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ao curso Médio de Teologia. Nós optamos por essa forma didática devido a maleabilidade que propicia.
Custo baixo, adaptação do material didático à turma, abertura a novas pesquisas e atualizações, opção de
abordar diversas correntes teológicas, tornando esse material compatível com as mais respeitadas
instituições teológicas do Pais.
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Nosso suplemento didático conta com: Cadernos de Exercício. Exposições teológicas, exegéticas, Página |
práticas educacionais e pastorais. Apoio Ético. Tudo isso numa linguagem de fácil compreensão.
1) Bom senso. Necessário em todas as áreas. Todavia mais necessário no estudo de teologia. Pois
estudamos várias correntes teológicas e nem sempre o conteúdo representa o consenso teológico. O que
aqui expomos é o resultado de pesquisas em diversas correntes para que o aluno forme sua compreensão
teológica, em sua realidade e história.
2) Senso Crítico. É necessário que, todos que ousem aventurar em qualquer empreitada teórica,
nunca aceitem um pensamento ou corrente filosófica, sem avaliação crítica. Pois toda realidade é sempre
pessoal. Logo um pensamento pode ter vários pontos de vista.
DICAS DE ESTUDO
Os alunos vivem me perguntando se existe algum segredo para se desenvolver, para aprender,
para interpretar, para ler com maior aproveitamento. Para tal, segue algumas dicas:
1) A DISPOSIÇÃO: Antes de tudo, avalie sua real intenção. Você realmente quer aprender?
Atualmente muitos vão aos seminários apenas para possuir um título. Pastor, Presbítero,
Diácono, Professor, etc... Essa atitude tem produzido a seguinte filosofia: “O PROFESSOR FINGE
QUE ENSINA E O ALUNO FINGE QUE APRENDE”. Não se deixe levar pela maioria... Quando todos
estiverem brincando, estude! Quando todos estiverem relaxando, Leia! Quando ninguém der
atenção, preocupe-se!
2) A BOA LEITURA: Porque ler é cansativo e difícil? Geralmente por que não estamos acostumados.
Nosso cérebro é como um músculo. Se não for exercitado, atrofia. A cultura da televisão tem
atrofiado o cérebro da maioria das pessoas. Por tanto, evite ficar horas diante da televisão. Leia
Jornais, não os assista. Crie a cultura de ler. Leia sempre e de tudo. Tenha livros espalhados pela
casa. Sala, quarto, cozinha, varanda, banheiro, etc... Nunca leia deitado, pode causar danos
futuros a visão; Ler não cansa, o que cansa é o excesso ou falta de luminosidade. Leia, sempre
que possível, assentado. Em locais com luminosidade natural. Com boa ventilação. De
preferência onde existe pouco barulho. Nunca, mas Nunca leia depois das refeições. O aparelho
digestivo consome muita energia, o que torna qualquer leitura improdutiva. Todavia, um copo
de suco de laranja, é um excelente acompanhante de qualquer leitor.
3) NÃO SAIA COMPRANDO TODOS OS LIVROS QUE VER. Nessa brincadeira, comprei uns trezentos
livros que, tenho certeza, nunca mais abrirei novamente. Existem muitos livros de baixa
qualidade no mercado, e outros muito caros. Portanto, sempre pergunte antes para o professor.
4) SEMPRE QUE FOR PRECISO, PEÇA AJUDA. Não tenha medo de perguntar. O professor está para
ajudar. Na multidão dos conselheiros está a sabedoria.
5) ZELO. Cuidado com o seu irmão. O que você estará aprendendo no seminário não deve ser
utilizado para fundamentar discussões com seus irmãos. A letra pode matar. Uma palavra dói
muito mais que uma pedrada, perfura mais que uma espada e, sua ferida não se cicatriza com
remédios.
Interpretação e Comunicação:
Exemplos:
Malaquias 3:10 “fazei prova de mim”(Crentes imaturos, não se
prova quem conhece)
Romanos 12:1-2 “Culto Racional”oposição ao culto judaico
João 4:24 –“Deus é Espírito”não material, não manipulável
João 8:15 – “Vós Julgais segundo a Carne”carne: metáfora
1Tess 5:22 – “... aparência do mal” aparência: o mal em si
João 8:32 – “Verdade vos libertará” crítica – ver verso seguinte
Jo 8:48 – “...és Samaritano...” preconceito
Jo 8:58 – “...Eu sou”retoma o antigo testamento
Luc 4:18 – “O Espírito me ungiu...” unção do Espírito no VT
Atos 1:8 – “E sereis minhas testemunhas...” testemunhas =
martires
Jo 19:11 – “Poder do alto”não de Deus, mas do império
HERMENEUTICA: RELEITURA BÍBLICA
Pf. Eduardo Sales
Releitura e o Pentateuco
A Releitura é a melhor opção para compreensão de
textos que apresentam confronto. Vamos tomar a questão do
Sábado como exemplo.
Lemos em Gn 2:2 que Deus, após concluir sua obra
descansou no Sábado. Podemos levantar muitas questões
teológicas sobre esse texto, como o fato de Deus estar
cansado, mas olhando para o texto encontramos Jesus sendo
perseguido porque curava aos sábados e numa dessas
perseguições afirmou “Meu pai trabalha até agora [...]” (Jo
5:17). Como entender esses textos? Apenas o mundo da
frente não é possível para essa interpretação.
Quando investigamos o mundo de trás encontramos o
Sábado como uma festa e não como um dia sagrado (2Cr
8:13; Ne 10:33; Is 1:13). Não existia a obrigação de santificar
o sábado. Essa obrigação vai surgir apenas no Exílio, como
sinal distintivo do judaísmo. Após o Exílio os Judeus passam a
identificar todos que guardam o Sábado como Santos e os
que não guardam como Pecadores (Jo 9:16). Nesse período
já podemos identificar uma releitura judaizante do Sábado. A
partir dessa releitura o sábado que era um dia de descanso e
festividade dos escravos (Dt 5:11ss) passou a um dia ritual e
sagrado no Exílio.
Os judeus do exílio entenderam que a deportação foi
motivada pela idolatria e por isso criaram vários rituais para
afastar o povo da idolatria. O Sábado dia livre para os
escravos da Babilônia tornou-se dia obrigatório para santificar
ao Senhor, nesse dia os judeus não poderiam se misturar com
outros povos. Essa perspectiva vai ganhar outra releitura na
volta do Exílio, e nos dias de Jesus, o Sábado era considerado
como marca de um homem de Deus (Jo 9:16ss).
Diante dessa leitura errônea, Jesus faz uma nova
releitura. Não podemos ler o Pentateuco sem Jesus, pois
Deus não descansou no sábado para escravizar os homens
ao sábado, nem para fazer distinção entre os são e os
impuros. Os evangelistas apresentam Jesus relendo o sábado
como uma das principais formas de injustiça e opressão
social.
O Pentanteuco não está errado, mas deve ser relido.
A Igreja e a Releitura do Pentateuco
O Pentateuco era o principal livro do judaísmo e foi usado
como arma ideológica para oprimir o povo com suas leis
rigorosas, ritualistas e discriminatórias, marcas da época em 8
que os judeus ainda tinha um conhecimento muito superficial Página |
de Deus, período em que não conheciam claramente a Graça.
Assim, a releitura do Pentateuco é um dos principais
pressupostos para compreensão do NT. O texto do
evangelista João, por exemplo, confronta o Pentateuco.
Sacrifício:
Mat 12:7 Mas, se vós soubésseis o que significa:
Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado
inocentes.
Templo:
At 17:24 O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe,
sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em
santuários feitos por mãos humanas.
Jo 4:23 Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque
são estes que o Pai procura para seus adoradores.
Rituais de Purificação:
Mat 15:11 não é o que entra pela boca o que contamina o
homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o
homem.Lc 10:33ss A parábola do Bom Samaritano
Formação do Povo
Libertação do Êxodo
Período Tribal
Moisés como Profeta e Libertador
Formação da Monarquia
Imposição e divisão política
Divisão do reino
Aliança entre o povo da Terra, o Rei e o Sacerdote
O Tema de Abraão vai ser
O Exílio
abordado no período do
O Retorno do Exílio
Exílio.
O Período Grego
Macabeus
Cartas de Amarna:
correspondência que data
1500 a.C. entre o Egito e
Canaã
Contexto Histórico Cultural 17
Página |
A história do Povo Hebreu, na perspectiva dos Cidades-Estado
profetas não começa com Abraão, mas com Moisés no Era uma cidade governada por
Egito (Os 2:14-16). Segundo a tradição Sacerdotal a um rei [...]cercada de muralhas,
história do povo Hebreu deve ser lida a partir de Abraão, para evitar as invasões dos
enfatizando a Aliança (Essa é a história a partir do inimigos. Tinha uma parte alta,
Judaismo). O Exodo é a base real de formação do povo [...] onde ficava o palácio do rei,
o templo, e a classe dominante.
e Abraão é a releitura Sacerdotal.
Na parte baixa ficava o mercado
O que foi o Êxodo? É o termo usado para retratar e o casario de gente mais
a saída do povo de o Egito, entretanto não foi apenas pobre, como pequenos
isso. O Êxodo começa com o desenvolvimento das comerciantes, artesãos e
cidades Estado e do Imperialismo Egipcio sobre os pessoal de segundo escalão. Ao
camponeses. Para ter uma noção melhor, podemos redor da cidade havia terras
afirmar, de acordo com as cartas de Amarna, que Canaã cultivadas por camponeses,[...]
pertencia ao domínio egipcio. casas pequenas,
desprotegidas,[...] esses
As cidades principais do império egipcio eram as
camponeses sustentavam os
Cidades-Estado. Nessas estruturas havia uma clara grandes, [...] pagando a eles
distinção de classes, ricos e pobres. A organização tributo. Na maioria das vezes,
política era direcionada pelo Templo e pelo Castelo. sobrava para eles muito pouco
A produção e comércio também influenciaram pois [...](BALANCIN, E. M. SP: Paulus,
com o desenvolvimento do ferro (1Sm 13:19), começou o 2005, p.9).
excesso de produção e a separação de classes que
passaram a usar a cultura do boi como forma de lucro
(1Sm 11). Com a centralização das cidades, a produção
de excedente; a separação de classes e a opressão dos
pobres vários clamores se alastraram (Gn 41.50-42.7;Am
9:7), principalmente no território sob domínio egipcio.
Todo esse desenvolvimento contribuiu para revoluções
de escravos em todo o império egipcio que foram
conhecidas como Êxodo.
A Libertação do povo Hebreu foi principalmente
um movimento social de oposição à opressão dos
governantes (Ex 3:7) o objeto da libertação era uma
reforma agrária (Ex 3:8). Assim, passamos a olhar a
história de Israel a partir do olhar dos profetas,
independente da teologia da eleição (Davídica) que
surge em Jerusalém, sob o reino de Davi.
A Partir da opressão surgiram pelo menos três
grupos de onde se formou a nação de Israel:
1) grupo Mosaico (Ex 3);
2) Grupo Sinaítico (Ex 18);
3) Grupo Cananeu (Jz 1-2).
A nação de Israel formou-se a partir de diversos
grupos que se aliaram no para lutar contra a opressão do
Egito e dos filisteus no território de Canaã.
[...] a união pelo ideal territorial (Ex 12:38). O clã midiania se
juntou ao ideal anti-palaciano (Nm 10:29-32), os personagem
“Calebe” e “Otniel” líderes da milícia tribal de Israel são
quenezeus (Nm 32:12; Js 15:16-19), edomitas (Gn
Uma nova Constituição
Opressão no Egito
Exodo:
Libertação Social
Formação: 3 grupos
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Página |
A Leitura Oficial
Tem o objetivo de legitimar a realeza. Os principais
temas são a divinização da realeza; a exaltação da cidade
real; a elevação do templo e a instituição de um sistema
tributário organizado (2Sm 7; Sl 89; 1Sm 25:30; 2Sm 5:2; Sl
78:67-72; Sl 2; 18; 20; 21; 45; 72; 89; 101;7:4-17).
Essa leitura é um retorno ao sistema faraônico do qual
Deus havia liberto o povo. Se a monarquia foi vista de forma
negativa pelos profetas, como entender Davi: um homem
segundo o coração de Deus? Essa questão é muito relevante
para a compreensão da monarquia e do papel de Davi entre
os reis de Israel.
A tragetória política de Davi é narrada a partir de seu
casamento com a filha de Saul (1Sm 18) até sua consagração
como rei dos reinos Sul e Norte de Israel. Perseguido pelo
sogro, Davi formou um grupo com desertores e cananitas
refugiados das Cidades-Estado (1Sm 22:2; 25); sob asilo aos
filisteus (1 Sm 27.1-4) conquistou as cidades de outros
inimigos dos israelitas (1 Sm 27.5-12); por fim, sua estratégia
e capacidade politica consagraram-no rei em Judá (2Sm 2:1-
4) e Israel (2Sm 5:1-5). Dentro de todas as características de
Davi, foi sua capacidade de inclusão dos marginalizados, não-
exploração tributária, e seu exército particular, que
consagraram-no como homem segundo o coração de Deus,
muito diferente de Saul que usou a força para controlar o reino
(1Sm 11; 22:6-23).
Nessa mesma narrativa de reconhecimento cabe
pontuar a queda de Davi. Não foi o adultério seguido de
homicídio que derrubou-o, mas o assédio da Cidade-Estado
Jerusalém. Davi, como vimos, começou como um homem do
Questão Social
Para compreensão dos
22 de
grupos sociais e das crises Página |
exclusão e marginalização
dos menos favorecidos, veja
o Texto de Jefté em Juízes
11:1-3.
Memória do Passado
A memória do passado é a maior fonte da mensagem
profética. A profecia é uma leitura da história, é a interpretação
da ação de Deus na história (Ez.14:8; 32:15; Is 45:3). A
denuncia da maldade era ao mesmo tempo revelação do Amor
de IAVÉ. Amós 4. Sede santos por que Eu Sou santo.
Crítica ao culto:
(Am 4:4; 5:5; Os 8:11; Am 5:21; Is 1:15;Jr 14:11).
Falsos profetas:
(Is 29:7ss, Miq 3:5;Jr 6:13)
Critica social:
(Am 2:6ss;3:10; Os 4:1ss; Is 5:7; Jr 22:15)
Amor e Fidelidade
1) Deus derrama seu amor em cinco linguagens para que nos
relacionemos com Ele
Justiça, direito, afeto, carinho, fidelidade (2:19-20)
Tsedeq, Mishpat, hesed, rahamim, ’emuna
2) Na experiência de Oséias é testemunhado o amor de Deus,
que ama e é fiel, ainda que o seus sejam infiéis (2:4-25). O
Amor de Deus perdoa, aproxima e santifica.
3) Sem fidelidade, afeto e conhecimento de Deus (da’at) o
povo será destruído (4:1-2). Retornar a Deus (12:7) hesed e
mishpat; Hesed e Da’at – Afeto e conhecimento de Deus é o
que deseja Javé (6:6).
4) As linguagens do amor se manifestam no próximo e refletem
em Deus. Falta de Afeto a Deus e ao próximo são sinônimos
manifestados em graves: Injustiças (6:7-7:2); lutas pelo trono
(7:3-7); política exterior (7:8-12); materialismo (7:13s; 10:12). Críticas:
Os crimes rompem a aliança com o Senhor (6:7). Reinado: 1:4; 8:3-4;9:15
5) As linguagens do amor de Deus testemunham sua ação Sacerdócio: 4:4-6; 5:1; 6:9-10;
salvadora (10:12). 10:5.
6) As linguagens do amor de Deus conclamam para Exército: 1:5; 8:14; 10:13-14
Comércio: 12: 8-9
conversão. (12:7).
Questões culturais
Casamento e a revelação do amor de Deus.
Três grupos distintos: Judá, Israel e Efraim.
Fórmula de divórcio (2:4)
Filhos bastardos (2:6)
Dote (2:21-22) - Aliança conjugal.
Ritual para não receber a viúva do irmão por esposa (5:6)
Questões Teológicas:
1- Deus é revelado como “Senhor”.
2- Como temos procurado o Senhor? (5:6; 5:6)
3- Tema da aliança relembrado “meu povo” (1:9; 2:25).
4- Voltar ao princípio (2:16) -Verbo voltar aparece 23 vezes.
5- O Conhecimento de Deus (2:19-21; 4:1,2; 6:6).
6- Falso conhecimento de Deus (8:2).
7- Rituais vazios (8:13)
Amostra de Exegese:
A Prostituição Social
Época de crise e destruição do reino do Norte pela Prostituição em Oséias:
(Os 1:2; 2:4,6,7,12,14,15; 3:3;
Samaria (13:10-11). A prostituição foi exercida por mulheres
4:10,12,13,14,18; 5:3,4; 6:10;
como forma de subsistência (2:4-17) e era controlada pelos
7:4; 8:9;9:1)
sacerdotes para extorquir o povo (Os 4:4-19).
O texto não trata de uma prostituta, mas de uma
realidade de prostituição. “mulher de prostituições e filhos de
prostituições”, porque prostituiu-se a nação. Assim, Gomer não Espírito de Prostituição 4:12
era prostituta no sentido de promisquidade, mas estava Oséias denuncia a falsidade dos
envolvida em prostituições dentro de uma estrutura familiar sacerdotes 4:4-8; 10b.
patriarcal (foi tomada da casa de seu pai). O capítulo 4 afirma A misericórdia é a superação
de uma condição social de prostituição (filhas e noras), dos sacrifícios (6:6)
indicando que outras pessoas também viviam a experiência de
Oséias e Gomer. Restauração (2:21)
Nessa sociedade os reis precisavam de trabalho
escravo e de força apara o exército. Assim, aliados à religião
usaram o culto cananita da fertilidade (Baal) para fortalecer o
império. O povo pobre e oprimido, sem renda, via-se obrigado
a participar desses cultos para sobrevivência (Os 2:7).
Outra prova é que os nomes dos filhos carregam as
maldições, não contra a prostituição, mas contra a monarquia
(Jezrel, Lo ruama, Lo ami). A crítica dirige-se à Monarquia e ao
Estado e não à família (eles eram vitimas - Os 13 e 2:4-7). Os
elementos da prostituição não são luxuosos, mas de
subsistência. Era o sustento para sua família.
É nesse sentido que o termo meu Baal é lido. Meu
Senhor dizia do poder que o marido exercia sobre o corpo da
mulher que tinha de se prostituir para ajudar nas despesas da
família.
No capítulo 3 está o movimento de resistência. Oséias
e Gomer são um casal profético que na sua experiência
entenderam o agir e o amor de Deus (2:18-3:5).
Os verdadeiros autores da prostituição são os reis e
sacerdotes. O povo não será condenado (4:10-14; 9:11-14
).
Releitura Religiosa de Oséias
Pf. Eduardo Sales
Estrutura da Obra:
A divisão do livro é feita alternando denuncias e
ameaças com promessas e salvação:
1-3: denuncias e ameaças
4-5: promessas de salvação
6:1-7,7: denuncias e ameaças
7-8:20: promessas de salvação
Emanuel
A muito tempo esses textos foram cristianizados, o que
fez com que perdessem seu sentido original. Nos textos sobre
o renovo do Senhor (Is 4:2s); do filho concebido pela virgem (Is
7:14-16); o maravilhoso conselheiro e Deus forte (Is 9:6s) e o
rebento do tronco de Jessé (Is 11), houve uma tendência de
cristianização da interpretação.
Sem dúvida que podemos fazer releituras desses textos
centralizando a pessoa de Jesus, mas com isso perdemos o
verdadeiro sentido da mensagem que o profeta queria
transmitir, o juízo de Deus, livramento e restauração do povo.
Isaias 4:2s: Nesse texto o autor toma a teologia do
renovo do Senhor, uma referência ao Israel remanescente,
àqueles que não forem jugados pelo Senhor, aqueles que
ficarem em Sião. É a teologia da restauração da justiça de
Deus por meio do exílio, e o renovo do Senhor é o novo reino
de acordo com sua vontade e direção.
Isaias 7:14-17: Esse texto trata da esperança de um
herdeiro renovado. Provavelmente refere-se a o rei Ezequias,
e um detalhe, o original hebraico não traz o termo virgem, mas
jovem, que ainda não teve concepção, o contexto também
aponta para realeza (Manteiga e Mel), muito distante da
realidade de Jesus.
Isaias 9:6ss: Hino de entronização ao Deus Sol
proclamado no Egito e aplicado ao rei como filho do Sol.
Isaias 11: O Renovo de Jessé são os remanescentes
do Exílio.
O que nós temos é releituras dos evangelistas em que
identificam as profecias bíblicas sendo cumpridas em Jesus.
Ele e não o rei é aquele que fez Justiça; Ele e não o rei é que
trouxe esperança para os fracos e oprimidos; Ele e não o rei,
que é o verdadeiro Deus Forte; é o Renovo de Jessé, não um
rei político, mas Jesus, aquele que representou: Deus é
conosco! (Mt 1:23; 4:13ss).
QUEDA DE SAMARIA E
AS TRADIÇÕES DO DEUTERONOMIO
Pf. Eduardo
Teologia da Reforma
Os teólogos desenvolveram vários discursos para
legitimar sua reforma:
1) O Livro da Lei (2Rs 22:8; 23:2 – Dt 12-26)
Constituição da Monarquia sob Josias; Lei de Estado.
2) Leis de Centralização do Culto (Dt 12:13-19,26-27;
18: 6-8) para justificar a destruição dos santuários.
3) Leis de Guerra para legitimar invasões (Dt 23:10s).
4) Adoção divina do Rei como filho de Javé sobre as
tribos para legitimar autoridade e a cobrança de
tributos (2Sm7:14;1Sm 8:11s).
5) Elaboração da História de Josué até Josias (2Rs23)
produzida pelos escribas da corte (Dt;Js;Jz;Sm;Rs).
JEREMIAS
Pf. Eduardo Sales Reder-se a Babilonia Jer
27:8ss
Mensagem: A certeza do Juízo de Deus em face do pecado,
todavia a benignidade, e o caráter do amor de Deus.
Quem foi Jeremias: Profetizou entre 627 (1:2) e 585 a.C. 46
Página |
(44:30). Era levita da tribo de Benjamim, de família sacerdotal
(1:1). Mesmo sendo do norte deu muito valor às tradições Plano de Leitura:
antigas (7:14; 26:6; 31:15-16; J4 2:1-7; 7:22,25; 16:14; 23:7),e
ao mesmo tempo, desprezou as tradições típicas de Judá. Chamada e Comissão:
Contexto Histórico-Cultural: Considerado o principal profeta Introdução e Chamada 1-8
do V.T. Frase de Jeremias: Madrugando e Falando, aparece Unção e Encorajamento 9-19
onze vezes. O livro é uma coletânea, com diversas
Em Judá, antes da Queda
dificuldades históricas, pois não está em ordem cronológica.
de Jerusalém
Sua vocação aconteceu no reinado de Josias (1:2;25:3) 51 profecias entre - 2-38
Profetizou até 580 a.C. (exílio em 586). Conta a lenda judaica
que foi apedrejado por seus compatriotas no Egito. Queda de Jerusalém
Não queria ser profeta (1:4-8) Ninguém lhe ouvia (5:10- Detalhes - 39.
13; 6:10;7:21-27), seus próprios parentes tentaram assassiná-
lo (11:18-19; 12:5-6; 18:18). Questionou Deus pelas Remanescentes após o
contradições (15:10-18), foi agredido e aprisionado (20:1-2; cativeiro
32:1-3;37:11-16;38:1-12). O povo, revoltado com sua História e Profecia - 40-42
pregação, quer matá-lo (26:7-9); amaldiçoa o dia em que
No Egito
nasceu (20:15-18), mas, ainda assim, acredita que Deus está
Aos Judeus - 43-45
com ele (1:10,18; 16:19; 20:11-13). Acredita que dias melhores Às nações gentias - 46-51
virão (30:33).
Considerado um dos maiores profetas de Israel, sua Cativeiro de Judá
vida é identificada com a de Jesus (Mt 16:14). Retrospecto – 52
Questões Teológicas:
O Resto. 25 x 8:3;11:23; 23:3;24:8; 25:20;29:1; 31:7;
34:7;39:9; 40:10-16; 42:2.15.19; 43:5; 44:7.12.28;
Religião em Espírito e Verdade: Religião verdadeira x Religião
falsa: 3:16; 7:1-15; 29:10-14; 31:19ss
Nova Aliança: 30:18-24; 31:31-34; 32:40.
Denúncias de Jeremias
Reis e Rainhas (10:21;22:13-19)
Casa Real e daviditas (21:11-12; 22:1-5)
O Templo (1:1-15,29-34; 11:15; 26:1-6)
Culto (6:20; 7:16-20; 14:12)
Sacerdotes (2:8,26; 5:31; 6:13; 8:10-11; 14:13-16)
Profetas palacianos (2:8,26-27; 5:31;6:13;8:10-11;14:13s)
Escribas (8:8-9)
Ricos gananciosos (5:25-28; 17:11)
Comerciantes (5:27)
Juízes (5:28) Sacrifício de crianças (7:31; 19:4; 22:3)
Ladrões e assassinos (2:34; 7:9)
Donos de escravos (34:8-22
Povo da terra (1:18-19; 37:2)
A lei da Aliança (2:8; 6:19;
Desprezo pelos órfãos (7:6;22:3)
Jerusalém (6:6-7; 26:6,16-19).
RELEITURA DA RELIGIÃO OFICIAL
JEREMIAS
Pf.Eduardo Sales
.
Avaliação – Profetas do Século VIII a.C. (pré-exílicos)
Nome:________________________________ /______/2011
Releituras do Pentateuco
A formação da literatura bíblica acompanhou os
momentos diversos momentos históricos. Formou-se na
monarquia, foi relida nos dias de Josias, e foi relida no exílio.
Nesse período os sacerdotes deportados assumiram a
liderança entre os deportados. A fim de preservar a cultura e o
povo os sacerdotes configuraram uma religião centrada nas
escrituras, na lei e nos rituais de purificação, o que
transformaria o judaísmo em uma religião separatista.
Lamentações:
Sião e o Templo possuem papel relevante. É provavel
que tenha sido produzido por ex-trabalhadores do templo
(cantores).
Seu conteúdo são cânticos funebres, lamentações
coletivas e individuais. É um retrato da angustia e revolta do
Lm 2:9 – Deus abandonou os
povo contra Deus.
deportados.
Estrutura do livro:
Lm 3:18 – perdeu a esperança
Dor de Jerusalém humilhada (1)
no Senhor
Javé sem piedade (2)
Esperança no meio da dor (3)
Um novo retrato de Jerusalém humilhada (4)
Em desesperança deve-se confiar em Deus(5)
Novo Êxodo
Seguindo a teologia deuteronomista de Jeremias e do
2º Isaias, prevê um novo êxodo (Ez 20:33-34). Era uma
promessa difícil de acreditar, isso porque acabaram de ser
deportados. Seria a retomada do dom da terra (11:17-18;
34:13; 36:24; 37:21).
Nova Aliança
Em Ez 34:25-20, a nova aliança é chamada de aliança
de Paz. As feras, nações vizinhas não oprimirão o povo (v.27-
29) será tempo de abundância. O povo será multiplicado
(37:26). Interessante é que Ezequiel não usa os moldes de
Abraão ou do Sinai, mas valores semelhantes à nova-aliança
de Jeremias (Jr 31:31-34).
Essa nova aliança será para sempre (36:26-29 e
11:19). Será uma movimento de Perdão. (Ez 34:32; 37:23).
Nova Terra
A nova aliança retrata a renovação da terra (Ez 34:25-
28). Os vs 25-28 do cap. 37 enfatizam com esperança a
restauração da terra.
Novo Rei
Um pastor terreno, chamado de meu servo e Davi, é
identificado como o Messias (Is 9:6-79; Jr 23:5-6). Nos
capitulos finais é proposto a presença do messias, do príncipe
(40-48).
O SEGUNDO LIVRO DE ISAIAS
PF. Eduardo Sales
O Santo de Israel. 33 vezes. (Primeiro Isaias 1-39)
Textos principais: 1:4; 5:24; 31:1 (Séc. 8 a.C.)
Consolo 10x (Segundo Isaias 40-55)
Textos principais: Salvação 23x, Libertação 37:23; 63
43:12;45:8,17; 46:13;49:6,8;etc.. (Exílio) Página |
Luz para as Nações (Terceiro Isaias)
Textos Principais: 40:1; 43:3,14; 49:7; 53:3; 60:17 (Pós-exílio)
A Questão Literária em Isaias
Uma das questões mais debatidas foi a extensão do
livro de Isaias. O fundamentalismo, pretendendo defender
única autoria, propõe que o profeta previu e escreveu profecias
para o período de 200 anos. Em outra posição temos a maioria
dos exegetas que afirmam haver três estilos literários bem
distintos no livro de Isaias. Contextos de escrita diferentes e
perspectivas proféticas em três momentos diferentes. Assim,
as profecias de Isaias foram compiladas e ampliadas por seus
discípulos, prática comum em tempos difíceis (também em
Oséias, Jeremias, Miquéias, e outros). Colocavam o nome dos
profetas para não serem perseguidos.
Contexto Histórico
Atuou no exílio, na sequência de Ezequiel, dirigiu-se à
segunda geração. Nesse período a Babilônia está em declínio
e a Pérsia em ascensão, possibilitando a renovação da
esperança de retorno, entretanto ainda não há referências
textuais à queda da Babilônia, mas refere-se à ascensão de
Ciro (Is 41:1-5,25; 43:14; 44:24-45:4-13; 46:11; 48:12-15).
Os autores estão em continuidade ao grupo de
Ezequiel, e pertencem aos cantores do templo, o que é
denunciado pela sua linguagem hínica, bem próxima dos
salmos (Is 42:10-13 e Sl 96, 98).
Sua mensagem, diferente da tônica de Ezequiel
centrada no templo e na santificação levitica, está na fé no
Deus Libertador do Êxodo. O segundo Isaias proclama um
novo Êxodo (41:17-20; 43:1-3,14-21; 48:20-22; 52:11-12;
55:12-13). Seu objetivo é animar o povo desolado
(40:27;49:14). O Consolo e conforto são o tema de sua obra
(40:1,28-31; 41:8-16; 43:1-7; 44:1-2; 49:13; 51:3,12; 52:9).
Também anuncia a restauração de Jerusalém (49-55),
o monte Sião ainda é local especial, entretanto o templo e os
sacrifícios não exercem papel tão relevante. Tarefas do Servo Sofredor
1. Direito e Justiça 42:1-6
Principais Temas 2. Esperança dos Pobres
Interpretou o Exílio como castigo (43:27-28; 47:6) 42:3; 50:4
Entendeu que o castigo passou da medida (40:2; 47:6) 3. Luz para as nações
O Perdão é o fundamento da Esperança (40:2; 43:18s) 42:6;49:6; 51:4
Anúncio da Boa-Nova de Retorno (40:3,5,11; 48:20-21; 4. Repatriar 49:5-6
49:12; 52:7,11-12; 55:12-13) 5. Resistir aos sofrimentos e
Ciro é apresentado como Messias (45:1-6 cf. Jr 25:9) perseguições 42:2;50:5-7
Crítica à Babilônia (46-47; 40:12-26; 41:21-29) Dar sentido ao Sofrimento
Crença num único Deus (Is 44:6,8;45:6-8,18,21;46:9;) 52:13-53:12.
Javé para os Povos (Is 42:1-4; 45:20-25; 51:1-8)
Sião e Jerusalém (Is 40:1-11; 44:26; 49:19-20; 51-52)
Servo Sofredor (Is 41:8-9; 45:4; 48:20; 49:3s)
O NOVO EM ISAIAS 40-55
Pf. Eduardo Sales
A Missão do Servo
Primeiro Cântico 42:1-9 – Trará julgamento às nações
(42:1) com fidelidade (42:3-6).
Segundo Cântico 49:1-6 – Assumirá a tarefa de
mediador entre Deus e os homens. Assumirá sua missão de
ser luz para as nações (49:5s)
Terceiro Cântico 50:4-9 – Missão vocação e
obediência. Lamentação do servo por causa dos sofrimentos.
O sofrimento do servo rompe contra a teologia deuteronomista
que acreditava ser o sofrimento castigo pelo pecado. Faz da
natureza de seu sofrimento a sua missão, como Jó e José.
Quarto Cântico 52:13-53:12 – O sofrimento surge como
fonte de exaltação do servo sofredor. Surge o novo pela
ligação do sofrimento com a salvação. O sofredor aparece
como vítima, sofrendo por amor ao outro. Esse é o novo
mediador escolhido por Javé. Solidariedade até a morte!
No clímax da opressão produzida pelo imperialismo
babilônico, o Servo também vai até o fim, de forma que sua
morte torna-se denúncia e reconhecimento do direito de irmão,
na substituição do Eu pelo Tu. Com isso o Isaias da Babilônia
desfaz o laço que ligava o sofrimento ao pecado; que ligava os
a justiça e o direito com os reis e seus executores.
O servo é antes de tudo o êxodo de si mesmo como
condição de vida para o outro. De aniquilado e vencido torna-
se vencedor e agente da salvação.
Retorno e Reconstrução
Profeta Ageu
Eduardo Sales
65
Contexto Página |
A queda da Babilônia (539 a.C.) e a ascensão da
Pérsia sob Ciro foi vista como libertação de Javé (Is 45:1; Ed
1:1-4). Diferente dos Babilônicos e dos Assírios, os Persas
permitiam a repatriação, respeitavam a cultura, a religião e
usavam a ideologia de alianças com as elites locais como
forma de dominação (Ed 6:2-10). Os judeus podiam exercer
suas leis desde que fossem submissos à Pérsia (Ed 7:26). A
primeira caravana retornou em 538 a.C. sob Sasabassar (Ed
1:8; 5:14)
A situação do povo era de injustiça e opressão (Zc 7:9-
10; Is 56:1; 58:6-10). A situação dos que não foram deportados
foi retratada pelo terceiro livro de Isaias:
Deus habita com o contrito (Is 57:15)
Não faz separação (65:5)
Os diferentes também são Israel (56:3-8)
Sacerdotes de todas as nações (66:21; 61:6)
Supera a eleição abraãmica (Is 63:16)
Supera o tributarismo estrangeiro (62:8-9)
Busca o direito do pobre (Is 65:21-23; 58:5-7; 59:14)
Os Samaritanos
A resistência dos Samaritanos se opõe à reconstrução
do templo. São israelitas que se misturaram com outros povos
tornando-se como eles, impuros (2Rs 17:24-40). Os
samaritanos haviam se contaminado. De modo geral,
samaritano era todo aquele que não foi para o exílio. Com
essa definição o povo hebreu que ficou e se misturou não foi
mais considerado povo de Deus, foi a destruição ideológica do
reino do norte.
A Reconstrução do Templo
Por volta de 520 a.C. outra caravana retorna com
Zorobabel e Josué, que atuaram junto a Ageu e Zacarias sob o
comando de Dario, rei dos persas. Zorobabel era descendente
de Davi e o Sumo Sacerdote Josué, animaram a esperança de
reconstrução.
Ageu trabalhou no primeiro período com Zorobabel.
Anima o povo a libertação, isso porque a Persia sofria com a
morte de seu rei Cambises. Via a possibilidade dos judeus
conquistarem sua independência.
Pregou a restauração da dinastia davídica (2:22ss);
libertação da tributação imperial; reorganização do templo e do
culto; seriam guiados por Javé (1:13; 2:4-5). É um pregador da
reconstrução do templo (1:1-15) e da presença de Javé nesse
templo (2:1-9). Prega o retorno ao período de prosperidade
(2:10-19), libertação e esperança (2:20-23)
ZACARIAS: Retorno e Reconstrução
Pf. Eduardo Sales
Releitura do Sacerdócio
No primeiro Templo o Sacerdócio não era restrito, mas O exílio favorece a legitimação
para todos (Gn 8:20; 12:7-8; Jz 6:24; 1Sm 7:17). Não era ofício dos levitas e no retorno há uma
hierárquico. Somente durante a monarquia que o sacerdócio aproximação, onde os sadocitas
passou a ser dirigido por algumas famílias. Quando Davi são considerados maiores que
conquistou Jerusalém o sacerdócio tornou-se Sadocita em os levitas (Ez 40:46). As
oposição a Abiatar. Assim, o sacerdócio perdeu todo seu genealogias foram elaboradas
vinculo com a tradição do Êxodo. de forma a aproximar Levi e
Quando houve a divisão do reino, no Norte os Sadoc (1Cr 5:27-43). Essa
sacerdotes levitas exerceram papel relevante na preservação harmonização manteve os
das tradições do Êxodo (1Rs 12:31). Eles estão por trás do sadocitas no poder do 2º
movimento profético e do Deuteronômio. Esses sacerdotes templo até Onias III e, 175 a.C.
Os textos de Arão como
tiveram seus templos destruídos por Josias e foram levados a
Sacerdote (Ex 29; Lv 8-10; 17:1-
Jerusalém como uma ordem sacerdotal inferior.
8; Nm 20:22-9) são pós-exílicos
Em Ez (40:46; 44:9-31 e 48:9-12) o sacerdócio sadocita
Como o poder político e
tornou-se o único verdadeiro, sob a reestruturação do econômico está nas mãos dos
sacerdócio de Aarão pela construção superficial de persas, o sumo-sacerdote
genealogias, que exaltou o sumo-sacerdote. Tornando-se tornou-se um cargo relevante.
servidor das políticas da Pérsia.
NEEMIAS
Pf. Eduardo Sales
O Perdão e a Escravidão
A Judéia possuía lei sobre a escravidão que previa a
libertação no sétimo ano (Ex 21:3), entretanto admitia-se que o
escravo poderia continuar com seu senhor (Ex 21:6). Já o texto
de Ne 5 trata de um tipo de escravidão por penhora, para o
qual não havia perdão, se não houvesse resgatador o senhor
renegociava a divida com o escravo (taxa de penhora era de
60% a.a).
Neemias havia resgatado muitos judeus e comprado
terras a eles, mas por dificuldades tornaram-se escravos e
agora estavam sendo vendidos (Ez 27:13). A atitude de
Neemias procura consolidar a Judéia e o reino que estava
caindo. Sandro Gallazzi afirma que o tratamento piorou com a
lei do jubileu (Lv 25:2-10) onde a libertação tornou-se apenas
para o judeu e com a ressalva de que a estimativa de vida era
de 40 anos.
NEEMIAS:
A Economia do Segundo Templo
Pf. Eduardo Sales
Contexto de Crise
O terceiro Isaias pode ter sido escrito pelas mulheres e
pelos pobres. No contexto tudo ainda está por reconstruir (Is
57:14; 58:12)os que desejam o templo se esquecem dos
pobres (57:1ss). Os pobres excluídos buscam seu lugar na
presença de Javé (Is 61:6; 63:16; 66:21). O tributarismo
vigente também é contestado (Is 62:8-9). A denuncia atinge os
religiosos que não querem partilhar o pão (Is 58:5-7), são
sentinelas cegos (Is 56:10-11). Movidos pela cobiça (57:17;
56:12) não ligam se morre o inocente (Is 57:1). Esse culto é
tão idolatra quanto o do povo que segue atrás dos ídolos.
PENTATEUCO
Pf. Eduardo Sales
Chave de Interpretação
A chave para a interpretação da literatura bíblica 73
não deve ser encontrada na situação original em que a Página |
literatura foi produzida, mas na reflexão teológica que
"reformou" as histórias antigas para uma nova geração de
ouvintes e leitores – as releituras.
Em vez de investigar a história da literatura como
os críticos do século 19 fizeram, von Rad achou melhor Metodologia Teológica:
investigar o texto na sua forma atual, isto é, "devemos como foi lido e
fazer a pergunta do significado que veio a ser associado compreendido, na
às narrativas" e não da história que está por trás das história.
narrativas. Somente a metodologia teológica seria capaz
de descobrir a intenção querigmática do texto bíblico.
Para von Rad, o Pentateuco nos apresenta um
retrato da história de Israel escrita pela fé e não pela
metodologia histórica do século XIX.
Contexto de Elaboração
Embora o Pentateuco narre fatos de épocas
passadas, sua escrita é bem mais recente. O estudo
acurado dos profetas e dos livros históricos permite
avaliar que o Pentateuco ou Hexateuco surgiu durante e
após o exílio.
Em primeiro lugar, a ausência de elementos
relevantes como a lei e a aliança na literatura pré-exílica
são as principais bases para compreensão do período de
escrita e sacralização do Pentateuco. De acordo com
Kaufmann (1989), o Pentateuco já existia, mas em forma
oral e preservado em alguns documentos, entretanto com
valor bastante limitado. A própria Bíblia testemunha que o
Rei Josias inicia uma reforma após achar o livro da lei
(2Rs 22). O contexto transmite a idéia de abandono e
total esquecimento.
Dessa perspectiva podemos compreender que o
Pentateuco começou a ser relevante para a comunidade
a partir da imposição do Javismo. Nesse Governo inicia a
primeira reforma deuteronomista.
Essa interpretação foi relida no mínimo mais uma
vez. As releituras foram conseqüências dos movimentos
históricos. A necessidade de justificar a decadência de
Israel foi um dos maiores motivadores da releitura
histórica que, foi solidificada a partir do exílio, com a
preservação das tradições e culturas (Dt 29:28).
.
GENESIS: O LIVRO DA BÊNÇÃO
Pf. Eduardo Sales
Questões Culturais
Tradições Religiosas:
Pedras Sagradas Js 4:19; 5:9-10;9:6;10:6 ISam 10:8
Árvores Sagradas Gn 12:6;13:18;21:33;35:4;Jz 9:37;Js
24:26
Águas Sagradas Gn 14:7;21:31;26:23-25
Os Nomes de Deus
El (Deus) – Elohim (Deuses) - El Elion (Criador)- El Olan
(Altíssimo)– El Shadai (poderoso)
Releitura da criação
O Relato escrito em dois capítulos pode ser lido
como uma apologética dos deuses babilônicos. O
primeiro capítulo mostra que Elohim (deuses) criaram
tudo, mas no capítulo 2 as coisas mudam, Javé é o
criador de todas as coisas. É uma releitura a partir do
Deus libertador contra a visão dos deuses babilônicos.
Numa outra perspectiva, ainda o capítulo 1 é uma
releitura de oposição às diversas divindades babilônicas,
apontando Javé como único Criador.
GENESIS: O LIVRO DA BÊNÇÃO
Pf. Eduardo Sales
Releitura da Queda
Uma das principais releituras para a queda é a A Serpente, segundo a76 Página |
justificação da desordem e do caos. releitura de Mesters
Após a apresentação da criação e da perfeição do (1987) representa a
éden inicia a queda. Fica claro o confronto entre perfeição religião Cananéia com seu
de Deus e destruição do homem. Na história de Israel culto libidinoso, uma forte
esse texto foi usado para justificar a deportação para a tentação para Israel.
Babilônia (expulsão do paraíso), por meio do pecado.
Nessa narrativa o papel da lei é decisivo: Pela violação
de Adão e Eva (um homem e uma mulher) perderam a Outro detalhe é que a
benção de Deus (paraízo), da mesma forma, os Judeus serpente é apontada
exilados também perderam a benção (terra), porque não como criação de Deus 2:9
guardaram a lei. Essa história defende a justificação pela
lei: se Adão e Eva tivessem guardado a lei estariam
Outro ponto de releitura é a
salvos, ou seja, a Lei tem o poder de condenar e salvar ligação com o NT. A visão de
Outra nota dessa leitura antiga é a desvalorização Deus apresentada é cruel e
da mulher que foi identificada com o pecado, tornando-se legalista, o que representava
o motivo da queda dos homens (caiu por causa da a visão dos sacerdotes, mas
mulher). Com a compreensão da situação de opressão da no NT, Pedro nega Jesus
três vezes e é tratado com
mulher é possível reler esse texto como fruto da opressão maior misericórdia que a
patriarcal. mulher por comer apenas um
simples fruto.
Releitura dos Patriarcas
1. Sobre o Deuteronomio:
a. Influenciado pelos Sacerdotes
b. Influenciado pela Monarquia 77
e. Influenciado pelos profetas do Séc. VIII Página |
f. Escrito por Moisés
2. O Deuteronomio defende:
a. O Sacrifício, a Lei e o Direito de Irmão
b. A lei, o Direito de Irmão e o Culto Centralizado
c. A lei, o Sacrifício, o Sacerdote e os Profetas
d. A monarquia, os pobres, a lei e o Sacrifício
3 – A Teologia da Retribuição:
a. Ensina que Deus abençoa quem vive pela fé
b. Ensina que Deus abençoa quem vive pela lei
c. Ensina que Deus abençoa os ruis
d. Ensina que Deus Abençoa os bons e amaldiçoa os
maus.
4 – Segundo o Deuteronomista, os culpados do exílio:
a. os Reis
b. os Sacerdotes
c. a idolatria
d. a prostituição
5 – Quais principais características do Exílio:
a. Nova Eleição, nova identidade, Revisão do Culto
b. Sábados, Sacrifícios e Eleição
c. Eleição, Sábado e a Circuncisão
d. Separação dos impuros
6 – A Lei de Puro e impuro
a. Era a principal norma de Santidade do Povo
b. Eram Padrões Bíblicos de Santidade
c. Influência Persa que definiu as relações de classe
d. Base de construção do judaísmo pós-exílico
7 – Como Ezequiel viu Deus?
a. Longe, distante
b. Religioso e legalista
c. Próximo e cortês
d. Disposto a acompanhar os eleitos
8 –O que é o Novo em Ezequiel?
a. Uma nova Vida
b. Uma nova disposição
c. Um novo Caminho
d. A Renovação do Velho
9 – Como o Segundo Isaias vê o Servo Sofredor?
a. O Messias
b. Um líder Carismático do Povo
c. Um Rei
d. Israel sofrendo como sinal para os outros
EXODO
(we’elleh Shemoth são estes os nomes)
Mitologia:
Tema: Eu serei vosso Deus e vós sereis meu povo(149x) Azazel 16:8, Is 13:21;34:14;
O Sábado 23:1ss 78
I - Questões Exegéticas O sangue (conceito de Página |
pecado e salvação) 17:11s
O Meu Povo: (20 x) Ambiguidade e Impureza:
Aflição do povo de Deus 3:7 Nm 9:6-14; Lv 12:1-8; (Lv
Missio Dei ao ‘Meu povo’ 3:10 15:31)
Meu povo e Eu serei vosso Deus (Deus próximo 6:7)
Povo Chamado para Servir 7:16; 8:1,20; 9:1,13; 10:3
A Formação do Povo.
A necessidade 3:7
A lembrança da Aliança 3:6; 6:8
A promessa de uma terra melhor. 3:8; 6:8
O Livramento 3 a 15:21; 24:30;18:10; A tradição do Êxodo vai
O Senhor que te Tirou da terra do Egito ser formada a partir
12:42;16:6;20:2; desses três testemunhos,
O Salvador entre seu povo 17:7;25:8;29:45,46; fortalecendo sempre a
O Senhor entre os deuses 18:11 tradição do Êxodo, de
Uma nova vida (nova ordem social) Ex 13 forma que nessa tradição
as outras se completam.
A Formação do Povo As diferentes tradições
se verificam em O rio que
Quando lemos o Pentateuco somos tentados a ler se tornou em sangue (Ex
apenas três capítulos: Gn1 – Deus criou a humanidade; Gn 3 – 4:9; 7:19; 7:20);As pragas
O pecado afastou a humanidade de Deus; Ex 20 – A Lei é a (Ex 15; Salmo 78:41ss;
provisão de Deus para o pecado. Essa é a leitura tradicional. 105:26).
Entretanto, um olhar mais cuidadoso percebe que esses livros
não querem expressar essa idéia. Assim, as novas leituras,
com apoio da pesquisa historiográfica, defende que o coração
do Pentateuco não é a Lei, mas a libertação do Egito.
Uma das questões mais difíceis para compreensão da O Novo Testamento também
Bíblia é a Lei. Em primeiro lugar precisamos tratar da definição propõe reflexões diferentes
e do alcance do terminológico. para a Lei. Os Fariseus e 79
Página |
A Lei no antigo testamento não é algo homogêneo. Os Saduceus usam o termo Lei de
profetas possuem um conceito de Lei, o escritor acordo com a Torá, e são
Deuteronomista (responsável pelos livros históricos) possui chamados de discípulos de
outra compreensão de Lei, os sacerdotes possuem outra Moisés (Mt 23).
compreensão da Lei, e os escritos de sabedoria também Jesus e os escritores do Novo
trazem um conceito singular de Lei. Testamento seguem a posição
A construção da Lei de Deus é montada a partir de dos profetas, para eles, violar a
duas perspectivas: A Lei, atuando como ritual e social Lei de Deus era violar o
(Deuteronomista e Sacerdotal) e os profetas corrigindo e relacionamento com Deus e
transformando em Lei de Deus. Os profetas atuam como uma com o próximo. Mt 5:17,18;
7:12; 22:40; Lc 16:29; 31.
espécie de jurisprudência, corrigindo e adaptando as
Zimmerli acredita que a palavra
diferenças entre a lei escrita e sua intenção.
profética foi perdendo espaço e
Jr 8:8 afirma que Lei de Deus pode ser falsificada e
prestígio (At 13:15; Lc 4:17).
tornar-se mera letra. Ez 20:25ss - condena a Lei. Essa Lei
Uma das características era a
condenada foi a estrutura ritual criada por Josias 2Rs 22ss. elevação da Torá que não podia
Tratava-se da coleção dos escritos de Sacerdotes e escribas ser lida por crianças, mas os
sobre Javé e seu relacionamento com o povo de Israel. O profetas poderiam ser lidos.
mérito deuteronomista foi ligar essa lei com as promessas e Outro detalhe importante é o
com a aliança (Ex 24) por meio da celebração cultica de termo: "depois da leitura da lei
Moisés. e dos profetas" que mostra a
O período de renovação ética dos profetas perdeu sua prerrogativa da Tora sobre as
vitalidade no período de Esdras e Neemias onde o Povo de demais leituras e tradições.
Javé degenerou-se em Povo da Torá. Não há uma tensão sobre o
Com o surgimento da Lei morre a liberdade, não apenas termo lei e profetas, mas uma
na esfera de culto, mas também o espírito religioso. É a morte combinação corretiva,
do profetismo. Pode-se dizer que Jeremias foi o último profeta evolutiva. Mt 11:13; Jo 1:45; (Lc
livre, os que vieram depois só eram de nome. O profeta 24:27; At 26:22) Rm 3:21.
Ezequiel devora um livro e o vomita (Ez 3) representando a
negação da Lei.
A Lei existe em dois momentos: no primeiro
subordinada ao pacto das tribos que era renovado em
celebrações periódicas, comemorativas da eleição e libertação Releitura: Segunda Tábua
do povo e, de outra parte, no pós-exílio a lei se desenvolve Uma das questões mais
para uma magnitude absoluta, a-histórica, autônoma, críticas foi as tábuas. A
imperativa. primeira tábua de Ex. 20
O Antigo Israel não concebe um código legal rígido e imutável, possui conteúdo diverso da
segunda tábua, Ex. 34.
mas cabe interpretações. Os preceitos não eram leis, mas
Na primeira tábua é o direito
experiências históricas do relacionamento com Javé, e diante de irmão, uma realidade
delas deveria se tomar uma postural vital. No pós exílio a lei se social enquanto que a
liberta da história e torna-se absoluta. Há uma mudança de segunda tábua apresenta a
direção, Israel passa a se alegrar na lei e não em Javé (Sl 1 e realidade sacerdotal é a
119). tábua do sacerdote com
regras e rituais.
Apenas os profetas pregam a lei em sentido teológico como É um projeto pós-exílico. É
sendo divina. Moisés apresenta a lei como testemunho de provável que os sacerdotes
libertação. A lei em sentido teológico é um codigo capaz de tenham escrito a segunda
tábua para legitimar sua
manter ou expulsar o homem da aliança.
teologia ritualista e sacrificial.
Releitura da Arca
ALIANÇA: Deslocamento de Sentido
O Profeta Jeremias faz uma
releitura a arca da aliança
A aliança surge a partir da relação Deus-Povo. A entendo como um momento
libertação do povo é o início da dádiva da aliança. Deus ouviu da fé antiga de Israel, como
seu povo e mesmo sem méritos o resgatou e deu a Aliança, um tempo em que o povo
não como relação entre partes, mas como dádiva. Pois a precisava dela como80 se
aliança não garante a presença de Deus, não é por ela que o fosse um amuleto, um ídolo Página |
povo foi salvo, mas ao contrário: pela libertação e dádiva de (Jer 3:16)
Deus é que temos a aliança. É a presença de Deus que
garante nossa aliança. Nessa leitura a aliança é o resultado da
Outras Notas:
presença de Deus e não uma lei para garantir sua benção. É
Endurecer= Sofrimento (10:1)
porque Deus está presente que temos a aliança.
Sacrifícios (10:25-26)
Num segundo momento a aliança ganhou propriedades
Despojo (11:2)
mágicas. A elaboração cultual e ritual propiciou formulas e
Morte dos primogênitos (10:5)
trocas entre Javé e o povo. A formação dos templos, dos Cordeiro Pascal (12:4ss)
sacerdotes e dos rituais solidificou a fé em preceitos rituais. Sinal de Sangue (12:22-23)
A relação Deus-Povo foi substituída pela relação Rei- Mistura de Gente (12:38)
Povo. Aqui a aliança deixou de ser uma dádiva de Deus e Excluídos da Páscoa (12:43s)
passou a ser um contrato entre partes. Deus abençoa a quem Resgate primogênitos (13:15)
guarda a aliança. Essa benção é mediada pelo Rei, agente e Teologia da Retribuição (15:1)
filho de Deus. Essa teologia também encontrou respaldo na Livro da Aliança (19:5ss)
eleição encontrada no Genesis (15:1s; 22:16-18; 26:2-5; Santidade Material (19:10)
27:27,29b; 28:10s; 30:10s; 35:1s; 48:15s,20). Isso foi uma
degradação da aliança do êxodo, uma desvalorização natural,
vinculada à descendência que será pregada principalmente no
pós-exílio, momento em que a ligação com o êxodo foi rompida
(Is 41:8s; 51:2; Ne 9:6s; Sal 105:7s; Mq 7:18s).
Nos profetas clássicos o tema da aliança tornou-se
secundário (Os 6:7; 8:1; Am 3:2). Entretanto as afrontas à
torção da aliança estão sempre presentes (Am 4:4s; 5:5s;
8:10-14; Os 4:8; 4:14s; 5:1s; 7:14; 8:11s; 9:1s; Is 1:11s; 29:13).
Para os profetas clássicos a aliança é identificada no
relacionamento de coração (Os 6:4s; 7:13; Is 1:3; 5:1s; 7:9; Jr
2:1s; 3:19s; 5:1s; etc).
Muito mais profunda é a perspectiva Sacerdotal. A
aliança foi ligada exclusivamente à história da salvação. Essa
releitura viu em Abraão o único vínculo com a circuncisão,
abandonando todos os elementos cultuais, fazendo da aliança
o elemento diferencial (salmo 105).
Essa perspectiva vai receber uma releitura de Jeremias
que revelou a decadência e os defeitos da aliança sinaítica
renovada em Josias (Jr 31:31s). Com Jeremias a idéia de
aliança avança para o relacionamento pessoal e interior, como
em Ezequiel (Ez 16:8,59s; 20:37) que inclui a perspectiva
escatológica (Ez 34:25; 37:26).
No Pós-Exílio o termo aproximou-se da idéia normativa.
Aliança é o composto de direitos e deveres do fiel (Sl 25:10,14;
44:18; 50:16).
No período do cronista esse termo passa por nova
releitura onde significa “culto” e “religião” (Dn 9:27; Zc 9:11).
No NT o termo aliança é revisto a partir do AT. O termo
ganha maior profundidade em Mt 26:28. Como também em
2Co 3:6,14; e principalmente Hb 8:6-10 que afirma claramente
a debilidade da antiga aliança.
LEVÍTICO /Wayyicra – E ele Chamou
Pf. Eduardo Sales
Questões Culturais
Tema: O povo que se chama pelo meu nome deve Tradições Escritas:
possuir uma nova natureza: “Sede Santos, pois eu sou o (Javista, Eloista, Sacerdotal)
Senhor, vosso Deus” Lv 19:2. 81
Página |
Tradições Religiosas:
Jetro – Sacerdote professor.
Questões Exegéticas Ex 3:1;4:18; Ex.18:12,14ss
Questões Teológicas
O Sacro e o Profano 10:10 (Nadabe e Abiu)
Santo como separado 6:10
Sant – 83x
Expiação 45x
Perdão 12x
Aproximar, fez chegar, encher a mão 30x
O Deus Santo, - Deus absconditus de Lutero.
A transcendência e Imanência de Deus.
QUESTÕES TEOLÓGICAS
Temas:
Serviço- 68x
Terra 110x
Levitas 46x
Povo 90x
Senhor 357x
Cristologia
Dinastia davídica (24,17).
Teologia
Importante é ainda o tema da Tenda, 69X - Apontado como
lugar da Presença (Shekkinah).
Pf. Eduardo
88
Página |
A formação do pensamento judaico desenvolveu-se a
partir do exílio. Houve o fortalecimento da teologia do Templo,
a pregação da supremacia sacerdotal, a imposição da Lei,
foram temas desenvolvidos pela classe que apoiava a elite.
.
JÓ: O CLAMOR DO OPRIMIDO
Pf. Eduardo Sales
Personificação da Sabedoria
Nos nove primeiros capítulos a presença da sabedoria é
destacada. Já no capitulo primeiro ela adverte e admoesta (1:20-
30), também aparece no encerramento do prólogo, convidando a
entrar em sua casa (9:4-6). No capitulo 8, ela promete vida (v.35).
Essa abordagem visa controlar a crise econômica e opressora que
havia. O interesse era relembrar a aliança e o direito de irmão. Isso
ocorreu porque, no Israel pós-exílico, costumes e tradições
referentes à ajuda mutua estavam sob pressão devido a opressão
econômica imposta pelos persas e pelos gregos. Essas políticas
estrangeira valorizavam o acumulo de excedente, a ganância e o
individualismo, o que começou a destruir a vida comunitária de
Israel. Assim, a voz do pai faz soar uma advertência dirigida ao
filho e que se opõe às tentações da ganância e da aquisição de
riqueza por meio da desonestidade e até da violência (Ne 5; Pv
1:10-11,13,15, 18, 19). Outra preocupação dessa instrução era o
reforço dos valores familiares, como o adultério que era o
rompimento da família (7:18-19,21-23).
ECLESIASTES – QOHELETH – .
Salomão: (900) 22:17-24:22
Aquele que Reúne alunos Ezequias (727-698) 25-29
Sabedoria Popular
O autor assume a pessoa do rei Salomão, que acumulou Josias (640-609) 10:1-22:16 95
riqueza e sabedoria enquanto reunia e governava seus súditos. O Página |
Orientação moral popular
contexto é por volta do ano 300 e 200 a.C. no período dos Neemias (400) 1-9, 30-31
Ptolomeus.Esse período também pode ser contextualizado em Ne Teologia Sacerdotal
5:1-5, isso porque, com as secas e pestes, os pequenos
fazendeiros tinham de arrendar suas terras e escravizar sua
família. Foi a retomada da opressão pelo sistema de classes, Foi uma época de
onde a distância entre os pequenos proprietários e os grandes exploração ao modelo do
fazendeiros culminou na formação de uma elite aristocrática. império Persa. Implantaram
Essa forma de economia afrontou e usurpou qualquer um sistema fiscal de coleta
forma de relacionamento baseado em laços familiares. O direito de impostos em moeda
de irmão foi usurpado pelo direito comprado com prata grega. Isso corrente, independente do
meio produtivo de
joga muita luz para a compreensão de Jesus sendo vendido como
subsistência.
um escravo por Judas. Os valores éticos baseados no direito de
irmão foram substituídos pelo materialismo.
Nesse contexto Coélet responde às crises econômica,
política e religiosa em dois discursos: de um lado, como pastor
compassivo, de outro, ataca os fundamentos intelectuais da
“sabedoria” monetária helênica. No desenvolver de sua Ele usa o estilo dialético,
argumentação usa-se ditos sapienciais (7:1-12); sátiras (7:2-4); afirma e contesta, onde
histórias-exemplo (9:13-16); perguntas possíveis (7:24); fala de expõe o pensamento
sabedoria e insensatez (1:16-18); de retribuição (7:15-18); dos tradicional e depois relativiza
valores (4:1-12) e contesta principalmente a certeza e confiança o mesmo ensinamento (Ecl
baseada no lucro – Tudo é Vaidade (1:14,17; 2:11,17,19,23,26) 2:13-15).
Resposta à Crise Espiritual
Afirma a bondade da Criação (Ecl 3:12-13) que se opõe à
afirmação de que o homem não pode aproveitar do lucro de seu
trabalho (Ecl 1:3,14). O que também se afirma em contexto com a
realidade do povo (Ne 5:1-5 e Ecl 2:21).
Nesse momento de dificuldade incerteza e dor, nenhum
profeta ou sacerdote procuraram responder à crise do povo, mas
Coélet se propõe a afirmar a presença de Deus (Ecl 5:1), e
contrapões com a incerteza sobre os planos de Deus (3:11; 8:17).
Ao contestar a auto-suficiência também revela Deus (2:24-25).
Resposta à Crise Econômica
Usa sua sabedoria para contestar os princípios da
economia helênica. Coélet usa vários termos desse novo mercado
financeiro e, o Lucro, é um de seus preferidos (Ecl 1:3), suas
palavras refletem a nova forma de vida centrada na necessidade
de acumulo de excedente (Lucro). Assim, Coélet usa a própria
linguagem do comércio para sabotar a sabedoria do lucro.
A opressão também é retratada em (3:16;-17; 4:1; 6:1-2)
assim como a ganância sem limites dos ricos (1:5-7). Essa questão pode ser
A sabedoria do lucro pressupõe que os seres humanos vista na exposição de
podem ter algum grau de segurança e controle sobre o próprio Jesus ao estilo Coélet (Mt
destino mediante o acúmulo de riquezas (Ecl 7:27-28). À 16:26; Mc 8:36;Lc 9:25).
sabedoria do lucro ele usa a filosofia do tempo, revelando que não Principalmente no
há movimento, nem lucro (1:4-9). A própria lógica da matemática evangelho de Lucas,
foi contestada (4:6). O uso acentuado da matemática, de números provavelmente escrito
e termos comerciais encontra seu oposto na indeterminação da para comunidades grego-
vida, resultando na falta de previsibilidade, uma das críticas romanas (Lc 12:15ss).
principais de Coélet (6:3-6).
Essa questão também é
retratada na opção de
Jesus pelos pobres e pelo
estilo de vida do povo.
PERÍODO GREGO – HELENIZAÇÃO
Pf. Eduardo Sales 96
Página |
Pf Eduardo Sales
99
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JOEL E ESTER
Eduardo Sales
O Livro de Ester
SALMOS 100
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Paralelismo Sinonímico:
Sl 19:1 Os céus proclamam a glória de Deus,
e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.
Paralelismo antitético:
Sl 1:6 Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios perecerá.
Paralelismo sintético:
Sl 19:7 A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma;
o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices.
Sl 19:8 Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração;
o mandamento do SENHOR é puro e ilumina os olhos.
Conflito Judeu-Helênico
Durante o período Grego a palestina é cruzada sete ou
oito vezes por exércitos gregos em luta. Na tomada de
Jerusalém em 312 a.C. milhares de judeus foram deportados
para o Egito e escravizados nas minas e na agricultura.
O auge da helenização aconteceu com Antiocus IV. A
cultura e a própria língua foram assimiladas de forma
opressora. Nesse período surge a Revolução dos Macabeus.
A Pax Romana
Uma nova era de Paz garantida pelo poder militar romano.
Augusto foi interpretado como salvador enviado para por fim à
guerra e anunciar a PAZ. Augusto o "salvador de todo o
gênero humano"..."terra e mar têm paz, as cidades florescem
em boa ordem legal, em harmonia e com abundância de
viveres; tudo o que há de bom existe em estado maduro e
abundância, os homens estão cheios de esperanças felizes no
futuro e de alegria no presente..." (WENGST, p.18)
Paz ECONOMICA:
Estradas de Comercio; Espólio de Guerra
A presença romana:
Aumentou a crise sobre a propriedade das terras.
A lei casuística judaica burlou o vencimento
sabático das dívidas (korban e prozbul).
Surgem os latifundios a base de serviço escravo
(Muitos se vendiam como escravos).
A dominação por carga tributária (publicanos).
Dominação econômica (Banqueiros urbanos e pelo
Templo).
Pobreza no Campo e concentração da riqueza na
cidade.
Paternalismo econômico (Lc 7:1-10) social e
político (Jo 11:49-53; 18:12-14).
Os Javismos da Palestina
O Javismo palestinense com sua versão exclusiva
da Torá e seu templo em Gerezin foram destruídos em
128 a.C. por Hircano (Macabeu). Também tinham
profetas, Josefo registrou uma matança de 3000 profetas
em Gerezin. Também em Atos há muito interesse nesse
grupo, em sua incorporação ao cristianismo (At 8:4-25).
Os samaritanos eram compreendidos como Israel, mas
os Romanos ainda eram vistos de forma diferente (caso
de Cornélio que não era aceito por ser romano, um
impuro, At 10, 11).
Contexto Geral da Palestina 4 a.C. – 30d.C.
Pf. Eduardo Sales
105
Religião Página |
Na religiosidade da Palestina encontramos o grupo
dos "Justos". Eram os fariseus do campo que
peregrinavam a Jerusalém.
Outro grupo de desviância (Theissen) era o
zelotismo. Foi decisivo na guerra judaica de 66-70 d.C.
Entende-se em continuidade com a revolta de Judas o
Galileu (6-7 d.C.), ou de vários movimentos espontâneos
da Galiléia. Uma espécie de bandidagem rural que
culminou no partido Zelota.
O apocaliptismo surgiu nessas formas de religião
de desviância, como esperança e expectativa de
libertação das opressões sociais (Lc 24:19-21).
A tensão entre o campo e a cidade tem papel
decisivo. A casta Sacerdotal (saduceus), atuam como
agentes obrigados do sistema romano (ofertas e
sacrifícios a Cesar) e beneficiários do sistema
arrecadador do Templo. O Templo era o guardador das
dívidas e detinha as maiores propriedades agrárias.
Em contrapartida os fariseus possuíam um papel
ambíguo. Não são aliados diretos do poder dominante,
mas na prática, funcionam como força intelectual. Tem o
papel de justificar as formas de domínio e conter o
desconformismo. Favorecem o imperialismo com sua
interpretação da lei sabática de perdão quando afirmam,
com Hilel, que as dividas a se perdoar eram as
particulares e não as com a corte. É provável que esse
seja o sentido intentado por Jesus na frase "perdoa
nossas dívidas como perdoamos nossos devedores".
As Comunidades Helênicas
Nos primeiros 20 anos o evangelho foi à Palestina, Síria
e Ásia Menor. Isso se deve a desenvolvimento das
comunidades de cultura grega. Diferente dos apóstolos, sua
missão foi alem da mesas (At 6:1-6), eles exerceram uma
missão semelhante a dos doze (Zt 6:8; 8:6-7:13). As Eram críticos ao Templo como
comunidades de Jerusalém eram fiéis aos costumes judaicos e principal local de discriminação.
as helenicas eram livres e contrárias a estrutura judaizante (At
6:8-15; 7:44-50). Opunham-se aos que controlavam o templo,
veja o caso de Estevão (At 7:54-60). Os helenistas rompem Romperam com os
com as leis judaizantes (At 8:5-13; At 8:26-40) preconceitos e aceitaram
Fundaram Igrejas na Samaria (At 8:5-13); Síria (9:1-30); missionarias (At 21:8-9)
África (8:26-40) e Atioquia (11:19ss). A postura anti-Templo e
anti-discriminatória, eram apelos irresistíveis aos judeus da
As diásporas (dispersões dos
diáspora. Isso porque foram muito discriminados pelos judeus
judeus pelo mundo) foram
de Jerusalém, uma vez que eram considerados impuros. O
importantes no crescimento
cristianismo purificou tudo em Cristo, até o “puro e o impuro”.
das igrejas helenicas.
A principal tese da releitura helenista foi a centralização
de Cristo. Não mais a lei, mas Jesus Cristo é o novo caminho.
Ele é a palavra que Salva (Gl 5:6; Rm 6:13ss; 1:16-17; 3:20s). Antioquia da Síria, centro
Os helenistas foram os primeiros a anunciar o missionário do helenismo. Era a
evangelho aos gregos (At 11:20). Suas missões estenderam- terceira cidade do império com
se principalmente a partir de Paulo. 500 mil habitantes.
Essas comunidades desenvolveram uma nova forma de
ser messiânico que foi denominada: cristianismo.
Desenvolveram novas relações de gênero, de classe e étnicas.
Para tal tiveram que superar as tensões com os judaizantes e
com os helenistas. Seu principal enfrentamento foi com os
judeus (At 15 – no concílio de Jerusalém).
O NASCIMENTO DO CRISTIANISMO
AS COMUNIDADES HELÊNICAS
Pf. Eduardo Sales
110
Página |
Após as perseguições e diásporas (dispersões) muitos
judeus se dispersaram pelo mundo, ainda seguiam a lei de
Moisés e as tradições judaicas, mas de forma menos rígida,
acabaram por se aproximar da cultura e pensamento locais.
Esses judeus e prosélitos eram mau vistos pelo judaísmo At 11:19-21 – A igreja de
palestinense (At 6:1-2), o que possibilitou a aproximação ao Antioquia foi fundada,
movimento cristão, principalmente à igreja de Antioquia (At provavelmente pelos amigos de
13:43,48). Barnabé.
Antioquia da Síria foi um dos principais centros
missionários da igreja primitiva. Era a terceira cidade do
Império Romano, abaixo apenas de Roma e Alexandria,
possuía cerca de 500.000 habitantes.
Foram as comunidades helênicas que primeiro
anunciaram o evangelho aos gregos (At 10:34-35; 11:20).
Essas comunidades começaram a se aproximar dos outros
povos e se distanciar do judaísmo exclusivista, levando os
seguidores de Jesus a uma identificação própria: cristãos (At
11:26).
Esse momento também foi a passagem da eleição
particular para a missão mundial (At 10:34-35). Nessas
comunidades, diferente das de Jerusalém, a comunidade não
estava centrada nos apóstolos nem na família de Jesus, antes
possuíam uma autoridade colegiada. Seus líderes eram
profetas e doutores que organizavam empreitadas
missionários sendo sempre decidido em assembléia (At 13).
Novas relações de Classe
A primeira empreitada missionária de Antioquia Em Fp 2:5-11, a questão do
A primeira equipe foi formada por Barnabé, Paulo e servo e do senhor são
João Marcos (At 13-14), e deve ter sido travada por volta do superadas no relacionamento
ano 46-48. Primeiro visitaram Chipre (terra de Barnabé), de Cristo, o que também está
depois seguiram para Panfília (Ásia Menor, atual Turquia). Em em Gl 3: 27-28. Jesus era o
Perge, João Marcos abandona a equipe (13:13). Em Antioquia único Senhor (Kúrios) e todos
da Psídia, pregam aos gentios, o que provocou os judeus, eram iguais sob seu Senhor
culminando em sua expulsão (13:44-52; At 14:27). Em Icônio (1Co 7:22; Gl 5:1-13).
repete-se a história (14:1-5), e fogem para Listra onde curam
um aleijado e acabam por ser idolatrados pelo povo (14:5-18).
Mas pouco depois, Paulo foi apedrejado mas se reabilitou e Novas Relações étnicas
continuou com Barnabé para Derbe (14:19-21). Depois disso, Em Cristo não existem
voltam pelas mesmas cidades e designam líderes para as preferidos, todos são iguais (Gl
comunidades (14:21-23). 3:27-28). Todas as nações
possuem a mesma dignidade.
Novas Relações de Gênero Os estrangeiros não devem ser
A estrutura dessas comunidades desenvolveu novas considerados impuros (At 11:1-
10).
relações. Em primeiro lugar, romperam com os velhos moldes
de gênero e instituíram homens e mulheres na liderança das
comunidades (Gl 3:27-28). O cristianismo paulino tinha a
proposta de romper com as formas de preconceito e
discriminação. Outra característica é a aproximação de Deus:
chamado de Pai, o que rompia com os padrões de opressão
patriarcais desta época. Dentre as mulheres que se
destacaram estão Febe, Priscíla, Júnia e Maria (Rm 16).
CRISTIANISMO PAULINO
Pf. Eduardo Sales
O termino do primeiro período se dá com o concílio de Nesse período Judeus ainda 111
Página |
Jerusalém. Essa reunião aconteceu devido a dificuldades entre tentavam a libertação da
as comunidades. Enquanto que Antioquia fazia missão e palestina, tornando seu
cuidava dos necessitados (At 11:29-30) a comunidade de governo algo bem
problemático para os
Jerusalém visitavam as comunidades judeu-helenicas
Romanos (At 21:38 fala de
provocando confusão com a imposição da lei (At 15:1-2 e Gl uma dessas revoltas).
2:4-5,11-14). Nesse concílio houve uma aproximação do
judaísmo, mas Paulo confronta com a Graça (At 13:38-39;
15:11). Assim, os judeus permitiram o evangelho mas forçaram
a lei (At 15:20,29) mas Paulo interpreta como abandono da
graça de Cristo (Gl 2:4ss). Há uma ruptura, Barnabé abandona
o grupo e Paulo forma uma nova equipe missionária.
Nessa época Herodes Agripa II (48-92) reina sobre Quem era Paulo:
algumas regiões da Palestina. Em 49 o Imperador Claudio (41- Nas primeiras cartas (1Ts, Fp,
54) expulsou os judeus, cristãos ou não, de Roma (At 18:2 – Fm) era um Pastor tentando
provavelmente devido aos conflitos com os cristãos). Mais resolver os problemas da
tarde Nero revogou esse decreto permitindo a volta dos judeus comunidade; Nas cartas
para Roma. Entre os anos 50-52 está a segunda viagem seguintes (Gl, 1,2Co e Rm) era
missionária de Paulo e nos anos de 53-57 está a terceira. um teólogo fundamentando a
Em 54 Nero subiu ao poder até o ano 68. Assumiu a fé cristã em seus ensinos; Em
postura de Imperador-Deus e exigiu culto a sua pessoa. Nos Atos dos Apóstolos, é um
primeiros anos Nero não perseguiu os cristão apenas por volta político conservador que não
do ano 64, que acusou os cristãos pelo incêndio de Roma. se opõe às autoridades
Entre os cristãos que mandou matar estão Paulo e Pedro (65) romanas. Nas cartas deutero-
e muitos outros cristãos que foram crucificados e incendiados paulinas (Ef, Cl) é um teólogo
para iluminar as ruas de Roma. Em 66 os zelotas iniciaram sistemático e menos radical
quanto ao igualitarismo cristão;
uma revolta que culminou na destruição do templo 70.
nas outras (Ts e Hb) não
acrescenta nada claro à sua
Paulo e as Igrejas pós-concílio de Jerusalém
personalidade; nas pastorais
Quem era Paulo? A princípio precisamos separar o
(Tt, 1,2Tim) surge o Paulo
Paulo das cartas autênticas (1Ts, Fl, Fm, Gl, 1 e 2Co, Rm) das conselheiro pastoral e político
cartas deutero-paulinas (Cl, Ef, 2Ts, Hb, Tt e 1,2Tim) e outro é conservador.
o Paulo de Atos dos Apóstolos.
Nas Cartas Autênticas: Imagem de alguém mais fraco e
muito contestado, suspeito de heresia. Não foi bem
considerado apóstolo, teve de defender-se, foi criticado por
não ser hábil no falar (2Co 11:6). Trabalhava como operário
artesanal (1Co 4:12) que era algo desprezado para um homem
livre. Foi várias vezes açoitado, sofrendo castigos e
humilhações.
Nas Cartas Deutero-Paulinas: Não inclui Paulo entre os
apóstolos. Nesses escritos Paulo não se opõe à autoridade
civil. Essa idéia é uma das teses principais de Atos dos
Apóstolos. Há um processo de evolução do pensamento
Paulino. A igreja primitiva vai polindo as críticas e amenizando
Paulo de forma a ser aceito pela maioria, sem crítica ao
império e às estruturas culturais (é o caso das caras Pastorais)
Em Atos dos Apóstolos: Apresenta uma grande proximidade
de Paulo com as autoridades romanas, demonstrando simpatia
com o império. Paulo é apresentado como favorável à
ideologia do império, o que não condiz com o Paulo das cartas
autênticas.
PAULO E AS VIAGENS MISSIONÁRIAS
Pf. Eduardo Sales
‘
PRIMEIRA TESSALONICENSES
A CARTA DA ESPERANÇA
Pf. Eduardo Sales (1) Tradição evangélica de
Deus Pai. 113
Escrita durante um período de perseguição (no ano 49 Página |
(2) Elemento vivencial indica
o imperador Claudio expulsou os judeus de Roma. É possível
o começo da igreja. O tema
que cristãos tenham sido perseguidos como judeus). Após o da esperança é o coração da
conflito com os cristãos gentios e o concílio de Jerusalém, carta. Anseio escatológico
Paulo assume a missão independente, inicia a segunda diante da crise imposta pelo
viagem missionária e escreve essa carta em Corinto, por volta império.
do ano 51 d.C. (3) Eleição reconhecida a
A sociedade era formada por uma elite dominante partir da esperança e firmeza
(política, militar e comércio) e pela maioria de escravos, na fé.
estima-se em apenas 5% da população pertenciam à elite. É (4) palavra x em poder, no
preciso lembrar que, por ser cidade portuária, recebia pessoas Espírito, em convicção.
(6) discipulado em tribulação
do mundo inteiro, principalmente do exército romano.
(10) O filho dos céus é uma
O principal objetivo é reanimar a esperança. As referência ao Filho do
perseguições estavam desanimando os fiéis e estimulando Homem em Daniel. A ênfase
aproximações seculares que negociavam a fé. É provável que dos Céus é referência ao
o contexto portuário e de capital da Macedônia contribuíram Juízo, como se vê no término
para a perseguição, mortes e mesmo o esfriamento da fé do versículo.
messiânica. (11) ira vindoura. Retoma a
1Tess. 1 – 2 O Discipulado da Esperança tradição dos profetas e dos
1:3 recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai (1), da evangelhos. O dia do Senhor
operosidade da vossa fé (2), da abnegação do vosso amor e da é o dia da ira e não da
firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, 1:4 alegria (Am 6; Mt 3:7s;
reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição (3), 1:5 4:17;Mc 1:15; ).
porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em
palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo(4) e em plena (12) Testemunho pessoal de
convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre sofrimento. Confronto entre
vós e por amor de vós. engano e verdade, agradar
1:6 Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor homens e agradar Deus.
(6), tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação,
com alegria do Espírito Santo.
1:10 e para aguardardes dos céus o seu Filho (10), a quem
ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura
(11).
2:2 mas, apesar de maltratados e ultrajados em Filipos (12),
como é do vosso conhecimento, tivemos ousada confiança em nosso
Deus, para vos anunciar o evangelho de Deus, em meio a muita luta.
2:12 exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes
por modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória.
Nesse capítulo Paulo estimula a fé dos fiéis afirmando
seu zelo e convicção. Apresenta a crise Poder x Palavra,
comum ao ambiente grego (isso por causa dos oradores e
retóricos gregos, Paulo não era mais um destes). Continua a
afirmar a fé da comunidade na preparação de uma vida digna
(discipulado) para encontrar com Jesus no dia do Senhor (dia
da ira). E conclui seu testemunho afirmando que mesmo em
meio a muita luta anunciou o evangelho para que os crentes
possam viver de modo digno do evangelho.
A mensagem de esperança era uma resposta à crise
ideológica do império Romano, era a pregação da
manifestação do poder de Deus, do dia do verdadeiro Senhor,
esperança de salvação para os fiéis e punição para os infiéis.
PRIMEIRA TESSALONICENSES
A CARTA DA ESPERANÇA
(17) sofreram perseguição
114
dos gregos como os cristãos
Esperança: Paulo entre Judeus e Gentios Página |
Uma das principais marcas dessa carta é o tratamento de Jerusalém sofreram dos
judeus.
que Paulo dá aos judeus.
(18) Juízo sobre os judeus
2:14 Tanto é assim, irmãos, que vos tornastes imitadores das
vistos como perseguidores
igrejas de Deus existentes na Judéia em Cristo Jesus; porque
dos cristãos como de Cristo
também padecestes, da parte dos vossos patrícios (17), as mesmas
e dos profetas.
coisas que eles, por sua vez, sofreram dos judeus, 2:15 os quais
(19) tradição reaparece em
não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também
Mt 23: 13, referindo-se ao
nos perseguiram, e não agradam a Deus (18), e são adversários de
rabinato (fariseu?).
todos os homens, 2:16 a ponto de nos impedirem de falar aos
(20) Paulo continua lendo a
gentios para que estes sejam salvos (19), a fim de irem enchendo
ira de Deus sobre os judeus
sempre a medida de seus pecados. A ira, porém, sobreveio contra
como punição do império
eles, definitivamente.(20)
romano (expulsão dos
A mensagem de esperança se manifesta como juízo sobre os
judeus de Roma em 50 d.C.)
perseguidores.
(21) Referência às
Perseguições esfriavam a fé dos Cristãos adversidades. Demonologia ou
Com a expulsão dos judeus de Roma, é provável que os interpretação histórica?
cristãos também tenham sofrido, isso porque ainda congregavam nas (22) A igreja estava sofrendo
sinagogas. Assim Paulo fala de Satanás e do Tentador, referências perseguições. O Tentador é
da igreja primitiva à opressão de Roma. a opressão do império para
2:18 Por isso, quisemos ir até vós ( pelo menos eu, Paulo, calar o testemunho.
não somente uma vez, mas duas ); contudo, Satanás nos barrou o (23) Preocupação no
caminho (21). crescimento em Amor e
3:2 e enviamos nosso irmão Timóteo, ministro de Deus no comunidade.
evangelho de Cristo, para, em benefício da vossa fé, confirmar-vos e (24) Santidade social. Base
exortar-vos, 3:3 a fim de que ninguém se inquiete com estas para o encontro com Jesus e
tribulações (22). todos os seus santos.
3:5 Foi por isso que, já não me sendo possível continuar (25) a tradição identifica os
esperando, mandei indagar o estado da vossa fé, temendo que o santos com os anjos que
Tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso labor. vem nas nuvens com o Filho
3:12 e o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns do homem.
para com os outros e para com todos (23), como também nós para (26) Vida agrada a Deus.
convosco, 3:13 a fim de que seja o vosso coração confirmado em (27) prostituição. Santidade
santidade (24), isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na separação do corpo. Não
vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos (25). defraudar o irmão.
Também é importante notar a preocupação de Paulo (28) Deus é o vingador.
Chamados para Santificação,
com o crescimento da em amor uns para com os outros essa é
não rejeite a Deus. Veja o
a verdadeira santidade e confirmação para o dia da vinda.
contexto de amor fraternal.
Discipulado e mudança de Vida
4:1 Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no
Senhor Jesus que, como de nós recebestes, quanto à maneira por
que deveis viver e agradar a Deus (26), e efetivamente estais
fazendo, continueis progredindo cada vez mais; 4:3 Pois esta é a
vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da
prostituição; 4:4 que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo
em santificação e honra, 4:5 não com o desejo de lascívia, como os
gentios que não conhecem a Deus(27); 4:6 e que, nesta matéria,
ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra
todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos
claramente, é o vingador (28), 4:7 porquanto Deus não nos chamou
para a impureza, e sim para a santificação. 4:12 de modo que vos
porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a
precisar.
PRIMEIRA TESSALONICENSES (29) ignorantes: objetivo era
A CARTA DA ESPERANÇA fortalecer a fé e impedir o
entristecer pela falta de
esperança. 115
Esperança Escatológica: A Promessa de Ressurreição Página |
Com as perseguições e a demora da segunda vinda, (30) Schweitzer fala dessa
ressurreição como sendo
muitos cristãos estavam morrendo o que desanimava a fé, pois
original de Paulo. A base é
principalmente para os cristãos judeus, reinar com o messias que a ressurreição de Cristo
era algo imprescindível. é a razão teológica de nossa
4:13 Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes ressurreição.
com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os (31) o encontro com o
demais, que não têm esperança (29). 4:14 Pois, se cremos que Senhor nos ares refere-se ao
Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, cortejo do rei vitorioso
trará, em sua companhia, os que dormem (30). (parousia). Observe todo um
A Ressurreição de Jesus serviu de paradigma, de modelo contexto de exercito: voz e
para todos. É porque Cristo ressuscitou que ninguém ficará arcanjo, palavra de ordem,
esquecido na morte. trombeta. Metáfora bem
4:15 Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: aplicada para uma cidade
nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum que sempre recebia as
precederemos os que dormem. 4:16 Porquanto o Senhor mesmo, tropas imperiais.
dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a (32) O consolo é a principal
trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo mensagem dessa carta. A
ressuscitarão primeiro; 4:17 depois, nós, os vivos, os que ficarmos, mensagem de ressurreição
seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o para o reino com Cristo é
encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com exclusiva de Paulo, baseada
o Senhor (31). 4:18 Consolai-vos (32), pois, uns aos outros com em sua teologia da
estas palavras. Ressurreição e união com
É importante notar que na escatologia de Paulo vários Cristo. Se Ele ressuscitou,
elementos não existem (besta apocaliptica, anti-cristo, armagedom, nós ressuscitaremos.
etc...) Paulo segue a escatologia do antigo testamento que entendia (34) trevas não pé maldade
a segunda vinda como o Dia do Senhor, dia da ira e do juízo. Em que e luz não é bondade ou
todos os justos estarão com Ele, primeiro os mortos em Cristo santidade. Trevas é não
(mensagem de esperança para a comunidade, ênfase no termo - estar preparado e luz o estar
primeiro -), enquanto que, aqueles cristãos que se achavam preparado.
melhores por não ter morrido, viriam depois. (35) ilustração comum ao
contexto militar da cidade.
5:2 pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o (36) Ira e Salvação como
Dia do Senhor vem como ladrão de noite(32). 5:3 Quando andarem faces da mesma moeda.
dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina Tradição dos evangelhos (Mt
destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e 25:34,41). Não é maldade,
de nenhum modo escaparão; 5:4 Mas vós, irmãos, não estais em mas justiça (Mt 23:13). É a
trevas, para que esse Dia como ladrão e vos surpreenda (34); teologia da retribuição em
5:8 Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, caráter social. A teologia da
revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como Graça não aparece nessa
capacete a esperança da salvação(35); 5:9 porque Deus não nos carta, mas a ação de união
destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso em Cristo pelo vigiar.
Senhor Jesus Cristo (36), 5:10 que morreu por nós para que, quer (36) Novamente a teologia
vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele (37). surge como fenômeno social.
(37) opõe a paz romana e
5:11 Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos prega a não-violência, como
reciprocamente, como também estais fazendo os evangelhos.
5:14 Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os
insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais
longânimos para com todos (36). 5:15 Evitai que alguém retribua a (38) apagar o Espírito.
outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem entre vós e Provável ênfase retórica
para com todos (37). (sabedoria grega) estratégia
do império Romano contra a
5:19 (38) Não apagueis o Espírito. 5:20 Não desprezeis as profecias; Igreja.
PRIMEIRA CORINTIOS
ADVERTÊNCIA A UNIDADE
116
No tempo de Paulo, Corinto era uma cidade próspera, Página |
centro privilegiado de comunicações marítimas e de comércio,
graças à sua situação geográfica e aos dois portos: um sobre o
Mar Egeu, que facilitava as ligações com a Ásia Menor, a Síria
e o Egito; outro sobre o Adriático, que assegurava o tráfico
com o Ocidente.
Introdução: 1,1-10;
I. Origem divina do Evangelho: 1,11-2,21;
II. O Evangelho faz-nos filhos de Deus: 3,1-4,7;
III. O Evangelho faz-nos livres: 4,8-5,12;
IV. Vida cristã, caminho de liberdade: 5,13-6,10;
V. Conclusão: 6,11-18.
TEOLOGIA
A discussão acerca do anúncio do Evangelho também
aos pagãos, considerados imundos pela Lei (Act 10-11; 15), foi
o primeiro problema que surgiu após a Ressurreição de Cristo
e do Pentecostes. Depois, levantou-se o problema de se os
cristãos, vindos do paganismo, estavam também sujeitos à Lei
mosaica. Divergiam as opiniões. Paulo, apesar de ser judeu da
seita dos fariseus (os mais zelosos da Lei), tornou-se o
campeão da liberdade cristã ou da não sujeição à Lei,
interpretada à maneira dos fariseus. Isso mereceu-lhe a
hostilidade, não só dos judeus, mas também dos cristãos de
origem judaica. O chamado concílio de Jerusalém (Act 15) não
conseguira acalmar completamente os ânimos. Cristãos de
origem judaica - os judaizantes - puseram em causa a validade
e legitimidade do anúncio evangélico feito por Paulo, negando-
lhe a dignidade apostólica e acusando-o de pregar um
Evangelho mutilado e de anunciar um cristianismo diferente do
dos outros Apóstolos de Jerusalém. Por isso, tentavam
submeter os recém-convertidos ao jugo da Lei.
Para o Apóstolo, a Lei de Moisés foi sobretudo "um
pedagogo", cuja missão era conduzir a Cristo (3, 24). Se os
cristãos continuassem a observar a Lei como necessária para
a salvação, então a obra de Cristo teria sido inútil: a salvação
não nos viria por Ele, mas pela Lei. Por isso, o que nos justifica
não são as obras da Lei, mas a fé em Cristo.
Partindo deste princípio, Paulo vai ainda mais longe. Esforça-
se por provar aos seus adversários que a Lei nunca justificou
ninguém. O próprio Abraão não foi justificado pela observância
da Lei, mas pela fé e pela Promessa.
A Lei não fez mais do que manifestar o pecado, ao
indicar um caminho, sem dar forças para o seguir. Só a Boa-
Nova de Cristo, que é poder de Deus para todo o que crê,
justifica, porque, indicando o caminho, dá também a força
sobrenatural para o seguir.
O grupo dos judaizantes quase desapareceu com a
queda de Jerusalém, por volta do ano 70.
Introdução a carta aos ROMANOS
Pf. Eduardo Sales
Contexto
Escrita aprox. em 54-57
119
Pastoral contra as crises na Igreja de Roma Página |
• Imperador Claudio expulsa os judeus
• Retorno dos Judeus e discriminação por parte dos Gentios.
• Crise da Aliança – Questão da inclusão dos Gentios
Carta de Apresentação
• Mudança da Base Missionária
• Crise apostólica: At 15 e Gl 2
Teologia e Tema da Carta:
• Paulo entre Judeus e Gentios
120
Página |
121
Página |
Notas:
FILIPENSES DIVISÃO E CONTEÚDO
Introdução: 1,1-11;
Filipos era uma cidade situada ao norte da Grécia, que Filipe II da I. Prisão de Paulo: 1,12-26;
II. Deveres da comunidade:
Macedônia, pai de Alexandre Magno, agregou ao seu reino, dando- 1,27-2,18; 122
Página |
lhe o seu próprio nome. Antes, chamava-se Krénides (ver At 16,12). III. Solicitude pela comunidade:
Paulo chegou a Filipos nos anos 49 ou 52, com Timóteo, Silvano e 2,19-3,1;
IV. O Apóstolo, modelo da
Lucas. O mesmo Lucas, nos Atos (At 16,1-40), faz a narração do fato
comunidade: 3,2-4,1;
na primeira pessoa do plural, como um dos intervenientes nele. Conclusão: 4,2-23.
COMUNIDADE Foi em Filipos que começou a evangelização da Cidade era uma colônia
Europa. Os judeus, sendo poucos, não possuíam aí uma sinagoga, romana: Colonia Julia Augusta
mas apenas um lugar de oração. Lídia, que Paulo batizou, fazia parte Philipensis. Os cidadãos
passaram a ter os mesmos
deste grupo. Formou-se aí uma pequena comunidade, sobretudo de direitos dos romanos.
origem pagã (At 16,11-40; 1 Ts 2,2). Esta comunidade sentia-se
particularmente unida a Paulo; dela recebera o Apóstolo dons (4,15;
2 Cor 11,8-9), não obstante insistir no trabalho gratuito (1 Cor 4,12;
9,15; 2 Cor 11,7-9; 1 Ts 2,9; 2 Ts 3,7-9). Quando soube que ele fora Redação: Problemas no texto
preso, em Éfeso ou em Roma, organizou uma coleta e enviou-lhe com oscilações entre alegria (2)
Epafrodito para a entregar a Paulo. Epafrodito, porém, caiu doente, e tristeza (3); afeto até (3:1;
muda o tom a partir de (3:2); no
o que causou preocupações em Filipos. Paulo, logo que a doença o
capitulo 3 há denuncias que
permitiu, reenviou-o a Filipos, com esta Carta (2,25-30). faltam no demais da carta,
assim como também não
DATA E LOCAL Esta é, pois, com Cl e Flm, uma das Cartas do pressupõe a prisão.
Cativeiro. Parece ter sido escrita em Roma (At 28,16.30-31); no
entanto, poderá ter sido escrita num outro qualquer cativeiro (2 Cor
11,23; ver 1 Cor 15,32; 2 Cor 1,8). "O pretório", de 1,13, não prova Situação econômica:
que Paulo tenha escrito a Carta em Roma, pois esse termo designava
Pobreza: 2Co 8:2; 4:16
também a residência dos governadores romanos (Mt 27,27 nota; Mc
15,16; Jo 18,28-31 nota). O mesmo se diga da "casa de César" (4,22).
O cativeiro pode, pois, ter sido em Éfeso, onde passou dois anos (Act
19,8-10). Se foi escrita nesta cidade, a Carta seria dos anos 56-57; se
foi escrita na prisão de Roma, teria sido nos primeiros meses de 63.
Releitura:
Alegria: 1:4,18; 2:2,17s,28s; 3:1; 4:1,4,10
Oferta: Aceitou de Filipenses (4:15ss; 2Co 11:7-9)
Mulheres: Esforço no ministério (4:3)
Cristologia: Hino do esvaziamento (2:6-11)
Os maus Obreiros: Judeus cristãos (3)
Marcos e a Ideologia
EVANGELHO SEGUNDO MARCOS Triunfalista
- O Risco de perder a
Escrito por volta do ano 70 em Roma pelo testemunho de Pedro
a Marcos (1Pe 5:13). Estavam sob o domínio do Império Romano,
simplicidade da fé.
Perseguição aberta de Nero, guerra dos judeus (66 d.C.), decaptação - O Risco de não
de Paulo (67 d.C.) e destruição do templo por Tito (70 d.C.). O principal compreender Jesus 123 Página |
objetivo: Responder quem é Jesus. - O Risco de confundir
com os Taumaturgos
Comunidades de Marcos
Outro grupo relacionado com a galiléia que procurou animar a fé
diante das perseguições (Mc 13; 6:7-13). Essa comunidade seguia os Notar diversas referências
passos de Jesus com simplicidade e desapego (Mc 6:8-9). geográficas a Galiléia.
Para essas comunidades Jesus cura e liberta muitas pessoas,
mas é mantido em segredo (Mc 1:34-44; 3:12; 5:43) a intenção é não
mostrar um Jesus triunfalista, mas o messias que sofreu a cruz (Mc 9:9-
10; 15:39). Nisso criticou as outras comunidades que interpretavam
Jesus como um mago. Crítica às Tradições
A Cruz é o centro da mensagem da comunidade marcana, quem judaicas
não vê isso é cego (Familiares Mc 3:20-21; 6:4-6; autoridades 2:1-3:6; Templo (11:15-19; 12:33;
discípulos 6:49-52; 7:17-18; 8:14s). A cruz é o auge do enfrentamento: 13); Sumo Sacerdote
Satanás (1:12-13); autoridade dos escribas (1:21-28); demônios (1:33- (8:31;10:33; 11:18-27);
39); amarrar o forte (3:22-30); a pureza étnica (7:24-30); Pedro Saduceus (12:18); anciãos
representante de Jerusalém (8:33). (8:31; 11:27;15:1); tradição e
os fariseus (2:16,18,24; 3:6;
Essa comunidade confrontou diretamente a comunidade de
7: 1, 3,5; etc); lei e os
Jerusalém. Pela crítica às instituições judaicas e pela apresentação escribas (1:22; 2:6; 3:22;
negativa dos apóstolos e familiares de Jesus. São cegos (Mc 6:49-52; 9:11,14) fariseus (7:1,5;
resistem a cruz 8:32-33; lutam por poder 9:33-34; impedem a 2:16).
aproximação de crianças 10:13-14; lutam por cargos 10:35-37;
fascinados com o templo 13:1; dormem no getsemani 14:33-40;
abandonam Jesus 14:50. Relação com Biblia
Nessa comunidade a Casa é o novo local sagrado. Substitui o Hebraica: Marcos escreve
templo (Mc 1:29; 2:1-15; 3:20; 5:38; 7:17s; 9:28s;...) sobre a missão do Batista,
1:25, como em Ml 3:1 e Is
Evangelho de Marcos 40:3. Jesus no memento da
A primeira geração não identificou o Jesus humano como Deus, colheita das espigas: Mc
2:25 em paralelo com 1Sm
apenas o ressurreto, foi a partir de marcos que o Jesus humano passou 21:1-7. Em Mc 7:6 refere-se
a ser visto como Cristo divino, o que afrontava ao Judaismo Monoteísta. à citação de Is 29:13. Na
A Destruição do Templo foi o principal motivo histórico, pois a partir purificação do templo Mc
11:17 citando Is 56:7 e Jr
desse fato o judaísmo perdeu seu centro. Várias controvérsias foram
7:11, e com o salmo 118:22
suscitadas em Marcos Sábado (2:23-25 só marcos; 3:1-5 somente estabelece relação com os
marcos) sobre a pureza (7:1-4 somente marcos); duplo mandamento do ouvintes da parábola Mc
amor (12:28-30); dilaceração da cortina do Templo (15:38 sinopticos). 12:1-12. A compaixão de
Jesus em Mc 6:34 é
Marcos apresenta ao redor de Jesus uma comunidade formada por relacionada com Nm 27:17 e
Judeus e pagãos (3:7-9). A missão da nova comunidade chega até a Ez 34:5.
Decápolis, de onde retorna após um exorcismo (5:1-3). Marcos revela
que a nova perspectiva do Templo deve atender a todos (11:17).
A Questão da Pureza em Mc 7:15, vemos claramente a ênfase anti- No sábado foi atuorizado
matar desde que fosse em
judaizante At 10:9-11. As regras alimentares também (Mt 8:11-12).
defesa própria 1Mac 1:29-
Dentre as principais ações simbólicas de Cristo está a purificação 36, daí a questão de
do Templo (Mc 11:15-17); Deus visa um novo Templo, diferente do Jesus em Mc 3:4. Jesus
atual. As ceias de Jesus com os pobres e marginalizados simbolizam o não condena o Sábado,
grande banquete escatológico M t 8:11-12). mas revela uma torção da
Lei ritual.
Crise com os Fariseus do
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS concílio de Jamnia
Data provável: Ano 80
Escrito na Siria ou Israel. Enquanto que o grego empregado
nesse evangelho indica Síria e Antioquia, o conflito com o rabinismo
124
indica Palestina. Recentemente a tese que foi na Galiléia (Tiberíades) Página |
foi retratada como o local do evangelho de Mateus. Foi uma Mateus:
comunidade judaica procurando desvincular-se do judaísmo rabínico.
Provavelmente um Rabino
A separação torna-se mais clara em Mt 28:15 (entre os judeus);
Mt 21:43 (exclusivo de Mateus); assim como no sermão da montanha Cristão. Desenvolveu uma
e outros.A comparação de Lucas 10:24 e Mat 13:17 revelam a leitura rabínica do
intenção clara de sublinhar seu contexto. evangelho de Marcos.
Kasemann (1969) afirma que o texto de Mt 7:22-23, expressa
bem o conflito rabínico, principalmente se relacionado com os falsos Tendências:
profetas (7:15); o que também é ressaltado na diferença entre Lc 6:46 1. Afronta aos Fariseus
e Mt 13:26ss. É preciso notar que a tendência ética de Mateus
denuncia sua intenção, pois é característica mais marcante do 2. Pós-queda do Templo
Rabinismo, completando a questão com Mt 23:8-10 e Tg 3:1. (Veja 3. Perseguição dos cristãos
também o cruzamento de Mt 5:32 e 19:9 contra Mc 10:11 e Lc 16:18, 4. Jesus é o messias
em que a tradição rabínica de Shamai é ressaltada por Mateus ) 5. Procedimento Rabínico
Outra interpretação de Kasemann (1969) que ilumina nossa 6. Ênfase Ética
questão é a comparação de Lc16:17 e Mt 5:18-19. Onde a discussão 7. Separação dos Cristãos
com o rabinismo vem a tona como ênfase Mateana.
do Judaísmo
Outro texto que expressa essa realidade e esses problemas é
o de Mt 10:41, onde o costume e autoridade profética contraposta à
realidade dos Rabinos. O que também é constatado em Mt 13:16ss e Textos diferenciais
Lc 10:24. 1. Infância de Jesus
Continua o processo Marcano de Divinização do Jesus 2. Sermão da Montanha
Histórico. Entretanto, Mateus acrescenta as epifanias em sua 3. Mateus 23 – contra os
narração (Mt 3:17x Mc 1:11; Mt 14:33); descreve a unição místico
fariseus.
espíritual em que nasceu Jesus (Mt 28:18).
Atua com centralização ética. Renúncia do Status por Jesus
(Mt 3:13-15); manso e humilde em relação aos radicais rabínicos
(11:29); comporta-se como um rei humilde ao entrer em Jerusalém
(21:4-5; Zc 9:9).
Mateus procura sempre dar cumprimento ao Antigo
Testamento (Mt 5:17). Formula a justiça que excede (5:20); não negou
os ensinos mas questionou a hipocrisia (23:1-3); questionou a atitude
como de um gentio (5:47); questionou a oração (6:7); as
preocupações cotidianas (6:31); Inicia a busca pelo Melhor (19:21).
Em Mt 25:31-33, Mateus entende a rejeição dos Judeus como uma
rejeição ética, o que é bem retratado em Mt 23.
Com a oposição dos Fariseus Mateus pretende um rejeição do
Rabinismo e a substituição de Moisés por Jesus como Único Mestre e
portador da revelação divina (Mt 28:18-20).
Em seu estilo literário, Mateus é um rabino cristão com
tendências à fórmulas e estereótipos (AGUIRRE, R) o que melhora a
compreensão de Mt 5:18,19; e 16:17-19 (Pedro não é bem o Cabeça
da Igreja, mas o líder dos Judeus Cristãos); também elucida Mt 23:2-3
(conhecimento profundo do farizaísmo). Somente um rabino poderia
entender Mt 21:7 como cumprimento de Zac 9:9; Também explica a
prática catequética de MT 6:5-15; 19-34 e 7:1-5;
EVANGELHO SEGUNDO LUCAS
Local de escrita: Antioquia da
Síria, Éfeso ou Corinto. O livro
O Cristianismo separado do Judaísmo (70-90) de Atos, também escrito por
E & W Estegemann (2004) afirma que o Rabinismo iniciou Lucas, fala muito de Éfeso.
apenas após a destruição do templo em 70 d.C. foi um 125
Evangelho para a cultura grega, Página |
renascimento do farizaismo (ênfase na casa de ensino). Essa o que explica as diferenças
ênfase é clara no evangelho de João e Mateus. sociais e a dominação da cidade
sobre o campo.
Conflitos entre cristãos e o restante do judaísmo Como Marcos e Mateus, afirma
Existiam Judeus messiânicos em Israel. Josefo afirma que Bar que Jesus é salvador do mundo.
Kochba ameaçou os judeus messiânicos com pesados castigos,
caso não negassem que Jesus é o Cristo. Lucas e Atos também Exclusivo de Lucas:
confirmam Lc 21:12; (At 4:3; 5:18; 6:8-8:1; 8:2ss;9:1ss; 12:1; Infância de Jesus 1-2
21:27ss; 22:4ss; 26:9-11). São passagens anteriores à guerra de Início da vida pública 4:14-30
70 d.C. e não apresentam o conflito judeu-cristão. Pescaria Genesaré 5:4-11
Após o ano 70, temos o texto que refere Paulo e Silas como Filho da viúva de Naim 7:11-17
causadores de tumulto (At 16:20); Paulo fica preso acusado de Mulher pecadora 7:36-50
Discípulas de Jesus 8:1-3
rebelião anti-romana At 24:27; 25:9; Sob Plinio, todo cristão que
Má acolhda em Samaria 9:51-6
confessava Cristo era condenado por subversão dos costumes Missão dos 72. 10:1-12,17-20
romanos. Bom samaritano 10:29-37
Escrito provavelmente em território grego, por volta do ano 80- Marta e Maria 10:38-42
90. Um texto dirigido ao meio urbano (palavra cidade aparece Amigo importuno 11:5-8
26x). Neste evangelho aparecem grandes contrastes sociais. A Felizes os que ouvem 11:27-8
situação da mulher, sobretudo, é valorizada. Partilhar herança 12:13:15
Rico insensato 12:16-21
Fogo à terra 12:49-50
Lucas torna compreensível a separação entre judeus e
Morte dosgalileus 13:1-5
cristãos. Nesse evangelho a humanidade de Jesus é ressaltada Figueira estéril 13:6-9
por sua opção pelos pobres, pecadores e marginalizados (Lc Mulher encurvada 13:10-17
5.1ss; 7.36ss; 15.1ss; 18.9ss; 19.1ss; 12.39ss). Mas também os Porta estreita 13:24-30
samaritanos, tão desprezados pelos judeus, pertencem a esse Jesus e Herodes 13:31-33
grupo (Lc 10.30ss; 17.11ss). Cura do Hidrópico 14:1-6
Esse evangelista também dá mais atenção às mulheres no Escolha dos lugares 14:7-14
grupo de seguidores de Jesus do que os outros sinópticos (Lc Torre de guerra 14:28-33
Dracma perdida 15:8-10
7.12,15; 8.2s; 10.38ss; 23.27ss).
Filho pródigo 15:11-32
Critica a usura do dinheiro e confere aos pobres o Administrador imprudente 16:1
reino dos céus (Lc 6:20-24); Os ricos e o buraco da agulha Lc Amigos do Dinheiro 16:14
18:25). Essa também é a razão para ele transmitir a nós as Rico e Lazaro 16:19-31
parábolas do agricultor rico (Lc 12.15ss), do administrador infiel Servo humilde 17:7-10
Dez leprosos 17:11-19
(Lc 16.1-9) e do rico e de Lázaro (Lc 16.19ss). Reino de Deus 17:20-21
O núcleo principal desse evangelho são as parábolas de (Lc Juiz injusto 18:1-8
15). Além disso, esse evangelho é singular em sua historiografia. Fariseu e o publicano 18:9-14
Lucas interpreta a história a partir de Cristo como centro da Zaqueu 19:1-10
história. A separação entre cristãos e judeus é clara nos textos de Lamento sobre Jerusalém 19:41
substituição e restauração do Israel (Lc 2:31-32,34); o papel de Vigilância 21:34-38
Jesus reunindo Israel (afirma separação entre povo e dirigentes Combate decisivo 22:35-38
Orelha do servo 22:50-51
Lc 7:29-30; 13:17; 20:9-19); e por fim na missão aos pagãos (At
Jesus diante de Herodes 23:6
13:46). Mulheres e o calvário 23:27ss
Temas principais: Jesus é o salvador do mundo; restauração do Bom ladrão 23:39-43
excluídos, ação do Espírito Santo, discipulado e seguimento, Os discípulos de Emaus 24:3-35
cidade, mesa.
EVANGELHO SEGUNDO JOÃO
Dimensão Social
O texto em questão usa
Essa comunidade é responsável pelos textos de João elementos profundamente
(discípulo amado 13:23; 19:26;...). Não é narrado no livro de Atos dos arraigados na tradição
Apóstolos, isso porque a obra de Lucas inicia o processo de sociológica, revestindo a 126 Página |
hierarquização das comunidades (At 6) e omite as comunidades com narrativa de sentido mais
liderança feminina. Pregavam uma aliança definitiva em Jesus (Jo profundo.
1. Ideologia Religiosa
2:1-12), o amor era a lei que garantia a igualdade (Jo 13:34-35),
2. Ideologia Patriarcal
anunciavam que Jesus era o “Eu Sou” que veio trazer vida para seu
povo (Jo 10:10; 8:24,28,32).
Linguagem teológica Simbólica
Autor, data, local, destinatários e principais problemas – O mais simbólico do NT
Devido ao gênero literário é preciso intuir o autor a partir de
sinais textuais. Para Konings o autor desaparece na carta e surge em
alguns momentos como participante da comunidade cristã (1:14,16; Rompimento e continuidade
3:11; 4:22; 1:41,45; 6:68,69). Em alguns momentos aparece como com os sinóticos
testemunha ocular (ex. 19:35). Sua fala é um tipo de homilia, onde se
pronuncia como se estivesse numa prédica, dirigida com forte ironia
contra os judeus, com muitas explicações tradicionais e traduções, Comunidade do Discípulo
intuindo o processo de iniciação. O autor de certa forma se identifica amado.
com o Jesus - rabi, o próprio tratamento “filhinhos” já indica atitude
pastoral. Assim, mesmo sob as afirmações históricas de que o autor
tenha sido o próprio discípulo que passou ás igrejas (antigos prólogos Testemunho dos Sinais
latinos, ex. Eusébio de Cesaréia, Papias, etc), a questão do anonimato Cristologia Avançada
do autor se impõe. Fica pouco evidente a autoria do apóstolo João, Jesus é Deus
isso porque o discípulo amado pode ser outro irmão que a igreja tem
identificado com João.
Diante das análises acima, entendo que o autor do evangelho, Diversas releituras:
devido ao contato com a comunidade cristã, e uma linguagem Criação (Jo 1)
diferenciada, sua intenção voltada para a formação dos novos, sua Êxodo (Jo 8)
adaptação ao mundo judeu-helênico, não pode ter sido o apóstolo Aliança (Jo 3:16)
João. O discípulo amado era um pastor (presbítero) da época que
estava voltado para realidade de sua comunidade, e como tal
apresentou Jesus nos evangelhos de forma a dissipar as dúvidas e
dificuldades de sua comunidade.
Por tanto entendemos que a datação do evangelho de João só
é possível se considerarmos seus limites: Em forma de síntese
concordo com a opinião comum que data deste escrito está na faixa
entre o ano 70 e 110.
A tradição que se apóia sobre o testemunho de Irineu, acredita
ser ele oriundo de Éfeso, outros indícios nos conduzem a procurar em
Antioquia. Seu estilo e sua linguagem (aramaismos) marcam dupla
influencia (helênica e judaica), o que torna plausivelmente optar-se
para a região de Éfeso ou da Síria.
Crise Judeu-Romana: A datação tardia deve ser afirmada em
razão do contexto. Nesse período a Palestina estava sob domínio de
Roma e sob a imposição da Pax Romana. Sob esse tema o
imperialismo e dominação romana se impuseram para “pacificar” o
mundo. Foi uma nova era de “Paz” garantida pelo poder militar
romano. Augusto foi interpretado como salvador enviado para por fim
à guerra e anunciar a “PAZ”. Augusto foi chamado de o "salvador de
todo o gênero humano”.
DIVISÃO E CONTEÚDO
Colossos era uma pequena cidade da Ásia Menor situada O Mistério de Cristo: Cl
junto de Hierápoles, entre Éfeso e Laodiceia. Parece que nunca foi 1:26-27; 2:2; 4:3 130
visitada por Paulo. O fundador desta igreja foi Epafras (4,12), Página |
discípulo de Paulo. A ela pertenciam Filémon, destinatário de uma
Carta-bilhete a propósito do escravo Onésimo (Flm), e Arquipo A vitória de Cristo sobre os
(4,17). Autor: Talvez Timoteo. Ano 95, antes da carta de Efésios.
O problema dos anjos, a que se alude na introdução da Carta poderes Cl 2:15
aos Efésios, também era aqui muito vivo. Esta Carta - segundo
parece, cronologicamente anterior à dos Efésios - dá uma primeira
resposta paulina a esse problema. As qualidades, os poderes e as Combate às heresias (Cl
funções que os judeo-gnósticos atribuíam aos anjos, atribui-os Paulo 2:4-8,16-23)
ao Cristo-Cósmico, que tem a primazia em toda a criação e é Filho
de Deus por natureza.
Introdução: 1,1-23;
I. O Evangelho de Paulo: 1,24-2,5;
II. Fidelidade ao Evangelho: 2,6-23;
III. Viver segundo o Evangelho: 3,1- 4,6;
Conclusão: 4,7-18.
2.ª Timóteo
Das três Cartas Pastorais, esta é a que contém mais informações de
ordem pessoal, quer no que diz respeito a Paulo (1,12.15-18; 3,10; 4,6-8.16-
18), quer aos seus destinatários (1,5; 2,17; 3,15; 4,9-15.19-22). Estes
elementos, aliados ao fato de ser esta a Carta Pastoral que menos se afasta
do estilo paulino, constituem um sério argumento em favor de uma autoria,
pelo menos parcial, do Apóstolo, quer sob a forma de um escrito seu que tenha
sido posteriormente completado, quer de indicações dadas a um secretário
que se encarregou da redação.
De qualquer modo, na sua forma atual, esta Carta dificilmente pode ser
atribuída a Paulo, na sua totalidade; os dados de natureza pessoal,
habitualmente considerados fidedignos, podem ser fruto de informações orais
sobre a última fase da vida do Apóstolo.
2.ª Pedro
DATA E LOCAL
O autor desta Carta apresenta-se como "Simão Pedro, servo A Carta poderia ter
e Apóstolo de Jesus Cristo" (1,1) e testemunha da Transfiguração de sido escrita entre os anos
Jesus na montanha (1,16). Não obstante, é o escrito do NT com 80-90. O local da redação
menos garantias de autenticidade, apesar de Orígenes e São é desconhecido; Roma?
Jerónimo o considerarem autêntico, assim como vários críticos
atuais. Mas as dificuldades são de peso. Concretamente: das 700 DESTINATÁRIOSNão são
palavras da 2 Pe apenas umas 100 são comuns à 1 Pe; são raras as expressamente referidos;
citações do AT, ao contrário da 1 Pe; as Cartas paulinas já são mas são cristãos que
consideradas como Escritura (3,15-16), o que pressupõe uma época conhecem os escritos
tardia. paulinos (ver 3,13). A
O seu objectivo é denunciar graves erros que ameaçavam a Carta tem um carácter
fé e os bons costumes, sobretudo a negação da segunda vinda do universal.
Senhor (3,3-4).
Os temas fundamentais desta Carta são: a segunda vinda do DIVISÃO E
Senhor (1,16), definida como misericordiosa (3,4.8-10.15), mas que CONTEÚDOSaudação:
vai trazer uma mudança radical no cosmos; a lembrança da 1,1-2;
Transfiguração (1,16-19); a inspiração das Escrituras (1,20-21; 3,14- Perseverança na fé: 1,3-;
16); a importância do "conhecimento" religioso (1,2-8; 2,20; 3,1). Falsos mestres: 2,1-22;
A segunda vinda do
Senhor: 3,1-16;
Conclusão: 3,17-18.
Apocalipse
Apocalipse é um termo grego que significa "revelação". 135na
O "vidente" vive
"Revelação" é, na verdade, o título com que o último livro da Bíblia Página |
terra mas vê o que se
aparece em algumas edições. O estilo deste livro é estranho para a passa no Céu e transmite
cultura ocidental, mas enquadra-se perfeitamente na mentalidade aos seus irmãos
semita.As raízes desta literatura encontram-se no Antigo Testamento sofredores a certeza de
(Isaías, Zacarias, Ezequiel e sobretudo Daniel), mas também em vários que Jesus está com eles e
livros judeus que não entraram na Bíblia: Henoc, 2 Esdras e 2 Baruc. a sua vitória está para
Estes últimos já foram escritos depois da destruição do Templo. Foi breve.
principalmente nestes livros que se inspirou o autor do APOCALIPSE O simbolismo, por vezes
DE JOÃO. irracional, de que o autor
se serve para transmitir
GÉNERO LITERÁRIO É uma literatura própria das épocas de crise e de esta esperança aos
perseguição, em que se procura "revelar" os caminhos de Deus sobre o perseguidos, assegura
futuro, para consolar e encorajar os justos perseguidos, dando-lhes a aos cristãos que o Reino
certeza da vitória final. Era muito comum no fim do AT e mesmo no de Deus ultrapassa a
tempo em que foi escrito o NT, pois vivia-se um ambiente apocalíptico. História que eles estão a
Estava-se no "fim dos tempos", isto é, adivinhava-se uma revolução viver, e ao mesmo tempo
global, com uma radical mudança no modo de ser e de viver. Para isso, é uma linguagem secreta
muito contribuiu a decadência do Império Romano e as guerras da para os perseguidores.
Palestina, que levaram à destruição do Templo e de Jerusalém, no ano O autor apresenta-se a si
70. Daí os três textos apocalípticos dos Evangelhos Sinópticos, directa mesmo como João e
ou indirectamente ligados à destruição de Jerusalém: Mt 24-25; Mc 13; escreve em Patmos -
Lc 21. pequena ilha do Mar Egeu
- onde se encontra
LIVRO Caracteriza-se por imagens grandiosas e simbólicas, desterrado por causa da
constituídas por elementos da natureza, apresentadas em forma de fé (1,9). A tradição
visões e "explicadas" ao vidente por um anjo. Tais imagens são tiradas identificou este João com
do AT, dos apocalipses judaicos, dos mitos e lendas antigas. Assim, o o Apóstolo João, mas não
papel dos anjos (7,1-3); o livro selado (5,1); o livro para comer (10,1- existem argumentos
11); as trombetas (8,2); as taças (15,7); os relâmpagos e trovões (4,5; suficientes para o
10,3). Estas imagens sugerem mais do que descrevem, e grande parte comprovar (Mt 4,21; Jo
delas nada tem a ver com a realidade. Trata-se de puros símbolos 21,1-14).
(1,16; 5,6; 21,16), que podem referir-se a pessoas, animais, números e
cores, deixando ao leitor um espaço para alguma criatividade e ESTRUTURA
"inteligência" (13,18; 17,9). Apresenta diversas
As visões simbólicas são projetadas no Céu, para dizer que hipóteses de estrutura.
pertencem ao mundo espiritual, da fé e o que nelas se revela acontece Introdução (1,1-20):
também na terra. Duas forças antagónicas estão em luta permanente: o I. Cartas às Sete
Dragão - a possível personificação do império romano, no tempo de IgrejasII. Revelação do
Domiciano (81-96 d.C.) - e o Cordeiro: Cristo, Cordeiro pascal, é o sentido da História (4,1-
vencedor de todas as forças do Mal. 22,5):
O trono de Deus: 4,1-11;
OCASIÃO, FINALIDADE E AUTOR A perseguição a que se refere o Sete selos: 5,1-8,5;
APOCALIPSE poderia ser a que açoitou as igrejas da Ásia no tempo do Sete trombetas: 8,6-11,19;
imperador Domiciano, por volta do ano 95. Também havia as Sete sinais: 12,1-15,4;
perseguições internas, isto é, as heresias, sobretudo os nicolaítas Sete taças: 15,5-16,21;
(2,6.15), os marcionitas e os que prestavam culto ao imperador. O livro Queda da Babilónia: 17,1-
pretende responder à questão: "Quem manda no mundo? Os tiranos, os 19,4;
senhores da Terra, ou o Senhor do Céu?" Este paralelismo entre o Céu Triunfo de Cristo. Nova
e a Terra assegura aos crentes que Deus os acompanha a partir do Jerusalém: 19,5-22,5.
Céu, e a História segue o seu curso na Terra sob o controlo de Deus e Epílogo (22,6-21).
não sob o controlo dos poderes maus.
TEOLOGIA O
APOCALIPSE exprime a
fé da Igreja da "segunda
geração cristã", isto é,136do
Página |
tempo dos discípulos dos
Apóstolos. A doutrina do
Corpo Místico (Jo 15,1-8;
1 Cor 12,12-27) recebe
aqui nova dimensão:
Cristo está no meio dos
sete candelabros (1,13) e
tem na mão direita as sete
estrelas (1,16), símbolos
das sete igrejas, que
personificam a Igreja
universal; Ele é
apresentado no mesmo
plano que Javé e com os
mesmos atributos: é "o
Senhor dos senhores e
Rei dos reis" (17,14;
19,16), aquele que tem
um "nome que ninguém
conhece" (2,17; ver
1,8.18; 2,27; 3,12; 14,1;
15,4; 19,16).
Deus é o único Senhor da
História, apesar das forças
conjugadas de todos os
senhores deste mundo;
por isso, acontecimentos
do AT, como o Êxodo, as
pragas do Egipto,
teofanias, destruições...
servem de pano de fundo
das novas intervenções de
Deus na História do
presente.
No meio desta História, a
Igreja aparece como
espaço litúrgico onde o
Cordeiro tem presença
permanente, fazendo da
comunidade "o céu" na
terra. Isso não impede que
as forças do Mal estejam
em luta constante com ela
(e com o Cordeiro:
2,3.9.10.13; 3,10; 6,9-11;
7,14).
Por isso, o APOCALIPSE
não pretende predizer
nem "revelar" pormenores
sobre o futuro da Igreja e
da Humanidade, mas
conferir a certeza absoluta
na bondade de Deus, que
se manifestou em Cristo.
Também não "fecha" a
137do
Bíblia; mas abre diante Página |
leitor crente um caminho
de esperança sem fim:
"Eu renovo todas as
coisas." (21,5) "Eu venho
em breve (...). Vem,
Senhor Jesus!" (22,7.20).
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O Pentateuco
Dentre as diversas interpretações e posições sobre
a compreenção do Pentateuco acredito ser relevante a de
Gerhard von Rad, considerado o responsável pela
demonstração de como os escritores do Pentateuco
utilizaram as tradições históricas antigas de Israel de
novas maneiras para produzir um kerygma, isto é, uma
mensagem específica para uma época histórica
específica.
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Chave de Interpretação
Para von Rad, a chave para a interpretação da
literatura bíblica não se encontrou na situação original em
que a literatura foi produzida, mas na reflexão teológica
que "reformou" as histórias antigas para uma nova
geração de ouvintes e leitores.
Em vez de investigar a história da literatura como
os críticos do século 19 fizeram, von Rad achou melhor
investigar o texto na sua forma atual, isto é, "devemos
fazer a pergunta do significado que veio a ser associado
às narrativas" e não da história que está por trás das
narrativas.
Von Rad disse que, se fosse obrigado a escolher
entre a metodologia crítica ou teológica, escolheria a
metodologia teológica. Somente esta metodologia seria
capaz de descobrir a intenção querigmática do texto
bíblico. Von Rad investigou esta intenção querigmática na
sua Teologia do Antigo Testamento.
Para von Rad, o Pentateuco nos apresenta um
retrato da história de Israel escrita pela fé e não pela
metodologia histórica do século XIX.
Contexto de Elaboração
Embora o Pentateuco narre fatos de épocas
passadas, sua escrita é bem mais recente. O estudo
acurado dos profetas e dos livros históricos permite
avaliar que o Pentateuco ou Hexateuco surgiu durante e
após o exílio.
Em primeiro lugar, a ausência de elementos
relevantes como a lei e a aliança na literatura pré-exílica
são as principais bases para compreensão do período de
escrita e sacralização do Pentateuco. De acordo com
Kaufmann (1989), o Pentateuco já existia, mas em forma
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