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05/03/2018 Indústria Farmacêutica: Relação Médico x Indústria x Farmácias - Rádio - Câmara Notícias - Portal da Câmara dos Deputados

/2016 09h02

Indústria Farmacêutica: Relação Médico x Indústria x


Farmácias - Bloco 2
Para emplacar um novo medicamento, laboratórios oferecem amostras de remédios e vantage
como brindes e passagens aéreas, para médicos. Além disso, algumas farmácias fornecem dados
receitas médicas para os laboratórios. Confira, no segundo capítulo da Reportagem Especial sob
indústria farmacêutica.

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consultório
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rodinhas e, geralmente, é chamada pelo
Bloco 5 médico antes de você? Ele, ou ela, é o
representante dos laboratórios farmacêuticos e tem o papel de apresentar aos médicos os produtos da empresa, dando
informações técnicas sobre eficácia, segurança e aplicação de medicamentos. Era chamado antigamente de propagandi
pois é isso que ele faz.

Mas não é só isso não. Eu conversei com um ex-representante, que não quis se identificar, e ele me contou quais eram s
outras funções dentro do consultório. Basicamente, ele deveria oferecer ao médico benefícios para induzi-lo a receitar o
medicamentos do laboratório que ele representava.

Representante farmacêutico: "O que o representante oferecia pro médico em troca do receituário? Passagem para congres
isso tanto nacional quanto internacional, às vezes, dependendo da conversa, eram passagens pra família inteira, mais o valor
congresso mais estadia, isso dependendo de cada laboratório e de cada médico. Reforma em clínica e consultório. No final, ass
2008 até 2010, começaram a surgir pagamento de alguns laboratórios para poder visitar os médicos em clínica e hospital."

Segundo o ex-representante, o ciclo se fecha nas farmácias, que fornecem aos laboratórios a confirmação de que o méd
presenteado de fato receitou o seu medicamento para os pacientes.

Representante farmacêutico: "Existe um programa, hoje eu não sei se mudou, mas eu acho que é isso ainda, que chama
AuditFarma. Esse AuditFarma é um programa que fica em todas as grandes redes de farmácia, que toda receita que chega com
nome do médico e nome do produto passa por esse AuditFarma, um escâner, assim, e esse resultado vai pra todos os laborató
que fazem o pagamento para ter esse resultado na farmácia."

A prática já está no radar das autoridades. A Anvisa não nos concedeu entrevista, mas uma norma, que está em vigor de
2009, regula a oferta de brindes e amostras grátis aos médicos. E tanto o Conselho Federal de Medicina quanto a
Interfarma, Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, afirmam ter códigos de ética que orientam a relação entr
médico e empresa. O secretário-geral do Conselho Federal de Medicina, Henrique Batista e Silva, fala sobre as regras pa
patrocínio de congressos médicos pela indústria farmacêutica:

Henrique Batista: "Esses encontros devem ser feitos sob contrato sem que a empresa patrocinadora faça qualquer ingerênci
interferência na elaboração da programação cientifica. Também não pode interferir nas pessoas que vão falar, dos relatores. E
essas empresas estão respeitando isso muito bem ultimamente."

Segundo Henrique Batista, o médico palestrante deve declarar os possíveis conflitos de interesse na sua fala, como a su
ligação profissional com uma empresa. O médico, neurocientista e professor Olavo Amaral reconhece os esforços
regulatórios para reduzir a influência da indústria sobre a prática médica, mas ainda vê problemas nessa relação, pois
muitos médicos conceituados e que são referência para os demais são também consultores ou palestrantes pagos pela
empresas.
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/515048-INDUSTRIA-FARMACEUTICA-RELACAO-MEDICO… 1/2
Olavo Amaral: "A literatura médica hoje é muito vasta, é muito complexa, tem muitos estudos. É impossível para um médico
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que ler e o que estudar e o que ter acesso e, de novo, quando a gente coloca a educação médica e o marketing na mão da
indústria, a gente faz com que a indústria selecione o que você está lendo e só essa seleção do que eles dão para você ler, a qu
eles expõem você, só essa seleção já é enviesada para o lado deles. Essa influência da indústria faz com que as pessoas acabem
tendo uma opinião enviesada, que acabem tendo maus hábitos de prescrição e que elas possam eventualmente prejudicar o
paciente."

Eu conversei, também, com o Renato Tamarozzi, que é presidente-executivo da ABCFarma, Associação Brasileira do
Comércio Farmacêutico. Ele explicou sua posição em relação à prática das farmácias de fornecer aos laboratórios dados
receitas apresentadas pelos clientes, como os nomes do médico e do medicamento indicado, aquela que foi denunciada
pelo ex-representante de remédios no início da reportagem.

Renato Tamarozzi: "O consumidor pode se tranquilizar, porque não há mais razão em relação à questão da qualidade dos
produtos vendidos no País. Porque eles são feitos testes e são fiscalizados pela Anvisa. Agora, em relação à bonificação, isso já
superado, eu não posso entrar na questão comercial do que faz a indústria, porque cada indústria opta pelo seu modelo de
negócio e ela, atuando dentro das normas legais, não há o que falar em relação a essa questão."

O deputado Chico Lopes, do PCdoB cearense, é relator de um projeto de lei que caracteriza como corrupção médica a
conduta de solicitar ou aceitar vantagem indevida de fabricante ou distribuidor de dispositivo médico implantável, ou
prótese. Apesar de o projeto não incluir medicamentos, o deputado vê como problemática, também, a oferta de vantag
aos médicos para que prescrevam medicamentos de interesse dos laboratórios. Mas diz que outras instituições, além d
Câmara, precisam reprimir essa prática.

Deputado Chico Lopes: "A agência reguladora foi criada para fiscalizar, normatizar, mas parece ter dificuldade ou não tem
interesse ou eles acham que deve ser assim mesmo: a saúde se transformar em mercadoria e o médico se transformar em
comerciante. (...) Agora, o Conselho Federal de Medicina também devia fiscalizar, ou o sindicato dos médicos, fiscalizar esse
comportamento, porque é aético e a vida das pessoas fica ao sabor do médico ser honesto ou desonesto, comerciante ou méd

Bem, estamos acostumados a pensar a ciência e a Medicina como conhecimentos exatos, precisos, baseados em
evidências. Mas, na visão de alguns dos nossos entrevistados, a presença ostensiva da indústria farmacêutica na pesqui
de novos medicamentos e sua relação com a prática médica podem comprometer a isenção dessas evidências. E os
médicos acabam reféns dessa informação enviesada. Por isso, foi criada na Universidade Federal de São Paulo, uma
disciplina chamada “Medicina baseada em evidências”, que busca ensinar os futuros médicos a filtrar melhor as
informações que recebem. Mas, segundo o professor responsável por ela, Álvaro Nagib, só 20% das escolas médicas do
ensinam algo parecido com isso.

Confira, no terceiro capítulo, a dificuldade em definir o limite entre a saúde e a doença.

Reportagem – Verônica Lima


Edição – Mauro Ceccherini e Márcio Achilles Sardi
Produção – Lucélia Cristina e Cristiane Baker
Trabalhos Técnicos – Carlos Augusto de Paiva

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/515048-INDUSTRIA-FARMACEUTICA-RELACAO-MEDICO… 2/2

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