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Pioneiros/Marinheiros
Setembro de 2008
«E, quando acabou de falar, disse a Simão:
Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes
para pescar.
E, fazendo assim, colheram uma grande
quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a
rede.
E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora
em diante serás pescador de homens.
E, levando os barcos para terra, deixaram
tudo, e o seguiram»
Lucas 5 - 4,6,10-11
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NOTA PRÉVIA
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Parte 1 — A Acção Pedagógica
A – Os destinatários da acção pedagógica
Exploradores e Pioneiros
Os adolescentes dos 10 aos 17 anos
Em termos gerais, a adolescência inicia-se entre os 11 e os 13 anos e termina pelos 19 anos. Trata-se, no
entanto, de um período incerto, dado que se poderem operar estados de desenvolvimento bastante
diferentes. Tudo depende, basicamente, da natureza de cada indivíduo, da sua história pessoal e das
características sociais e culturais da comunidade onde vive. Assim sendo, é possível, por exemplo, que
alguns adolescentes de 13 ou 14 anos se situem ainda numa fase muito infantil, enquanto que outros,
com a mesma idade, já tinham adquirido autonomia e maturidade próprias de uma idade mais avançada.
Esta é a razão por que importa reflectir e observar a fase da adolescência como um todo, sem fazer uma
distinção concreta entre Exploradores e Pioneiros: alguns Exploradores podem revelar já uma
maturidade acima da média, enquanto que alguns Pioneiros podem situar-se ainda num estádio de
desenvolvimento menos avançado.
No entanto, convém que os Dirigentes tenham a noção de que, por norma, no Grupo dos Exploradores e
no dos Pioneiros encontramos dois grupos distintos de rapazes e raparigas, que diferem muito entre si
no que diz respeito à sua maturação, às suas maneiras de ser, aos comportamentos e às expectativas.
Assim sendo, e porque as necessidades de aperfeiçoamento pessoal são distintas, devem ser diferentes
as formas de actuação de um adulto em cada um dos Grupos.
Pegue-se em experiências únicas, personalidades irrepetíveis, interesses múltiplos, ideias em constante
mudança, vivências pessoais, contextos diferenciados e aí encontraremos qualquer um dos nossos
Grupos. É perante esta junção de sujeitos com a qual qualquer dirigente se depara, que cada unidade
trabalha. Se todos partilhamos etapas distintas, culturas e necessidades tão específicas, será muito
pouco eficaz adoptar métodos e técnicas únicos e pré-determinados, já que corremos o risco de muitos
ficarem pelo caminho: desistindo ou, pior ainda, sentindo a exclusão num movimento que se pretende
aberto e solidário.
Quando falamos de desenvolvimentos diferenciados falamos de uma possibilidade educativa abrangente
e positiva que não inclui, certamente, o atenuar e “camuflar” de diferenças e dificuldades, mas que
pretende o integrar de aprendizagens em que todos beneficiam, onde existe um espaço onde cada
pessoa pode construir o seu projecto de trabalho.
Assim, a diversidade implica sempre instabilidade, dúvidas, reorganizações, ritmos que não se repetem,
sendo prejudicial manter uma rigidez nas estratégias e nas pedagogias.
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As seis Áreas de Desenvolvimento
Desenvolvimento Físico
O desenvolvimento do corpo, sobretudo nestas idades, determina fortemente algumas características da
personalidade de cada jovem, pelo que é importante compreender cada transformação física: assim
entenderemos muitas atitudes e reacções.
Entre o que mais prende a atenção de um adolescente entre os 11 e os 13 anos estão as transformações
que acompanham o início da puberdade, na qual, geralmente, se regista uma rápida aceleração no
crescimento, primeiro na altura (sobretudo a nível de pernas e tronco) e depois no peso, e que
transformam rapidamente a imagem que tem de si próprio. Esta mudança brusca provoca um
desequilíbrio físico: o crescimento acelerado promove uma ânsia por actividades expansivas (há um
maior vigor físico, sobretudo nos rapazes, pelo que as actividades confinadas a espaços reduzidos
tornam-se muito limitadas), mas o desenvolvimento muscular e da coordenação não acompanham o
crescimento da estrutura óssea, pelo que surgem gestos desajeitados e desconexos.
Esta é ainda a fase em que começam a surgir características sexuais secundárias, ou aquilo a que
chamamos as formas físicas mais próprias de cada sexo (primeiras ejaculações, menstruação,
crescimento de pêlos e de seios, mudanças na voz e na textura da pele, etc.). Estas mudanças provocam,
muitas vezes, momentos de grande fadiga, ansiedade e angústias em relação a um desenvolvimento
físico que o adolescente considera ‘anormal’, por comparação com os outros. Surge, assim, no
adolescente, uma hipersensibilidade perante julgamentos físicos e um desconforto em relação a si
mesmo: é como se não se sentisse bem na sua própria pele.
Entre os 14 e 17 anos dá-se um aumento do tamanho corporal, das formas e das capacidades físicas,
desaparecendo a tendência para a descoordenação física, tão típica dos anos anteriores. Estabelece-se
também a maturidade sexual e reprodutiva e desenvolve-se de forma mais estável a identidade sexual,
com a afirmação de papéis mais definidos para rapazes e raparigas. Toda esta estabilidade potencia o
desenvolvimento de novas capacidades, impulsos e potencialidades que é preciso identificar,
experimentar e controlar.
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A este nível, no Grupo Explorador deve-se:
- Desenvolver a habilidade corporal e manual, através da realização de jogos de coordenação e
de actividades manuais variadas;
- Promover um ambiente sereno e respeitador, em que todas as transformações são
consideradas próprias e normais, para que a instabilidade emocional, daí decorrente, não
adquira proporções prejudiciais ao equilíbrio.
No Grupo Pioneiro, deve:
- Fomentar um ambiente tranquilo e respeitador, que permita ajudar cada um conhecer e
respeitar o seu corpo, aceitando com serenidade as mudanças;
- Estimular o respeito pelo outro sexo, valorizando as diferenças físicas existentes;
- Desenvolver a aptidão corporal através de actividades estimulantes que desafiem a
descoberta de novas capacidades físicas.
Desenvolvimento Intelectual
Pelos 11/13 anos surge a necessidade de produzir, de deixar a sua marca no mundo real. Esta capacidade
para agir de forma concreta permite-lhe desenvolver sentimentos de competência e valores próprios (‘eu
sou capaz’, ‘eu consigo’) e é acompanhada pelo desenvolvimento da capacidade de pensar de forma
lógica sobre ideias e dados abstractos. Assim, e embora o adolescente continue a precisar de estruturas e
actividades delineadas passo-a-passo (senão dispersa-se facilmente), consegue já descobrir soluções para
problemas apresentados apenas na teoria. Isto fá-lo desenvolver uma apetência para a investigação e
aprendizagem de coisas novas, a que se associa ainda uma boa capacidade de memorização.
Dos 14 aos 17 anos, a capacidade de raciocínio melhora: surgem as hipóteses e deduções de relações
entre as coisas que permitem criticar o estabelecido, produzir interrogações sobre o futuro e sobre a
sociedade, forjar argumentos lógicos e detectar rapidamente falhas nos argumentos dos outros. Isto
implica que, antes de agir, o adolescente apresenta já uma predisposição (ainda que tenha de ser
solicitada) para reflectir sobre os assuntos, ponderando hipóteses e alargando o seu pensamento à
perspectiva dos outros. Revela, assim, capacidade para estar alerta, mas ainda está sujeito a devaneios e
ao “sonhar acordado”. Começam-se também a definir interesses e vocações, na medida em que o
adolescente começa a pensar no futuro e a elaborar programas de vida.
Desenvolvimento do Carácter
Até aos 13 anos, a capacidade de reflectir sobre a sua própria opinião e a opinião dos outros leva os
adolescentes a questionar as orientações estabelecidas, sobretudo as do núcleo familiar. Podemos falar,
assim, do início de um período de oposição e rejeição de ideias provenientes de figuras com quem antes
havia uma identificação. Para além disto, o adolescente desta idade consegue já descrever-se em termos
de pensamentos internos, sentimentos, capacidades e atributos, demonstrando capacidade de auto-
análise.
Pelos 14/17 anos estamos perante verdadeiras crises de identidade, em que o adolescente se vira para si
mesmo para operar uma descoberta consciente do “eu” e procurar algo que lhe seja próprio, só seu. Este
processo, em que se dá um alargamento das actividades realizadas por iniciativa própria, nem sempre é
pacífico, na medida em que podem surgir conflitos (não é criança, mas também não é adulto, embora se
considere igual a ele) e problemas de auto-estima.
Para além disto, os esforços dirigem-se sobretudo para a procura de novos modelos de comportamento
(os modelos de identificação deixam, muitas vezes, de ser os pais para serem outros adultos de
referência ou os pares), o que produz uma consequente alteração do sistema de valores.
Por fim, o adolescente tem tendência a construir grandes sonhos e aspirações e a desenvolver
sentimentos de invulnerabilidade. É frequente, a este nível, que o adolescente se proponha a reformar a
sociedade na qual é chamado a viver e a negar frequentemente a hipótese de poder ser vítimas de
atitudes e situações de risco.
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Desenvolvimento Afectivo
Nos adolescentes dos 11 aos 13 anos, dá-se um despertar dos impulsos sexuais devido ao início da
puberdade biológica. Este despertar tem impacto no campo afectivo, marcado agora por emoções fortes
e confusas que, pela sua dominância, gerem todo o comportamento, também ele confuso e muitas vezes
marcado por reacções emocionais desproporcionadas que o adolescente se esforça por entender. A este
nível, desenvolvem-se, especialmente, a necessidade de afirmação como indivíduo (marcada em especial
pela identificação com heróis, com quem o adolescente aspira a parecer-se) e a necessidade de
desenvolver as suas amizades.
A atenção que um adulto presta a um adolescente nestas idades deve estar muito virada para a
compreensão destas emoções, dado que elas podem originar desequilíbrios a nível de comportamentos.
A partir dos 14 anos, a necessidade de criar e renovar amizades profundas e de se afirmar como
indivíduo é agora preponderante. Esta é a altura das amizades profundas e para toda a vida, em que a
escolha dos amigos vai sempre ao encontro daquilo que se considera os padrões certos de agir, pensar e
falar. Procura-se não a diferença mas gostos e modos semelhantes (a adesão a novos valores marca a
escolha dos amigos), o melhor amigo surge como confidente e companheiro preferido e há uma maior
consideração pelos sentimentos dos outros.
Para além disto, surge a necessidade de estabelecer uma ligação afectiva a outra pessoa. Este é, assim, o
período da atracção em relação ao sexo oposto e dos primeiros amores (surge mais cedo nas raparigas).
Claro que toda esta procura vem acompanhada de grandes períodos de instabilidade emocional, com
mudanças de humor súbitas, em que num momento é possível estar muito bem, noutro em profunda
depressão e desânimo, dado que há uma alternância entre o que é o ideal e aquilo que é possível. Isto
conduz a tendência para períodos de isolamento.
Desenvolvimento Espiritual
A adolescência marca o momento de passagem entre a chamada Fé de criança, herdada dos pais e da
vivência em comunidade, e a Fé pessoal, interior e que se interliga com os próprios actos, numa busca do
sentido das coisas, sem que haja uma aceitação tácita de princípios.
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Dos 11 aos 13 anos, surge uma maior preocupação com as questões morais e um melhor entendimento
destas. Assim, os princípios, deveres e responsabilidades éticas começam a ser defendidos com esforço,
sobretudo em momentos de grupo: os adolescentes tomam consciência de que todos devem seguir as
mesmas leis e regras para manutenção da harmonia e entendimento do grupo. Aceitam, assim, os
princípios morais como meio de partilha de direitos e responsabilidades com os outros. Contudo, esta
situação muitas vezes só é visível quando existe uma quebra no entendimento comum, em que se
levantam as típicas questões do “não é justo”, “uns podem e outros não”.
A partir dos 14 anos, a simbologia, o interesse por outras vivências de Fé e por problemas éticos e de
defesa de valores tornam-se marcos das vivências espirituais dos adolescentes. Nesta fase, surge um
interesse mais marcado por ideologias e religiões diferentes da sua, que é acompanhado por alguma
reserva na expressão de questões espirituais e convicções da sua própria religião. Para além disto,
começa-se a pôr em causa as práticas religiosas da infância.
Isto não invalida, contudo, o interesse por problemas éticos e ideológicos. Na verdade, o Pioneiro aprecia
o símbolos para expressar significados espirituais, é frequentemente radical na defesa de valores e chega
a demonstrar, por vezes, capacidade de um grande altruísmo. Tem também a noção de que é necessário
estabelecer contratos e seguir as mesmas “leis” para haver entendimento no grupo.
Desenvolvimento Social
Um adolescente dos 11 aos 13 anos é, em geral, capaz de reflectir sobre os seus próprios pensamentos e
percebe que os outros fazem o mesmo. Nesta altura, começa a procurar a sua própria conduta
(questionando as regras da infância, que lhe impõem uma conduta estabelecida por outros), mas,
sempre que não consegue seguir o padrão de conduta que escolheu, tem tendência a produzir
sentimentos de culpa e recriminação que o levam a tentar justificar o seu comportamento ou a tentar
compensar alguém pelo que fez de errado.
Nesta busca por um comportamento autónomo, desenvolve uma compreensão genuína do que significa
fazer parte de um grupo e adere voluntariamente às suas normas, que assumem um carácter
absolutamente sagrado (a equidade e justiça, por exemplo, são levadas muito a sério – “se eu não posso
quebrar as regras o outro também não pode” ou “é justo que ele venha à actividade porque ajudou a
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planeá-la”). Dá-se, assim, um período de expansão social em que se formam relações de lealdade que
começam a ser mais importantes para o adolescente do que quaisquer outras (é o Grupo que manda).
Nesta fase, desenvolve-se do conceito de género (homem e mulher) e respectivos papéis, embora os
estereótipos ligados a cada género (um homem faz isto, uma mulher aquilo) tenham uma influência
poderosa nas percepções dos adolescentes. Assim, geralmente, desvios aos papéis tradicionais são alvo
de críticas. Podemos ainda afirmar que, num âmbito geral, os rapazes são vistos como mais aventureiros
e dispostos a actividades que envolvam riscos, sendo também mais assertivos na adesão a grupos,
enquanto que as raparigas tendem a ser mais conscientes socialmente, mais atenciosas a novos
membros e mais flexíveis nos seus estereótipos.
Perante isto, por norma, na interacção entre adolescentes de ambos os sexos, surgem fronteiras físicas
demarcadas: em geral, ainda se definem por grupos separados por género e por afinidade de interesses,
existindo sempre uma certa rivalidade natural entre sexos. Contudo, têm um gosto especial pelo
trabalho em equipa (embora conservem um espírito independente), pelo que conseguem muito bem
desenvolver actividades em conjunto, sobretudo se à rivalidade se sobrepuser a necessidade de
trabalhar em conjunto para atingir um determinado fim. Quando assim acontece, desenvolvem relações
de pares baseadas no respeito e apoio mútuos.
Na passagem para os anos seguintes, o adolescente vê as relações como um processo de partilha mútua
onde todos podem vir a beneficiar de satisfação e compreensão social. Assim, entre os 14 e os 17 anos,
possuem uma grande capacidade de se adaptarem a novos grupos sociais e de estabelecerem relações
fáceis com outros (da mesma idade ou de outras), desde que o seu modo de ser se enquadre nos seus
padrões de acção. Isto gera duas situações distintas: por um lado, existe alguma incerteza em relação ao
que são as expectativas do Grupo e àquilo que é esperado ou aceite, o que gera uma preocupação
injustificada (sentem que são o alvo constante das atenções dos outros); por outro lado, começam a
viver em grupos mais unidos, baseados na confiança mútua, onde há a procura de uma identidade
comum.
Por fim, este é também um período de reestruturação social, onde predomina a rebeldia contra a
autoridade estabelecida e se escuta melhor a opinião de alguém diferente. Assim, surgem
comportamentos negativos de inconformismo e de agressividade para com os outros. Para além disso, os
adolescentes podem ainda mostrar-se extremamente críticos e francos na expressão da sua opinião,
sentindo, muitas vezes, que as suas experiências são únicas e ninguém as pode compreender
(egocentrismo).
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- Tomar consciência de que a autoridade não é sempre negativa e que a negociação é um
caminho mais positivo do que a agressividade e a rebeldia.
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B – O projecto educativo que oferecemos
O Escutismo é um movimento de educação não-formal, que contribui para a educação dos jovens através
de um sistema de valores, tal como se expressa no documento “A Missão do Escutismo”, Durban 1999:
Isto é alcançado:
Envolvendo os jovens, ao longo dos seus anos de formação, num processo de educação
não-formal;
Utilizando um método original, segundo o qual cada indivíduo é o principal agente do
seu próprio desenvolvimento, para se tornar uma pessoa autónoma, solidária,
responsável e comprometida;
Ajudando os jovens na definição de um sistema de valores baseado em princípios
espirituais, sociais e pessoais expressos na Lei e na Promessa.”
A partir desta declaração de Missão, as associações escutistas devem elaborar a sua Proposta Educativa,
na qual expressam a sua intenção educativa, ou seja, aquilo que podem oferecer aos jovens de uma
determinada comunidade e por um determinado tempo.
Com a proposta educativa, o Corpo Nacional de Escutas (CNE) procura responder às necessidades
educativas das crianças e dos jovens, através dos Princípios e do Método Escutistas. Ao mesmo tempo, a
proposta pretende ser referência para a acção continuada dos animadores adultos e também, um
compromisso educativo perante a sociedade.
Sendo um documento aberto e dinâmico, a Proposta Educativa concretiza-se nas actividades
características do Movimento, que proporcionam a criação e/ou o desenvolvimento de determinadas
competências e características nas crianças, nos adolescentes e nos jovens.
A intenção educativa do CNE, adequada ao tempo e à sociedade, está expressa na Proposta Educativa
“Educamos. Para quê?”.
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EDUCAMOS. PARA QUÊ?
Uma Proposta Educativa do Corpo Nacional de Escutas
- uma pessoa alegre, sensível e compreensiva, consciente de si própria, das suas limitações e
potencialidades
- uma pessoa solidária e fraterna, que promove o respeito e a tolerância na sua relação com os outros
- uma pessoa que assume integralmente o seu compromisso cristão como opção de vida
- uma pessoa que respeita o seu corpo como manifestação de vida e com ele se relaciona de forma
equilibrada
•...para se tornar detentor de Saber;
- uma pessoa que reconhece as suas imperfeições e as procura superar de uma forma constante
- uma pessoa que busca sempre mais e usa esses conhecimentos para fundamentar as suas decisões,
expressando adequadamente as suas ideias
- uma pessoa que, comprometendo-se, age de acordo com as suas opções, respeitando os outros e o
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mundo
- uma pessoa empreendedora, activa no desenvolvimento de iniciativas e que cuida da sua própria
formação
- uma pessoa que cultiva amizades e que vive o amor de uma forma plena, dando disso testemunho em
família
- uma pessoa que assume o seu papel na comunidade, exercendo a cidadania de uma forma
participativa e generosa
- uma pessoa que evangeliza pelo testemunho e pela partilha, no respeito pelas convicções dos outros,
contribuindo assim para a construção da paz
- uma pessoa que, reconhecendo o seu corpo como meio para transformar o Mundo, cuida dele em
harmonia com o ambiente
O CNE ajuda jovens a crescer...
...para que com o Ser, Saber e Agir se tornem homens e mulheres responsáveis e membros activos
de comunidades, na construção de um mundo melhor.
A Proposta Educativa do CNE “Educamos. Para quê?” foi aprovada no Conselho Nacional Plenário de
Maio de 2003.
Este documento é um género de Bilhete de Identidade ou Cartão de Visita que pode ser usado:
Quando se recebe um novo elemento e os Pais querem perceber um pouco melhor o que é o
Escutismo e o que o distingue, por exemplo, de um qualquer clube desportivo;
Nas reuniões de Pais;
Quando se fazem exposições ou folhetos sobre o Escutismo;
Numa reunião com a Autarquia;
Num pedido de apoio financeiro;
Ou ainda em:
Num momento de formação da Equipa de Animação;
Num jogo sobre valores;
Num jogo sobre as qualidades individuais;
...
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2- Áreas de Desenvolvimento e Trilhos Educativos
Em cada uma das Áreas de Desenvolvimento pessoal estão identificadas prioridades educacionais – três
Trilhos Educativos – que tomam em conta as necessidades e aspirações das crianças, dos adolescentes e
dos jovens em particular – os objectivos educativos. Entende-se por Trilho Educativo os caminhos de
crescimento a trabalhar em cada área, dos quais se definem os objectivos de crescimento a atingir no final
do tempo vivido na secção.
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Áreas Trilhos Os objectivos de cada trilho relacionam-se com:
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C – Como implementar?
O Movimento Escutista tem uma missão definida que passa por educar, promovendo o desenvolvimento
das crianças, dos adolescentes e dos jovens através de actividades recreativas e de serviço, de modo
harmonioso com a sua própria personalidade e com a comunidade em que vive.
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Vemos assim que o Método Escutista, a partir da forma natural como as crianças, os adolescentes e os
jovens se relacionam, permite explorar diferentes opções educativas, realçando o que eles aprendem uns
com os outros e potenciando verdadeiras experiências educativas, tais como:
- Alargar horizontes: o campo de acção e de experimentação da criança/adolescente/jovem vai
aumentado à medida que cresce;
- Transportar a criança/adolescente/jovem da imaginação à realidade: os heróis e heroínas não
existem só em lendas, mas são indivíduos de carne e osso, o mundo fictício das histórias desafia a
exploração do mundo real;
- Proporcionar o crescimento em pequenos grupos: a relação com os pares e o assumir de
responsabilidades são componentes essenciais de um ensaio para a vida futura em sociedade;
- Contribuir para a interiorização de regras sociais (através do jogo e dos valores universais), ajudando
a desenvolver um código de conduta próprio ao qual voluntariamente se adere;
- Incentivar a ser cada vez mais e melhor, desafiando limites e estabelecendo novas metas a alcançar;
- Arriscar num ambiente privilegiado onde as conquistas e os erros possuem igual valor pedagógico: a
correcta aplicação do método proporciona a criação de um espaço seguro onde as
crianças/adolescentes/jovens aprendem, erram e voltam a aprender numa dinâmica de crescimento;
- Construir uma relação de confiança com alguém que ajuda, prepara, apoia, encoraja, aconselha e
educa.
Identificadas as bases do Método Escutista e traçado o caminho para lá chegar, faltará apenas caminhar…
E o caminho possui sete características essenciais de que não podemos abdicar e que consideramos
maravilhosas, por constituírem a base do Método Escutista. São as “Sete Maravilhas do Método
Escutista”:
Sistema
de
Patrulhas
Sistema de Relação
progressão jovem/adulto
pessoal
Lei
e
Promessa
Vida
Aprender na
fazendo Natureza
Mística
e
Simbologia
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Em cada secção, cada uma destas “Sete Maravilhas do Método Escutista” deverá ser aplicada de modo
distinto, de acordo com as características próprias de cada faixa etária e tendo em conta o grau de
autonomia, de maturidade e de responsabilidade de cada criança, adolescente ou jovem..
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1 – Sistema de patrulhas
O sistema de patrulhas, tal como B.-P. o idealizou, assenta na divisão de rapazes e raparigas em pequenos
grupos – Bando/Patrulha/Equipa –, dentro dos quais estabelecem relações e são chamados a assumir
diversas tarefas para a promoção do bem-comum. Um dos elementos assume a direcção e cada um dos
restantes é chamado a desempenhar funções específicas, que permitem a cada um contribuir para o bem
geral. Esta divisão de tarefas incentiva, assim, a co-responsabilidade e permite a aprendizagem da
democracia e da solidariedade. Ao mesmo tempo, possibilita também a compreensão do papel do líder e
da importância de uma boa e equilibrada liderança para o desenvolvimento do grupo.
O sistema de patrulhas, na I.ª Secção, materializa-se nos Bandos, na II.ª secção materializa-se nas
Patrulhas e nas III.ª e IV.ª secções traduz-se nas Equipas.
É o Sistema de Patrulhas que faz das Unidades e, por conseguinte, de todo o Escutismo, um verdadeiro
esforço de cooperação. Faz dele um método de educação natural e não formal, onde cada jovem, com as
suas particularidades e curiosidades muito pessoais, cresce com os outros e entre eles. Os seus pares
passam a ser por si reconhecidos pela vivência conjunta e pela prática da Lei do Escuta.
É fomentada a ideia de que o valor individual de cada Escuteiro deverá estar sempre ao serviço do
Bando/Patrulha/Equipa e, consequentemente, da Unidade, sendo que cada um trabalha segundo as suas
forças e recebe segundo as suas necessidades.
Assim sendo, o Bando/Patrulha /Equipa, não é mais do que uma sociedade, um grupo de rapazes e
raparigas, unidos por ideais e objectivos comuns e regidos pela mesma lei – a Lei do Escuta. No
Bando/Patrulha/Equipa, os jovens poderão e deverão viver juntos experiências inesquecíveis e realizar
actividades de serviço. O Bando/Patrulha/Equipa é uma “micro-sociedade”, onde cada escuteiro
desempenha um papel. Ao assumir a responsabilidade de determinadas tarefas no seio do
Bando/Patrulha/Equipa, o Escuteiro torna-se responsável por si mesmo e... cresce!
Na vida de cada um destes pequenos grupos, no seu funcionamento regular, são promovidos valores
como o da liderança responsável, da democracia, da co-responsabilidade, da solidariedade, do trabalho
em equipa, através da divisão de tarefas.
O Sistema de Patrulhas proporciona ainda a perda da perspectiva egocêntrica, e permite às crianças,
adolescentes e jovens a criação de hábitos de divisão de tarefas e bens. Este sistema une os jovens num
ideal comum, repleto de camaradagem, cumplicidade e amizade.
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Bibliografia para aprofundar:
- O Sistema de Patrulhas, de Roland Philipps
- Escutismo para Rapazes, de Baden-Powell
- Baden-Powell Hoje – Pistas para um educador no Escutismo, dos Scouts de France
B – Organização
Quadro-síntese:
I.ª Secção II.ª Secção III.ª Secção IV.ª Secção
Designação
do Projecto Caçada Aventura Empreendimento Caminhada
Continua…
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Quadro-síntese:
… Continuação
Especificidades do Escutismo Marítimo
I.ª Secção II.ª Secção III.ª Secção IV.ª Secção
Designação
do Projecto Caçada Expedição Cruzeiro Campanha
I. Constituição
a) Nome
O Sistema de Patrulhas, criado por B.-P., tem como centro a patrulha – um pequeno grupo de elementos
que partilha ideais, tradições e responsabilidades. Como já vimos, na Terceira Secção esse sistema
materializa-se na Equipa.
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“Cada Equipa designa-se por um nome de um animal, o Totem, ou um Santo da Igreja, ou um Benemérito
da Humanidade ou um Herói Nacional, cuja silhueta na bandeirola e no distintivo da Equipa”, como se lê
no artigo 62.º (Grupo Pioneiro) do Regulamento Geral do CNE
Todas as Equipas têm, então, ou um Totem ou um Patrono – nome de um animal/individualidade,
escolhido pela Equipa – que as distingue dentro do Grupo. No capítulo referente ao espírito de Patrulha,
é abordada a questão do lema, grito, bandeirola, etc., decorrentes do totem da patrulha.
Sobre o Totem
Na lista, que anexamos no final deste Manual, com a designação Anexo I, sugerimos quarenta e quatro
animais totem. Trata-se de animais, na sua maioria da fauna portuguesa e cujos distintivos estão à venda
no Depósito de Material e Fardamento do CNE. Na lista, para além da silhueta do animal, está
identificado, também as cores e a reprodução aproximada do som produzido pelo animal.
Deixamos a indicação de que cada Equipa deverá fazer uma pesquisa sobre o verdadeiro grito do
respectivo animal, podendo mesmo essa pesquisa ser uma verdadeira aventura à caça desse som. Assim,
não devem ser usados os gritos sugeridos no Escutismo para Rapazes, mas os sons reais dos animais. A
Equipa pode deslocar-se até um local onde possa registar o som desse animal, ou pesquisar o som na
Internet, ficando o método ao critério e ao desejo de aventura de cada patrulha. Todos os elementos da
patrulha deverão conseguir reproduzir o som real do animal.
Sobre o Patrono
Pode ainda servir de designação de uma Equipa o nome de uma Patrono. Essa figura pode ser um Santo
da Igreja, pode ser um Benemérito da Humanidade ou, ainda um Herói Nacional. Se por um lado devem
ser os Pioneiros a escolher o nome do seu Patrono, por outro lado devem ser rigorosos e intransigentes
alguns critérios para essa escolha. Uma escolha desapropriada do nome do Patrono pode reverter uma
Oportunidade Educativa numa situação de conflito.
Qualquer escolha deve assentar, acima de tudo, numa justificação plausível e apresentada ao Grupo e à
Equipa de Animação. A escolha do nome deve servir para o elogio das qualidades do Patrono e das
características que os Pioneiros poderão, deverão, imitar.
Sugestão:
- Para a escolha de nomes de santos da Igreja, beneméritos da Humanidade ou heróis nacionais,
há listas de sugestões no sítio oficial do CNE.
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b) Número de elementos
Muito embora não se possa definir o número ideal de elementos de um Equipa, e o Regulamento Geral
alargue as possibilidades, a boa prática pedagógica recomenda que esse número esteja compreendido
entre 5 a 8 elementos.
Por uma questão de funcionamento – haverá tarefas para o sucesso do trabalho da Equipa que terão de
ser feitas –, mas, também, por uma questão de convenção – para melhor funcionamento e harmonização
colectiva.
Acontece, no entanto, que, se no Grupo Pioneiro, por determinada razão, só existem 9 elementos, terá
de arranjar-se uma solução enquanto não cresce o conjunto. Assim, aceita-se que em casos excepcionais
haja uma divisão e um BPE possa ser constituída por 4 elementos. Note-se, no entanto, que essa deve ser
encarada como uma solução de contingência, a prazo, e não a melhor solução do ponto de vista
pedagógico.
O género
Consideram-se mistas as Equipas constituídas por elementos de géneros diferentes. Nos Pioneiros,
recomenda-se que a construção das Equipas seja de forma mista, embora dependendo das
especificidades de cada Grupo se possa optar pela forma exclusivas por género.
Há vantagens na constituição de Equipas mistas. Senão vejamos:
• Se o Grupo é misto, e se dessa heterogeneidade resulta uma aprendizagem, será natural que os
elementos também se queiram juntar da mesma forma;
• Se o “Mundo Real” é misto, é natural que os Pioneiros aceitem essa realidade também no Grupo;
• Por outro lado, é natural que entre os 14-17 anos a tendência natural face ao estágio de
desenvolvimento que vivem, será a de procurarem a amizade dos elementos do sexo oposto, o que, de
algum modo, viabiliza a preferência pelas Equipas mistas.
Todavia, caberá à Equipa de Animação analisar costumes, culturas, temores, e assim, ao avaliar a sua
realidade, decidir sobre qual o melhor método a adoptar.
Ainda que o caminho passe pela implementação dos Equipas mistas, há que salvaguardar e acautelar que,
em acampamento, a tenda seja vista como um espaço de intimidade em que a privacidade dos géneros
deverá ser conservada. E que numa Equipa nunca deve estar, de um determinado género, um elemento
sozinho.
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A idade
Consideram-se verticais as Equipas constituídas por elementos de diferentes idades. Denominam-se por
Equipas horizontais as que incluem todos os elementos com a mesma idade.
O aconselhamento pedagógico vai para a preferência pelo modelo vertical. De facto, uma Equipa integrar
adolescentes de diversas idades é encarado como o mais positivo. É certo que esta heterogeneidade
poderá criar obstáculos no seio da Equipa, pela diferença de interesses ou estágios de maturidade em que
cada um deles se pode encontrar, mas, por outro lado, poderá trazer também enormes benefícios, dos
quais destacamos o acompanhamento dos mais novos por parte dos mais velhos e a partilha do
conhecimento. De facto, compete aos mais velhos, olhados como exemplo a seguir, ensinar e orientar os
mais novos e dar testemunho dos costumes que vão sendo construídos no seio da Equipa. Assim se
estimula a solidariedade e se mantêm as tradições, que vão permitir a conservação da memória colectiva
e a formação de espírito de corpo ao longo da vida.
Menos vulgar, e a ser utilizada apenas em casos de necessidade, é a implementação do modelo horizontal
que, por sua vez, integra adolescentes da mesma idade e que estão todos na mesma fase de
desenvolvimento. Isto vai facilitar a integração dos elementos na Equipa (uma vez que partilham
interesses), mas tem algumas desvantagens. Por um lado, quando se dá a passagem simultânea de todos
os elementos para a secção seguinte extingue-se a Equipa e não houve lugar à aprendizagem colectiva e à
transmissão de tradições. Por outro lado, nos jogos e competições sadias, e porque não há equilíbrio de
idades, as Equipas com elementos mais velhos têm mais probabilidades de vencer as mais novas,
perdendo-se os valores da solidariedade e da fraternidade. Por fim, a estratégia do ‘irmão mais velho’,
que orienta e ensina, é impossível de implementar, dado que não há diferenças etárias.
Os adolescentes criam empatias e laços de amizade com relativa facilidade, o que pode promover, em
muito, a integração de novos elementos, sejam eles Noviços ou Aspirantes. Em ambos os casos, deverá
dar-se “espaço” ao Grupo e aos novos elementos a integrar para que possam, de forma espontânea e
informal, criar essas relações de amizade e, assim, se integrarem naturalmente. Pese embora esta
“aproximação” natural, a distribuição de novos elementos pelas Equipas deverá ser, sempre, da
responsabilidade da Equipa de Animação, ouvido o Conselho de Guias.
Sugestão:
Para fazer as Equipas…
- Porque não transformar a formação das Equipas num jogo? Observa-se a constituição da Grupo
e, numa folha, escreve-se, como se fossem regras, obrigatoriedades que é preciso cumprir para
fazer a Equipa. Podem ser critérios de idade e de género… mas também de interesses, estéticos,
de características físicas, etc. Até pode ter sido a Equipa de Animação a fazer as Equipas, mas os
Pioneiros podem sempre pensar que foram eles que, naquele jogo, o fizeram.
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d) – O espírito de Equipa
O espírito de patrulha quer dizer que cada um dos membros da patrulha sente que é parte essencial de um
todo completo e uno – um corpo que a cada membro cumpre executar o seu papel individual com o fim de se
atingir a perfeição e plenitude do conjunto Roland Philipps, in O Sistema de Patrulhas, página 25
São várias as imagens que podem utilizar-se para ilustrar a valia pedagógica, e o que se entende por
espírito de Equipa, ou aquilo que vulgarmente se chama de espírito de corpo – a rede de identidades, de
cumplicidades, de hábitos e tradições que dão coerência e são factor de unificação dos elementos de um
determinado grupo.
Pode dizer-se que uma Equipa se assemelha a um corpo humano: cada órgão e cada membro tem a sua
função e todos funcionam para o mesmo objectivo, mas, se um deles adoece, todo o corpo sofre com
isso e deixa de funcionar perfeitamente. São Paulo, na Carta aos Romanos (Rm 12, 3-8) utiliza
exactamente essa mesma imagem.
O mesmo se passa com uma Equipa que não tenha espírito de corpo: se os seus elementos não fazem ou
sentem que não fazem parte de coisa nenhuma vão desmotivar-se e a Equipa vai deixar de funcionar.
Para que esse espírito de corpo exista, se forme ou cresça, pode recorrer-se a dois tipos de acções:
• Utilizar e incentivar todas as características do trabalho em equipa que a Equipa promove: a divisão
de tarefas, a democracia interna para decisão de interesses comuns, a co-responsabilização, o debate,
etc. Toda a responsabilidade individual, se for devidamente assumida, une e fortalece.
• Recorrer, mostrar ou dar a descobrir aos Escuteiros as ferramentas pedagógicas (objectos, símbolos
e tradições) em que o Escutismo é riquíssimo e que foram idealizadas com vista à distinção e promoção
da identidade das patrulhas. Algumas são sugeridas por B.-P. nas várias publicações e intervenções que
fez (o grito, a bandeirola, por exemplo) e outras (como o Livro de Ouro) foram nascendo com o tempo
Apontamento adicional:
Ferramentas pedagógicas para a promoção do Espírito de Equipa
- Totem ou Patrono
Totem é o animal e Patrono é o nome da individualidade que cada Equipa escolhe para servir de seu nome, a
identificação primária e mais básica. Dessa escolha resulta o uso do nome mas devem ser assumidas,
também, as suas vivências, as qualidades e virtudes que lhe estão comummente atribuídas. No caso de um
animal pelo estudo desse animal, morfologicamente mas também dos seus hábitos, lendas que lhes estão
associadas, etc. No caso de individualidades devem os Pioneiros ser capazes de reconhecer os méritos e os
factores de notabilidade da vida da personalidade escolhida.
Sugestão:
- Ver sugestão descrita acima em relação aos meios auxiliares para escolha do nome da Equipa
- Há santos que têm ligação hagiográfica a certo animal, o que faz com que esse santo possa
ser usado como patrono da Equipa cujo totem seja esse animal. Exemplos? São Francisco de
Assis e o Lobo e a Pomba, São João e a Águia, São Marcos e o Leão, São Lucas e o Touro…
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Apontamento adicional:
Continuação…
- Divisa ou Lema
Frase escolhida de acordo com o nome da Equipa e que deverá fazer referência às características mais
evidentes do Totem/Patrono. Esta frase deve exprimir e ser encarada como o objectivo que a Equipa pretende
alcançar.
- Grito
Sinal sonoro, utilizado exclusivamente pelos membros da Equipa, que imita o som produzido pelo totem. O grito
permite que a Equipa comunique entre si, distinguindo-se das outras, mas serve também para chamar todos os
seus elementos para reunião ou formatura e para, na formatura (onde é lançado pelo Guia), informar que a
Equipa está pronta para ouvir e se apresentar. Salientava B.-P., no Escutismo para Rapazes na página 35, que
“nenhum Escuteiro poderá servir-se do grito de patrulha que não seja a sua”.
- Bandeirola
Pequeno estandarte da Equipa, é um sinal da presença dela e deve acompanhá-la em todas as ocasiões. Deve
ocupar um lugar especial no canto da Equipa, porque é honrada e querida pelos elementos (nunca deve ser
maltratada ou deixada ao acaso). Pode ser adquirida no Depósito de Material e Fardamento, mas é
aconselhável que seja feita pelos Pioneiros, nascendo da sua imaginação. Pode ser fabricada em diversos
materiais (penas, pêlo, tecido, etc.) e ter diferentes formas (triangular, rectangular, etc.). Deve sempre
respeitar as dimensões máximas de 25cm X 40cm e reproduzir obrigatoriamente o totem. Pode ainda conter o
lema, as cores do animal, etc. A vara do Guia, que a suporta, pode ser decorada com elementos a gosto da
Equipa, como entalhes, desenhos, troféus, nomes, etc..
- Livro de Ouro
Caderno confidencial a que poderão aceder apenas os elementos actuais e os do passado da Equipa.
Serve para transmitir aos futuros elementos as experiências vividas, na medida em que regista todos os feitos
e acontecimentos marcantes da vida da Equipa. Regista, assim, a sua história, os motivos de orgulho do seu
passado e os acontecimentos relevantes do presente. Guarda, também, a descrição do totem, o grito e lema,
códigos secretos, nomes dos elementos que passaram pela Equipa, actividades realizadas, competências
obtidas, etc., através de textos, fotografias, desenhos. É no Livro de Ouro que se registam ainda as tradições,
instrumentos fundamentais para fazer com que a Equipa seja única e igual a si mesma. O carácter secreto
empreendido em algumas dessas tradições aguça e fortalece o espírito de corpo (elas são exclusivas da
Equipa e mais ninguém pode partilhá-las, a não ser que tenha a honra de ingressar na Equipa). Estas tradições
podem ser instituídas e conseguidas nas mais diversas formas: através de simbologias próprias, de rituais e
cerimoniais, de códigos secretos, de nomes de totem, etc. Dada a riqueza deste Livro e a sua importância,
deve ser decorado com cuidado e muito bem tratado (deve ser quase uma obra de arte). A sua natureza
secreta leva a que só deva ser aberto de forma cerimoniosa e pelos elementos da Equipa.
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Apontamento adicional:
Continuação…
Ferramentas pedagógicas para a promoção do Espírito de Equipa
- Totens pessoais
Seguindo a tradição dos Peles-Vermelhas, tornou-se hábito cada escuteiro adoptar um totem pessoal. Trata-se
de um nome usado pelo próprio e pelos seus irmãos escuteiros, quase como uma segunda identidade,
exclusivamente escutista. O totem pessoal é um animal que personifica as características do escuteiro e com o
qual ele se identifica ou cujas capacidades gostaria de ter. É seguido de um adjectivo que deve ser uma
característica do escuteiro ou algo que pretenda conquistar. É possível que o animal totem de uma Equipa seja
aquele com o qual todos os elementos se identifiquem, sendo adoptado para totem pessoal de todos. Contudo,
isto não é obrigatório.
- Canto da Equipa
Sempre que possível, deve existir no Abrigo um local exclusivamente reservado à Equipa e a que só ela e
a chefia podem aceder. Este canto é da responsabilidade da Equipa e pode estar organizado e decorado
como ela entender. Deve, no entanto, exigir-se asseio e ordem. O canto pode incluir, entre outras coisas,
espaço para os materiais da Equipa (cordas, ferramentas, material escolar, etc.), quadros variados (de
informações, de nós, de sinais de pista, de presenças, com colecções), local para arrumar as varas,
decoração relacionada com o totem, etc. Pode ainda ter um nome associado ao totem – ‘Ninho do Corvo’,
‘Ramo da Serpente’, ‘Covil do Lobo’, ‘Toca da Raposa’, etc.
- Competição Inter-Equipas
Através da atribuição de pontos a todos os aspectos da vida das Equipas, na sede e das actividades –
assiduidade, limpeza dos cantos e campos, vitórias em jogos, comportamento, respeito pela Lei, alegria, etc – é
possível criar um sistema de competição entre as Equipas a que se pode chamar de Inter-equipas. A pontuação
obtida por cada Equipa é registada num painel no Abrigo, à vista de todos e funciona como incentivo e
vontade de ser (o) melhor.
A definição de pontuações, à partida, pode ser importante instrumento pedagógico. De facto, a competição é
uma ferramenta riquíssima na animação dos grupos de escuteiros e torna as tarefas mais simples ‘missões’ de
grande importância. A competição entre as Equipas, ao longo de um ano escutista, ou mesmo durante um
Empreendimento, organizada com sentido de justiça, atenção e dedicação possui várias vantagens: faz
crescer substancialmente o espírito de corpo (todos são obrigados a ‘lutar pela sua Equipa’), promove o
respeito pelas regras, ensina a lidar com a derrota e a vitória, desenvolve a eficiência e o gosto por ser
melhor, etc.
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II. Cargos e Funções dos seus membros
O Sistema de Patrulhas, tal com B.-P. o pensou, aposta amplamente na atribuição de cargos individuais.
Assim se entrega a cada Escuteiro a execução de uma tarefa pessoal dentro da Equipa. Responsabilizado,
desta forma, perante os outros no que concerne à sua actuação, ele sente-se indispensável à Equpa e
conquista um lugar de importância junto dos outros: pode assumir a qualquer momento a liderança da
situação (ao acudir a um ferido, é ao socorrista que cabe a tarefa de chefiar a patrulha, etc.) e deve
revelar espírito de iniciativa e criatividade na resolução dos problemas.
Esta divisão de tarefas permite que os jovens aprendam progressivamente a desempenhar diversos
papéis de forma responsável e se preparem para a vida.
Será esse um dos grandes objectivos da metodologia do Sistema de Patrulhas: que cada Escuteiro
cresça consciente do seu valor e do seu lugar na sociedade, tendo sempre por base a alegria, o respeito
pelos outros, a partilha e a fraternidade. Assim, é-lhe proporcionado um crescimento e uma valorização
pessoal que servirão de pilares para a vida.
O desempenho de um cargo no seio da Equipa ou de uma função no Empreendimento constitui uma
oportunidade de ouro para progredir. Isto porque o exercício de cargos e funções privilegia o
crescimento em várias áreas.
1) O Cargo
Dentro da Equipa, é conveniente que todos possuam um cargo, na medida em que este constitui uma
forma de motivar a participação do Escuteiro e de desenvolver o seu sentido de responsabilidade
individual e de utilidade para o bem-estar dos outros.
Conceito: CARGO
Por cargo, entende-se a responsabilidade que é atribuída a cada elemento de forma fixa e estável
ao longo de, pelo menos, seis meses (socorrista, tesoureiro, animador, etc.).
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Recomenda-se que existam pelo menos os seguintes cargos básicos:
Guia,
Sub-guia,
Secretário/Cronista,
Tesoureiro,
Guarda do material.
Estudo de caso
Dar aos miúdos cargos que o possam incentivar a desenvolver determinadas carcaterísticas numa
área em que pode ter algumas dificuldades.
A descrição das tarefas e responsabilidades em cada um destes cargos está apresentada nos Cadernos de Função e no Manual
do Guia de Patrulha.
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único, devendo, para isso, procurar saber mais sobre as responsabilidades que lhe são inerentes ao longo
do período de tempo em que o detém.
Sugestão:
A Equipa de Animação deverá considerar a oportunidade de organizar ateliês para cada um destes
cargos, recorrendo, por exemplo, aos jovens que desempenharam esses mesmos cargos no ano
anterior, a outros dirigentes, pais, etc.
a. Cargos Básicos
1) O Guia
“O grupo ou bando é a unidade natural entre os rapazes, quer para a brincadeira, quer
para o mal, e o rapaz de carácter mais decidido entre eles é geralmente escolhido para
chefe.” Baden-Powell, in O sistema de patrulhas, p. 7 (introdução)
Um dia perguntaram a Baden-Powell que cargo escolheria, no Escutismo, se não fosse Chefe
Mundial. Ele respondeu: “Se me permitissem escolher, escolheria o de Guia de Patrulha”.
Pistas para o Guia de Patrulha (J. Marques da Silva, Edições Flor de Lis, 1970)
O cargo de Guia é muito importante, pela capacidade de liderança que implica. De facto, numa unidade
onde é correctamente implementado o Sistema de Patrulhas, o Chefe tem no Guia um grande aliado na
condução do Grupo: ele actua como intermediário entre a Equipa de Animação e os restantes escuteiros
e é a ele que compete (e nunca ao Dirigente) a liderança da patrulha.
Sugestão:
Quando necessita de dar uma ordem ou informação, o dirigente deve sempre comunicá-la aos
guias para que estes a façam chegar às suas patrulhas. Nunca deve falar para o grande grupo
como se todos fossem iguais: se o fizer, que valor dá aos guias?
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Ao Guia compete:
- Dirigir e animar a sua Equipa;
- Distribuir tarefas e cargos;
- Transportar a bandeirola da Equipa;
- Representar a Equipa nos Conselhos de Guias;
- Nomear o Sub-Guia, ouvida a Equipa.
Este ‘poder’ que o cargo de Guia tem atrai, por norma, a todos os elementos da Equipa, que assim
aspiram a vir a exercer tarefas contínuas de liderança. No entanto, e pelas consequências negativas que
uma má escolha acarreta, há que ter especial atenção à sua eleição. De facto, um mau Guia, incapaz de
liderar, de assumir a Lei ou de assumir responsabilidades, dá origem a Equipas fracas, desorganizadas ou
que não conhecem o espírito de corpo.
Estudo de caso:
Uma patrulha escolheu como guia o seu líder natural que, por acaso, não tem um
comportamento exemplar. Compete à equipa de animação, nestes casos, encontrar estratégias
para que esse guia sinta a importância do cargo e melhore a sua conduta até se tornar um
exemplo a seguir. Muitos escuteiros com condutas pouco adequadas têm apenas falta de auto-
estima e, como não querem perder o cargo (através do qual adquirem uma importância que
nunca tiveram), respondem muito bem ao reforço positivo e à exigência dos dirigentes.
Apesar deste cuidado, não deve ser o Dirigente a impor a sua escolha à Equipa, embora deva ter em
atenção, por exemplo, a necessidade de ter elementos de ambos os sexos na liderança das Equipas. Na
medida do possível, devem ser os elementos a escolher o seu Guia, embora, para isso, possam contar
com indicações do Chefe sobre o perfil que ele deve possuir. Este perfil não deve impedir o líder natural
da Equipa de ascender ao cargo.
Lembremos, também, que a eleição do Guia deve ser secreta.
Para evitar más lideranças, o chefe deve promover momentos de formação para os seus Guias. Estes
momentos podem passar por encontros de formação específica para Guias ou podem surgir nos Conselhos
de Guias.
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§ - O Guia de Grupo
Para além do Guia de Equipa, a Unidade ainda pode ter um Guia de Grupo, que deve ser eleito, também,
por voto secreto individual, em Conselho de Grupo. O seu mandato termina no final do ano escutista no
decorrer do qual foi eleito, mas pode ser interrompido por decisão do próprio ou por determinação do
Conselho de Guias.
Apesar de a sua existência não ser obrigatória, para o Chefe de Unidade, o Guia de Grupo é uma grande
mais valia, uma vez que ele é o elo de ligação entre as Equipas e a Chefia, exercendo funções de liderança
e aconselhamento. Para além disto, representa todo o Grupo e coopera com todos os Guias de Equipa na
interpretação das dificuldades e valências de cada um dos elementos.
Por esta razão, deve ser um exemplo a seguir para os outros, tanto na sua postura, como no seu
Progresso Pessoal. Para além disto, deve revelar capacidades de liderança e organização.
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2) O Sub-Guia
O Guia é acompanhado, na sua função de liderança, pelo Sub-guia, um elemento da Equipa que o co-
adjuva e, também, o substitui em caso de ausência. Esta função reveste-se, assim, de especial
importância.
Para que entre Guia e Sub-guia haja um espírito forte de união e cooperação, é essencial que ambos se
conheçam bem. Por essa razão, o Sub-guia não deve resultar de uma imposição do Chefe ou de uma
eleição da Equipa: deve ser uma escolha pessoal do Guia, que tende naturalmente para seleccionar um
amigo ou um elemento com quem tem afinidades. Assim se promove a complementaridade e interajuda.
“A tarefa de dirigir uma Patrulha é tão importante que não se poderá esperar que um rapaz a
desempenhe só por si. (…) O Sub-Guia é um rapaz escolhido pelo Guia para seu ajudante. É essencial
que o Guia e o Sub-Guia trabalhem em íntima colaboração. O Chefe que escolhe os Sub-Guias comete
um erro.” Roland Philips, O sistema de patrulhas, p. 14
Compete ao Sub-guia auxiliar o Guia em todas as suas tarefas, acompanhando-o de forma próxima. Não
apenas para o apoiar, mas também para ir desenvolvendo as suas capacidades de chefia. Como este
cargo é subsidiário, o elemento que o desempenha pode acumulá-lo com outro cargo dentro da
patrulha.
3) O Secretário/Cronista
4) O Tesoureiro
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demais receitas da Equipa e recolha das mesmas;
- Orçamentar as actividades da Equipa, bem como o respectivo controlo
orçamental;
- Planificar as campanhas de angariação de fundos da Equipa.
5) O Guarda do Material
b. Cargos Complementares
6) O Animador
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7) O Socorrista/Botica
8) O Intendente
9) O Informático
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Em resumo, os cargos caracterizam-se por:
Desempenho de um cargo Ao longo do ano
Duração do cargo 6 meses a 1 ano
Distribuição dos cargos Pelo guia eleito
Recomenda-se 1 cargo por jovem
Cargos básicos Guia, Sub-guia, Secretário/Cronista, Tesoureiro, Guarda do Material
2) A Função
Conceito: FUNÇÃO
Por função entende-se uma responsabilidade temporária que é atribuída a cada elemento. Assim,
por exemplo, num Empreendimento que contemple um acampamento, poderá haver necessidade
de existirem um ou mais cozinheiros, encarregados pelas compras e abastecimentos, financeiro,
socorristas, etc. É possível que cada elemento desempenhe mais do que uma função (o guarda-
material pode ser também o encarregado das construções, o animador pode ser também
treinador, etc.).
Também elas, à semelhança dos cargos, estão intimamente ligadas a determinadas áreas de desenvolvimento, podendo ser
usadas como ferramentas de auxílio à progressão de cada elemento.
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Quadro ilustrativo de funções
Secretário/Cronista Intelectual Carácter Ter gosto pela escrita e ser, normalmente, um elemento
organizado. Coordenar painel de actividade, registar os
Social acontecimentos e preparar o relatório
Relações públicas Intelectual Carácter Coordenar contactos com exterior da Equipa (outras Equipas,
secções, grupos, agrupamentos, entidades, etc)
Social
Guarda do material Intelectual Carácter Deve ser um elemento com especial interesse pelo equipamento.
Prepara lista de material da Equipa, faz constante o controlo do
Físico inventário, tentando com isso identificar falhas, e resolver
pequenos problemas no equipamento que tenta resolver com o
Guarda Material da Equipa. Em Campo será o responsável pelo
estaleiro de material e por alertar todos os elementos para os
cuidados a ter com a utilização do equipamento e para a
segurança dos elementos.
Animador Espiritual Carácter Sente-se à vontade para animar a Equipa ou o Grupo, e memoriza
facilmente letra, musicas ou danças, assim como gritos de
Social animação. Será responsável por animar tanto os momentos
dinâmicos como os de reflexão e oração.
Afectivo
Socorrista/Botica Físico Carácter Responsável pela Mala de Primeiros Socorros da Equipa, tenta
saber tudo o que tem de estar nessa mala, onde está, se está
Social guardado em condições de higiene, e dentro do prazo de validade.
Tem de saber para que serve cada uma das coisinhas do
Intelectual inventário, e o modo de aplicação. Sempre que não souber,
mostra interesse em se informar e formar.
Análise das condições ambientais do local de actividade
Ambientalista Social Carácter
Tratamento de lixos
Racionalização de recursos
Condições sanitárias e de higiene
Programação de compras
Intendente Intelectual Carácter
Locais de compra e preços
Físico Distribuição dos ingredientes pelos elementos da Patrulha
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Função Área Outras Breve descrição
principal áreas
Encarregado das Intelectual Carácter É uma pessoa com um interesse especial por projectos de
construções construções de campo. Faz pesquisas sobre construções e tenta
Físico arranjar um projecto bem desenhado e calculado ao pormenor.
Analisa as condições físicas do local, coordena as construções,
faz listas de materiais necessários para o Tesoureiro orçamentar
e para o Intendente programar compra
Cozinheiro Físico Carácter Será um elemento que gosta de cozinhar, e nessa actividade vai
estar na cozinha a fazer aquilo que mais gosta junto com o
Intelectual cozinheiro da Equipa. Antes de ir para campo, colabora com a
construção da ementa para a Actividade.
Descodificador Intelectual Carácter Será a pessoa que tem especial interesse por códigos e aprende
Físico a descodificar mensagens com rapidez e eficácia. Também pode
tratar de inventar novos códigos, onde apenas os elementos da
sua equipa os possam perceber.
O desempenho destas funções pode ser feito pelo detentor do cargo (tesoureiro – financeiro; secretário
– repórter; etc), mas isto não é obrigatório (o tesoureiro da Equipa pode, numa actividade, ter a função
de cozinheiro, por exemplo). No entanto, o facto de o desempenho de uma determinada função
(financeiro, por exemplo) ser exercido por um escuteiro diferente do tesoureiro (cargo), não diminui as
responsabilidades deste último nem o substitui. O tesoureiro continua a ser responsável pela cobrança
de quotas ou pelo controlo da actividade financeira da patrulha, por exemplo. É ele que tem que reunir
com os financeiros, a fim de analisar com eles os orçamentos por estes feitos, avaliar as necessidades de
fundos e, no final do Empreendimento, receber e conferir as contas dos financeiros.
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Sugestão:
Para que cada um saiba exactamente o que fazer e quando fazer, o dirigente pode sugerir aos seus
Guias a elaboração, nas actividades que o justificarem, a elaboração de escalas de serviço. Esta
ferramenta permite aumentar a eficácia da Equipa (cada um tem noção exacta da sua
responsabilidade) e ajuda a reforçar o espírito de corpo, já que todos se sentem a contribuir para o
bem do Grupo.
A periodicidade do exercício da função deverá ser avaliada actividade a actividade, promovendo-se assim a rotação de funções
e valorizando as experiências que cada um pode ter ao longo do ano ou da sua vivência na secção.
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III. Equipas de Animação e Tarefas
“Os princípios do Escutismo estão todos certos. O êxito da sua aplicação, depende do Chefe
e do modo como ele os aplica.” In Auxiliar do Chefe Escuta
A dimensão das Equipas de Animação dependerá do efectivo da Unidade. Idealmente, e muito embora
por vezes seja difícil de satisfazer, deverá existir um animador adulto para cada dez Pioneiros.
Assim, as Equipas de Animação deverão ser constituídas por um Chefe de Unidade, um Chefe de Unidade
Adjunto, Instrutores e eventualmente CIL’s e Candidatos a Dirigente.
Atendendo a que a realidade evidencia a existência de Unidades mistas, será fundamental e altamente
recomendável que a Equipa de Animação também o seja, sob pena de se criar algum desconforto dos
elementos perante determinado tipo de situação que possa ocorrer. Certamente haverá situações e
necessidades específicas dos elementos que os farão buscar apoio no animador do mesmo sexo, pelo que
é importante que esta premissa seja salvaguardada.
É importante que na execução das suas tarefas, o Animador adulto não substitua os seus elementos,
especialmente os Guias. Muito embora por vezes a “tentação” seja grande, há que dar espaço para
que os elementos desenvolvam em pleno as suas funções. O Animador deve orientar e esclarecer os
elementos relativamente às tarefas que têm para desempenhar. Substituir toldará a capacidade de
desenvolvimento do Escuteiro, podendo-lhe erroneamente dar a entender de que “não é capaz, por
isso o chefe faz”.
A qualidade do Escutismo praticado, a inovação nas actividades, a cativação e motivação que é
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necessária empreender na Unidade (as “injecções de entusiasmo”), dependem da boa
afinidade/interacção e da capacidade de trabalho patente na Equipa de Animação. Por isso, para que
os objectivos traçados sejam alcançados e para que se tenha uma Unidade motivada, é importante
que a Equipa de Animação reúna com frequência. É importante que não vigore o improviso, e que
este seja apenas um recurso a uma situação inesperada e não seja, de forma alguma a regra.
Ainda que sendo transversal ao Agrupamento, o Assistente deverá integrar a Equipa de Animação, sendo
um precioso auxílio uma vez que lhe é atribuída toda a assistência religiosa.
a) Reunião de Equipa
Uma reunião de Equipa deve ser muito própria e muito íntima, devendo estar directamente relacionada
com a Equipa e só a ela dizer respeito. Por outras palavras, deverão existir tantos tipos de reuniões de
Equipa quantas Equipa existirem, desde que cada uma delas contenha alguns elementos que são
fundamentais, e que distinguem uma reunião de Equipa de outra reunião qualquer.
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O esquema seguinte, não é uma “receita” para todas as reuniões mas pode servir de orientação e
de “guia”:
A reunião de Equipa, enquanto momento íntimo de partilha, organização e criação, deve ser exclusivo da
mesma. Por isso, o animador adulto, os dirigentes apenas deverão participar se e só se tal for solicitado.
b) Conselho de Guias
Ver também:
Regulamento Geral do CNE
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“ O Conselho de Guias é tão velho como o Escutismo e é fundamento essencial para um
Escutismo eficiente no Grupo. Sem o Conselho de Guias a procurar desempenhar as suas
funções eficazmente, o sistema de Patrulhas está condenado (...) ao fracasso...”
John Truman
Este conselho é o órgão permanente que, sob a coordenação do Chefe de Unidade, orienta a vida do
Grupo. Aqui, mais que nunca, o Guia marca a sua posição de responsável da Equipa, ou não fosse o
Conselho de Guias o elemento mais importante do Sistema de Patrulhas.
Nas Reuniões e Conselhos o Guia deve procurar apresentar-se como o delegado do Equipa: por um lado,
para fazer valer os interesses, projectos e realizações do Equipa; por outro para receber indicações e
advertências a respeito da mesma.
Como responsável pelo Equipa, o Guia deve pôr a Equipa de Animação ao corrente dos progressos e
dificuldades de cada um dos seus elementos. Como conselheiro, o Guia deve também participar com as
suas sugestões, ideias e aprovações na orientação definida para a Unidade.
É importante que o Guia se aperceba da amplitude de acções e de responsabilidades que têm enquanto
membro dos Conselhos.
1. Constituição
O Conselho de Guias é composto pelos Guias de Equipa e pelo Chefe de Unidade. Poderão participar,
também, os Sub-guias e todos os elementos da Equipa de Animação.
No entanto, a constituição do Conselho de Guias deverá ter em atenção a própria constituição do Grupo
e o número de Equipas existente. Se o Grupo for extenso, com cinco Equipas, por exemplo, poderá
tornar-se demasiada a participação conjunta de Guias e Sub-Guias e de toda a Equipa de Animação.
Paralelamente, esta situação acarreta uma outra: se Guias e Sub-Guias estão presentes no Conselho e se
este se realiza no horário normal de actividades do Grupo, quem orienta a Equipa? E quem orienta o
restante Grupo se a totalidade da Equipa de Animação estiver no Conselho?
Deverá por isso haver algum bom senso na dinamização deste Conselho, sob pena de conduzir o Grupo
ao “abandono”. Esta situação pode ser facilmente resolvida se o Conselho se efectuar fora do horário de
actividades da Unidade. Antes permite preparação, depois permite avaliação.
Gere os trabalhos da reunião o Guia de Grupo. Não havendo este cargo a tarefa caberá a quem o
conselho definir.
Sugestão:
E porque não “converter” o Conselho de Guias num jantar em casa do Chefe de Unidade?
Este momento de maior “intimidade” trará inúmeros benefícios: a informalidade, a
aproximação entre Animador adulto e Guias, a partilha de vivências, se “segredos”, de
preocupações, a cumplicidade e a confiança.
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2. Tarefas
Após a aprovação de cada Empreendimento, e havendo responsáveis das oficinas (ateliês) com quem é
necessário reunir para que o Empreendimento se possa concretizar, estes podem ser chamados ao
Conselho de Guias para ajudar a:
- Seleccionar os meios que são necessários para a execução da parte
técnica do projecto;
- Fixar a "clientela" de cada ateliê;
- Inventariar as potencialidades de cada atelier, deixando margem à
criatividade;
- Integrar as competências potenciais a tirar durante o projecto;
- Inventariar e prever os meios materiais e financeiros para a
realização do Projecto.
- Seleccionar os meios;
- Comprovar a possibilidade de resolução dos problemas;
3. Periodicidade
A periodicidade deverá ser estipulada pelo próprio conselho. Todavia, sugere-se uma regularidade
semanal. Deve ser diária em campo. Ou seja, analisado caso a caso
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4. Valores Pedagógicos do Conselho de Guias
- Sentido de organização;
- Sentido de chefia e responsabilidade;
- Diálogo e cooperação;
- Liberdade e autonomia.
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5. O Papel do Animador Adulto
Mais uma vez, o Animador deverá estar ciente das suas atribuições e competências no seio do Conselho
de Guias. Muito embora lhe compita a coordenação, não deverá substituir-se ao Guia de Grupo e aos
Guias.
c) Conselho de Lei
Ver também:
Regulamento Geral do CNE
Nos casos disciplinares com reconhecida gravidade o Conselho de Guias irá assumir o papel de Conselho
da Lei.
1. Constituição
- Equipa de Animação;
- Guias;
- Elementos implicados no caso.
Pode chamar outras pessoas para ajudar – assistente, chefe de
agrupamento, testemunhas
2. Tarefas
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- Tomar medidas para que o caso não se volte a repetir;
- Decidir se o caso deve ser apresentado na Reunião de Direcção do
Agrupamento.
3. Periodicidade
Este conselho reunirá apenas quando existam fortes razões para tal.
- Sentido de chefia;
- Capacidade de decisão e responsabilidade;
- Sentido de integração na vida comunitária;
- Respeito pelas ideias e opiniões alheias.
- Visão crítica e avaliação.
À semelhança do Conselho de Guias, o Animador não se deverá sobrepor ao Guia de Grupo e aos
restantes Guias. Todavia, neste Conselho deverá ter especial atenção às emoções geradas, tentando por
isso acalmar os ânimos e apelar ao verdadeiro sentido de justiça.
Assistirá à Equipa de Animação o direito de veto da decisão tomada pelo Conselho.
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d) Conselho de Grupo
Este Conselho é fundamentalmente deliberativo. Aqui será onde toda a Unidade se vai reunir com o
propósito de tratar de assuntos comuns e de escolher um Empreendimento. Cada Equipa, através do seu
representante, tem oportunidade de publicitar as vantagens e qualidades da sua proposta, colocar-se à
disposição de quaisquer dúvidas e interpelações de modo a obter a aprovação do Grupo.
1. Constituição
- Toda a Unidade.
2. Tarefas
- Escolher o Empreendimento (um voto por cada Pioneiro);
- Enriquecer o Empreendimento escolhido, havendo acordo do Grupo, com partes
de outros ante-projectos não escolhidos;
- Dar sugestões sobre os ateliês necessários;
- Analisar o êxito dos Projectos;
- Preparar a Festa do Empreendimento;
- Analisar o bom funcionamento das Equipas e o seu progresso;
- Analisar o funcionamento dos ateliês e se o trabalho de cada Pioneiro nos mesmos,
atingiu o nível técnico pretendido;
- Analisar o comportamento da equipa coordenadora;
- Analisar a evolução técnico-espiritual de cada Pioneiro;
- Descobrir os sinais da presença de Cristo no seio da Unidade e
durante o Empreendimento.
Paralelamente é também neste Conselho que o Grupo reconhece o progresso de cada Pioneiro realizado
ao longo do projecto, as distinções e os prémios. São discutidos aqui, perante a Equipa de Animação, as
opiniões de todos os Pioneiros.
3. Periodicidade
Quando o Conselho reúne com o propósito de escolher o Empreendimento, o Animador deverá ter um
papel de coordenação, sem ingerência demasiada, no sentido de deixar fluir as propostas e ambições dos
membros do conselho relativamente ao que pretendem com o Empreendimento que estão a preparar.
Para além disto, desempenha ainda um papel organizativo, na medida em que fará a gestão das
diferentes propostas elaboradas pelas Equipa; aquando da votação, deverá contabilizar os resultados.
Se o Conselho reúne para avaliação do progresso dos Pioneiros, o Animador deverá coordenar as
intervenções, ouvir as opiniões dos Guias e restantes elementos, ajudar a delinear projectos que visem
cumprir os objectivos traçados pelos elementos relativamente ao seu progresso individual.
V. Sede
O "território" da Equipa é, por excelência, o campo, a Natureza. Todavia, como nem sempre é possível
estar em comunhão com ela, cada Grupo tem o seu Abrigo, que é então o local onde se reúnem as
equipas. O Abrigo deverá ser intímo, exclusivo, é o seu “território”, é um espaço onde se “respiram” as
tradições e o espírito das Equipas.
No Abrigo, deve haver lugar para os cantos das Equipas, espaço (estante, armário, baú) exclusivo para a
chefia, oratório, espaço comum para reuniões de conselhos de grupo, de Guias e de Equipa de Animação.
Para além disto, convém que tenha espaço para o painel do Empreendimento e diversos quadros, um
painel do progresso (onde é registado o progresso de cada elemento), ordens de serviço, pontuação
inter-Equipas, escalas de serviço para tarefas comuns. Pode haver também lugar para quadros
decorativos (sistema de progresso, fardamento, Baden-Powell, lei e princípios, sinais de pista, etc.).
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2 – Mística e Simbologia
Introdução
A criação do Escutismo resulta de uma aturada reflexão de Baden-Powell, a partir da sua experiência
como condutor de homens e da meditação sobre a educação dos jovens. Tudo começou no momento em
que assumiu como missão dar um sentido à vida de tantos rapazes que mergulhavam numa existência
desequilibrada de vícios e delitos. O Movimento Escutista possui assim, na sua génese, uma intenção
educativa e a sua finalidade é clara:
«O fim é o carácter – carácter com um propósito. E esse propósito é que a próxima geração seja
dotada de bom senso num mundo insensato, e que desenvolva a mais elevada concretização do
Serviço, que é o serviço activo do Amor e do Dever para com Deus e o próximo».
BP-RF 80
Assim se sintetiza o Espírito Escutista, que surge como ideal de vida a transmitir às gerações mais novas.
Para o conseguir, Baden-Powell criou um movimento baseado no Jogo, onde abundam histórias,
ambientes, pessoas/heróis, símbolos. Numa palavra: cria um Imaginário.
Este Imaginário não tem apenas uma intenção lúdica. Busca também educar. E, esta intenção educativa
faz despontar a Mística, que constitui a expressão do ideal espiritual a transmitir, sendo como que a alma
do jogo, aquilo que lhe dá sentido. Para Baden-Powell, a transmissão de valores religiosos é essencial e
constitui o âmago do Movimento: este existe para ajudar cada rapaz a aproximar-se de Deus e a esforçar-
se por cumprir a Sua vontade.
Neste sentido, e porque o CNE, enquanto membro activo da Igreja, procura educar catolicamente, os
valores da Igreja constituem a substância da Mística que se procura desenvolver em cada secção.
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Em sentido estrito, entende-se por Mística:
Proposta de enquadramento temático e vivência espiritual para cada uma
das secções, que visa aprofundar a descoberta de Deus e a comunhão em
Igreja.
Para que toda esta vivência seja completa, recorre-se a símbolos que ajudam a transmitir e reforçar o
ideal presente no Imaginário e na Mística.
São patronos: Nossa Senhora, Mãe dos Escutas, S. Jorge (patrono mundial do Movimento Escutista),
Beato Nuno de Santa Maria (patrono do CNE) e também S. Francisco de Assis (patrono dos Lobitos), São
Tiago Maior (patrono dos Exploradores), São Pedro (patrono dos Pioneiros) e S. Paulo (patrono dos
Caminheiros).
Para além dos patronos, cada secção pode ainda recorrer a modelos de vida e grandes figuras históricas
cuja vida, ou alguns aspectos desta, pode servir de exemplo. São, por isso, referências a ter igualmente
em conta.
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Mística do Programa Educativo do CNE
A Mística do Programa Educativo do CNE assenta num esquema de quatro etapas, com vista a uma
formação humana e cristã integral, sólida e madura. Estas etapas são sequenciais – cada uma é
trabalhada para uma secção, ainda que de forma não estanque – e complementam-se (nenhuma vale por
si mesma), na medida em que estão interligadas e adquirem o seu pleno sentido na sobreposição das
partes. Desenrolam-se na lógica de um caminho a percorrer, constituindo um itinerário de crescimento
individual e comunitário proposto a cada escuteiro:
- O louvor ao Criador: o Lobito louva Deus-Criador, descobrindo-O no que o rodeia;
- A descoberta da Terra Prometida: o Explorador aceita a Aliança que o conduz à descoberta da Terra
Prometida;
- A Igreja em construção: o Pioneiro assume o seu papel na construção da Igreja de Cristo;
- A vida no Homem Novo: o Caminheiro vive cristãmente em todas as dimensões do seu ser.
No percurso sugerido, procura-se que o Escuteiro compreenda que a sua vida tem duas dimensões
essenciais, uma sobrenatural e uma natural, e que ambas se relacionam intimamente: Cristo, Senhor da
Vida, não se reduz à vivência espiritual e mística do Homem; Ele está presente na vida do dia-a-dia e ao
longo de toda a existência humana. É, por isso, presença constante na vida de um Escuteiro.
Nesta perspectiva, o itinerário proposto está sempre centrado em Cristo, pois tem no Senhor o seu centro
e fonte de irradiação de sentido.
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Mística dos Pioneiros: «A Igreja em construção».
Sinal da chegada à Terra Prometida, o estabelecimento da Nova e Eterna Aliança marca o início de um
tempo novo. Cristo, com palavras e obras, inaugura na terra o Reino de Deus e institui a Sua Igreja para
ser portadora desta novidade.
Pedra viva do Templo do Senhor, o Pioneiro é chamado a assumir o seu lugar na construção da Igreja,
colocando os seus talentos ao serviço da Comunidade e assumindo a tarefa de ser construtor de
comunhão.
Tal tarefa não é fácil: numa idade em que a dúvida se instala, o desafio é ajudar a que o
Pioneiro/Marinheiro seja capaz de ultrapassar as suas perplexidades, compreenda a grandeza do amor de
Deus e se assuma como cristão convicto e actuante.
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Imaginário e simbologia dos Pioneiros
O imaginário da Terceira Secção gira todo à volta do Pioneiro, aquele que, depois da descoberta do
mundo que o rodeia, é assolado por um sentimento de insatisfação, de um ímpeto de fazer diferente, de
mudar, de inovar, que o leva a soltar-se do que considera supérfluo para pôr mãos à obra na construção e
concretização do seu sonho, das suas ambições. Nesta tarefa preocupa-se em conhecer o que há, em
saber o que já foi feito por outros, em conhecer e melhorar as suas próprias capacidades, em adquirir as
ferramentas de que precisa.
Reúne, a seguir, as vontades para o seu empreendimento. O Pioneiro prefere trabalhar em equipa, em
conjunto, e o seu querer e o dos outros é capaz de, realmente, transformar, inovar, construir. O Pioneiro é
o insatisfeito, o que primeiro inova e primeiro constrói a comunidade.
Reconhecemos este perfil em Pedro, o pescador de homens e construtor da Igreja nascente,
reconhecemo-lo nos primeiros navegadores e nos primeiros colonos das novas terras do Novo Mundo,
mas, também, nos primeiros astronautas, nos cientistas e nos investigadores da modernidade e no rosto
de cada adolescente.
Este é o desafio que deve ser lançado ao adolescente que deseja integrar a secção: em primeiro
lugar, deve buscar uma atitude de desprendimento perante tudo o que é acessório, centrando-se
no que é essencial e lhe permite aprofundar o conhecimento de si mesmo e do mundo. Esta
atitude de desprendimento, aliás, é típica dos adolescentes desta idade, que, na busca da
afirmação da sua maturidade, procuram largar as marcas da sua meninice.
Em segundo lugar, sente necessidade de procurar a razão de ser de tudo – o conhecimento do
mundo que o rodeia, da experiência dos outros, dos limites do que é possível – e de se munir das
ferramentas que lhe permitem adquirir autonomia.
Este conhecimento aprofunda a vontade de transformar o seu sonho em realidade. Neste
processo, não está sozinho: a vontade é colectiva, na medida em que é no grupo e com o grupo
que vai conseguindo concretizar as suas aspirações.
É, assim, em comunidade, no Empreendimento, que atinge o culminar do crescimento na secção:
a capacidade de construção dos seus sonhos e a experiência adquirida ao longo de todo o
processo são o legado que transportam consigo ao partir para uma nova fase.
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O Pioneiro que vive sobre a máxima Saber, Querer e Agir, sendo fiel a si próprio e aos seus sonhos,
facilmente se revê nos símbolos Gota de Água, a Rosa-dos-Ventos, a Machada, e o Icthus (Peixe, símbolo
dos primeiros cristãos).
Para alguém que sente necessidade de mudar, de construir o seu espaço e o seu mundo onde nada existe,
estes símbolos apresentam-se como ferramentas de transformação:
A Gota de Água é símbolo da pureza. É para nós, também, o símbolo do próprio pioneiro, do jovem
enquanto pessoa, indivíduo. Procuramos que seja transparente — consigo próprio e com os outros. Que
seja alento e alimento para os que o rodeiam, Que consiga fazer parte de um grupo, juntar-se a outras
gotas e tornar-se torrente. Nesta individualidade procuramos salientar o SABER. O saber-Ser, o saber-
Estar, o saber-Fazer e todos os outros saberes que vêm ao cimo, resultado do combate que o pioneiro
trava consigo próprio pela marca da individualidade. A Gota de Água torna-se, portanto, um símbolo
apropriado para utilizar perante as áreas de desenvolvimento Intelectual, Espiritual e Afectivo.
A Rosa dos Ventos é símbolo do rumo certo, da boa escolha, da decisão ponderada. É para nós, também,
o símbolo daquilo que é a vida do pioneiro, nas suas escolhas, na sua atitude, no que quer dos outros.
Procuramos que tome sempre o rumo certo, que esteja preparado para optar, para escolher… que possa
falhar, errar, mas em segurança, e que aprenda, que tire das experiências lições de vida. Que seja, de igual
modo, portador de vontades, agregador de desejos e de disponibilidade. Procuramos, com a Rosa dos
Ventos, salientar o QUERER. A importância da escolha, das suas consequências, mas, também, a
importância da vontade, da disponibilidade. A Rosa dos Ventos torna-se, portanto, um símbolo
apropriado para utilizar perante as áreas de desenvolvimento Social, Afectivo e Espiritual.
A Machada é símbolo da construção, da acção. É para nós, também, o símbolo daquilo que é o potencial
do pioneiro, das suas capacidades, da sua energia transformadora, do resultado final da combinação do
que quer com o que sabe... Procuramos que esteja apto a fazer, que domine a técnica, que consiga
converter o sonhado, o desejado, em matéria, em realização e realidade. Procuramos, com a Machada,
salientar o AGIR. A Machada torna-se, portanto, um símbolo apropriado para utilizar perante as áreas de
desenvolvimento Físico e do Carácter e também Espiritual, pois esta dimensão está sempre presente em
toda a acção, ainda que nem sempre de forma explícita.
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O Icthus é símbolo da presença de Jesus Cristo, entre os homens, que estabelece para sempre a nova e
eterna Aliança. O peixe simboliza Jesus Cristo – a palavra peixe, em grego, escreve-se Icthus, que foi, pelos
primeiros cristãos perseguidos, adoptado como acróstico de "Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador” (Iesus
Christos Theou Uios Soter), e símbolo secreto de identificação mútua. É para nós, também, o símbolo da
evidência e da materialização de Deus à nossa frente, como alimento do corpo e da alma. É, também,
símbolo do patrono, São Pedro, um pescador que, convertido, se tornou pescador de homens e
testemunho da construção do novo reino inaugurado por Cristo. Procuramos que para o pioneiro o Icthus
seja símbolo de fé, mas também de lógica e racionalidade assente na incarnação do Verbo de Deus, na
«materialização» de Deus em Cristo, pois fé e razão não se contrapõem. Procuramos, com o Icthus,
salientar o ACREDITAR consciente. O Icthus torna-se, portanto, um símbolo apropriado para utilizar
perante as áreas de desenvolvimento Espiritual e, também, do Carácter e Intelectual.
Cerimoniais
A mística e o imaginário de cada secção, embora presentes em todas as actividades, encontram expressão
concreta nos diversos cerimoniais escutistas.
Estes cerimoniais, tal como todas as actividades que utilizam o método escutista, possuem um cunho
pedagógico que deve ser reforçado em todas as ocasiões. Para que isto aconteça, os cerimoniais devem:
- estar envolvidos por um ambiente escutista, tanto a nível dos conteúdos (Leis, exemplo de B.-P.,
patronos, etc.), como a nível da elaboração (cânticos, imagens escutistas, etc.), o que implica desenvolver
um ambiente “místico” (com recurso a sons, imagens, etc.) que contribua para uma maior receptividade
da mensagem. Será indicado, sempre que possível, utilizar o espaço da Natureza para as realizar (é
preciso não esquecer que a Natureza é o espaço privilegiado para todas as actividades escutistas);
- revestir-se de dignidade e de respeito pelos valores escutistas;
- possuir uma carga formativa, utilizando símbolos, linguagem e duração adequada à secção a que se
dirigem;
- implicar uma participação activa dos escuteiros (não ficam apenas a ouvir), de forma a que se sintam
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integrados na Unidade. Envolver directamente o grupo a que se destina, recorrendo ao auxílio dos
elementos e a alusões sobre as suas características, induz a que todos se sintam envolvidos e motivados.
Este envolvimento deve implicar alguma flexibilidade, para que todos se sintam à vontade para participar.
- ser preparados correctamente e com antecedência (a nível de materiais, duração, ensaios), integrando-
se de forma adequada na vivência das secções e na idade dos participantes.
- ir variando de tempos a tempos: se os cerimoniais nunca mudam, o que, de início, pode parecer que
reforça a coesão do grupo (por se tratar e uma tradição) pode acabar por se tornar antiquado e
desmotivante. Convém, por isso, efectuar, de vez em quando, uma revisão das dinâmicas, dos símbolos
usados e dos valores explorados, para que se possa modificar o que está desactualizado, desadequado ou
incoerente.
Nem sempre os cerimoniais tradicionais das patrulhas (como a permissão para aceder ao Livro
de Ouro) possuem um fundo educativo ou ligado a valores. A este nível, é importante que o
dirigente auxilie os seus elementos a construir cerimoniais que veiculem valores. Para isso, deve
procurar-se que haja referências ao totem e ao lema da Patrulha e aos valores místicos da
Secção, promovendo uma reflexão sobre os gestos, as fórmulas e as acções desenvolvidas, no
sentido de os levar a compreender o seu significado, riqueza e validade.
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3 – Lei e Promessa
I. A LEI
A) um quadro referência de valores
A Igreja e a sociedade possuem um quadro de referência de valores que nos ajudam a viver em
comunidade. Na Igreja, esses valores têm por base os Mandamentos da Lei de Deus. Cada sociedade, por
seu lado, incute valores relacionados com a moral e o respeito por si mesmo, pelo outro e pela
propriedade.
Também o Escutismo possui um quadro de valores que procura incutir a todos os seus elementos, de
forma a ajudá-los a progredir no sentido do Bem. Neste sentido, é portador de uma forte dimensão
espiritual.
Esses valores estão resumidos nos Princípios, na Lei do Escuta e na Promessa e através deles o Escuteiro é
chamado a comprometer-se livremente com ideais que lhe permitem ajudar a construir um mundo mais
justo e mais solidário.
B) Os três Princípios
Os Princípios do Escuta definem as três dimensões de vida com que o Escuteiro se compromete: Deus, a
Pátria e a Família. Cada um deles estabelece um ideal a alcançar, criando metas específicas que visam
desenvolver a responsabilidade de cada um a nível espiritual, social e pessoal.
1.º Princípio: O Escuta orgulha-se da sua fé e por ela orienta toda a sua vida.
O primeiro Princípio do Escuta elege como ideal o compromisso com Deus, fonte de felicidade. Esta
dimensão espiritual está presente no Movimento escutista desde o primeiro momento. De facto, o
Escutismo, tal como BP o idealizou, integra a Fé em todas as suas dimensões: o seu quadro de valores
remete-nos, no seu todo, para propósitos morais que espelham os valores cristãos, razão pela qual é
impossível separar as dimensões escutista e cristã.
O verdadeiro Escuteiro assume sem reservas a sua Fé: comprometido com Cristo, em quem confia como
Salvador do mundo, assume e honra esse compromisso sem hesitação. Toda a sua vida, assim, ilustra a
certeza no amor de Deus: é a Ele que se entrega, é Ele que testemunha em todos os momentos, é Ele que
o guia toda a vida. E poe Ele se entrega aos outros, ajudando-os, numa atitude permannte de serviço.
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2.º Princípio: O Escuta é filho de Portugal e bom cidadão.
Neste mundo em constante mutação, os conflitos entre os povos são frequentes e as dificuldades
económicas e os desafios sociais são cada vez maiores. Ao mesmo tempo, o egoísmo individual e a
indiferença perante o sofrimento têm tendência a aumentar.
«Lealdade com a Pátria, orientada para as opiniões dos cidadãos. O altruísmo e Serviço
cívico hão-de necessariamente incluir a disponibilidade para servir a Pátria: É esse o
dever de todo o cidadão.» BP-RF 135/6
Perante isto, a consciência cívica é um valor a defender e torna-se cada vez mais urgente educar na
cidadania, de modo a que cada indivíduo tome consciência das suas responsabilidades para consigo, com
o outro e com a Natureza.
Neste sentido, sentir-se filho de Portugal não é assumir nenhum tipo de nacionalismo. Pensar na pátria é
pensar no nosso próximo, é assumir a responsabilidade para a construção de um país justo,
economicamente equilibrado e onde a igualdade não é uma utopia.
O bom cidadão, assim, é aquele que contribui para o bem do país, servindo-o de todas as formas
possíveis. Isto implica usar com moderação os seus recursos naturais, cumprir os deveres cívicos,
contribuir para o desenvolvimento da sociedade e fomentar a solidariedade.
Na tua casa está o teu «Semelhante», o teu mais «Próximo». «Por isto, o Céu
não é qualquer coisa vaga, algures lá em cima nos ares. Fica aqui mesmo na
Terra, no teu próprio Lar.»
BP-CT 143
Ao escuteiro é pedido que pratique boas-acções, que auxilie os outros. E o bom Escuteiro compreende
que essa responsabilidade começa na sua família. De facto, o Escuteiro tem que estar, em primeiro lugar,
disponível para a sua família: pais, filhos, irmãos,…
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É nesta disponibilidade, que muitas vezes implica espírito de sacrifício, perdão, paciência, generosidade,
que aprendemos o verdadeiro valor do amor.
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Na prática, significa que o Escuteiro assume que a sua liberdade o leva a agir de forma a nunca ser
contrário à verdade, demonstrando a sua coerência de vida:
- aquilo em que acredito é aquilo que ponho em prática (tanto em público como em privado);
- o que eu penso e digo é o que eu faço;
- o que eu digo é a verdade;
- o que eu me comprometo a fazer faço-o com seriedade.
Se actuar desta forma – demonstrando que possui uma só palavra, cumpre as suas promessas, fala com
franqueza, é coerente –, o Escuteiro é alguém digno de confiança, ou seja, é alguém em quem podemos
acreditar e com quem é possível contar.
Ser leal é ser honesto. É ser fiel às suas convicções, à sua família, a Deus, aos seus amigos, à sociedade,
sabendo agir de acordo com a sua consciência. Um Escuteiro leal respeita as regras do jogo da vida,
actuando com coerência e respeito por si mesmo e pelos outros. Não faz batota, não engana, não
atraiçoa, não desampara ninguém.
A lealdade para consigo e para com os outros é, no Movimento escutista, um valor forte, na medida em
que o que se pretende é desenvolver em cada rapaz e rapariga a coerência de atitudes e o respeito para
com o outro.
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Assim se nega o egocentrismo e se descobre o valor do altruísmo, cujo grau máximo implica dar a vida por
alguém.
Para um Escuteiro, o altruísmo aprende-se através da Boa Acção diária, cuja prática é tão importante
incutir em cada Escuteiro. É ela que exercita na arte de fazer o bem; é ela que, pela repetição, acaba por
criar em cada um o hábito de estar atento para o bem-estar dos outros e a disponibilidade para os
auxiliar. E há-de ser realizada de forma discreta e sem esperar recompensa. A humildade de fazer o bem
sem esperar elogios é essencial: só ela permite que seja o Amor a guiar as nossas acções. E Amor é o que
Deus espera de nós.
Num mundo como o de hoje, onde o egoísmo e a exclusão são quase banais, a amizade é um valor
precioso, pelo que este artigo da Lei do Escuta, que se divide em duas partes, manifesta cada vez mais
relevância.
Ser amigo dos amigos implica ser capaz de se colocar no lugar deles, actuando com respeito e
solidariedade perante as suas necessidades e diferenças e aprendendo a perdoar. No entanto, este artigo
vai mais longe, ao declarar que devemos ser amigos de todos. Com isto, pretende-se não que
demonstremos uma amizade profunda por quem não conhecemos, mas que consigamos ter a
disponibilidade interior para aceitar como possível amigo aquele que ainda nos é desconhecido, pondo de
lado reservas sem sentido rela-cionadas com raça, credo, sexo, cultura, classe social, nacionalidade, etc.
«Como Caminheiro reconheces que os outros são como tu, filhos do mesmo Pai
e menosprezas quaisquer diferenças de opinião, casta, crença ou nacionalidade
que possa haver entre vós. Recalcas os preconceitos e descobres-lhes os
méritos.» BP - CT 194
É este mesmo sentimento de disponibilidade interior que torna os escuteiros capazes de se sentirem
irmãos de outros escuteiros. De facto, há que incutir em cada elemento a certeza de que, esteja onde
estiver, terá sempre um irmão escuta com que pode contar; e de que ele próprio deverá ser sempre um
irmão para quem dele precisar. A começar pela sua própria Patrulha, por vezes o sítio onde é mais difícil
viver a fraternidade, por ela ter de ser permanente.
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Esta consideração pela dignidade do outro traduz-se, na prática por atitudes de delicadeza, que mais não
é do que a forma amável, sensível e afectuosa como tratamos os demais, evitando chocá-los, magoá-los
ou melindrá-los. Neste contexto, mesmo a frontalidade é usada de forma equilibrada, sem recurso à
grosseria.
Assim sendo, o Escuta deve procurar não apenas ter atitudes exteriores de delicadeza para com os outros,
mas também sentir consideração profunda pela sua dignidade, independentemente das diferenças sociais
que possam existir. Este sentimento, nem sempre fácil de inculcar, é de máxima importância: o respeito é
a base a partir da qual conseguimos viver em paz com os outros.
No tempo de B.-P., não existiam preocupações de maior com a protecção da Natureza. Contudo, como
visionário que era, Baden-Powell apercebeu-se da necessidade de respeitar e proteger a obra da Criação.
Segue os passos de S. Francisco de Assis e de S. Paulo e concebe este artigo da lei, através do qual todo o
Escuta é impelido pela consciência a assumir como seu dever a defesa dos outros seres que, criaturas de
Deus como o Homem, habitam o planeta.
«Hás-de reconhecer a solidariedade com os outros seres que Deus criou e, como
tu, foram colocados no mundo para gozarem por algum tempo o prazer da
existência. Maltratar um animal é, pois, contrariar o Criador.»
Isto não se faz apenas com grandes gestos: não pisar uma formiga, não arrancar uma flor são pequenas
acções que não mudam o mundo, mas que nos permitem preservar a beleza que Deus criou para que
outros usufruam dela. Abusar do que Deus pôs ao nosso dispor sem motivo válido, mas por malvadez ou
capricho, não é digno do bom escuteiro. Um dia, terá de prestar contas a Deus também pela forma como
tratou a Natureza, sua irmã. O que Lhe dirá, então?
Um bom escuteiro é aquele aprecia e preserva a Natureza, servindo-se dela apenas quando tal é
necessário para a sua subsistência. Assim se cultiva o sentido da responsabilidade perante as maravilhas
de Deus, hoje tão exploradas e votadas ao desprezo.
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É nisto que a obediência se distingue da submissão: somos obedientes quando, em plena consciência,
reconhecemos como legítima e necessária uma determinada autoridade, aceite por todos; somos
submissos quando, numa relação de poder em que a lei é a do mais forte, acatamos ordens por medo ou
vergonha.
Este é, por vezes, o problema dentro da Patrulha: se o Guia não for um verdadeiro líder, aceite por todos
e com capacidade para fazer valer a sua autoridade, pode cair facilmente na ditadura. Para que tal seja
evitado, há que o ensinar a comportar-se como um líder: só é obedecido quem é um exemplo de
obediência, em casa, na escola, na catequese, nos escuteiros.
Ao fazer a sua Promessa, assumida livremente, prometeu obedecer à Lei do Escuta e cumpre-a com
fidelidade.
Por outro lado, há também que ensinar a cada escuteiro que obedecer não é sinal de humilhação. É, sim,
revelar capacidade para compreender que uma sociedade que funcione bem possui disciplina; é aprender
o valor da humildade, que nos ensina a submeter a nossa própria vontade; é aprender que
responsabilidade é assumir os compromissos e cumprir todas as tarefas que nos forem destinadas.
Por fim, há ainda duas ideias que devem ser inculcadas no Escuteiro:
- a autoridade ilegítima, que degenera muitas vezes em tirania, não atrai a obediência, mas a submissão, e
é lícito que os cidadãos revelem espírito crítico e queiram defender a sua liberdade;
- a obediência não implica a supressão da consciência: nunca um indivíduo deve obedecer se a actuação
que lhe é exigida for contrária ao que sente e defende. Na nossa consciência vive a voz de Deus e é ela,
em última análise, que devemos seguir. Em último grau, isto pode implicar a própria vida: foi o que
aconteceu com todos os mártires que morreram por se recusar a obedecer a ordens que os impeliam a
renunciar à sua Fé.
«Como Caminheiro todos esperam de ti que não percas a cabeça e que em caso
de emergência te servirás dela com alegria coragem e optimismo. Se conseguires
…Meu filho, serás um homem.» BP – CT 195
É isto que importa transmitir: por mais difícil que seja o caminho, por mais desespero que se possa sentir,
um Escuteiro espera sempre, em Deus, por dias melhores e sorri.
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9.º O Escuta é sóbrio, económico e respeitador do bem alheio.
Este artigo da Lei envolve três ideias distintas que se revelam bastante importantes num mundo
consumista como o nosso, onde os bens materiais são cada vez mais valorizados.
Em primeiro lugar, defende que todo o escuteiro deve ser sóbrio. Com isto, pretende-se chamar a atenção
para o equilíbrio que cada um deve ter na sua vida. Um escuteiro sóbrio vive sem exageros, tanto a nível
de pensamento como de acções. Assim, por um lado contenta-se com o que tem, não tendo inveja do que
os outros conseguiram; por outro lado, procura ter uma vida equilibrada, sem os exageros que todos os
vícios implicam e sem desperdiçar o seu tempo.
Este comedimento envolve também o controlo do dinheiro. Por isso de defende também que o escuteiro
deve ser económico: não gasta o seu dinheiro em inutilidades, não esbanja tudo o que tem, não arranja
dívidas atrás de dívidas, é capaz de amealhar para se sustentar quando for necessário. É preciso ajudar a
perceber que o que traz felicidade não é a fortuna, mas sim o bom uso do que se tem e a satisfação que
advém do trabalho.
Por fim, o equilíbrio envolve também o respeito pelos bens dos outros: quem é sóbrio e económico
valoriza o que faz e o que tem e, consequentemente, procede de igual forma para com os outros. Assim,
protege o que lhe emprestam como se fosse seu e restitui-o quando já não precisa; devolve o que
encontra ao seu legítimo dono; não rouba; não vandaliza propriedade alheia
«Espera-se que, na qualidade de Caminheiro, não só tenhas ideias puras, mas também
desejos puros e saibas dominar as tendências e abusos sexuais; que dês aos outros
exemplo de pureza e sinceridade em tudo quanto pensas, dizes e fazes.» BP – CT 195
Quando procura a pureza de pensamentos, o Escuta evita o egoísmo e a inveja e procura que todas as
suas intenções e ideias sejam pautadas pela verdade, tolerância e honestidade.
Já a pureza nas palavras não se resume a evitar uma linguagem obscena e que choca os demais; implica
também a capacidade de não nada que possa pôr em causa a imagem de alguém: mexericos, rumores,
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acusações sem fundamento, chacota, etc.
Por fim, a pureza das acções impele o escuteiro a evitar todos os comportamentos potencialmente
prejudiciais. Isto implica a renúncia a tudo o que atenta contra a sua própria dignidade. O corpo, criado
por Deus à sua imagem e semelhança, é templo a respeitar e todos os comportamentos prejudiciais para
a saúde devem ser evitados. Mas há mais. O escuteiro não se defende apenas a si: ser puro em acções é
também evitar tudo o que pode atentar contra a saúde e dignidade do outro. Por isso, nunca o escuteiro
compele os outros a comportamentos prejudiciais, humilhantes ou ilícitos. E protege todos os que não se
podem defender.
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D) Como viver a Lei na secção
Na Terceira Secção, a aprendizagem assume um cariz mais reflexivo, na medida em que o adolescente é
capaz de reflectir sobre o seu comportamento e o dos outros, compreendendo o que está certo e o que
está errado. No entanto, e porque esta é uma idade crítica em relação ao mundo, na medida em que tudo
é posto em causa, os valores escutistas não são facilmente aceites ou adoptados.
Perante isto, o dirigente deve recorrer a vivências para explorar com os Pioneiros os valores subjacentes à
Lei e Princípios. Tudo serve, assim, para relembrar a importância de ter princípios seguros e firmes: jogos,
actividades que obriguem à utilização de valores, reflexões, histórias reais de defesa de valores, etc.
Neste processo, o dirigente deve ter a consciência clara de que está a trabalhar para que os valores
defendidos pelo escutismo se fortaleçam no espírito de cada escuteiro. Para que isto aconteça, não nos
podemos esquecer que o exemplo ocupa um lugar central na educação. Assim sendo, é essencial que o
chefe assuma como seus os valores que quer transmitir e se esforce por os cumprir, procurando ser,
realmente, um modelo a seguir. E isto não se pode fazer apenas quando os elementos estão presentes,
dado que não sabemos quando poderão estar a ouvir-nos ou ver-nos.
De facto, não é coerente pedir-lhes respeito uns para com os outros, sinceridade, solidariedade para com
um elemento mais difícil ou paciência para com os desobedientes quando os dirigentes não se falam,
mentem, rejeitam algum elemento de forma ostensiva ou se descontrolam quando lidam com o grupo.
Educa mais quem apresenta um comportamento baseado no apoio mútuo, no reforço positivo, na
coerência de atitudes, no encorajamento perante o erro e o desânimo, na defesa de comportamentos
saudáveis.
II. A PROMESSA
A) um quadro referência de valores
Iniciada há já algum tempo a etapa de adesão, a data da Investidura e da Promessa estará a aproximar-se.
É importante, para não dizer fundamental, que os nossos Escutas entendam o verdadeiro significado da
Promessa, que está para lá do que é visível – a simples imposição do lenço.
Prometo,
Pela minha honra e com a graça de Deus,
Fazer todos os possíveis por:
O Movimento Escutista contribui para a educação dos jovens propondo-lhes um projecto de vida assente
em valores espirituais, sociais e pessoais a que devem aderir de forma livre. A Promessa deve ser então
um momento de decisão pessoal, em que o Escuteiro, sentindo-se preparado para viver os valores
descobertos e propostos na Lei, assume o compromisso de “fazer todos os possíveis por” os viver e
aprofundar ao longo do seu crescimento. E assume-o com a consciência de que se está a responsabilizar
(“pela minha honra”) e de que Deus o acompanha no seu esforço (“e com a graça de Deus”).
Isto não significa que os Exploradores não possam faltar ao prometido (“fazer todos os possíveis por”
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implica esforço pessoal, mas não garante sucesso). Só quem não conhece a natureza humana poderá
exigir ou esperar que não haja falhas. É aqui que o Dirigente assume um papel basilar: sempre que
necessário, competir-lhe-á relembrar aos seus elementos com o máximo de clareza a Promessa e o que
ela significa, para os ajudar a compreender a seriedade do compromisso que vão assumir. E caso verifique
que os Escuteiros não assumem com responsabilidade a preparação para esse compromisso (ou seja, logo
à partida não fazem “todos os possíveis por”), não deve permitir facilitismos: o lenço não se dá a qualquer
um e de qualquer maneira, é ganho por aquele que de facto compreende que está a assumir um
compromisso e que trabalha para o poder fazer de forma consciente.
«Pela promessa Escutista estamos pela nossa honra obrigados a fazer todos os dias, alguma coisa
pelos outros: “A Boa Acção”; pouco importa que seja insignificante: um sorriso, uma palavra uma
ajuda! O importante é fazer qualquer coisa.» BP-RF 32
O Dirigente tem como tarefa manter acesa esta “chama”, ou seja, manter nos seus elementos
o desejo de ser fiel ao seu compromisso, não permitindo que se esqueçam dele. Para isto,
sempre que possível deve relembrar aos seus escuteiros a sua Promessa, levando-os a reflectir
sobre aquilo a que se comprometeram e a analisar o seu desempenho, crescimento e conduta
individual. Uma das alturas propícias a esta reflexão é o momento em que noviços ou
aspirantes fazem a sua Promessa: ao incentivar os Exploradores mais velhos a acompanhar um
noviço/aspirante na sua preparação para este compromisso e ao convidá-los a renovar a sua
Promessa, o Dirigente está também a ajudá-los a crescer.
Ser leal para com Deus significa nunca te esqueceres Dele e recordá-Lo em tudo o que fazes. Se
nunca O esqueceres, nunca farás nada de mal. E se te lembrares Dele quando estiveres a fazer
qualquer coisa errada, deixarás logo de a fazer. Deus tem sido bom para contigo, por isso cabe-te
fazer alguma coisa em troca que Lhe agrade; é esse o teu dever para com Deus. Baden-Powell
A Oração do Escuta foi criada a partir de um texto de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de
Jesus, e foi adaptada ao escutismo católico pelo Padre Jacques Sevin, jesuíta francês, fundador da
associação Scouts de France. É utilizada como a Oração do Escuteiro em várias associações escutistas de
todo o mundo.
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A Oração do Escuta sintetiza dois aspectos essenciais da vida cristã, o Amor a Deus e o Amor ao próximo.
senão saber que faço a Vossa vontade E FÉ – Que nos impele a termos uma relação
santa. pessoal com Deus e assim crescer na
confiança de que o nosso maior bem está no
cumprimento da Sua vontade.
Ámen
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4 – Aprender fazendo
“A criança quer fazer coisas; então vamos encorajá-la a fazê-las, apontando-lhe o caminho certo e
permitindo-lhe fazê-las como ela quer. Deixá-la errar; é através dos erros que ela constrói a sua
experiência”. Baden Powell
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O Jogo
Crianças, jovens e adultos gostam de jogar. O Ser Humano é um ser lúdico, que espontaneamente se
organiza para jogar a qualquer coisa, desde o mais simples ao mais elaborado e complexo jogo.
Para concretizar a sua intenção educativa, o escutismo apoia-se no jogo social espontâneo, ou seja, no
dinamismo natural das crianças e jovens, neste gosto pelo jogo e na facilidade que eles têm de criar
regras sociais e se organizarem para que o jogo funcione.
No escutismo, as dinâmicas de grupo são optimizadas na Patrulha, uma pequena sociedade, em que
todos têm um papel importante, com direitos e deveres, onde só a vontade e trabalho de todos os pode
fazer atingir os objectivos por eles delineados
O jogo estimula o desenvolvimento do jovem, quer pelas tarefas que executa, quer pelos ensinamentos
que retira do ganhar e do perder, pela aprendizagem das relações sociais, pelas regras que tem que
cumprir. Isto porque quando as crianças brincam ou os jovens cooperam, espontaneamente descobrem
a necessidade de se organizar, de respeitar regras, de colaborar entre si, de interiorizar os valores do
grupo.
Por meio do jogo, o escuteiro exercita as capacidades necessárias ao seu desenvolvimento integral;
dentre elas: autodisciplina, vida em sociedade, afectividade, criatividade, valores morais, espírito de
equipa.
O jogo é dos instrumentos mais importantes e poderosos que o educador tem ao seu dispor.
Caracterizado pela espontaneidade, agrada a qualquer escuteiro, toca em várias áreas do
desenvolvimento e permite conhecer cada indivíduo, assim como a sua interacção com o grupo.
Mais uma vez o papel do Dirigente e da Equipa de animação é fundamental. Cabe-lhes orientar para que
o jogo seja mesmo motivador e motor de aprendizagem. Devem ajudar e orientar o jovens escuteiros,
mas nunca resolver o problema por eles ou fazê-los sentir que o seu desempenho não é importante.
Nos jovens existe uma tendência natural e espontânea para que, rapazes e raparigas, se formem em
pequenos grupos, sejam esses grupos formados para as mais diversas ocasiões, sendo uma delas o jogo.
É nesta base natural de convivência e crescimento que o Escutismo se baseia, pois o jogo responsabiliza a
liberta os jovens, fazendo-os crescer. É por este facto que do jogo espontâneo advém um crescimento,
uma aprendizagem, uma realização de algo em conjunto, onde o contributo de cada elemento é
fundamental para a realização de um todo
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“O projecto” — O Empreendimento
Os Pioneiros, pela idade que têm, são capazes de tudo! São capazes das melhores acções e desempenhos
e, são igualmente capazes das maiores travessuras! São essencialmente ávidos de aventura, de vivências
diferentes, gostam de correr riscos!
Como dizia o nosso sábio Fundador: “Os rapazes são capazes de encontrar aventura num velho charco
imundo”, ou, “A imaginação leva o rapaz através da pradaria e dos mares. No Escutismo ele sente-se
parente do pele-vermelha, do pioneiro e do sertanejo.”
A imaginação é o catalisador de um Empreendimento, é um dos grandes responsáveis pelo sucesso de um
ano escutista. É responsabilidade das Equipas de Animação não deixar esmorecer o entusiasmo e não
deixar que a falta de imaginação ou de empenho comprometam as expectativas dos rapazes e raparigas.
Por isso, é fundamental que a Equipa de Animação viva o Empreendimento, o seu imaginário e as suas
actividades, que encarne os personagens, que seja um verdadeiro escuteiro, pois, se o entusiasmo chegar
a estar em queda, saberá reerguê-lo!
1. Pedagogia do Projecto
O que é um Projecto?
É um conjunto determinado de acções interrelacionadas que se planeiam e implementam com vista a
atingir um objectivo último num determinado prazo.
No Escutismo, é a principal “ferramenta” utilizada para organizar diferentes actividades visando um
objectivo comum.
Um projecto escutista:
• …é um desafio colectivo;
• …tem uma meta clara e um horizonte temporal;
• …envolve 4 Fases principais;
• …está baseado no uso do Método Escutista;
• …incorpora uma variedade de oportunidades de aprendizagem;
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• …tem em conta interesses, talentos, capacidades e necessidades distintas;
• …procura que todos e cada jovem da patrulha ou unidade esteja comprometido no
atingir do objectivo através de esforço pessoal.
2. As Fases do projecto
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Em suma:
Apresentação do
projecto de A Equipa de A Equipa de Animação:
Empreendimento: A Equipa de Animação:
- Regista todas as apreciações;
Animação ajuda,
original e - Vive o
orienta, enriquece o - Lança pontos para debate
criativa - cartazes, Empreendimento!
projecto e
canções, peças de - Balanço do Empreendimento
responsabiliza os - Estimula o Grupo
teatro, fotografias, e objectivos alcançados
Escutas pelas suas
mapas, postais - Soluciona
tarefas - Progresso
“imprevistos”
Eleição do projecto em individual/competências
Grupo
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Actividades da secção
“As actividades são a parte mais visível do Programa; representam o que os jovens fazem no Escutismo” , diz-nos B.-P.
No Movimento escutista, os jovens aprendem fazendo. A aprendizagem pela acção permite uma
aprendizagem por descobertas, fazendo com que os conhecimentos, atitudes e habilidades se
interiorizem se forma natural. Assim, de alguma maneira, os jovens autoeducam-se. As actividades, são o
meio privilegiado para alcançar essa aprendizagem.
ACTIVIDADE EXPERIÊNCIA
Atendendo ao efeito que se pretende que as actividades tenham nos jovens é importante, senão mesmo
fundamental, que as actividades sejam programadas, seleccionadas e desenvolvidas de forma adequada.
O improviso pode ser nefasto para as experiências que os jovens possam vir a adquirir de uma actividade
preparada “em cima do joelho”.
Por outro lado, é importante introduzir inovações, especialmente nas actividades que tendem a seguir
um padrão na sua forma de realização. Introduzamos variações, questionemo-nos se não poderemos
melhorar essas actividades ou introduzir novas componentes que as tornem mais atractivas, sob pena
dessas mesmas actividades perderem o seu valor educativo e o seu interesse por parte dos nossos jovens
escuteiros. Não podemos deixar assim que a rotina se instale e constitua uma “pedra na engrenagem”.
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Exemplos de actividades de campo:
• Descida de rio em jangada;
• Pequeno acampamento volante;
• Raid;
• Acampamentos;
• Safari fotográfico;
• Herbário;
• Limpeza de matas/florestas/praias.
Exemplos de actividades desportivas:
• Realizar jogos de diversas modalidades
• Realizar torneios
• Realizar jogos tradicionais;
Exemplos de actividades de expressão:
• Espectáculo de dança (tipo anos 60/80);
• Teatro;
• Mimar/encenar parábolas;
• Exposições;
• Ateliers de expressão dramática;
• Ateliers de pinturas faciais e caracterização;
• Ateliers de construção de instrumentos musicais;
• Jornal do Grupo.
Exemplos de actividades sociais:
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5 – Contacto com a Natureza
A utilização do contacto com a Natureza como forma de educar as crianças, os adolescentes e os jovens é,
de facto, uma característica do escutismo e um dos elementos fundamentais do método escutista. Pelo
valor pedagógico que contém, como espaço, tabuleiro, do jogo escutista, como espaço de
desenvolvimento de instintos e capacidades intrínsecas, como oportunidade de crescimento e de
desenvolvimento da consciência crítica, como materialização, visível, da obra do Criador, interessa, por
isso, dele retirar todo o aproveitamento.
Para um escuteiro o contacto com a natureza é, por isso, condição imprescindível para um crescimento
pessoal e colectivo
I. Valor pedagógico
a) Um laboratório
O contacto com a Natureza incentiva a consciência crítica dos jovens em relação à gestão dos recursos
naturais que toda a comunidade tem ao seu dispor e ajuda-os a integrarem-se e a considerarem-se parte
dessa mesma comunidade.
Assim, ao observarem a forma cuidada ou descuidada como os outros cuidam da Natureza, a criança, o
adolescente e o jovem adquirem hábitos e comportamentos — de aplauso e de censura — em relação aos
seus pares, mas também aos mais velhos, que lhes dão uma espécie de autoridade moral essencial.
Porquê um laboratório?
— Porque evidencia que as coisas mais simples são, verdadeiramente, as importantes;
— Porque o jovem pode adquirir a consciência de que é passageiro, e não dono, o único proprietário do
planeta;
— Porque promove a consciência individual, a cidadania, a noção de responsabilidade individual;
— Porque permite a aquisição de conceitos como o da Ecologia e o do desenvolvimento sustentável;
O Papel do dirigente
Neste processo, compete ao dirigente incentivar os seus elementos a assumir comportamentos saudáveis
e de defesa da Natureza, nunca se esquecendo de que o exemplo é o melhor meio de educação.
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Boas práticas:
- Incentivo à separação de lixos
- Reaproveitamento e reutilização de alguns objectos (reciclagem)
- Compostagem
- Iluminação com baterias recarregáveis por painel solar
- Drenagem e filtragem das águas de lavagem
- Monitorização das águas de algum curso de água
- Contacto com centros de investigação e conservação da Natureza (ICN)
- Investigar que forma de cozinhar causa mais impacto e consciencializar o Grupo
Bibliografia:
Escuteiro Global, de Frankie Opie
Ajuda a salvar o Mundo
50 Actividades para Miúdos, Cecilia Fitzsimons
Sendas Ecológicas, Edições Salesianas
b) Um clube
O espaço natural é o palco preferencial para a realização de actividades escutistas. Lembrar-nos-íamos,
imediatamente, do acampamento, mas convém salientar que todo o jogo escutista tem como território
ideal o ar livre e a Natureza. É a partir da sua observação e da vivência, individual e colectiva que a
criança, o adolescente e o jovem recolhem o conjunto das regras primárias e instintivas que presidem à
natureza humana e às regras sociais elementares, por exemplo.
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Porquê um clube?
— Porque permite o confronto com um espaço menos confortável que leva os escuteiros a superar as
suas dificuldades e incentiva o respeito pela natureza;
— Porque possibilita o contacto real e físico com o mundo natural e as suas características, entraves e
obstáculos;
— Porque fornece ferramentas e sugestões de auto-suficiência, de conhecimento do seu próprio corpo e
do ambiente que o rodeia;
Papel do dirigente:
Compete ao dirigente, a este nível, desenvolve, sempre que possível, actividades de relação com a
Natureza que permitam o crescimento saudável e harmonioso dos escuteiros.
Boas práticas:
- Identificação de diferentes espécies de Avifauna (procurar panfletos de avifauna local e tentar a partir
deles identificar as especiais que vão aparecendo durante uma pista ou raid)
- Criação de Herbários
- Recolha de Pegadas de Gesso e elaboração dos seus positivos
- Identificação de espécies protegidas e não danificação da vegetação durante a montagem do campo
- Limpeza de matos com o cuidado de não danificar
- Jogos com o contacto com os elementos naturais, explicando a importância de cada um deles
- Visionamento de documentários em vídeo sobre o animal Totem da Patrulha
Bibliografia:
Mil e uma actividades para escuteiros, B.-P.
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c) Um templo
Porquê um templo?
— Porque, nas palavras de B.-P., “o estudo da Natureza mostrar-nos-á as coisas maravilhosas e belas de
que Deus encheu o Mundo para nosso deleite”;
— Porque o ar livre é, efectivamente, um ambiente que permite a activação de todos os sentidos e da
própria natureza da pessoa;
— Porque permite, através dos sentidos, da observação, pela razão e pela lógica, a intervenção quase
directa do Espírito Santo na pessoa.
Papel do dirigente:
Incentivar, sempre que possível, atitudes de contemplação e de reflexão sobre as maravilhas da Criação,
auxiliando os seus elementos a compreender o tesouro que nos foi dado por Deus.
Boas práticas:
- Oração de contemplação daquilo que o rodeia o Homem (vegetação, estrelas, rios, etc.), incentivando
cada um a agradecer a beleza das flores, dos verdes, do perfume no ar, do sol (no fundo aquilo que torna
especial o lugar de acolhimento, por mais singelo que seja).
- Jogos e contemplação: ao amanhecer tentar perceber o que estarão a dizer os pássaros uns para os
outros ao acordar; ao anoitecer tentar perceber o que desejariam os animais ali à volta.
Bibliografia:
Pedagogia da Fé no Escutismo
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6 – Progresso Pessoal
I. Introdução
a) Valor pedagógico do Sistema de Progresso
A progressão pessoal tem por objectivo essencial ajudar cada adolescente a envolver-se activamente e
de forma consciente, no seu próprio desenvolvimento.
O Sistema de Progresso é a principal ferramenta de suporte à progressão pessoal e tem três
características principais:
- é centrado no indivíduo;
- considera as capacidades de cada um;
- é baseado num conjunto de objectivos educativos.
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b) A estrutura do Sistema de Progresso
A passagem do adolescente pela secção é distribuída em 2 grandes fases: a integração e a vivência.
Durante a integração, o Pioneiro faz a sua adesão. Durante a vivência, ele evolui nas etapas de progresso.
I. Diagnóstico Inicial
Todos os adolescentes que entram para o Grupo Pioneiro são diferentes em diversos
aspectos: idade, contextos familiares e escolares, níveis de desenvolvimento, aptidões e
dificuldades. Desta forma, poderão estar em estádios de desenvolvimento diferentes e a
Equipa de Animação deverá ter por missão promover – a partir de pontos de partida
diferenciados – um desenvolvimento pessoal harmonioso — que idealmente os levará a
atingir em pleno os objectivos educativos da secção.
No âmbito de um sistema de progresso orientado por objectivos torna-se, pois,
imprescindível conhecer o jovem que chega ao Grupo Pioneiro – a isto chamamos o
diagnóstico inicial.
O diagnóstico inicial e formal deve ser feito pelo Chefe do Grupo Pioneiro, em conjunto com o
Aspirante/Noviço e o Guia da sua equipa e através da observação do jovem durante as primeiras
actividades. Poderá ainda recorrer a dinâmicas e jogos específicos para o efeito.
Esta fase será crucial para a posterior escolha dos trilhos, uma vez que esta escolha deve ter em
consideração as necessidades de desenvolvimento do adolescente. O Aspirante/Noviço deverá ser
incentivado a escolher trilhos onde o seu desenvolvimento seja mais necessário e a concretizá-los em
acções concretas.
Este diagnóstico mais formal irá servir para reconhecer – depois da sua fase de adesão - em que etapa de
progresso o aspirante se encontra, ou seja, que objectivos educativos ele já detém e que equivalência
será atribuída em termos de etapa de progresso:
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- entre 1 e 2 trilhos de cada área de desenvolvimento alcançados – etapa 2
- entre 2 e 3 trilhos de cada área de desenvolvimento alcançados – etapa 3
Ex: o aspirante só completa uma etapa se tiver 1 trilho de cada área de desenvolvimento
pessoal, ou seja, caso tenha 3 trilhos do percurso físico, 3 do percurso intelectual e 1 do percurso
social ainda tem de alcançar 1 trilho de cada um dos outros 3 percursos antes de fechar a etapa.
Ex: caso tenha 7 trilhos alcançados (em percursos diferentes) está na 2ª etapa e escolhe mais 5
trilhos para a completar.
Estudo de caso:
No caso de o Grupo Pioneiro receber um aspirante com 17 anos a equipa de animação deverá
também realizar um diagnóstico formal em conjunto com o Aspirante e o Guia e caso seja necessário
recorrer a dinâmicas e jogos específicos para o efeito (preferencialmente na presença dos 2 Chefes
de Unidade). Após o diagnóstico surgem 2 hipóteses:
- Cumpre todos os objectivos educativos dos pioneiros e passa a ser aspirante nos caminheiros;
- Não cumpre todos os objectivos educativos dos pioneiros e fica como aspirante no Grupo Pioneiro,
inicia a sua adesão e após a promessa será colocado na etapa de progresso de acordo com os
objectivos já alcançados (tal como explicado acima no reconhecimento do progresso pessoal).
Se não alcançou todos os trilhos do Grupo Pioneiro, é provável que o aspirante já não tenha tempo
para o conseguir antes de passar de Secção. Nesse sentido, o Chefe de Grupo Pioneiro deverá
informar o Chefe de Clã das necessidades de desenvolvimento em alguma área específica. Na nova
Secção o Chefe deverá ter em consideração estas necessidades no percurso individual do jovem.
Atenção que os objectivos não alcançados nos pioneiros não transitam e acumulam com os
objectivos educativos dos caminheiros – apenas são tidas em consideração as necessidades na
escolha dos primeiros objectivos no Clã.
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pioneiro. Para o dirigente é uma oportunidade privilegiada para conhecer melhor aquele pioneiro. Para o
jovem é uma experiencia única de se conhecer melhor e ver reconhecido o seu valor. É uma oportunidade
para validar trilhos, mas também para definir prioridades, dar corpo a projectos individuais (dentro e fora
do escutismo) e formas de os implementar.
3- E, claro, o Jogo. Os jogos escutistas e as dinâmicas de grupo como experiências de aprendizagem
activa, constituem oportunidade por excelência de nos testarmos, conhecer e dar a conhecer. Ver
recursos…. www…. .:)
Etapa 1
Não
Pelo menos Sim
2 trilhos de
cada área?
Etapa 2 Etapa 3
Não
Aspirante tem Sim
17 anos e tem
18 trilhos?
Passa para os
Fica nos Pioneiros
Caminheiros
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II. Adesão Informal aos Pioneiros
A adesão informal iniciar-se-á no início do último trimestre da vivência escutista no Grupo Explorador.
Neste último trimestre, o Explorador continua a pertencer e a viver em pleno as dinâmicas do grupo
explorador. Pretende-se que ele se vá familiarizando, de forma informal, com o grupo de pioneiros.
O objectivo é promover uma aproximação aos Pioneiros, que funcione como “quebra-gelo” e que ajude a
colocar os Exploradores que passam para os Pioneiros mais à-vontade, promovendo uma integração mais
fácil, a partir do momento da efectiva passagem e do início da adesão formal.
Pretende-se que os guias do grupo pioneiro convidem o Explorador a participar numa actividade do
empreendimento (curta ou longa), de forma informal, para se poder ir inteirando da dinâmica do grupo
pioneiro, conhecer as equipas, os seus guias, os chefes e o abrigo. Tudo informalmente, sem pressões. A
ideia é ir observando, sem participação activa, em termos de tarefas ou responsabilidades.
Deixa de existir insígnia de ligação.
A Adesão informal não é obrigatória, é aqui assinalada apenas como uma boa prática pedagógica a
considerar.
No caso dos Pioneiros, os Noviços e Aspirantes recebem uma insígnia de adesão no seu início. Essa etapa
de Adesão chama-se Desprendimento.
O objectivo da adesão é o de valorizar a tomada de consciência individual do Noviço/Aspirante
- sobre como funciona a Unidade,
- como se vive o dia-a-dia das actividades típicas,
- qual é a mística e a simbologia e quais são os compromissos que se espera de um Pioneiro.
É com base nessa tomada de consciência individual que cada noviço/aspirante toma, por si, a decisão de
aderir ao grupo pioneiro ou não.
O Noviço/Aspirante deve, durante a adesão,
- conhecer a organização do Grupo pioneiro e das Equipas,
- a sua mística e a sua simbologia.
- Deve conhecer o patrono, o seu percurso de vida e o exemplo que ele constitui para o Pioneiro.
No caso dos aspirantes, deve adicionar-se, no campo do conhecer,
- a organização do agrupamento,
- a vida e mensagem de Baden-Powell
- e o domínio prático de técnica escutista e pioneirismo.
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Durante a adesão, o Noviço/Aspirante deve participar no quotidiano da Equipa e do Grupo. Deve ainda
participar activamente num empreendimento, com duração entre os 2 e os 3 meses. O objectivo é que
conviva de perto com a aplicação do método a uma actividade típica da secção.
Em adição, é durante a adesão que o Noviço/Aspirante toma conhecimento das áreas de
desenvolvimento (“percursos”) e dos trilhos educativos (“trilhos”). Cada Pioneiro é incentivado, após ter
seleccionado os seus trilhos, a concretizar os objectivos educativos em acções ou intenções pessoais
concretas. Os objectivos educativos serão mais de perto trabalhados pelos próprios pioneiros.
Por exemplo, para o objectivo da área de desenvolvimento físico, trilho de bem-estar físico
“Adequo a minha alimentação às necessidades do dia-a-dia e pratico uma actividade física
equilibrada”, o pioneiro que tenha escolhido este trilho deverá ser incentivado a concretizá-lo
com o que para ele isto significa, podendo, inclusivamente especificar acções concretas (por
exemplo, começar a praticar andebol e tomar 5 refeições por dia incluindo alimentos de cada
um dos diversos grupos da nova roda dos alimentos em pelo menos 2 dessas refeições).
Pretende-se ainda que nesta fase de adesão, o Noviço/Aspirante contacte e reflicta sobre o compromisso
que deverá assumir formalmente na sua investidura. Com base em dinâmicas propostas, deverá
progressivamente aprofundar o sentido deste compromisso, valorizando e fortalecendo a sua decisão de
aderir ou não ao grupo pioneiro.
A duração da adesão deverá ser adaptada ao noviço/aspirante. Cada indivíduo necessitará de tempo
diferenciado para tomar a sua decisão de aderir. Sugere-se que não ultrapasse os 7 meses.
A validação do andamento da adesão e da decisão de aderir dos noviços/aspirantes deve ser feita nos
conselhos de guias e deve haver uma validação da reunião das condições particulares de adesão,
nomeadamente no que toca à vivência na equipa, no grupo pioneiro e na actividade típica.
O grupo pioneiro deve também validar a decisão de fazer a promessa do noviço/aspirante, com base em
proposta dos guias no conselho de grupo.
A promessa deve ser valorizada enquanto momento marcante do processo de adesão. Por isso, deve ser
individualizada e marcada durante os 2 meses seguinte ao da adesão. Os noviços/aspirantes podem
assumir o seu compromisso em conjunto, agrupados de acordo com o tempo da sua tomada de decisão e
validação do grupo pioneiro.
IV. O Compromisso
Durante a fase de integração, cada Pioneiro irá viver esta nova experiência de forma muito pessoal – a
adaptação a novas pessoas e a novas dinâmicas podem, por isso, resultar em ritmos muito diferentes,
que devem ser respeitados.
Por outro lado será nesta fase, também, que o Pioneiro irá conhecer o que se espera dele quando aderir
formalmente ao Grupo Pioneiro. Através do diálogo, a Equipa de Animação e o Guia, tendo em conta o
diagnóstico inicial, terão de ajudar o pioneiro a escolher o seu primeiro percurso de progresso.
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Neste sentido, e sempre com o objectivo de colocar o jovem no centro da acção pedagógica, deverá ser
em primeiro lugar o jovem a reconhecer que quer continuar no Grupo Pioneiro e fazer a sua promessa –
a assumir o seu compromisso perante o Grupo.
Também em termos de etapas de progresso e com a clara intenção de reforçar esta vertente de
compromisso pessoal, a insígnia de progresso deverá ser entregue no início de cada etapa. Corresponde
ao compromisso assumido pelo pioneiro em procurar progredir nos conhecimentos, competências e
atitudes que o levam a atingir os objectivos educativos da Secção
V. Etapas de Progresso
No caso dos Pioneiros, os nomes propostos para as etapas de progresso são:
Cada Pioneiro constrói a sua etapa de progresso, seleccionando 1 trilho de cada uma das diferentes
áreas de desenvolvimento.
Por exemplo, eu posso, após a minha adesão, seleccionar os seguintes trilhos: sensibilidade e
relacionamento (afectivo), autonomia (carácter), vivência (espiritual), desempenho (físico), procura do
saber (intelectual) e exercício activo da cidadania (social). Para mim, a combinação desses 6 trilhos e os
objectivos educativos que neles se encerram constituem a minha primeira etapa.
Outro Pioneiro pode seleccionar alguns destes trilhos na sua selecção para efeito da sua segunda etapa.
A liberdade de escolha compete inteiramente ao Pioneiro. No entanto, o chefe de unidade e o guia
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desempenham aqui um papel importante, a 2 níveis:
- No apoio do diagnóstico dos conhecimentos, competências e atitudes que o Pioneiro já detém e que o
ajudam a seleccionar os trilhos educativos que irão constituir as suas etapas;
- Na observação da evolução dos conhecimentos, competências e atitudes que contribuem para validar
os objectivos educativos como atingidos.
Os conhecimentos, competências e atitudes são trabalhadas no seio do Grupo Pioneiro e da equipa no
desenrolar do dia-a-dia e das fases da vivência dos empreendimentos, como se exemplifica no Anexo II.
O progresso faz-se através de oportunidades educativas que o nosso método, com as suas 7 maravilhas,
oferece. Deixam assim de existir provas, obrigatórias ou facultativas, opcionais ou de qualquer outra
ordem.
Passa a fazer sentido dizer-se que “o Pioneiro deu provas de” (porque isso foi observado em
conhecimentos, competências e atitudes) em vez de “o Pioneiro prestou provas” (porque realizou uma
determinada acção prevista num sistema de progresso com provas especificadas).
As oportunidades educativas
Tudo o que os Pioneiros fazem dentro e fora dos escuteiros ajuda-os a alcançar os objectivos
educativos da Secção, ou seja, a crescer nas seis áreas de desenvolvimento pessoal.
E os objectivos educativos que apresentamos aos jovens nesta idade não são mais do que
propostas ou desafios que podem ser alcançados de forma atractiva e divertida, no seio de
um grupo de amigos.
Desta forma as oportunidades educativas permitem que cada jovem viva experiências
enriquecedoras, e são essas mesmas experiências que levam ao desenvolvimento pessoal.
Neste sentido a cada objectivo educativo foram associadas algumas oportunidades educativas
– meras sugestões – que podem ser adaptadas e “negociadas” com o Pioneiro. Pretende-se,
assim, criar condições para acolher novas propostas e sugestões de oportunidades educativas,
potenciando desta forma a participação dos jovens no processo.
As oportunidades educativas contribuem para o alcance dos objectivos educativos de uma
forma indirecta e progressiva. Isto significa que não existe uma relação directa entre a
realização de uma oportunidade e o alcançar de um objectivo educativo. Mediante a avaliação
do desenvolvimento do jovem – e não da realização ou não da oportunidade educativa –
poderá ser necessário escolher novas oportunidades educativas e insistir na aquisição de
novos conhecimentos, competências ou atitudes
No Anexo III podem encontrar os quadros com a lista das oportunidades educativas propostas
para cada objectivo educativo da III Secção.
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As oportunidades educativas (cont.)
Os Pioneiros podem ainda adquirir conhecimentos, competências e atitudes na sua vivência
escolar, catequética, nos clubes a que pertença, equipas de outros organismos, etc. A ideia é o
chefe de unidade verificar esses conhecimentos, competências e atitudes, sem que o Pioneiro
tenha que as repetir, necessariamente.
Cargos e funções
A descrição das tarefas e responsabilidades em cada um destes cargos está apresentada nos
Cadernos de Função e no Caderno do Guia.
Competências
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I. Avaliação
A avaliação dos conhecimentos, competências e atitudes adquiridas e validação de objectivos educativos
concluídos deve ser feita de forma contínua, ao longo da vivência escutista do jovem. Ver Anexo III.
O reconhecimento desses objectivos e a consequente atribuição de trilhos educativos ou de etapas de
progresso concluídas deve ser feito na fase da celebração das actividades típicas.
Nos Pioneiros, é na vida da Equipa que se vão debatendo os conhecimentos, comportamentos e atitudes
que cada pioneiro vai adquirindo e que poderão ser indícios de que um determinado objectivo poderá
estar concluído. Este processo deverá ser induzido pelo próprio. O pioneiro, tendo concretizado os
objectivos com acções concretas, na fase da escolha dos trilhos, tem ao seu dispor um excelente
indicador sobre a sua própria progressão.
Se a equipa concorda que um pioneiro concluiu um determinado objectivo, o guia apresenta esse caso
no conselho de guias seguinte, sendo o assunto debatido entre os guias.
Se os guias se colocam de acordo, interpelam o chefe de unidade para obter a sua validação que, em
caso afirmativo, significa que ao pioneiro lhe foi atribuído o objectivo como concluído.
Caso os guias não concordem com a conclusão do objectivo, ou estes concordando, o chefe de unidade
dá parecer desfavorável fundamentado, o guia da equipa do pioneiro em causa explica, na equipa, as
razões para a não aceitação da sua proposta, explicando ao pioneiro o que ele deverá ainda adquirir, em
termos de conhecimentos, competências e atitudes, para que possa concluir o objectivo.
Avaliação
Novos “agentes” foram considerados na fase de avaliação do progresso pessoal. Partindo do
pressuposto que tudo o que os Pioneiros fazem dentro e fora dos escuteiros contribui para
o seu desenvolvimento e que existem oportunidades educativas a ser concretizadas em
outros “ambientes educativos” tal como a escola, associações, instituições etc, em alguns
casos a avaliação do seu progresso pessoal poderá ser feita também por outros
intervenientes.
Num sistema orientado por objectivos educativos os mesmos não podem ser controlados
como se fossem “provas” ou “exames”. Os objectivos educativos avaliam-se mediante a
observação do progresso dos jovens durante um percurso prolongado de tempo.
Foram identificados no quadro em Anexo V os conhecimentos, competências e atitudes
que devem ser observados em cada um dos objectivos educativos dos pioneiros.
Quando forem observados no jovem as condutas subjacentes aos objectivos, e avaliados
pelo próprio, pelos “pares” e pela Equipa de Animação o Conselho de Guias poderá
reconhecer que o Pioneiro alcançou aquele objectivo educativo.
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Relação educativa
Nesta vertente reforça-se o papel e a importância dos “pares”, ou seja, o papel dos
Guias e do Conselho de Guias no acompanhamento e na avaliação do progresso pessoal
dos seus elementos, de uma forma muito simples e orientada.
Reconhecimento
Deixarão de existir os cartões de progresso. Passará a existir um diário de bordo que
junta o conceito de caderno de suporte ao progresso com a ideia de um diário de
vivências pessoais nos Pioneiros.
Para além disso, recomenda-se que, no Abrigo, seja decorado um painel pelos Pioneiros
onde uma ilustração criada por eles simbolize os diferentes percursos e trilhos, e em que
cada um dos Pioneiros tem uma marca feita por ele, que o identifica. Essas marcas serão
usadas pelos Pioneiros para marcar no painel as suas escolhas, em termos de trilhos.
Quando o Pioneiro terminar a sua última etapa, ou seja, completar todos os objectivos
educativos definidos para a III Secção, irá receber uma anilha com o símbolo da Secção,
de forma a ser reconhecido que completou a totalidade do percurso educativo proposto
aos pioneiros. A anilha poderá ser usada até receber a 1ª insígnia de progresso
enquanto caminheiro.
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VI. Adesão Informal ao Clã
Para os pioneiros mais velhos o último trimestre do seu último ano no Grupo Pioneiro será já um período
de adesão informal aos caminheiros, como será apresentado mais à frente.
Como em qualquer processo de transição pretende-se que este seja ao mesmo tempo suave mas
também desafiante.
A adesão informal iniciar-se-á no início do último trimestre da vivência escutista no Grupo pioneiro.
Neste último trimestre, o Pioneiro continua a pertencer e a viver em pleno as dinâmicas do grupo
pioneiro. Pretende-se que ele se vá familiarizando, de forma informal, com o clã.
O objectivo é promover uma aproximação aos Caminheiros, que funcione como “quebra-gelo” e que
ajude a colocar os Pioneiros que passam para os Caminheiros mais à-vontade, promovendo uma
integração mais fácil, a partir do momento da efectiva passagem e do início da adesão formal.
Pretende-se que os chefes de equipa convidem o Pioneiro a participar numa caminhada (ou em parte, se
for longa), de forma informal, para se poder ir inteirando da dinâmica do clã, conhecer as equipas, os
seus chefes de equipa, os chefes e a base. Tudo informalmente, sem pressões. A ideia é ir observando,
sem participação activa, em termos de tarefas ou responsabilidades.
Deixa de existir insígnia de ligação.
A Adesão informal não é obrigatória, é aqui assinalada apenas como uma boa prática pedagógica a
considerar.
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7 – A Relação Educativa
“Os princípios do escutismo estão todos certos. O êxito da sua aplicação depende do chefe e do modo
como ele os aplica.”
in Auxiliar do Chefe Escuta, p44
No Escutismo, o Adulto é o garante da educação integral dos jovens da sua Unidade; a sua missão não é
mais do que educar, e educar através da aplicação do Método criado por Baden-Powell para os valores
por ele propostos. No caso particular do Corpo Nacional de Escutas, esta aplicação do Método e a
vivência dos valores decorre à luz do Evangelho de Jesus Cristo, sendo o testemunho cristão do Adulto
elemento fundamental.
Os Animadores responsáveis pela implementação do programa educativo asseguram que cada criança e
jovem tem oportunidades para se desenvolver nas diversas áreas da sua personalidade (física,
intelectual, social, espiritual, afectiva e carácter). Tal ocorre por via da organização de actividades
adaptadas às necessidades, aspirações e capacidades dos jovens de cada idade, determinando objectivos
educativos relevantes e estabelecendo relações de suporte entre os adultos e os jovens, assim como
entre estes.
in RAP – User’s Guide, p125
A intervenção do Adulto no Escutismo é, porém, por princípio subsidiária; ou seja, a acção pedagógica –
para além de voltada para o jovem – deve estar centrada no próprio jovem, chamado a ser, pela vivência
do ‘Jogo Escutista’, protagonista do seu auto-desenvolvimento. O Adulto, na medida da idade e
maturidade dos jovens, é chamado a recuar na intervenção, competindo-lhe, no entanto, sempre
assegurar a existência de um ambiente seguro e propício a uma aprendizagem do tipo aprender-fazendo,
bem como da conformidade da vida da Unidade com os ideais e valores com que o Escutismo se
identifica e se propõe promover. Cabe, assim, ao Adulto, a humilde postura de João Baptista: “Ele é que
deve crescer, e eu diminuir” (Jo, 3, 30).
Ausência Pedagógica
Se a presença do Adulto é fundamental no Escutismo, a ausência também o é. O Adulto tem de dar
espaço aos jovens para que estes possam crescer e desenvolver a sua autonomia.
Ausências – mesmo físicas, não apenas das reuniões mas também das próprias actividades – que devem
estar de acordo com a idade e maturidade dos jovens: se com os Lobitos pode ser o jogo de pista vigiado
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à distância, com os Exploradores já são as etapas do raid ou uma actividade de angariação de fundos; nos
Pioneiros alarga-se o âmbito da autonomia e nos Caminheiros pode até – se assim for considerado
adequado – ser a total ausência (mas não desconhecimento ou falta de informação) do Dirigente no hike
ou no acampamento da equipa.
Ausências que não são vazio, mas expressão de uma intencionalidade pedagógica.
A –O Adulto no Escutismo
Ser Adulto no Escutismo não pode resultar apenas de um – ainda que bem-intencionado – voluntarismo,
nem ser encarado como algo apenas acessível a um pretenso escol de super-homens, ou super-
mulheres, com critérios externos ao Movimento.
Ser Adulto no Escutismo deve resultar de um encontro entre uma intenção voluntária do próprio e o
cumprimento de requisitos – o Perfil – estabelecidos pela associação, encontro que terá de se
consubstanciar num compromisso subsequente a uma formação inicial, formação a que deverá ser dada
continuidade ao longo do ciclo de vida na associação.
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Face aos Jovens...
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Face ao Método escutista…
A Missão do Dirigente tem contornos e conteúdos definidos, e procedimentos próprios, os quais importa
explicitar; assim, a Missão do Dirigente desdobra-se em atribuições [conteúdos] e concretiza-se segundo
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determinadas formas de actuação [métodos].
Constituem atribuições do Dirigente:
ARQUITECTAR
Organizar a Unidade garantindo a integração e funcionamento de todos os elementos do método;
Adaptar a aplicação do método à realidade sócio-cultural local;
Ajustar a organização ao enquadramento comunitário, designadamente paroquial;
Dotar os guias e chefes de equipa de competências e espaço para o exercício pleno da sua actividade,
remetendo-se para um papel supervisor e subsidiário;
Garantir a gestão de equilíbrios na organização e composição das subunidades, designadamente nos
momentos de entrada e saída de elementos.
GUARDAR A MISSÃO
Garantir o regular funcionamento dos elementos do método;
Gerar e garantir condições de funcionamento da vida de grupo;
Ser exemplo e modelo de vida.
ADMINISTRAR A VISÃO
Lançar desafios de desenvolvimento da Unidade;
Fazer convergir horizontes e perspectivas pessoais e das subunidades;
Promover a adesão e a perseverança em torno do caminho.
MOTIVAR
Estimular a iniciativa e o desenvolvimento das capacidades pessoais de cada jovem;
Promover, de forma autêntica e não manipulativa, o entusiasmo;
Sugerir vias de exploração e de busca de soluções.
GERAR COMPROMISSOS
Incentivar a autonomia na tomada de decisões;
Promover consciência e consistência na tomada de decisões;
Apelar ao sentido das opções e à coerência para com as mesmas;
Manifestar reciprocidade nos compromissos.
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EDUCAR
Estimular a pró-actividade dos jovens;
Ajudar a explorar criativa e realisticamente a tensão entre os sonhos e a realidade;
Fomentar uma cultura de progressão e superação pessoal.
Promover, simultaneamente, a integração na comunidade e a autonomia pessoal;
Educar é, assim, a atribuição nobre de um Dirigente; contudo não pode a mesma ser levada a bom porto
isoladamente, sem o concurso das demais.
CONHECER OS JOVENS
Conhecer as características gerais dos jovens da faixa etária da Secção onde presta serviço;
Conhecer cada jovem, a sua personalidade e a sua realidade.
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Saber avaliar e promover a avaliação pelos jovens das actividades.
TRABALHAR EM EQUIPA
Aceitar e promover a partilha de tarefas;
Aceitar partilhar capacidades e resultados;
Aceitar e valorizar as diferenças dos outros;
Aceitar e valorizar a decisão colegial;
Aceitar compromissos que conduzam à convergência de pontos de vista.
TER TEMPO
Para estar com os jovens;
Para corresponder às exigências da função;
Para acompanhar semanalmente a Unidade;
Para comprometer-se por períodos plurianuais.
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Visando tomar cautelas prévias;
Visando habilitar-se, ou providenciar quem se habilite, com os conhecimentos técnicos adequados;
Visando minimizar as possibilidades de dano físico e/ou psíquico.
De uma forma resumida, estas atribuições e formas de actuação do Dirigente podem ser
esquematizadas, como um “8”, em que o “educar” – o seu papel, a sua vocação e missão – se perspectiva
quer do ponto de vista das suas atribuições – “o quê…” – como das suas formas de actuação – “como”.
ADMINISTRAR A
MOTIVAR
GUARDAR A
O QUÊ…
ARQUITECTA
GERAR
R
EDUCA
PERCEPCIONAR E
CONHECER OS JOVENS CONTROLAR O RISCO
COMO…
QUERER APRENDER E
CRESCER
103/119 COMO
PESSOA
TRABALHAR EM EQUIPA
AJUDAR OUTROS A
CRESCER
B – Interacção Educativa
“O Educador, porque é o herói dos seus rapazes, tem uma poderosa alavanca para o
seu desenvolvimento, mas ao mesmo tempo pesa sobre ele uma grande
responsabilidade. Os rapazes estão sempre prontos a apanhar as menores
manifestações da sua maneira de ser, sejam elas virtudes ou defeitos. O seu estilo
torna-se o deles; a afabilidade ou a irritação, a alegria sorridente ou o seu entusiasmo
impaciente, o domínio da vontade sobre si próprio ou as suas esporádicas falhas à
moral, não são simplesmente notadas, são copiadas pelos seus discípulos.”
Aquilo que cada um é e como é, a maneira como age e lida com os assuntos, a postura perante a vida e a
sociedade, são tudo elementos comportamentais seguramente observados e registados, com minúcia e
perspicácia, pelos jovens Escuteiros.
A tendência normal é o comportamento do Dirigente influenciar, seja pela positiva seja pela negativa, o
comportamento dos jovens, pelo que este deve ter ser presente que lhes serve de exemplo.
É fundamental que o Dirigente se adapte à Secção ao serviço da qual se encontra, devendo o seu
comportamento ser modelado de acordo com a idade e maturidade dos elementos da Secção, dos
jovens com quem interage.
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ENVOLVIMENTO DO ADULTO
AUTONOMIA DO JOVEM
A finalidade do Escutismo é que o jovem se desenvolva em autonomia, logo o papel do Dirigente não
pode ser senão o da promoção dessa autonomia, sendo que esta relação entre a autonomia do jovem e
o envolvimento, ou a intervenção, do Dirigente deve perspectivar-se de uma forma dinâmica,
progressivamente decrescente e qualitativamente diferenciada, ao longo do percurso educativo do
jovem através das Secções.
Dependendo da Secção, há maior ou menor necessidade de “espaço”, mais ou menos graus de liberdade,
formas diferentes de companheirismo e de partilha de cumplicidades. Mas em todas as Secções é
fundamental a permanência e a sensação de presença do Dirigente, que transmite segurança, que “está
lá” sempre que for preciso e para o que for preciso, que está com eles e com eles caminha nos bons
(incentivando) e nos maus (orientando) momentos.
Para que o Dirigente consiga atingir estes objectivos, é necessário que conheça os seus elementos, que
crie com eles relações de proximidade e afinidade. Interessa ser amigo e não ser “o chefe”, o General,
aquele que apenas ordena. Mas ser amigo não representa nem implica qualquer demissão da sua
dimensão adulta e educativa. O Dirigente não é o amigalhaço do jovem, o amigo da sua idade, é o seu
amigo adulto.
No Escutismo, o Dirigente tem de saber misturar-se com os jovens, sem nunca se deixar confundir com
os mesmos, equilíbrio que é a chave de ouro da relação educativa escutista entre jovens e adultos.
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Estilo de Animação
O estilo de animação de um Dirigente, isto é a forma como interage com os jovens, não pode ser
abordado de uma forma meramente individual, mas tem de ser visto na perspectiva da missão que quis,
quer, abraçar. O estilo indvidual de animação é um ponto de partida, não uma mera constatação, pois o
Escutismo – e neste a relação educativa adulto / jovem – não se compadece com o exercício reiterado de
qualquer estilo de animação, isto é há um estilo de animação próprio intrínseco à relação educativa
adulto / jovem no Escutismo.
E esse estilo de animação é o democrático ou participativo, em que o Dirigente deixa aos jovens o
máximo de espaço para imaginar, decidir, planear, concretizar, avaliar e celebrar, isto é, faculta aos
jovens o espaço / ambiente necessário para que estes possam viver e jogar o jogo escutista.
Assim, deixar aos jovens o máximo de espaço significa, por um lado, que o Dirigente não pode ser
autoritário, directivo ou super-protector, não deixando aos jovens espaço e liberdade para jogar. Uma
estrutura rígida pré-determinada e uma atitude dirigista impossibilitam a existência de oportunidade
para que os jovens exerçam a sua liberdade e desenvolvam a sua autonomia – o jogo escutista não é,
assim, possível.
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Por outro lado, o máximo não significa todo o espaço, pois a imensidão de espaço e – consequente –
falta de enquadramento e de referências que constitui uma atitude libertária do estilo laissez-faire,
impede igualmente o jogo, pois não há jogo sem enquadramento, não há jogo sem regras. O
desenvolvimento da autonomia responsável ocorre no encontro – e confronto – dos dinamismos do
indivíduo com uma realidade; a inexistência desta sob uma forma estruturada impede tal
desenvolvimento.
Ou seja, o Dirigente tem de garantir aos jovens um espaço de liberdade e iniciativa, mas um espaço onde
existem um enquadramento e regras; só um espaço com todas estas características – que se
consubstanciam nos elementos do método escutista atrás apresentadas – permite jogar o jogo escutista.
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Em conclusão, o papel do Dirigente na relação educativa escutista é o de garante da presença e regular
funcionamento dos elementos constituintes do método escutista, o garante de enquadramento e
ambiente para o jogo escutista.
Antes de mais importa relembrar que as actividades escutistas são um meio e não um fim em si mesmo.
O fim é o auto-desenvolvimento do jovem e a sua identificação com os valores próprios do Escutismo,
fim esse que é alcançado pela vivência de actividades pedagogicamente consistentes e ricas. É
precisamente no enriquecimento das actividades que se aplica a função motivadora do Animador.
Despertar a imaginação;
Valorizar a actividade na sua globalidade, “Soprar” ideias;
nunca alterando a sua ideia central; Sugerir iniciativas;
“limar arestas” (organização e Espicaçar o entusiasmo;
planificação) para aumentar as garantias Procurar a dose certa de
de êxito. atracção, aventura e emoção.
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Uma forte autonomia deve caracterizar a vida de um Grupo Pioneiro, onde os Pioneiros interagem e as
equipas funcionam como pequenas comunidades.
Assim, a intervenção do Dirigente nas actividades deve, progressivamente, focalizar-se no
enriquecimento das mesmas e dos respectivos métodos de planeamento e avaliação
Aqui, ao Dirigente cumpre estimular o aparecimento e desenvolvimento de ideias, promover a
participação e iniciativa de todos, fomentar formas de planeamento e organização, despertar a atenção
para aperfeiçoamentos organizacionais e logísticos, colaborar no enriquecimento técnico das actividades,
orientar na avaliação e prevenção dos riscos, provocar a avaliação.
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“Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa”
Ecl 3, 1a
Há que ter sempre presente que as actividades devem ser adequadas às idades, estando-lhes subjacente um percurso evolutivo
em matéria de esforço e exigência, e até de apreensão, avaliação e gestão do risco que lhes está subjacente.
Assim, deve o Dirigente deve saber adequar a ‘fasquia’ da tipologia e da ousadia que se atribui às actividades, sob pena até de se
distorcer e confundir – perante o jovem – a identidade pedagógica das secções.
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O Adulto Animador da Fé
No Corpo Nacional de Escutas, a Animação da Fé faz-se, em paralelo com o percurso catequético de cada
criança e jovem, pela promoção de um ambiente de convivência e partilha, de momentos de descoberta
e contemplação, de oportunidades de formação e de acção caritativa, de vivência eucarística e
sacramental, de oração. Tudo isto, de uma forma escutista, integrada no processo educativo, num prisma
de desenvolvimento pessoal e num ambiente de vivência comunitária.
A Animação da Fé assenta numa responsabilidade pessoal tripartida: por um lado, temos o Assistente,
com um papel preponderante na orientação pastoral e na promoção da eclesialidade, a quem cumpre
ser o guia, o garante, o ‘facilitador’; por outro, temos o jovem, aquele que, à justa medida da sua idade e
maturidade, participa, procura, explora, e se compromete.
Entre estes, está o Dirigente, a quem cumpre ser aquele que quotidianamente propõe, que convida a
caminhar conjuntamente, que testemunha.
Mas, para que tal aconteça com autenticidade e sentido, terá ele também de ser aquele que procura –
ele próprio – crescer no caminho, que procura – ele próprio – crescer na fé, e isso não acontece sem
formação, sem vivência eucarística e sacramental, sem acção caritativa, sem oração.
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Duas questões são aqui fundamentais:
Celebrar;
Caminhar;
Viver.
O testemunho autêntico de vida cristã é a mais pedagógica das ferramentas ao serviço do Dirigente do
CNE enquanto Animador da Fé.
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Garante de Segurança e Bem-Estar
Na Unidade, ao Dirigente cumpre garantir que em todas as iniciativas e actividades são cumpridas as
normas de segurança legais ou em vigor na Associação, bem como excluídos comportamentos e opções
que acarretam riscos irrazoáveis e/ou não devidamente acautelados.
Neste âmbito, cumpre realçar que, em termos de responsabilidade jurídica, os jovens se encontram
confiados aos adultos que os acompanham, competindo a estes a permanente avaliação e gestão do
risco inerente à prática de actividades. O grau de segurança de uma actividade, para além de eventuais
preceitos legais, deve acautelar de forma adequada – isto é, sem negligência facilitista nem asfixiante
excesso de zelo – os riscos a esta intrínsecos.
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Tal como em todos os aspectos da vivência escutista, o envolvimento dos jovens nestes aspectos é
crucial no sentido da respectiva formação pessoal em termos de autonomia e responsabilidade,
incluindo a avaliação e gestão do risco, devendo ocorrer – naturalmente – de acordo com a idade e
maturidade dos jovens, sendo que é do Dirigente – independentemente de idades e maturidades – a
palavra e responsabilidade últimas.
A segurança nas actividades não é um espartilho ou um impedimento, é – e assim deve ser encarada –
uma excelente oportunidade educativa.
Concomitantemente com a segurança, cumpre igualmente ao Dirigente estar atento ao bem-estar físico,
psicológico e anímico dos jovens que lhe estão confiados, tomando ou providenciando, sempre que se
justifique, as necessárias medidas preventivas ou restabelecedoras. Um olhar observador e uma
intervenção formativa devem sempre recair sobre aspectos como a higiene, a alimentação, o descanso
ou a saúde, devendo o Dirigente proporcionar formas de reflexão, análise e prevenção que sejam,
progressivamente, protagonizados pelos próprios jovens.
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No Conselho de Guias, bem como no Conselho de Grupo, a temática do risco e da segurança nas
actividades, deve estar presente e ser progressivamente reflectida, debatida e resolvida pelos Pioneiros,
com a colaboração e orientação do Dirigente, o qual deve ir chamando à atenção, fornecendo elementos
de análise, formando e auxiliando na procura de soluções.
O Pioneiro, em plena adolescência, fase de descoberta e afirmação pessoal, pode revelar, por vezes,
problemas ao nível do seu bem-estar psicológico e anímico em termos relacionais, de auto-estima, de
afirmação entre os pares e de integração social.
Um olhar atento, uma conversa oportuna, o testemunho pessoal, por parte do Dirigente têm um papel
importante, quer no despiste precoce deste tipo de perturbações, quer na sua retroversão quando
manifestas.
Também é a fase – tantas vezes como factor de afirmação pessoal – de iniciação ao consumo de álcool e
de tabaco, bem como de desenvolvimento e amadurecimento da expressão da sua afectividade e
sexualidade; aspectos a que o Dirigente não pode estar desatento e onde o seu testemunho de vida é
importante.
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Coeducação
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Quadro de Anexos
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