulheres (que são parte dela) vão saindo uma a uma, e se calando. O caos sonoro acaba.

MULHER CANSADA: Você tem que lavar a louça. Eu sei. Colocar água pro cachorro,
consertar a campainha… Eu sei. Que isso? O que? Esse barulho? Ah! Mais um abacate…
Caiu … É… Cuidado com o que planta. Eu sei! E a conta pra pagar? Shiiiuuuuu (sacode a
cabeça como se quisesse expulsar uma idéia).... Não... péra, não me deixa sozinha... (abaixa a
cabeça) É só calar a boca… A casa… Eu sei… Você tá perdida? Não sei. Por que? Am?
Você tá perdida? Tô… (silêncio) Você me parece tão certa para onde vai. Eu? É! Não sei…
O cachorro ta doente. Eu sei. Vai ser sacrificado. Eu sei. (silêncio) A casa, a conta, a louça, o
abacate, a hora.. Pra que? Não sei… Pois é… (silêncio) O cachorro… Você sempre se
envolve demais. Uai, gente sente. Eu sei (dá de ombros) O cachorro morreu. Eu sei.

As mulheres voltam uma a uma.

MULHER CANSADA: A casa, a ansiedade, a louça, a campainha, a rotina, o cachorro, a


vergonha, o vizinho, o abacate, a melancolia...
Caos sonoro, a Mulher Cansada fica inquieta, elas vão aumentando a altura e a velocidade
das falas, um barulho forte, um shiiiiiiiuuuuuuuuuuu, as moças (que são parte dela) caem, a
mulher sentada se encolhe. O caos sonoro acaba.

MULHER CALADA: Cuidado com o que você planta. (Observa a plateia) Vocês não estão
entendendo o que eu estou fazendo aqui não é? Mas vocês vão entender. Uma hora vocês vão
entender. Não é só porque eu fico calada que eu não tenho nada a dizer ( se assusta e passa
mal, respiração ofegante). Cuidado com o que você planta! Com a capacidade que tem de se
envolver. (Olha em volta)
MULHER 2 - Calma! Respira! Respira!
MULHER 3 - Quem ajuda deus a respirar?
MULHER 2 - Cadê deus?
MULHER 3 - Quem é deus?
MULHER 2 - Quem ajuda deus a respirar?
MULHER CALADA: Não! Eu sou forte. Deus, eu não vou te incomodar. Eu vou me levantar
sozinha. Porque eu sou forte. Eu sou forte.

Mulher bate palmas, olhando para o chão e a respiração começa a normalizar. Mulheres
murmuram a música Pour Elise.

CENA 7

Filósofo coloca seus pedaços no chão e depois repousa seus cacos. Peso e Contrapeso se
equilibram ao fundo.

FILÓSOFO: Tudo o que tenho está quebrado. Por onde passo deixo um pedaço de mim.
Nasca de carne, risco de sangue. O atrito com o chão me rala, me tritura. Saber que estou
preso a terra me dilacera. Foi só mais um abacate que caiu.

Verborrágica arrasta pedaços do Filósofo.

DONA DE SI: Morreu?

CENA 8

CONTRAPESO: Você é meu companheiro.


PESO: Hein?
CONTRAPESO: Você é meu companheiro, eu disse.
PESO: O quê?
CONTRAPESO: Eu disse que você é meu companheiro.
PESO: O que é que você quer dizer com isso?
CONTRAPESO: Eu quero dizer que você é meu companheiro. Só isso.
PESO: Tem alguma coisa atrás, eu sinto.
CONTRAPESO: Não. Não tem nada. Deixa de ser paranóico.
CONTRAPESO: Não é disso que estou falando.
PESO: Você está falando do quê, então?
CONTRAPESO: Eu estou falando disso que você falou agora.
PESO: Ah, sei. Que eu sou teu companheiro.
CONTRAPESO: Não, que vou embora
PESO: Você o que?
CONTRAPESO: Eu vou embora. Preciso ir.
PESO: Mas você não pode.
CONTRAPESO: Mas eu preciso.
PESO: Se você for eu não consigo…
CONTRAPESO: Não se envolva.

Contrapeso sai e Peso cai e faz partitura física. Filósofo passa montado no Cachorro. Monstro
faz oração.

DONA DE SI: Morreu?

MONSTRO: Ó força que está além de nós deus universo natureza eu agradeço por minha
existência por todos os cigarros e cervejas pela polícia e pelos bandidos pela vida e pela
morte por toda riqueza e miséria dor e felicidade sei que não preciso agradecer nem sei se
você me escuta mas mesmo assim agradeço por toda guerra e toda paz pelos religiosos e
pelos ateus pelos homens e mulheres pelos gays e pelas lésbicas só gostaria de reclamar do
Bolsonaro obrigado por estes dedos e por esses pés por este nariz e este ar tensão relaxamento
pelo rock pelo funk obrigado por toda poluição destruição assassinato humilhação injustiça
por todo chocolate viagens filmes flores borboletas baratas e músicas desejo frustração
espanto espaço tempo matéria perigo e insegurança

Voz de deus: Obrigado pelo agradecimento meu filho. Você nem imagina o que ainda vem
por aí

CENA 9

DONA DE SI: Morreu?

Repete excessivamente, primeiro sozinha, ninguém responde ou contracena, aos poucos as


pessoas se agrupam para ajudá-la, e formam imagem. Música triste. O outros entram no jogo.

VERBORRÁGICA: Não se envolvam... nada disso é verdade. É teatro. Tudo teatro. Quer
ver? Acende as luzes, por favor!? Viu? Teatro. Isso aqui é figurino, aquele alí é o iluminador.
Somos o módulo 2 do curso de teatro do PV. Obrigada, Robson! Obrigada Marcos e Renata...
Este é nosso último módulo. Pode ser que a gente nunca mais se veja. Eu quero agradecer….
(ela agradece e todos vêm ao palco). CUIDADO. CUIDADO COM O QUE TOCA. COM A
CAPACIDADE QUE GENTE TEM DE SE ENVOLVER COM AS COISAS. COM O
AMOR, QUE ESPANCA DOCE. FAÇA ISSO POR MIM. POR MIM! POR MIM! POR
MIM! POR NÓS! Eu sou forte como cavalo novo com fogo nas patas correndo em direção ao
mar.

Todos em direção ao mar.

CORO: Eu sou forte como cavalo novo com fogo nas patas correndo em direção ao mar. Eu
sou forte como cavalo novo com fogo nas patas correndo em direção ao mar. Eu sou forte
como cavalo novo com fogo nas patas correndo em direção ao mar. Correndo em direção ao
mar. Correndo em direção ao mar. Correndo em direção ao mar. Correndo em direção ao
mar. Correndo em direção ao mar. Correndo em direção ao mar…

FIM

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