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VIDEOMONITORAMENTO
MJ
BRASÍLIA
2017
3
Presidente da República
Torquato Lorena Jardim
Secretário Executivo
José Levi Mello do Amaral Júnior
Coordenadora-Geral de Ensino
Ana Paula Garutti da Silva
4
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Secretaria Nacional de Segurança Pública
VIDEOMONITORAMENTO
MJ
BRASÍLIA
2017
5
© 2017 Secretaria Nacional de Segurança Pública
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que seja citada a fonte
e não seja para venda ou qualquer fim comercial.
Esplanada dos Ministérios, Bloco T, Palácio da Justiça, Edifício Sede, 5º andar, Brasília-DF, CEP 70.064-900
Equipe Responsável
Coordenadora-Geral de Ensino
Ana Paula Garutti da Silva
Conteudista
Gilberto Russo Jenuino
CâmaraTécnica
Luciana Brum Pinheiro
Marcelo Pereira Carradore
Tiago Alessandro de Brito
Assessoria Pedagógica
Bernadete Moreira Pessanha Cordeiro
Equipe Benner
Alisson Inacio Melzzi (Roteirista e diagramador - Benner)
Elias Milaré Junior (Gerente de Projetos - Benner)
Frank Paris (Designer - Benner)
Gabriel Bruno Martins (Roteirista e diagramador - Benner)
Rafael Vitória Alves (Revisor - Benner)
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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca do Ministério da Justiça
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Sumário
MÓDULO 01 ......................................................................................................................................................... 13
Apresentação do Módulo ................................................................................................................................... 13
Objetivos do módulo.......................................................................................................................................... 13
Estrutura do módulo .......................................................................................................................................... 13
Aula 01 - O que é videomonitoramento?........................................................................................................ 14
1.1 Tipos de sistemas de câmeras .................................................................................................................................... 14
1.2 Qual sistema de câmera utilizar? ................................................................................................................................ 15
Aula 02 - Tipos de videomonitoramento ........................................................................................................ 17
2.1 Tipos de câmeras ........................................................................................................................................................ 17
2.2 Infraestrutura.............................................................................................................................................................. 23
Aula 03 - Projetando um sistema de videomonitoramento ......................................................................... 26
3.1 Entendendo os cenários do projeto ........................................................................................................................... 26
3.2 Desenvolvendo o projeto .......................................................................................................................................... 27
3.3 Proposta de solução.................................................................................................................................................... 28
Exercícios ............................................................................................................................................................. 30
Gabarito ............................................................................................................................................................... 32
MÓDULO 02 ......................................................................................................................................................... 33
Apresentação do módulo................................................................................................................................... 33
Objetivos do módulo.......................................................................................................................................... 33
Estrutura do Módulo .......................................................................................................................................... 33
Aula 01 - Estrutura de operação ...................................................................................................................... 33
1.1 Estrutura Organizacional ............................................................................................................................................ 34
1.2 Estrutura Operacional ................................................................................................................................................. 34
1.3 Estrutura Organizacional e Operacional na central de videomonitoramento ........................................................... 35
Aula 02 - Formas de operação.......................................................................................................................... 37
2.1 Agrupando por áreas .................................................................................................................................................. 37
2.2 Operação por delitos .................................................................................................................................................. 38
2.1 Entendendo a operação por delitos ........................................................................................................................... 38
2.2 O uso do videomonitoramento em operações específicas ........................................................................................ 39
Exercícios ............................................................................................................................................................. 42
Gabarito ............................................................................................................................................................... 43
MÓDULO 03 ......................................................................................................................................................... 45
Apresentação do módulo................................................................................................................................... 45
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Objetivos do módulo.......................................................................................................................................... 45
Estrutura do Módulo .......................................................................................................................................... 45
Aula 01 - Operação do sistema de videomonitoramento ............................................................................. 45
1.1 Os Centros Integrados de Comando e Controle ......................................................................................................... 46
1.2 Central de videomonitoramento ................................................................................................................................ 46
Aula 02 - Registro de dados ............................................................................................................................. 47
2.2 Formas de registros .................................................................................................................................................... 48
Aula 03 - Armazenamento e recuperação de dados ...................................................................................... 49
3.1 Requisitos de armazenamento ................................................................................................................................... 49
3.2 Recuperando imagens ................................................................................................................................................ 50
Aula 04 - Compartilhando informação ........................................................................................................... 52
4.1 O que é informação .................................................................................................................................................... 52
4.2 Compartilhando informação ....................................................................................................................................... 53
Exercícios ............................................................................................................................................................. 54
Gabarito ............................................................................................................................................................... 55
MÓULO 04............................................................................................................................................................ 57
Apresentação do módulo................................................................................................................................... 57
Objetivos do módulo.......................................................................................................................................... 57
Estrutura do Módulo .......................................................................................................................................... 57
Aula 01 - Segurança da informação e dados da central de monitoramento .............................................. 57
1.1 O que é segurança da informação .............................................................................................................................. 58
1.2 Segurança dos dados e informação na central de videomonitoramento .................................................................. 59
Aula 02 - Normas, procedimentos e leis ......................................................................................................... 60
2.1 Normas e procedimentos ........................................................................................................................................... 60
2.2 Termo de sigilo e confidencialidade ........................................................................................................................... 62
2.3 Procedimentos para solicitação de imagem ............................................................................................................... 62
2.4 Exemplos de legislação ............................................................................................................................................... 63
Aula 03 - Novos paradigmas ............................................................................................................................ 65
3.1 Artigos acadêmicos sobre o tema............................................................................................................................... 65
3.2 Tema para discussão ................................................................................................................................................... 67
Exercícios ............................................................................................................................................................. 69
Gabarito ............................................................................................................................................................... 70
Referências Bibliográficas ................................................................................................................................. 71
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Nos últimos anos, percebe-se um aumento significativo nos investimentos em sistemas eletrônicos de
segurança, especialmente em câmeras de monitoramento.
Mas como o uso do sistema de monitoramento pode beneficiar a segurança pública?
Antes de responder a essa questão, faz-se necessário estudar o assunto sob vários aspectos,
considerando: a definição, os tipos e as formas de monitoramento, bem como o planejamento de um sistema
de CFTV, a operação e, principalmente, os paradigmas que envolvem sistemas de segurança eletrônicos voltados
para a segurança pública.
Bom curso!
Objetivos do curso
Estrutura do curso
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MÓDULO
SISTEMAS DE VIDEOMONITORAMENTO
01
Apresentação do Módulo
Importante!
O módulo não tem o objetivo de apresentar requisitos de tecnologia, visto que a todo o momento surgem
modelos e marcas de equipamentos mais modernos. Você aprenderá neste módulo os conceitos básicos e
quais os requisitos necessários para você desenvolver um projeto de videomonitoramento para a sua cidade.
Objetivos do módulo
Estrutura do módulo
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Aula 01 - O que é videomonitoramento?
Entender a definição e/ou definir videomonitoramento* é uma tarefa árdua, visto que o assunto ainda
é pouco explorado academicamente. Embora os sistemas de videomonitoramento sejam largamente
implantando nas cidades e, de certa forma, uma realidade para muitas pessoas, o assunto ainda é pouco
explorado com profundidade – fato que limita a busca por conhecimento explícito sobre o assunto.
Embora haja pouco material disponível, este curso trata de conhecimentos explícitos e também tácitos
sobre videomonitoramento.
*De acordo com o dicionário de português on-line, pode-se definir videomonitoramento como:
“Sistema de vídeo em que várias câmeras são usadas para monitorar, capturar e/ou armazenar imagens (vídeos) de certas áreas, casas,
ruas etc.; geralmente, esse sistema é utilizado para fiscalizar ou proteger os locais onde o mesmo é implementado.”
Fonte: https://www.dicio.com.br/videomonitoramento
As câmeras analógicas** se diferenciam das câmeras IPs por várias razões técnicas, mas, a diferença
mais preponderante e que faz enorme diferença é o gerenciamento.
Em uma central de monitoramento de grande porte (exemplo: São Paulo, Rio de Janeiro e outras
cidades), dificilmente teremos câmeras analógicas instaladas – tendo em vista que em câmeras analógicas, é
necessário que se utilize um cabo interligando a câmera até o servidor das imagens, fazendo com que seja
limitada a distância entre o servidor e as câmeras. Além do mais, uma rede de câmeras analógicas necessita de
um gerenciamento centralizado, não podendo descentralizar em vários servidores como em uma rede IP.
**As câmeras com sinal analógico precisam de um sistema de cabeamento exclusivo para transmitir suas imagens até o sistema de
gravação, geralmente com cabos coaxiais, par trançado ou fibra óptica.
Outro problema muito sério em câmeras analógicas é a questão da segurança. As imagens são
transportadas por cabos coaxiais sem nenhum tipo de criptografia, podendo ser interceptada por qualquer
pessoa em um dos pontos da extremidade da rede cabeada.
Aliás, segurança da informação dos dados é um assunto de extrema importância quando se fala em
monitoramento, razão pela qual iremos dedicar uma aula exclusiva sobre o assunto no 4º módulo deste curso.
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1.1.2 Câmeras IP
Câmera IP é uma câmera de vídeo que pode ser acessada e controlada via qualquer rede IP, como a
LAN (Rede Local), Intranet ou Internet. É possível ainda instalar a câmera IP com os convencionais fios (cabo de
rede) para streaming de áudio e vídeo ou utilizar tecnologia Wireless.
IP? O que é?
IP (ou endereço IP), de forma básica, é a identificação de um dispositivo (computador, impressora, câmera
etc.) em uma rede local ou pública. Cada computador ou outro equipamento interligado na internet ou na
rede local TCP/IP possui um IP único, que é o protocolo que as máquinas utilizam para poderem se comunicar
na Internet ou Intranet.
Esse tipo de câmera oferece uma imagem de qualidade superior, melhor controle e formas de
gerenciamento, além de melhor resolução e interoperabilidade*, o que facilita o trabalho dos técnicos na
manutenção dos equipamentos e resulta em um melhor aproveitamento da ferramenta pelos operadores do
sistema de videomonitoramento.
*A capacidade de um sistema (informatizado ou não) de se comunicar de forma transparente (ou a mais próxima disso) com outro
sistema (semelhante ou não).
Outra vantagem importante das câmeras IP refere-se à gestão da segurança, pois por ser uma rede IP,
as imagens podem ser criptografadas e assim só podem ser visualizadas por pessoas autorizadas dentro da rede
cabeada.
Para saber qual sistema de câmera utilizar, veja a seguir a comparação entre os tipos, considerando
algumas características.
CUSTO
Analógica
Geralmente tem menor custo que a câmera IP.
IP
Em comparação à câmera analógica, tem custo maior.
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INSTALAÇÃO
Analógica
Baixo custo em pequenas distâncias.
IP
Custo elevado por câmera.
CABEAMENTO
Analógica
Em redes nas quais as câmeras ficam próximas do DVR, não é necessária muita qualidade dos cabos. Mas no
momento em que as câmeras vão ficando mais longe do DVR, é necessária a utilização de cabos de alta
qualidade, tendo em vista o problema com a atenuação do sinal.
IP
Cabo UTP Cat. 5e
QUANTIDADE DE CABOS
Analógica
É necessário um cabo para cada câmera até o centralizador.
IP
É necessário um cabo da câmera até um concentrador (que pode ser um switch) e, com isso, interligar com outro
switch (que possui mais câmeras) e desses até o servidor, fazendo como se fosse uma ponte. Não é necessário
ter apenas um centralizador de câmeras.
Analógica
Sistema fica vulnerável a interferências e baixo alcance.
IP
Pode trabalhar com criptografia.
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QUALIDADE DO VÍDEO
Analógica
Geralmente possui qualidade menor.
IP
Geralmente possui qualidade maior.
Saiba Mais
Assista ao vídeo “Câmeras IP ou analógicas? Saiba qual a melhor opção” e amplie seus conhecimentos
sobre o tema.
Nesta aula você estudará os tipos de câmeras e as suas utilizações. Esta aula é muito importante, pois
a partir dela você entenderá e saberá como desenvolver um projeto de videomonitoramento levando em
consideração vários fatores importantes.
Você estudará neste tópico os seguintes tipos de câmeras: Câmera fixa com e sem dome, Câmera PTZ
com e sem dome e Câmera OCR.
Cada tipo de câmera tem um objetivo específico: o uso de diversos tipos de câmeras maximiza o
desempenho do sistema de forma que o resultado na qualidade da segurança pública será mais eficiente.
Entende-se por câmera fixa aqueles modelos em que não é possível o operador manipular a imagem
da câmera, ou seja, não é possível visualizar outra cena senão aquela estática.
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Importante!
Uma câmera fixa sem dome pode ser fornecida com uma lente fixa ou de foco variável (varifocal*). A lente
varifocal permite a ampliação de um objeto distante, sem perda de nitidez, no processo comumente
denominado zoom.
*Varifocal, em óptica, filmagem e fotografia é a qualidade de uma lente em possibilitar a mudança de foco de acordo com a distância.
Entende-se por câmera dome (também chamadas de “minidome”) os equipamentos envoltos por uma
cúpula, normalmente instalados no teto ou em paredes, e direcionados para apontar em uma direção de
interesse.
A câmera dome tem a vantagem, dependendo do seu tamanho e local de instalação, de passar quase
que despercebida em razão do design bastante discreto, também por ser instalada dentro da cúpula, desde que
seja de acrílico escuro, é muito difícil perceber para qual direção a câmera está apontada e ainda, por ser
protegida por uma cúpula, evita uma série de vandalismos.
Fixa sem dome: Pode ser fornecida com lente fixa ou varifocal. Denuncia facilmente seu campo de
visão. Maior propensão ao vandalismo.
Fixa com dome: Impossibilidade da troca de lente. Por ser envolta em uma cúpula, desde que seja de
acrílico escuro, não denuncia seu campo de visão. Mais proteção quanto ao vandalismo.
Importante!
A câmera fixa é a melhor opção para aplicações nas quais é vantajoso que a câmera esteja bem visível. Elas
podem ser inseridas em caixas de proteção projetadas para a instalação em interiores e exteriores.
Entendendo PTZ
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Câmeras PTZ e câmeras dome PTZ podem se movimentar na horizontal e na vertical (movimento PAN
e TILT) e também podem aproximar e ou afastar uma imagem (Zoom In/Zoom Out). Todos os comandos para a
movimentação de uma câmera PTZ são transmitidos pelo mesmo canal por onde os dados/imagens trafegam,
geralmente por um cabo de rede. Não é necessária, nesse tipo de câmera, a instalação de nenhum componente
adicional para a utilização dos recursos PTZ.
Saiba Mais
Existem dois tipos de Zoom: digital e óptico. Vamos saber a diferença entre os dois:
• Zoom óptico: nesse tipo de aproximação a imagem não perde qualidade, a captura da imagem é feita
sem distorção.
• Zoom digital: nesse tipo de aproximação a imagem sofre distorção. Vemos a imagem com menor
definição, quanto maior for a aproximação mais a imagem será distorcida e menor será a qualidade.
Assista ao vídeo Zoom óptico X Zoom digital. Disponível em: https://goo.gl/y0Bj2g
Veja a seguir alguns recursos que podem ser incorporados às câmeras PTZ e câmeras fixas com ou sem
dome.
As informações foram organizadas pelo conteudista com base na AXIS Communications
(https://www.axis.com/pt/pt/learning/web-articles/technical-guide-to-network-video/types-of-network-
cameras) e BOSH (http://resource.boschsecurity.com/documents/Commercial_Brochure_ptPT_1558886539.pdf).
Estabilizador Eletrônico de Imagem – EIS: Câmeras PTZ ou Dome PTZ possuem o recurso de Zoom.
Ao usar esse recurso, em geral acima de 20X, a imagem tremula fazendo com que a visualização se torne difícil.
Com o recurso EIS a imagem, mesmo com Zoom, torna-se mais estável, facilitando a operação. Além da
estabilidade na imagem, o recurso EIS também compacta a imagem, reduzindo em muito a utilização de espaço
de armazenamento.
Posições Predefinidas – PRESETS: Posições pré-definidas (ou presets) são posições pré-definidas pelo
operador. Geralmente são pontos sensíveis que necessitam de maior atenção. Com isso, quando ninguém está
monitorando ao vivo a câmera, o sistema fica responsável por monitorar as câmeras nas posições determinadas.
Podem existir vários presets em uma única câmera. Veja um exemplo
(https://www.youtube.com/watch?v=j87wVPeUMZc) da criação de um preset em uma câmera de
monitoramento.
Inversão Eletrônica – E-flip: Esse recurso quando incorporado à câmera PTZ é despercebido pelo
operador. A função E-flip é ativada nas situações em que uma câmera é instalada no teto e, quando uma pessoa
ou objeto passa por baixo da câmera, o recurso é ativado. Assim, é possível fazer o acompanhamento da pessoa
ou objeto de forma natural, sem ficar de cabeça para baixo.
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Inversão Automática – Auto-flip: Esse recurso Auto-flip simula a câmera com movimento 360 graus.
Por mais que pareçam fazer o movimento de 360 graus, as câmeras PTZ não possuem essa capacidade, uma vez
que há um batente mecânico impedindo a rotação completa. No entanto, o recurso Auto-flip dá a sensação de
giro completo, de modo imperceptível ao operador. A câmera na verdade faz um movimento horizontal de 180
graus e, ao tocar no batente, o recurso é acionado continuando o movimento. Dessa forma. o acompanhamento
do objeto/pessoa continua sendo executado sem que haja percepção por parte do operador.
O recurso de máscara aplicado em câmeras é muito útil, principalmente em vias públicas onde o alcance
das câmeras invade propriedade particular. O recurso consiste em criar uma tarja em determinada área de
visualização da câmera de tal modo que proteja a área selecionada. Veja alguns exemplos nos seguintes links:
https://www.youtube.com/watch?v=q3kt1rxFnkc e https://www.youtube.com/watch?v=KOL-watL-Ik. Você
estudará sobre o assunto privacidade no 4º módulo.
Trata-se de um recurso incorporado na câmera que faz análise de vídeo em tempo real, podendo
detectar diversas situações diferentes do comum que podem ser de interesse do operador. Exemplos: monitora
o sentido de uma via, ou seja, se um veículo circular na contramão, o sistema enviará um alerta ao operador;
monitora objetos esquecidos, uma mala esquecida num ponto de ônibus é detectada pelo sistema e um alerta
enviado ao operador. A utilização desse recurso torna o sistema de monitoramento muito mais eficiente, uma
vez que depois de configurado o sistema, os alertas são automáticos. Veja exemplos nos seguintes links:
https://www.youtube.com/watch?v=Td294bcCzLU e https://www.youtube.com/watch?v=jyKqdynAsEs.
Análise Forense
Esse é um recurso adicional da Análise Inteligente de Vídeo. Aqui, a análise não acontece em tempo
real, o software de análise forense converte as imagens em metadados* que são armazenados no banco de
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dados e ficam disponíveis para consulta. Dessa forma, tudo aquilo que não foi possível detectar na Análise de
Vídeo Inteligente, em tempo real, fica armazenado para pesquisa posterior por meio de filtros de busca. Com
esse recurso, por exemplo, é possível encontrar uma imagem referente a um carro vermelho em questão de
segundos. Isso porque a conversão da imagem em dados facilita sobremaneira o trabalho de pesquisa do
operador.
*Alves e Souza (2007, p. 3) definem “metadados como dados codificados e estruturados que descrevem a característica de recursos de
informação, sejam eles produtos ou serviços”, nesse sentido, elementos como cor, modelo, hora, data e sentido são exemplos de
metadados que podem ser extraídos de uma imagem e armazenados em um banco de dados.
DICA
Em um sistema de videomonitoramento urbano, a combinação de mais de um tipo de câmera no mesmo
ponto tem melhor eficácia, por exemplo: em um cruzamento de ruas podemos instalar câmeras fixas e
câmeras PTZ. Essa combinação dá ao operador maior operacionalidade do sistema e melhor aproveitamento
nas ocorrências. É importante identificar pontos sensíveis que possam receber mais de um tipo de câmera.
Câmeras OCR* têm sido largamente utilizadas e não são novidades no mercado. Já há muito tempo os
Departamentos de Trânsito utilizam esse tipo de equipamento para fiscalização de várias infrações de trânsito,
velocidade, avanço de semáforo, conversões proibidas, entre outras especificadas no código de trânsito.
*OCR é um acrónimo para o inglês Optical Character Recognition; que é uma tecnologia para reconhecer caracteres a partir de um
arquivo de imagem ou mapa de bits, sejam eles escaneados, escritos a mão, datilografados ou impressos. Dessa forma, por meio do
OCR, é possível obter um arquivo de texto editável por um computador.
Segundo a literatura, OCRs são sistemas mecânicos ou ainda eletrônicos que fazem a leitura de
imagens escritas e as transforma em textos que podem ser editáveis por meio de software. A leitura e
identificação dessas letras são feitas por meio de reconhecimento digital mediante o uso de scanners e
algoritmos (MONFORT et al., 2011).
Quando se fala em OCR, devemos entender que se trata de uma tecnologia usada já há muito tempo.
As pesquisas para automação de dados remontam os anos de 1950.
Saiba Mais
Quer saber mais sobre OCR? Leia o artigo Reconhecimento de caracteres. (Disponível em
http://www.nce.ufrj.br/conceito/artigos/2006/016p1-3.htm).
Como vimos, o OCR é uma tecnologia que transforma uma imagem em caracteres. A aplicação dessa
tecnologia em câmeras tem muitas finalidades. Neste curso interessa a aplicação para a leitura de placas de
veículos, mas existem vários exemplos do uso dessa tecnologia.
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Segundo Weber et al. (2016), “a tecnologia OCR é um dos sistemas amplamente utilizado atualmente,
muito devido ao fato de estar sendo aplicado nos gates portuários para identificação de veículos e contêineres”.
Assim como a leitura de placas de veículos, o sistema instalado em portos funciona conectado a um sistema
que faz o controle das operações portuárias, fornecendo dados das mercadorias e status de localização (SOUSA,
2008).
Então, câmeras de OCR são normalmente uma câmera fixa que tem a capacidade de fotografar todos
os veículos que passam por determinada faixa de rolamento mesmo em alta velocidade. Após fotografar o
veículo, a imagem é geralmente encaminhada para um servidor onde um software específico faz a leitura da
placa do veículo, transformando a imagem em caracteres e grava os dados em um banco de dados.
A aplicação desse tipo de equipamento, como você já viu no exemplo dos portos, vai além das câmeras
de multa. Nos últimos anos, câmeras OCR têm sido largamente usadas pelos órgãos de segurança pública para
o controle da frota de veículos.
Veja, a seguir, alguns exemplos práticos com resultados advindos do uso de câmeras OCR.
Estradas.com.br (http://estradas.com.br/radares-inteligente-ja-flagram-veiculos-irregulares-nas-estradas-
paulistas/).
Portal JJ (http://www.jj.com.br/noticias-33824-gm-aumenta-em-12--casos-de-veiculos-recuperados).
Saiba Mais
Para saber mais sobre a utilização das câmeras, veja os vídeos abaixo:
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Vídeo 1 – Como funcionam os radares de trânsito. Disponível no link:
https://olhardigital.com.br/video/como_funcionam_os_radares_de_transito_no_dia_do_rodizio/18005.
Vídeo 2 – Jundiaí, uma cidade monitorada contra o crime (https://www.youtube.com/watch?v=6V).
Vídeo 3 – Câmeras ajudam a reduzir roubos de carros roubados
(https://www.youtube.com/watch?v=pKjHsKHoX6o).
Agora que você já estudou os tipos de câmeras, estudará, a seguir, sobre a infraestrutura necessária
para que um sistema de videomonitoramento funcione de forma aceitável em uma central de
videomonitoramento.
2.2 Infraestrutura
Para que tudo funcione normalmente dentro da central de videomonitoramento é preciso que a sua
rede de dados externa seja dimensionada de forma que atenda às necessidades do sistema. Há duas formas
comuns de rede quando se fala em projetar um sistema de videomonitoramento: Rede de fibra óptica e Rede
de radiofrequência.
É conhecida como rede de radiofrequência ou rede Wireless ou, ainda, rede sem fio. Segundo Saccol e
Reinhard (2007, p. 179), as Tecnologias de Informação Sem Fio:
“são Tecnologias de Informação que envolvem o uso de dispositivos conectados a uma rede ou a outro
aparelho por links de comunicação sem fio, como, por exemplo, as redes de telefonia celular ou a transmissão
de dados via satélite, além das seguintes tecnologias: Infra-vermelho (infrared- IR), Bluetooth, Wireless LAN
(Rede Local sem fio).”
23
Segundo Pereira e Fazzanaro (2010), a tecnologia Wimax foi desenvolvida como uma alternativa a mais
na possibilidade de transmissão de dados sem fio de alta velocidade e com grande capacidade de interconexão
entre cidades, possibilitando a cobertura de grandes áreas.
Importante!
Uma rede Wimax pode possibilitar cobertura de sinal em alta velocidade a distâncias de mais de 50 km
(PEREIRA et al., 2013).
Ainda segundo Pereira e Fazzanaro (2010), o diferencial da tecnologia Wimax é que, além de oferecer
conectividade de alta velocidade por meio de ondas de rádio, não exige que o usuário tenha uma antena
apontada diretamente para empresa prestadora de serviço.
Redes sem fio para transmissão de imagem de videomonitoramento são bastante comuns. É possível
citar como exemplo os radares e câmeras em rodovias, em áreas centrais da cidade, isso porque a opção pelo
uso de rede sem fio tem algumas vantagens.
Uma rede sem fio tem ao menos três vantagens bastante atraentes. E se existem vantagens, também
há desvantagens.
Vantagens
O tempo para implantação de uma rede sem fio é muito menor comparado à rede de fibra óptica.
O custo para implantação é menor e por isso alguns projetos são estruturados 100% com rede sem
fio.
A rede sem fio pode chegar a lugares que a rede de fibra não chegaria por diversas razões: lugares
de difícil acesso, sem infraestrutura para o cabeamento etc.
Desvantagens
A rede sem fio é mais lenta, pode haver ruído na transmissão e fazer com que se interrompa a
conexão.
A construção de algum edifício, o crescimento de árvores, entre outros, podem prejudicar o seu
funcionamento.
Como a rede wi-fi é mais lenta que a rede de fibra óptica, provavelmente as imagens chegarão com
delay (dependendo da qualidade da imagem) ou terão que ter menor qualidade do que com rede cabeada.
24
“Uma Rede de fibra óptica nada mais é que um filamento de vidro envolto por um material protetor.
Ela é capaz de transmitir sinais de luz por longas distâncias a velocidades muito elevadas com a vantagem de
não sofrer interferências eletromagnéticas” (SIQUEIRA, p. 11, 2010).
A rede de fibra óptica tem velocidade e banda de tráfego de dados muito superior ao da rede sem fio.
Sua capacidade de transporte de informações depende da largura de banda do cabo (frequência que um cabo
transportará os dados). Pesquisas demonstraram que a fibra óptica tem capacidade de ultrapassar taxas de 100
Ghz (FRENZEL JR, 2013).
Por óbvio, a opção por estruturar todo o sistema por fibra óptica seria o mundo ideal, pelas diversas
vantagens que a fibra oferece. Segundo Coelho (p. 38, 2009), entre as vantagens da fibra óptica, destacam-se:
A fibra não sofre influência de campos eletromagnéticos nem corrosão (ao contrário dos cabos
coaxiais e dos pares de cobre entrançados) e não é afetada pelas condições meteorológicas ou pelo relevo do
terreno e edifícios (como acontece com as comunicações wireless, em que esses fatores dificultam a virada de
um ponto ao outro).
Veja abaixo um quadro comparativo entre rede de fibra cabeada e rede sem fio.
25
Custo de instalação mais caro. Custo de instalação mais acessível.
Nesta aula você vai pôr a mão na massa. Utilizando-se dos conceitos das aulas 1 e 2, e algumas dicas
desta aula, você será capaz de projetar um sistema de videomonitoramento para a sua cidade.
Vamos lá! Leia com atenção as orientações a seguir, nos itens 3.1 e 3.2.
Visualize uma situação hipotética, uma cidade. Nela você tem vários cenários com prédios públicos
(escolas, unidades de saúde, parques, hospitais, praças etc.) e também tem alguns pontos sensíveis, um com
alto índice de crimes e outro onde há muito fluxo de veículos com alta possibilidade de acidentes.
Você precisará desenvolver seu projeto de um sistema de videomonitoramento, levando em
consideração os cenários e as características necessárias para a instalação de câmeras nos lugares, justificando
o uso daquele tipo de equipamento.
EXEMPLO
Em uma unidade de saúde podemos optar pela instalação de câmeras fixas, eventualmente com dome ou
não. É preciso avaliar fatores como a segurança, a manutenção e o custo do projeto.
Nesse sentido, a proposta a ser desenvolvida deve ser com base nos cenários a seguir:
Considere uma cidade de nome Senasp Brasil. Essa cidade possui quatro vias de acesso, com faixas de
duplo rolamento. A cidade é dividida em 3 áreas distintas. Clique em cada uma delas para ver suas
características:
26
A área rural da cidade contempla uma área de Mata Atlântica reconhecida pela Unesco como
Patrimônio Natural Mundial. Nessa área há muitas espécies de flora e fauna protegidas por Lei e a
responsabilidade de fiscalização é do Município, por meio de convênio com o Estado.
A área comercial da cidade é composta por várias ruas de trânsito intenso, tanto de veículos como
também de pessoas. As ruas mais próximas aos bancos e comércio têm alto risco de acidentes, por conta do
movimento muito intenso. Essa área também concentra os bancos, onde frequentemente são registrados delitos,
como as “saidinhas de banco”, estelionato, roubos, entre outros crimes.
Os comerciantes, por meio da associação dos lojistas, cobram do prefeito a melhora da segurança no
entorno da praça, local onde seus clientes são vítimas de assaltos e durante a noite há vários registros de uso
de entorpecentes.
Na área residencial há vários locais para lazer, como parques e praças que carecem de mais segurança.
Nessa área também há duas Unidades Básicas de Saúde, uma creche e uma escola infantil. Os pais reclamam
com frequência que não há segurança nos locais e tampouco no entorno dela, pois há registros de vândalos e
traficantes tentando vender drogas para as crianças.
Diante desses cenários e utilizando os conceitos das aulas 1 e 2, monte um projeto de
videomonitoramento para a cidade Senasp Brasil.
Para facilitar o desenvolvimento do projeto, clique nos itens abaixo e veja algumas dicas importantes
para você.
CÂMERAS
Dome: É a cúpula que envolve uma câmera que pode ser fixa ou PTZ. São menos suscetíveis ao
vandalismo.
Câmera Fixa: Ideal para controle de fluxo de pessoas e veículos e locais fechados.
Câmera PTZ: Possui movimentos horizontais e verticais além de zoom. Pode ser do tipo dome ou
não.
Câmera com OCR: Fazem a leitura de caracteres. Usadas para infração de trânsito e também para
ler placas de veículos e com isso fazer o controle de veículos com registro de roubo, furto e outros delitos.
CARACTERÍSTICAS
27
Podem ser incorporadas nas câmeras PTZ: Estabilizador Eletrônico de Imagem; Presets; E-flip;
Auto-flip e Auto-tracking.
Podem ser incorporadas nas câmeras PTZ e câmeras fixas: Máscara de Privacidade e IVA – Análise
Inteligente de Vídeo e Análise Forense.
REDE
Fibra: Estabilidade; maior velocidade e tráfego de dados; melhor qualidade; instalação mais
demorada; custo maior; manutenção menor.
Rádio: Limitação de banda e de velocidade; menor qualidade; instalação mais rápida; menor custo;
sujeita a intempéries do tempo; custo de manutenção maior.
Vamos ao projeto!
Agora que desenvolveu seu projeto, veja, a seguir, uma proposta de solução.
Entrada da cidade
28
Área comercial
Área residencial
Entenda a solução.
Entrada da cidade
Por se tratar de uma área remota (distante da cidade), optou-se por rádio, pois considerar a implantação
de fibra em uma área de mata fechada é uma opção cara para o custo-benefício. A câmera escolhida é a PTZ
com dome e com estabilizador de imagem pelo fato da instalação ser muito alta, nesses casos o vento
proporciona balanço na câmera.
Área comercial
A opção por fibra é a mais vantajosa por diversas razões: melhor qualidade, maior segurança, entre
outras. Foram projetadas câmeras PTZ com dome equipadas com presets, análise inteligente de vídeo e Auto-
tracking. Essas três funções são úteis: a primeira nos casos em que o monitoramento precisa de tempos em
tempos visualizar determinado local (como, por exemplo, um ponto de ônibus); a segunda função serve para
quando precisamos de um monitoramento inteligente, ao buscar algo pré-definido; e a terceira para o
acompanhamento de objetos ou pessoas que são alvo do monitoramento.
29
Também foram projetadas para a área comercial câmeras fixas com dome, muito úteis em locais de
grande fluxo e que precisam de monitoramento constante.
Área residencial
A opção por fibra segue o mesmo roteiro da área comercial. Nesse caso também se aplicam as
justificativas para as funções de presets, Auto-tracking e para a função máscara por se tratar de uma área
residencial. Aplica-se a máscara nos casos em que a câmera pode invadir uma área particular – seja um quintal
de uma casa, piscina ou até mesmo áreas mais privadas, como quartos. As câmeras fixas com dome foram
projetadas nas entradas das escolas e unidades de saúde existentes no bairro.
Finalizando...
Exercícios
1. Com base no que você estudou, defina com suas palavras “câmera analógica” e “câmera IP” e
descreva as diferenças entre elas.
____________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________
30
____________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________
a. Verdadeiro
b. Falso
a. Verdadeiro
b. Falso
a. Verdadeiro
b. Falso
31
Gabarito
Questão 2.
Resposta: a
Questão 3.
Resposta: b
Questão 4.
Resposta: a
Questão 5.
Resposta: a
32
MÓDULO ESTRUTURA DE UM SISTEMA DE
02 VIDEOMONITORAMENTO
Apresentação do módulo
Olá! Seja bem-vindo(a) ao nosso segundo módulo do curso de Videomonitoramento. Neste módulo,
você estudará a estrutura organizacional de uma central de videomonitoramento e também a sua operação por
áreas e por delitos.
Vamos lá!
Objetivos do módulo
Estrutura do Módulo
• Caro(a) aluno, é possível definir a estrutura de operação em pelo menos duas frentes: Estrutura
Organizacional e Estrutura Operacional.
33
1.1 Estrutura Organizacional
Trata-se das definições de como as tarefas serão distribuídas dentro de uma organização. Quem deve
se reportar a quem e quais os mecanismos formais de coordenação e padrões de interação a serem seguidos
(ROBBINS, 1990).
Quando falamos de estrutura organizacional estamos falando das relações da estrutura de pessoas.
Em uma central de videomonitoramento é indispensável que os papéis estejam muito bem-definidos. Nesse
sentido, a estrutura organizacional deve estar alinhada com os objetivos da operação final.
Segundo Souza (1994), a estrutura organizacional tem três pilares centrais:
Complexidade:
Diz respeito às diferenças de integração na organização. Podem ser de três tipos: Diferenciação
vertical (Números de níveis hierárquicos).
Diferenciação horizontal (Atividades, processos, funções, negócios etc.).
Dispersão espacia (Números de unidades dispersas geograficamente, vinculadas à matriz).
Observe que os três pilares fazem sentido, uma vez que dentro de uma central de videomonitoramento
é possível lidar com diferentes órgãos de segurança pública que possuem visões diferentes para o tratamento
de suas atividades. Sendo assim, a complexidade da estrutura organizacional deve ser muito bem definida,
bem como a formalização das atividades de cada órgão e de cada operador, evitando que atividades deixem
de ser cumpridas e que cada agente tenha clara a sua competência dentro da central de videomonitoramento.
Faz-se necessário que haja alguém que responda pela central de videomonitoramento. Essa pessoa é a
responsável macro das atividades e deve garantir o bom funcionamento dos serviços, fazendo as ligações
necessárias entre os encarregados de cada órgão. Ele também é o responsável por criar as regras de
convivência comum e aplicá-las*.
*São regras de convivência e normas de condutas aplicadas ao uso do espaço comum (área de descanso, refeitório, entre outros).
Mintzberg (1995) define estrutura como sendo a soma total pelas quais as tarefas são divididas em
partes distintas e apresenta uma estrutura composta por cinco núcleos.
Cúpula estratégica
34
Tecnoestrutura
Linha intermediária
Atividades de coordenação entre os núcleos, supervisão e relações de contatos com integrantes da organização.
Assessoria de apoio
Responsável pelo desenvolvimento de atividades específicas dos níveis operacionais, como assessoria jurídica,
relações públicas etc.
Núcleo operacional
Abarca os operadores que executam os trabalhos relacionados à atividade-fim. Esses devem reportar-
se diretamente ao responsável do seu órgão nas questões operacionais.
Nesse sentido, uma estrutura operacional dentro de uma central de monitoramento deve descrever
uma sequência simples dos eventos e processos a serem executados. Cada órgão que atua dentro da central
de videomonitoramento tem seu próprio protocolo de tratamento para os eventos. Podemos citar como
exemplo a Defesa Civil, que trata seus eventos conforme protocolos próprios; já para tratar dos mesmos eventos,
um Agente de Trânsito tem outro protocolo.
35
Sugestão de organograma – Estrutura Organizacional
Dessa vez, os protocolos de atendimento são específicos do órgão, pois cada órgão é especialista
na sua área de atuação. As normas e procedimentos operacionais são ditados pelo comandante/diretor do
órgão. O responsável pelos operadores dentro da central de videomonitoramento é o encarregado de aplicar
as regras e os operadores de executar os procedimentos.
36
Quando há uma situação de crise, as estruturas organizacional e operacional sofrem modificações
para atender a situação pontual. Todo o pessoal e os protocolos passam a ser geridos por um comitê gestor
da crise. Passada a situação, todo o pessoal mobilizado volta para a estrutura normal.
Agora que você já conhece a estrutura de um sistema de monitoramento, estudaremos, a seguir, as formas de
operação: por áreas e por delitos.
Não existe nenhum modelo de agrupamento pronto. Por isso, faz-se necessária a utilização de modelos
correlatos para melhor aproveitamento do sistema de videomonitoramento. Um desses modelos é a estratégia
de divisão de áreas.
A divisão por área de interesse talvez seja a melhor forma de agrupamento e/ou divisão dos trabalhos
da central de videomonitoramento.
37
2.1.1 Compreendendo o agrupamento por áreas
Para compreender a definição por agrupamento por área, considere: que há diversos órgãos com
interesses distintos; que a cidade possui diversas áreas cobertas por câmeras de videomonitoramento; e,
ainda, que os equipamentos instalados possuam tecnologias distintas para cada região de interesse.
Lembra da cidade fictícia Senasp Brasil (Apresentada no Módulo 01) ? Nela é possível identificar
quatro áreas distintas: as entradas da cidade; a área rural com Mata Atlântica; a área comercial; e a área
residencial.
É importante ter claro essas áreas definidas, pois em cada uma dessas áreas os problemas de
segurança são distintos e a forma de monitoramento, bem como de atuação/resposta, precisam estar
adequadas aos problemas da área.
Além do tipo de monitoramento, a divisão por área também definirá a atuação tanto dos operadores
de videomonitoramento quanto dos agentes em campo. No caso dos agentes em campo, outro fator que é
primordial para que haja eficácia no atendimento é a quantidade de agentes e o tempo de resposta.
Importante!
A divisão por áreas também define a quantidade de câmeras por operador. Para essa divisão, deve-se levar
em conta: a região, o número de ocorrências, o tipo de equipamento instalado e a experiência do operador.
É saudável que o operador de videomonitoramento faça uma pausa de 10 minutos a cada 50 minutos
trabalhados.
Tratando-se de câmeras do tipo PTZ, é indicado que um operador não monitore mais de 9 equipamentos ao
mesmo tempo.
Outro modelo de agrupamento é o de operação com foco nos delitos. É importante para a central de
monitoramento entender a dinâmica dos eventos da sua área de cobertura e, assim, realizar os diversos
tratamentos necessários para o melhor aproveitamento do sistema.
Todos os órgãos de segurança (sejam eles vinculados à União, aos estados ou aos municípios)
trabalham pautados, em primeiro lugar, pela lei que os dá competência de atuação e, em segundo lugar, com
base em dados estatísticos da sua área de atuação.
38
Quando falamos em operação por delitos, é de suma importância que a instituição de segurança tenha
dados que apontem a direção de suas ações.
Nesse sentido, os dados estatísticos advindos de diversas fontes (Polícia Civil, Polícia Militar, Guarda
Municipal, Agentes de Trânsito, entre outros órgãos municipais) devem nortear a atuação dos operadores na
central de videomonitoramento.
Assim como há operações policiais com finalidade específica – por exemplo, a “Operação Fecha Bar”,
que tem como objetivo a fiscalização de estabelecimentos que não atendem as regras da vigilância sanitária, de
alvará etc. –, a central de videomonitoramento deve trabalhar visando à diminuição de delitos e
contravenções.
Depois de entender um pouco sobre a operação por delitos, vamos agora ver alguns modelos de
operação, suas finalidades e os desdobramentos administrativos:
Operação drogas
Operação comércio
Operação comércio acontece, na maioria das vezes, em datas especiais que o comércio recebe grande
número de pessoas. Datas como Páscoa, dia dos namorados, dia das mães, dia dos pais, dia das crianças e final
de ano, por exemplo.
Nessas datas é muito comum pessoas sofrerem assaltos, roubos, furtos, golpes e outros delitos. Por
isso, a atenção deve ser redobrada e os operadores da central de videomonitoramento devem passar por
treinamento específico para visualizarem situações que possam ser suspeitas.
As câmeras de videomonitoramento têm papel muito importante nesses casos, pois é uma vigilância a
distância sem a interferência de agentes em campo. O agente só é acionado quando há uma situação suspeita
ou um ato delituoso acontecendo.
39
Flagrada uma situação de delito, os agentes em campo tomarão as providências legais que a situação
exige, em geral, a condução da vítima e do acusado para uma delegacia.
É sabido que roubo e furto de veículos causa muita insegurança nos cidadãos. Portanto, operações
dedicadas a esses delitos são muito bem vistas pela população, além de trazer excelentes resultados.
Tratando-se de câmeras de videomonitoramento, há dois meios para a central de videomonitoramento
tratar desses delitos. São eles: por meio das câmeras com leitura de placas (OCR); e também por meio das
câmeras fixas ou PTZ.
Obviamente, o melhor resultado é por meio das câmeras OCR. Todos os veículos que passam pelas
câmeras são fotografados e suas placas podem ir para um banco de dados, no qual um software de
gerenciamento faz uma verificação instantânea. Caso o veículo possua alguma restrição, um alarme informa ao
operador o local exato e o sentido. Conjuntamente é possível, nos casos onde há câmeras PTZ, fazer o
acompanhamento desse veículo até a sua abordagem.
Operação bancos
Um delito bastante comum é a “saidinha de banco”. Por esse motivo, é importante o monitoramento
de prováveis suspeitos, principalmente em dias de pagamento. Geralmente, nesses dias há um aumento na
demanda desse tipo de ocorrência. Sabendo disso, a central de videomonitoramento pode fazer um trabalho
de acompanhamento de pessoas suspeitas.
Essa forma de vigilância é muito interessante, pois não agride as pessoas, uma vez que não há revista
pessoal nem abordagem. Para esse tipo de operação, são necessários operadores experientes, com larga
bagagem de rua e “tirocínio” apurado.
Operação eventos
Eventos são festas culturais e pontuais do calendário da cidade, por exemplo, o carnaval.
Caso seja possível, pode-se trabalhar com câmeras móveis instaladas em viaturas ou ainda em locais
pré-definidos para o evento.
Também é possível montar uma minicentral de monitoramento no local do evento ou fazer apenas o
acompanhamento das câmeras na central de videomonitoramento.
40
Operação trânsito
Destina-se, em geral, aos agentes de trânsito que podem, por meio da central de videomonitoramento,
controlar o fluxo de veículo em horários de pico, bem como controlar tempos de semáforos, infrações de
trânsito, entre outras operações próprias dos agentes de trânsito.
Essas operações de trânsito acontecem de forma planejada e recorrente. Por vezes envolvem não
apenas os agentes de trânsito, mas também toda a estrutura da central de videomonitoramento.
Operação SAMU/Bombeiros
Finalizando...
41
• A operação da central de videomonitoramento pode ser feita por agrupamento de áreas e por delitos.
Vale lembrar que as duas soluções podem ser configuradas conforme interesse de atuação dos
envolvidos na central de videomonitoramento.
Exercícios
____________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________
a. Sim
b. Não
a. Diretor/Comandante do órgão.
b. Responsável dos operadores.
c. Responsável da central de videomonitoramento.
42
Gabarito
Questão 2.
Resposta: b
Questão 3.
Resposta: c
43
44
MÓDULO OPERACIONALIZAÇÃO DE UM SISTEMA
03 DE VIDEOMONITORAMENTO
Apresentação do módulo
Objetivos do módulo
Estrutura do Módulo
Nesta aula, você vai entender o trabalho integrado, seja em um CICC ou em uma central de
videomonitoramento.
45
Vários órgãos de segurança com interesse em informações em tempo real dividem o espaço de uma
central de videomonitoramento com visão geral de todas as situações que ocorrem na cidade e interagem entre
si, por meios de procedimentos e protocolos já definidos.
A execução pode ser compartilhada ou não. Dependendo do problema apresentado, pode-se exigir
esforço de mais de um órgão ou, por ser uma ação simples, a competência de apenas um órgão. Essa integração
resulta em ações mais rápidas e assertivas dos problemas corriqueiros ou de situação de crise.
No Brasil, por conta dos grandes eventos que aconteceram recentemente, especificamente a Copa do
Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016), investiu-se muito em Centros Integrados de Comando e Controle (CICC).
Os CICCs são, além de grandes estruturas tecnológicas, ambientes onde diversos órgãos são
integrados por meio de protocolos e procedimentos de forma que o atendimento seja o mais rápido e eficaz
possível, conforme podemos conferir no Planejamento Estratégico de Segurança para a Copa do Mundo FIFA
BRASIL 2014 - PESMC14:
“Os Centros de Comando e Controle não podem ser pensados apenas fisicamente, como instalações
tecnológicas de última geração. Eles são, antes de tudo, um arcabouço de procedimentos, protocolos e
comunicações previamente estabelecidos, treinados e integrados.” (BRASIL, 2012, p. 34-35).
Nesse sentido seu funcionamento requer uma cadeia de comando bem definida, a qual, segundo
Cardoso (2013), compreende três pilares:
Diferente dos CICCs, uma central de videomonitoramento tem uma estrutura física e pessoal menor.
No entanto, sua operação segue um modelo similar, com a diferença que, nessa configuração, a central de
46
videomonitoramento é habitada com um número menor de órgãos de segurança – ou até mesmo com uma
única agência.
Mas o que faz um sistema de videomonitoramento ter sucesso?
O que faz um sistema de videomonitoramento ter sucesso, sejam os CICCs ou uma pequena central, é
a interação entre os órgãos de segurança. Por isso, é importante a integração, mesmo que por meio de
protocolos de troca de informação.
Importante!
É importante que a troca de informação pertinente a casos em investigação – oriundo de qualquer ordem –
seja informada ao órgão competente, para que seja tomada a ação necessária o mais rápido possível. Isso
garante a agilidade do processo e faz jus ao investimento na tecnologia.
Além dessas, há outras informações que a central de videomonitoramento pode obter por meio das
câmeras.
Nos casos citados, as informações devem ser repassadas de forma clara e muito rápida ao órgão
interessado, assim como enviar características do local, indivíduos, destino tomado, hora do fato e outras
informações relevantes para os agentes de rua.
Importante!
Quando se fala em integração, não é necessário que os órgãos estejam no mesmo local: os meios de
comunicação disponíveis podem ser os meios de integração (sistemas próprios, rádios, telefones etc.).
Saiba Mais
Veja como funciona o CICC de Porto Alegre. Disponível aqui: http://zh.clicrbs.com.br/rs/porto-
alegre/noticia/2015/01/como-funciona-o-centro-integrado-de-comando-de-porto-alegre-
4678292.html.
Tão ou mais importante que a operação do sistema, são as informações e dados advindos das
observações dos operadores. Os registros de dados e informações, bem como a exportação de vídeos do
sistema, devem seguir uma política de registro de informações da instituição.
47
As informações e dados gerados pelo sistema devem ser catalogados a fim de que sejam pesquisados
quando necessário para diversas finalidades, entre elas, para uso em inquéritos policiais ou em processos
judiciais quando devidamente solicitados por autoridade competente ou em casos específicos, conforme
dispuser a lei.
NOTA
Embora não exista nenhuma bibliografia que trate desse assunto, observa-se em várias legislações municipais
que tratam de monitoramento a solicitação do armazenamento de 30 dias de imagens. Na Aula 02 do Módulo
04, você terá a oportunidade de estudar algumas legislações.
Para câmeras com leitura de placas, esse armazenamento poderá ser maior, uma vez que o consumo
de disco nesse caso é menor que o de vídeo. É interessante considerar o armazenamento de seis meses a um
ano.
Em cidades onde a operação de câmeras com OCR está em funcionamento, há várias situações em que
o armazenamento de imagens por um longo período é necessário, pois em casos de furto, roubo ou mesmo
clone é necessária a identificação visual para a elucidação do crime.
Veja as cidades de São Paulo que já utilizam câmeras OCR: Artur Nogueira; Campinas; Cordeirópolis;
Holambra; Indaiatuba; Itupeva; Jundiaí; Limeira; Louveira; Santa Bárbara D’Oeste; Vinhedo.
Importante!
Observe que o primeiro requisito de registro de dados para o sistema, ou seja, o armazenamento, deve ser o
definido em edital.
48
Registro de informações – o mesmo que o registro de uma ocorrência: um talão próprio. Pode ser em
um sistema ou de forma manual, desde que haja uma coerência e requisitos para busca/pesquisa
oportunamente.
Exportação de vídeos – fazer em mídia, disco rígido ou HD externo do vídeo referente ao registro. Isso
garante que a imagem do registro não será perdida em 10 ou 30 dias, dependendo do número de dias que o
sistema armazena.
Importante!
Deve-se registrar informações, como data e hora do início do fato; data e hora do término fato; tipo de
atendimento prestado; viatura que atendeu; equipe; se houve encaminhamento a outros órgãos (Delegacia,
Hospital etc.), além de um relatório detalhado do fato.
Essas informações de registro são de extrema importância para a recuperação do vídeo no futuro.
Uma central de videomonitoramento recebe muitas solicitações para recuperação de vídeos advindas de
delegacias e fóruns, para inclusão em inquéritos policias e também em processos judiciais. Por isso, a
importância em se registrar tudo com o máximo de detalhes possíveis e fazer a exportação do vídeo
referente ao registro.
O registro de informações pode ser feito em sistema próprio (informatizado) ou manual e deve receber
um número de controle. A exportação do vídeo referente ao registro deve receber o mesmo número de
controle para facilitar uma busca posterior.
O mesmo método deve ser adotado para as câmeras de leitura de placas quando necessário. O
operador deve fazer o registro e também exportar a imagem referente ao registro.
É de suma importância ter uma regra para exportar os dados que geraram algum tipo de registro, seja
ele por ocorrência, seja por ser uma reserva de imagem.
São requisitos para o armazenamento/exportação de imagens:
Todas as imagens, após reservadas, devem permanecer armazenadas por tempo indeterminado ou
conforme lei.
Em algumas cidades, como São José (SC), a Portaria 018 de 17 de setembro de 2015 estabelece:
“Art. 8º. Quanto ao tratamento dados às imagens gravadas, tem-se que toda e qualquer imagem de
cometimento de delitos e de eventos que possam ser necessários à elucidação de ocorrência de qualquer
natureza, bem como toda ocorrência registrada na Central de Operações Integradas, deverão ser transformadas
em videoclips e arquivadas em pastas virtuais por um período de 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. As imagens deverão ser arquivadas com a identificação por data, registro da imagem
com o número da ocorrência gerada no Sistema e uma breve descrição do fato, tais como: furto loja, trânsito,
droga, flagrante, entre outros.”
São ao menos duas situações nas quais se devem recuperar imagens: quando for solicitada ou quando
houver a necessidade de exportação devido a um fato típico monitorado pela central de videomonitoramento.
Nos dois casos, é necessário o registro da ação tomada, seja para a exportação, seja por solicitação.
A recuperação de imagens para exportação se dá por motivos de monitoramento, quando algo fora do
cotidiano foi verificado nas imagens – mesmo que não haja nenhuma ação, vítima ou solicitante, o operador
deve fazer o registro e a exportação do vídeo.
Exemplos:
Acidentes de trânsito
Perigo em via pública.
Eventos ou manifestações.
Incêndios.
Balões.
Temporal com alagamentos ou rios transbordando.
50
Todas essas situações – e outras que o operador julgar como importantes –, quando presentes no vídeo,
deverão ser exportadas, pois fazem parte do acervo que pode ser solicitado futuramente, seja por sua
especificidade, seja porque de alguma forma gerou uma anormalidade.
Outra situação de recuperação de imagem, seja do sistema, seja de imagens exportadas, se dá quando
há uma solicitação de imagens para os casos já citados (inquérito policial, processos judiciais, corregedoria etc.).
Nesses casos, a solicitação deve acontecer de forma oficial pela autoridade requisitante,
geralmente por meio de ofício, que deve ser autorizado pela pessoa responsável pela guarda das imagens e só
após haverá o fornecimento de cópia da imagem solicitada em mídia específica e devidamente registrada.
NOTA
No Módulo 04, você estudará sobre normas, procedimento e leis. Oportunidade em que verá quem e como
poderá haver as solicitações de imagens para a central de videomonitoramento.
Por hora, é importante saber que todas a imagens que saírem da central de videomonitoramento
deverão ter um solicitante formal, uma pessoa que autorize essas solicitações e, ainda, o registro da saída
da cópia dessa imagem.
Veja o que deve constar no registro da saída:
O registro é necessário para garantir que a cópia da imagem disponibilizada foi de forma legal, evitando
seu extravio da central de videomonitoramento para outros fins. Também é importante ter cuidado com as
imagens que podem ser gravadas diretamente da tela do computador via celular, câmera ou outro equipamento
eletrônico. As exportações não autorizadas podem configurar em crime de violação de sigilo funcional,
indicado no Código Penal – previsto no Decreto Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Art. 325.
“Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
51
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração
Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000).
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000).
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000).
Violação do sigilo de proposta de concorrência”.
NOTA
No Módulo 04, você estudará alguns modelos de normas, procedimentos e leis que ajudarão a entender
melhor as formas legais de disponibilizar corretamente imagens de um sistema de videomonitoramento.
As informações geradas pelas câmeras são muito importantes para a cidade toda. A central de
monitoramento deve ser provedora de informações que sirvam de base para o trabalho de todos os órgãos
interessados em segurança pública.
Interpretação+Conversão+Processamento=Conhecimento
Meireles (2004) tem uma resposta para todas essas questões: deve-se entregar a informação certa, no
tempo, no lugar e na forma certa.
Isso significa que:
A informação certa é aquela que é compartilhada com quem tem competência para deliberar sobre
tal situação.
No tempo certo significa que se deve entregar a informação quando ela for útil para resolver os
problemas.
No lugar certo significa que a informação deve ser compartilhada para as pessoas ou instituição
interessadas.
Na forma certa, ou seja, pelo meio mais simples e seguro possível.
Finalizando...
53
• Todas as informações que possam gerar demandas ou que, por ação da central de videomonitoramento,
geraram algum tipo de atendimento devem ser devidamente registradas.
• As imagens que foram exportadas e devidamente registras podem ser solicitadas por autoridades
competentes, desde que de forma oficial e autorizadas conforme lei, norma ou protocolo interno.
Exercícios
a. Conter: data e hora do início do fato; data e hora do término do fato; tipo de atendimento prestado;
viatura que atendeu; equipe; se houve encaminhamento a outros órgãos (Delegacia, Hospital etc.); e um
relatório.
b. Registrar tudo que possa gerar demanda futura.
c. Registrar tudo que gerou demanda.
d. Todas as alternativas acima.
e. Nenhuma das alternativas acima.
3. A interpretação, a Conversão e o Processamento são fases pela qual a informação passa para
a obtenção do:
a. Ativo da empresa.
b. Conhecimento.
c. Segurança da informação.
d. Todas as alternativas acima.
e. Nenhuma das alternativas acima.
54
Gabarito
Questão 1.
Resposta: d
Questão 2.
Resposta: c
Questão 3.
Resposta: b
55
56
MÓULO TECNOLOGIAS UTILIZADAS EM PROL DA
04 SEGURANÇA PÚBLICA
Apresentação do módulo
Bem-vindo(a)!
Parabéns! Este é o quarto, e último, módulo do curso de Videomonitoramento.
Neste módulo, você estudará sobre os impactos que o videomonitoramento exerce no ambiente de
trabalho; a segurança da informação e dos dados da central de videomonitoramento; e as normas,
procedimentos e leis vigentes sobre videomonitoramento. Além disso, conhecerá os novos paradigmas dessa
ferramenta e também o comportamento dos operadores e as suas funções dentro da central.
Objetivos do módulo
Estrutura do Módulo
Nesta aula, você estudará sobre um eixo muito importante, principalmente quando se trata de
informações e dados. Vamos falar sobre a segurança da informação na central de videomonitoramento.
57
1.1 O que é segurança da informação
Para Klettenberg (2016), a segurança da informação é formada pela simbiose dos sistemas
informacionais e tecnológicos aliada ao comportamento e características do usuário, envolvendo aspectos
de natureza física, política e cultural.
Maia (2013) lista três pilares como requisitos para se ter segurança da informação (Clique em cada um
deles para mais informações):
Integridade
Uma informação íntegra é aquela que temos certeza que não sofreu nenhuma alteração do momento
em que foi registrada até o momento de sua recuperação, ou seja, o conteúdo se manteve na forma original, da
mesma forma quando armazenado, protegido contra modificações intencionais ou acidentais e não autorizadas
(OLIVEIRA et al., 2008).
Confiabilidade
A informação é confiável quando a fonte que disponibiliza a informação é idônea. Para De Sordi
(2008), há uma diferença em conteúdo confiável e conteúdo verdadeiro: nem tudo que é confiável pode ser
considerado verdadeiro. A confiabilidade de um conteúdo está ligada à percepção do leitor (HARRIS, 1997).
Portanto, para que a informação seja confiável, a fonte que disponibiliza a informação tem que ser confiável
também.
Disponibilidade
De acordo com Jenuino (2013), a disponibilidade da informação pode ser abordada por três
vertentes:
Tomaél et al. (2001), listam uma série de requisitos para tornar a informação acessível. Entre eles a mais
importante é a facilidade de acesso, quanto menor o número de procedimento, melhor será a disponibilidade
da informação.
Parizotto (1997) e Tomaél et al. (2001) enfatizam que a forma de armazenamento incorreta inviabiliza
a disponibilidade da informação. Por isso, é muito importante o backup das informações seja feito de forma
correta.
58
De Sordi (2008), Davenport (1998) e Miranda (2000) concordam que a disponibilidade do conteúdo está
fortemente ligada à sua estrutura de Tecnologia de Informação. Por isso, é muito importante a definição da sua
estrutura de TI, de forma que garanta a disponibilidade de suas informações.
É preciso existir a preocupação com a segurança lógica e física das informações. De nada adianta
tomar todas as medidas nas questões relacionadas à TI e não criar os procedimentos para o acesso físico dos
dados, das informações e também da central de videomonitoramento.
O sistema deve ser concebido para que haja níveis de acesso para cada usuário. Esse privilégio de
acesso deve ser concedido pelo administrador do sistema e deve ser pessoal e intransferível, de forma que
possa gerar logs individuais de todas as ações realizadas pelos operadores do sistema.
O ponto mais sensível do sistema são os servidores, computador ou computadores que utilizam o
software que gerencia as câmeras e salva as imagens. Esses devem ser protegidos por firewalls, senhas bem-
definidas, entre outros recursos. Faz-se isso para não haver acesso não autorizado a eles via rede de computador.
Segurança física
O acesso à central de monitoramento só deve ser feito por pessoal devidamente autorizado. Todos os
locais que estão equipados com tecnologia são áreas sensíveis e, por isso, merecem maior atenção na segurança.
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NOTA
Todos esses requisitos serão discutidos na Aula 02 deste módulo. Por hora, é importante entender que a
informação é um ativo muito importante que, em mãos erradas, podem causar muitos problemas.
Importante!
A segurança de uma central de videomonitoramento depende muito das políticas que deverão ser
adotadas, seja política para o acesso físico às dependências da central, seja para o acesso às informações, seja
para proteção e acesso aos ativos (servidores e sistemas).
As normas, procedimentos e leis devem ser utilizados em uma central de videomonitoramento com o
objetivo de: normatizar as regras de convivência; criar procedimentos quanto à manipulação de imagens; e
disciplinar/tipificar, por meio de Lei, procedimentos, conduta, guarda e compartilhamento de informações.
As normas e procedimentos são importantes, pois disciplinam o uso comum das dependências e criam
regras de conduta e convivência entre os integrantes do espaço.
Veja, a seguir, várias sugestões de normas e regras que fazem parte de algumas centrais de
videomonitoramento:
Postura:
• Postura adequada, apresentação, pontualidade, cordialidade, respeito ao próximo e espírito de equipe
são adjetivos básicos para atuar na central de videomonitoramento.
• Nas dependências da central de videomonitoramento, deve-se evitar comportamentos como se
debruçar sobre as mesas e espojar-se nas cadeiras ou até mesmo consumir bebidas e alimentos em
geral.
Acesso:
• Não é permitido acessar as dependências da central de videomonitoramento em condições alteradas,
sintomas de ingestão de bebidas alcoólicas ou sintomas de uso de entorpecentes. No caso de suspeita,
informar imediatamente ao supervisor responsável que tomará as devidas providências.
• É proibido o acesso às dependências do central de videomonitoramento sem estar devidamente trajado
(como sem camisa, trajando camiseta regata, bermuda ou de chinelos).
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• Não é permitida a entrada, permanência ou circulação de pessoas não autorizadas no setor, salvo com
prévia autorização do supervisor responsável pela central de videomonitoramento.
Sigilo:
• Manter sigilo absoluto sobre os assuntos inerentes à função, sobretudo comentários a respeito de
imagens, ocorrências, funcionários, tipo de material existente, dados da rotina de atividades, inclusive a
órgãos de imprensa.
Patrimônio:
• É obrigação de todos os colaboradores da central de videomonitoramento zelar por todos os
equipamentos eletrônicos e as instalações, bem como todo e qualquer documento da seção.
Comportamento:
• Em hipótese alguma os colaboradores poderão fazer uso dos equipamentos do Centro de Controle
Operacional para fins particulares.
• Todos os colaboradores deverão acatar orientações do Supervisor da central de videomonitoramento.
• O uso de telefone dentro da central de videomonitoramento deve se restringir aos casos de emergência.
Da mesma forma, é vedada a utilização de equipamentos como rádio, televisor, fones de ouvido, games,
computadores de uso pessoal, pen-drives, celulares, máquinas fotográficas e outros equipamentos
eletrônicos.
• Nas dependências da central de videomonitoramento, os colaboradores só poderão conversar o
necessário e em voz baixa.
• É proibido o comércio de qualquer natureza, ex.: catálogos, rifas, alimentos, roupas etc.
• São proibidas as práticas de quaisquer atividades consideradas lúdicas (ex.: jogos, tricô e crochê, palavras
cruzadas etc.).
• É vedada a permanência de objetos pessoais no interior da sala de monitoramento ou qualquer objeto
e equipamento que não correspondam à rotina de trabalho.
Segurança:
• Os colaboradores devem conhecer todos os acessos da unidade, bem como a localização dos extintores
portáteis, hidrantes, saídas de emergência e acionadores manuais.
• É terminantemente proibido o uso, porte ou guarda de armas (branca ou de fogo) particular no posto
de serviço, ainda que seja legalizada com os respectivos registros e porte.
• Não é permitido fumar no interior da central de videomonitoramento.
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• Qualquer tipo de manutenção, seja técnica ou predial, no interior da central de videomonitoramento,
deverá ser previamente autorizado pelo supervisor da unidade e em formulário próprio.
• Nenhum tipo de mudança, seja no layout, nas mobílias, ou nos equipamentos eletrônicos poderá ser
realizado sem autorização do supervisor responsável pelo Centro de Controle Operacional.
A lista de normas, procedimentos e regras deve levar em conta a eficiência dos trabalhos. Algumas
proibitivas devem fazer parte da conduta dos integrantes da central de videomonitoramento.
O responsável pelo setor deve providenciar local para as refeições e descanso adequado para os
integrantes. Na central de videomonitoramento deve haver uma sala de convivência equipada com TV, mesa de
refeições, geladeira, micro-ondas e poltronas para o descanso, para uso durante as refeições e intervalo.
O termo deve ser assinado quando o integrante for designado para a prestação de serviço na central
de videomonitoramento.
EXEMPLO
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No caso de não haver imagem, a central de videomonitoramento também entra em contato com o cidadão
dando ciência que não existe registro sobre o fato ocorrido.
Em outras cidades, esse procedimento pode ser acompanhado de pagamento de uma taxa além de
outras medidas padronizadas para o acesso à imagem solicitada. O mais importante é que esses procedimentos
estejam descritos em normas ou leis para que haja transparência para o cidadão que solicita a informação.
EXEMPLO
Acesse o exemplo de formulário de solicitação de imagem. Disponível na plataforma do curso.
É muito importante disciplinar a atividade da central de videomonitoramento por meio de lei especifica.
A seguir, você verá algumas cidades que regulamentaram a atividade de videomonitoramento por meio de lei.
É importante que você tenha um olhar crítico sobre elas. Leia com atenção, aponte os itens que você
concorda, os que não concorda e justifique os motivos.
Cachoeirinha – RS
Observações:
No Artigo 2º, a Lei define os requisitos para a instalação de câmeras de vigilância na cidade.
“Art. 2º. A instalação das câmeras de vigilância deve ser precedida de estudo técnica sobre a
necessidade e a adequação da instalação, observando-se os seguintes critérios:
I - identificação do tipo de infração criminal predominante na área, com indicação de dados estatísticos
dos 3 (três) últimos meses anteriores ao estudo;
II - caracterização da importância da área a ser monitorada no contexto geral da criminalidade no bairro
e na cidade;
III - a definição de estratégias e táticas policiais a serem empregadas conjuntamente com a utilização
das câmeras de vídeo;
IV - apresentação dos resultados previstos com as atividades de monitoramento e vigilância.
Parágrafo único. A cada período de 12 (doze) meses, o estudo técnico deverá ser renovado, sendo
indicada, de forma expressa e fundamentada, a necessidade de continuidade de monitoramento e vigilância por
câmeras de vídeo.”
63
Verifica-se, ainda no parágrafo único, a preocupação com a renovação do estudo técnico a cada 12
meses. Dessa forma, proporciona-se a possibilidade de mudança de posição de uma ou mais câmeras, uma vez
que, no local da instalação original, a câmera não apresenta mais índices de ocorrência.
Guarapari – ES
Lei nº 3.888, de 22 de abril de 2015. Disponível na plataforma do curso.
Observações:
Chama a atenção na Lei da cidade de Guarapari os Artigos 9º, 10º e 11º que tratam do tempo que a
imagem ficará disponível.
“Art. 9º - As imagens rotineiras obtidas de acordo com a presente lei serão armazenadas pelo período
de 30 (trinta) dias contados a partir de sua captação.
Art. 10º - As imagens de eventos e ocorrências registradas e diagnosticadas pelos operadores de
Videomonitoramento serão catalogadas e armazenadas pelo período de 01 (um) ano contados a partir de sua
captação.
Art. 11º - As imagens captadas pelas câmeras de Videomonitoramento poderão ser armazenadas e
reservadas mediante requerimento de autoridades competentes e de qualquer cidadão pelo período de 01 (um)
ano.”
A lei também definiu quem são as autoridades competentes para solicitar as reservas de imagens e
estão elencados nas alíneas de “a até m”, no parágrafo § 3º, do Artigo 12.
Jundiaí – SP
Observações:
Em Jundiaí existe uma redação muito parecida com a Lei da cidade de Cachoeirinha, em que se define
os requisitos para instalação de câmeras com base em estudos técnicos – e ainda a possibilidade de reorganizar
o mapa de instalação a cada 12 meses.
No entanto, o que chama a atenção nessa lei é o seu Artigo 9º, vedado na votação inicial na Câmara
Municipal.
“Art. 9º. As imagens registradas pelo Sistema de Videomonitoramento somente serão disponibilizadas
por requisições ou solicitações fundamentadas do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal, da
Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Civil e da Polícia Militar.”
Na nova redação da Lei, o munícipe não tem mais acesso às imagens da central de videomonitoramento
se não por meio do caput do artigo, ou seja, por meio de solicitações das autoridades elencadas no Artigo.
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Art. 9º. As imagens registradas pelo Sistema de Videomonitoramento somente serão disponibilizadas
por requisições ou solicitações fundamentadas do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal, da
Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Civil, da Polícia Militar e dos membros da Câmara Municipal.
Parágrafo único. Os munícipes poderão ter acesso ao que trata este artigo, mediante requisição, desde
que devidamente fundamentada, nos termos da lei.”
Marabá – PA
A Lei da cidade de Marabá definiu claramente, no seu Artigo 5º, o requisito para o cargo de coordenador
da central de videomonitoramento:
Em comum, todas as Leis instituíram Artigos que visam resguardar o interior de residências, cada uma
com redação própria. Porém, claramente impondo limites em relação a intimidades das pessoas.
Outra redação que também é comum nas Leis é o armazenamento das imagens por 30 dias –
lembrando que esse tema foi discutido na Aula 03, do terceiro módulo do curso.
Por último, também comum nas Leis, o trato com a segurança das informações. Todas as Leis tratam
desse tema, impondo sigilo aos integrantes da central de videomonitoramento; o sigilo das operações; das
imagens; dos equipamentos; e outras atividades que são sensíveis à operação.
Em seu artigo “Olhares humanos: o exercício do olhar nos sistemas de videomonitoramento urbanos”,
Oliva (2015) discorre sobre vários aspectos, como: a construção do olhar, aspecto pelo qual os operadores
observam o cotidiano monótono de uma central de videomonitoramento; e sobre como são construídas as
percepções de uma cena – quais são os critérios para que o operador dê atenção a uma determinada cena e
não à outra. Isso nos traz uma reflexão sobre o empoderamento dos que vigiam em relação aos vigiados, pois
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os operadores têm total controle da vigilância sobre os vigiados, e esse último, mesmo sendo vigiado, não
se sente assim, uma vez que não tem preocupação alguma em manifestar sua rotina.
Já para Castro e Pedro (2013, p. 4), o sistema de videomonitoramento estudado na cidade de Guarujá–
SP, no trabalho “Experiências da vigilância: subjetividade e sociabilidade articuladas ao monitoramento urbano”,
analisa os efeitos que estão sendo produzidos pelo seu uso:
Ainda sobre a construção do olhar, Oliva (2015) observa que a percepção do certo ou errado, do
duvidoso ou não e do indesejável ou do inofensivo está sempre relacionada à análise do operador. Esse, por
sua vez, define baseado na sua história de vida e em suas crenças e conceitos qual cena pode representar uma
ameaça ou não. A partir disso, passa a olhar com seus olhos por meio de um sistema de vigilância.
A crítica que o autor faz é que nossas crenças e informações exteriores deixam os operadores cegos e
passam a enxergar apenas os estereótipos.
Por outro lado, Castro e Pedro (2013) reconhecem que segurança se refere a um sentimento, uma
sensação corroborada pela pesquisa no trecho transcrito a seguir de um vigilante do sistema de
videomonitoramento da cidade de Guarujá-SP:
“Agora você tem um elemento muito forte que é a imagem. Isso trouxe um ganho e uma satisfação
maior, uma melhor prestação de serviço por parte da polícia, satisfação do policial e, o mais importante, a
sensação de segurança pro cidadão do Guarujá e pros visitantes, os veranistas (AV, masc., “vigilante”)”.
Porém, em outro trecho da reflexão de Castro e Pedro (2013), eles ressaltam a capacidade dos
dispositivos de segurança em cruzar informações – desde que integrados a bancos de dados. Com isso,
podem aumentar sensivelmente a eficiência, garantindo menor intervenção dos operadores no julgamento das
cenas.
Em outro capítulo do artigo sobre o exercício do olhar, Oliva (2015) fala sobre os poderes dos
operadores, sobre sua liberdade de vigiar qualquer pessoa sem precisar se justificar. Segundo os gestores,
essa liberdade está associada à dinâmica do serviço com a finalidade de agilizar as ações tanto da central de
monitoramento quanto dos agentes na rua.
Castro e Pedro (2013) também questionam o poder dos operadores com a seguinte pergunta: “Quem
vigia os vigilantes?” Embora o questionamento seja feito como forma de produzir regras, os coordenadores da
central de videomonitoramento da cidade de Guarujá-SP elencam uma série de medidas para o controle de
ações mal-intencionadas.
66
“Produz-se, ainda, todo um conjunto de práticas aceitáveis, não suspeitas, modulando, assim, o
cotidiano civilizado dos centros urbanos.” (CASTRO; PEDRO, p. 7, 2013).
Ainda no mesmo artigo, Oliva (2015) fala sobre a construção dos indesejáveis. Segundo sua pesquisa,
invariavelmente os operadores tinham um olhar mais atento para negros, bêbados, grupos de jovens,
ambulantes, moradores de rua, prostitutas e travestis.
O estudo ainda constata que operadores homens, entre 35 e 50 anos de diferentes corporações,
compartilham da percepção de que jovens em grupos são responsáveis pela maioria dos crimes. Já as mulheres
eram observadas (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ribeiraopreto/2013/12/1384502-guardas-
usavam-monitoramento-por-cameras-para-espiar-mulheres-em-araraquara.shtml) mais por sua
sensualidade do que suspeitas.
No contraponto da pesquisa de Oliva (2015), Castro e Pedro (p. 5, 2013) desenham uma postura mais
cidadã praticada por usuários do sistema de videomonitoramento na cidade de Guarujá-SP ao destacar o dever
de todos:
“Acho que é dever de todos. Não só da administração, mas também dos cidadãos. Todos têm que
colaborar com a segurança. A prevenção primária é praticada por nós mesmos... Nós temos que ter um muro
alto... Medidas primárias e básicas... E não ostentar objetos muito caros... É o custo da modernidade e do
crescimento. (AV, masc., “vigilante”)”.
Por fim, Oliva (2015) finaliza seu artigo falando sobre além do exercício do olhar, reconhecendo que o
sistema de vigilância é importante para o controle da segurança e que, apesar do empoderamento dos
operadores, há também o outro lado – pouco discutido –, no qual o trabalho dos operadores é desmotivante
por vários motivos: salários baixos, longos turnos de trabalho, pouco valorizados – que os levam a adotar
estratégias para certo confinamento laboral.
Já Castro e Pedro (2013), em suas considerações finais, evidenciam: que os sistemas de
videomonitoramento vieram para ficar – entre acertos e erros, cumprem o papel de vigiar e promover
segurança urbana; e que a discussão estratégica de posicionamento dos equipamentos de vigilância é, por vezes,
política – em detrimento das evidências técnicas. Mesmo havendo derivações positivas e negativas, tudo está
em constante transformação.
3.2 Tema para discussão
Milani e Jesus (2012), no artigo “Projeto Olho Vivo: dispositivo de segurança no espaço urbano de Belo
Horizonte”, nos propõem uma reflexão:
67
É importante ressaltar que os aparatos tecnológicos de segurança inseridos no cotidiano são capazes
de propiciar novas formas de experiência e sociabilidade, bem como processos de subjetivação; também
interferem na relação ao anonimato, à liberdade, à intimidade, à segurança e ao medo dos indivíduos
contemporâneos que vivem em um contexto urbano.
Para Refletir
Que tal fazer um paralelo entre a visão dos pesquisadores e a sua visão como agente de segurança pública?
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, veja a matéria produzida pelo Jornalista Rodrigo Bertolotto: Um milhão de
câmeras de segurança gravam São Paulo em reality show às avessas.
Finalizando...
68
Exercícios
a. Verdadeiro
b. Falso
a. Verdadeiro
b. Falso
a. Verdadeiro
b. Falso
4. São requisitos desejáveis para segurança física: Política de acesso, Controle de acesso e
Controle de frequência dos colaboradores.
a. Verdadeiro
b. Falso
a. Verdadeiro
b. Falso
69
Gabarito
Qustão 1.
Resposta: a
Qustão 2.
Resposta: a
Qustão 3.
Resposta: a
Qustão 1.
Resposta: b
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