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O USO DA LINGUAGEM CARTOGRÁFICA NA CLIMATOLOGIA

Cassio Alves Garcia Prado


Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – Departamento de Geografia

RESUMO: Este trabalho explica de que modo os mapas e gráficos podem induzir ao erro, se
não relacionados e contextualizados com outros mapas, ou se forem realizadas correlações de
maneira inadequada. Mesmo sem possuir um aspecto propositivo, no sentido de elaboração de
mapas, gráficos e cartogramas, este trabalho é relevante para mostrar e evidenciar o potencial
que os elementos cartográficos possuem em construir “novos modelos de mundo”.

ABSTRACT: This work explains how maps and graphics may induce mistakes, if they are not
related and contextualized with other maps and if they are incorrectly correlated with each other
as well. Even without a propositional conclusion, in maps, graphics and cartograms producing
context, this work is relevant to show and demonstrate the potential that cartographic elements
have of creating “new world models”.

PALAVRAS-CHAVE: linguagem cartográfica; mudanças climáticas; mapas climáticos

1. INTRODUÇÃO
É bem verdade que a questão das mudanças climáticas, atualmente, tem se tornado cada
vez mais latente no campo científico e acadêmico. Entretanto, pode-se dizer que é um assunto
ainda não debatido de forma suficiente pelos cientistas. Nesse sentido, é difícil saber, nas
palavras de Jacques Lévy, se essas alterações climáticas devem ser classificadas como “história
natural” ou “história da humanidade”, ou mesmo se é preciso observar, investigar e intervir em
tais alterações. Sabe-se menos ainda, como realizar intervenções a esses fenômenos climáticos.
Uma das possibilidades de investigação está no âmbito das representações elaboradas 
sobre a questão das mudanças climáticas. Dentre os vários tipos de representações, aborda-se
aqui um tipo de representação específica, a cartográfica, contextualizando no mundo das
representações em geral num viés construtivista, que considera que um mapa tanto representa
como constrói visões de mundo. Assim, uma preocupação que se deve ter a esse respeito é, para
obtenção de informações e conhecimento, como essas mudanças climáticas estão sendo
representadas. Este tópico é preocupante no debate que tange a Geografia e, principalmente, a
Cartografia, pois o mapa mostra-se importante ferramenta de representação e construção da
realidade dessa questão, bem como capaz de comunicar e propiciar análises a partir dessa
comunicação. Vale ainda assinalar que tal preocupação pode também ser estrapolada para a
questão dos modelos climáticos e previsões, os quais não deixam de fazer uso de elementos
cartográficos para obterem melhor representação e comunicação.

2. OBJETIVOS
Frente ao exposto, o que se objetiva neste trabalho é analisar como a Cartografia se
apodera, ou se apropria dos discursos que circundam a preocupação das Mudanças Climáticas.
Dito de outro modo, como a Linguagem Cartográfica é usada na exposição, interpretação e
compreensão dos dados referentes ao comportamento atmosférico ao longo do tempo. O
principal aspecto sobre o qual foi analisado diz respeito à funcionalidade da linguagem usada
nos mapas climáticos.

3. MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia de análise cartográfica adotada se fundamenta nos pensamentos de
Jacques Bertin e Brian Harley. Para o último, o mapa é capaz de representar realidades, bem
como construir, em razão de seu valor imagético. Dito de outra maneira, tem-se como
pressuposto o poder de comunicação do mapa. Nesse sentido, há a necessidade de se analisar
todos os elementos cartográficos, através da desconstrução do mapa. Essa necessidade aparece,
uma vez que, segundo Marie-Françoise Durand, “as televisões, os bancos de imagens e a
convergência multimídia contribuem para essa saturação icônica, na qual muitas vezes o sentido
se perde”.
É preciso, portanto, compreender o mapa de uma forma mais ampla: com base na sua
escala, projeção, métrica e semiologia. Brian Harley, em sua proposta de  desconstrução do
mapa, leva em consideração três contextos referentes aos mapas: o contexto do autor do mapa,
da sociedade e do mapa com outros mapas. Corroborando, de certo modo, com Harley, Mark
Monmonier diz que as cartas oferecem uma seletiva e incompleta visão da realidade e ainda
conclui que, assim como discursos e pinturas, os mapas são coletas de informações de autores,
sendo sujeitos a distorções oriundas de “ignorância, ganância, cegueira ideológica, ou malícia”.
Diante disso, partindo-se a uma análise escalar, tanto espacial, quanto temporal, pode-se
dizer que a escala possui grande relação com a projeção utilizada, uma vez que a mudança de
projeções modifica os espaços representados nos mapas. Neste caso, para se representar um
fenômeno dinâmico e que possui grande variação no decorrer do tempo, as distorções, já
originadas na escolha da projeção, devem ser mínimas. A escala do fenômeno e sua abordagem
também devem ser pensadas de modo que os dados possam ser tratados adequadamente, sem
ocasionar um exagero visual.
Com relação à semiologia, a análise se dá na funcionalidade das variáveis visuais
presentes nos mapas, e também os modos de implantação. Novamente, o tratamento dos dados
aparece para que a comunicação não origine nenhum tipo de exagero, uma vez que a escolha de
dados absolutos ou relativos altera diretamente a variável visual e o modo de implantação mais
adequados.
Com base na proposta metodológica exposta e a apresentada no trabalho de Durand, os
mapas e gráficos, bem como alguns outros materiais iconográficos, presentes no Atlas do Meio
Ambiente, publicado pelo Instituto Pólis para o Le Monde Diplimatique - Brasil, foram
analisados e discutidos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em geral, o que se conhece de Aquecimento Global Antropogênico, ou sobre as
Mudanças Climáticas, está relacionado às emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e,
possívelmente, ao aumento da percentagem desses na atmosfera. Todavia, há uma contradição a
partir do momento que cientistas, como o alemão Kurt G. Blüchel, apresentam dados de que
cada pessoa expira, anualmente, cerca de 600kg de dióxido de carbono (CO2). O dióxido de
carbono é um dos mais conhecidos gases classificados como gases estufa. O importante aqui é
pensar que a população mundial está à margem de atingir 7 bilhões de habitantes, o que rende à
atmosfera terrestre uma gigantesca quantidade de bilhões de toneladas de CO2 expirados por
ano.
Considerando a estimativa de biólogos de que a população de insetos, na Terra, chega a
1027, pode-se dizer que os insetos são capazes de expirar aproximadamente 100 vezes mais
dióxido de carbono que os homens. Isso se dá, uma vez que, por exemplo, um besouro-de-maio
expira, por hora, em seu vôo, cerca de 2.000 microlitros de CO2. Pensando-se também nesses
aspectos é que os mapas e gráficos presentes no Atlas do Meio Ambiente foram analisados; para
também ajudar a refletir num melhor tratamento de mapas climáticos.
De forma qualitativa, foram encontrados, nos mapas e gráficos analisados, vários erros
de correlações, gerando, muitas vezes, associações falsas ou tendenciosas. Basicamente todos os
mapas do Atlas do Meio Ambiente se preocupou em apresentar os problemas ambientais e
climáticos em uma perspectiva territorial, ou seja, com a métrica euclidiana. Houve apenas um
caso de classificação errônea ou duvidosa, em que acidentes rodoviários foram classificados
como uma categoria de “doenças ambientais”. Nos poucos casos em que foram feitas
correlações entre dois ou mais mapas e gráficos, estas se apresentavam inadequadas de alguma
maneira.
Essas análises em materiais cartográficos sobre mudanças climáticas suscitam várias
discussões sobre a pertinência e validade de modelos climáticos, bem como a previsibilidade de
tais modelos e previsões regionais. Isso ocorre, uma vez que, mesmo em modelos de previsão,
deve-se haver uma preocupação com a seleção e tratamento dos dados, fenômenos e variáveis
abordados, bem como a escala temporal desses elementos e também a escala espacial,
dependendo, inclusive, da métrica e projeção que melhor se adequarem à proposta de realização
do modelo.
Também cabe a essa discussão, pensar o grau de confiabilidade que pode-se atingir com
os prognósticos e as previsões de cenários futuros. Em todos os materiais acerca das mudanças
climáticas e ambientais, é inevitável o encontro dessas previsões, muitas vezes, pessimistas
quanto ao futuro da dinâmica atmosférica do globo. Entretanto, a preocupação maior deve ser
pautada em como a modelagem climática é realizada, quais são as possíveis correlações entre
dados, mapas e informações e a partir de quais metodologias de análise são produzidos os
modelos.

5. CONCLUSÕES
O que se pôde perceber, até o presente momento da análise, é o uso excessivo da
métrica territorial mesmo que haja fenômenos que poderiam estar mais ligados a outras
métricas. Um exemplo disso é quando se trabalha a quantidade de CO2 emitida conforme o
número populacional. Nesse caso, não há correlação alguma com o número de habitantes por
região. Intuitivamente, sabe-se a região do mundo em que há maior número populacional, mas o
que isso representa de povoamento, ou o quanto a população absoluta está diretamente
relacionada à emissão de GEEs. Dito de outro modo, existem países populosos, cujo setor
industrial é atrofiado ou pouco desenvolvido. Ainda que o contrário seja pouco provável, a
relação entre a emissão de CO2 e a população de uma determinada região não é muito evidente.
Uma outra questão, ainda sobre a emissão de gases, diz respeito ao modo de
implantação das variáveis visuais. Muitas vezes, quando usados dados absolutos, é possível
perceber quais países emitem mais ou menos GEEs, mas ainda não é possível fazer correlação
dessas emissões à extensão territorial, a qual difere da extensão atmosférica. Para isso, poderiam
ser melhor explorados os dados relativos de densidade, tanto com relação aos territórios, quanto
com relação à população na Terra.
Outro mapa que chama muito a atenção é o das chamadas “Doenças Ambientais” em
que a situação mais crítica se encontra nos países da África, onde a população passa mais dias
fora do trabalho em razão de problemas de saúde. Entretanto, não há uma relação feita ao
orçamento de cada país em sistemas públicos de saúde. Essa abordagem é encontrada em uma
das anamorfoses presentes no “Atlas do Mundo Real” (The Atlas of the Real World).
Por último, outro exemplo que salta aos olhos, são correlações entre mapas com
diversas escalas temporais e espaciais para um mesmo fenômeno. Não é óbvia a relação entre a
evolução da temperatura média atmosférica (ou oceânica) dos últimos 100 anos com a das duas
últimas décadas. As inverdades podem ser muitas: desde a forma de obtenção dos dados,
decorrente da variação da quantidade de estações meteorológicasas no decorrer do tempo, bem
como a alteração da fonte de coleta desses dados – de estações meteorológicas para uso de
satélites –, às mudanças ou elevação da média do fenômeno estudado, em função do recorte
temporal.
Os materiais cartográficos são usados como forma de compreensão, interpretação e,
principalmente, representação de mundo. Entretanto, deve-se notar que estes materiais possuem
potencial de criação e construção de novas realidades, por representarem “novos mundos”.
Nesse caso, o tratamento dos dados, a escolha dos fenômenos e das variáveis para produção de
modelos e as diferentes correlações e contextualizações devem ser feitas de maneira menos
induziva, com a preocupação fundamental de que um dos poderes cognitivos do mapa é
construir realidades.

6. AGRADECIMENTOS
À Prof.ª Dr.ª Fernanda Padovesi Fonseca, pela orientação, pelo apoio e incentivo dados.

7. BIBLIOGRAFIA
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