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Tem a ver com o primeiro contato. Isso mesmo! O primeiro contato representa um terço do
sucesso do atendimento. É no primeiro contato que você conquista a confiança de seu cliente e
aproveita a ânsia dele em querer falar sobre sua queixa que acaba conseguindo uma boa
quantidade de informações de excelente qualidade. É no primeiro contato que você deve
demonstrar que sabe ouvir, demonstrando assim, maturidade e acuidade profissional,
proporcionando um excelente e oportuno “primeiro contato”.
As informações colhidas por meio da oitiva atenta irão colaborar muitíssimo na formulação de
suas primeiras hipóteses sobre o problema e suas eventuais causas.
Temos casos de muitos colegas, que abandonaram a profissão simplesmente porque nunca
conseguiam clientes, sabe por quê? Porque não se atentaram para a importância do ouvir como
elemento de empatia, imprescindível a todo início de processo diagnóstico psicopedagógico,
psicanalítico, médico etc.
Regra #2:
Depois de ter feito o melhor primeiro contato possível é hora de elencar algumas hipóteses
sobre a causa dos problemas, relatados pelo cliente.
A palavra hipótese é de origem grega hypóthesis, que significa suposição. Supor algo é o mesmo
que ter esse algo como verdadeiro, mesmo sendo falso. A(s) hipótese(s) é(são) a(s) primeira(s)
explicação(ões) mais plausível(is) para determinarmos uma eventual causa dos problemas
relatados pelo cliente.
A assertividade na formulação das hipóteses é muito importante para nortear as ações de
investigação, pois a partir da listagem de possíveis causas o psicopedagogo poderá colocar em
prática suas teorias, técnicas e experiências na intenção de confirmar ou descartar essas
prováveis causas dos problemas. Contudo, é preciso ter muito cuidado com a formulação e
comunicação de hipóteses.
Certa vez uma profissional muito experiente, porém, mesmo no auge de seu esgotamento físico
e mental depois de um dia CHEIO de trabalho, decidiu atender informalmente uma mãe que
clamava pela dificuldade de sua filha. Os nomes são fictícios para preservação da identidade das
pessoas envolvidas. Foi mais ou menos assim, como me lembro:
Mãe: dra MM, que bom vê-la por aqui (saída da clínica), a senhora precisa muito dar um jeito
na minha filha!
MM: Não precisa me chamar de doutora, pois sabe que não sou médica e ainda estou concluindo
meu doutorado. Mas me diga o que tem a sua filha?
Mãe: Ela “tá” muito quieta, não quer saber de estudar, nem arrumar casa, não me ajuda em
nada. Suas notas na escola vão de mal a pior e desse jeito vai ser reprovada, com certeza.
Mãe: 17!
MM: Eu conheço algumas pessoas de sua família e sei que vocês mimam muito suas crianças.
Sua filha é adolescente e deve estar sentindo falta do pai (o casal era separado). Você está
colhendo o que plantou durante 17 anos de mimo desta criança que agora é adolescente. “Tá”
parecendo mais um caso típico de manha e falta de disciplina em casa. Nada que umas boas
regras e um bom corretivo não dêem jeito. Sua filha não precisa de psicopedagoga, precisa de
um pai firme que lhe coloque no seu devido lugar. Você poderia deixá-la com o pai por uns
tempos ou arrumar logo um namorado para te ajudar a educá-la.
Mãe: Uau! Não sabia que a senhora, além de psicopedagoga também era aprendiz de adivinha!
Puxa vida! Como pode avaliar tantas pessoas com tanta certeza e em tão pouco tempo? Vai a
m. você e sua psicopedagogia. Eu preciso de orientação profissional e não de namorado ou de
lição de moral sobre minha criação...
Realmente foi um encontro trágico para todos! E não vou desperdiçar o seu tempo analisando
a colega.
Contudo, há outros casos que acontecem diariamente a exemplo de crianças agitadas e cujas
“hipóteses” precoces, na base do “achismo”, são de hiperatividade. Nem sempre! Se alguém
conseguir diagnosticar dislexia e hiperatividade só de olhar, me ensina que eu quero aprender!
Isso é coisa de leigo e de pessoas até com boas intenções, mas não é nada profissional, muito
menos científico.
O mais adequado é não se antecipar aos fatos, demonstrar ética e respeito com o cliente antes
de proferir hipótese extremamente inadequada, de mau gosto e bem longe da realidade.
Lembre-se da seguinte frase: Nem sempre o que se percebe é o que realmente é.
A regra #2 tem a ver com essa frase, pois não se devem proferir hipóteses sem um mínimo de
escuta sobre a queixa. Daí a ideia de “adivinhação” que a mãe da adolescente se referiu.
Com base nestes três pressupostos é possível arriscar algumas hipóteses mais condizentes com
o que realmente possa ser a causa ou causas do problema a ser investigado. Nada impede que
você intua sobre o problema, mas a intuição é sua e não serve como parecer técnico.
Regra #3:
Estando com uma ou mais hipóteses sobre a possível causa ou causas da dificuldade da
aprendizagem faça ou solicite a avaliação complementar para atestar ou descartar as hipóteses.
Parece óbvio, mas esta fase é bastante suplantada por muitos profissionais. Conheço
psicopedagogos que, na ânsia de começar a agir logo, desdenham essa fase do processo de
diagnóstico psicopedagógico. Outros fazem as avaliações de forma aleatória e não
sistematizada.
A avaliação por observação é algo mais abrangente e superficial, sem muita especificidade,
podendo ser realizada pelo médico, psicólogo e, inclusive, o psicopedagogo. Os aspectos
biofisiológicos mais recorrentes causadores de problemas de aprendizagem estão associados a:
a) hábitos alimentares ou acesso a alimentação, b) violência e abuso doméstico, c) indisciplina
na rotina diária, d) desempenho visual e, e) desempenho auditivo. Pela observação simples
pode-se perceber:
• Sinais de inanição: Pessoas muito magras com os ossos fazendo alto relevo sob a pele. Avalie
as condições e hábitos alimentares e, se julgar necessário, encaminhe e solicite intervenção do
médico ou nutricionista.
• Sinais de violência e abuso: Observe as partes visíveis do corpo da pessoa que está sendo
avaliada se há marcas semelhantes a hematomas, escoriações ou qualquer outro tipo de
anormalidade. Jamais peça para alguém, inclusive crianças, se despir, pois este ato
aparentemente simples é procedimento médico, nenhum outro profissional está capacitado e
habilitado para fazer isso, salvo raríssimas exceções. Você sabia disso? Desconfiando de
violência, proceda denúncia anônima em telefone público ou via internet.
• Sinais de irritabilidade e agitação ou sonolência e passividade: Esses sinais podem indicar
desde deficiência alimentar com falta de minerais essenciais no organismo como o Zinco, por
exemplo, até indisciplina e descompasso de horários na rotina diária.
enxergar as palavras ou figuras. Caso seja observada essa dificuldade, encaminhe e solicite
exame de oftalmologista.
• Desempenho auditivo: Solicite a pessoa que feche os olhos e, logo em seguida, a pelo menos
um metro de distância estale os dedos acima da cabeça da pessoa. Peça-a para abrir os olhos e
identificar onde você estalou os dedos. Faça isso em outras direções e observe o grau de acertos.
Para complementar essa observação simples de desempenho auditivo, fique o mais distante
possível da pessoa e faça perguntas em volume de voz cada vez mais baixo. Caso seja observada
dificuldade significativa, encaminhe e solicite exame fonoaudiológico.
• Depressão infantil: De difícil diagnóstico no público infantil, esta doença desafia pais,
professores, médicos e psicólogos. Todos precisam estar atentos para reverter o quadro, o
quanto antes, e amenizar o impacto negativo de seus efeitos, que podem durar por toda uma
vida quando não tratados devidamente. Leia artigos sobre o tema. A depressão tem suas causas
endógenas, neste caso deve ser tratada por médico, e causas exógenas devendo ser tratada por
psicólogo ou psicanalista. Felizmente, a psicologia é rica em técnicas para debelar os sinais da
depressão.
• Relações intrapessoais: Observe e investigue como a pessoa lida com ela mesma, Veja o que
ela pensa sobre sua aparência, seus pensamentos e suas emoções. Avalie o impacto desses
aspectos na aprendizagem e faça a intervenção mais adequada e indicada, inclusive com apoio
de outros profissionais.
4º - Aspectos didático-pedagógicos:
A regra #3 não é tão simples e está longe de se esgotar nas dicas aqui elencadas, mas pode ser
considerada como um bom começo. Com a educação continuada e a prática clínica constante
certamente você se beneficiará desta regra para tornar mais sistematizado e organizado o
processo de preparo e escolha da melhor técnica e instrumentais de avaliação psicopedagógica.
Regra #4:
O termo anamnese vem do grego Anámnesis, onde o prefixo “aná” quer dizer “trazer de novo”
e “mnesis” quer dizer “memória”, ou seja, proceder a anamnese é “trazer de novo à memória”
importantes e focais informações sobre o histórico de vida do cliente. Cada área foca
determinado aspecto do desenvolvimento da pessoa, dependendo de sua abordagem ou
interesse científico.
É durante a anamnese que as hipóteses começam a perder ou ganhar forças. Por ser muito
invasiva, pois “revira” a pessoa do avesso e mexe muito com as emoções e sentimentos deve
ser realizada com muito zelo e perícia, para que a pessoa não se retraia e crie bloqueios ou
resistências que prejudiquem o processo investigativo. A utilização de jogos, dinâmicas, entre
outras atividades lúdicas auxiliam na desensibilização do cliente/aprendente que se encontra
resistente. O lúdico e o confronto são duas importantes ferramentas para superar a resistência
do cliente/aprendente, escolha, pois, aquela que produzirá o melhor resultado esperado. Não
há uma melhor do que a outra, mas há sim, uma mais indicada ou mais adequada do que a outra
dependendo das circunstâncias e pessoas envolvidas. Os benefícios tanto de uma quanto da
outra dependerá da “dose” aplicada. A dosagem é o que diferencia o remédio do veneno.
Voltando a anamnese, há vários tipos de questionários e você pode inclusive criar o seu, desde
que tenha um modelo de referência anteriormente testado e recomendado. O objetivo da
anamnese é conhecer a história de vida da pessoa em avaliação. Esse importantíssimo
instrumento possibilita dimensionar passado, presente e futuro do cliente. Lembre-se que
psicopedagogo não analisa fatos, mas história de vida. Não se diagnostica alguém pelo fato em
si que destoou do aprendizado relativamente padronizado, mas do evento que ocasionou a
dissonância de aprendizagem. Essa é uma dica valiosa, acredite! A maioria dos atos absurdos,
das falhas graves e dos surtos psicóticos é apenas um rebento, fruto de um processo que às
vezes se iniciou ainda no ventre materno.
Durante a anamnese, que não se limita ao questionário, mas abrange percepções e observações
desde os aspectos triviais como rotina diária até aspectos do inconsciente, como por exemplo,
os chistes, os atos falhos e os lapsos de memória podem contribuir muito para o registro deste
retrospecto investigativo focado nos padrões de aprendizagem e vivências do cliente.
A anamnese não tem tempo determinado para se encerrar durante o processo de diagnóstico,
pois desde a primeira sessão até a sessão que antecede a devolutiva ou o parecer se realiza
anamnese. Às vezes se faz de forma explícita, quando se preenche o questionário; e às vezes se
faz de forma velada, quando se capta um ato falho mais significante sobre uma determinada
experiência.
Considerando que o objetivo da anamnese é colher dados relevantes sobre a história de vida do
cliente, e por isso muito importante para o psicopedagogo realizar o seu trabalho de
investigação das causas da queixa, contudo, não se pode ignorar o fato de que para o
cliente/aprendente representa uma espécie de “balanço” de toda sua vida e, dependendo da
magnitude e da intensidade aplicada nessa etapa é possível que algumas pessoas se
desestabilizem emocionalmente e até falte às próximas sessões, isso quando não abandona de
vez a proposta de descoberta dos problemas elencados no início.
O parecer técnico é o laudo profissional acerca da queixa apresentada pelo cliente. A elaboração
deste documento deve seguir princípios bem definidos, pois servirá de base para o plano de
tratamento, também conhecido como prognóstico. A estrutura deste documento deve conter:
2) Identificação do cliente- Como não se trata de estudo de caso contando detalhes sobre o que
foi conversado no ambiente de atendimento, esta parte do parecer deve constar nome, sexo e
idade do cliente.
• Um breve parágrafo detalhando o dia da primeira sessão e as razões apresentadas pelo cliente
na busca de ajuda psicopedagógica; Exemplo: Aos 10 (dez) dias do mês de setembro de 2008,
Nome, masculino, 23 anos, compareceu a esta clínica relatando problemas de dificuldade na
retenção de conteúdo alusivos a matérias exatas como física e matemática. (acrescente detalhes
marcantes como tiques nervosos, comportamento agressivo ou passividade exagerada).
• Um parágrafo para cada sessão realizada detalhando o início, meio e fim da sessão, suprimindo
apenas os pormenores do diálogo psicopedagógico, daí a importância de se utilizar e arquivar
as Fichas de Registro de Sessões.
Obs: É durante as sessões que são solicitados os testes e exames complementares, devendo tais
testes e exames serem relatados, bem como seus resultados e a identificação dos profissionais
que os realizaram, inclusive com o número do registro profissional do especialista.
Fonte:
www.chanfic.com.br
Referências Bibliográficas
OLIVEIRA, V. B.; BOSSA, N. A. Avaliação psicopedagógica da criança de zero a seis anos. 2ª ed.
Petrópolis: Vozes, 1994.
______. Avaliação psicopedagógica da criança de sete a onze anos. 5ª ed. Petrópolis: Vozes,
1996.
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas,
1994.