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SER AGRADECIDOS

– Jesus cura dez leprosos.

– O Senhor espera que saibamos dar-lhe graças, pois os dons que recebemos diariamente são
incontáveis.

– Ser agradecidos com todos os homens.

I. A PRIMEIRA LEITURA da Missa1 recorda-nos o episódio de Naamã, o


Sírio, curado da sua lepra pelo profeta Eliseu. O Senhor serviu-se desse
milagre para atraí-lo à fé, um dom muito maior do que a saúde corporal. Agora
reconheço que não há outro Deus em toda a terra a não ser o de Israel,
exclamou Naamã ao verificar que estava livre da doença. No Evangelho da
Missa2, São Lucas relata-nos um episódio similar: um samaritano – que, como
Naamã, também não pertencia ao povo de Israel – encontra a fé depois de
curado, como prémio ao seu agradecimento.

Na sua última viagem a Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a


Galileia. E, ao entrar numa aldeia, saíram ao seu encontro dez leprosos que se
detiveram a certa distância do lugar em que se encontravam o Mestre e o
grupo que o acompanhava, pois a lei proibia que esses doentes se
aproximassem das pessoas3. Entre os leprosos contava-se um samaritano,
apesar de não haver trato entre os judeus e os samaritanos 4, dada a inimizade
secular que separava os dois povos; mas a desgraça unira-os, como acontece
tantas vezes na vida. E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem
compaixão de nós. Recorreram à misericórdia de Jesus, e o Senhor,
compadecendo-se deles, mandou-os apresentar-se aos sacerdotes, como
estava prescrito na Lei5. Apesar de ainda não estarem curados, esses homens
obedeceram a Cristo e foram apresentar-se aos sacerdotes. E pela sua fé e
docilidade, viram-se livres da doença.

Estes leprosos ensinam-nos a pedir: recorrem à misericórdia divina, que é a


fonte de todas as graças. E mostram-nos o caminho da cura, seja qual for a
lepra que tenhamos na alma: ter fé e sermos dóceis àqueles que, em nome do
Mestre, nos indicam o que devemos fazer. A voz do Senhor ressoa com
especial força e clareza nos conselhos que recebemos na direcção espiritual.

II. E ACONTECEU que, enquanto iam, ficaram limpos. Podemos imaginar


facilmente a alegria que os dominou. Mas, no meio de tanto alvoroço,
esqueceram-se de Jesus. Na desgraça, acodem a Ele; na ventura, esquecem-
no. Somente um, o samaritano, voltou ao lugar onde o Senhor estava com os
seus discípulos. Provavelmente voltou correndo, louco de
contentamento, glorificando a Deus em voz alta, sublinha o Evangelista. E foi
prostrar-se aos pés do Mestre, dando-lhe graças.

Foi uma acção profundamente humana e cheia de beleza. “Que coisa


melhor podemos trazer no coração, pronunciar com a boca, escrever com a
pena, do que estas palavras: «graças a Deus»? Não há nada que se possa
dizer com maior brevidade, nem ouvir com maior alegria, nem sentir com maior
elevação, nem realizar com maior utilidade”6. A gratidão é uma grande virtude.

O Senhor deve ter-se alegrado com as mostras de gratidão desse


samaritano, mas ao mesmo tempo encheu-se de tristeza ao verificar a
ausência dos outros. Jesus esperava o regresso de todos: Não foram dez os
curados? E os outros nove, onde estão?, perguntou. E manifestou a sua
surpresa: Não houve quem voltasse e desse glória a Deus, a não ser este
estrangeiro? Quantas vezes Jesus não terá perguntado por nós, depois de
tantas graças! Hoje, na nossa oração, queremos compensá-lo pelas nossas
muitas ausências e faltas de gratidão, pois os anos que contamos não são
outra coisa que a sucessão de uma série de graças divinas, de curas, de
chamadas, de misteriosos encontros. Os benefícios recebidos – bem o
sabemos – superam de longe as areias do mar7, como afirma São João
Crisóstomo.

Com frequência, temos melhor memória para as nossas necessidades e


carências do que para os nossos bens. Vivemos pendentes daquilo que nos
falta, e reparamos pouco naquilo que temos, e talvez seja por isso que ficamos
aquém no nosso agradecimento. Pensamos que temos pleno direito ao que
possuímos e esquecemo-nos do que diz Santo Agostinho ao comentar esta
passagem do Evangelho: “Nada é nosso, a não ser o pecado que possuímos.
Pois que tens tu que não tenhas recebido? (1 Cor 4, 7)”8.

Toda a nossa vida deve ser uma contínua acção de graças. Recordemo-nos
com frequência dos dons naturais e das graças que o Senhor nos dá, e não
percamos a alegria quando percebemos que nos falta alguma coisa, porque
mesmo isso que nos falta é, possivelmente, uma preparação para recebermos
um dom mais alto. Lembrai-vos das maravilhas que Ele fez9, exorta o salmista.
O samaritano, através do seu mal, pôde conhecer Jesus Cristo, e por ser
agradecido conquistou a sua amizade e o incomparável dom da fé: Levanta-te
e vai; a tua fé te salvou. Os nove leprosos mal agradecidos ficaram sem a
melhor parte que o Senhor lhes tinha reservado. Porque – como ensina São
Bernardo – “a quem humildemente se reconhece obrigado e agradecido pelos
benefícios, com razão lhe são prometidos muitos mais. Pois quem se mostra
fiel no pouco, com justo direito será constituído sobre o muito, assim como,
pelo contrário, se torna indigno de novos favores quem é ingrato em relação
aos que antes recebeu”10.

Agradeçamos tudo ao Senhor. Vivamos com a alegria de estar repletos de


dons de Deus; não deixemos de apreciá-los. “Já viste como agradecem as
crianças? – Imita-as dizendo, como elas, a Jesus, diante do favorável e diante
do adverso: «Que bom que és! Que bom...!»”11 Sabemos agradecer, por
exemplo, a facilidade com que podemos purificar-nos dos nossos pecados no
Sacramento do perdão? Damos graças frequentemente pelo imenso dom de
termos Jesus Cristo connosco na Sagrada Eucaristia, e isso na mesma cidade,
talvez na mesma rua?

III. CANTAI AO SENHOR um cântico novo, porque Ele fez maravilhas12,


convida o Salmo responsorial. Quando vivemos de fé, só encontramos motivos
para estar agradecidos. “Não há ninguém que, por pouco que reflicta, não
encontre facilmente motivos que o obrigam a ser agradecido com Deus [...]. Ao
conhecermos o que Ele nos deu, encontraremos muitíssimos dons pelos quais
devemos dar graças continuamente”13.

Muitos favores do Senhor nos chegam através das pessoas com quem
convivemos diariamente, e por isso, nesses casos, o agradecimento a Deus
deve passar por essas pessoas que tanto nos ajudam para que a vida nos seja
menos dura, a terra mais grata e o Céu mais próximo. Ao agradecer-lhes,
agradecemos a Deus, que se torna presente nos nossos irmãos, os homens.

Não podemos ficar aquém neste agradecimento aos homens. “Não


pensemos que estamos quites com os homens porque lhes damos, pelos seus
trabalhos e serviços, a compensação pecuniária de que necessitam para viver.
Eles nos deram algo mais do que um dom material. Os professores instruíram-
nos, e aqueles que nos ensinaram o nosso ofício, como também o médico que
nos atendeu um filho e o salvou da morte, e tantos outros, abriram-nos os
tesouros da sua inteligência, da sua ciência, da sua perícia, da sua bondade.
Isso não se paga com um talão de cheques, porque eles nos deram a sua
alma. Mas também o carvão que nos aquece representa o trabalho penoso do
mineiro; e o pão que comemos, a fadiga do agricultor: entregaram-nos um
pouco da sua vida. Vivemos da vida dos nossos irmãos. Isso não se retribui
com dinheiro. Todos puseram o coração no cumprimento do seu dever social:
têm direito a que o nosso coração o reconheça”14. De modo muito particular, a
nossa gratidão deve dirigir-se aos que nos ajudaram a encontrar o caminho
que leva a Deus.

O Senhor sente-se feliz quando nos vê agradecidos com todos aqueles que
nos favorecem diariamente de mil maneiras. Para isso, é necessário que nos
detenhamos um pouco, que digamos simplesmente “obrigado”, com um gesto
amável que compensa a brevidade da palavra... É bem possível que aqueles
nove leprosos curados bendissessem o Senhor no seu coração..., mas não
retornaram, como fez o samaritano, para encontrar-se com Jesus que os
esperava.

Também é significativo que fosse um estrangeiro quem voltasse para


agradecer. Isso recorda-nos que, por vezes, cuidamos de agradecer um
serviço ocasional prestado por uma pessoa desconhecida, e ao mesmo tempo
não sabemos dar importância às contínuas delicadezas e atenções que
recebemos dos mais próximos.

Não existe um só dia em que Deus não nos conceda alguma graça particular
e extraordinária. Não deixemos passar o exame de consciência de cada noite
sem dizer ao Senhor: “Obrigado, Senhor, por tudo”. Não deixemos passar um
só dia sem pedir abundantes bênçãos do Senhor para aqueles que, conhecidos
ou não, procuraram fazer-nos algum bem. A oração é também um meio eficaz
de agradecer: Dou-te graças, meu Deus, pelos bons propósitos, afectos e
inspirações que me comunicaste...

(1) 2 Re 5, 14-17; (2) Lc 17, 11-19; (3) cfr. Lev 13, 45; (4) cfr. 2 Re 17, 24 e segs.; Jo 4, 9; (5)
cfr. Lev 14, 2; (6) Santo Agostinho, Epístola 72; (7) cfr. São João Crisóstomo, Homilias sobre
São Mateus, 25, 4; (8) Santo Agostinho, Sermão 176, 6; (9) Sl 104, 5; (10) São
Bernardo, Comentário ao Salmo 50, 4, 1; (11) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 894; (12) Sl
97, 1-4; Salmo responsorial da Missa do vigésimo oitavo domingo do Tempo Comum, ciclo C;
(13) São Bernardo, Homilia para o Domingo VI depois de Pentecostes, 25, 4; (14) Georges
Chevrot, “Pero Yo os digo...”, Rialp, Madrid, 1981, págs. 117-118.

Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI

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