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Universidade Federal do Rio Grande – FURG

Instituto de Matemática, Estatística e Física


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CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II


EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
ANOTAÇÕES DE AULA

Profª. Dra. Cristiana Andrade Poffal


Nome do(a) aluno(a):
Matrícula:

Rio Grande, agosto de 2017.


Equações Diferenciais Prof.ª Dra. Cristiana Andrade Poffal
1 INTRODUÇÃO ÀS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

As equações diferenciais são o suporte matemático para muitas áreas da Ciência e da Engenharia.

1.1 Definições

Nesta seção serão apresentados conceitos básicos sobre o assunto que será desenvolvido no decorrer do
bimestre.

1.1.1 Equação Diferencial

É uma equação que contém as derivadas ou diferenciais de uma ou mais variáveis dependentes, em
relação a uma ou mais variáveis independentes.
As equações diferenciais são classificadas de acordo com o tipo, a ordem e a linearidade.

1.1.2 Classificação pelo Tipo

Se uma equação contém somente derivadas ordinárias de uma ou mais variáveis dependentes com
relação a uma única variável independente, ela é chamada de equação diferencial ordinária (EDO).
Uma equação que envolve as derivadas parciais de uma ou mais variáveis dependentes de duas ou mais
variáveis independentes é chamada de equação diferencial parcial (EDP).

Exemplo 1: Classifique a seguintes equações diferenciais pelo tipo, escreva EDO para as equações diferenciais
ordinárias ou EDP para as equações diferenciais parciais.

u v  2 u  2 u u
c) x  y dx  5 ydy  0
dy
a)  4y  1 b)  d)  
dt y x x 2 t 2 t

1.1.3 Classificação pela Ordem

A ordem da derivada de maior ordem em uma equação diferencial é, por definição, a ordem da
3
d2y  dy 
equação diferencial. Por exemplo,  3   6 y  senx  é uma equação diferencial ordinária de segunda
dt 2  dt 
 4u  2u
ordem. A equação b
2
  0 é uma equação diferencial parcial de quarta ordem.
x 4 t 2

1.1.4 Classificação como Linear ou Não-Linear

Uma equação diferencial é chamada de linear quando pode ser escrita na forma:

dny d n 1 y
a n x  n  a n 1 x  n 1  ...  a1  x   a0 x  y  g x  .
dy
dx dx dx

As equações diferenciais lineares são caracterizadas por duas propriedades:

a) A variável dependente y e todas as suas derivadas são do primeiro grau; a potência de cada termo envolvendo
y é 1.
b) Cada coeficiente depende apenas da variável independente x.

Uma equação que não é linear é chamada de não-linear.

2
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Exemplo 2: Marque com um X as equações diferenciais lineares:

d3y 2
2 d y dy
a) xdy  ydx  0 b) y ' '2 y ' y  0 c) x 3 3
 x 2
 2 x  6 y  senx
dx dx dx
d3y
d) yy' '2 y ' y  x e) 3
 y2  0
dx

1.1.5 Solução para uma Equação Diferencial

Qualquer função definida em algum intervalo I, que quando substituída na equação diferencial, reduz a
equação a uma identidade, é chamada de solução para a equação no intervalo.

Exemplo 3: Verifique se a função dada é uma solução para a equação diferencial:

dy x4
a) EDO:  xy1 / 2 FUNÇÃO: y  b) EDO: y' '2 y' y  0 FUNÇÃO: y  xe x
dx 16

1.1.6 Soluções Explícitas e Implícitas

Uma solução para uma EDO que pode ser escrita na forma y=f(x) é chamada de solução explícita. Por
x4 dy
exemplo, y  é uma solução explícita de  xy1 / 2  0 . Dizemos que uma relação G(x,y)=0 é uma
16 dx
solução implícita de uma EDO em um intervalo I, se ela define uma ou mais soluções explícitas em I.

Exemplo 4: Mostre que para 2<x<2, a relação x 2  y 2  4  0 é uma solução implícita para a equação
dy x
diferencial  .
dx y

1.1.7 Número de Soluções

Uma equação diferencial geralmente possui um número infinito de soluções.

c dy
Exemplo 5: Para qualquer valor de c, mostre que y   1 é uma solução de x  y  1.
x dx

Observação: As funções y=ex, y=e-x, y=c1 ex, y=c2 e-x e y=c1 ex+c2 e-x são todas soluções da EDO linear de
segunda ordem y ' ' y  0 .

1.1.8 Solução Particular

Uma solução para uma equação diferencial que não depende de parâmetros arbitrários é chamada de
solução particular.
Por exemplo, pode-se verificar que y=c ex é uma família a um parâmetro de soluções para a equação de
dy
primeira ordem  y . Para c=0, 2 e 5, obtemos as soluções particulares y=0, y=2 ex e y=5 ex,
dx
respectivamente.
Às vezes, uma equação diferencial possui uma solução que não pode ser obtida com a especificação dos
parâmetros em uma família de soluções. Tal solução é chamada de solução singular.

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1.1.9 Campo de Direções
 f x, y  onde
dy
Campos de direções são ferramentas no estudo de equações diferenciais da forma
dx
f é uma função dada de duas variáveis x e y . Um campo de direções útil para equações dessa forma
pode ser construído calculando-se f em cada ponto de uma malha retangular de pontos do plano xy . Então,
em cada ponto da malha, desenha-se um pequeno segmento de reta cujo coeficiente angular é o valor da função
f naquele ponto. Dessa forma, cada segmento de reta é tangente ao gráfico de uma solução contendo aquele
ponto. Um campo de direções razoavelmente fino fornece uma boa idéia do comportamento global das soluções
de uma equação diferencial. Para obter o campo de direções não é necessário resolver a equação diferencial,
basta calcular a função f dada muitas vezes. Os gráficos abaixo mostram o campo de direções correspondente
dy
à  x2 .
dx

Exercícios

1. Classifique as equações diferenciais lineares e não-lineares. Escreva também a ordem de cada equação:

a) x  1 y ' '3 xy'6 y  senx   


b) 1  y 2 dx  xdy  0 c) senxy' ' 'cos x y'  2 d)
d 2r
dt 2
k
 2
r

2. Verifique se a função dada é uma solução para a equação diferencial:

dy
a) 2 y ' y  0, y  e  x / 2 b) y '4 y  32, y  8 c)  2 y  e 3 x , y  e 3 x  10e 2 x
dx
d)  y'  xy'  y, y  x  1
1
e) y ' y  1, y  x ln x, x  0
3

3. Encontre o valor de m para que y=xm seja uma solução para a equação diferencial x 2 y ' ' y  0 .

Lista I
Introdução às Equações Diferenciais

1. Coloque V ou F, conforme a função dada seja ou não solução da equação diferencial ordinária indicada:

a) ( ) y  2e  x  xe  x é solução de y' '2 y ' y  0 .


b) ( ) y  ln  x  é solução de xy' ' y '  0 para x  0 .
c) ( ) y  C1 sen2 x   C 2 cos 2 x  é solução de y ' '4 y  0 .
2. Determine as constantes C1 e C2 para que a função y x   C1e 2 x  C 2 e x  2 atenda às
condições y0  1, y' 0  1.
3. Encontre o valor de m para que y=emx seja uma solução para a equação diferencial y ' '5 y '6 y  0 .

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2 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM

2.1 Problema de Valor Inicial

 f  x, y  sujeita à
dy
Estamos interessados na resolução da equação diferencial de primeira ordem:
dx
condição inicial y x0   y 0 , em que x0 é um número no intervalo I e y 0 é um número real arbitrário.
O problema:
 f  x, y  sujeito a y x0   y 0 é chamado de problema de valor inicial. Em termos
dy
Resolva:
dx
geométricos, procura-se uma solução para a equação diferencial, definida em algum intervalo I tal que o gráfico
da solução passe por um ponto  x 0 , y 0  determinado inicialmente.

2.2 Variáveis Separáveis

dy g  x 
Uma equação diferencial da forma  é chamada separável ou tem variáveis separáveis.
dx h y 

2.2.1 Método de solução

h y dy  g x dx
 h y dy  c   g xdx  c
1 2

 h y dy   g xdx  c  c 2 1

 h y dy   g xdx  c
onde c é uma constante arbitrária.

b) 1  x dy  ydx  0
dy
Exemplo 1: Resolva: a)  1  e2x c) xe  y senxdx ydy  0
dx

dy x
Exemplo 2: Resolva o problema de valor inicial:   , y(4)=3.
dx y

Observação: Não há necessidade de tentar resolver y como função de x em uma expressão que representa uma
família de soluções.

Exercícios

1. Resolva cada equação diferencial dada por separação de variáveis:

dy y  1
 sen5 x    x  1
dy dy

2
a) b) c) xy’=4y d)
dx dx dx x
dx  y  1 
2

e) y lnx   k Q  70
dy dQ
  f) e
x
 2x g) 2y(x+1)dy=xdx h)
dy  x  dx dt

i) 2
dy 1 2 x
 
dx y y

j) x  x
dy
dx
 y y

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2. Resolva os seguintes problemas de valor inicial:

 
a) 1  e  y senxdx  1  cos x dy , y(0)=0 b) ydy  4 x y 2  1dx , y(0)=1 c) y’+2y=1, y(0)=-5/2

Respostas
1.
cos5 x  x  1  C
3
a) yx    C b) y x   c) y x   Cx 4 d) y  x   Cx  1
5 3
x3 x3 y 2
e) ln x     2 y  ln y  C f) yx   2 xe  x  2e  x  C g) y 2  x  ln x  1  C
3 9 2
h) Qt   70  Ae kt i) y 2  x 2  x  C 
j) y  k 1  x  1   2

 
2. a) 1  cosx   1  e y  4 
b) y 2  1  2 x 2  2 
2
c) x 
1 3
 2x
2 e

2.3 Equações Homogêneas

2.3.1 Definição de função homogênea

Uma função f satisfaz f(tx, ty)= tn f(x, y) para algum número real n, então dizemos que f é uma função
homogênea de grau n.

Exemplo 3: Verifique se as seguintes funções homogêneas:

a) f  x, y   x 2  3xy  5 y 2 b) f x, y   x 3  y 3  1 c) f x, y   3 x 2  y 2

2.3.2 Equação Diferencial Homogênea

Uma equação diferencial da forma M x, y dx  N x, y dy  0 é chamada homogênea se ambos os
coeficientes M e N são funções homogêneas do mesmo grau.

2.3.3 Método de solução

Uma equação diferencial homogênea M x, y dx  N x, y dy  0 pode ser resolvida por meio de uma
substituição algébrica. Especificamente, a substituição y=ux ou x=vy em que u e v são novas variáveis
independentes transformará a equação em equação diferencial de primeira ordem separável.

Exemplo 4: Resolva:    
a) x 2  y 2 dx  x 2  xy dy  0  
b) 2 xy  y dx  xdy  0

dy
Exemplo 5: Resolva o problema de valor inicial x  y  xe y / x , y(1)=1.
dx

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Exercícios

1. Determine se a função dada é homogênea:


y4  x 
a) f  x, y   x 3  2 xy 2  b) f x, y   x  y 4 x  3 y  c) f x, y   sen 
x  x  y 
2. Resolva a equação diferencial dada usando uma substituição apropriada:

a) x  y dx  xdy  0    
b) y 2  yx dx  x 2 dy  0 c)
dy y x 2
  1 d)
dy y  y 
 ln 
dx x y 2 dx x  x 

3. Resolva a equação diferencial dada sujeita à condição inicial indicada:

a) xy 2
dy
dx
 y 3  x 3 , y(1)=2  
d) x 2  2 y 2 dx  xydy , y(1)=1

b) xydx  x 2 dy  y x 2  y 2 dy , y(0)=1 e) y 3 dx  2 x 3 dy  2 x 2 ydx , y(1)= 2


  
c) y  3 yx dx  4 x  xy dy , y(1)=1
2 2

Respostas

1. Todas as funções são homogêneas.


y  y y
2. a) y  x ln x  Cx b) y ln x   x  Cy c)  arctg    ln x  C d) ln  1  Ax
x x x
3.
1

3
8  x2 2 y y 1  y
2
1
a) y  3x  ln x   b)  2  1  ln y  1 c)  ln x  4 ln   1 d) ln x  ln 1     ln 2
3

 3 y  x x 2  x 2
x2 1
e) ln x   
y2 2

2.4 Equações Exatas

2.4.1 Definição

Uma equação diferencial M x, y dx  N x, y dy  0 é uma equação diferencial exata em uma região R
do plano xy se ela corresponde à diferencial total de alguma função f(x,y). Uma equação diferencial da forma
M x, y dx  N x, y dy  0 é chamada de exata se a expressão do lado esquerdo for uma diferencial exata.

2.4.2 Critério para uma Diferencial Exata

Sejam M x, y  e N x, y  funções contínuas com derivadas parciais contínuas em uma região
retangular R definida por a<x<b, c<x<d. Então, uma condição necessária e suficiente para que
M N
M x, y dx  N x, y dy seja uma diferencial exata é que  .
y x
f f
Supondo z  f  x, y  , então dz  dx  dy , se f  x, y   C , então dz  0 , ou seja,
x y
f f f f
dz  dx  dy  0 . Fazendo M e  N . As derivadas cruzadas iguais produzem que
x y x y
M N
 .
y x

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2.4.3 Método de Solução

Dada a equação M x, y dx  N x, y dy  0 : (1)

M N
1) Mostre que  . (2)
y x
f
2) Suponha que  M  x, y  . Encontre f integrando M x, y  com relação a x, considerando y
x
constante:
f x, y    M x, y dx  g  y  (4)
onde g  y  é uma constante de integração.
f
3) Derive a expressão de f x, y  com relação a y e supondo  N  x, y  :
y
f 
M x, y dx  g '  y  N  x, y 
y y 
 (5)


Assim, g '  y   N  x, y   M x, y dx .
y 
(6)

4) Integre a expressão g'  y  com relação a y e substitua o resultado g ( y ) em (4).


f
Observação: Também poderíamos começar o procedimento acima com a suposição de que  N  x, y  .
y
Depois, integrando N x, y  com relação a y e derivando o resultado, encontramos:

f x, y    N x, y dy  hx 



h '  x   M  x, y   N  x, y dy .
x 


Exemplo 6: Resolva: a) 2 xydx  x 2  1 dy  0     
b) e 2 y  y cos xy  dx  2 xe 2 y  x cos xy   2 y dy  0

 
Exemplo 7: Resolva o problema de valor inicial: cos x senx   xy 2 dx  y 1  x 2 dy  0 , y(0)=2.  
Exercícios
1. Verifique se a equação dada é exata. Se for, resolva-a:

a) 2 x  1dx  3 y  7dy  0 
b) 5 x  4 y dx  4 x  8 y 3 dy  0 
 y  2x  x 
dx  1  ln x dy
2
c) 1  ln x  d)  dx   2 dy  0
 x  y  y 
2. Resolva os problemas de valor inicial dados abaixo:

 
a) x  y  dx  2 xy  x 2  1 dy  0, y1  1
2
   
c) e x  y dx  2  x  ye y dy  0, y 0  1
b) 4 y  2 x  5dx  6 y  4 x  1dy  0, y 1  2  3y 2  x2  dy
  4  0, y 1  1
x
d) 
 y5  dx 2 y

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3. Encontre o valorpara de k que a equação diferencial dada seja exata


  
2 xy  ye dx  2 x y  ke  1 dy  0 .
2 x 2 x

Respostas

3y 2 5x 2 x2
1. a) x 2  x   7y  c b) 4 xy   2y4  c c) x ln x  y ln x  y  c d) c
2 2 y
2. a) x 3  3x 2 y  3xy2  3 y  4 b) 4 xy  x 2  5 x  3 y 2  y  8 c) e x  xy  2 y  ye y  e y  3
x2 6
d) 4
 2 50 3. k  1
y y

2.5 Equações Lineares

2.5.1 Definição

A forma geral de uma equação diferencial de ordem n é:

dny d n 1 y d n2 y
a n x       ...  a1 x   a 0 x  y  g x ,
dy
n
 a n 1 x n 1
 a n2 x n2
dx dx dx dx

onde todos os coeficientes são funções de x somente e que todas as suas derivadas são elevadas à primeira
potência.

Uma equação diferencial da forma a1  x   a 0  x  y  g  x  é uma equação linear.


dy
dx

Dividindo pelo coeficiente a1 x  , obtemos uma forma mais útil de uma equação linear de primeira
ordem:
 Px  y  f x  .
dy
(1)
dx

2.5.2 Fator de Integração

Usando diferenciais, podemos escrever a equação (1) como:

dy  Px y  f x dx  0 (2)

Equações diferenciais lineares têm a propriedade através da qual podemos sempre encontrar uma função
(x) em que:
 xdy   xPxy  f xdx  0 (3)
é uma equação diferencial exata.
 
Esta equação é exata se  x    x Px  y  f x  (4)
x y
d
 P  x  .
dx
d
Então,  P x dx

ln    Px dx (5)

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 x   e  P  x dx (6)

A função  x  definida em (6) é um fator de integração para a equação linear.


Escrevemos (3) na forma:

e  P  x dx dy  e  P  x dx Px  ydx  e  P  x dx f x dx


e podemos escrevê-la como:
 
d e  P  x dx y  e  P  x dx f x dx .
Integrando:
e  P  x dx y   e  P  x dx f x dx  C ou y  e   P  x dx  e  P  x dx f x dx  Ce   P  x dx . (7)

Exemplo 8: Resolva as seguintes equações diferenciais:

a) x
dy
dx
 4 y  x 6e x b)
dy
dx
 3y  0 
c) x 2  9  dy
dx
 xy  0

 2 xy  x, y 0   3 .
dy
Exemplo 9: Resolva o problema de valor inicial
dx

Exercícios

1) Encontre a solução geral para cada equação diferencial dada. Especifique um intervalo no qual a solução
geral é definida.

 3 x  1 y  e 3 x
dy dy dy
a)  5y c) cos x  ysenx  1 e) x
dx dx dx

dy
b)  y  e3x d) xy'2 y  e x  ln x
dx

2) Resolva os seguintes problemas de valor inicial:

 
a) y '  2 y  x e 3 x  e 2 x , y 0  2 b)  x  1
dy
dx
 y  ln x, y 1  10

 
c) senx   cosx y  0, y    1
dy
dx  2

Respostas

e 3x
1. a) y x   Ce 5 x b) y  x  
 Ce  x c) y( x)  sen( x)  C cos( x)
4
ex ex 1
d) yx    2  ln x   2 e) yx   e 3 x 
1 C C 3 x
e
x x 2 4 x x

x 2 2x x ln x  x  21
2. a) y x   xe 3 x  e 3 x  e  3e 2 x b) yx   c) y( x)   cos ec( x)
2 x 1

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Lista II
Equações Diferenciais de Primeira Ordem
1. As seguintes equações diferenciais são apresentadas na forma normal e na forma diferencial. Classifique-as
em linear ou não linear (L ou NL), a variáveis separáveis ou não (VS ou NVS), exatas ou não (E ou NE) ou
homogêneas ou não (H ou NH):

a) y '  xy xydx  dy  0 c) y ' 


xy 2
 
xy 2 dx  x 2 y  y 3 dy  0
x2 y  y3

b) y '  xy xdx 
1
dy  0 d) y'  
xy 2
 
xy 2 dx  x 2 y  y 3 dy  0
y x2 y  y3

2. Resolva as seguintes equações diferenciais:

a) xy'4 y  x 5 d) xy' y  2 x  e x g) y '  e x  y

b) x 2 y '3 y  1 e) y'7 y  sen2 x  h) xdx  y 2 dy  0

c) 1  e yy'  e
x x
 
f) x 2  y 2 dx  2 xydy  0 i) y ln xdx  2 ydy  0

3. Verifique se as equações diferenciais dadas abaixo são exatas. Resolva-as:

a) 3x 2 ydx  x 3 dy  0 b) 2x  y dx  2 y  xdy  0


  
4. Encontre o valor de k para que a equação y 3  kxy 4  2 x dx  3xy 2  20x 2 y 3 dy  0 seja exata. 
5. Resolva cada uma das seguintes equações diferenciais ordinárias sujeitas à condição dada:

a) x 2 y '  y  xy y 1  1

  dy
 cosx   2 xy   y  y  senx  y0  1
1
b) 
1 y
2
 dx
Respostas

1. a) VS, NE, NH, L b) VS, E, NH, Lc) NVS, NE, H, NL d) NVS, E, H, NL


3
x5 1  ex C
2. a) y   Cx  4 b) y    Ce x c) y 2  2 ln 1  e x  C d) y  x  
9 3 x x

y2 A
sen2 x   cos2 x   Ce7 x
7 2
e) y   f)  1 g) y  ln C  e x
53 53 x2 x
y3 x2
h)  C i) y 
1
x ln x   x  C
3 2 2

3. a) Exata y  Cx 3 b) Exata, x 2  yx  y 2  C
4. k  10
1 
 1 
x 

b)  y 2  x  cosx   arctg y  
e
5. a) y 
x 4

11
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3 APLICAÇÕES DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM

Os modelos matemáticos para fenômenos como crescimento populacional, decrescimento radiativo,


reações químicas, resfriamento de corpos, velocidade de um corpo em queda, corrente em um circuito em série
são freqüentemente descritos por equações diferenciais ordinárias de primeira ordem.

3.1 Problemas de Crescimento e Decrescimento

Seja N(t) a quantidade de substância ou população sujeita a um processo de crescimento ou


dN
decrescimento. Se admitirmos , taxa de variação da quantidade de substância é proporcional à quantidade
dt
dN dN
de substância presente, logo,  kN ou  kN  0 , onde k é a constante de proporcionalidade.
dt dt

Exemplo 1: Sabe-se que uma cultura de bactérias cresce a uma taxa proporcional à quantidade presente. Após
uma hora, observamos 1.000 núcleos de bactérias na cultura, e após 4 horas, 3.000 núcleos. Determine:
a) uma expressão para o número de núcleos presentes na cultura no tempo arbitrário t;
b) o número de núcleos inicialmente existentes na cultura;
c) o número de núcleos existentes na cultura após 6 horas.

3.2 Problemas de Variação de Temperatura

A lei de variação de temperatura de Newton afirma que a taxa de variação de temperatura de um corpo
é proporcional à diferença de temperatura entre o corpo e o meio ambiente. Seja T a temperatura do corpo e Tm a
dT
temperatura do meio ambiente. Então a variação de temperatura do corpo é , e a lei de Newton relativa à
dt
  k T  Tm  , onde k é uma constante positiva de
dT
variação de temperatura pode ser formulada como:
dt
proporcionalidade.

Exemplo 2: Coloca-se uma barra de metal à temperatura de 100ºF em um ambiente com temperatura constante
de 0ºF. Se, após 20 minutos a temperatura da barra é de 50ºF, determine:
a) uma expressão para a temperatura da barra em função do tempo;
b) o tempo necessário para a barra chegar à temperatura de 25ºF;
c) a temperatura da barra após 10 minutos.

12
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3.3 Circuitos Elétricos

Uma força eletromotriz produz uma voltagem E(t) volts e uma corrente I em ampères em um tempo t.
O circuito também contém um resistor com uma resistência R ohms e um indutor com indutância L henries.
Pela lei de Ohm, a queda de voltagem no resistor é RI e pelas leis de Kirchoff:
dI
L  RI  E .
dt
A equação básica que rege a quantidade de corrente I (em ampères) em um circuito simples do tipo RL
consistindo de uma resistência R (em ohms), um indutor L (em Henries) e uma força eletromotriz E (dada em
volts) é:
dI R E
 I .
dt L L
Para um circuito RC consistindo de um resistência, um capacitor C (em farads), uma força
eletromotriz, e sem indutância, a equação que rege a quantidade de carga elétrica q (em coulombs) no capacitor
é:
dq 1 E
 q .
dt RC R
dq
A relação entre q e I é: I  .
dt

Observação:
Dispositivo Grandeza Queda de Voltagem
Indutor Indutância (L) di
L
dt
Resistor Resistência (R) Ri

Capacitor Capacitância (C) q


C

Exemplo 3: Um circuito RL tem fem de 5 volts, resistência de 50ohms e indutância de 1 henry. A corrente
inicial é zero. Determine uma expressão para a corrente no circuito no instante t.

Exemplo 4: Um circuito RC tem fem (em volts) dada por 400 cos(2t), resistência de 100ohms e capacitância de
10-2 farad. Inicialmente não existe carga no capacitor. Determine uma expressão para a corrente no circuito no
instante t.

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Exercícios

1. Um corpo à temperatura de 50ºF é colocado ao ar livre, onde a temperatura ambiente é de 100ºF. Se, após 5
minutos a temperatura do corpo é de 60ºF, determine:
a) uma expressão para a temperatura da barra em função do tempo;
b) o tempo necessário para a temperatura do corpo chegar a 75ºF;
c) a temperatura da barra após 20 minutos.

2. Coloca-se um corpo com temperatura desconhecida em um quarto à temperatura constante de 30ºF. Se, após
10 minutos, a temperatura do corpo é de 0ºF e após 20 minutos é de 15ºF, determine:
a) a temperatura inicial;
b) uma expressão para a temperatura da barra em função do tempo.

3. Sabe-se que a população de determinado estado cresce a uma taxa proporcional ao número de habitantes
existentes. Se, após 2 anos a população é o dobro da inicial, e após três anos é de 20.000 habitantes,
determine:
a) população inicial;
b) uma expressão para o número de habitantes em função do tempo.

4. Um circuito RC tem fem de 5 volts, resistência de 10 ohms, capacitância de 10 -2 farad e inicialmente uma
carga de 5 coulombs no capacitor. Determine:
a) uma expressão para a corrente no circuito no instante t;
b) a corrente estacionária.

5. Um circuito RL sem fonte de fem tem corrente inicial I0. Determine uma expressão para a corrente no
circuito no instante t.

6. Um circuito RL tem fem de 4 sen(t) volts, resistência de 100 ohms e indutância de 4 henries. A corrente
inicial é zero. Determine uma expressão para a corrente no circuito no instante t.

7. Em uma certa reação química um composto C decompõe-se a uma taxa proporcional à quantidade de C que
permanece. Sabe-se por experiências que 8g de C diminuem para 4g em duas horas. Determine:

a) uma expressão para a quantidade de C que permanece na reação em função do tempo;


b) em que instante restará apenas 1g.

Respostas

1. a) T (t )  100  50 e 0,045t b) t  15,4 min c) 79,7°F


0, 069t
2. a) 30°F b) T (t )  30  60 e
3. a) 6.999 b) T (t )  6.999 e 0,35t
R
99 10t  99   t
4. a) I (t )   e b) lim  e 10t   0 5. I (t )  I 0 e L
2 t   2 
6. I (t ) 
626
e
1 25t
 25sen(t )  cos(t )  7. a) C(t )  8e 0,347t b) 6 horas

14
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Lista III
Aplicações de Equações Diferenciais de Primeira Ordem

1. Sabe-se que a população de uma certa comunidade cresce a uma taxa proporcional ao número de pessoas
presentes em qualquer instante. Se a população duplicou em 5 anos, quando ela triplicará? Quando ela
quadruplicará?

2. Inicialmente, havia 100 miligramas de uma substância radiativa presente. Após 6 horas, a massa diminui
3%. Se a taxa de decrescimento é proporcional à quantidade de substância presente em qualquer tempo,
encontre a quantidade remanescente após 24 horas.

3. Quando a capitalização é feita de maneira contínua, a quantidade de dinheiro S aumenta a uma taxa
proporcional à quantidade presente em qualquer tempo: dS/dt=rS, em que r é a taxa anual de juros.

a) Encontre a quantidade de dinheiro acumulado no final de 5 anos, quando R$ 5.000,00 são depositados
em uma poupança com taxa anual de juros de 5,75% e capitalização contínua.
b) Em quantos a quantia inicial depositada duplicará?

4. Um termômetro é retirado de dentro de uma sala e colocado do lado de fora em que a temperatura é de 5°C.
Após 1 minuto, o termômetro marcava 20°C; após 5 minutos, 10°C. Qual a temperatura inicial que o
termômetro estava marcando?

5. Uma força eletromotriz (fem) de 30 volts é aplicada a um circuito em série LR no qual a indutância é de 0,5
henry e a resistência, 50 ohms. Se i(0)=0, determine a corrente i(t).

6. Quando o esquecimento é levado em conta, a taxa de memorização de uma pessoa dada por:

  k1 M  A  k 2 A,
dA
dt

em que k1>0, k2>0, A(t) é a quantidade de material memorizada no instante t, M é a quantidade total a ser
memorizada e MA é a quantidade restante a ser memorizada. Encontre A(t), supondo que A(0)=0. Calcule o
valor limite de A quando t.

7. Um marca-passo, como mostrado na figura, consiste em uma


bateria, um capacitor e o coração como resistor. Quando a chave S
está em P, o capacitor é carregado; quando S está em Q, o capacitor
é descarregado, enviando um impulso elétrico ao coração. Durante
esse tempo, a voltagem E aplicada ao coração é dada por:

dE 1
 E , t1  t  t 2
dt RC

em que R e C são constantes. Determine E(t) se E(t1) =E0.

Respostas

1. Para triplicar: 7,9 anos; para quadruplicar: 10 anos. 2. 88,5 3. a) R$6.665,45 b) 12 anos
4. 24,75ºC
t1 t
5. I (t )  
6
10

1  e 100t 6. At  
k1  k 2

 k1 M k2 k1 t
e 1  kM
lim A(t )  1
t  k1  k 2
7. I (t )  E 0 e RC

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4 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE ORDEM SUPERIOR

4.1 Problema de Valor Inicial

O problema descrito pela equação diferencial ordinária

dny d n 1 y d n2 y
a n x       ...  a1 x   a 0 x  y  g x ,
dy
n
 a n 1 x n 1
 a n2 x n2
dx dx dx dx

sujeita às condições y x0   y0 , y '  x0   y ' 0 , ..., y n1 x0   y0n1 em que y 0 , y ' 0 , ..., y0n 1 são constantes
arbitrárias, é chamado de problema de valor inicial.
Os valores y x0   y 0 , y '  x0   y ' 0 , ..., y n1 x0   y0n1 são chamados de condições iniciais.
Nosso objetivo é encontrar uma solução em algum intervalo I contendo x 0 .
Por exemplo, para a equação linear de segunda ordem, uma solução para o problema de valor inicial:
 d2y
 2
a  x  2
 a1  x   a 0  x  y  g  x 
dy
 dx dx
 y x0   y 0
 y ' x0   y ' 0

é uma função que satisfaça à equação diferencial em I cujo gráfico passa pelo ponto  x 0 , y 0  com inclinação
y '0 .

4.1.1 Existência de Solução Única

Sejam a n x , a n 1 x , a n 2 x ,..., a1 x , a0 x , g x  funções contínuas em um intervalo I


com a n  x   0 para todo x neste intervalo. Se x  x0 é algum ponto deste intervalo, então existe uma única
solução y  x  para o problema de valor inicial neste intervalo.

Exemplo 1: Verifique se y x   3e 2 x  e 2 x  3x é uma solução para o problema de valor inicial

 y' '4 y  12x



 y0  4 .
 y' 0  1

4.2 Problema de Valor de Contorno

O problema que consiste em resolver uma equação diferencial de ordem 2 ou maior na qual a variável
dependente y ou suas derivadas são especificadas em pontos diferentes é chamado de problema de contorno.
16
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 d2y
 2 dx2  a1  x  dx  a0  x  y  g  x 
  dy
a x

Por exemplo, o problema  y a   y0 é um problema de contorno.
 y b   y1

A solução para o problema dado é uma função que satisfaça à equação diferencial em algum intervalo
I contendo a e b e cujo gráfico passa pelos pontos a, y 0  e b, y1  .

Exemplo 2: Verifique que a função y  3x 2  6 x  3 satisfaz a equação diferencial e as condições de


 x 2 y ' '2 xy'2 y  6

contorno:  y 1  0 no intervalo (0,).
 y 2   3

4.3 Soluções para Equações Lineares

4.3.1 Equações Homogêneas

Uma equação diferencial de n-ésima ordem da forma:

dny d n 1 y d n2 y
a n x       ...  a1 x   a 0 x  y  g x 
dy
n
 a n 1 x n 1
 a n2 x n2
dx dx dx dx

é dita não-homogênea. Se g x   0 , então a equação diferencial é dita homogênea.

Exemplo 3: Classifique as equações diferenciais em homogêneas e não-homogêneas:

a) 2 x 2 y ' ' '5 xy' ' y  x 2  1 b) y ' '2 y '5 y  0

4.3.2 Princípio da Superposição

Sejam y1, y2,..., yk soluções para a equação diferencial ordinária linear de n-ésima ordem homogênea
em um intervalo I. Então a combinação linear:

y  c1 y1 x   c 2 y 2 x   ...  c k y k x 

em que os valores ci, i=1, 2, ..., k são constantes arbitrárias, é também uma solução no intervalo.

17
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4.3.3 Corolários

Um múltiplo y  c1 y1 x  de uma solução y1 x  para uma equação diferencial linear homogênea é


também uma solução.
Uma equação diferencial linear homogênea sempre possui a solução trivial y=0.

Exemplo 4: Dada a equação diferencial x 3 y ' ' '2 xy'4 y  0 , sabendo que y  x 2 e y  x 2 ln x são soluções
da equação no intervalo (0,), sua combinação linear também é solução da equação?

4.3.4 Solução Geral

Sejam y1, y2,..., yn n soluções linearmente independentes para a equação diferencial linear homogênea
de n-ésima ordem em um intervalo I. A solução geral para a equação no intervalo é definida por:

y  c1 y1 x   c 2 y 2 x   ...  c n y n x  ,

em que os valores ci, i=1, 2, ..., n são constantes arbitrárias.

4.4 Equações Lineares Homogêneas com Coeficientes Constantes

Procuramos determinar se existem soluções exponenciais em (, ) para equação de ordem maior
que 1 como:
an y n   an1 y n1  an2 y n2   ...  a2 y' 'a1 y'a0 y  0 (1)

em que os ai, i =0, 1, 2, ..., n são constantes. O fato surpreendente é que todas as soluções para (1) são funções
exponenciais ou construídas a partir de funções exponenciais.

4.4.1 Equação de Segunda Ordem

Considere o caso especial da equação diferencial de segunda ordem:

ay' 'by' cy  0 .
(2)

Se tentamos uma solução da forma y  e mx , então y '  me mx e y ' '  m 2 e mx , substituindo na equação (2):

am 2 e mx  bme mx  ce mx  0
 
.
e mx am 2  bm  c  0

Como e mx nunca se anula para valores reais de x, então a única maneira de fazer essa função
exponencial satisfazer a equação diferencial é escolher m de tal forma que ele seja raiz da equação quadrática
 
am2  bm  c  0 .
Esta equação é chamada de equação auxiliar ou característica da equação diferencial linear (2).
Consideramos três casos: as raízes da equação auxiliar são reais distintas, reais iguais ou complexas
conjugadas.

Caso 1: Raízes reais distintas

Supomos que m1 e m2 são raízes reais distintas, então a solução geral de (2) será:

y  c1e m1x  c 2 e m2 x .

18
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Caso 2: Raízes reais iguais

Quando m1 = m2, obtemos somente uma solução exponencial y  e m1 x . A solução geral de (2) será:
y  c1e m1x  c 2 xe m1x .

Caso 3: Raízes complexas conjugadas

Se m1 e m2 são raízes complexas, então podemos escrever que m1    i e m2    i em que


,>0 são reais e i2=1. Assim, na solução:

y  c1e m1x  c2e m2 x


y  c1e i x  c2e i  x .

Na prática é preferível trabalhar com funções reais em vez de exponenciais complexas. Para este fim,
usamos a fórmula de Euler:
e ix  cosx   isenx  .
Pelo princípio de superposição, a solução geral é:

y  ex c1 cosx   c 2 senx  .

Exemplo 6: Resolva as seguintes equações diferenciais:

a) 2 y ' '5 y '3 y  0 b) y ' '10 y '25 y  0 c) y ' ' y ' y  0

Exemplo 7: Resolva o problema de valor inicial y ' '4 y '13 y  0 , y0  1, y' 0  2 .

4.4.2 Equações Diferenciais Ordinárias de Ordem Superior

No caso geral para resolver uma equação diferencial de n-ésima ordem:

an y n   an1 y n1  an2 y n2   ...  a2 y' 'a1 y'a0 y  0 (3)

em que os ai, i=0, 1, ..., n são constantes reais, devemos resolver uma equação polinomial de grau n:

an m n  an1m n1  ...  a2 m 2  a1m  a0  0 . (4)

Se todas as raízes de (4) são reais distintas, então a solução geral para (3) é:

y  c1e m1x  c2 e m2 x  ...  cn e mn x .

Quando m1 é uma raiz de multiplicidade k de uma equação auxiliar de grau n (isto é, quando k raízes
mx mx mx
são iguais a m1), pode ser mostrado que as soluções linearmente independentes são: e 1 , xe 1 , x 2 e 1 , ...,
x k 1e m1 x .

Observação: Quando os coeficientes da equação auxiliar são reais, as raízes complexas sempre aparecem em
pares conjugados.

Exemplo 8: Resolva: a) y ' ' '3 y ' '4 y  0 b) 3 y ' ' '5 y ' '10 y '4 y  0 c) y iv   2 y ' ' y  0

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Exercícios

1. Encontre a solução geral para cada equação diferencial dada:

a) 4 y ' ' y '  0 c) y ' '9 y  0 e) 2 y ' '2 y ' y  0 g) y ' ' '3 y ' '3 y ' y  0
d4y d2y
b) y ' '36 y  0 d) 8 y ' '2 y ' y  0 f) y ' ' ' y  0 h) 16  24  9y  0
dx 4 dx 2

2. Resolva a equação diferencial sujeita às condições iniciais indicadas:

a) y ' '16 y  0 y0  2 , y' 0  2


b) y ' '8 y '17 y  0 y0  4 , y' 0  1
c) y ' ' '12 y ' '36 y '  0 y0  0 , y' 0  1 , y' ' 0  7
d4y
d) y0 y0  y' 0  y' ' 0  0 , y' ' ' 0  1
dx 4

Respostas

1. a) y x   c1e b) y x   c1e 6 x  c 2 e 6 x c) y x   c1 cos(3x)  c 2 sen(3x)


 14 x
 c2
d) y  x   c1e
 12 x
e) yx   e
 12 x
c1 cos( 2x )  c2 sen( 2x )
1
x
4
 c2 e f)

yx   e
 12 x
c cos(
1 2
3
x)  c 2 sen( 2
3

x)  c 3 e x
g) y x   c1e x
 c 2 xe x 2 x
 c3 x e h) yx   c1 cos( 2
3
x)  c 2 sen( 2
3
x)  c3 x cos( 2
3
x)  c 4 xsen( 2
3
x)

2. a) y x   2 cos( 4 x)  12 sen(4 x) b) y x   e 4 x 4 cos( x)  17 sen( x) c) yx  365  365 e 6 x  16 xe6 x


d) yx   14 e x  14 e  x  12 senx

4.5 Equações não-homogêneas

Qualquer função yp, independente de parâmetros, que satisfaça:

dny d n 1 y d n2 y
a n x       ...  a1 x   a 0 x  y  g x ,
dy
n
 a n 1 x n 1
 a n2 x n2
dx dx dx dx

é chamada de solução particular para a equação.


Sejam y1, y2,..., yn n soluções linearmente independentes para a equação diferencial linear homogênea
de n-ésima ordem em um intervalo I e seja yp qualquer solução não homogênea no mesmo intervalo, então:

y  c1 y1 x  c2 y2 x  ...  ck yk x  y p x

é também uma solução para a equação não-homogênea no intervalo para quaisquer constantes c1, c2,..., ck.

A combinação linear y c  c1 y1 x   c 2 y 2 x   ...  c n y n x  é chamada de função complementar para


a equação diferencial linear não-homogênea.

Assim, a solução geral da equação diferencial linear não-homogênea é:

yx   função complementar  solução particular .

20
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Exemplo 5: Verifique que y  4x 2 é uma solução particular para y ' '3 y '4 y  16x 2  24x  8 .

4.5.1 Método dos Coeficientes a Determinar

Para encontrarmos a solução geral para uma equação diferencial linear não-homogênea temos que
executar dois passos:

1) Encontrar a solução da equação homogênea que é a função complementar yc .


2) Encontrar qualquer solução particular yp da equação não-homogênea.

A solução geral para a equação não-homogênea em um intervalo é, então: y= yc + yp.


O método dos coeficientes a determinar se limita a equações diferenciais lineares não-homogêneas:
- que tem coeficientes constantes;
- em que g (x) é uma constante k, uma função polinomial, uma função exponencial eax, sen(x), cos(x), ou
somas e produtos destas funções.

1
Observação: Este método não se aplica a funções como , ln( x), tg ( x), arcsen( x) .
x

O conjunto de funções que consiste em constantes, polinômios, exponenciais eax, senos, co-senos, tem
a notável propriedade: as derivadas de suas somas e produtos são ainda somas e produtos de polinômios,
exponenciais eax, senos, co-senos.
Na solução da equação ay' 'by' cy  g ( x) a combinação linear das derivadas da solução particular
ay 'p'  by 'p  cy p  g ( x) tem de ser identicamente igual a g (x) , parece razoável supor então que yp tenha a
mesma forma que g (x) .
Caso I: Nenhuma função da suposta solução particular é uma solução da equação homogênea associada.

Na Tabela 1, apresentam-se alguns exemplos específicos de g (x) com a forma correspondente da


solução particular desde que nenhuma função da suposta solução particular yp faça parte de yc.

Tabela 1: Forma de yp de acordo com uma função dada

g (x) Forma de yp
1 (qualquer constante) A
5x+7 Ax+B
3x2 2 Ax2+Bx+C
x3 x+1 Ax3+B x2+Cx+D
sen(4x) A cos(4x)+ B sen(4x)
cos(4x) A cos(4x)+ B sen(4x)
e5x A e5x
(9x 2) e5x (Ax+B) e5x
x2 e5x (Ax2+Bx+C) e5x
e3x sen(4x) A e3x cos(4x)+ B e3x sen(4x)
5x2 sen(4x) (Ax2+Bx+C)cos(4x)+ (Dx2+Ex+F)sen(4x)
xe3x cos(4x) (Ax+B) e3x cos(4x)+ (Cx+D) e3x sen(4x)+

Exemplo 9: Resolva as seguintes equações diferenciais pelo método dos coeficientes indeterminados:

a) y ' '4 y '2 y  2 x  3x  6 b) y ' ' y ' y  2sen(3 x) c) y ' '2 y '3 y  4 x  5  6 xe
2 2x

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Caso II: Uma função na solução particular escolhida é também uma solução da equação homogênea associada.

Exemplo 10: Resolva as seguintes equações diferenciais ordinárias:

a) y ' '2 y ' y  e x b) y ' '6 y '9 y  6 x 2  2  12e 3 x

Exercícios

1. Resolva cada equação diferencial dada utilizando o método dos coeficientes a determinar:

a) y ' '3 y '2 y  6 b) y ' ' y  2 xsen( x) c) y ' '2 y ' y  e x cos(2 x)
d) y ' '16 y  2e 4 x e) y ' '2 y '  2 x  5  e 2 x f) y ' ' y  8sen2 x

2. Resolva as equações diferenciais dadas sujeitas às condições iniciais indicadas:

  1  
a) y ' '4 y  2 y   y'    2
8 2 8
b) 5 y ' ' y '  6 x y0  0 y' 0  10
d 2x
c) 2
 w 2 x  F0 sen( wt ) x0  0 x' 0  0
dt
   
d) y ' ' y  cos(x)  sen(2 x) y   0 y'    0
2 2
y 0    y' 0  0
1
e) y ' '2 y '3 y  2 cos2 ( x)
3

Respostas

1. a) y x   c1e  x  c 2 e 2 x  3 b)

yx   c1 cos(x)  c 2 sen( x)  xsen( x)  x 2 cos(x)


1 1
2 2
c) yx   c1e x  c 2 xex  e x cos(2 x) d) yx   c1e 4 x  c 2 e 4 x  xe4 x
1 1
4 4
e) yx   c1  c 2 e 2 x  3x  x 2  xe2 x f) yx   c1 cos(x)  c 2 sen( x)  4  cos(2 x)
1 1 4
2 2 3

2. a) yx   2sen(2 x)  b) y x   200 e


1  15 x
 3x 2  30 x  200
2
F0 F0 
c) xt   d) yx    cos(x)  sen( x)  xsen( x)  sen(2 x)
1 1 1
2
sen( wt )  t cos( wt )
2w 2w 6 4 2 3
e) yx   c1e 3 x  c 2 e  x
1 7 4
  cos(2 x)  sen(2 x)
3 65 65

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4.5.2 Variação de Parâmetros

A fim de resolver a equação de segunda ordem da forma

y' ' P( x) y'Q( x) y  f ( x) (1)

pode-se utilizar o método da variação dos parâmetros.


Procura-se a solução particular da forma

y p  u1 x  y1 x   u 2 x y 2 x  (2)

onde y1  x  e y 2  x  são as soluções da equação homogênea y' ' P( x) y'Q( x) y  0 .


Usa-se a regra do produto para diferenciar y p :

y ' p  u '1 x  y1 x   u1 x  y '1 x   u ' 2 x  y 2 x   u 2 x  y ' 2 x  (3)

y' ' p  u' '1 x y1 x   u '1 x y'1 x   u'1 x y'1 x   u1 x y' '1 x   u' ' 2 x y 2 x   u' 2 x y' 2 x 
 u ' 2 x  y ' 2 x   u 2 x  y ' ' 2 x 
(4)

Substituindo (2) e suas derivadas (3) e (4) em (1):

y p ' ' P( x) y p 'Q( x) y p  f ( x)


zero  zero 
u1  y1 ' ' Py1 'Qy1   u 2  y 2 ' ' Py 2 'Qy 2   y1u1 ' 'u1 ' y1 ' y 2 u 2 ' ' y 2 ' u 2 ' P y1u1 ' y 2 u 2 '  y1 ' u1 ' y 2 ' u 2 '  f ( x)
d
y1u1 '  d y 2 u 2 '  Py1u1 ' y 2 u 2 '  y1 ' u1 ' y 2 ' u 2 '  f ( x)
dx dx

d
y1u1 ' y 2 u 2 '  Py1u1 ' y 2 u 2 '  y1 ' u1 ' y 2 ' u 2 '  f ( x) (5)
dx

Como nosso objetivo é determinar as funções u1 x  e u 2  x  , precisamos de duas equações


relacionando-as de modo que tenhamos um sistema com duas equações para as duas incógnitas.
Consideramos y1u1 ' y 2 u 2 '  0 , pois dessa forma (5) se reduz a y1 ' u1 ' y 2 ' u 2 '  f ( x) . Assim, tem-se o
sistema para as funções u1 ' e u 2 '

 y1u1 ' y 2 u 2 '  0



 y1 ' u1 ' y 2 ' u 2 '  f ( x)

W1 W
que pode ser resolvido pela regra de Cramer e as soluções são u1 '  e u 2 '  2 onde
W W

y1 y2 0 y2 y 0
W W1  W2  1 .
y1 ' y2 ' f x  y 2 ' y1 ' f ( x)

As funções u1 x  e u 2  x  são calculadas por integração dos resultados de u1 ' e u 2 ' .


O determinante W é chamado de Wronskiano de y1 e y 2 .

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Exemplo 11: Usando o método de variação de parâmetros, resolva as equações diferenciais:

a) y ' '4 y '4 y  x  1e 2 x b) y ' '2 y '  e x senx 

Exercícios

1. Usando o método de variação de parâmetros, resolva as equações diferenciais:

a) 4 y ' '36 y  cos ec3x  b) y ' ' y  sec x  c) y ' ' y  senh2 x  d) y ' '9 y  9 xe 3 x

2. Usando o método de variação de parâmetros, resolva as equações diferenciais sujeitas às condições dadas:

a) 2 y' ' y' y  x  1 y 0  1 y ' 0  0


b) y' '2 y'8 y  2e2 x  e x y 0  1 y ' 0  0
Respostas

1. a) yx   c1 cos(3x)  c 2 sen(3x)  ln sen(3x)  cos(3x) c) yx   c1e x  c 2 e  x  e 2 x  e 2 x


sen(3x) x 1 1
36 12 6 6
b) y x   c1 cos( x)  c 2 sen( x)  cos( x) ln cos( x)  xsen( x) d) yx   c1e 3 x  c 2 e 3 x  xe3 x  x 2 e 3 x
1 3
4 4

x
2. a) yx   e  x  e 2  x  2 b) yx   e 4 x  e 2 x  e  x  e 2 x 
1 8 16 1 18 5 30 2 x
xe
3 3 45 2 90 90 90

Lista IV
Equações Diferenciais de Ordem Superior

1. Encontre a solução geral das seguintes equações diferenciais ordinárias:

a) y ' '3 y '2 y  0 b) 8 y ' '4 y ' y  0

2. Usando o método dos coeficientes a determinar, encontre a solução geral das seguintes equações
diferenciais ordinárias:

a) y ' ' y '2 y  4 x 2 b) y ' '  9 x 2  2 x  1


c) y ' ' ' y ' ' y ' y  x 2 d) y ' '4 y  sen 2 2 x 

3. Usando o método de variação de parâmetros, encontre a solução geral das seguintes equações diferenciais
ordinárias:

a) y ' '3 y '2 y  e x  2e 2 x  senx  b) y ' ' y  4 cos x   senx 

4. Resolva as equações diferenciais dadas sujeitas às condições iniciais indicadas:

a) y ' '5 y '  x  2 y0  0 y' 0  2


   
b) y ' ' y  8 cos 2 x   4senx  y   1 y'    0
2 2

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Respostas

1. a) y x   c1e x  c 2 e 2 x b) yx   e
 4x
c1 cos( 4x )  c2 sen( 4x )
2. a) y x   c1e  x  c 2 e 2 x  2 x 2  2 x  3 b) yx   c1  c2 x  34 x 4  13 x 3  12 x 2

c) y x   c1e  x  c 2 e x  c3 xe x  x 2  2 x  4 d) yx   c1 cos(2 x)  c 2 sen(2 x) 


1 1
 cos(4 x)
8 24

3. a) yx   c1e 2 x  c 2 e x  2 xe2 x  2e 2 x  xex 


3 1
cos(x)  sen( x)
10 10
b) yx   c1 cos(x)  c 2 sen( x)  2 cos(x) 
1
x cos(x)  2 xsen( x)
2
a) yx    b) yx    cos(x) 
41 41 5 x 1 2 9 11 8
 e  x  x sen( x)  cos(2 x)  2 x cos(x)
125 125 10 25 3 3

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5 APLICAÇÕES DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE SEGUNDA ORDEM

5.1 Circuitos em L-R-C

Se i(t) denota a corrente elétrica em um circuito L-R-C,

pela segunda lei de Kirchoff, a soma dessas voltagens é igual a voltagem E(t) do circuito, isto é,

 Ri  q  E t  .
di 1
L
dt C

Mas a carga no capacitor está relacionada à corrente i(t) por i t  


dq
, então:
dt

d 2q
 q  E t  .
dq 1
L 2
R
dt dt C

Exemplo 1: Encontre a carga q(t) no capacitor em um circuito L-R-C quando L=0,25 henry, R=10ohms,
C=0,001 farad, E(t)=0, q(0)=q0 coulombs e i(0)=0.

Exemplo 2: Encontre a carga q(t) no capacitor em um circuito L-R-C quando L=0,5 henry, R=10ohms, C=0,01
farad, E(t)=150 volts, q(0)=1 coulomb e i(0)=0 ampère. Qual é a carga no capacitor após um longo período de
tempo?

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5.2 Vibrações Amortecidas e Forçadas

Considere um corpo de massa m, preso a uma mola sob a ação das seguintes forças:

- força de atrito: Fa  cv , oposta ao movimento, se c>0, onde v representa a velocidade;


- força restauradora: Fr   kx , exercida pela mola, sendo k uma constante positiva;
- força externa: F t  .
d 2x
 kx  F t  , ou ainda,
dx
De acordo com a segunda lei de Newton, podemos escrever: m 2
 c
dt dt
d 2 x c dx k F t 
2
  x , que é a equação do movimento para vibrações forçadas. Quando não houver forças
dt m dt m m
externas, isto é, quando F=0, as vibrações serão amortecidas.

d 2 x c dx k
No caso amortecido, a equação assume a forma:   x 0.
dt 2 m dt m
Exemplo 3: Uma mola de constante elástica igual a 4N/m tem uma de suas extremidades fixa em uma massa de
0,25kg é atada a outra extremidade. O sistema está sobre uma mesa que oferece uma força de atrito igual a 3/2
da velocidade instantânea. Inicialmente a massa é colocada 1/3m à esquerda da posição de equilíbrio e então é
solta a partir do repouso. Encontre a equação de movimento se o movimento se dá ao longo de uma reta
horizontal.

5.3 Mola Vibrante

Por conveniência, escolhemos o sentido para baixo como positivo. Desprezando a massa da mola e
admitindo que a resistência do ar é, em cada instante, proporcional à velocidade do corpo, teremos três forças a
considerar:
- resistência do ar: Fa  av , a>0;
- força devido à massa: F t  dirigida para baixo;
- força restauradora da mola: Fr  ky , k>0 ( Lei de Hooke linear)

A força restauradora atua de modo a levar o sistema ao repouso e, estando a massa abaixo da posição
de equilíbrio, então y é positivo e Fr é negativa. A força devido à resistência do ar atua em direção oposta ao
movimento, gerando um amortecimento do sistema. Da Segunda Lei de Newton, temos:

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d2y
 a  ky  F t  ,
dy
m 2
dt dt

ou ainda,
d 2 y a dy k F t 
2
  y .
dt m dt m m

Obs: Quando F(t) =0, o movimento é dito amortecido, caso contrário é dito forçado.

Exemplo 4: Uma massa de 0,25kg é atada a uma mola com constante de elasticidade igual a 4N/cm. Supondo
que uma força de amortecimento igual ao dobro da velocidade instantânea que atua no sistema, determine a
equação do movimento se o peso parte da posição de equilíbrio como velocidade de 3cm/s para cima.

Exercícios

1. Uma massa de 1kg é atada a uma mola com constante de elasticidade igual a 16N/m. Supondo que o sistema
é imerso em um líquido que oferece uma força de amortecimento igual a 10 vezes a velocidade instantânea que
atua no sistema, determine a equação do movimento se
a) o peso parte do repouso de um ponto a 1m abaixo da posição de equilíbrio;
b) o peso parte de um ponto a 1m abaixo da posição de equilíbrio com uma velocidade de 12m/s para cima.

2. Uma massa de 1kg é atada a uma mola com constante de elasticidade igual a 16N/m. Uma força externa igual
a f t   8sen4t  age no sistema a partir de t  0 . Encontre a equação do movimento se o meio oferece uma
força de amortecimento numericamente igual a 8 vezes a velocidade instantânea que atua no sistema, sabendo
que a massa parte do repouso na posição de equilíbrio.

5.4 Movimento Harmônico Simples

Suponha, como na figura, uma massa m1 atada a uma mola flexível suspensa por um suporte rígido.
Quando m1 é substituída por uma massa diferente m2, o alongamento da mola será obviamente diferente.

Pela lei de Hooke, a mola exerce uma força restauradora F oposta à direção do alongamento e
proporcional à distensão s. Simplesmente enunciada F  ks , onde k é uma constante de proporcionalidade.
Embora massas com pesos diferentes distendam a mola com alongamentos diferentes, a mola é caracterizada
pelo número k. Por exemplo, se uma massa de 10kg provoca uma distensão de 2cm em uma mola, então:

F  ks  98  2k  k  49N / cm

Após uma massa ser atada a uma mola, ela provoca uma distensão s na mola e atinge sua posição de
equilíbrio na qual o peso W é igual à força restauradora ks, onde W  mg em que a massa é medida em

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quilogramas e g=9,8m/s 2. A condição de equilíbrio é mg  ks . Se a massa estiver deslocada por uma
quantidade y de sua posição de equilíbrio e for solta, a força resultante nesse caso de dinâmica é dada pela
d2y
segunda lei de Newton F  ma , em que a é a aceleração . Supondo que não haja forças de retardamento
dt 2
agindo sobre o sistema e supondo que a massa vibre sem influência de outras forças externas  movimento livre
 podemos igualar a força F à força resultante do peso e da força restauradora:
d2y
m 2  k s  y   mg
dt
d2y
m  ky
dt 2

O sinal de subtração na expressão anterior indica que a força restauradora da mola age em direção
oposta ao movimento.
d2y d2y k
Assim, m 2  ky  0 , ou ainda, dividindo por m:  y  0 . Esta equação descreve o
dt dt 2 m
k
movimento harmônico simples e chamamos de  2  .
m
Para este tipo de problema há duas condições iniciais: y 0    e y ' 0    representando o
deslocamento inicial e a velocidade inicial, respectivamente. Por exemplo, se   0,   0 , então a massa parte
de um ponto abaixo da posição de equilíbrio com velocidade inicial dirigida para cima.
 k   k 
A solução geral para o problema é: yt   A cos   
 m t   Bsen m t .
   
2 1 2
O período de vibrações livres é T  e a frequência é f 
. Se o período é T  significa
 T 3
2 3
que o gráfico de y(t) se repete a cada unidades; e a frequência é f  o que quer dizer que há três
3 2
3
ciclos de gráfico em cada 2 unidades, ou ainda, que a massa está sujeita a vibrações completas por
2
unidade de tempo.

Exemplo 5: Uma massa de 2kg distende uma mola em 6cm. No instante t=0, a massa é solta de um ponto a 8cm
abaixo da posição de equilíbrio com uma velocidade direcionada para cima de 25cm/s. Determine a função y(t)
que descreve o movimento livre subsequente.

5.5 Sistemas de Equações Diferenciais

O método mais simples para a solução de sistemas de equações diferenciais com coeficientes
constantes envolve a eliminação das variáveis dependentes pela combinação adequada de pares de equações. O
objetivo do método consiste em eliminar sucessivamente as variáveis dependentes até permanecer apenas uma
equação contendo apenas uma variável dependente. A equação resultante será normalmente uma equação linear
de ordem superior e que pode ser resolvida pelos métodos estudados anteriormente. Após a solução ter sido
encontrada, as outras variáveis dependentes podem ser determinadas, usando as equações diferenciais originais
ou aqueles que surgiram do processo de eliminação.
 x'  4 x  3 y
Exemplo 6: Determine a solução para o sistema  que satisfaz às condições iniciais x0   2 e
 y'  6 x  7 y
y 0   1 .

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Lista V
Aplicações de Equações Diferenciais de Segunda Ordem

1. Encontre a carga no capacitor em um circuito L-R-C no instante t=0,01 segundo quando L=0,05 henry, R=2
ohms, C=0,01 farad, E(t)=0 volt, q(0)=5 coulombs e i(0)=0 ampère.
2. Encontre a carga e a corrente do estado estacionário em um circuito L-R-C quando L=1 henry, R=2 ohms,
C=0,25 farad, E(t)=50cos(t) volts.
3. Uma massa de 1/8kg é atada a uma mola cuja constante de elasticidade é 16N/m. Qual é o período do
movimento harmônico simples?
2
4. Uma massa de 20kg é atada a uma mola. Se a frequência do movimento harmônico simples é de

vibrações por segundo, qual é a constante de elasticidade k? Qual é a frequência do movimento harmônico
simples se a massa original for substituída por outra de 80kg?
5. Uma massa de 125g é atada a uma mola de constante elástica igual a 2N/m. O meio oferece uma resistência
ao movimento da massa numericamente igual à velocidade instantânea. A massa parte de um ponto 1m
acima da posição de equilíbrio com uma velocidade de 8m/s para baixo. Calcule o instante em que a massa
atinge seu deslocamento extremo em relação à posição de equilíbrio. Qual é a posição da massa neste
instante?

6. Resolva os seguintes sistemas de equações diferenciais:

 x'  x  3 y  x'  x  2 y  x'  3x  2 y


a)  b)  c)  , x 0   0 e y 0   2 .
 y'  2 y  y'  2 x  3 y  y '  3x  4 y
Respostas

1. qt   e 20t 5 cos(40t )  52 sen(40t )

2. qt   sen(t ) ; it   


150 100 150 100
cos(t )  sen(t )  cos(t )
13 13 13 13
 2
3.
8
1 1
4. k  320 ; s x  e 2 m
5. t 
 2
6. a) xt   Ae  ce , yt   Ae2t
2t t

b) xt   c1e t  c2 tet , yt   c1e t  c2 tet  c2 e t


1
2
c) xt   e 3t  e 2t , yt  
4 4 12 3t 2 2t
e  e
5 5 5 5

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