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A Epístola aos Romanos 1ntrodiiy:iii

Lutero evitou o método exegético escolástico, pelo qual se buscava Eu não amava o Deus justo, que pune os pecadores; ao (.o11
itrn sentido quádruplo em cada passagem biblica: histórico (ou literal), trário, eu o odiava. Mesmo quando, como monge, eu viviíi 11,.
~rlegórico,tropológico (ou moral) e anagógico. De igual modo, adotou forma irrepreensível, perante Deus, eu me sentia pecador, e nii
(rpenas em parte o modo de interpretação histórico-literal de Nicolau nha consciência me torturava muito. Não ousava ter a espeniric,o
(Ir Liru. Preferiu, a seu modo, uma interpretação histórico-cristológica, 5
de que pudesse conciliar a Deus através de minha satisfaç(7o. I:'
rqferencial não só pura seu ensino, mas também, para sua pregaçüo e mesmo que não me indignasse, blasfemando em silêncio corr/r.r~
l~rútica.Isso é frisado por Lutero já em seus comentários introdutórios: Deus, eu resmungava violentamente contra ele. Como se nüo IJ/I,Y
" O tema essencial e a intenção do apóstolo nesta epktola é tasse que os miseros pecadores, perdidos para toda a eternid(i<lc
destruir toda justiça e sabedoria próprias e, e m contraposição, por causa do pecado original, estivessem oprimidos por todo ser/<,
destacar e ressaltar [...I os pecados e a estultícia que não existi- 10
de infelicidade através da lei do decálogo, deveria Deus, airr(l<i.
am I...]e assim mostrar, por fim, que Cristo e sua justiça nos são amonloar aflição sobre aflição, através rlo evangelho, e ame(!((;
neces.súrios para que [toda a justiça e sabedoria próprias] ve- 10s com sua justiça e sua ira tambérn através do evangelhd
nham a ser verdadeiramente destruidas"". Assim, eu anduva furioso e de consciência confisa. Nüu obstriirlr~.
Para Lutero, o tema principal de Romanos é a justiça de Deus, isto teimaim impertinentemente em bater à porta desta passagem; r l í , . ~ ~
ir, a justiça pela qual Deus, graciosamente, torna as pessoas pecado- 15
java coru ardor saber o que Paulo queria. A i Deus teve pena de rr~ir~i.
rr~sjustas pela fé em Jesus Cristo. Três décadas após minislrar a preleção, Dia e noile eu andava meditativo, até que, porBm, observei a rr,l~r
rim ano antes de ,falecer, fez uma retrospectiva de sua trajetória em que ção entre as palavras: ' A justiça de Deus é nele revelada, como <,,c111
ileixou evidente a centralidade desta compreensão para a descoberta escrito: o justo vive por fé.'Aípassei a conzpreender a jusli(:(r <I<,
(lii Reforma e para seu pensamento de modo geral: Deus como sendo uma justiça pela qual o justo vive através do c111
"Eu fora tomado por uma extraordinária paixão em conhecer 211 20 diva de Deus, ou seja, da fé. Comecei a entender que o sentido I I
a Paulo na Epístola aos Romanos. Fazia-me tropeçar nüo a fir- seguinte: Atruvés do evangelho é revelada a justiça de Deus, islo 1..
meza de coração, mas uma única palavra no primeiro capitulo: a pas.siva, através da qual o Deus misericordioso nos justfiictr l1(,10
' A justiça de Deus é nele revelada' ( R m 1.17). Isso porque eu fé, como está escrito: 'O justo vive por fé. Então me senti como </ri,'
odiava esta expressão 'justiça de Deus', pois o uso e o costume renascido, e entrei pelos portões abertos do próprio paraiso. Aí Io~lo
de todos os professores me havia ensinado a entendê-la filosofi- 25 25 a Escritura me mostrou uma ,&e completamente dgerente. Fni /xr.s
camente como justiça formal ou ativa (corno a chamam), segundo sando em revista a Escritura, na medida em que a conhecia r/<, riir'
a qual Deus é justo e castiga os pecadores e i~zjustos. mória, e também em outras palavras encontrei as coisas do / ~ I I I I I I I
análoga: 'Obra de Deus' sign@ca a obra que Deus opera (vrr r r r i . r :
Ioão Duns Scoto, franciscano e filósofo inglês. Tornou-se grande opositor de Santo Tomás 'virtude de Deus' - pela qual ele nos faz poderosos; 'sabedor.iri (1,.
ilç Aquino. - Nicolau de Liru (ca. 1265- 1340). franciscano, autor de comentários bíblicos. - Deus' -pela qual ele nos torna sábios. A mesma coisa volr, l11rrii
(;i<iIhemede Ockharn (1300?-1349). filósofo e teólogo inglês, da Ordem dos Franciscanos. 'força de Deus', '.salvação de Deus', 'glória de Deus'.
discípulo de Duns Scoto. Foi expulso da Ordem por combdter a Igreja. Defendeu o Assim como antes eu havia odiado violentamente a fra.sí, :jir,r
iiiiiiiinalismo contra o realismo. - Gabrirl Bie! (1413114-7.12.1495), teólogo da escolástica
1;irdia.Lecionou em Heidelberg, até 1441.Foi nominalista, seguidor de Guilherme de Ockham.
tiça de Deus', com igual intensidade de amor eu agora a < l . s / i ~ ~ ~
h b e r Jacobu.~Stapulensis (145511460-1536). humanista e teólogo da Reforma. O ponto va como a mais querida. Assim esta passagem de Paulo (Ir /;r/<!
;iIi« da suaatividade foi a exegese bíblica. Publicou, em 1512, umcomentário sobre as cartas 3s foi para mim a porta do para;.~o"'~.
n a s J o ã o Reuchiin (1455-1522). humanista e hebraísta alemão. Lecionou Direito, Na preleção sobre Romanos, Lutero já demonstra um born ni80iic.<~
I .;ilim, Grego e Filosofia. - Erasmo Desidério de Roterdã (1466.1536) foi um humanista na direção desta compreensüo de "justiça de Deus", em.hor(r rriri<lii
Iiolaridês com formação teológica. Dispendeu muito tempo em centros de cultura da Europa. reproduza, consideravelmente, o vocabulário e as formas de (~ri.viiiii11,.
O seu estilo em latim lhe deu notoriedade. Editou, em 1516, o primeiro Novo Testamento
1:irgo impresso. Lutero o usou para fazer a sua tradução para o alemão. Foi simpatizante de
seus mestres próximos e distantes". No entanto, ele não d ~ <rl,.s/ír<lir~~
í
I .iiicrri no tocante aos ataques à comipção da Igreja, mas discordou dele quanto à doutrina.
I'oi uni dos homens mais cultos de sua época. '! Plivc', 30s. Cí. o incsmo texto ciu WA54,186 S.
" ('I. abaixo p. 254.25-31. l ' ( ' 1 . Ilill<>nC. OSWAI.I>, in: LW 25,XII.
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A Epístola aos Roinanos Introdu~ãii

i10 juízo divino de forma isoladri. Desd? o prirzcíl>io, procura deixar capuz de cumprir os mandamentos divinos com suas pról?rias Jorçus, é
<.lriroque a Escritura Sagrada, quando traía de "destacar o pecado", completamerzte descartcida como estultice de "teólogos ~ u i n o s " ' ~ .
o /ar a f i m de apontar para a graçri, pura a justiça de Deus. Diferenie- Lutero pensa acerca de pecoclo de ,forma benz dferente do que se
iriiJrzte do que em sua prinzeira preleçüo sobre os Salnzos, na de Roma- esperaria de alguém com a formuçüo filosófico-teológica que recebeu.
iios, Liitero, desde o começo, compreenrle essa jusliça corno uqiiela que 3 Sem dúvida, ele tnrnbérn tem em mente a priticu de pecados especficos.
i,<.inde fora. Ou seja, enfatiza o "extra no.s" da justiça "allzeia" o11 Basicamente, porém, sua perspectivcr é de qiie ri pessori nüo só comete
"r,strunha"'< Aqui ficci eviderzte um avarlço .sign$culivu na conzpreerz- pecados, nzas é, por si mesma, pecndora. Assim, pecado núo é carzn-
~ i i ode um tema fiindunzental ern sua teologia. É muiio provrível que cia, engcrno ou debilidade. Anies disso, sei1 lu<qarestu no curução da
/,riter(>tenha chegado a e.i.sa n o ç ã o de justiça em razüo de ter pessoa, distorcerzdo .sua condiçüo de criuiiira desde o fundrimento.
tipn?fiirzdado o entendinzerltu de Palavra de Deus. A Pulavra ilcnz "de "1
Nesse .senfido, deve-se compreender o ~ i s oda expressüo "pecaclo radi-
/i>ra" à pessou. A eirpressüo "extrci nos" ainda ncio é nzuito Jreqüente, cal" por Liiiero. Pecado é "rrrdi,~",iimri ruí: rliíe deixri siia mrirca em
a idéi~ide j~rstiço "alheia" oii "e.strcinhci" deve ser
iiiirs SULI vi~rc~lução turlij o que <,reste u partir de si. O pecado rcidical rquivole, inr.lu.sive, a
i.~~rr.sidemcla algo basiur7fe sign$icutii~o. Iriscíviri (r.oizci~pi.scentiaad rnalufn)'? SSo virias as ientuiivas de pre-
cisar o conceito. Pecado tunihéin é conipreendido, ern sua essência,
A interpretação de Lutero: conceitos básicos corno u ieritatii,~de u pessoa e.stcibe1ecer sua priípria ju.sti<:a perante
Deus. O u , entúo, cnrno u reulidude de a natureza humanti estar
Unz~rtentritivu de sinletizrir os eixo.s ,fundurnenlrii.s da iizterpn~in(r7o "erzcr,trvada em si n~e.sr?za"(nrrtura [...I in .sei~~.sain inc~trva)~".
Ou, uin-
(liic Lutero ,fu: de Paulo, ein Romnnos, izesia ,fase de sua trajetdrio, da, equipam pecurlo orizinal ao qiie chrrmtr de "cenlellza rlo pecrido"
l ~ ~ ( l ( ? rapontrrr
ia pura os conceitos de pecado, graça, jiísriça de 1)eirs r (Jornes p e c ~ u l i ) ' ~Desse
. morio, os assim chamados 'ji<?cado.saliirris" .são,
;i~.sr;ficaçáoda pessoa, sacramentos e Igreja, de,sei~volvidos,czlérn rlc, 'I1
em reuliclarle, frrntos deste "/><<crido rcrdiccil", ou seja, nascem dri ccondi-
(.,i,-(icterizaro tipo de críticri ecle,sirí,stica ali representciclo". @o de "ser pecaúur". vivida pela pessoa. Se a iiitençüo primeira de
Ao abordar Rm 5.14, o reformador critica ci c o r n ~ ~ r e e n s úde o Konz~~iio.~ é "destrrcrrr e ressaltcrr" os pecaclo.~,então L~iterose refere à
~ ~ s < ~ o l á s i iacercci
cos de "pecado", pela qnal o pecado origii~ul.seriri autocomnpreensüo que a pessoa ulcunya LI partir de ufirrnaç6es da Escri-
irrirri carência dri j u s t i p existente no ser hairnano, ainrlu em seu esiurlo tura. Pura ele, as afirmuçóes dri Escriiiira r1 re.speito do pecado esiarianz
oi.i,qinnl. Segundo esscr opinião, a justiça estaria mercimerzte preser~ie ?'
ein frontal confrridiçüo com a hutnar~iologiada escolústica tardia que
(1,. fornzn subjelivu nci vontcrde hcimana. Pura Paulo, o pecado original conhecera. Além ddiso, sem i ~ mverdadeiro corzlrecirnenlo du essência do
inio seria apenas u fulta de i~nraqualirlade nu vontade, rncr.ç "curêrzcin pecado, tumbém a graça e a justiça de Deus não podiam ser conhecidas.
~i/~.soluta, urna privaçüo de toda c qualquer retidüo e poder de toe1ci.s a.s Nesse senticl(~,.seus esfcorços por r-enovar a com/~reen.rãode pecado tive-
/;ji.{.n,s,tanto do cova corno da alma, e de torlo o ser hunzano, interior ram um signvfcado fitnduwienial prira todos os outros conceitos teológi-
,, I,.\-terior"'" Também corztra ddinições e.scolásticas, Lutem rejeite8 u '0
cos que prori~rou elaborar inlerpretundo Romuno.~.
iioc.üo in,spirada fio conceito aristofélico de ':forman,pela qual o esta- O tema du "graça" recebe, da pcrrte de Lutero, bem menos atençâc?
(10 nntural - ainda que peccinzinoso - do ser hnmano deveria ser me- c10 que os do pecado, da ,justiça de Deus e da ju.st(ficaçüo ela pessoa. E
l111ii~iicIo. Tal crílica trcinsfirrna-se em forte polênzica quaizdo ele utacu sigiziflcutivo, por exemplo, seu siléncio nos escÚ1io.s e suas breves pala-
t i I I I I < Ü Ode "habitus", isto é, a perspectiva de qrie a graça, simultrirze- vras nas glosas ao abordur Rm 11.6: " E .se é pelo graça, j i núo é pelas
<iriiíriie,melhoraria o estado hunzuno". A conzpreerz.süo de Guilherme 35
obras; do contrúrio, a grciça já irão é graça". Fica evidente que jnsti-
,i<,O<.khcim,al~rerzdidadurante o estudo em Erfiirt, de que a pessoa 6 ça e justifica@o estão, para ele, em primeiro plano. Mesmo assim, al-
gumas passagens der preleção süo benz .signiJicativu.s a esse respeito.
-
Liiiero usa, no original, a cxpresrão Sa~~.rheoio~en. Cf. abaixo pp. 277.30-278,l.
"1 ' I . :ihnino, p. 255.39-41. "' C i WA 56,277,5-13.
" ('1'. i , cquema proposto por Lohse, cip. çit., p. 82-97. 'I' (1' .' ;ih;iino, p. 287.20-26 e, corri base ern Rm 8.3, menciona~ido1s 2.9-22. veja, tamhéin, WA
" ' I . ;iii;iixo, pp. 288,20-289.5, ern especial, 288.31-289.1 50.3SS.?X-3S(i. h.
' i 'I. ;xh;iixri, p. 293,9-13.

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A Epístola aos Romanos

Quando escreve acerca da graça, Lulero ainda preserva alguma termi- não na fé. Por isso, deve considerar suas obras como obras da lei,
nologia que, por si só, já se encontra e m descompasso com seu modu sendo, humildemente, tão s6 um pecador; que necessita ser ju.stificudo
de pensar: Isso vale, por exemplo, para o uso da exl~res.são "infundir a pela misericórdia divinaz7. Essa compreensão fez com que diversos es-
graça", inapropriada caso levar-se e m conta. sua rejeição às noções tudiosos caructerizassem a teologia de Lutero, nessa época, como uma
de "habitus e iorma". Paradoxalmente, no uso da expressão é que apa- 5 "teologia da humildade"zx. Mesmo não querendo minimizar a impor-
rece o novo. E o caso, por exemplo, quando "infundir" se apresenta tância de passagens que p6em humilitas e m posição de destaque, é
como sinônimo de ':justificar" ou é utilizado em um mesmo contexto preciso lembrar de trechos em que ele se maaLj'esta de forma bem dife-
com o verbo "reputar": "[Deus é justificado] quando justifica os ímpios rente. Comentando Rm 3.24, por exemplo, Lutero sublinha que somente
e infunde a graça, isto é, quando se crê que ele é justo em suas pala-
vras. Por meio desta fé, ele justifica, ou seja, reputa-os justos 1222, * 10
a satisfação operada por Cristo e m favor das pessoas liberta-as da
tentação de deverem ou poderem, elas mesmas, fazer tal satisfação.
termo "reputar" era comum na teologia occamistaZi, mas sua equipa- Deus dá sua graça única e excl~isivamentecorn base na satisfação de
ração a 'Justificar" atribui-lhe um novo significado. Algo semelhante Cristoz%
ocorre com o uso da expressão "primeira graça", tbica da escolástica. Cenlral, na preleção, é a abordagem da justiça de Deus" e da
Ao empregá-la, Lutero não reforça a compreensão geral de sua doutri- '~ustificaçãodo ser humano". Lutero contrapõe claramente justiça di-
na acerca da graça, mas transgride seus li~niles.Não seria possivel 15 vina e justiça humarzu. Dferentemente da jirstiça humana, que é reve-
,falar de um crescimento continuo da graça conferida a pessoa, comu lada e ensinada em doutrinas humaizo.~,a justiça de Ueus é revelada
se a graça presenteada previamente fosse um patrimônio imperdivel. A exclusivamerzte no Evangelho. Este revela quem é, quem se torna justo
relação de Deus com a pessoa está muito mais caracterizada pelo todo perante Deus e como isso ocorre, a sabe< somente por meio da fé, com
da interpelação graciosa de Deus ao ser humanoz4, Lutero nãu se li- a qual se crê nu Palavra de Deus. E usada uma expressão corrente na
berta da terminologia escolástica, mas a utiliza, muitas vezes, para ex- 2"escolástica - "causu da salvação" (causa sulutisj p a r a descrever a
pressar conotações novas e incompativeis com o seu contexto original. realidade da justlfica$õo. Tanto por 'Justiça" corno por "salvação" é
De forma análoga, são abordados os dfererztes niveis ou graus da preciso cornpreendeq não atributos divinos, inus o agir gracioso de
graça. Lutero argumenta que, sempre que Deus presenteia corn um novo Deus junlo à pessod". Quantitativamente, são significativa.^, em Roma-
grau da graça, ele o faz em contradição com a mentalidade e a opinião no.y, as abordagens de Paulo à just@cação. Com especial atenção, Lutero
ria pessoa. Assim, quem não cede ou muda de mentalidade, e resiste a 2s reflete a seu respeito, procurando destacar novos aspectos. "Justificar"
Deus, quem o repele e nada quer suportal; jamais recebe tal graça. A (iustificarej se torna central, sendo dii)ersas vezes substituido por "repu-
transformação de mentalidade é o conhecimento mais útil dos fiéis em tar" (reputare) e "imputar" (imputarej, tratados como sin8nimo.s. O es-
Cristo, e a teima em preservar a prcípria mentalidade é a mais prejudi- crito de Agostinho "Do Espirito e da Letra" serve de apoio para que
cial resistência contra o Espirito Santo. O modelo para cada pessoa compreenda a justiça de Deus como uma dádiva às pessoas e não como
cristã deveria ser Abruão, que emigrou a um lugar que lhe era comple- 311 um atributo divino. De fato, talvez seja esse o escrito, dentre lodo o lega-
tamente desconhecido. O que Deus faz na Igreja é justamente transfor- do do cristiani.snzo antigo e medieval, que mais se aproxime das afirma-
inar essa mentalidadez5. A graça deve corrigir a pessoa, conduzindo-a ções de Lutero acerca da justiça de Deus e da justificação do ser huma-
no bemz6. Em virtude de sua orientação básica subvertida, a vontade no. Este, no entanto, diversas vezes, vai além do expresso por Agostinho,
liurnana não consegue fazê-lo por sua própria conta. E a graça, por
.sua vez, somente diz algo a quem se encontra em condição de temor e
tremor: Alguém jamais pode saber se é justificado ou não, se está ou
" Cf. WA 56,252,20-23, relerente a Rm 3.22.
'Tf., por exemplo, Emst BIZER, Fides ex uuditu. Eine Unterri~chungUbcr dir Entdeckung
' í:f. WA 56,220,9ll, referente a interpretação de Rm 3.7. der Gerecktiykeit Golles d~irchMartin Luiher, Neukirchen : Neukirçhcner Verlag, 3. ed.,
" Ou ockhamista, relativo a Ockham, v. acima, p. 242, n. 10. 1966: Maitin BRECHT, Murtin Luther Sein Wep rur Refurmafion - 1483-1521. Stuttedit :
" ( ' i por
, exemplo, WA56,379,2-16, referente à interpretaçáo de Rm 8.26. Cdlwer, 3. ed., 1990.
" ('I: WA 56,446,ll-30, referente a Rm 12.2s. "' <'f WA 56.37.26-28.
" ('1'. WA 56.237.2-15, referente a Rm 3.10.
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;\ I (l~istrilaaos Romanos Introdução

irata de rnanzfeslar uma critica cuidadusa, o qile revela que o ro, ma.s u palaviir da promessa ,feita. Tais man[fe.stuçõe.sjá encamiizhain
it'/i~rinridoro interpretri na direçüo de suu nova posição teológica". itm elspecto central da coinpreensão posterior r/? Litt(,rr> acerca tlu jus-
I<xencplo.s da relalivu autonoiniu quanto CIO pen.sairzeizto de Ago.stinlzo tificu(.üo dei jxssou, a azoçüo rle "certeza LLIsali~ução"(certitudo .saluti.s),
,\,i,> ris passugens em que Lcitero utrihcti a 'jlustzficar" ("iitstificure") » mas nüo l~ernziierndizer que ela jú esteja consolidada nestu Jase de .sua
\,,iirirlo de "considerar ou reputar justo" ("reputareu). Oiitros terinos 5 i trujcl<íriuJ5.
~~<ri.<ilelo,s süo "declarar" ("declarare") e "riecretar" ("clecerizere") jus- Diversas vezes, Lutero reioma umu idéia central de suci preleçüo
10. Com isso, ,ficu expressa a convicçno de que e.xclusivumente Deirs é nizterior sobre Salmos: ri cle qne a pesson ~ ~ r e c i s anecessariamente,
,
<iiiior-da justzficação, que tem um curríter de dúdiva, presentr.. A pe.nsou e.star confirme conz o j i t í z ~ de Deils. Deiis ~ 7 r e c i . ser
s ~ just~ficudo enz
,<il ~ o d erecebê-la na fé". Essu n o ~ ü oé deseizvolvirla detalhrrrlunzente .SL~LI~ S ~ u l a v i - pelas
r i , ~ pessoas crentes, de modo que elns (1s teizlznin por
i i t i <.regese de Rin 4.7, texto lirlo erfz conexcio com o SI 31.1: "Bem-cii~en- 10 vei-d~cdeirris,justa.~e aceitúi>eis, o que ocorre por meio da fé'" Através
irri?rrlr>aquele citju iniqiiidaile 4 [~erdoutlu,cujo pecado é coberio"". drsse "ser jnstificndo de Deirs", os fiéis srio justificudos. E.sslri justif-
7iimbém em relucão a rssri ~~ci.s.sugenz da epístola é de exce[~cioizril cu('<(o~~rissivu de Deus, pela quril elp i justfi(.rido, é, propricrineizte, a
iiirl~ortCnciau comliaraçüo entre ri pes.sori pecrrdorri e uma pe.ssor1 en- .j~i.slificaçüoativa dei pessoa por Dec.c.s. Ele ju.si~ficue vence enz suu
/<'I.IIILI. O enfermo põe sua fotul confiança no nzidico, que diugnosticci Prilavra, qi(«izdo transJornza as pessoas, enz coi?ji)rrrlidade com ela, em
i i i < i doença e prescreve o truramento. Obedece us rleterrninuç6r~se tom« li IS ,jits/as, ~(~rdrrcleirus e sríbias".
I
\i.si(,iizuticamente ri medicução, pois tem u/irme esperança ria citi-ci. Aiizclrz Com relritiva frerluêiicia, Lutero se i-efire u v ".sacrawzen~o.s".Os tex-
iitio estrí currrdo, mas antecilm a ciira nu jlnne <:onfinrrçui~iunife,strid(i; tos a sewin irileipretridos düo ocusiüo n isso. E o ca.so, por r,.xemplo, de
i\.so o torna sinzi4ltaizeuinente efiferino e .süo. Erfenno em realidade ("in Riiz 6 e 7, rle.sde onde ternatiza o Britisino. Oi4lru.s pas.sugeri.s da eliístola
i , , ; ivritate") e são com ba.se na rorne nessa ("l~romi.ssio"jsegura do ni<:- lrrmbém, permiiem observar (I qurinto ele avançou ern sua coirippreensão
I - que o corzsidera süo ("snnum reputnt") - em quem confia, pois
=" 20 .srrcramentul. Apoirrdo r m Agosiinho, escreve que (1 Bo/i.smo perdoa ri
<.,\//icerto de que irá ci4rú-10, nina V P Z qiie jú c o i n e ç o ~u ci11.6-10.". r.n111(1~ w l opecatlo, erirlunnto rlne ri jkaquerc~Iierrrzunece coiizo iizclinu-
li.~itii-.sede umu imagem frudiciorial nu histcíria du teologia, presenle, çüo cio pecridoix. Tuinb@m,inspireido por Agostinlzo, rl~ferericirientre morte
/,<>rr~.remplo,nu interpretaçüo de Ago.stin/zo do S1 146.8. Siiynficativo, temporal e morte eterna, isto é, re.spectivciinenle, a rnorie rlo pecado e dei
iuji.r:iiz, é que, enquanto para este os sacramentos são o rernédio parri nzorte e a rnorte dos condenarlus. O Butisnzo obtéin, prira o crente, a mor-
iilii~iro enfermo, aliados ao agir do inéclieo e u coiztriçüo ile coruçáo, 25 21 le da morte, itrn processo que recéin inicia qnunclo este é bulirado'? Coiiz
luir-<i Liltero, o fundanceiztril reside nu palavra promitente rluquele que is.so, Lillero j6 tem de~envolvidasconcej1q5es b6sicu.s para sua poslerior
,iii?r. Aqui, aparece, turnbirn, pela primeira iwz, a exliressão "11ecador ieologia do Ratismo. A dfermça da lradiçáo, coloca o acento nr7o tranto
~c.jii.stoao mesmo tempo" (sirni~lpeccator et ~ L I S ~ ~ Poizto S ) . de partida na graça concedida, m a , especialnzente, rzu promessa ,feita. Mesmo que
~ J , I I . I I isso é a dferencic~çãoentre a condiçüo criski "de futo" ("in rei'j o teirno "promissio" não se Jaça preseizie, ri exeml~lode escritos posteri-
t . ".s(,,qiindou esperança" ("in spe"), já incorporada de Agostinho pelo
10 30 ores, u idéia n n s i j ú é clurnmeizte exposta. Vista como urn todo, ri iizter-
1~~/~1iiiiridor em snri preleção anterior e desdobrada confi~rnze.seus inle- pretaçrio de Rnc 6 cofzcentra-se em dois a,spectos: u renl compi-eensüo c10
I < , . ~ . S < ~ . Sespec$icos. Aqui, contudo, essa distinção é aplicada pela pri- mori-er e a cuncretiiaçüo ela nova vida iniciada com u Batismo. O corrt.rI1
riivii.,i vez ù "convulescença" completa, oit seja, 2 jzdstificoçrio. A pro- uso do Batismo signijica que u promessa divina é recilizada, libertarido r i
i r i ~ ~ , s . s rle i i Deirs ucupci a fuizçüo determinaizte 1 1 ~ 1 realização da salva- pessoa da corzdição de estelu "eizcurvadu em si mesma"'".
( ~ 1 0 .A /c não ,se direciona ir completa libertação dos pecados izo &tu- 35

" CT.Karl HOIL, Die Rechtfcrtigungslehre in Lulilei-s Vorlcsung uhcr den Riiinei-bricl iiiii
' ( ' 1 . Iliii.,ilhzn DEMMER, L ~ i t i i r r u sintet-pres. Der tiieologiuchc N e ~ ~ a i i s a lseiner
; hesoiiilerer Riicksicht auf die Ragc der I-ieilsgewisslieit, i n : ld, Gcswi>iincltrA~<Jstiti<,
:iii

I<<>iiiriiiii<;/iiiqqe\e unier besondr>-erReriicksichtigung A~igustiii~, Wittcn : Luther-Verlag, Tübingen : I . C. B. Mohr (Sicbeck), 7. ed., v01 I, 1948. pp. 1 1 1- 15.1.
Kir<~li~ii,qcs</iichte.
I 'ir>S: W,ilicr GRUNDMANN, Der Rornerbriefdes Apo.rtels Poidu.s und s<,i?ieAir.sle,qi~iii. "' WA 56.212.26~33.rcfereiitc a Rin 3.4.
('I.
,lio,.ii Miiriiti 1.iitirpr. Weiinar : Herrnaiin Boehleus Naclifiilgei-, 1964.
h F.liÍstola aos Ron~anos

Acerca da Ceia do Senhoi; Lutero escreve pouco. Preserva, aindrz, a pés da Igreja que prega são vozes e palavras, com as quais ela i111
i i o p ? ~de sacrijfcio, ao afirmar que, por meio dela, são limpos os peca- pontapés, pisoteia e tritura os povos. Isso o faz somente com sua prilii
< / o s atuais4". Uma nova perspectiva vai sendo ensuiada quando afirma vru e seu ,falar Esses pés, no entanto, são formosos e bem-vindos prrrli
í ~ i i io anúncio do Evangelho é o decisivo no sacrifício. O sacrvício do quem é oprimido pela consciência de seus pecados4*. Esla concepção
op<ístolo Paulo é anzrnciar o Evangelho e, desse mo&, oferecer Deus 5 5 de que a Igrejri deve, antes rle tudo, anunciar a Palavra, move Lutero ri
o(1.s gentios e sunti$cá-10''. A pessoa comungante depende da fé. Tam- dizer que ela deve ser ouvida apenas na Igreja. Com isso, enfatiza, d<,
111;inem relação ù penitência, percebe-se uma nova tendência. L~iterojá um. lado, que Igreja e Palavra se pertencem mutuamente; de outro, dis-
</(:fendea idéia de que a existêiicia dri pessoa cristã se r16 .sob o Ratis- tancia-se de toda e qualquer tentativa heréfica de constituir uma Igreja
iiio, o que significa urna vida de penitência. Não há como contornar o de pums. Maus e bons convivem na Igreja de tal forma q ~ i enão podem
/'<rinosso e deixar de pedirperdõo". O caráter único do Batismo aponta '0 10 ser separados4".
piirzr a eternidade da graça"". O pecado permanece na pessoa espiri- A "crítica eclesiáslicu" promovida por Lutero mantéln-se confirme
/iiirl como exercício na graça, humilhação de seu orgulho, opressão a a realizada em sua preleção anterioi; com alguns izovos rispectos e um
x(,rr atrevimento4'. acirramento na forma de expressão. Novidade é a censurrr dirigidri,
Lntero escreveu bem menos acerca da "Igreju" do que o fizera no por vezes, diretamente a cúriu ro?nuna, pela perversão de costumes,
<,ii.sinarsobre os Salmos. Provavelmente, isso se rleveu ao maior aban- li 15 Irmo &.smesurado, corrupção, gunância, intriga e sacrilégio"". Citan-
11oizo da interpretação alegdrica e m sua abordagem exegélica. Sua do Bernartlo de Claruval, dirige sua crítica aos bispos, que reparlem,
~ ( l e s i o l o g i amantém-se, ainda, bastante nos limites da tradição. Com sem prohleinos, .suas tarefas pastorais, inas evitam de todos os modos
1ui.se em Rm 6.12, chama a Igreja de "corpo imorlal" tal qual sua cabe- concerler a terceiros a re.sl~onsabilidadede gerir seu patrimônios'. O
,.(l.~i> . Ao interpretar a imagem da %reja como "noiva de Cristo", refere
(
culto cristão feriu sido transhrmado em uma q ~ e r m e s s e ' ~E. provável
(liir os apóstolos, por terem sido eizviados a .fundar a Igreja, deveriam 20 211 que Lr~terolenha sido influenciado em seus juizos pelas impressões da
v(,,- considerados seus fundumenlos. Esse ponto de vista ,foi mantido viagem feita a Roma (15/0/11), alétn da leitura de São Berriurdo5' e rle
1 ~ 1 1 . ele por toda a vida, não senrlo quesiionado item mesrno no auge do informações recebidas através de outras pessoas.
conflito com Rorna. Alguns novos acentos podem ser percebidos. A com- Mais importante do que sua ceizsura i r cúpula d ~ rIgreja são algu-
/~w<,nsão do sacerdócio geral de todas as pessoas crentes já aparece mas rejlexües bu.seada.s em Rm 13.1 acerca das frmqões da adminisfr(r-
I(,i,<!rnenteesboçada, quando Lntero escreve que toda palavra saída da 2s 25 @o ecle.sirísticu em comparação conz o governo secular: Lulero mani-
l,o~.ade um sr~periorda igreja, ou mesmo de alguém outro, justo e festu a impressão de que a autoridade secular, quando não se deixo
.\~iirfo,é palavra de Cristo, que diz: "Quem vos der ouvidos, ouve-me a corromper por privilégios insicliosos, cumpre melhor seu ofício do qrt?
iiiitn" (Lc 10.16)". O anúncio da Palavra é considerado a tarefa ver- os líderes eclesiásticos. Estes, ao contrário, priorizariam a pompa, ir,r
,l<i~l(,ira e precbila da Igreja. Lutero, em verdade, não o afirma de modo ambições, a luxúria e as intrigas. Nessas circunstâncias, seria mellioi.
pingrumático ou em oposição crifica a outrr~sformas de pensa]; inas o 30 30 se os assuntos seculares do clero es~ivessemsujei~osa autoridade sei.,,
~:i.(ir~de número de referências com esse teor deixa evidente tratar-se já lar do que a hierarquia e c l e ~ i á s t i c a Aqui,
~ ~ . transparece claramriil<,
r / < , nina noção central para ele. Inspirado na palavra "Quão formosos que Lutero, desde cedo, antes mesmo do c o ~ ~ f l i aberto
to com a auiori
s<ioos pés dos que anunciam coisas boas" ( R m 10.15), ufirma que os dade eclesiástica, tinha uma confiança bem maior no governo secrrl~ii~
do que no espiritual. Ceriamente, eslão por trás dessa opinião exprri-
" WA 56,282.15-18.
('I:
WA56,142,10-16,
('I . referente a Rm 15.16.
" ('I: WA 56,289,7-13, rcferente a Rin 4.7. Para a seqüência desta passagem, v. abaixo, p. - - WA
Cf. ~- 56.426.1-4

-
.- . .
.7..x.1.,!?-?R 49 Cf. WA 56;419;6-21.
' ( 'I.WA 56,128,8-26, reierente a Rm 6.10. 'O Cf. WA 56.424.2-4:
, . . 489.10-14.. Referente. resoeciivamente. a Rin 10.15 e 13.13
I' ( ' I . WA 56,350,5s., referente a Rm 7.17. Para a seqüência desra passagem, v. abaixo, pp. Veja abaixo, p. 328,X-14.
.!'1').39-301.14. " Cf. WA 56,458,3, referente a Rm 12.8.
" ( ' I . WA 56,60,6s. 'I Traia-sc dc R:il-liarrio dc Claraviil, v. acimii, p. 241. n. 10
" ( I . WA 5(>,251,25s.,reierente ;i Rm 3.22. "' Vi:, :ihiiix<>.p. 320.16-27.
250
<:rzciasconcretas positivas com seu senhor lerriiorkzl, o Eleilor Fredenco, fonnação e trans@rnzaçüo, e.steve si!jcita a desdobramentos e.s/><,~i~/i
0 Sábio, du Saxônia, ainda que, por outro lado, nüo .se lenha iioticiu de cos, que pivcisarn ser coinpreendidos e difererlciados historicarlzrii/<,.
irlfiuma vivência negativa de Lutero com auloridudes eclesiú.sticus a14
~vitüo.Chanzcr a aieizçüo o ,falo de Lutero corisiderur que a politica de O rnarzziscrito e suas ediçóes
i
liessoal irlucionada no clero seria mellzor coi7duzidu pelo goverrzo se- 5

<.rilardo que pelo espiritual. Há, aqui, quase qne uma justificativa a Por riz~rit~~ teiril~o,estcr iin/~ortrrirrc.firzte documental do pen.scnrrcirlr,
.vrirr reivindicação posterior de que a autoridade secular se ocripu.sse do r.eJ?~rnzador~zosirzícios de sua carreira foi corzsiderudct perdido. /\o
<.rima inzplemenraçüo da Refurma drr Igi-eja. que ludo irzdicu, L~iterojuinui~t e w a iiztenção ele ]iubliccir o rnaizu.st.ri
Relacionados a .rira critica eclesicísticu estão, tcinzhPr~z,os juizos ri- lo <,r1112 S L I ~ I (rriota~ije~,
.~ p(ii.s fi~rrrnz escrita.r para seu prúprio liso <,rir
,qoro.sos feitos ao movirnentu inonáslico qiie, de certo ii~odo,düo se- jo solo c/c. U L ~ I No U . entcirzto, ele o preserv~uc11idcldO~~zmellle, talvez, II(,II
r/~iêrzciaczos que proferira nu prelep7o anterior: A noçrio ele ztnitr jzr.sti- sanclo ewi ~i,s(i-lo,caso L Y I I I ~ S S ~a lecionar sobre Romanos nos oiro.s
(.(i lvríprin, parti L~rteroanz/~lrir?zentearraigarlu no rnonosticisrno, foi ,suh.seq~ie~itc,s. I.sso jarnais aconteceu, proiai~elrneizte em ruzoo de Ig'ili
(ilvo de ,fortes atriques. Ele percehe~l,provnvelrnenie, que suas pesurr'us pe MelnrzchtIzor2<" /<.r nss~imido0.7 au1n.s sobre Roinrrrios desde sncr <.Ir<,
crílicas poderiam levar h conclr*süo de que estaria re,jcitando o gczclci 2 Urziver-sidude dr Wiltenhei-e, em 1518. Há atP mesmo a ~ L I / I ( I Y I
iiiorln,rticisino de fr~rmcr geral, o que o moveu ri preparar uin excurso 1s 15 çüo cle que Melanclitl?or~,que, em cinco d$ererzles ocu.sióe,s, lecionnri ,I
sobre o ternci5'. Perg~intoztse ainda ,faria sentido tornar-se inoilge. Nu r-espeilo da carta, tenha coi~sultudoo marzust~riiocl<. L~iteropcrm ci(rl~i,
procurou apontur para a iiberdczde inerente a deciscio de fa-
1-1,.s11o.sta, m r siias própria.^ preleqr>es. A116.s (i Inoi.le de L~ilero,o d(1cumeii10/ I J I
:cr voto.^, seja quais ,forem, nbrigando-se rr cunzpri-lo~.De qucilyuer preservado por seu filho Priulo, ijne o vendeu, jrintuincrzte coin ~ I I I I . I I . \
rirodo, urn voio ,feito deve ser cumprido. O desespero rzüo pode ser u manuscriros, para Jooquinz FI-rderico, Murgravr de Braizdenhur-so, 1,111
r(iz5u de alguém torizur-se monge. Esla deve ser bem mais o amor u 20 "' 1594.
I)PLIS, que leva u querer oferecer-llze algo grcrndioso ern fixe dos gra- A partir rle eiztcio, iiüo se leiv mais notícia rio r~riçinal,corzsi~l~~i.~i~lo
II,.Specados conzelidos. Em sua época, seria rnelllor ser inorlge do que extruvi(lc1o ~ i o i rnuilos.
. João Aurifaher-" prirecr ter lido, ,junto coiir O I I
oir~rora,pois tratar-se-ia de uma vida odiada pelo inuizdo, o clue ensi- tros estudiosos, r>ca.sicíode Jrfzer L ~ I ~ Lc(jj?iu, I a pedido de l/li.i<o
iiiiria a levar a cruz. Teologicamente, Lulero acabou posiciorzando os Ftigger'" que colecionoiia livi-os e rnazziiscritos raros da Reforiir<r.</,r
1,1110smoná.stico.s ao lado da lei, uma concepção qne nüo puderia sus- z5 yirul era purtid~írio.Apds a Guerra dos Trintu Anos (1618-1648). <,,rwi
11,iitnr-sepor muito lempo. ciíl>ia ucubuu no acervo da Biblioteca do Vcilicano. A partir delrr, 1 . ~ 1 0
A s nzanij2.sta~õt.s d e Lutei-o acerca da situu~.üoda igreja deixam ~ O I J - trs epesqirisa st>br(,a pre1eg:üo rzo coirze$o do séc. XX.
~.líiroo quantu a preleçã» sobre Ronzaizos é lestemurzlzo de um. tempo Já o origiizul permaneceu durrirzte sécr,tlo.s preservado de ,fijrirr<rirr
,.oizi~ulsionadoem .sua trajetória intelectual. Várias de suas pondera- cógr~ita.Ein. 1846, em imz evento que leinbr(iu os 300 anos dri i r i ~ ~ (1,. i ~ i ~ ~
~,;~í<,.s,se concretizadas, uccrrreturiam rnudanças radicais nu estrutura "' Lutero, chegou a integrar rima e.xpo.siçNo na Biblioteca do Es/lr~lr>. <,III
~ ~ ~ . l ~ ~ . s ieária
s ~ irelaçüo
ca enlre autoridade espiritual e .se~~ilai.Desde o Berliin, voltando, depois, nrivaineizte ao tinorzimalo. A de.rco111,1-1<1 </<i
<.oriirçodo século X X , qucindo o manuscrito desta preleção ,foi c.(ípirz em Roma levou o pesquisudor e edilor Johannes Fickci- (ISOl
i~í~rle.scoberio, ela passou, juntanzente com a.s outrus preleções inini.stra- 1944) a rima anzplu busca pelo manuscrito originnl que, ,finuli~r<~ril~~, /('i

t i ~ irieste
. ~ períudo, u eslur no centro das ateiigões (lu pesq~iisusobre o
/,<,lr.srrinentode Lutero. Porém, o que ele apresenlu rzesses escriios rriio i,
(1497-156[1), dcsdc 15 18, prufessoi
''. Vili)>?Meliii~i/ii/ion de Grego e Hchinicii ,,;i 1 I i i i v i . ~ : . ~
,l<.i'(,~-iri
ser avaliado iryfletidizmenle como sendo suas ufirincrq<re.stco- <i:iilc ilc Witleribei-r.Foi alliieo c colab<iradur ds Lulero. A96s a inortc iicsic. c i i i I +lli,
lo,qi<.<r.s decisivas. O próprio rqformndor distanciou-se delas, cl<i.s.sifi'- i i-,. li 1 . 1 . . . I ,I. ...I K . : !I:. . i:, . I : \I. ..i~..iil, I $1 i ( I i .. I \: . i% .3

C o~rrlo-<rs expressamente de nzero pnlduto dos e.rtágio.s iniciui.~<I(, .\(,ri , . . 8 . ,I i., i , . . ,i-,,,. i . I.. i,.. i . < o .. i..< 1 . . ., i '.
~ l < ~ s ~ ~ i i i ~ o l v iacadêmico.
inento Sua teologia, e m processo r ~ o i i . s ~ ~ i<I<,
~il(~

' ( 'I. WA 50.41)7.18-49X. 12.


752
A Epístola aos Rorndntis A Epístola aos l<iicii;iiiti'.

(,~rcontradoe apresentado em ediçâo preliminar no uno de 1908. O alguém tem que ser justo para fazer obras justas, assim como está escrito: "< )
prfiprio Ficker providenciou a edição critica definitiva no volume 56 I
Senhor voltou os olhos para Ahel e para suas ofertas" [Gn 4.41; não [os vole~~ii
(1938) da Edição de Weimar dos escritos de Lutero. No volume subse- em primeiro lugar "para suas ofertas".
<lilerire(1939), publicou, também, manuscritos com as anotações feitas
/)or estudantes que frequentaram a preleção. i Sumário: O apóstolo ensina que os subordinados devem obedc-
A preleção sobre a Carta aos Romanos fui traduzida, entre outros cer aos superiores através do apoio e do amor. Cap. 13.
i(liomas, pura o alemão, o inglês e o esj7anhol. O presente volume de
Obras Selecionadas traz urna seleção bastante representativa de tre- Todo homem [Rm 13.11
cilos do manuscrito de Lutero, preparada, cuidadosamente, por Helmar
.lunghans para Martin Luther - STUDIENAUSGABES9 e traduzida de 10 1123,161 Aqui o apóstolo iiistitui o povo de Cristo e a forma como csii.
WA 56. deve portar-se diante dos que são de fora e dos que ocupam o podci.
Ensina, igualineilte, contra a opinião judaica, que ele [o povo de Cristo1
deve sujeitar-se também aos maus e irifiéis. Assim, também, declarti I
Pe 2[.13ss.]: "Sujeitai-vos a toda criatura humana, seja ao rei como ;i
A Epístola do Bem-aventurado Apóstolo Paulo alguém superior, seja i s autoridades como enviadas por ele. Porque as
aos Romanos iniciaG" sim é a vontade de Deus". Ainda que os poderosos sejam maus ou iiifi..
151511516 éis, sua ordem e seu poder são bons e provêm de Deus. Foi assim que I I
Senhor disse a Pilatos, a quem quis sujeitar-se para dar um exemplo ;i
Sumário: O apóstolo mostra o seu amor aos romanos. Em segui- todos nós: "Não terias poder sobre mim se ele não te fosse dado tlc
da, ele denuncia os pecados daqueles que seguem suas próprias 20 cima" [Jo 19.111. Portanto, não se neguem os cristãos a obedeceu aos
paixões. homens, sobretudo aos maus, por pretexto de religião, assim como fizc
ram os judeus, conforme João 8[.33]: "Somos da semente de AhraZu c
Paulo, servo de Jesus Cristo [Rm 1.11 nunca servimos a ninguém". Ele ordena que honrem a autoridade e nair
façam para si uin véu de maldade com a liberdade da graça, como diz
O tema essencial e a intenção do apóstolo nesta epístola é destruir toda 2s Pedro [sc. 1 Pe 2.161: "Como livres que sois, e não como os que têiii :i
iiistiça e sabedoria próprias e, em contraposição, destacar e ressaltar (isto é, liberdade como um véu para [cobrir] a maldade". No capítulo prececlcii-
lazcr com que se reconheça que ainda persistem, sendo muitos e grandes) os te, Paulo ensinou a não perturbar a ordem eclesiástica; agora, neste c:i
pecados e a estultícia que não existiam (isto é, que por nós eram considerados pítulo, ensina a preservar também a ordem secular. Isso porque aiilh;is
iiicxistentes por causa dajustiça própria); e, assim, mostrar, por fim, que Cristo provêm de Deus: aquela para a orientação e a paz interior do hoiiiciii i.
i. siia justiça nos são necessários para que [toda a justiça e sabedoria próprias] 30 de seus assuntos; esta, porém, para a orientação exterior do homeni c (li.
vciiham a ser verdadeiramente destmídas. Ele faz isso de maneira ininterrupta seus assuntos. A razão para isso é que, nesta sua vida interior, o hoiiiciii
;IIC o capítulo doze; dali em diante, porém, ensina, até o final da epístola, o que não pode existir sem a exterior.
iI<.vcmosfazer e como devemos agir uma vez recebida essa justiça de Cristo.
A i-:izão disso é que diante de Deus ninguém se torna justo tão logo pratique [Paulo, servo de Jesus Cristo - Rm I . I]
i~hrnsjustas - como soberbamente acreditam estarem justificados os judeus,
iis gcntios estultos e todos os demais. [O que acontece é o inverso]: antes,
35
., [158,10] Pois Deus não quer salvar-nos pela nossa própria justiça, iii:is
-'/sim, pela justiça e sabedoria que vem de fora; não [pela justiça] que vciii i.
nasce a partir de nós, mas a que surge em nós, vinda de outra parte; i150 ; I
"' ('I. IJ:ins-Ulrich DELIUS (editor), in: StA, vol. I, pp. 99-152. que se origina em nossa terra, mas a que vem do céu. Por conseguiiicc, i.
" ' Ijtis/o/a beafi Pauii apostuli adRomano.i incipit. - WA56.3-514 (seleção). Tradução: Luís preciso ser iiistruído pela justiça totalmente externa e alheia, razão pel;i qii;il
I / . i>retir.r.Para a presente seleção foram escolhidos trechos referentes a temas centrais da 6 ircccsslirio, em primeiro lugar, extirpar a justiça própria e farnili;ir. Assiiii
i.l>i>cada descoberta refomatória: teologia da cmz, soiriinento de Crislo, b«iis ohi-as e tiir o S;ilino 44 [sc. 45.101: "Esquccc teu povo c tua casa ~~aici.ir:i', ccc.
i'sl1cr:tnça cl-istá.
A Epístola aos Roinaiios
A Epístola aos I i i i i i i : i i ~ ~ .
Também a Abraão foi ordenado sair da siia parentela", E lemos nos
e os hereges não são capazes. E, no entanto, niiiguéiii será salvo se isso ii:io
Cânticos[4.8]: "Vem comigo do Líbano, noiva minha, e serás coroacla". E
acontecer. A verdade é que as pessoas sempre querem e esperam que sii:~:.
todo o êxodo do povo de Israel, na antiguidade, apontava para esta saída, a
próprias obras sejam consideradas e recompensadas diante de Deus. I'ri
qual explicavam como sendo o êxodo ou o afistameiito dos vícios, ruino às
iuanece Iirme, porém, a sentença: "Não depende dc quem quer iiciii (18.
virtudes. Mais ainda é necessário que ele seja entendido como sendo o afas- 5
3 quem corre, mas do Deus que se coinisera" [Rm 9.161.
tarncnto das virtudes em direção à graça de Cristo. Isso porque é da nature-
za das virtudes serem vícios tanto maiores e piores quanto menos se deixam
[I 69,271 Pois é o poder de Deus [Rin 1.161
considerar como tais, e quanto mais veeiiienteniente siibrii~teina si a dispo-
sição humana as custas de todas as outras coisas boas. E por isso que a Deve-se observar que nesta passagem entende-se por virtus o iiicsiiii,
parte situada à direita do Jordáo teve mais inedo d o que a da esquerda". li1
1" que "potêiicia" ou "poder", r n u g l i c k e i ~que
~ ~ ,comuinente significa "prissilii
Agora, porém, Cristo quer que nos dcspojeinos de tal modo de riossas pai- lidade". A "virtude de Deus" não é aquela pela qual ele próprio é formaliiic~i
xões que não, apenas, não temarnos 1159J inais a pei-tiirbação diante de - I te poderoso em si mesmo, mas aquela pela qual ele próprio faz pesso:is
nossos vícios e não amemos a glória e a alegria vâ poi- causa dos nossos sei-eiiivalentes e poderosas [170]. Assirn como se diz "dom de Deus", "c1.i
méritos, inas que, tanibém, náo 110s gloriemos diante dos hoiueris acerca da atura de Deus", "coisas de Deus", fala-se, igiialinente, de "poder de Dciis"
justiça externa que está etn nós, vinda dc Cristo, e qlie nâo nos deixeinos 15
15 (isto é, poder que provém de Deus). Assim ocorre ein Atos 41.331: "Coiii
arrasar por causa das paixões e tlos que se nos apresentaiii, vindos grande poder os apóstolos davain testemunho da ressurreição de Jesus ('ris
dele rnesino. O verdadeiro cristão, porém, não deve, em absoluto, possuir to". E em Atos 1 [.8]: "Mas recehereis poder do Espírito Santo quantlo 'li.
qualquer coisa que seja sua. Deve, poréril, despojar-se de tudo, de rnodo que descer sobre vós". E no último capítulo de Lucas [24.49]: "Até que scj:iis
ele, quer na glória, quer na humilhação, sempre periiianeqa o iilesmo, sabcii- revestidos do poder do alto". E Lucas 1 [.351: "O poder do altíssimo te eiiviil
do que a glória que lhe é atribuída não é dele, inas de Cristo, e que a justiça 211
70 verá com a sua sombra".
e os doiis que nele brilham e a ignoniínia que lhe é iiiiposta, é irnposta irão só
Em segundo lugar, deve-se obscrvar que o "poder de Deus" é conti-nlxls
a ele, mas também a Cristo. Contudo, são nece~sáriasmuitas expei-iêiicias
to aqui ao poder dos hoinens, que é uma potência através da qual o si.1
para chegar a essa perfeiçâo (abstraindo, é claro, da graça pai-ticular). Pois
humano goza de vigor e é salvo seguiido a carne e, através da qual, algiii:iii
mesino que algiiéin seja sábio, justo e bom diante dos homens, qliei-devido a é capacitado a fazer aquelas coisas que são próprias da carne. Mas css;i
dons naturais, quer devido a dons espirituais, nein por isso já é coiisidei-ado 2s
25 [capacidade de fazer coisas da carne] Deus esvaziou coinpletamciilc 11ui
como tal diante de Deus, sobretudo se ele mesmo tambéin se c«iisidei-a meio da cruz de Cristo, dando o seu poder, através do qual o espírito 6 li)ri;i
coino tal. Em vista disso, em todas essas coisas é convcnieiite para o ser lecido e salvo, capacitando-o a fazer aquelas coisas que são própri:is i111
humano portar-se coin humildade, coiiio se até agora nada poss~iísse,e es- espírito. E como diz o Salino 591s~.60.1 Is.]: "E vã a salvação do Iioiiiciii
perar que a pura misericórdia de Deus venha a reputá-lo josto e sábio. Isso Em Deus realizaremos aios poderosos". E o Salmo 321s~.33.161: "O ri,i ii:iit
Deus faz se a própria pessoa tiver sido hurnilde e não tiver se antecipado a 31'
30 é salvo por ter milito poder, e o guerreiro não será salvo pela grandez;! (I;] sii:i
Deus, justificando-se e atribuindo valor a si própria, conforme diz em 1 Co força; o cavalo conduz enganosameiite à salvação, mas iião será salvo 11i.l:i
41.3-51: "Taillpouco eu me julgo, inas quem ine julga é o Senhor; por isso, abundância de seu poder". Poi- conseguinte, isso é o mesmo que tliLci: o
rião queirais julgar antes do tempo", etc. Certamente encontram-se muitos Evangelho é o poder de Deus, isto é, o Evangelho é o poder do espíriio oii. ,i
que, por causa de Deus, descoiisideram totaliriente e arruínam, sem liinjtcs, que é o mesmo, riquezas, a m a s , distinções e todos os demais bens (10 I I I O
os bens da ordcin esquerda, isto é, as coisas temporais, assim como fazem 35
35 prio espírito pelos quais aquele possui todo seli poder; e isso a partir dc I )i,iis.
11s judeus e os hereges. Mas são poucos os que, por causa da justiça a ser assim como se diz: as riq~iczas,as armas, o ouro, a prata, os reiiios c iiicsiiio
tidquirida de Cristo, estão dispostos a considerar como nada os bens da or- outras coisas desse gênero são todas parte do poder dos homens, pcliis qii;iih
dcin direita, isto é, os bens espirituais e as obras justas. Pois disso os judeus estes encontram a força para fazer aquilo que fazem e sem as quais de ii:iil:i
são capazes. Como eu disse, porém, é preciso que essas çoisiis sçi:iiii ilc
"' ('I',Gn 12.1.
" Esta é urna interpretaçâo de Niculau de Lira, esprçialinenlz, relativa ao SI 114.3ss. CI.,
i:iilihCni, Js 1.16.

256
A Epístola aos Romanos

todo aniquiladas, ao menos, no que diz respeito à disposição interior ern buscá- que julgam necessário manter-se por meio de seu poder e sabedoria. I'<]i:, :;v
las. Caso contrário, o poder de Deus não estará em nós. A razão disso é que esses [privilégios] não saltam aos olhos, mas permanecem m i n i i i ~ : i i i i
os ricos e os poderosos não acolhem o Evangelho e, portanto, tampouco o ocultos, então eles próprios não valem mais nada. Se, contudo, elcs I i i i i . i i i
poder de Deus, pois está escrito: "Os pobres são evangelizados" [Lc 7.221, bem visíveis, então a "morte está na panela"",sobretudo quando Iii cli::licv
porém, "confiam" (como diz o Salmo 48[sc. 49.61) "no seu poder e se glori- 5 sição interior para que essa coisas se manifestem e se-jan do agi-;i~liii l t i . .
am na multidão de suas riquezas". homens. Pois é difícil ocultar diante dos próprios olhos e menosprezar : i c ~ i i i l <t
Por isso, deve-se observar, em terceiro lugar, que até o dia de hoje iião só que é visível a todas as pessoas e é apreciado por elas.
se envergonha do Evangelho, mas também o contradiz, ao menos segundo o
coração e a obra, todo aquele que não crê verdadeirmeiite. Isso se justifica A justiça de Deus é revelada [Riu 1.171
do seguinte modo: quando as coisas que são da carne e do inundo lhe agra- 11~

dam e lhe revelam seu sabor, ocorre necessariamente que não lhe revelem Nas doutrinas humanas revela-se e ensina-se a justiça dos hoiiiciis. i h i < ~
sei1 sabor nem lhe agradem as coisas que são do espírito e de Deus. E desse é, quem e de que maneira alguém é e se torna justo diante de si próprio i.11;i..
modo, quem não crê verdadeiramente não sc envergonha apenas em trans- pessoas. Mas unicamente no Evaiigcllio revela-se a justiça de Deus ( i i i i r <.
mitir o Evangelho a outros, mas também nega-se a anunciClo e nein sequer quem e de que maneira alguém é e se torna justo [I721 diante de I>ciis).. i
admite que ele seja pregado a si mesino; pois ele odeia a luz e ama as trevas 15 saber' pela fé somente, através da qual chega-se a crer na Palavra clc I ) i i i . >
e, por isso, não suporta que a verdade salvífica lhe seja anunciada. Nâo Assimconsta no último capítulo de Marcos [16.16]: "Quemcrere for h:ili/;i
obstante, "envergonhar-se do Evangelho" é o vício [I7 11 e a indolência do do s c ~salvo.
í Quem, porém, não ci-er, será condenado". Ajustiça dc I ) c ~ i ai, .
pastoi-,mas contradizê-lo ou não ouvi-lo é o vício e aestultíciado membro da pois, a causa da salvação. E aqui, mais lima vez, não se deve enteiiilii l i o i
comunidade. Isso fica claro quando o pregador tem medo do poder, do aplauso ''.justiça de Deus" aquela através da qual a pessoa é justa em si mesiii:i. i i i : i \ .
o11 da multidão de ouvintes, calando-se acerca da verdade indispensável e 211 sim, aquela através da qual somos justificados a partirdo próprio l ) i i i i . i ,
quando o ouvinte insensato despreza a simplicidade e a humildade da Pala- que, por sua vez, acontece mediante a fé no Evangelho. E por isso qiic S:iiiI<,
vra. E por essa razão que [o Evangelho] também se torna uma estnllícia Agostinho diz 110 capítulo 1 1 de "Do Espírito e da Letra": "Ela é dcsigii:iil:i c I,.
para [o ouvinte insensato], assemelhando-se a um delírio, conforme I Co 'justiçadc Deus' porqueele, ao dá-lade presente, produzjustos, iissiiii i o i i i o
21.141: "O homem natural não compreende as coisas que são do Espírito de 'sal~~ação do Seiihor' é aquela com a qual ele salva". Agostinho (Ii.<.I:ii:i .I
Deus, que para ele são estultícia, e nXo pode compreeiidê-Ias". E Romanos 25 mesma coisa no capítulo 9 dessamesina obra. Ela é designada dc ':jiisii~~;i (1,.
81.7s.J:"A sabedoria da carne é inimiga de Deus; pois ela não está sujcita ã Deus" para diferenciá-la da justiça dos homens, que acontece 1x.l:ii o11i.1,.
lei de Deus, e nem mesmo pode estar". Chega-se, portanto, à conclusão Assim a descreve Aristóteles, no livro 3 da "Etica a NicÔmac~>""'.I ; I ( $ t i
final: é preciso que aquele que crê no Evangelho se tome fraco e estulto do com ele, a justiça segue à ação e resulta dela. Mas, de acordo coiii I ) t . i i , .
diante dos homens a fiin de ser potente e sábio no poder e na sabedoria de a justiça precede às obras e estas resultam dela. Lançando i i i ; i e ~ (li. i i i i i . ~
Deus. Pois, conforme I Coríntios 1 [.27,25],"Deus escolheu as coisas fracas compara$áo: ninguém pode fazer as obras do bispo ou do saccr<loIi..: I i i i i ,
e estultas do inundo para confundir e embaraçar as coisas forles e sábias. A nos que, primeiramente, seja consagrado c santificado para esse l i i i i . ( ) l ) i : i , .
fraqueza e a estultícia de Deus são mais fortes e mais sábias do que as dos justas de pessoas que ainda não são justas, são corno obras dc ~ I I I I : IIL-...~
~ ,.i
homens". Por conseguinte, quando ouves [dizer] que o poder de Deus é que executa o serviço de um sacerdote ou de um bispo, eiiihoi.:~cli. : i i i i i I . i
reprovado precipitadaiiieiite, compreende que se trata do poder dos homens nãu seja sacerdote. Em outras palavras: tais obras são malucl~iicc1. l i i i i i i . i
ou do mundo e da carne. Logo, é preciso que todo o poder, toda a sabedoria 35 deira, conlparáveis a arte dos saltimbancos.
e justiça sejam escondidos, sepultados e tornados invisíveis, totalniente à Deve-se observar em segundo lugar: a passagem na qual sc clix "(I,. 1,.
imagem e semelhança de Cristo, que a si mesmo esvaziou-se de tal modo em fé'' [Rm 1.171 é interpretada de vil-ias maneiras. Lira" kE:i o~~iiii:ii~ LIII~.
que escondia no mais alto grau a potência, a sabedoria e a bondade, tendo a seiitença significa "da fé informe para a fé foniiada". 01-2,css:i i i i i < ~ i l i i ~ .
antes exibido a fraqueza, a estultícia e a rudeza. De maneira semelhante, é,
portanto, necessário que aquele que for poderoso, sábio e aprazível, igual 40
mente, possua essas coisas como se não as possuísse. E por essa razão é
perigosíssima a vida dos governantes deste mundo, dos juristas e daqueles

258
A Epístola aos Konianos

i:i$Zo é impossível, porque nenhumjusto vive apartir da fé informe, e tampouco vras imaginadas a partir de um espírito mórbido e perturbado, mas com as
cxiste justiça de Deus a partir desta últiina. Essas duas coisas elc [Paulo] palavras do Evangelho, a saber, demonstralido dc quc forina e onde aqueles
i:iiiibéin declara aqui. A outra alternativa possível seria entender a fé infor- agem e vivem contra o Evangelho. Mas hoje há somente unia pequena por-
iiic coino sendo a fé dos iniciantes e a fé formada como a dos perfeitos; mas ção desses trabalhadores. Assim, acredita-se que o Senhor foi banhado por
;i (e informe não é Fé, e sim, o objeto no qual se baseia a fé. Não [I731 João Batista desde a extremidade de sua cabeça até os pés, inas não com
:icredito que alguém realmente possa crer por meio da fé informe; pode, isso água que ele próprio procurou, e sim [com as águas1 do Jordão. Anota para
siiii, [através dela] visualizar muito bem as coisas que devem ser cridas e, ti este mistério, a fim de que não anuncies o Evangelho coino quem está
ilcssa forma, permanecer lia expectativa. Outros interpi-etam a passagem tomado pelo delírio.
ilcsta maneira: "Da fé, ou seja, da aiitiga lei dos pais, para a fé da nova lei". Assim também a epístola de Paulo (como, aliás, deve ser toda pregação
Ikta explicação é aceitável, einbora ela possa ser reprovada e refutada a da Palavi-a de Deiis) 11761 é como um rio proveniente do paraíso e como o
11;irtirdo fato de que o justo não vive da fé de gerações passadas, inesino Nilo, que inunda todo o Egito. Não obstante, é necessário que essa torrente
i~iicLPaulol também diga: "O justo vive da fé" [Rm 1.171. Os pais tiverain a [de água] inicie em algiirn ponto, parta de algum lugar. Assim, tainbém o
iiiçsma crença que temos, [isto é,] uma e a mesina fé, inuito einbora eles dilúvio, que o Senhor cria por meio do apóstolo Paulo, toma posse de todo o
Ii.iihain crido de forma inais obscura; assim coino tambéiii os doutos crêeiii miindo e de todos os povos. No entanto, clc coiiieça a entrar a partir dos
I I iiiesino que os incultos, só que de maneira mais clara. Por isso, o significa- cabeças e dos govemantes deste iiiuiido e, paulatinainente, difunde-se até
i I i ~da sentenya parece ser o de que a justiça de Deris proviin exclusivamen- alcançar todos [os seus membros). E isso se deve observar com todo o
li. da fé, de tal forma que, à riiedida que ela progride, a justiça não Fica à cuidado. De outro modo, se seguirinos Lii-a e os seus, esta epístola tornar-
visia, mas cresce sempre em dii-eção a uma fé mais clara, confòrine aquela sc-i dificílima e, tampoiico, haverá clualquer coiiexáo dos trechos seguiiites
1);issagemde 2 Coríntios illsc. 3.1 81: "Somos transformados de claridade em com os precedentes, onde ele pr«pGe que. no pi-iineiro capítiilo, o apóstolo
i.l;iridade", etc. E de igual modo: "Irão de poder ern poder" LSI 84.71, e, censura soinentc os romanos (o que tambéiii é a finalidade do prólogo).
I~orianto,"da fé para a fé", crendo seinpre mais e mais, de sorte qne "quem Ainda assim, E necessário, lias passageiis seguintes, entender que a ceiisura
i. jristo seja ainda mais justificado'' [Ap 22.11; isso [acontece1 para que iiin- se refere a todos os povos e a toda a massa perdida do gênero hutiiaii«. Pois
r~.iiGinsuponha ter se apoderado desde logo de si mesmo", deixando, assim, este é o objetivo do apóstolo: revclar Cristo coiiio o salvador de todos, não
( l i . progredir, isto é, coineçando a investir menos do que pode. Santo Agosti- somente dos romanos e dos judeus que viviam ein Roina. Mesino adtnitindo-
iilio diz o seguinte 110capítulo 11 de "Do Espírito e da Letra": "Da fé dos que se que o apresentava em primeiro lugar a eles. é necessário dizer, porém,
~.i)iifessamà fé dos que obedecein". Biirguense6~eclara:"A partir da fé da que, com eles, revelava-o também aos oiitros.
siii;igoga" (como termo inicial) "i fé da Igreja" (coiiio termo final). O após-
ii~lo,porém, diz que a justiça provém da fé; os gentios, contudo, não tiveram Pois Deus Ihes manifestou [Rm 1.191
iiiiin fé [inicial] a partir da qual pudessem ser levados i outra [final] para
\i,rcin justificados. Com esta passagem, [o apóstolo1 dá a entciider que também as boas
coisas naturais devem ser atribuítlas ao próprio Deus, como iqucle que dá
IDa criação - Rm 1.20 e 1.191 com generosidade. O fàto de que ele fala a respeito do coiihecimciito natural
fica manifesto a partir daquilo que ele acrescenta mais abaixo sobre o modo
1 175,201 Regra moral" ".A partir disso, [o apóstolo] também eiisina que de como Deus se manifestou a eles, a sabei-,que "os seus atributos invisíveis
c > \]>iegadores do Evangelho devem censurar em primeiro lugar e, pniicipal- são percebidos claramente desde o começo do inundo, através de suas obras"
iiii.iiie, os governantes e os líderes do povo, certamente, não com suas pala- [1.20] (isto E: são iiaturalniente conhecidos a partir clos efeitos); oii seja:
desde o início do mundo sempre foi assiin que "os seus atributos invisíveis",
etc. Afirina isso para que ninguém venha sofismar que somente em nosso
" ' ( ' I . I+) 3.13. tempo Deus pode ser objeto de conhccimento. Deus podia, e ainda pocle, ser
' I<i.l;ilivii Puuio de Burgo (1 351-1435), urn abastadojridzu de fonna$Zorabii~iça.Converteu- conhecido desde o coineço do mundo e por todo o sempre.
\<.:I<,cristianismo cm 1390. Estudoii tcologia em Paris e tornou-se bispo de Caltagena em
11i15 i. :~rcchispoein Burgo, em 1415.
Mas a fini de que se compreenda o apóstolo mais claramente nesses
" l\l<ii:. ;i ,~.iriiidas regras de interpretação moral da Escritura.
:irguiiiciiios, quero jogar iim pouco com minha interpretação, enquanto ou-
A Epístola aos Romanos A Epístola aiih lii,iii.iii<,,.

tros a observam atentamente, aguardando, depois, seu socorro e seu juízo começou o erro que levou a idolatria, quando cada um quis si~bsiiiiii~ 1.1
critico. premissa menor] com seu próprio esforço. Logo, se tivessem periii;i~ii~iiil~
Que a noção de Deus -como diz aqui [o apóstolo] -tenha sido manifes- naquele modo de pensar e tivessem dito: "Eis que sabemos que, s c ~C:I ~ II~III
tada claramente a todos, mas principalmente aos idólatras, de modo que for aquele Deus - ou esta divindade -, cuja característica é ser i i i i i i i i : i l t.
possam ser convencidos, sem recorrer a desculpas, de que conheceram os 5 poderoso e que escuta os que o invocam, devemos venerá-lo e ocloi:~10.
atributos invisíveis deDeus, sua própria divindade, bem corno sua eternidade abstendo-nos de declarar ser ele um símile para Júpiter ou para este oii I I ; I I : I
e seu poder, prova-se a partir do fato de que todos que constituíram ídolos e aquele; antes de tudo, seja ele quem for, veneremo-lo pura e simplcsiiiiiiii.
os veneraram, também os chamaram de deuses ou de deus. Souberam, de jjá que, de qualquer forma, ele existe)", etc.; se, repito, tivessem agitli~:i:.
igual modo, que Deus é iinortal, isto é, eterno; que ele é poderoso e socorre sim, sem dúvida, teriam sido salvos, ainda que não o tivessem coiilicciilo
quem é forte; e certamente demonstraram que tinham a noção da divindade 10 com« o criador do céu e da terra ou outra obra sua em particular. Pois C i h h o
em seu coração. Pois, por que razão poderiam chamar de Deus uma ima- que significa "o que é sabido de Deus é neles manifesto". Mas de oiitli i. : I
gem ou qualquer outra coisa criada e, além disso, crer nessa comparação, se partir de quê? Paulo responde: "Os atributos invisíveis de Deus sáo cl:ii:i
não soubessem nada acerca do que seria Deus e do que lhe compete fazer? mente percebidos desde o começo do mundo, através de suas obr;is". A
De que modo poderiam atribuir estas qualidades à pedra ou, então, àquilo razão disso está em verem eles como uma pessoa apóia e promove a oiiii:~.
que julgavam ser semelhante a ela, caso não [I771 acreditassem que estas 15 um animal o outro e uma coisa a outra, de acordo com as suas necessicl:iilcs
[qualidades] eram [atributos próprios] de Deus? Ora, visto que sabem que a e sua capacidade, respectivamente. Sempre é assim que o superior e prcl?i~sii,
divindade (a qual porém dividiram em muitos deuses) seguramente é invisí- ergue ou esmaga o outro que está mais abaixo; e assim, no universo, < l i i r ; I
vel; que quem apossui é invisível, imortal, poderoso, sábio, justo e clemente tudo inclui, existe um que é o mais sublime de todos, que está acima dc ioili~.
para com os que o invocam; e visto que, portanto, certamente, sabem dessas e a todos ajuda. Pois é a partir do recebimento de benefícios que as pt~ssii;~,.
coisas há tanto tempo, tendo-as, inclusive, confessado publicamente por meio 20 medem a Deus. Por isso, também, outrora, constituíam como deuses ;i<~iii.Ii,,.
de obras, a saber, invocarido, veiierando e adorando aqueles nos quais consi- que lhes prestavam um benefício, rnanifcstando-lhes, dessa forma. ; I 5ii:i
deravam estar presente a divindade, segue-se com a máxima certeza de que gratidão, conforme diz Plínio7'.
eles possuíam conhecimento ou noção da divindade, a qual, sem dúvida, está
neles, vindo de Deus, assim como Paulo diz aqui. Erraram, porém, quando [Embora conheçam a Deus, eles não o glorificam como 1)ciis -~
não conservaram essa divindade pura e não a adoraram nesta mesma condi- 25 Rm 1.211
ção, mas a submeteram a seus desejos e anseios, ajustando-a aos mesmos.
Cada qual queria ver a divindade naquilo que lhe agradava e, assim, transfor- [178,10] Mas quantos também, agora, existem que não o venci.;iiii C O I I I O
marain a verdade de Deus em mentira. Eles reconheceram, portanto, que Deus, mas como um produto da imaginação que eles mesmos criai-aili I I ; I I:I :.ii
ser poderoso, invisível, justo, imortal e bom são atributos próprios da divinda- Vê, aqui mesmo, as esquisitices e os ritos supersticiosos, extreinaniciii~,liili.i:.f
de ou daquele que é Deus. Conheciam, portanto, os atributos invisíveis de iii Porventura não é transformar a glória de Deus em um símile da iiii;igiii:i{~:~i b c.
Deus, seu poder eterno e sua divindade. Esta premissa maior do silogismo da ficção, quando, renunciando ao que deves fazer, veneras 1)ciis : i t i : i \ u , .
prático, esta syntheresis teológica7%ão é obscurecida por nenhum deles. daquela obra que escolheste, e crês que, agindo dessa forma, Dc~isIiv;i i . 1 1 1
Erraram, porém, na premissa menor, ao dizer e estatuir: "Mas este aqui", isto consideração a ti e às tuas coisas, isto é, que [ele] é outro [serl, <lili.iiiii~.
é, Júpiter ou outro similar a esta imagem, "é deste tipo, etc". Foi aqui que daquele que se manifestou a si mesmo ao te instruir por meio de sciis ~ i i : i i i i I ; i
5 mentos? Por essa mesma razão, tambéni, agora, hámuitos que, coiiio vi.iiig,:.
'I' O silogismo prático, diferente do especulativo, consiste das seguintes três partes: preinissa e ouviinos, são entregues ao seu próprio e condenável modo de pciis:ir.
inaior-syniheresi-; prernissamenor- ratio ( r a z ã o ) ; conclusão- conscienria (consciên-
cia). Segundo esta proposta, a synthereris é a premissa maior. Ela é Umd inclinaçEo natural
sem estiinnlo miitivador, lima fagulha inextinguível dararão, urn hábito inato, insepwávcl da " Caiu Plíniu Seyundo (21-79), historiador, nahiralista e escritor roiriuiiii. I>c<lii-iiil\ c .I,.
alma; uma f o r y naturalmente propensa ao bem, unl poder divino da alma. Ern conbaposiçho, ciências c hs letras. Entre as suas obras, dcstacam-se: "Histdria" (31 viiliiriic\): "1 11\181ri.i
a consciência é instável, alterável, ora ela se justifica, ora ela acusa. Refere-se a uma a ~ ã o Niti~nil"(37 volumes) quc versii sobre Medicina, Ashonomia, Cil.iici:i N:ili~r:ii\. A i li.,. i .
panicular. A .r)'nrheresis e a cnnscieniiu conipnrtam-se no silogismo prático exatamente Fisic;i. 1.iiteri1 se i-cfcrc a uina afirinsçZo dç Plínii, q ~ i csc enci>iili';iciii "I l i \ l < i i i ; i N:iiiii.il"
como o intelecto e a consciência no silogismo especulativo. ll,7i5),l~).

262 ?O.?
aos Roinanos
:\ I~+~íslula A El~istolaaos Romanos

1178,241 Considera, portanto, a disposição e a progressão da perdição. [A imundícia para desonrarem os próprio corpos - Rm 1.241
I,:III primeiro lugar, tem-se a ingratidão ou a oinissão da gratidào. Dessa
iii;iiieira, Lúcifer foi ingrato para coin o seu ci-iador antes de cair. Isso acoii- [185,91 Regra: dificilmente consigo crer que uma pessoa jovem, que não
ircc por causa da autocomplacência, pela qual [a pessoa] se deleita ilas tenha uina centelha de devoção a Deus, mas siga sua vida livremente, sem
iiiisas que recebeu, como se iião as tivesse recebido, esquecendo-se daque- 5 dar atençáo a Deus, s ~ j acasta. Pois visto que é necessário que viva pela
li. que as deu. Em segundo lugar, [vem] a vaidade. Nela, a pessoa se deleita cariie ou pelo espírito, também é necessário que se inflame por sua carne ou
i. usufrui do prazer em si mesma e ila criatura que lhe for vantajosa, tornan- por seu espírito. Não há melhor vitória sobre o ardor da carne do que [a que
(lti-se, assim, necessariamente, và "em seus pensameiitos", isto é, em todas há1 quando o coração foge e se afasta dela por meio da oração devota. Pois
:is suas deliberações, esforços e afareres. Pois seja o que for que se busque quando o espírito arde, a carne logo se toma tépida e fria, e vice-versa.
iiissas coisas e por meio delas, tudo é vão, pois nada se busca senão a si 10

I l'1Ol mesmo, ou seja, siia própria glória, prazer e utilidade. Em terceiro [Por isso és indesculpável, quem quer que se,jas - Rm 2.11
Iii::;ir, tem-se a cegueira, pois, esvaziado da verdade c imerso na vaidade, um
, . < , i humano se torna necessariamente cego em toda a sua disposi~ão interior [189,1] Mas já foi suficientemente afii-mado acima qiie o apóstolo não
c . i ~ itodos i os scus peiisaineiitos, pois ele está totalmente desviado [de Deus]. tcin e111 mente apenas os romanos. Ern vista disso, esta idéia riào é muito
I IIII;I vez que já está largado nas trevas, o que mais pode fazer aléin das 15 convincente, sobretudo por ser forçada. Adiuitiiido-se que este texto do após-
coisas atrás das qiiais corre aquele que se encontra no erro e na tolice? Pois tolo seja dirigido contra aquelas pessoas que foram iiivestidas em funções de
i 1 1 1 1 homem cego erra muito facilmente; lia verdade, ele erra sempre. Daí poder e que ele possa ser compreendido e aplicado de forma habitual nas
ic.iiiios. em quarto lugar, o erro contra Deus, o que é o pior, pois leva as pregaçRes das igrejas, quanto mais ele pode ser aplicado coiitra os podero-
Ijc'ssoas a se torilarem idólatras. Ter chegado a esse ponto, significa ter sos da iiossa época quc, tomados de uma fúria adinirivel coiitra os outros,
:ili.;iiiçado o abismo mais profundo. A razão disso é simples: depois que se ?" exei-cem um juízo severo contra seus súditos, enquanto cliie eles próprios
~ ~ < x lDeus, c u nada inais resta a iião ser entregar-se a todos os tipos de coriietein criines iiáo inerios graves, inas bem piores e, no entaiito, continu-
i o i Iicra, de acordo com a vontade do diabo. Segue-se entáo aqucle dilúvio de ain agiudo impuiiemcnte. Sáo estas as pessoas que o ap6stolo exorta e des-
iii;ilcs e aquela torrente de sangue dos quais o apóstolo passa a falar abaixo. perta de sua cegucira profiirida. Considera, pois, se tanto os nossos líderes
I'iir meio dos mesmos pontos dessa progressão, chega-se tainbém, ago- seculai-es como espirituais nZo sào altivos, luxuriosos, adúlteros e ladrões
I:I, :I idolatria espiritual e mais sutil. amplamente divulgada. Através dela, 25 piores, desobedientes diante de Deus e dos homens e causadores de guerras
:iilor;i-se a Deus náo coino ele realmente é, mas assim como se imagina e se iiijustas, ou seja, honlicidas em série. E, não obstarite, eles continuam apunir
Iwiisa que ele seja. Pois a ingratidào e o amor ZI vaidade (ou seja: o sentitiien- esses crimes de modo extremamente severo ein seus súditos. Mas, por iião
ii) iIc importância e justiça próprias 011, como se diz, de boa intenção) cegam terem uin juiz entre os homens, eles, por isso mesmo, pouco se importam no
:i\ Iicssoas de tal maneira que elas se tornam incorrigíveis, sendo, portanto, tocante a si próprios. Porém, como aqui diz o apóstolo, "não escapará0 do
iiic.;il>nzesde crer qualquer coisa, exceto que estão se dando exceleiitemen- 30 juíro de Deus"'?. E, para torná-lo mais claro ainda, farei uso desta oportuni-
li. Iiciii e que são agradáveis a Deus. Dessa forma, elas moldam um Deus dade para pregar sobre esta matéria e expor as idéias do apóstolo:
~ ~ ~ ' ~ la~sií cmesmas, io embora ele não seja assiin. Adoram, destarte, com Através dc que autoridade agem os príncipes e os líderes deste séciilo
iii:ii~sinceridade a sua própria invençáo do que o Deus verdadeiro, que crê- quando conservam para si próprios todos os animais e todas as aves, dc
( U I I scr semelhante àquela ficção. E, por isso, "o transtòrmam em semelhan- sorte que ninguém, aléin deles, pode caçá-los? C«m que direito? Se qualquer
( ; i <li.sua imaginação" [Rm 1.231, de uma disposição interior existente que é -5 pessoa comum fizesse isso, ela seria justamente chamada de ladra, assaltaii-
~;iiii:iIiiieutesábia e corruptível. Vê quão graude é o mal dessa falta de te ou trapaceira, pois subtrairia ao uso comum aquilo quc nào lhe pertence.
!yi:iii~lãoque traz consigo o amor à vaidade e, ato contíiluo, a cegueira; esta, Contudo, uma vez que aqueles que fdrem essas coisas sáo poderosos, clcs
I N ) I siiti vez, resulta na idolatria, e a idolatria conduz a um redemoinho de não podem ser ladrões. Ou acaso será realmente verdade que, iinitlindi]
v i c . i i ~ \ . I<in contraposição a isso, a gratidão consei-va o amor de Deus e,
. i < . \ i i i t . o coraçZo permanece voltado para ele. Por essa razão e a partir
< lisv t. toriia-se iluininado, mas, umavei iluminado, cultua t3o-somente o Dcus
vi.iil:iilciro: a este culto, liga-se, a seguir, todo o coro das virtudes.
A Epístola aos Romanos A Epístola aos Rii~ii:itio..

Demód~co'~, podemos dizer que os príncipes e os poderosos, naturalmente, ocorrer ao próprio Orestes7" ou a uma pessoa mais maluca do que elc, : I I I
não são ladrões e assaltantes, embora cometam os atos que são coinetidos ver que um bispo ambicioso, ganancioso e cheio de luxúria fustiga o seu I c i l ~ , ~
por ladrões e assaltantes? O vício de Ninsode, o "primeiro caçador poderoso com todos os raios possíveis da excoinunhão, por causa de meio tloiiiii'!
e valente diante do Senhor" [Gn 10.8s.1, está tão profundamente arraigado Porventura não o julgará como alguém que equivale a dois ou sete Orcsics'!
neles que não podem governar sem, ao mesmo tempo, oprimir as pessoas e 5 E acaso não lhe dirá: "Supões, ó homem, tu que julgas aqueles que fiizciii
caçar com toda sua valentia, ou seja, violentamente, o que quer dizer: toman- essas coisas, ao mesmo tempo que as fazes, que escaparás do juízo de Dciis?"
do para si as coisas que não são suas. Assiin pergunta o bem-aventurado E ainda assim essas coisas são tão comuns hoje em dia que, por caus:i ili.
Agostinho7" em seu livro de civitnte dei [Da cidade de Deus]: "Que são os sua grande freqüência, pensa-se que são perdoáveis. Que terrível pr:ig:i i.
grandes impérios senão grandes antros de ladrões?" ele acrescenta ainda ira de Deus pesa sobre nós nesses dias, a ponto de ele permitir que vivniiio\
a seguinte história: Certo dia, Alexandre Magno7' perguntou a um pirata, 11' em meio a tamanhos tlagelos, de sorte que vejamos uma profanação i:io
que estava preso, o que passava pela sua cabeça a« provocar insegurança infeliz da santa Igre.ja e tamanha destruição e mína, piores do que quais<l~i<.i
no mar. O pirata contumaz respondeu com a maior liberdade [190]: 'O que outras infiigidas por um inimigo!
passa pela tua cabeça ao provocar insegurança em toda a terra? Eu, em
verdade, o faço com um barquinho, por isso sou chamado de ladrão. Tu, [197,6] Sem a lei perecerão [Rm 2.12j
porém, o fazes com uma enorme frota. Por isso tu és um soberano". IS li

[190,71 Algo similar a isso ocorre quaiido cobram impostos do povo sem Nesta passagem, isto é, neste capítulo inteiro, entende-se por "lei" t<rd:i :i
necessidade ou, quando, ao mudar e desvalorizar a moeda, causam prejuízo lei de Moisés, na qual se ordena tanto os Dez Mandamentos como o amor (li.
aos súditos por causa do lucro e da ganância. Pois o que é isso senão roubar Deus e do próximo. Como, então, é possível que venham a perecer seili csi:~
e assaltar as coisas alheias? Sim, quem, no filial, irá absolver de roubo aque- lei e que tenham pecado sem ela, haja vista que sem ela não existe iic.iii
les que, mesmo recolhendo tributos legítimos e pagamentos de direito, ainda 2i) 211 pecado, nem mérito e, por conseguinte, nenhuma punição ou recompeiis:~?
assim, não dão retomo ao povo, o que é sua obrigação, concedendo-lhe pro- Resposta: O apóstolo propóe que [eles perecerão] "sem a lei", a salici.
teção, progresso e justiça, estando seus olhos voltados somente para a tira- sem a lei transmitida oralmente ou sem a lei escrita, ainda que possa111 t C I : i
nia, para angariar riquezas e para vangloriar-se, na mais vã das ostentações, conhecido de outra forma, como ele declara luais adiante: "Eles mosti-aiii :I
com as posses que coriseguiraiiijuiitar? obra da lei escrita em seus corações" [Rm 2.151. Ou seja "seru a lei", isiu i:.
Até as crianças nas praças públicas sabem com que intensa cegueira 15 25 sem a cooperação da lei, ou sem que a lei desse oportunidade para o pecn<lii.
também os príncipes espirituais fazem coisas semelhantes, ou melhor, até Pois uma lei inexistente também não é uma oportunidade para o pec;iclli.
piores. Luxúria, ambição, ostentação, inveja, ganância, glutoiiaria e uma total Mas, assim se conclu;, a lei dada não existia entre os gentios. Posto qric ~ i s
impiedade diante de Deus - coisas que não parecem dignas de qualquer gentios não receberam os ritos e as ordens da lei de Moisés e estes, taniporic.o.
julgamento. Nessas coisas, eles estão enterrados até o pescoço. E, contudo, Ihes foram transmitidos, segue-se que não estavam nem presos aos mesiiios.
qualquer diminuição de seus privilégios ou rendas, ou qualquer redução de 3~ JO nem pecaram por omiti-los, assim como os judeus, que aceitaram :r I i i c..
suas pensões - coisas que 2s vezes podem ocorrer entre seus súditos - . através dela, fizeram uma aliança com Deus, recebendo nela a promcssti i l i .
tomam-se mais do que dignas de todos os juízos e penalidades imagináveis. I' Cristo. Entretanto, os primeiros receberam uma lei espiritual que seus rikis i,
Que tipo de pensamentos, eu te pergunto, sem falar em Deus, poderiam cerimônias (além do fato de simbolizarem Cristo) indicavam no sentido i i i o
ral. Esta lei está impressa em todas as pessoas, a saber, judeus e geiiiioh i..
" Lutero se refere a um cornentjrio de Demódoco a respeito dos filósofos de Miieto (Tdes, 35 diante desta lei, todas as pessoas encontram-se igualmente obrig;i<l:is. I ' i i i
Anaximandroehanímencs) em Aristóteles: "Einbora não sendo tolos, agem como se iossein". essa razáo diz o Senhor em Mt 7[.12]: "Tudo quanto quereis que os hoiiiiii:.
74 V acima, p. 239, n. 5. A citação de Lutero enconira-sz na obra de Agostinho De
A~g~tivihiio. vos façam, assim farei-o vós também a eles; porque esta é a lei, e os pi<~Ii.
civitude dei 4,4. tas". Vês aqui como toda a lei transmitidanada mais é senão esta lei ri;iIiii:il.
' 5 Alexandre Magno (356-323 a. C.), rei da Macedonia. Teve como preceptor Aristóteles.
Ascendeu ao trono aos vinte anos deidade. Destacou-se pelas suas conquistas. Derrotou os ~ .- -.
'Verson;igciii Icti<l;irii>ila antiga Gricia, foi consideradoexemplo de obediência. Ohc<lri.i.iiilo
- . - :i,< ini;itoiz a prhprin mãe, que, por sua vez, havia :~ss:lssi,i:i<li> i i
onlciis ( l i , <Icti\ Al>i>l<>,
Alexandre foi a difusão das culturas helênica e asiálica pelos países conquistados. ~ n ~ : r i , l t ! , ,,;(i ,lc O ~ c h l c h ,

266 267
q11c II;IO JKKIC sci- igiioi~;til;~
por iiiiigiiCiii c. pus i""". iiiiig~iC~ii
po<lccscus;~r- [De maiieira neiiliunla - liiii 3.41
sc. Iirr~oiito,o sciiiido iiiieiicionado pelu apóstolo 6,coiiio sc ai'iriiiii dc I'or-
ilia cxtreinumente clara, que "sein a lei elcs perecerão"; ou seja, eles pere- 1224,207 Contudo, entendo que "fé" aqui não significa a i'iilcli~l;~ili. (11.
cei-ão sem teretn recebido a lei. Isso significa que eles não pecaram por Deus, mas sim, a crença em Deus, que não é outra coisa se1130o C ~ ~ I I I II ~ M
terein recebido a lei e não a terem observado como os judeus: tainpouco 5 5 metito da promessa, coino fica claro cm iiiuitas passagens. Pois ajiisli<;iI ~ > I
perecerão 11981 porque não guadarani a lei. Antes, a razão deles perece- proinetida a partir da fé, Kin 1[.17]: "O justo viverá da f&'. Na vcr~l:iili~. :I,.
rem é outra: eles aprenderam a conhecer de maneira diferente a mesma lei diferentes iiiterpretaçòes não se contradizein. Pois o que quer quc si. i l i j 8 . 1
que não receberam e, mesmo assim, não a guardirain. Deus, certamente, literalniente arespeito da verdade objetiva da fé, vale, damesma liji-1ii:i. I I I I I I I
julgará os judeus segundo o fato de terein recebido a lei, como Estêvâo Ihes sentido moral, a respeito da fé nessa verdade.
diz expressamei~teem At 7L.531: "Vós que recebestes alei e não a gmdastes". ln L0
- "Eles perecerão sein a lei" significa que não é a lei transmitida e recebida [Para que sejas justificado em tuas palavras e venfas quaii<lo
que os irá condenar; por isso, eles perecerão sem uma lei desse tipo, eiilhora fores julgado - Rm 3.41
não sem nenhuma lei que seja a mesina que a outra, exceto pelo fato de que
ela n5o Ihes foi transmitida em iiin códiço escrito e nem foi contida ou repre-
sentada no tnesino. 15 ..
Contudo, é através desse fato que "Deus é justificado", que nós S < I I I I O : .
[Tu que pregas que não se deve furtar e furtas; tu que dizes que justificados. E essa justificação passiva de Deus, através da qual ele 6 ;iisii
não se deve adulterar e praticas o adultério - Rm 2.21,22] ficado por nós, é, ela própiia, nossa justificação ativa por Deus. Pois i.11.
considera co111o justiça aquela fé que justifica suas palavras, assim ci~iiio
1205,211 Eles não podem, porém, cuniprir a lei clue ensi~iam,a menos que 211 dizem os cap. 41.51 e 1 [. 171: "O justo viverá da fé". E, num sentido contr.:iriii.
o façam com uma vontade alegre e pura, isto é, com um coraçáo circuiicida- a condenação passiva de Deus, pela qual ele é julgado pelos descrciii~,h.
do de todos os desejos cobiçosos, de sorte qtie não faqain as obras ou não as equivale a própria condenação destes últimos. Pois ele considera coiiio i11
façam apenas exteriorinente, mas taiilbétn que as façam ou deixem de Iàrê- justiça e condenação aquela descreriça pela qual julgam e condena111S I I : I S
Ias com sua vontade e seu coração. Em outras palavras: que náo esteja111 palavras. Assim, o texto está ein harmonia com o [texto] hehraico, no qii;il
apenas isentos de más obras, mas tatnhérn, de desejos pecaminosos do cora- 2s 25 12271 consta o seguitlte: "Pequei contra ti, e por essu razão justificarás"".
ção; e isso G o só na execuçã« da obra, isto é, que estej;~mprontos para boas isto é, causarás a justificação "em tua pa1avr;i e purificarás quando te jiilp,;~
obras não só a partir de uma exigência exterior do corpo, riias que teiihain i-es". Pois ele justifica e vence em sua palavra quando nos faz ser tais qi1:iis
tumbém disposição de ânimo para executá-la. Com certeza, aquclas pessoas sua Palavra, a saber, justos, verdadeiros, sábios, etc. E desta maneira elc I N I ~
ensinam uma lei cometa e coinpleta, mas não a ciimprem neni a executarn. transforma ein sua Palavra, mas não transhrma sua Palavra naquilo 111ii.
Quero dizer: (não] a cumprem de coração e [não] a executam vei-dadeir-a- 30 nós somos. Ele nos tra~isformaem [tais pessoas]. se nós cremos que S I I ; I
mente com suas mãos. Por essa razão, segue-se daí que "amarsam fardos Palavra é deste tipo, isto é, justa e verdadeira. Pois, nesse caso há identilicii
insuportáveis sobre os oinhros dos homens, entretanto, eles mesiuos neni ção entre a Palavra e o crente, isto é, verdade e. justiça. Por conseguiiiii.
com o dedo querem iuovê-10s" [Mt 23.41. Esses fardos sáo os preceitos da quando é justificado, ele justifica, e quando justifica, ele é justificado. I'iii
lei, a respeito dos quais o apóstolo declarou acima que deveriam ser curnyri- essa razão, a mesma idéia é expressa por um verbo ativo no hebraico e por
dos. Contudo, através de siia explicação literal, eles se tornain fardos insu- 35 35 um verbo passivo em nossa tradução. Mas Deus vence, ou seja, ele prevalc
poriáveis, pois, neste caso, matam e não vivificarri. E a razão disso é siinples: ce e mostra que, no fiin das contas, são mentirosos e falsos todos os que r i à i l
quando ensinam que a lei deve ser cumprida apenas com obras, mesnio sem crêem, isto é, aqueles que o cobriram de opróbrio por meio de seu juíro.
o cumprimento do coração, e, quando não inostrciin onde e por que motivo se como fica inanifCstono caso dos judeus e ficará ainda mais patente no dia di)
deve buscar este pleiio cumpriinento da lei, eles deixam aqueles [a quem juízo. Dai dizer o texto hehraico "E tu purificarás", isto A, tu causarás :I
ensinam1 numa situação impossível, pois, ein hipótese nenhuma, aquelas leis
podem ser cuinpridas sem que se as ctiinpra de coração.
" C[. SI 51.6. O texto é citado conlorme fonnulaç50 do humanista, lalinista e grrcista Jo;!o
Reuchlin cin "Seti. Salnins dc Pcnirência hchraicus". Cf. acima, p. 249,6-15.

269
1 I,l~i\tolaaos Romanos A Epístola aos Romanos

~~iiiilicação "quando julgares". Isso significa tanto quanto: til piirificarb a justificação ou antes dela. Pois, assim como aquele leigo não se torna sacerdo-
III:II'alavra e os que nela crêem e, simultaneamente, te farás puro neles e te através da execução dessas obras, podendo vir a sê-lo sem elas, mas pela
~iilgnrása partir da mentira que aqueles descrentes impGem sobi-e ti. E, na ordenação, da mesma forma também c) justo não se torna justo pelas próprias
vc.i<lade,tu os macularás, ou seja, tu irás mostrar que são imundos e ~ueuti- obras da lei, mas, muito pelo contrário, sem elas, por alguma outra coisa, a
iosos, isto é, que a sua descrença não esvazia a Sidelidade de Deus. saber, pela fé em Cristo, por meio da qual ele é justificado e, ao mesmo tempo,
ordenado para que seja justo rio desempenho de obras de justiça, da inesina
forma como um leigo é ordeiiado sacerdote para executar as obras de um
sacerdote. E pode acontecer que alguém, que é justo a partir da lei e da letra,
A justificação passiva e ativa de Deus e a fé ou crença nele são nina e a faça obras mais belas e mais agradáveis do que aquele que é justo a partir da
iiiisrria coisa. Pois o Iàto de declararmos suas palavras justas é seu próprio graça. Nem por isso, porém, ele é justo; antes, ele é impedido tanto mais, por
c I O I I I c, por causa do mesmo dom, ele mesmo rios considera justos, isto é, nos essas obras, de chegar à justiça e às obras da graça.
li~siifica.E nós não declaramos suas palavras justas, a menos que creiamos
C ~ I I C ' clas são justas, elc. [Somos justificados independentemente das obras d a lei - Rm
3.281
IA partir das obras d a lei - Rm 3.201
[264,161 Por essa razão, toda a vida do novo povo, do povo fiel e do povo
1748.51 Pergunta-se: De que modo acontece a justificação sem as obras espiritual consiste ein invocar, buscar e pedir, através do suspiro do coração,
,!:i Ici, e como é que "a partir das obras da lei" [3.20] n2o há justificaçáo, pela voz de seu agir e pela obra de seu corpo, para que seja, sempre, justifi-
\ i h i que ~ Tiago 21.261 afirma claramente: "A Sé sem obras é morta" e "o cado até a hora da morte; [consiste, também.] ein jamais ficar parado, em
lio~iieiné justificado por obras" [Tg 2.23-251, referindo-se ao exemplo de jamais ter como posse o que quer que seja; em jamais encarar quaisquer
:\I~r:iXoe Raabe? Semelhantemente, o próprio Paulo fila em GI 6[sc. 5.61 obras como se fossem sinais dc que a justiça j i esteja alcançada; [iriiporta,
c I ; i "IC que atua pelo amor", e diz, acima, Lein Rm] 2[. 131, que "os que cuin- porém] aguardá-la sempre, como algo que ainda habita fora dele e, na ver-
~~it.iii a lei são justos diante de Deus". Resposta: O apóstolo faz uma distin- dade, viver sempre como pessoas, em meio a pecados. Daí pode-se concluir
c , : ; I ~ I ciiire a lei e a fé ou entre a letra e a graça e, portanto, também entre que, quando o apóstolo diz que "somos justificados independentemente das
..i~;rsrespectivas obras. Ele chama de obras da lei aquelas que são feitas obras da lei" [3.28], ele não está falando das obras que são realizadas com a
I , 1 1 :I da fé e da graça e a partir da lei que coage à obediência pelo temor ou finalidade de buscar a justificação. A razão disso é que estas já não são
iios tilicia a feitos notáveis através da promessa de coisas temporais. Cha- obras da lei, iras da graça e da fé, já que aquele que as realiza 11x0 confia
I I I : ~porém, . de obras da fé aquelas que são feitas a partir do espírito de nelas porque já se considera j~istificado,mas, porque deseja ser justificado;
Iil~i~r~l;itle, somente por amor a Deus. E tais obras só podem ser executadas tainpouco,considera que, através dessas obras, ele cumpriu a lei, mas busca
1 1 1 :~quelesque foram justificados pela fé - urna justificaçáo coin a qual não
'( o cumprímento dela. [Paulo], contudo, chama de obras da lei aquelas cujos
<~ii>l>ci-ani em nada as obras da lei. Antes, pelo contrário, elas a impedem de autores, urna vez realizadas as mesmas, fundamentam rielas a sua justifica-
I t ~ Ii I I ~ Iveemente, uma vez que elas não pesmitcm que alguém se considere ção, corno se ela, com isso, já estivesse coinpleta e eles já estivessem justi-
iiiiii\io e carente de justificação. ficados, pelo fato de terem cumprido as obras. Neste caso, eles não fazem
I(is um exemplo: Se uma pessoa leiga desempenhar todas as obras exte- essas obras a fim de buscar a justificaçfio, mas para gloriar-se na justiça já
I i<~ii.s dc um sacerdote, celebrando [missa], confirmando, absolvendo, minis- alcançada. Em vista disso' após terem realizado essas obras, eles ficam pa-
1 1 .iii~lo os sacramentos, dedicando altares, igrejas, vestimentas, vasos, etc., é rados neste ponto, como se a lei já tivesse sido cumprida em sua totalidade e
c <.tioq i c essas obras serão, em todos os aspectos, totalmente semelhantes rã«fosse necessária uma outra justificaçáo. Isto é, sem dúvida, o cúmulo da
.I.. <ilii;isde 11111verdadeiro sacerdote; talvez, até mais apropriadas e perfei- arrogância c da vaidade! Muito pelo contrário, E até falso pensar que as
r.15 iIo qirc as de sacerdotes verdadeiros. Mas, pelo fato de ele não ser con- obras da lei possam cumprir a lei, pois esta é espiritual e exige um coracão e
...ilii-;i(Io.ordenado e santificado, ele não realiza absolutamente nada, mas uma vontade impossíveis de possuir a partir de nós mesmos, conforme foi
c...i:i : I ~ V I Ihriiicando
;IS [de Igreja], enganando a si mesmo e aos seus. Dá-sc explicitado exaustivameiite acima. Por essa razão, tais pessoas reali~ainobras
I I I ~ Y I I I O com as obras justas, boas e santas desempenh;idas ù p;irtc tl;i c121 Ici. rii;is i i , i ( ~ as inteiiçGes ou a vonl~ideda lei.

270 27 1
A Epístola aos Romanos A Epístola aos Rornarios

1265,241Mas o que é que diz 1s 65[. 11: "Fui achado por aqueles que não outros e a parte dos outros, a quem desprezam em seu orgulho e em seu
iiie buscavam; apareci publicamente diaiite daqueles que não perguntavam comportamento ahnsivo. Em quarto iugar, ele instiga outros mais com traba-
mim"?78 [Isto significa] que não devemos procurá-lo, mas esperar que lhos ridículos, ao ponto de se esforçarem para ser puros e santos e absoluta-
cle seja encontrado por acaso? Esta passagem deve ser entendida como inente sem inácula de pecado. E no momento preciso ein que se dão conta
scndo dirigida, ein primeiro lugar, contra a busca estulta por parte daqueles 5 de que pecam e de que algum mal se insinua sorrateiraiiieilte, ele os alerro-
que procuram Deus por um caminho escolhido por eles próprios, e não pelo riza de tal forina coin o juízo c debilita suas consciências dc tal forma que
caminho através do qual Deus deseja ser buscado e encontrado. ficam bein próxinios do desespero. Pois cle percebe a inclinação de cada
Em segundo lugar, compreende-se a passagem no sentido de que a justi- iiitlivíduo e o tenta de acordo com ela. E pelo fato dessas quatro classes de
va de Deus nos é ofertada sem méritos e obras de nossa pai-te, enquanto pessoas scrcrn tomadas de tamanho Servor pela justisa, iiáo é fácil persuadi-
lizemos e procuramos exageradaniente outras coisas que não seja a justiça Ias do contrário. Assim, cle começa auxiliando-as a atingir este seu propósi-
tlc Deus. Pois quem alguma vez buscou ou teria buscado o verbo encarnado tu. de sorte que se apressam demasiadarnente eiii livrar-se de Lodo e qual-
1-66] se ele próprio não se tivesse revelado? Por conseguinte, ele Foi encon- quer descjo pecaiiiinoso. E, não c«nsegniiid« alcaiiçar esse objetivo, elc faz
irado e não buscado. Mas, urna vez encontrado, ele, agora, sempre quer sei- coni que fiquem tristes, abatidas, pusilânimes, desesperadas 12671e de coiis-
Ihliscado e, tanto mais, achado. Ele é achado quando nos converteiiios a ele, ciências extremainentc iiiquielas. A partir daí, portanto, soinelile tios rcsta
:ifastando-lios de nossos pecados; ele é buscado quando perseveramos nes- 15 periiiaiiecer eiii nossos pecados; faz-se necessário cxternar nosso ariseio,
ia conversão. coin a esperança voltada para a misericórdia de Deus, tle que clc nos livre
Disso conclui-se haver uma diferença entre pecadores e pecadores. Pois dos pecados. Assim como o paciciite eni Fase clc convalescença que de-
iiiis são pecadores e confessam ter pecado, mas não deseja111ser justifica- monstra excessiva pressa de curar-se, seg~iraiiicrite,pode ter nina recaída
cios; em vez disso, eles se desesperain e pecam ainda inais, de sorte que na mais grave. tambéin 116s precisainos sei- curados paulatinameiite, supoitaii-
iiiorte são os que se desesperam e ein vida, os que são escravos do inundo. 211 do, durante algum ternpo, certas fraquezas. Pois já é siilicieiitc que nos de-
()litros, porém, são pecadores e confessam que pecam e pecaram, rnas so- sagrade nc~ssopccatlo, ainda que iiáo desapareça por coiiiplcto. Pois Cristo
li-cm com este fato e odeiam a si mesmos por causa disso; anseiain ser carrega todos os pecados, bastando para tanto que iios desagradem; dessa
iiistificados e pedem e suspiram assiduamente a Deus por justiça. Este é o foi-riia,eles já rião são nossos, inas seus c, por sua vez, sua jiistiça [passou o
1~1vo de Deus subjugado ao juízo da cruz, carregando-o permaneiitemente ser] nossa Ijustiça].
sobre seus oinbros. 21

Da mesma forma, existe também uma diferença entre jiistos e justos. [268,261 Rem-aventiirados aqueles cujas iniqüidades são perdoa-
lliis afirmam que são justos e, por isso, não desejam ser justificados. Antes, das, etc. rRin 4.71. Quanto a isso:
~ ~ ~ r esperam
ém, ser recompensados e coroados coino reis. Outros ncgam Os santos são, intriiisecainentc, sempre pecadores e, por isso, sáo sem-
scrcm justos, temem a condenação e desejam ser justificados. pre justificados extriilsecamente.
Por conseguinte, o fato de sermos pecadores não nos prejudica, contanto io Mas os hipócritas sâo, intrinsecamente, sempre justos, e por isso sZo
<~iic nos empenhemos, com todas as nossas forças, para sennos justificados. sempre pecadores extrinsecamente.
Por esse motivo, o diabo, o artífice de mil manhas, arma ciladas para nós Eu uso o terino "intrinsecamentc" para indicar como somos ern nós nics-
i.oiii trapaças extraordinárias. Alguns, ele desvia do bom camiiiho, eiivolven- \ mos, aos nossos próprios olhos. em nossa própria estimativa; iiias uso o tcr-
[I<>-os, num dado momento, em pecados manifestos. Aoutros, porém, que se mo "cxtnnsecamente" para indicar como somos diante de Deus e em scii
i.oiisiderarn justos, ele induz a que fiquem parados, a que se tornem mornos 5 [269] modo de considerar. Por conseguinte, somos justos extriiisecamcnlr.
i . :il)andonem o desejo [por justiça], como fala Ap 31.14-161, a respeito do quaiido não somos jiistos a partir de nós mesinos e de nossas próprias ol->i-ns.
:ii!io de Laodicéia. Em terceiro lugar, seduz ainda outros, levando-os a su- mas somente, a partir da consider?ção de Deus. Pois sua consideraçZo i i 2 i 1
~~irstições e seitas isoladas, de sorte que, por exemplo, como aqueles que está cm nós nein ern iiosso poder. E como diz Oséias 131.91: "A tua ruíii:~,ii
; i o os mais santos e supostos possuidores da justiça, eles certamente não se Israel, [vem de ti,] e só de inim o teu socorro", ou seja: dentro tlc ti ii:i<I:i Ii:i
ioriiniii frios, inas, antes, ocupam-se fervorosamente com obras diante dos 4 exceto tlestruição, inas tua salvaçáo está fora de ti. E o Salino 1201 si..
121.21:"Meu socorro vem do Scnhor", oquc quer dizerquç náo vciii iIi, i i i i i i i
iiicsiiio. Iiitriusccaiiieiite, poréiii, si~niospecodoi-cs ;itfiivCs (I;i Ici dos rrl;ili
273
A I;píslola aos Roinanos A Epístola ar>\ l < i i i i t ; i g i < ~ .

vos7'. Pois se somos justos unicamente porque Deus considera que o so- seu próprio acusador. E mais uma vez: o "homem justo suplicará po! sciii.
iiios, então tal não ocorre por causa de nosso modo de vida ou de nossos delitos" IISir 39.71. E, como se não fosse o bastante, diz o Salmo .A'ilxi
aios. E por isso, somos, intrinsecamente e por nós próprios, sempre injustos. 38.181: "Pois confessarei minha iniqüidade e suportarei tristeza por c;iii\;i i l i t
li, com efeito, assim lemos no Salmo 50[sc. 51.31: "Meu pecado está sempre meu pecado". Por conseguinte, é maravilhosa e dnlcíssima a misericí,r<li:i11,.
diante de mim", ou seja, eu sempre tenho em minha presença o fato de que 5
Deus, o qual nos considera, ao mesmo tempo, pecadores e não-pecailor<,:.
sou pecador. "Pois pequei contra ti" (isto é, sou pecador), "por causa disso O pecado, ao mesmo tempo, permanece e não permanece. Portanto, (live
iiistificarás em tua Palavra", etc. E inversamente, os hipócritas, dado que se compreender este Salmo de acordo com seu título. Por outro lado, sii;i i i : i
slio justos intrinsecamente, são, pela força e necessidade da mesina relação, é maravilhosa e severa, pois ele simultaneamente considera os ímpios iiijiih
cxtrinsecainente injustos (isto é, segundo a consideração de Deus), como diz tos e justos. Ao mesmo tempo, ele remove deles o pecado e não o rciiiovt..
o Salmo 94[sc. 95.101: "E eu disse: E povo de coração transviado". Os hipó- 10
Daí o [corolário].
ci-itas pervertem as palavras da Escritura, como, por exemplo, a que diz:
"Meti pecado está sempre diante de mim". Arigor, eles dizem: "Minha justi- 1271] Corolário
ya está sempre diante de mim" (isto é, na minha presença) e bem-aventura-
(10s os que praticam obras de justiça, etc. Eles não dizem "eu pequei diante Aqui, [o apóstolo] não fala apenas de pecados perpetrados em açbcs,
de ti", mas sim, "faço obras justas [diante de ti]". Na verdade, é diante de si 15 palavras e pensamentos, mas Lambém, daquela centelha que deflagra 0 1"'
iniesmos que realizam tais obras. cado, como ocorre mais abaixo, [Rm] 71.201: "Já não sou eu, e sim o pcc;i<lo
que habita em mim". E no mesmo capítulo ele chama aquela mesma cciiic
2 lha de "nossas paixões dos pecados", ou seja, os desejos, sentimeiilos
inclinações para o pecado que, segundo ele diz, produzem fmtos para n iiioi
"Deus é maravilhoso em seus santos" [SI 68.361; diante dele, eles são 20 te. Por conseguinte, o ato do pecado (como é denominado pelos teólogos) i;.
siinultaneamente justos e injustos. em verdade, pecado no sentido de obra e fruto do pecado, pois o pec;i<li~ c111
E Deus é maravilhoso nos hipócritas; diante dele, eles são siiiiultanea- si é a paixão, a centelha e a concupiscência ou a propensão para o iii;iI r :i
iiicnte injustos e justos. dificuldade de fazer o bem, como diz mais abaixo: "Eu não conhecia ;I coii
Pelo fato dos santos estarem seinpre cientes de seu pecado e implorarem cupiscência como pecado" [Rm 7.71. Pois se elas "operam", então cltis i i : i i ~
; I justiça de Deus de acordo com sua misericórdia, eles também são sempre 25
são as obras propriamente ditas, mas operam para produzir fruto; c. 1~1ri;iii
considerados justos por Deus. Assim, para si próprios e, na verdade, são to, não são 0 fruto. Ein seutido inverso: assim como a nossa justiqii, ~ I I < '
iiijtistos, mas, por causa de sua confissão de pecado, Deus os considera recebernos de Deus como presente interior da graça, é a própria iiicliii;i<;iii
jiisios. Em verdade, eles são pecadores, mas são justos segundo o juízo do para o bem e o afastamento do mal, e as obras são os frutos dessa jiisiiy;~.
I)cus misericordioso; são justos sem o saber e coiiscientemente injustos; assim o pecado é o afastamento do bem e a inclinação ao mal, e as obrtis (10
~~ccadores de fato, mas justos na esperança. 12701 E é isso o que [Paulo] 30 pecado são os tmtos deste pecado, conforme se pode ver mais abaixo, c:il~í
cslá dizendo aqui: "Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoa- tulos 71.5s.l e 8[. ls.]. Tudo o que foi dito anteriormente deve ser coiiil)rc,cii
d:is, cujo pecado é coberto" [Rm 4.71. Daí seguem estas palavras: "Disse: dido como se referindo a esse tipo de pecado, como por exemplo: "l3ciii
i-oiifessarei diante de mim a minha injustiça [ao Senhor]" [SI 32.51 (isto é, aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas"; e tambéiii: "l)issc:
sc,iiipre terei em minha presença o meu pecado, porque o confesso a ti). E Confessarei diante de mim a minha injustiça ao Senhor" e "... sendo ;issiiii.
isso "e perdoaste a impiedade do pecado" [SI 32.51, não somente a mim, 35
iodo homem santo orará diante de ti" [Sl 32.1,5,6]; bem como: "l'ois ri!
iiins a perdoaste a todos. Disso seguem as palavras: "Sendo assim, todo conheço a minha iniquidade, e meu pecado está sempre diante dç i i i i i i i " I SI
Iii~iriemsanto orará diante de ti" [S132.6]. Observe-se que todo santo é um 5 1.31; e, 'de modo semelhante: "Pequei contra ti somente", etc. [SI 5 1 :I 1.
~>~,codor e ora por seus pecados. Assim, o homem justo é, em primeiro lugar, Pois é este o mal que, por ser verdadeiramente pecado, Deus, ao não i i i i l i i i i ; ~
lo, remite a partir de sua misericórdia para com todos os quc o rec~~iilicri.iii,
I I coiifçssain c o odeiam, e para com todos que anseiam ser curailos (lcl~.. li
" N o original: per naturum relativorum. Lutero se refere ao "ser de rclação" de Aristóteles,
dez categorias (praedicamenta) do filósofo, segundo o qual o relativo não pode
i i ~ i i i idas pur isso qtic. "Sc dissermos que não tcmos pecado, somos iiiciiiiros~~s" I I .Iii
cxirlii- sim o seu correlativo. 1.81. O erro coiisistc eiri pcnsar cluc c s ~ cm;il pode scr cur~ido~irl;isi i I i i : i ~ .
7.75
A Epístola aos Romanos

cima vez que a experiência dá testeinunlio de que, independentemente da rejeita o médico? Isso é o mesmo que querer ser justificado e ficar são I I ~ "
quantidade de bem que fizermos, iiela permanece a concupiscência para o suas próprias obras!
mal, seiido que ninguém está limpo e livre dela, nem mesmo, o bebê de Caso isso seja assim, então eu nunca entendi a questão do pecado r i I : i
apenas um dia de idade. Mas a misericórdia de Deus consiste em que esse graça ou os teólogos escolásticos não falara111suSicienteinente claro ;I isst.
ii~al,embora permaneça, não seja, entretanto, considerado como pecado para respeito. Pois eles sonham que, tanto o pecado original coino o ato do I X ' C : I
aqueles que o invocam e suspiram por sua libeitação. Pois tais pessoas, do foram inteiramente removidos' como se eles fossem coisas que po~li.iii
pacilrileiite,
: tomam precauções contra as obras, pois buscam ser justificadas ser removidas num piscar de olhos, assim conio as sombras são anol:i(l;i:.
com todo seu empenho. Assim é, pois, que, eni nós mesmos somos pecado- pela luz, cmbora os santos Pais antigos, Agostinhox1e Ambrósio", teiili;iiii
I-es,e, não obstaiite, Deus nos considera justos pela fé. Pois cremos naquele falado disso de maneira muito difererite, isto 6 , ao modo da Escritura. Aqiii
que promete libertar-nos, enquanto que, eritreinentes, [272] 110sernpcnha- les, poré,m, [isto é, os teólogos escolásticos] falam à maneira de Aristi,iclc.:
iiios para que o pecado não reine, mas possamos oferecer-lhe resistência em sua Etica, que baseou os pecados e a justiça nas obras, na sua execLiç;ii)
:ité que Deus o retire de nós. ou omissão. Mas o bem-aventurado Agostinho disse muito claramenlc i l i i c '
Isso é seinelhaiite a um enfermo que, acrcditaiido na proinessa do inCdi- "o pecado (a concupiscência) é perdoado no Batismo, 12741 não de i i i i ~ i l o
co que lhe promete saúde com absoluta certeza, obedece As suas ordens, lia que já não exista, mas no sentido de que ele não é mais imputado". E o hc;ii<~
esperança de alcançar a saúde prometida, abstendo-se daquelas coisas que Ambrósio diz: "Eii sempre peco, e por isso sempre vou coniungar". E, ciiiii
lhe foram proibidas para que, de modo algum, venham impedir a saúde pro- base nisso, eu não pude compreender, em minha estultícia, dc que moclir i.11
metida, aumcutando a doença, até que se cumpra a promessa Seita pelo poderia considerar-me um pecador igual aos outros e, assim, não ter [ircli.
iiiédico. Ora, acaso este homem eiiferrno estará são [durante o período de rência sobre todos os demais, muito embora eu tivesse me arrependiclii c .
convalescença]? Claro que não. Na verdade, ele está doente c sadio ao tivesse me confessado; pois naquele momento eu considerava que totliis <iL.
iiiesmo tempo. Ele está doente coin respeito ã realidade do fato, mas está meus pecados tinhain sido removidos e coiiipletamente siiprimidos, iiicsiiii~
sno por causa da promessa segura do médico, no qual ele crê e que o coiisi- intririsecai~iente.Pois. se eu devia equiparar-me com os demais pec:i<loi<.i.
ilcra coino alguém que está curado. porque está certo de que o irá curar; por causa dos pecados cometidos no passado, os quais, segundo dizeiii. ( l i .
pois elc já começou a curá-lo, não imputando a doença coino sendo para a vem ser lembrados sempre (e nisso eles ralam a verdade, embora nâo coiii : i
iiiortc. Da mesma fornla, o nosso sainai-itano, Cristo, ergueu um homem ênfase necessária), eu concluía, em meu pensamento, que esses pcc;iili,..
scinimorto, um doente seu, levou-o A hospedaria para que recebesse cuida- [passados] não tinham sido perdoados, embora Deus tenha pronieliclii 1111<'
dos e comcçou a curá-lo depois de lhe prometei- a rnais perfeita saúde ria seriam perdoados Aqueles que os confessam. Por isso eu vivia em ci~iil'liic~
vid:! eterna", Ele não lhe imputa seus pecados, isto é, seus desejos cobiço- comigo mesmo, ignoraido que o perdão, de fato, é verdadeiro, iii:is qiii' o
sos, para a morte, mas, nesse meio tempo, na esperariça da saúde prometida, pecado não é reinovido senão apenas na esperaiiça; ou seja, a sua ri,iiio(::io
~ , l clhe proibe de Iàzer ou deixar de fazer coisas pelas quais aquela saúde ainda está por acontecer e se efetuará pelo dom da graça que A j coiiii.y:i :I
p~deriaser impedida e seu pecado, isto é, sua co~icupiscência.pudesse au- remuvê-lo, de sorte que, Idesde já], ele náo é mais imputado como t : i I " ' . I ' a t i
iiieiitar. Por acaso, [este homem] será completamente justo? Não, mas é essa razão, não passa de puro delírio dizer que o homem pode aiii:ii. :i I 1i.11:.
\iiiiultaneamente pecador e justo; lia verdade, pecador, mas justo a partir da aciina de todas as coisas a partir de suas próprias foryas e realizni. :I\ olii:i'.
i.oiisideração e da promessa certa de Deus de que ele o libertará do pecado da lei segundo a substância do feito, mas não de acordo com as i i i i i i i y i ~ ~ ~ , .
:I(?tê-lo curado por completo. E assim ele está perfeitamente são na espe- daquele que deu o mandamento, pelo fato de não estar em estado (li. :l,~:iy.~
i:iii$s, mas, de fato, ainda é um pecador; todavia, ele possui o princípio da
jiisti$a. de sorte que continua sempre a buscá-la mais e rnais, sabendo-se " VV'icirna,
, .' p. 239, 11. 6.
siwipre injusto. Mas, se agora esse eiifemio, amando sua fraqueza, não qui- " Aniiihr<i,sir>.V. acinia, p. 741, n. 10.
s~.rcura nenhuma para sua doença? Acaso ele então não morrcrá? Assim " II>c:iciirdi>colii a d o u t r i n ~r<irnana,o pecado é eliminado atr;ivt.s do saciniiiçiilii. ' l . i r i i l x . i i i
;iciiiiiececom aqueles que seguem seus desejos [2731 cobiçosos no mundo. I .ilicii>e~itciidi:iipic, c<iiiie cuiiCissão do pecado, todo < esta<l»
i pecaniiiroso si.ii;i ; i I i ~ . i i l i ~ ,
0 1 1 sc alguém não se considera enfermo, mas pensa estar bem e assiin ;ilc;iiiy;i~idii-\c. :issiiu, i1111cslaiio dc 1iurc7a tiital. A g i r a , poréiri. clc r c c ~ ~ i l i c <(ii<'
cc l i i ' i i l ~ i c ~
ii,.i,ii.v.riiiJ ii%, C s i ~ i C i i i n i i<!c Eiiihore i, licril:i<iiIi.\i.ci<
i cliriiirieçL>i10 esr;iili>[>cc;i~nirii>?i>. .i

< I < , i i . LIII~I~I,ICL~SSIH<IC vicrrcdur:~,li) ~CT:L(/O, PO<IC-\C f i i l i i r C C I I clic,~in:~ç;~~)


i10 ( t ~ < . \ ~ t ~:1111.11.1,,,
o.
" 1 ' 1 . 1.c 10.25-15. Cf. acima, p. 248.12-21. iiii
##:i t'\l>cc~~lq;i ,\/,r.l.

276 ?. '7 7
A lipistola aos Romanos A Epístola aos Romanos

( 1 estultos, ó teólogos suínos!" Segundo seu modo de pensar, a graça só livre e desimpedido para que possa voltar-se exclusivainente a Deus. É por
\cria necessária por causa de uma nova exigência, acima e além da lei. Pois isso que 1s 41[.23] diz, rindo-se deles: "Fazei bem ou mal se puderdes!"
si: s lei pode ser cumprida a partir de nossas forças, como eles dizem, então Portanto, esta vida é uma vida de cura do pecado, não é uina vida sem
: I graça não é necessária para o cumprimento da lei, mas somente com pecado, onde a cura está concluída e a saúde já foi adquirida. A Igreja é a
visias ao cumprimento de uma nova exigência acima da lei, imposta por 5 5 hospedaria e a enfermaria dos que estÃo doentes e necessitam ficar sãos.
I 1cus. Quem pode suportar estas opiniões sacríiega~?~' Quando o apóstolo Mas o céu é o palácio dos sãos e dos justos. Como diz o bem-aventurado
i?,75] diz que "a lei suscita a ira" [Rin 4.1 51 e que a lei "foi enfraquecida [276] Pedro, I Pe, no último capítulo [sc. 2 Pe 3.131: "O Senhor construirá
11clacarne" [Rm 8.31, tambéin diz que ela certamente r i o pode ser cumpri- novos céus e uma nova terra onde habitará a justiça". A justiça ainda não
i1:i sem a graça. Eles pocliam ter chamado sua própria atenção para a supre- habita aqui, mas, neste ínterim, está preparando um lugar de habitação para
i i i i i estultícia desse seu modo de pensar, sendo levados a envergonhar-se e lu 10 si ao curar os pecados. Segue-se que todos os santos tiveram essa compre-
:irrcpender-se, ao menos, por exemplo, por sua própria experiência. Pois' ensão do pecado, assim como profetizou Davi no Salmo 3 I [sc. 32.51. Dessa
qucirani ou não admiti-lo, eles reconhecem em si próprios os desejos perver- forma, todos eles confessaram ser pecadores, como fica claro nos livros de
50s. Por essa razão eu digo: "Ah! Mexam-se, iinploro-lhes. Se.jaii homens! Sto. Agostinhox6.Nossos teólogos, porém, dobraram a discussão sobre o
'1'~ihalhemcom todas as suas forças para que esses desejos já iião estejam pecado, fazendo-a versar apenas sobre a questão das boas obras. Eles to-
lriscntes em vocês. Provem o que vocês dizem: que é possível amar a Deus 1s 's maram a iniciativa de ensinar somente aquelas coisas pelas quais se poderi-
' ~ ~ ~todas i i i as nossas forças' por via natural, isto é, sem [o dom da] graça. am salvaguardar as boas obras, mas não como se deve suspirar, humilde-
~?ii:iiidovocês estiverem livres de desejos cobiçosos, acreditaremos em vocês. mente, para buscar a graça que cura e reconhecer-se pecador. Assim, ne-
Si. vocês, porém, viverem com eles e neles, então vocês já não cumprem cessariamente, enchem os homens de soberba, que já se consideram perfei-
iiiziis nem a lei". A lei diz: "Não cobiçarás" [Ex 20.171, mas "Amarás a tamente justos ao terem realizado certas obras exterioi-es e, de modo algum,
I )i.iis" [Dt 6.51. Pode, porventura, alguém realmente amar a Deus quando 20 20 se afligem por declarar guerra a seus desejos cobiçosos através de um sus-
(.I<.nrna e deseja alguma outra coisa? Como, porém, esta concupiscência pirar incessante ao Senhor. E por essa razão que, agora, na Igreja, há tantas
rii(i sempre em nós, o amor de Deus jamais está em nós, a menos que ele recaídas após a coiifissão, pois as pessoas ignoram que precisam ser
.
,, j.1, iniciado pela graça. Enquanto isso, a concupiscêricia, que ainda perina-
justificadas, antes, porém, acreditam plenainente que já foram justificadas; e
iii.cc e por causa da qual ainda não "aniamos a Deus de todo nosso cora- assim elas são arruinadas pqr seu próprio senso de segurança sem qualquer
~;:III", é curada e, pela misericórdia, não nos é imputada como pecado, até 25 2s esforço por parte do diabo. E isso que significa estabelecer a jusliça a partir
i~iicseja completamente reinovida e o perfeito amor de Deus seja concedido das obras. Embora implorem a graça de Deus, eles não o fazem correta-
: i i i \ crentes e àqueles que, com persistência, lutain por ele até o fiin. mente, pois, apenas, buscam o perdão por um ato isolado de pecado. Cont~i-
Todas essas barbaridades provieram do fato de que eles não sabiam nem do, aqueles que verdadeiramente pertencem a Cristo, possuem o espírito dc
I) q~ic era pecado, nem o que era remissão [de pecados]. Pois eles reduziram Cristo e agem corretamente, mesmo que não coinpreendam o que acaba-
o 1)ccado e a justiça a alguma atividade muito diminuta da alma. Pois disse- 30 3" mos de dizer; pois agem antes de ter compreendido e, na verdade, comprc-
I : I I Ique,
I uma vez que a vontade possui esta força divina, "ele se incliiia", endem mais a partir da vida do que a partir da doutrina.
i.iiihora, debilmente, "para o bem". E sonham que esse movimento diminuto
i ~ i direção
i a Deus (do qual o homem é capaz por natureza) é um ato de [286,111Corolirio
:iiii:ir a Deus sobre todas as coisas! Mas faça-se uma inspeção cuidadosa
(10 liornem, como ele está tomado até o pescoço por esses desejos cobiçosos 35

I :il)csiai-daquele movimento diminuto). Alei ordena que ele esteja totalmente

tiça e o pecado não se referem à mãe qÜe concebe e gera até dar à luz, iii:is
Nii iiriginal: O Suwtheoiogen! Cf. acima, pp. 244,35-245.2.
''I i criança que é concebida e gerada. E como se o salmista dissesse: "Eis qiii.
' I iiicro se opóe veementemente aos neutrules, que interpõem o "bem moral" cntl-e o
de fato (quod subutrintia facti), não o entendendo como pecado. Para Lilieir>.
~~i'c;icii> .~ ~~~ -~ ~.~
~ , < > i C i i inão
. existe cumprimento da lei fora da fé. Tudo o que acontece fora ilçl:i I: I .iiicri>. ~iriiv:ivclnicntc,cstqi:i sc rcfcl-inilc 3s "Coiifissóes" de Agosliiiho
h,,

111~1~~rrisi;~. " I)? :ici,iili>~ . < , I I I;i ir:iiiiic:<! ilc .loZi>i<ciicliliii.


278
;\ 1:pistola aos Romanos A Epíst<ilaaos Ronianos

i~ii;iiidofui concebido eii me encontrava em uin estado de injustiça diante de pelo fato de eles afirmarem que [justiça e injustiça] são qiialidades da alma,
l i : cu não era justo, porque, através de Adão, eu perdi a justiça, sendo assim etc. A "jusliça" da Escritura, porém, depende mais da imputação de Deus do
i~oiicebidosein ela. Pois tu consideras injustos todos os que são concebidos que da condição [do ser humano]. Pois não possui justiça aquele que apenas
Iioi causa do pecado que, ali, é transferido, inclusive, quando os pais não é dotado de alguma qualidade; antes, pelo contrário: esse é totalmente peça-
~~i,caiii". E "em pecado" quer dizer que foi com a isca ou centelha do peca- 5 5 dor e injusto. Só possui a justiqa aquele que Deus "misericordiosamente"
ilo. com um desejo cobiçoso que "me gerou minha mãe". Ora, quem peca considera justo por causa da confissão de sua própria injustiça e pelo fato dc
i i i i i ~t. a mãe que gera a criança; peca (ou se.ja, é pecador), porém, o filho que ele clamar pela justiça de Deus, c aquele que Deus quer que seja tido coiiiii
t: gerado. Em todo caso, o salmista não está confessando o pecado de outra justo junto a si. Portanto, todos nós nascemos e morremos eiu iniquidade, isto
pL,ssoa, iras o seu próprio, e não soineiite ueste versículo, mas também nos é, na injustiça; somos justos, porém, unicamente pela imputação de um Deus
i~icccderites,onde ele sempre utiliza termos como "meu", "do meu", "aos 111 lu misericordioso através da E cm sua Palavra.
iiicris" ou "pelos meus" e "minha"88. Contudo, a rarâo de ele não falar,
iiiste versículo, de "aos meus", "pelos meus" ou "meu", deve-se ao fato de 1289,141 De [tudo] isso fica claro que, a partir de sua própria substância
i111': o pecado, no qual também ele diz ter sido concebido, é comum a todos. e naturera, o pecado venial é nulox\ sendo que tanipolico existe nele algum
I cle assevera que o pecado que é de nós todos, agora, tambéiii se tornou mbito. Isso ocorre pela seguinte razão: uma vez que a centelha do pecado e
<.i.ii.Por isso, ele se adiantou, dizendo anteriormente: "Lava-me completa- 15 15 da sensualidade oferecem resistência às boas obras, também elas são feitas
iiiciite da minha iniquidade", etc. Há ainda uma outra razão: seu pecado é sein possuírem toda a iiitensidade e a pureza requeridas pela lei, visto nâo
\(.ti e, ao mesmo tempo, não [287] é seu. Por isso, ele não disse "ern minhas serem realizadas com todas as nossas forças, mas somente, a partir das
i i iiclüidades", mas sim "ein iniqüidades", querendo significar qiie essa iniquidade forças espirituais que se defendem contra as forças da carne. Em vista dis-
t.siste mesmo que eu não a cometa ou não tenha consciência a seu respeito. so, portarito, nós pecamos mesmo quando fazemos o bem; e iião seria de
I:,ii sou concebido nela e não a causei. Ela começou a reinar ern inirn aiites 2'1 20 outro modo, a não ser que Deus, através de Cristo, cobrisse essa impcrfei-
iiii.siiro de eu começar a existir, e de forma simultâiiea cornigo. Pois, se se çâo e não a imputasse a nós. Por coiiseguinte, aquelc pecado se toma venial
ii;ii;isse somente do pecado dos pais que ine geraram, então, de qualquer pela niisericórdia do Deus que não o imputa, por causa da fé e do suspiro em
iiii>clo,eu não teria sido concebido nele, pois eles teriam pecado antes de eu favor dessa iiiil~erfeiçãoassumida em Cristo.
, . i concebido.
~ Por conseguinte, essa iniquidade e pecado eram e não erain Assim, aquele que pensa que deveria ser tido como justo a partir de suas
iiii.iis; fui neles concebido mas não consenti coiu eles. Mas agora se torna- 25 2s próprias obras é mais do que tolo, uma ver que, se elas fossem oferecidas
I : I I I I imeus. Pois agora eu compreendo que faço o 11x11e o faço contra a lei. A corno sacrifício para o juízo de,Deus, elas, aiiida assim, seriam pecados c
1c.i ordena: "Não cobiqarás" [Ex 20.171. Se eu não preservo a lei, já estou ein seriam descobertas como tais. E como diz o Salmo 35[sc. 36.31: "Porque
~~~'i';i<lo, e eis que cobiço. Por conseguinte, agora o pecado também passou a agiu dolosamente .?I sua vista, de sorte que sua iniqüidade há dc ser desco-
,>ri-iiieu, ou seja, ele foi aprovado por minha vontade e aceito com meu berta e detestada"; ou seja, diante de Deus e no interior de seu própi-io
<.i~iisciitimento, porque sem a graça fui incapaz de vencê-lo dentro de mim; 30 30 espírito havia dolo e não a verdade da justiça, ainda que diante dos sercs
1101 isso ele me venceu e, por meio daquela mesma centelha inflamável e humanos ele ostente justiça em suas ohras. Pois ele não pode ser justo no
iliscio cobiçoso, eu mesmo também sou, agora, por causa da [minha] obra, seu interior sem a misericórdia de Deus, já que é corrupto por causa tl;i
i i i i i pecador através da minha ação [consciente], e não só [pelo pecado] centelha do pecado. Dessa forma, haverá iniquidade em sua justiça, isto C.
oi igiiial. Foi por isso que eu disse "Pois eu conheço a minha iniquidade" [Sl até mesmo suas boas obras sâo injustas e são pecado. Não se encontra esi:i
'3 1 ..{I, t 2 C . 31 3s iniqLiidade naqueles que crêem e clarnain a Deus, poi-que Cristo ?s socorrc
com a plenitude da sua pureia, cobrindo csta sua imperfeição. E isso q ~ i c
eles também pedem e esperam dele, ao passo que os outros não pedeiii ;i
plenitude, mas consideram, presunçosamente, qiie já a possuem.
N;i Esaitura,interpretam-se os termos ')jiistiça" e "injustiça" de iim rnodo
iiiiiiio iliierente daquele aceito pelos filósofos e juristas. Isso se maniksta 1"
A I:pi\tola doi Romanos A Epístola aos Romaii<is

[298,21] Através de quem obtivemos acesso pela fé [Rin 5.21 fazer e sofrer tudo que podemos na fé em Cristo. E, não obstante, em todas
essas coisas devemos confessar que somos servos inúteisg0,crendo que
O apóstolo conjuga de maneira extremamente útil as duas expressões somente através de Cristo temos as condições suficientes para aproximar-
"através de Cristo" e "pela fé", assim como também fez acima com ''somos nos de Deus. Pois em todas as obras da fé trata-se exatamente disso: que
jiistificados a partir da fé (...) através de nosso Senhor" [Rm 5.11, etc. Em 5 sejamos demonstrados dignos de Cristo e de sua justiça como nosso refúgio
psimeiro lugar, sua afirmação dirige-se contra os presunçosos que acreditam e proteção. "Portanto, uma vez que somos justificados a partir da fé" e
lioderem aproximar-se de Deus sem Cristo, como se fosse suficiente ter nossos pecados são perdoados, "temos acesso e paz", porém "através de
crido; querem. assim, ter acesso apenas pela fé, 1120 através de Cristo, mas nosso Senhor Jesus Cristo". Isso também se aplica aqueles que, segundo a
siin. ao lado de Cristo, como se não carecessem de Cristo mais tarde, depois teologia mística, perseveram nas trevas interiores, omitindo todas as ima-
iIc aceita a graça que justifica. Agora há muitas pessoas que, a partir das 10 gens [300J da paixão de Cristo, querendo ouvir e contemplar o próprio Verbo
i~l~sas da fé, também fazem para si próprias obras da lei e da letra, quando, que não foi criado, sem que antes os olhos de seu coração tenham sido
11.iidorecebido a fé pelo Batismo ou pela penitência, acham que são pesso- justificados e purificados através do Verbo encarnado. Pois para a pureza do
:iliiiente agradáveis a Deus mesmo sem Cristo, quando, na verdade, amhas coração faz-se necessário, primeiro, o Verbo encarnado; só então, quando
:is coisas são necessárias, a saber, ter a fé e, todavia e, ao mesmo tempo, se tem essa pureza, é que, através desse Verbo, é-se arrebatado na Palavra
1~1ssiiir Cristo eternamente como nosso mediador nessa mesma fé. Daí ler- 15 incriada através da anagogia. Mas quem é que se considera tão puro, a
iiios no Salmo 90[sc. 91.11: "Aquele [2991 que habitano auxílio do Altíssiino, ponto de ousar aspirar a isso? [Isto só é possível àquele] que é chamado e
p~inanecerásob a proteção do Deus do céu". A fé constrói o lugar de arrebatado por Deus, junto com o apóstolo Paulo, e "seja arrebatado com
Ii:ihitação, mas é Cristo quem dá aproteção e o auxilio. E mais abaixo lemos: Pedro, Tiago e seu iri~llãoJoão" [cf. Mt 17.lss.]. Em resumo: esse arrebata-
"('obrir-te-á com os seus ombros e sob suas asas esperarás" [SI 91.41; e em mento não é chamado de "acesso".
M1 41.21: "Para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça e a :u
i:ilvação nas suas asas"; e no Salmo 30[sc. 3 1.2s.l: "Sê para mim um Deus Nas trihulações [Rm 5.31
Iwotetor e uma casa de refúgio" (isto é, um lugar de habitaçã?); e, de ilovo,
iio Salmo 89[sc. 90.11: "Senhor, til tens sido o nosso refúgio". E dessa forma, A partir deste texto revela-se, claramente, aquela distinção relativa a uma
l)~~ri;into, que o apóstolo explica estes e todos os testemunhos semelhantes dupla ira e a uma dupla misericórdia de Deus, assim como a uma dupla
lil;i Escritura], junto com muitas outras expressões figurativas da lei. Mas 2s tribulação. Pois existe um tipo de tribulação que provém de sua severidade,
Iiitjc em dia, os hipócritas e os legalistas se incham de urna soberba terrível: e outro, de siia benevolência. Por sua própria natureza, aquela tribulação que
11clofato de crerem em Cristo, já julgam que estão salvos e são suficiente- vem de sua benevolência só pode produzir coisas excelentes, como vemos
iiiciitc justos por sua própria conta; e não se considerain mais injustos e no que se segue aqui, ainda que, por um acidente, ela possa operar algo
iiilos. E o que é isso senão rejeitar a proteção de Cristo e querer aproximar- diferente; isso, porém, não ocorre por um defeito seu [de Deus] e sim, por
\<.clc Deus apenas a partir da fé, não, porém, igualmente, através de Cristo? 318 causa da fraqueza daquele que é atribulado, pois ele ignora a natureza da
I )c Iito, nesse caso, não se trata mais de verdadeira fé, mas, somente, de tribulação tanto em seu poder como em seu funcionamento. Antes, ele a
I I I I I : ~i2 aparente. O mesmo se dá com o por-do-sol: nele, os raios do sol e a julga e avalia segundo seu aspecto exterior, ou seja, de forma errada, já que
I i i / do sol se põem juntos. Aquele, porém, que é sábio não supervaloriza a luz ela deveria ser adorada como a própria cruz de Cristo.
:Ii;iI 1x)ntode não mais necessitar do sol; antes, ele deseja ter o sol e a luz ao
iiicsiiio tempo. Por conseguinte, eles se aproximam de Deus através da fé e
II:III, ;io mesmo tempo, através de Cristo; ou melhor, afastam-se dele. Em
\i.l:iiiido lugar, [o apóstolo] se dirige contra aqueles que andam seguros de- Quaisquer que Corem as características que a tribulação encontra, ela as
iii:iis através de Cristo, sem considerar a fé, como se viessem a ser salvos potencializa. Dessa forma, se alguém é carnal e fraco, cego, mau, irascível.
:iii:iv&sde Cristo, de tal modo que eles próprios não tivessem de fazer nem arrogante, etc., quando sobrevém a tentação, ele se torna mais camal, mais
iiii~sii-;irliada acerca da fé. Os primeiros têm fé em demasia; os últimos, de
o i i l r : ~ parte, não têm fé alguma. Por essa razão, é preciso que aconteçam as
clii;is ci~isiis:"através da fé" e "através de Cristo", de sorte que dcvcinos
A I :piloia
~. aos Romdnos A Epistrila aos Koiriani>s

I i:ico, irais cego e pior, mais irascível, mais arrogante, etc. Por outro lado, sc e sofrimento do que os pontífices e os juristas? Sim, quem busca mais do qlic
:ilgiitm é espiritual, bravo, sábio, bom, manso e humilde, ele se toma tanto eles as riquezas, a volúpia, o ócio, as honras e as glórias?
iii:iis espiritual, mais bravo, mais sábio e melhor, mais manso e mais humilde,
ti~iihrmelemos no Salmo 4[. I]: "Tu me deste espaço na tribulação". Mas,
1111 que diz respeito ao outro tipo de pessoas, Mt 71.271 afirma: "Vieram os 5

I ii17 e os ventos e derain com ímpeto contra a casa, e ela desabou, sendo Ninguéiii devc duvidar disso: quem 1120 quer sofrer tribulação não é neni
~t,r;indea sua ruína". inesnio cristãoomas sim, um turco e um inimigo de Cristo. Pois aqui o após-
tolo está falarido de todos riós ao dizer: "Gloriamo-nos [em nossas tribula-
2 ções]", etc. [Rni 5.3.1. Em At 13[sc. 14.221 lemos: "Através de inuitas tribu-
10 lações lios ir~iporta",etc. Ele diz "nos impoita", e não "nos acontece", "para
Falam de inaneira estulta as pessoas que atribuem sua ira ou sua impaci- nós pode ser" ou "nos agrada". E em 1 Pedro [1.61 está escrito: "Ainda que
riicia Quilo que Ihes causa tropeço ou tribulação. Pois a tribulação não torna agora seja necessário que sejais atribulados um pouco ern várias coisas",
iiiiin pessoa impaciente, mas, apenas, revela que ela foi ou é impaciente. Por etc. Elc diz "é necessário", ou seja: de nenhum inodo irá ocorrer de maneira
isso. a partir da tribulação, uma pessoa passa a descobrir que tipo de pessoa diferente.
i.I:i 6 e quais são as suas características iriteriores, assim como alguéin sente 15

ciiccgas no lugar que irais lhe dá prazer, etc. Mas deve-se observar:

3 H i dois gêncros de iiiiiiiigos da cruz de Cristo. O prirneiro gênero é o de


tipo violento e o seguiido, o de tipo astucioso. Os [inimigos] violentos são
São rudes, pueris e até hipócritas aquelas pessoas que veneram as relí- 20 aqueles que, por incio da força, illicrern csvaziar todo o eieito da cruz de
i1iii:is da santa cruz com a mais alta honra exterior, inas fogem de suas Ci-isto; eles atacam c«ni t o d a as suas fileiras; são aqueles que buscam
liiliiilações e adversidades, detestando-as, inclusive, como algo aboininável. vingança coiitra quein os ofiinde e 1120 estáo disp«stos, nerii são capazes de
Isso é evidente, pois, na Escritura, as tribulações são chamadas apropriada- ficarem quietos até serem vingados. Esses caem em muitos iiiales, tais como
iiiciite de cruz de Cristo, 1 Co 1[.17]: "Para que não se esvazie a cruz de o ódio, as calúnias, as injúrias, a alegria diante dos males que atingem seu
('risto"; "Quem não toma a sua cmz e vem após mim" [Mt 10.381;GI 5[.11]: 25 próximo e a tristeza com sua bwa sorte.
"I'oi- que sofro ainda a perseguição? Logo está esvaziado o escândalo da Mas os inimigos astuciosos sZo aqueles que desertaiii da cruz por meio
<.iiiz3';e Fp 3[. 181: "Digo chorando que eles são inimigos da cruz de Cristo". da fuga, ou seja, aqueles que náo querem dizcr a verdade para ninguéin neiii
Ahsiin é. Contudo, nossos teólogos e pontífices de hoje entendem que "inimi- praticá-la, iras procuram agradar, lisonjear e adular a todos e náo ofendcr
p i ~ sda cruz de Cristo" não são ninguém mais além de turcos e judeus, assim ninguém, ou, entao, retiram-se paraviver com segurança na solidão (ao menos
<iiiiioos teólogos de Col6nia 13021 fizeram contra João Reuchlingi e como, 311 por essa raráo). O apóstolo se refere a tais pessoas em G1 h[.121 quando d i l :
i:iiiihém, o fazem as bulas apostólicas e as glosas dos juristas. "Pois todos os que querem agradar ria carne. esses vos constrangem a cluc
I'urém, eles é que são, a rigor e de maneira inais própria, "os iiiimigos da vos deixeis circuncidar, someiite para não sofrerem a perseguição da criiz
<.riirde Cristo". E é verdade que somente os amigos da cniz são seus inirni- de Cristo".
j3iis,de acordo com aquela passagem do Salino 37[sc. 38.111: "Os meus
:iiiiigos e companheiros afastam-se de mim"; "E aqueles que me louvavam 35 13031 Observe-se:
~~i;igiiqjavain contra mim" [SI 102.81.Pois quem odeiarilais aturar trihulaçâo
Esse clímax ou essa gradação também acontece de rnodo invcrso icliic'~
les que não se encontram nessa graça, ou seja: essa tribulação causa a iiiilxi
' Iihii;i i~i:iiiilestaçáiidos teólogos de C o l h i a contra os judeus encontra-se. por exeniplo, no ciêucia; a impaciência, por sua vez, causa a rejeição; a rqjeiqão. pori.iii.
~wcl:iciii<Ic um escrito de Amold von Tungen, intitulado "Altigo ou palavras sobre o causa o desespero; e o desespero, a tristeza ctenia. E dessa foi-nia, lios l i i i i .
I:iv~irci.iiiicnto ~uspeitodos judcus, do livrinho alemão do scnhor Joúo Reuchlin . " . de o ódi« de Deus será dei-ramado (isto E, recoiihecer-sc-á quc jli foi-:i ilci-i-:[
I'i I.'. Ncsic lcnli>, iis,judeus FZO considcrud<)s"ca~hnrrosinfiiis ç inimigos dii noiiic dc
( '1 ,\i,>".
iiintl(~qii;iiido çstc cítlio clicgni-no lxiiito ciiliiiiiinirtc) ciii sciis cor;ic;ircs :iIi:i
2x4
A lipistola aos Romanos A Epístola aos Romanos

vCs do espírito mau a cujo domínio foram entregues, etc. Por isso eu disse tudo, ele não prova ninguém a não ser por meio do fogo da tribulação, con-
clue a pessoa impaciente ainda não é uma pessoa cristã, ao menos, diante de forme Salmo 16[sc. 17.31: "Tu me examinaste no fogo, e nenhuma iniqüidade
I>clis,pelo fato de ter sido rejeitada através da tribulação. encontrou-se em mim". Há também apassagem de Eclesiástico [Sir 44.161:
Daí conclui-se o seguinte: uma vez que, em muitas passagens, o Senhor "Ele agradou a Deus (...) e foi achado justo"; e mais uma vez: "Aquele em
recebe o nome de Salvador e Ajudante nas tribulações, aquele que não esti- 5 s quem não se achou mácula alguma" [Sir 3 1.81. Da mesma forma, lê-se no
vcr disposto a sofrer tanto quanto for capaz, priva este mesmo Senhor dos Salmo lO[sc. 1 1.51: "O Senhor prova o justo e o ímpio", etc. Em consequên-
iiitilos e nomes que lhe são próprios. Assim, o Senhor não se tornará Jesus cia, ninguém chega a essa provação a não ser através da paciência. E essa
11:ira essa pessoa, isto é, não será seu Salvador, por ela não querer ser con- provação acontece para que sejam abertos os olhos e cada qual possa ver a
ilcirada; tampouco se tornará Deus e criador para ela, pois ela não quer ser dispos&To do seu próprio coração, isto é, conhecer a si mesmo e descobrir
0 irada, cujo criador ele é. Deus não é poderoso, sábio, bondoso para nin- 10 10 se ele realmente ama a Deus por causa de Deus, o que Deus sabe sem
j:i16111 que não queira carregá-lo em fraqueza, em estultícia e na coiidição de nenhum teste. Assim, lemos no Salmo 137[sc. 139.23s.l: "Prova-me, ó Deus
<~iicir:merece condenação. e conhece o meu coração" (isto é, faze coin que seja conhecido também a
i mim). "Interroga-me e conhece as minhas veredas, e vê se há em mim
Mas a paciência [Rm 5.41 algum caminho iníquo, e guia-me pelo caminho eterno". Esta passagem ex-
i
li
11
I 15 pressa de forma bela a causa pela qual Deus atribula os seres humanos, com
Observa-se a distiiição existente dentro da impaciência e a graduação da o fiin de prová-los, isto é, de torná-los experimentados e aprovados através
iiicsma a partir dos graus de ira que o Senhor [indica] em Mt 51.211, ao I da paciência. Isso porque:
i,xplicar o mandamento "Não matarás". Sendo a iinpaciência a causa da ira, Se Deus não nos examinasse por meio da tribulação,
( I ckito de anbas é o mesmo, a menos que alguém separe a iinpaciência da seria impossível que qualquer ser humano viesse a ser salvo.
ii-;i. Nesse caso, a sua gradação é mais uma questão interna do que externa, 20 20 A razão disso é que nossa natureza encontra-se tão profundar~lente
~ii'isuma pessoa impaciente não é pacienle em coisa algiiina. Em relação à eircurvada em si mesma por causa da culpa do primeiro pecado que ela não
p:iciência, porém, o apóstolo mostra uma graduação muito clara, distinguidos só se apodera dos excelentes dons de Deus, àesfmtando-os (como fica evi-
C.OIII muita habilidade por Batista Mantuanusu2,no último capítulo de seu dente no caso dos justiciários" e hipócritas), usando o próprio Deus para
l~iiiireirolivro. O primeiro degrau 13041 consiste em que se suporte tribula- conseguir [tais dons] e não se dá conta de que ela pi-ocura alcançar todas as
c'<~cs, porém com relutância e com a intenção de, preferencialmente, estar 2s 25 coisas, sim, até o próprio Deus, só para proveito próprio, de forma tão iníqua,
livrc da tentação. O degrau seguinte, o médio, consiste em haver disposição encurvada e depravada. E como declara o profeta, Jr 17[.9]: "Depravado e
11:i'n suportar as tribulações com alegria e boa vontade, sem, no entanto, inescmtável é o coração do ser humano; [305] quem o conhecerá?' Ou seja:
~in~curá-las. O mais alto grau, porém, consiste em desejar, buscar e provocar [seu coração] está tão curvado em si próprio que nenhum ser humano, por
;is iribulações como se elas fossein um tesouro. Para este caso aplicam-se mais santo que seja (à parte da tentação), pode sabê-lo. Por isso, o Salmo
; 11:llavras
i "gloriaino-nos nas tribulações" [Rm 5.31, bem como aquela pas- 30 30 18[sc. 19.121 declara: "Quem há de compreender os próprios delitos? Lim-
s;iEcin de Gl61.141: "... é necessário, porém, que nos gloriemos na cruz de pa-ine dos que me são ocultos", etc. E o Salmo 31[sc. 32.61: "Por essa
iiiisso Senhor", etc. razão, todo santo te farií súplicas no tempo oportuno". Mas a Escritura de-
signa esse defeito com um termo muito apropriado", Aon, isto é, iniqüidade,
Mas a provação [Rm 5.41 depravação, tofluosidade. E no seu primeiro livro, na 1" inquirição, o Doutor
31 35 das sentença^^^ trata deste assunto de forma exaustiva, quando fala a res-
"l'rovação" deve ser entendido aqui em sentido positivo, a saber, como o peito da fmiçxo e do uso [das coisas] e a respeito do amor da amizade e do
id>jctivoda tribulação, que se busca através da tribulação. Pois Deus não amor da concupiscência. Por esse motivo, se antes dissemos que a iniquida-
:ii.iii:i como justo ninguém que ele, antes, não tenha testado e provado; con- de é a própria impaciência ou, ao menos, a causa da mesma, concluiremos

8 lirrii\io
., Munluanus, poeta carmelita muito lido. Segundo o depoiinento de Lutero, este foi o "'N o original: i~isticiuriis - aqueles que se justificam a si mesmos através das obras.
iiiiciro prleta lido por ele. Areferência do reformador encontra-sz na obra Patietitiu, 1,32, "'I "Scritcn~ns"sâo chamadas as rnanifestaçócs dos Pais da Igreja. Seu principal colecionador
,I,, [,c,cl:,, ( I 100-1160).V. acima, p. 241, n. 10.
Il,i I'cdrci L.~iiiih;ir~l~~
A Ilpistola aos i<o!nanos A Epístola aos Riiiixiiios

1;iiiibém o inesmo acerca da tortuosidade; também esta é, necessariarnenle,


iiiiiniga da cruz, uma vez que a cruz mortifica tudo o que nos é próprio, mas corpo corno da alma e de todo o ser humano, interior e exterior. Ainda, poi-
:iqiiela [isto é, a tort~iosidadelvivifica a si mesma, juntainente coin tudo que ~Tma,e como se tudo isso não bastasse, ele também é a próprka propens5o
I: seu. Por conseguinte, o todo poderoso Deus, após ter justificado a pessoa
para o mal, uma aversão ao bem, uma rejeição da luz e da sabedoria e,
[dizeiido-o] positivamente, uinapredileção pelo erro e pelas trevas, uma fug;i
i. concedido seus dons espirituais, imediatamente, a atribula, a exercita e a 5
5 e abominação das boas obras, uma marcha rumo ao mal. E como está escri-
i.xnrniiia, a fim de que aquela sua natureza ímpia não se precipite sobre as
i.oisas para desfrutá-las, visto serem elas muito agradáveis, estimulaiido for- to no Salmo 13[sc. 14.31: "Todos se desviaram e, ao mesmo tempo. se torna-
ii.iiiente a fmição, a iiin de que, por causa de tamanha ignorancia, riáo venhri ram inúteis". E em Gn 81,211: "Pois o selitido e o pensamento do coração
:I sc perder eternamente. Pois o ser humano aprende a amar e a adorar a
humano estão propensos ao mal". Pois Deus não odeia e imputa somente
essa privaçgo (mesmo que muitos vivam esquecidos de seu pecado e não o
I )cus de forma pura, quando ele não ama a Deus por causa da graça e dos li]
111 reconheçam), mas também, a concupiscência universal, pela qual nos toma-
<loiis,mas, tc?osomente, por causa do próprio Deus. E assim que "ele açoita
; I iodo filho a quein recebe" [Hb 12.61. Se não procedesse assimo o filho
mos desobedientes ao mandamento "Não cobiçarás" [Ex 20.171. E como
L3131 o apóstolo discute dc maneira extremamente clara, abaixo, no cap.
i:ipidatnei~teseria arrancado de casa pela doçura de sua recente herança, I
7Ls~c~.R~in7.71, pois este mandamento lios mostra o nosso pecado, como
<I;ir-se-iaa excessos e Iiixúrias no desfrute tla graça recebida e ofenderia I
afirma o apóstolo: "Não teria eu conhecido o desejo da cobiça, se a lei náo
i i pai ~ mais gravemente do que antes. i
I'or conseguinte, seguindo uma ordem muito clara, o apústolo diz: "A 15 dissesse: 'Não cobiçarás"'.
Por conseguinte, tudo é exatamente como &sseram corretamente os santos
iiil->ulaçãoproduz a paciência, mas a paciência a provação", isto é, ela i'ai 1
Pais antigos" : O pecado original não é outra coisa senão a própria centelha
, . I I I I I que sejamos exl~erimentadose aprovados.
[do pecado], a lei da carne, a lei dos membros, a fraqueza da natureza, 0
1.1121 O que é, pois, o pecado original? [Rin 5.141
tirano, a doença original, etc. Pois ele é semelhante a um doente cuja enfer-
?o midade mortal não consiste no Fato de, apenas, uin de seus membros ter
1:iii primeiro lugar, conforme as definições refinadas dos teólogos
perdido a saúde, mas que, além de a ler perdido em todos os seus meinbros,
~.si.i~láslicos",o pecado original é a privação ou a carência de justiça origi- a fraqueza tomou conta de todos os seus sentidos e suas Forças. Como se
i1:i1.Segundo a sua opiniáo, a justiça está presente, apenas, de forma siit~je- isso não bastasse. acrescenta-se ainda a aversão aquelas coisas que são
saudáveis, bem como o anseio pelas que são prejudiciais. Consequentemen-
liv:i lia vontade: é, portanto, também o contrário, ou seja, a falta desta justi- .
2 25 te, essa enfermidade é aqiiela Hidra de muitas cabeças, um monstro extre-
,,,;I. Ilsta é a argumentaçzo da categoria de qualidade, de acordo coin a
I .~igicae a Metafísica. mamente pertinaz, com o qual lutamos no Lemay7desta vida até o dia da
Ilin segundo lugar, porém, conforme o apóstolo e a simplicidade com que morte. Aqui está [agindo1 C é i - b e r ~aquele
~ ~ , [cão] ladrados indomável, e
( 'i.ihlo Jesus o define, o pecado original não é soiilente a carência de qualida-
Anteuyy, que foi invencível enquanto permaneceu na terra. Em nenhum au-
iin vontade, e. a rigor, nem mesmo, é apenas urna carência de luz no
tor encontrei uma explicaçáo táo clara a respeito do pecado original como
30 em Geraldo Groote'O0,ri« tratado "Bem-Aventurado o ser humano", no qual
iiiiclecto, de poder de memória. E, antes de tudo, carência absoluta, uina
1 " i\,;iqZo de toda e qualquer retidão e poder de todas as forças, tanto do
ele não fala como um filíisofo arrogante, mas como um teólogo sensato.

" I .iilci-i1rcfecc-se eni especial a Pedra Lomhardo. Paulo de Burgo obscrva que o pecado O% cita@o C uma romulação de Pcdro Lombardo (i1Sent. dist. 30) v . aciina, p. 241, n. 10.
igiiial náo t' 'proprianiente uma deficiência", porém, apcnas, um hábitu cornipto, chama- - reproduzindo basicamente um conceito de Agoitinho, em quem Lutero pçnsa, ein cspc-
i l i i iIc pccado pelos prufcssores da "centelha" vbmcs). Biel cxplica, scgundo Aiiielmr,, que
cial, quando screfere aos Pais antigos. Cr. aciina, p. 245,1719.
.i oiigcm do pecado original está na qualidade mórbida da carne, através daqual éproclurida
"'Local habilado pela Hidi-a abatida por Hérculcs, da niitologia grega.
" Mrinstro da mitologia grega. reprcsenlado por um çáo dc três ou cinco cabeças, c<iniser~icliics
IIIII;~oiiira qualidade mórbida por «c&siZoda criação da alma, qual seja, a cuncupi.rcilita.r,a
,Iihl~ihiçXoe it capacidade p m p e c x . Segundo a cicolásticn, ajustiça é uni iioizumsiiperudituiii, bn>wndi>de seu corpo. Gtiardav:~a poita do inferno c nãri deixava mais sair ilueiii I5 e~iIi.issi'.
'I'' SII <I:,iiiitologia grega, filho de Netuno e da Terra, que devorava iodos os qrie se : i ~ i i i > x i i i i : i ~
~ ; l < ii.. um doi11 dagiagaque fui adicioiiado ànaturezaoriginaldo sei-huinaiio. De acordo coin
" i l l l l 'Ic Sllil W Y C l ~ " l l .
i ' \ i i ' ciiiiccito, a falta destajustiça não altera substancialmente a natili-cra original da pessoa,

t i i : i \ cs1:i apçiizis E lerida pelo pecado original. Ein coii~aposiçZoa cssa doutrina. Lutcrc>
""' liiii v~.ril;i<lc.I.iiicii> sc reli-i: a Cici.;iIdo Zerl,i,ld (í;<,rcir<iZcri,o/i/). iIc Xiilhpcii. i . i i i < >
"'l'i:ii:i,lii~picili,si,s<ilirc;i :isccirsái>cspii-ii~i:il"ciiiiicç:i ciicii o Seliiii? 8 4 3 c ~i;iii.
:i I ;i.i;ilil<,
;iii'i1111:1 C pccado original altera totalmente a orieritaçZo intcrior dri Iinniei~i.
~ L Io
(;iiiiili. i(;rv,il (;vii<>lrl.

;)x')
A Epístola aos Romanos

[Fomos batizados na sua morte - Rm 6.31 [334] Capítulo Sétirno


[322,10] Por isso, deve-se observar, Porque a lei exerce domínio sobre o ser humano IRm 7.1 1
que há dois tipos de morte, a saber: urna morte natural, ou mellior, teinpo-
ral e uma eterna. A morte temporal é a separação de corpo e alma. Esta 5 E assim fica evidente que o apóstolo não trata a respeito da Ici i i i i i i i
inorte, porém, é apenas uma figura, um síinile, e é como uma morte pi1;tada sentido metafísico ou moral, mas num sentido espirilual e teológico, coiii()
na parede se comparada com a morte eterna, que também é espiritual. E por falou exaustivamerite acima, no capítulo 4. Ou seja, ele enfoca alei, Icv;iiiil~~
essa razão que lia Escritura ela muitas vezes também é chamada de sono, em conta a pessoa interior e a siia vontade e não as suas obras extcrioi-i5
descanso, cochilo. Também há dois tipos de morte eterna. O pritneiro tipo é Uma vez que se compreendem essas proposições, que lhe são faiiiili:ii~.s.
boin e até mesmo ótimo. Trata-se da morte do pecado e da morte da morte, li]
bem como seus fundamentos e princípios, todo o resto é fácil. A priiiii.ii;i
pela qual a alma é libertada e separada do pecado e o corpo é separado da dessas proposições é:
corrupção e, através da graça e da glória, é ligada ao Deus vivo. E esta é a O ~ e c a d oe a ira de Deus procedem da lei. Por conseguinte, iiiiigii~iii
morte no sentido mais próprio da palavra. Em todas as outras mortes perma- inorre para a lei, a menos que morra para o pecado, e quem morre p:ii.;i ii
nece algo que é misturado com a vida; a única exceção ocorre nessa morte, pecado, morre também para a lei. Tão logo alguém se toma livre do pcc:i<lo.
onde sobra tão-somente a mais pura vida, por ser ela a vida eterna. Pois 15 também está livre da lei. E quando alguém se torna servo do pecado.
somente a esse tipo de morte são inerentes, de modo absoluto e perfeito, as também se torna servo da lei; e, do mesmo modo, enquanto o pcc;i(lo i r
propriedades da morte; e somente nela tudo o que morre perece totalmente domina e reina sobre ele, tatnbçin, a lei o domina e reina sobre ele.
c desaparece no nada eterno, sendo que nada jamais setornará deste nada,
pois, a bem da verdade, tal morte mortifica até a morte eterna. É assiin que Corolário
inorre o pecado e, da mesma forma, o pecador quando ele é justificado, ~ [ l
porque o pecado não irá retornar por toda a eternidade, como diz o apóstolo, A forma como o apóstolo traia essa questão e a forma mc~nl'ísic:iO I I
iiqui, nesta passagem: "Cristo já não morre" [Rm 6.91, etc. E esta [morte] é inoral sãb coiitrárias. Pois o apóstolo faia tio seutido de que qiieiii C i . i . i i i i ~ \ , i
:i intenção principal da Escritura. Pois Deus instituiu um meio de remover,
do é a pessoa e não o pecado, enquanto este permanece como ~ i i i i ;sol ~ ri:^.
através de Cristo, tudo aquilo que o diabo introduziu através de Adão, a sendo o ser humano tirado do pecado, e não o contrário. O modo I i i i i i i ; i i i ~ i(1,.
saber, o pecado e a morte. [323] Em razão disso, Deus instituiu a morte da 2s
ver [essa questâo], porém, é o contrário: o pecado é removido, no I I : I S S ~ I [ I I ( '
iiioite e o pecado do pecado, o veneno do veneno, o cativeiro do cativeiro. E a pessoa permanece e é purificada [do pecado]. Esta proposição (10 ; i l ) ~ ~ s l o l t ~
como ele diz por meio de Oséias [13.14]: "O inorte, eu serei tua morte; ó é muito significativa e está plenamente de acordo com os concciios i l i v i i i i ~ ~ .
iiilerno, eu te devorarei". Essas coisas estão prefiguradas em todas as guer- Pois também a Escritura Fala dessa maneira, no Salmo 80[sc. X I .(>I:"Si'li:~
i-asdos filhos de Israel, quando, outrora, no teinpo da leiio', eles matavam os rou o seu dorso dos Fardos". O salmista não diz: "Ele separou os I:ii-<li~s<I<!
gciitios. 30
seu dorso". Da mesina forma, encontramos acima, 6[sc. Rm 6.171: "N:I c l i i ; i l
A outra morte é eterna, a pior de todas. É a morte dos condenados. O que fostes eiltregues". Também temos uma ilustração no acontecimento.CIO C s i a 10.
iiiorre aqui, não é o pecado e o pecador, de modo que a pessoa é salva. [onde Deus] não removeu os egípcios do meio dos filhos de Isracl. AiiicL..
Morre, porém, a pessoa, ao passo que o pecado sobrevive e permanece para coiiduziu Israel para fora do Egito, o qual ficou para trás. E no Ssliiiii I OIh,.
scinpre. Esta é a riiorte do pecador, da pior espécie'"'. Quando o apóstolo 21.1 ls.]: "Das [setas] que te forarn deixadas, prepGuás [coino alvo 1 o iir'.i( I
1: <I l 'ii a. respeito da morte de Cristo, dando-lhe lima conotação de sacramento, 35
deles, porquanto farás com que voltem o dorso". A razão de fnl:ir (Ii.s>,c.
~.lcse refere ao segundo tipo demorte, a espiritiral. Dessa forma, o significa- modo é que a graça e ajustiça espiritual levantam a pessoa, triiiisli~i.iii~iii~l~
(10 de suas palavras toma-se mais compreensível. a e afastando-a do seu pecado, ainda que o pecado permane<;a,dc so~ii.< I I I L ' .
criquantojustifica o espírito, ela deixaqiie aconcupiscência fiqiic dc I : i < l i ~ .LI:!
ciinie e no meio dos pecados do mundo. Esse modo dc fiil;ii- C i i i i i ; ~: i i i i i : i
cxli-ciii:iiiieiite valiosa na discussão com os lcgalislas. Miis ;i Jiihli<;:iI i
,I,
Isli, C, ni> teinpo do Antigo Testamento. Cf. acima, p. 249,22-25 i111tcsdc iiiais 11:~dil.c111 rciiiovcr OS I)CC;I<IIIS i. i.111
Iiiiiii:ii~;i c~i~~)cilh;~-sc,
" " ( ' 1 : SI 74.22. hciii coiiio ciii prcsci-vai. s pessoa :ihsiiii ci~iiioi . I ; i C. 1'01
I,-i~i~li~i.iii;i-l~~s,
A lipistola aos Roinanos A Epístola :i<is l i i i f i ~ . i t i t i .

isso, ela também não é justiça, mas mera hipocrisia. Por conseguinte, en- do amor à justiça e do ódio à iniqüidade, isto é, de quando deveiiiiis I:III.I
(liianto um ser humano viver e não for erguido e transformado pela renova- ou deixar de fazer alguma coisa. Deve-se, porém, compreendê-l:i (li. t : i I
<:o da graça, ele não poderá, por ineio de quaisquer obras, fazer coisa algu- forma que isso deve ser feito ou omitido de todo o coração, e não dc i i i i i ~ l ~ ~
iiia para impedir que fique sob o pecado e a lei. servil, por causa do medo da piinição e, tampouco, de maneira pueril. 11,"
Portanto, a primeira proposiçio é esta: "O pecado provém da lei", como se 5 i causa de algum desejo por vantagem, mas livreineilte e por amor ;I I)i.ii:..
scgue abaixo. E, em razão disso, a lei é a lei do pecado, isto é, a lei do varão, para o qiie não é possível sein o amor que é derramado pelo Espírito S;iiilir. I,,
;i qual a pessoa não morre a não ser que morra para o pecado. Mas quando isso que dão a entender os doutores escolásticos quando dizem, à sii;i iii:~
:ilguém morreu para o pecado e foi tirado dele, então, certamente, também o iieira totalmente obscura e ininteligível, que nenhum cumprimento do iii:iii
pecado já se encontra removido de forma espetacular e j i está condeiiado a damento é eficaz, a menos que seja moldado pelo amor. Maldita s~:i:i:i
iiiuite. Mas se a pessoa ainda iião morreu para o pecado, iiein foi tirada dele, o 10 palavra " m ~ l d a d o " ! ~ ~ ela
~ o força
is a pensar que a alma, depois e ; i i i i i . \
:iio de tirar o pecado e mortificá-lo é totalmente vão. Por isso mesmo, toma-se do amor, é a mesma, como se a forma fosse apenas acrescentada iio iiio
iilwio que, segundo a compreensão do apóstolo, o pecado é tirado espiritiialmen- inenio da ação, quando, em verdade, é necessário que ela própria iiioii:i
ic (ou seja, a vontade de pecar é moitificada); e, todavia, aquelas pessoa^"'^ completamente c seja transformada numa alma diferente antes de rcvi.5
11rciendeinque as obras do pecado e os desejos cobiçosos sejam retirados à tir-se do amor e de agir em amor. (Da inesina forma, também existe iiiii:i
iiinneua metafísica, ass?m coino a pintura branca é tirada de uma parede e o 15 15 diferença entre uma obra realizada, apenas, segiindo a sua ação extcrioi. i.
c:ilor é tirado da água. E por isso que também diz Samuel, 1 Rs 10 Lsc. I Sm a obra que corresponde á intenção do legislador). Com esse argiiiiiciiiit
10.61: "E tu serás transformado noutro homem". Ele não diz: "Teus pecados também concorda o apóstolo, quando diz em 1 C« 13[.2]: "Ainda ~[iici'ii
scrzo transformados", mas sirn: "Tu serás transfonnado primeiro, e quando já conhecesse todos os mistérios e possuísse toda a ciência; ainda cliir i . 1 1
tiveres sido traiisformado, também tuas obras serão imnsformadas". Por causa tivesse toda a E, etc., se não tiver amor, isso de liada me serviria". ('o11
ilisso, e com uma estultícia assombrosa, os hipócritas se atorineiitani a si mes- 20 70 clui-se daí, claramente, quc o termo "letra" se aplica aos mistériiis. :li!
iiios com muito esforço e preocupam-se em transformar suas obras, ao invés de, Evangelho coino uiii todo e a toda a interpretação espiritiial. Pois, :c : I ~ I I I L '
:iiiles de mais nada, implorar humildemente pela graça de sua transfoinlação. Ef les [que o eiisinaiii] estào mortos, eles também estão sein o espírito. " l r o i : .
-!1.10]: "... pois somos feitura dele mesino, criados ein Cristo Jesus em boas o espírito vivifica e a letra mata" [2 Co 3.61; cles, porém. foraiii t i i i > i i i i \ t..
~iI?rns".[O apósito01 não diz que as boas obras são criadas em nós. Tg [1.18]: portanto, se encoiitram ria "letra".
"I'nra que fôssemos como que primícias da sua criação". 21 25 [3381 Daí dizer mais tarde' no capítulo 21 da mesma obra"". o 1it.111
Por esse motivo, o pecado permanece para dominar a pessoa. O mesmo aventurado Agostinho: "O que, portanto, são as leis de Dcus is(.rii:i'.
:icoiitece com a lei, a não ser que antes tenha ocorrido essa mortificação. pelo próprio Deus nos nossos coraçóes, seiião a própria prcsciii;;~i I g 1
I'iiis aquele que não é vivificado em sua vontade através do espírito, não Espírito Santo, que é o dedo de Deus, por cuja presença o aiiiiii. i <Ic.i
~ ~ t c deixar
le de servir ao pecado, por mais que realize boas obras; antes, ramado em nossos coraçfies, que é a plenitude da lei e o fim do i i ~ : i i i i I : i
\iicctle-lhe a mesma coisa que é dita a respeito daquelas pessoas em Pv'" : JI~ io mcnto?"'08
"( ) estulto será atormentado por dores".
Corolário
[Não na caducidade da letra - Rm 7.61
0 s melhores dentre os cristãos iião são aqueles que possuciii iii:iioi
1337,101A assim-chamada compreensão moral da Escritura ou, mais pre- 35 .E erudição, que lêem muitas obras e que possuem livros em abuiid:iiici:i.
i.is;iiiieiite, a e ~ p i r i t u a l ' trata
~ ~ , apenas do ainor e da disposição do espírito, Pois todos os seus livi-os c todo o seu conhecimento são "letra" 2 111oi.1<.
LI:I
alma. Antcs, porém: os melhores cristãos são aqueles quc, c ~ i i iiocl:i :i
"" l .iiici-i> refere-se àqueles que dão unia iiiterpretaçXo metafísica ou inoral. V. acima, p.
?'Jl.ZIs.
' ' S I / ( . vol. I , p. 126, n. 230, remete para Pv 11.15.
' A i . i ~ ~ ~ i p r i i i espiritual
~sáo é uma expressão da tcologia escoiástica, assim, corno, por exeni-
li,. ililcligi-iicia moral. Esta coinprernsão nada tem aver com aquela que é geriidii1izl;i ;içúc>
i i , , lisl>íiiiii S;iiiir>.
h lipistola aos Roinanos A Epístola aos l<iirii;iiits\

lillcrdade, fazem as coisas que os eruditos lêem em seus livros e ensinam [340,5] Mas tratemos de extrair essas mesmas idéias das próprias ~ : I I : I
:ias outros. Mas eles só agem de livre vontade se recebem o amor através vras do apóstolo. Em primeiro lugar, esse texto como um todo mosir;i [li.
i111 Espírito Santo. Por conseguinte, em nossa época há razões para temer maneira expressa a queixa e o ódio contra a carne, bem como o amor ~ l i l i r
qiic lá onde se multiplicam os livros, venham surgir homens extremamente bem e pela lei. Esta não é uma atitude típica de uma pessoa carnal qili',
<.i-iiditos,mas cristãos totalmente ignorantes. i i antes, prefere odiar a lei, rir-se dela e segui-la de acordo coin as suas p1.0
pensões. Pois o ser humano espiritual luta com a carne e suspira por n7'10 SL'I
Portanto, quando se pergunta capaz de fazer tudo o que deseja.
por que razão o Evangelho é chamado de palavra do Espírito, de doutrina
~ y i r i t u a lde, palavra da graça, de esclarecimento das palavras da lei antiga 1340,241 Por conseguinte, a primeira expressão pela qual fica prov:i<l<~
c. [li: compreensão oculta em mistério, etc., a resposta apropriada é que o 118 to que estas são palavras de tima pessoa espiritual é esta: Eu, todavia, sou
I :v:ingelho ensina onde e de onde se obtém a graça ou o amor, a saber, em carnal [Rm 7.141. Pois é característico de um ser humano espiritual e siíhio
Icsus Cristo, que foi prometido pela lei e é exibido pelo Evangelho. A lei dar-se conta de que é carnal, desagradar e odiar a si mestno e louvar a Ici (lc
iii(lena a ter amor e Jesus Cristo, mas o Evangelho oferece e mostra a Deus pelo fato de ser ela espiritual. Por outro lado, utna pessoa estúpid;~i
:iiiihos. Por isso é que diz o Salmo 441s~.45.21: "Nos teus lábios se derra- carnal se caracteriza por saber que é espiritual, por agradar-se a si 1nestii:i L.
i i i i ~ i i a graça". Por tal razão, se o Evangelho não é recebido assim como 15 15 por amar a sua própria vida neste mundo'"'.
i~lbiivamentenos fala, então ele se toma semelhante 5 "letra". Propriamente A segunda [expressão é]: Pois nem mesmo compreendo aquilo qiir
I:il;iiido, ele é Evangelho quando prega a Cristo; mas quando repreende, faço [Rm 7.15al. O bem-aventurado Agostinho explica esta passagem tis-
i{.l)rovae dá ordens, ele nada mais faz senão destruir aqueles que são pre- sim: "Isto é, eu não o aprovo". Talvez isso se possa explicar pelo fato de LIIII:I
~~iiiqosos no tocante a sua própria justiça, com o fim de preparar um espaço pessoa espiritual, que vive iio espírito, não saber de nada, exceto das çois:is
11:ii;ia graça para que venham a saber que a lei não é cumprida a partir de 20 2u que são de Deus. Por essa razão, ele não compreende, e L3411 descoiih~~ci'
i11:ispróprias forças, mas somente, através de Cristo, que derrama o Espírito o mal que faz. De modo semelhante, por outro lado, ele compreende c 1.11
i.111 tiossos corações. nhece muito bem aquilo que iião faz, a saber, o bem.
A diferença segura e certa entre a velha e a nova lei é esta: a velha lei diz
;iiis soberbos, por causa da sua justiça própria: "Tu precisas ter Cristo e o [341,161 A terceira [expressão é]: Pois não promovo o bem ~ [ i i crir
\ i ~ espírito";
i a nova lei diz aos que se humilham em sua pobreza espiritual e 25 25 quero, mas faço o mal que detesto [Rm 7.15bl. Coutudo, tio q11c ' l i /
~)i'llcmpor Cristo: "Vê, aqui estão Cristo e seu espírito". Ein razão disso, respeito i pessoa carnal, a Escritura declara: "Mas não detestou ;i i11:11i1:ti1i~"
:icliicles que interpretam o termo "Evangelho" de modo diferente de "Boa [SI 36.41. Pois se eles a tivessem detestado, não a teriam perpcir:ido i.111
Noiícia" não compreendem o Evangelho, assim como fazem aquelas pesso- suas ações, mas teriam lutado e atuado contra ela.
:is qiic transformaram o Evangelho numa lei, em vez de graça, e fizeram de A quarta [expressão é1: Consinto com a lei de Deus, visto qii<' <*I:I 6
( 'I isto o nosso Moisés. 30 311 boa [Rm 7.161. Pois a lei quer o bem e ele próprio também qucr II I i i i i i i..
portanto, ambos concordam entre si. Apcssoa carnal não faz isso, pois si.111
1339,5] Pois eu não conhecia o desejo de cobiça [Rm 7.71 pre discorda da lei e preferiria (se isso fosse possível) que ela não cxisiissi,.
Por isso, ela não quer o bem, mas o mal. Muito embora possa fazcr 0 I > ~ . I I I
A partir deste texto e até o final [do capítulo], o apóstolo fala em sua (coino eu disse), ela, ainda assim, não o coiihece, porque age servilriiciiic~; i i i
~~iiipriiipessoa e na de um ser espiritual e, de nenhum modo, apenas, na 35 1s ser coagida pelo temor, tendo sempi-eo desejo de fazer o contrário, h:ist:iii
11i.ssoade um ser carnal. Sto. Agostinho afirmou isso pela primeira vez, do, para tanto, que lhe seja permitido fazê-lo impunemente.
iI~.i:illiadamentee com persistência, no livro contra os pelagianos'".
Segue-se disso:
Não se deve enteiider a afirmação do apóstolo de que ele l j z o 111;il ~ I I L '
' A<lcpti>sde Pelágio (m. depois de 4181, asceta britânico que vivcii durante inuito temno eni I oclci;i c não faz o bem que quer fazer, num sentido moral ou mctaflsico, ci~iitii
, u . r . ,: I ' .
I(.i \ . , I
.' . .'.i.>,..~l.fi!it,
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i.l.,.,:i:il..,l op<~l...~i..rli\rii.,1. \c.,.
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i 8
A Epístola aos Romanos

sc ele não fizesse nada de bom e tudo qiie faz seria inaii; assim soam as suas que essa passagem demonstra que Paulo não fala aqui como uni:[ ~ii,s::t),i
palavras para os ouvidos humanos. Ele tenta dizer, porém, que iião faz o betn carnal, mas como o mais espiritualizado dos homens.
iantas vezes, nem com tanta facilidade com que gostaria de fazê-lo. Pois ele A quinta [expressâo é]: Não sou eu quem faz aquilo, mas sim o 1brc;i-
quer agir de maneira completamente pura, livre e alegre. sem as dificuldades do que habita em mim (Rm 7.201. Não é ele que peca, pois é a çariic. ~ I I I L ' ,
c os i?cÔinodos impostos por sua carne rebelde; e é isso que ele n;'10 conse- ein oposição a ele, deixa se levar pelos seus desejos. Cobiçoso nào C i.Ii..
gue. E assim que acontece com uma pessoa que se propõe a ser casta; ela pois ele até discorda da cobiça pecaminosa. Mesmo assiin, ele diz: "Hii ~ i : i t )
deseja não ser tentada por quaisquer L3421 pruridos e possuir a castidade 'iço o bem que cu quero". A mesma pessoa é tanto espírito como cai-iii. 1'1 r i
com a maior facilidade. Sua carne, porém. que, com setis iiiovinieiitos e isso, ele declara que aquilo que faz seguiido a carne, ele faz [343] coiii IoiIo
pensamentos, faz da castidade uin fardo extreinainente pesado e suscita o seu ser. Não obstante, porém, ele resiste [ao mal]. Por isso se diz qlic I I ; I O
seus desejos impuros, mesmo contra a vontade do espírito, toriia [tal desejo] é a pessoa como nm todo que o está fazelido, mas somente uma partc <IrI:i.
iri-ealizável. Aquele que se propõe a vigiar, a orar e a agir em favor do seu Por consegiiinte, ambas as expressões são verdadeiras: que ele mesino i i I:[/
1ir6xiino,descobrirá sempre que a carne 6 rebelde e que ela maquina e dese- e que ele não o faz.
jn outras coisas. Por isso, é preciso atentar aqui, de forina especial, para o O ser humano é como uni cavaleiro: quando os cavalos não trokiiii (li.
loto de que o apóstolo distiirgue entre "Pazes" e "rea1izur"l" , como o beni- acordo com todos os seus apelos, é ele e tan~béiiinão é ele qiic os li]/
aventurado Agostinho ensina, de forma detalhada, tio final de seu Livro 111 marcliar desta ou daquela maneira. Pois o cavalo náo existe sem [o cav:il~.i
126,621, "Contra Juliano". "Fazer" é usado aqui no sentido de esforgar-se, ro] e, tampouco, ele existe sein o cavalo. A pessoa carnal, porém, faz I I L I I I ~ '
iii~iiliiinar.mover os desejos para cluei-er, etc.; são açóes que a carne inovc o pecado Faz, pois ele coirsente com a lei dos seus membros. Pois Iig<>i:i.
iiiiirterriiptameiite contra o espírito e o espírito contra a carne. Pois se a inente e carne não pertencem mais a uma só pessoa, mas também a i i i i i : ~\o
i,upressão "fazer" fosse usada no sentido de "cuinprir por iiieio de nossa vontade.
i~hra",o apóstolo não deveria dizer: "Pois faço o inal que não quero, e o bem A sexta [expressão é]: Porque eu sei que em mim, isto é, na iiiiiili:i
qiic quero n5o faço". Essas p,?lavi.as expressam de forma muito clara ti luta carne, não habita o hem [Rui 7.181. Vê, como ele atribui r-ISi.' I11Cslllii : i
I I I I L ' se trava entre a carne e o espírito. "Ele quer outra coisa do qiic aquilo carne, uma parte dele, como se ele mesmo fosse carne. Por isso cIc ~lissi.
i l i i i r faz" - isso signil'ica que ele rem prazei- no bein e uina voiitade que, por acima: "Sou carnal". Assim, ele confessa, agora, que ele não é boiii. i i ~ : ~ : .
1i.r sido derramado o amor através do espírito, tem disposição para praticar o mau, pois ele faz o inal. Por causa da carne, ele é carnal e in'au, pois i i : i o Ii:i
Iiciii e odiar o mal, mas ele não consegue concretizar e realizar plenaiiiente bem nenhum nele e ele faz o mal. Por causa do Espírito ele é cspii-ilii:il i.
c.\l:i vontade, por causa da carne e da concupiscência que se lhe op6ern. Se bom. porque ele faz o bem. Deve-se obsei-var. em razão disso, qiic ;IS l ~ : i l , i
~~iidcsse realizá-la e cumpri-la, ele faria o bein sein resistêiicia e com alegria; vras "eu quero" e "eu odeio" se referem 21 pessoa espiritual ou ao csliirilo. : i $ )
11<1is i isso que sua voiitade deseja. Agora, port5m, ele nào age assim; por passo que "eu faço" e "eu ajo'' se referem (a pessoal carnal oii ii <.:iir18.
iiso, não faz o que quer, mas faz o que não quer fazer. Mas aquele que vive Mas, visto que o mesmo ser lilimano, uno e completo, consiste dc c:iriic. c .
L.i.iii lurar, seguindo Lsiinplesrnente os desígnios d]a canie c obedecendo às espírito, ele atribui ao ser humano, como urri todo, estas duas clii:ili~l:iil~.:.
:;ii;is cobiçzs, não oferece nenhuina resistência e 1120 diz "eu faço o que não contrárias que têm a sua origem em suas partes opostas. E assirn ~ l 1 :1I <~' < ~ I I
~liii'ro";não se deleita no contrário daquilo que faz, mas [tem prazer] naquilo tece unia comunicação de atributos1", visto qire a única e a mesriin ~?i.ss~i:i
cliic faz. "Realizar" é cumprir o que se quer ou se deseja, assim como o C espiritual e carnal, justa e pecadora, boa e má. Do mcsmo modo. ;i iíiiii.:~
~.sl~írito realiza o bem que quer, quando, sem rebeldia. ele age de acordo c«in a mesma pessoa de Cristo está, simultaiiearnente morta e viva, siiiiuli:iiit~:i
Iri de Deus. Essa atitude, porém. não é característica desta vida, pois "não nlenle num estado de paixão e dc bem-aventiirança, simultaneaineriic ii-;iIi:i
ciiiisigo realizá-lo". A carne, porém, realiza sua vontade quando ela se eiitre- Ihando e descansando, etc., por causa da comuiiicaçáo de seus nti-il>iiIiii.
;::i coiii prazer e sem Inenhumal resistência aos seus desejos. Isso i uni embora nenhuma das naturezas concorde com o que é próprio da o~iir:~, III;IY.
coiiiportamento característic? desta vida, especialmente, da morte e da per- antes, discorcle, acentuatido o que é extremamente oposto, coiiio sc s;ilic.
i l i y i i i ~que o mundo impõe. E fácil praticar o mal. Foi por isso que eti disse Mas essas coisas, de ncnhiirii modo, têm lugar na pessoa carnal, ii:i qii:iI ioil:~
ti IIUSI~:;' 6 totalincntc carne, porque « espírito de Dcus não ~~criii:iiic'i'i'ii

--
'I' N < iiiigii1:il:liii
i <,iíkizir)
r c pcl:f;rer<,(re:ilirai-J.
A lipistola aos Romanos A Epístola aos K < ! L I ~ ~ ~ I I < ) \

iicla. Em razão disso, a pessoa carnal não pode dizer: "Em mim, isto é, na [345,12] A oitava [expressão é]: Então, ao querer fazer o bem, encoii-
iiiinha carne", como se, por meio da vontade, ela fosse algo diferente da tro a lei [de que o mal reside em mim] [Rm 7.211, isto é, encontro uiii:i Ici
riirne; antes, ela forma uma unidade com a carne, porque ela concorda com que se opõe quando eu quero e estou pronto a agir segundo a lei de Deus. M:is
seus desejos cobiçosos, da mesma forma como homem e mulher são uma só não se pode dizer de uma pessoa carnal que ela quer [agir dessa formal.
~ x r n e " num ~ , sentido figurativo, quando se prostituem e fomicam. A partir
daí, já se pode L3441 compreender melhor o que foi dito acima pelo apóstolo A nona [expressão é]: Pois, no tocante a pessoa interior, tenho pr:i-
iiiravés de uma analogia, a saber, que uma mulher está livre depois que seu zer na lei de Deus 17.221. Observe-se que ele diz expressamente que pos
iiiarido morreu. Essa analogia não parece apropriada,pois foi dito que, como a sui em si uma pessoa interior. Esta, porém, nada é senão o ser espiritu;il,
iiiulher, a própria alma deve morrer que, dessa fonna, fica livre, ao passo que porque sem o espírito o ser humano como um todo é "velho" [346] e exterior.
11 Iiomein, isto é, as paixões do pecado, permanecem, mas são mantidas no
cativeiro, etc. O apóstolo, porém, que tem em vista a identidade da pessoa, 1346,161 A décima primeira [expressão é]: Pessoa infeliz que sou!
iiixerga a união conjugal em cada uma delas, na qual a carne é a mulher e a Quem me livrará do corpo desta morte? [7.24]. De forma ainda iii;iis
; i l i i i a ou a mente é o homem. Quando ambos concordam entre si em entregar- clara que os anteriores, este versículo indica [que quem fala estas palavras)
se às suas paixões, eles são uma só carne, assim como Adão e Eva. Mas se a é uma pessoa espiritual, pois ela anseia, sente dor e deseja ser libertada. l i
iiiente, o homem da carne, morre de uma morte espiritual,já estamos mortos ceito, porém, que nenhum ser humano afirma ser infeliz, exceto aquele qiir
Iiiira a lei com todo o nosso ser e, portanto, estamos também libertados cotno é espiritual.
i i i i i todo. Quer o apóstolo tenha em vista ora a carne, ora o espírito, ainda
:~ssimsomos uma só unidade: o homem que morreu e a mulher que ficou [347,1] A décima segunda [expressão é]: De maneira que eu, de miiii
livre da lei, que gerou este homem e deu origem àuiiião conjugal, isto é, a lei mesmo, sirvo com a mente à lei de Deus, mas, com a carne, a lei CIO
i.stimulou e aumentou o desejo, oferecendo, assim, oportunidade para que pecado [7.25]. Esta é, dentre todas as alirmações, a mais clara. Vê qiic
liouvesse concordância entre a mente e a carne. Por conseguilite, nós so- uma e a mesma pessoa serve, ao mesino tempo, a lei de Deus e à Ici (111
iiios a mulher por causa da carne, isto é, somos carnais; e somos o homem pecado e, simultaneamente, é justa e peca[dora]! Pois ele não diz: "Mitili:~
~ ) ocausa r do espírito que consente com a carne, e estamos a um só tempo e mente serve i lei de Deus". Tampouco: "Minha carne serve à lei do 1)i'c:i
siiiiultaneamente mortos e libertos. Por serem diferentes estas duas partes, do". Diz, isto sim: "Eu, o ser humano todo, a mesmapessoa, sou servo I I I I I I I : ~
(.sl;i dupla utilidade vem em benefício da pessoa. Pois as partes comunicam dupla servidão". Em razão disso, ele também dá graças por servir i Ici <I<.
11s seus atributos singulares a pessoa toda. Por isso ele diz: "E assim também Deus, e pede por misericórdia por servir à lei do pecado. Quem podc : i l i r i i i : i i
vtis inorrestes" [Rm 7.41, aiilda que tenhamos morrido e sido libertados ou acerca da pessoa cama1 que ela serve à lei de Deus? Observa, agoi-:i, I I < [ I I L .
silllos da lei somente segundo a pessoa interior. Isso, igualmente, diz respeito eu disse aciina: os santos, ao mesmo tempo que são justos, são ~icc:i<loii':.:
:i pessoa toda por causa do ser interior e é comunicado, também, à carne ou justos, porque crêem em Cristo, cuja justiça os reveste e Ihes E i i i i ~ ~ i i i : i i l : i .
:i ~ ~ c s s o exterior.
a Pois a própria carne já não serve mais à lei ou aos peca- mas pecadores porque não cumprem a lei e não vivem sem coiiçt~pisi.iiii.i,i.
(10s. iras foi libertada por causa da pessoa interior, com a qual ela constitui mas são como pessoas doentes sob os cuidados de um médico; clns s:io ii.:iI
i i i i i só ser, cuja esposa ela é e foi. e verdadeiramente doentes, mas, na fase inicial de convalescença c ii:i i'il1<'
A sétima [expressão é]: O querer [o bem] está em mim; não, porém, o rança, são sadias, ou melhor, são tomadas sãs, isto é, estão em via 111. ><.I
cktiiá-10 [7.18]. Esse "querer" é a disposição do espírito que vem do amor e a curadas. Para tais pessoas, a presunção de já serem sadias é exircrii:iiiii.iiii.
iispcito do qual 10 apóstolo1 diz "não faço o bem que quero" [Rm 7.191 e sobre prejudicial, pois uma recaída pode tornar tudo muito pior.
t qiial lemos no Salmo 11.21: "A sua vontade está na lei do Senhor". Assim ele

i;iiiihCrn diz agora: "O querer o bem está em mim", isto é, a vontade e o prazer [Portanto, quem age não sou eu - Rm 7.171
ilc lii~cro bem que a lei prescreve, cotno ele também diz abaixo: "No tocante à
I r s o a interior, tenho prazer na lei de Deus" [Rm 7.221, "realizar", contudo, o [350,22] No entanto, deve-se notar que o apóstolo nZo descjn scr riiii.ii
Iii.iii que a lei determina, isto ele não pode por causa da resistência da came. dido como se dissesse que espírito e carne são equivalentes ;i dii;is 1)aiic.h.
Em verdade, ambos são uma única coisa, exatamente coirio 111ii;i I r i < l ; i i . :i
c:iriic sZ11Liiiia coisa s6. Pois niiida qiic iiiii olrihuto seio pi.iil?ric<l;i I l i i 1 l : i . i.
h Epísiola aris Roinanos A Epístola aos Roniano

iiiitro da carne, mesmo assim, ainbos constituem uma unidade, pois a ferida A partir daí é laiiçada uma luz clara sobre a fantasia fútil e desvairada dos
iiiida mais é do que a carne machucada ou debilitada, o que faz com que se teólogos inetafísicosH6,quando debatem a respeito de desejos contrários,
11;issea atribuir 2 carne os atributos da ferida. Dessa maneira, o inesmo ser argumentando se, porventura, podem ou não existir no mesmo sujeito; e quari-
Iiiiiiiano é, simultaneamente, carne e espírito. Mas a carne é sua fraqueza ou do inventam a tese de que o espírito, a saber, a razão, é uma coisa indepen-
siia ferida e, na medida em que ama a lei de Deus, ele é espírito; na medida, 5 dente ein si mesma e absoluta em seu próprio gênero, além de completa c
~OI-ém , em que deseja de forma cobiçosa, ele é a própria fraqueza do
L3511 perfeita, propondo, de modo semelhaiite, que a sensualidade ou a carne,
cspírito e a ferida do pecado, que começa a ser curada. Deste modo, Cristo tainbéin constitui, viuda do lado oposto, uina outra coisa contrária, igualmen-
iliz: "O espírito, com certeza, está pronto, mas a carne é fraca" [Mt 26.411. te, coinpleta e absoluta. Por causa de suas fantasias estultas, eles são força-
E o bem-aventurado Agostinho declara, ein seu segundo livro contra dos a esquecer que a própria carne é uma doença que, coino uma ferida
liiliano"? "Compreendemos universalmente que nossos defeitos são aque- 10 torna toda a pessoa doente, cuja cura na razão ou no espírito recém come-
Ics que, com base na lei do pecado, resistem à lei de nossa inente. Qualido çou através da graça. Pois quem imagina que nunia pessoa doente existem
I.sses defeitos tiverein sido separados de nós, eles não estarão em qualquer estas duas condições totalmente contrárias? Pois é o mesmo corpo que hus-
oiitro lugar; mas, quando estiverem sanados em nós, não estarão mais erii ca a saúde e que, não obstante, é compelido a fazer coisas que provêm da
lugar nenhum. Não obstante, por que razão não pereceram no Batisriio? Por fraqueza. O mesmo corpo encoiitra-se sob ambas as condições.
:ii.aso ainda não concordarás que sua culpabilidade foi destruída, mas a fra- 15

iliicza permaneceu? Não [me refiro] a culpabilidade pela qual tenham se 1369,261 Pois é o testemunho do próprio Espírito [Rili 8.161
iornado culpados diante de si próprios, mas àquela que adquiriram coni a
~ ~ r i t i cdea más obras para as quais eles nos arrastarain. Sua fraqueza não Em seu sermão sobre a Aiiuiiciação, o bem-aventurado Bernardo"' ,cheio
iI,iiianesceu como se estes defeitos fossem uina espécie de seres vivos que do Espírito, mostra muito claramente que esse testemunho é a própria confi-
se tomaram fracos, mas trata-se da nossa própria fraquera". Através dessa 20 ança do coração ein Deus. Faz isso quando diz na [3701 primeira parte:
l~cI;ipalavra do pai [Agostinho] fica evidente que a cobiqa pecaminosa, a "Considero que este testemunho consiste de três partes. Pois, antes de todas
i:il>cr,a nossa fraqueza, é um bem que, embora digna de punição, ~ i ã onos as coisas, é necessário crer que não podes obter a remissão dos pecados,
ii~riiaculpados, a menos que consintainos com ela e coinetamos pecado. exceto através da coiidescendência de Deus. A seguir, que de modo alguin
Segue-se disso, contudo, uma situação siiigular: somos e não somos culpa- és capaz de uma boa obra, a inenos que o próprio Deus também ta dê. E, por
iliis. Pois essa fraqueza somos nós mesinos. Portanto, ela é passível de pena a último, que não podes merecer a vida eterna por nenhuma de tuas obras, a
i. iiiis somos culpados até que ela cesse e seja curada. Eiitretanto, nós não menos que aquela vida tainbém te seja dada de graça". Isso não é de ne-
vii~iiosculpados se não agirmos de acoi-do com ela, já que a misericórdia de nhum modo totalmente suficiente. Devemos, porém, considerá-lo como uin
I )ciis não imputa a culpabilidade da nossa fraqueza; [imputa] apenas a cul- início e, ao mesmo tempo, como um fundamento da fé. Por isso, se crês quc
1):ihilidadeda vontade que consente com essa Fraqueza. Essas duas idéias teus pecados somente são destruídos por Deus, fazes bem. Acrescenta, po-
ii;io se compreendem melhor do que a partir daquela parábola no Evangelho 30 rém, ainda, que se trata realmente de uin objeto de ré, isto é, que creias
I I I I C versa sobre o homein que foi deixado s e m i m ~ r i o " ~
Isto
. porque, ao também que tu mesmo não podes fazê-lo, sendo antes necessário que 0
<IcrKiiiiaruma infusão de vinho e óleo em suas feridas, o samaritano não o / espírito te faça crer "que é através dele que te são perdoados os pecados. li
c i i r i ~ i ide imediato, ma? começou a curá-lo. Logo. aquele doente\é um e o este o testemunho que o Espírito Santo espalha em nosso coração quantlo
~iii.siiiohomein, que tanto está fraco como está convalescendo. A mcdida diz: 'Teus pecados foram perdoados.' Pois desta maneira o apóstolo dá Ich-
ciii queestá sadio, ele deseja coisas boas; mas, como uma pessoa debilitada, 35 temunho de que o ser humano é justificado pela fé". (Deves crer isso firiiic-
<.li,dese,ja também outras coisas e é compelido a ceder à fraqueza, algo que mente também em relação a ti mesmo e não apenas no tocante aos eleitos, ;I
<.li. iiicsmo não quer fazer . saber, que Cristo inorreu e pagou totalmente os teus pecados). "O mestil~
vale também em relação aos méritos: se crês que não podein ser obtidos
exceto através de Deus, isso não é suficiente, a não ser que o espírito tI;i

'I6 V. acima, p. 292, n. 103.


'I' Brniunio de C/or<ii,<il- \,. iicima, .1, 241. ii. 10.
.I (1 I
A Epktola aos Romano, A Epístola aos Roinarn,h

verdade te testemunhe, que tu tens tais méritos através dele". Isso acontece Por essa razão, admoesto-vos a todos, tanto quanto posso, a que acabeis
quando crês que as obra? que fazes, sejam elas quais forem, são aceitáveis rapidamente com esses estudos e a que tenhais, como única preocupaçZo
c agradáveis a Deus. Mas tens a confiança de que são agradáveis a ele a de não estabelecê-los e defendê-los, mas, sim, a de tratá-los como nós,
quando sentes que, [através] delas, não és nada diante de Deus, mesmo que quando aprendemos habilidades inúteis com o fim de destruí-Ias e apren-
scjam boas e feitas em obediência, já que não fazes más obras. E é essa i s demos erros com o fim de refutá-los cabalmente. Analogamente, tambéiii
I~umildadee compunção nas boas obras que as tomam agradáveis a Deus. queremos nos dedicar a esses estudos, com o fim de reprová-los ou, pelo
"O mesmo acontece com a vida eterna: não é suficiente crer que [Deus] ta menos, com o fim de assumir o modo de falar daqueles com quem som<is
concede pela graça, mas é necessário que tenhas o testemunho do espírito obrigados a mariter uma conversação. Pois já é chegada a hora de nos
de que hás de chegar i vida eterna pelo favor divino". dedicarmos a outros estudos e de apreendermos Jesus Cristo, a saber.
IO 10 "este crucificado" [2 Co 2.21.
L3711 Pois a expectativa da criação [Rm 8.191 Portanto, tereis sido os inelhores filósofos e os melhores pesquisadores
se tiverdes aprendido do apóstolo a ver a criação que aguarda, que geinc c
O apóstolo filosofa e sabe das coisas de forma diferente do que os filóso- que está em pleno trabalho de parto ou seja, a criação que tein tédio daquilo
l'os e os metafísicos, pois os filósofos se fixain tanto na situação atual das que é e deseja aquilo que, por esrar no futuro, ainda não é. Pois, nesse caso.
coisas, de modo que eles especulam somente sobre a sua essência as suas li 15 conhecer a essência das coisas, seus acidentes e suas diferenças rapidn
ilualidades. O apóstolo, porém, desvia os nossos olhos das coisas como elas mente perderá qualquer valor. Por isso, a estultícia dos filósofos assemel1i:i-
s.Zo agora e da sua essência e de seus acidentes, e os dirige para as coisas se a um servente que, observando um construtor de cabanas, fica inaravilli:~~~
como elas serão no futuro. Pois ele não fala da "essência" ou da "atividade" do ao vê-lo rachar e medir as tábuas e as vigas, 13721 iilas fica calado estlil
&a criatura, nem de sua "ação", da "paixão" e do "movimento". Mas, pelo tamente e muito contente com essas coisas, sem preocupar-se com o cluc 11
l'hto de sua alma ter percepção para a expectativa da natureza, ele fala, com 211 20 construtoh fi~ialmente,quer alcançar com todo o seu trabalho. Tal pessoa C
iiiiia palavra nova, maravilhosa e teológica, da "expectativa da criação", não cabeça oca, e a obra de um tal servente fica enredada na vaidade. Da 111~5
visualizando mais a criação em si, mas buscando aquilo que ela espera ansi- ma forma, também a criação de Deus, que é incessantemente preparii1l;i
t~sainente.Mas ai! Quão profunda e nocivamente estainos presos, como para a glória futura, é vista pelos estúpidos apenas dessa maneira, eiil siii
iruin laço, em categorias e essências! Em quantas opiniões estultas nos eri- I aparato e em sua operacionalidade, mas de nenhum modo, em sua finalid;~
volvemos na metafísica! Quando saberemos e veremos que desperdiçamos 2s 2s de. Acaso ficamos, igiialmente, embevecidos sempre que voltamos nossos
i;iilto tempo precioso em estudos tão vãos, ao passo que negligenciamos pensamentos para os louvores e os elogios da filosofia? Vê, nós apreci;iiiiii\
istudos melhores? Agimos sempre de modo que seja verdadeiro a nosso o saber das essências, das operações e das paixões das coisas, ao passo
i-cspeito o que diz Sêneca: "lgiioramos as coisas necessárias porque apren- as próprias coisas têm fastio de suas próprias essências, operações c p:ii
ileiiios as supérfluas; não conhecemos o que é salutar porque aprendemos xões, chegando a gemer por causa delas! Alegramo-nos e gloriamo-ni)s 1101
:ipcnas o que é ~ o n d e n á v e l " ' ~ ~ . 30 30 causa do conhecimento daquilo do qual a própria natureza se entris(ri.i. i.
De minha parte, eu certamente creio que devo ao Senhor esta obediência I que desagrada a ela mesma! Eu pergunto: Porventura não é louco ;iqiii.Ii.
(li, ladrar contra a filosofia e de aconselhar os homens a olhar para a Sagra- que ri de alguém que chora e lamenta e, ainda por cima, vangloria-sc ~ ~ i r i r i o
i I ; i I:.scritura. Pois é possível que, se um outro ser humano que não tivesse se o tivesse visto alegre e risonho? Coin razão pode-se chamar umti ~)i'sso;i
visto essas coisas o fizesse, ele ou a temeria ou não creria nela. [que procede dessa maneira] de frenética e maníaca. Na verdadc. si^ si)
Mas já faz vários anos que me estressei com aqueles estudos e, tendo 31 s mente pessoas rudes e comuns em sua tolice consideram que essas ci~is;is
i,ul~crimentadoe ouvido as mesmas coisas tantas e tantas vezes, vejo, agora, têm alguma importância, ao não saber compreender os suspiros das ci~i\:ih
i~iiceste é o estudo da vaidade e da perdição. da natureza, isto até é tolerável. Mas eis que são exatamente as p ~ , s \ ~ ~ ; i \
sábias e os teólogos que, infectados por esta "sabedoria da carne", clcriv;iiii
de coisas tristes uma ciência que lhes dá prazer, e sobre coisas plcii;is (li.
I'' l.iiiio E~ier,SGrieca (4 a. C. - 65 d. C.), filósofo quc fundou urna escola de Filosofia eni
40 gemidos, eles constroem, aos risos, fantásticos prédios de conhcciiiiciiii~s.
l<i,~ii:i. Dcdicix-se especialmente à Moral e à Metafísica. A citafão de Lutero encontra-se
Por conseguinte, o apóstolo está certo quando, eiii C1 31sc. 2.81. l ; i l ; i
~ i : i c,Iii-;i "Parias" 4 5 4 contra n filosofia, dizendo: "Cuidado, para que tiiiiguciii vos ciig;iiii ~ C I I i.i 1 1 . i ~
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