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B. Ação prévia;
C. Atitudes polares dos personagens principais, no início e no final.
DIÁLOGO
A. Escolha de palavras;
B. Escolha de frases e estruturas sintáticas;
C. Escolha de imagens;
D. Escolha de características peculiares: ex: dialeto;
E. O som do diálogo;
F. Estrutura das falas.
AÇÃO DRAMÁTICA
A. Títulos das unidades. Numerar as unidades de ação atribuindo
uma frase substantiva como título para cada unidade;
B. Detalhamento do desenrolar da ação. Separar a ação em unidades
numeradas. Expresse a ação em cada fala, usando a inicial de
cada personagem seguida por um verbo no presente. Os verbos
ajudarão no resumo da ação;
C. Resumir a ação por cada unidade com uma frase composta
expressando a ação recíproca. Ex: A (verbo no presente) para B e
B (verbo no presente) para A.
PERSONAGENS
Examine cada um dos personagens segundo os seguintes itens:
A. Desejo: o que o personagem mais quer;
FPET 2
IDÉIA.
A. Significado do título;
B. Enunciados filosóficos na peça: citar as passagens;
C. Implicações da ação;
D. Para cada cena a ser trabalhada, citar propósito e importância na
peça.
TEMPOS
Após o número de cada unidade, designar o andamento daquela unidade
usando uma palavra de velocidade. Exemplo: rápido; médio; vagaroso; Largo;
Adagio, etc. Faça também um gráfico horizontal das relações de tempo, onde
serão mostrados os picos e vales das variações comparadas das diversas
unidades. Ex:
TEMPOS
\/\/\/\/\/\/\/\/\/\ /\/\/\/\/\
UNIDADE DE
unidade (1) unidade (2) unidade (3) unidade (4) unidade (5)
AÇÃO
ATMOSFERAS
Após o número de cada unidade, expressar a emoção daquela unidade em duas
categorias:
A. Uma lista de adjetivos para cada um dos cinco sentidos referentes
à atmosfera;
B. Uma imagem de atmosfera.
FPET 3
CIRCUNSTÂNCIAS DADAS
Fazer um levantamento de todo material do texto que descreve o ambiente – o
“mundo” especial da peça – dentro do qual a ação se desenrola.
Não se prender às descrições das rubricas, muitas vezes acrescentadas após a
edição do texto. O diálogo é a única fonte confiável para se saber as
circunstâncias dadas;
Procure os fatos, sim, mas lembre-se que as atitudes dos personagens sobre esses
fatos são extremamente importantes;
Os fatos da peça são a visão do autor. É preciso, antes de mais nada, “ver” o que
o autor viu, independentemente de saber se ele conhecia realmente a geografia e
a historia do que descreve. Não tente reconstruir sua própria idéia sobre os fatos:
se não estão no texto, eles não existem:
1. A localização geográfica: refere-se ao local exato. Uma descrição do tempo é necessária, uma vez
que o clima pode afetar a ação dramática.
2. Data: ano, estação, hora do dia: o que seria significativo com respeito à data?
3. Ambientação econômica: classe social, estado de pobreza ou riqueza. Se dois níveis econômicos
são mostrados numa peça, esteja certo de ter registrado os fatos referentes a cada um deles.
4. Ambientação política: as relações específicas dos personagens com a forma de governo em que
vivem. Muitas peças apresentam cenários políticos bem definidos que vão afetar profundamente o
comportamento dos personagens. Outras aceitam tacitamente uma forma de governo que tenha
estabelecido restrições básicas aos personagens. Não assuma algo que considerar omissão
proposital do autor como não sendo importante. Procure cuidadosamente por pistas ao longo do
texto, pois o autor pode dar essa determinada circunstância por garantida, contando que aqueles
que lêem a peça estejam familiarizados contexto. Mas quem analisa o texto não pode contar com
isso. O autor deixa uma trilha de implicações atrás de si e elas devem ser registradas.
5. Ambientação social: os hábitos e costumes, as instituições sociais em que vivem os personagens.
Esses fatos são extremamente importantes pois eles podem se manifestar por suas restrições na
exteriorização dos padrões comportamentais dos personagens, desencadeando, assim, conflitos
básicos na ação da peça.
6. Ambientação religiosa: aspectos formais e informais que influenciam psicologicamente as
personagens. Muito do que se aplica ao item 4. aplica-se também aqui.
Algumas peças envolvem todas as categorias acima, outras, apenas algumas.
Não se esqueça: A análise dos fatos é objetiva. Evite incluir qualquer coisa que
não esteja no texto. Não tire conclusões subjetivas, assumindo-as como fatos.
Acima de tudo, não tente reconstruir suas próprias idéias do fato histórico
envolvendo a peça. Um autor não está escrevendo a História, mas contando uma
história. E ele pode não conhecer os fatos tão bem, ou pode, ainda, estar
deliberadamente mudando os fatos para atender seus propósitos. Não tente
corrigi-lo, mas registre-os exatamente como ele os descreve.
AÇÃO PRÉVIA
É necessário fazer uma distinção clara entre a ação presente e a ação prévia, ou
seja, entre o que o espectador vê acontecer e o que lhe é contado sobre o que
FPET 4
Cada personagem em uma peça, como na vida real, é condicionado por “um
mundo especial” onde habita, o mundo de seus conceitos e preconceitos,
tolerâncias e intolerâncias, de suas convicções e, a partir desse mundo, são
forçados a se relacionar com os demais e a empreender ações que afetarão tanto
aos outros como a eles próprios. Esse mundo, naturalmente, depende de
circunstâncias objetivas do ambiente exterior, mas varia muito de acordo com seu
“ambiente emocional”. O “mundo especial” de um personagem principal,
normalmente, é chamado de começo da peça, pois ele declara sua posição face
aos outros personagens. Esta seria a ambientação interior de uma peça, o
ambiente que dispara os conflitos e os problemas; o ambiente das relações
amorosas dentro e fora do casamento; o ambiente das pressões familiares que
provocam amor e ódio entre pais e filhos, mães e filhas, pais e mães; o ambiente
de pressões políticas, econômicas e religiosas que os forçam a se comportar de
uma determinada maneira e acabam por destruir suas famílias e relações. Um
personagem é aprisionado nesse “mundo especial” e toda peça gira em torno de
sua luta para dele escapar ou por ele ser destruído.
Um personagem principal não muda de caráter, mas suas atitudes mudam sob a
pressão de forças externas ao seu controle. Os demais personagens servem como
instrumentos específicos a essas mudanças. Ao analisar o texto, concentre-se nos
personagens principais para só então determinar a força e função dos
secundários.
O desenrolar da ação de uma peça compõe-se, portanto, das atitudes mutantes do
personagem principal que o remetem ao seu ambiente interior, ao seu “mundo
especial” tal como é declarado no início da peça. Os obstáculos servem para
aproxima-lo do seu caráter fundamental, seu verdadeiro caráter, que estava
adormecido no começo da peça.
FPET 5
1
Entenda-se aqui artificial como artificioso, construído e não como falso ou mentiroso.
FPET 6
Não confundir ação dramática com atividade de um ator em cena (atividade cênica);
esta é apenas a ilustração da primeira; atividade é o “como”; ação é o “quê”;
Toda ação provoca uma reação, com adaptações entre elas;
(1) A age sobre B;
(2) B sente a força (pressão) da ação de A (adaptação) e decide o
que fazer, e assim, sucessivamente;
Muito da atuação de um ator está na percepção das ações de outro personagem e na sua
decisão de como reagir (adaptação);
Uma peça é feita de adapatações retardadas;
A peça acaba quando a questão da dominância entre os personagens é resolvida,
cessando o conflito e prevalecendo a calma;
Encenar é, antes de tudo, auxiliar os atores a descobrirem a ação e também a
encontrarem os objetivos de cada unidade ao longo da peça;
A emoção nao pode surgir por si mesma, mas apenas pela pressão de um personagem
sobre outro;
A ação pode ser expressa por um verbo no tempo presente, o subtexto, numa sequência
de falas que pode ser registrada assim:
A envergonha-se e B ignora
A pede e B reprova
A suplica e B esbraveja, etc…
Observe o progressivo evoluir da ação fala a fala.
PERSONAGENS
Pode-se definir personagem como uma sumária exposição de ações específicas; o
personagem é, portanto, constituído por todas as ações realizadas por um indivíduo
durante uma peça;
Usaremos a palavra personagem para designar o que o autor escreveu e caracterização
para definir o que o ator faz;
O personagem existe apenas de maneira superficial naquilo que ele diz de si mesmo ou
no que os outros dizem dele; ele só existe plenamente nas suas ações, especialmente
naquelas que realiza sob circunstâncias de pressão;
Portanto, meras impressões sobre um personagem não substituem a detalhada análise do
que ele faz;
Atuar é agir: o ator descobre o personagem antes repetindo suas ações do que
teorizando sobre ele;
Sabemos muito menos sobre as personagens secundárias do que sobre as principais e o
diretor deve determinar em sua análise quem é o principal (de quem é a peça),
juntamente com o principal antagonista;
Personagens não mudam; eles se revelam;
A revelação do personagem se dá progressivamente e a maior de todas se dá no clímax;
FPET 7
Cuidado com as descrições que autores fazem de seus personagens. Não se esqueça:
personagem é ação!
IDÉIA
A idéia de uma peça é o significado essencial do que ela tem a dizer; talvez o autor
nunca exponha suas idéias diretamente com palavras, mas as deixa transparecer através
da ação;
Sartre declarou uma vez que “teatro é o mundo comprimido e com significação”.
Segundo essa visão, as peças seriam dispositivos artificiais para encorajar os homens,
dar-lhes força, percepção e mesmo, sabedoria;
O diretor deve saber encaminhar o espetáculo de modo que o público perceba as idéias
do texto.
TEMPOS
Tempos são as variáveis, cadências ou compassos da ação dramática numa peça; o
conjunto dessas variações determina a pulsação ou ritmo;
O diretor deve ser um músico; se ele não percebe as marcações rítmicas de uma peça,
ele está incapacitado para encená-la;
Cada unidade de ação tem seu tempo ou compasso;
Uma peça evolui como os movimentos do mar; procure sentir as ondas e as marés;
Ritmo é o efeito cumulativo das variações de tempo por unidade (compassos);
ATMOSFERAS
Atmosferas são os sentimentos e emoções gerados pelo embate de forças na ação
dramática, o resultado da ação. São os sentimentos básicos, os distúrbios, os
excitamentos que nos movem quando assistimos a uma peça e que nos conduzem a uma
experiência imaginada;
Cada unidade tem sua própria atmosfera;
O tom geral da peça é alcançado quando se obtém as atmosferas apropriadas;
Não se esqueça que, ao longo das muitas leituras do texto realizadas antes e durante os
ensaios, as primeiras impressões do diretor podem ser esquecidas - registre-as!
Exemplos de adjetivos:
de tato - áspero, fofo, arenoso, rígido;
de paladar - ácido, borrachento, suave, picante;
de olfato - pungente, doce, malcheiroso;
de audição - alto, rouco,trovejante, perfurante;
de visão - vermelho, azul, escuro, palavras de tamanho, forma,
luminosidade;
Exemplo de metáforas:
“Essa cena é como uma mariposa esvoaçando ao redor de uma lâmpada.”