Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
A Constituição (continuação)
I – A Constituição de 1934 vigou por apenas três anos (mais curta duração), mas trouxe
importantes inovações para o constitucionalismo brasileiro. Exemplos: papel do Senado
de suspender a execução de lei declarada inconstitucional pelo Poder Judiciário, cláusula
de reserva de plenário no âmbito dos Tribunais e ação de controle concentrado
(representação interventiva), julgada somente pelo STF. Foi ela que também colocou no
preambulo “sob a proteção de Deus”, consagrada em todas as demais constituições
posteriores.
III - Ideologia: democracia social (Weimar - 1919). A Constituição de 1934 rompeu com
a tradição liberal incorporando em seu texto normas de ordem econômica e social.
Tratou-se, portanto, de uma Constituição com caráter compromissório, pois era composta
tanto de normas liberais como normas intervencionistas.
V – Poder:
CREUB/1934, art. 22: “O Poder Legislativo é exercido pela Câmara dos Deputados com a
colaboração do Senado Federal”.
Suspensão pelo Senado: CREUB/1934, art. 91: “Compete ao Senado Federal (...): IV -
suspender a execução, no todo ou em parte, de qualquer lei ou ato, deliberação ou
regulamento, quando hajam sido declarados inconstitucionais pelo Poder Judiciário (não
apenas pelo STF)”.
A Constituição 1891 teve inspiração na Constituição Americana, tendo Rui Barbosa sido
um dos principais mentores intelectuais, trazendo o modelo NA para o Brasil. O modelo
NA em termos de controle de constitucionalidade é o difuso, em que qualquer juiz ou
tribunal pode exercer o controle. Ocorre que nos EUA, existe o sistema do stare decisis, já
que é um sistema de common law, e impõe que se dê o devido peso aos precedentes
judiciais. Portanto, quando o tribunal dá uma decisão, os órgãos judiciários inferiores
ficam vinculados àquelas decisões. É o chamado binding effect, que existe dentro do stare
decisis. O brasil importou o controle de constitucionalidade dos EUA mas não importou o
stare decisis, pois viram que o STF dava decisão declarando a lei inconstitucional, mas os
juízes continuavam aplicando a lei, o que gerava uma desigualdade na aplicação da lei.
Dessa forma, o Brasil criou o instituto da suspensão de lei pelo SF.
Cláusula da reserva de plenário: CREUB/1934, art. 179: “Só por maioria absoluta de votos
da totalidade dos seus Juízes, poderão os Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei
ou ato do Poder Público”.
Existia apenas o HC, que de acordo com a doutrina brasileira do HC servia para tutelar
qualquer direito violado por ilegalidade ou abuso de poder, pois a Constituição não falava
em liberdade de locomoção.
Quanto aos direitos políticos a mulheres, na época entendia-se que era lógico o fato de as
mulheres não poderem votar. Apenas com reforma política ocorrida em 1932 (no plano
infraconstitucional), é que passou-se a admitir o direito de voto pelas mulheres, tendo a
Constituição de 1934 consagrado o direito das mulheres ao voto.
Houve o golpe militar que teve como motivação algumas suposições como crise
institucional, infiltração comunista e iminente guerra civil. Getúlio Vargas instituiu o
Estado Novo e outorgou a Constituição de 1937.
CEUB/1937, art. 187: “Esta Constituição entrará em vigor na sua data e será submetida ao
plebiscito nacional na forma regulada em decreto do Presidente da República”.
Na prática, há quem sustente que o Estado brasileiro não era sequer um Estado
federativo (embora o federalismo estivesse consagrado no texto constitucional), mas
unitário, pois o poder central dominava os Estados-membros (ausência de autonomia) -
exemplo: Getúlio Vargas nomeou interventores em todos os Estados da Federação,
exceto Minas Gerais.
3 4
Além de unitário (na prática), o Estado Novo também era autoritário e corporativista .
3
Diferença entre Estado autoritário e totalitário:
4
Os direitos sociais, por exemplo, só eram conferidos para trabalhadores de determinadas
corporações.
VI – Organização do Poder:
O Presidente da República estava acima dos demais Poderes tanto na Constituição como
na prática: CEUB/1937, art. 73: “O Presidente da República, autoridade suprema do
Estado, coordena a atividade dos órgãos representativos, de grau superior, dirige a política interna e
externa, promove ou orienta a política legislativa de interesse nacional e superintende a
Administração do País.”.
CEUB/1937, art. 38: “O Poder Legislativo é exercido pelo Parlamento Nacional com
a colaboração do Conselho da Economia Nacional e do Presidente da República
(...);
CREUB/1937, art. 96, parágrafo único: “No caso de ser declarada a inconstitucionalidade
de uma lei que, a juízo do Presidente da República, seja necessária ao bem-estar do
povo, à promoção ou defesa de interesse nacional de alta monta, poderá o Presidente da
República submetê-la novamente ao exame do Parlamento: se este a confirmar por dois
terços de votos em cada uma das Câmaras, ficará sem efeito a decisão do Tribunal”.
Não contemplou direito adquirido, ato jurídico perfeito, coisa julgada, mandado de
segurança nem ação popular.
(...)
Trata-se da ADI que conhecemos hoje, para a qual só havia um legitimado, o que
perdurou durante a Constituição de 1967 e a de 1969, somente sendo modificado com a
CF/88, que, em seu art. 103, ampliou substancialmente o rol)”.
Obrigatoriedade do voto.
Em 31 de março de 1964, ocorreu o golpe militar, tendo vários atos institucionais sido
feitos pelos militares à época, até que surgiu a Constituição de 1967.
I – O texto da Constituição de 67 refletiu os valores de um grupo militar
ideologicamente moderado. No entanto, os Atos Institucionais suprimiram os limites
inicialmente estabelecidos ao Poder Executivo.
VI – Poder:
Fortalecimento do Poder Executivo: que passou a ter competencia para editar decretos
5
com força de lei (art. 58 ), os famosos decretos-lei, e eleições indiretas (art. 77).
5
CB/1967, art. 58: “O Presidente da República, em casos de urgência ou de
interesse público relevante (mesmos requisitos para a MP de hoje), e desde que
não resulte aumento de despesa (mais limitações do que para as Mps de hoje),
poderá expedir decretos com força de lei sobre as seguintes matérias:
I segurança nacional;
II - finanças públicas.
Assim como no período da Constituição de 1937, o art. 173 da CB/67, ao contrário do que
dizia o Texto de 1946, que consagrava a inafastabilidade do controle jurisdicional, dizia:
“Ficam aprovados e excluídos de apreciação judicial os atos praticados pelo Comando
Supremo da Revolução de 31 de março de 1964, assim como:”.
AI-7/69, art. 7º: “Ficam suspensas quaisquer eleições parciais para cargos executivos ou
legislativos da União, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios”.
II – Poder:
III – Direitos fundamentais: ainda outros retrocessos, pois vários direitos fundamentais
foram restringidos, tendo sido objeto de retrocesso social.
Virgílio Afonso da Silva (USP) critica o sincretismo, aduzindo que isso não contribui em
nada para o desenvolvimento da interpretação constitucional. O ideal é que se use um
único método, que deve ser bem utilizado para a adequada interpretação constitucional.
Dificuldades:
I – Tipologia das normas: ao contrário das leis que são compostas, sobretudo, por regras
(mandamentos definitivos), as Constituições são compostas por vários princípios, os quais
não são mandamentos definitivos, mas contributivos para a decisão.
Segundo Alexy, os princípios são mandamentos de otimização que devem ser cumpridos
na maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas existentes.
Determiná-las (possibilidades fáticas e jurídicas) é algo extremamente complexo.
Quanto ao objeto porque a Constituição trata dos mais variados temas – exemplos: a CF
possui normas gerais sobre diversos ramos (matérias) de direito: Direito Civil, Penal,
Ambiental, Administrativo; quanto à eficácia também em razão da grande variedade –
exemplos: normas de eficácia plena, normas de eficácia contida, normas de eficácia
limitada, normas de eficácia exaurida. Então, o intérprete, além de extrair a eficácia do
dispositivo, ele tem de conhecer também a teoria constitucional, para saber o tipo de
eficacia que terá o dispositivo, sob pena de fazer interpretação equivocada do respectivo
texto.
III – Superioridade hierárquica: as leis estão abaixo da Constituição e retiram dela o seu
fundamento de validade. Assim, as leis devem ser interpretadas à luz da Constituição
(interpretação conforme ou filtragem constitucional).
Gramatical.
Sistemático.
Histórico.
Lógico.
III - Crítica: os elementos tradicionais criados por Savigny foram desenvolvidos para o
direito privado. Embora úteis para a interpretação da constituição, são insuficientes para
dar conta da complexidade constitucional.
O autor foi o responsável pela retomada da tópica no campo jurídico: discussão em torno
do problema. A tópica é uma técnica do pensamento problemático, ou seja, é baseada no
problema. Diante de um problema concreto a ser resolvido, são feitas várias
argumentações favoráveis e contrárias à solução daquele problema, até se chegar ao
melhor resultado (argumento mais convincente).
III – Problema: o método gira em torno do problema concreto a ser resolvido, diante do
qual são levados em consideração argumentos favoráveis e contrários a determinadas
soluções. O método tópico-problemático considera que, em uma discussão, o que
prevalecerá não é necessariamente o argumento mais verdadeiro, mas sim o mais
convincente, ou seja, aquele capaz de obter o maior número de adeptos.
Complementação de lacunas. Nos casos em que não existir uma norma específica
para regulamentar aquele caso, o MTP, como se baseia em vários topois, vários
esquemas de pensamento, não necessita de uma norma a ser utilizada podendo ser
empregados outros argumentos para se chegar ao melhor resultado.
VI - Críticas:
Caminho inverso dos métodos tradicionais: ele parte do problema para a norma,
em vez de buscar a norma adequada para a solução do problema. Assim, primeiro
há uma discussão em torno do problema (busca da melhor solução) e, após obtê-
la, busca-se no ordenamento jurídico uma norma para fundamentar a decisão. O
intérprete não interpreta inicialmente a constituição, mas faz o inverso, ou seja,
analisa o problema, pensa na solução que seria mais adequada, utilizando vários
topoi, depois de chegar ao resultado que considera mais justo, vai no OJ buscar a
NJ para fundamentar a decisão. Observação n. 1: embora este procedimento seja
muito criticado pela doutrina, na prática é o que grande parte dos juízes fazem
em muitas matérias. Os ministros dos Tribunais Superiores decidem de uma
determinada forma e depois buscam a fundamentação para o decisão. Marco
Aurélio assumiu isso publicamente.
IV - Elementos básicos:
III – O autor faz uma distinção entre o programa normativo e o domínio normativo:
Texto e norma não se confunde. O texto são os sinais liguisticos contidos na lei na
constituição. O artigo da CF contem o texto da norma, que é o produto da interpretação.
Segundo Muller é o resultado da concretização do dispositivo.
V - Críticas:
Segundo Müller, aqueles elementos que estão mais próximos da norma (metodológicos e
dogmáticos) teriam uma prevalência sobre os demais elementos (teóricos e política
constitucional). Crítica (Paulo Bonavides): isso seria um ponto falho do método
normativo-estruturante, que ao se abrir para a realidade, assenta sua última estrutura
numa limitação à atividade interpretativa, ao estabelecer essa hierarquia entre os
elementos. Portanto, o método acaba tendo sua última postulação assentada em uma
estrutura jurídica limitativa (restringe a interpretação do intérprete).
I - Peter Häberle.
III – Alargamento do círculo de intérpretes: o autor sustenta que a interpretação não deve
ser feita apenas por um círculo fechado de intérpretes oficiais. Todo aquele que vive a
Constituição deve ser considerado o seu legítimo intérprete (cidadão comum, e grupos
sociais, como igrejas e sindicatos, por exemplo). Se todos devem obediência à
constituição, antes de obedecer, devem interpretar. Deve ser assim, ainda que como co-
intérprete, pois a palavra final será da Corte Constitucional, o que não impede que outros
interpretes colaborem na interpretação constitucional.
“Amicus curiae”: alguém que com seu conhecimento sobre uma determinada matéria
vai contribuir para que o Tribunal decida a respeito daquele assunto. Quando se trata de
assuntos técnicos, a figura do AC é extremamente importante, tanto que surgiu no direito
brasileiro na legislação do CADE e da CVM, que são questões extremamente técnicas, que
exigem conhecimento específico.
VI - Críticas:
Para Paulo Bonavides, seriam necessários alguns requisitos - sem os quais não se poderia
falar em sociedade aberta para toda a sociedade - inexistentes em países como o Brasil,
para que a abertura da interpretação se mostre útil: a) existência de um sólido consenso
democrático; b) instituições fortes; e c) cultura política desenvolvida.
Tais princípios fazem parte de um catalogo idealizado por Konrad Hesse e Friedrich Müller
e mencionados por Canotilho e que passaram a ser cobrados em concursos no Brasil,
como se fossem extremamente utilizados na Alemanha.
CF, art. 5º, XXII: “é garantido o direito de propriedade” (norma típica do Estado
Liberal, consagrada desde a Constituição Americana de 1787).
CF, art. 5º, XXIII: “a propriedade atenderá a sua função social” (norma típica do
Estado Social de Direito – Novelino falou em norma típica do Estado Social
i n t e r v e n c i o n i s t a ).
Exemplo: quando cumpre a função social, a propriedade rural não pode ser
desapropriada para fins de reforma agraria, ocorrendo o contrário com a propriedade que
não cumpre a Função social, ocorrendo o pagamento com títulos da dívida agraria,
resgatáveis em até 20 anos.
É muito ligado ao princípio da unidade, tanto que alguns autores sequer mencionam o
presente princípio de forma específica, pois a ideia é muito parecida com a daquele
princípio.
Assim, em vez de sacrificar totalmente um bem ou interesse para que o outro prevaleça,
o intérprete deve buscar uma redução proporcional do âmbito de alcance de cada um
dos bens ou interesses constitucionalmente protegidos.
II – Exemplos de aplicação:
III – O princípio tem sido utilizado na jurisprudência do STF com um objetivo: afastar
interpretações divergentes, que enfraquecem a força normativa constituição e o princípio
da máxima efetividade (normalmente mencionados conjuntamente, como reforço
argumentativo um do outro). Inclusive se tem admitido a relativização da coisa julgada,
para que a decisão seja conformada ao entendimento do STF. Isso poderia causar
estranheza, com base na Súmula 343 do STF. Ver item abaixo.
IV - S. 343 STF: “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a
decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos
tribunais”.
A Súmula não está superada. O STF realiza o “distinguishing” (distinção entre duas
situações): o enunciado continua válido para a interpretação de lei; se for uma
controvérsia sobre a interpretação de texto constitucional, caberá a ação rescisória. O
novo CPC adotou esse entendimento.
V – Hipótese: juiz profere uma decisão no mesmo sentido decidido pelo Supremo. No
entanto, posteriormente, o STF muda a sua jurisprudência 1. Questão n. 1: neste caso cabe
ação rescisória? Segundo o STF, não:
1STF já entendeu que a prisão pena poderia ser após condenação em segundo grau;
depois só poderia ocorrer após o trânsito em julgado; depois voltou novamente para o
entendimento anterior de que seria possível prisão com condenação em segundo grau;
agora está querendo discutir de novo se só pode a partir do trânsito em julgado.
Também houve oscilação no tocante ao julgamento pelo STJ apenas com a autorização da
AL, se a CE previsse, mesmo a CF não trazendo essa disposição de modo expresso. Agora
está dizendo que mesmo se a CE dissesse que é necessário, é vedado que o julgamento
do governador seja condicionado à deliberação da AL.
STF - RE n. 590.809: “Não cabe ação rescisória quando o julgado estiver em harmonia
com o entendimento firmado pelo Plenário do Supremo à época da formalização do
acórdão rescindendo, ainda que ocorra posterior superação do precedente”.
O entendimento acima pode ser questionado em face do que dispõe o Novo Código de
Processo Civil:
CPC, art. 525, § 12º: “Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-
se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em
lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou
fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo
Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de
constitucionalidade concentrado ou difuso2”.
CPC, art. 525, § 15º: “Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em
julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do
trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal”.
O prazo para ação rescisória é contado não da decisão que transitou em julgado, mas do
trânsito em julgado da decisão do STF. Isso pode fazer com que a ação rescisória seja
cabível anos e anos depois do acórdão ter sido proferido, o que é constitucionalmente
questionável, tendo em vista a forte afetação do princípio da segurança jurídica.