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A letra de uma conhecida música fala que “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.
Compreender profundamente a verdade contida nessa afirmação se constitui em um desafio a
todos os que querem dar um significado profundo à sua vida. Isto porque os seres humanos
gastam grande parte de suas energias tentando por um lado afastar a dor e por outro lado, garantir
a permanência das delícias de ser o que é. Nessa tarefa, muitas vezes a dor aparece como o sem
sentido e a efemeridade das delícias deixam um gostinho de saudade e um desejo de quero mais.
É aí que entra a religião: ela tem o potencial tanto de fornecer sentido à dor quanto às delícias.
De que maneira a religião pode fazer isso?
Entre as motivações que levam os indivíduos a buscarem uma religião está o desejo de
garantir sua vida no aqui e agora. Se observarmos em quais necessidades se concentram os
pedidos dos crentes quando recorrem à divindade, veremos que a grande maioria deles se
referem à busca de saúde, emprego, moradia, boas relações sociais na família e fora dela,
garantia que nenhum acidente fatal ocorra consigo ou com algum membro da família. Ou seja,
com suas necessidades de sobrevivência cotidiana. Todos querem viver muitos anos (se possível
não morrer nunca) e viver muito bem, gozando de boa fartura e segurança. A religião alimenta no
ser humano a esperança de conseguir concretizar a satisfação dessas necessidades. A dificuldade
de evidenciar essa garantia como uma realidade tem ocupado grande parte da produção teológica
de quase todas as religiões da humanidade.
As soluções apresentadas para esse problema estão em íntima conexão com a formação da
própria idéia de Deus e com a das idéias de pecado e de salvação. Apresentamos a seguir
algumas das explicações oferecidas pelas religiões ao fato de que há uma grande distância entre
o desejo de garantir as delícias de ser o que é e a realidade da experiência cotidiana da dor de ser
o que é:
A idéia de pecado: os sofrimentos atuais são frutos dos pecados dos antepassados e a
resolução, o justo equilíbrio se dará via uma compensação futura neste mundo. É a escatologia
messiânica que aguarda a transformação política e social deste mundo. Ou seja, um deus
poderoso ou herói virá um dia e colocará seus adeptos na posição que merecem no mundo. Pode
ser que somente os piedosos poderão ver o reino messiânico. O desejo de participação no reino
messiânico leva à intensificação das atividades religiosas. Se demora demasiadamente o advento
do reino anunciado pelo profeta, é quase inevitável a consolação com um futuro no além. O
acesso ou não a um futuro paradisíaco no além vem articulado com a idéia de salvação que tem
por base a concepção de que as almas podem salvar-se e a idéia ética da retribuição dos bons e
maus feitos concretos, ou seja, do juízo final.
Outra forma de resolução do problema é a idéia da predestinação: O homem, pela sua
queda, perdeu toda capacidade de desejar qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação;
portanto não é capaz, por suas próprias forças, de converter-se ou de se preparar para isto. Logo,
a lógica da salvação não deve ser esta, mas a crença de que: existe um Deus absoluto, que criou o
mundo e o governa, mas que não pode ser percebido pelo espírito finito dos homens; esse Deus,
ainda antes da criação do mundo, sem qualquer previsão de fé ou de boas obras, seguindo sua
deliberação e arbítrio de sua vontade, por manifestação de sua livre força e amor, predestinou
cada um de nós à salvação ou à condenação, sem que, por nossas obras, possamos modificar esse
decreto divino; aos salvos, Deus chamará, no tempo escolhido, para fora do estado de morte e de
pecado no qual estão por natureza, tomando-lhes seu coração de pedra e dando-lhes um coração
de carne, renovando suas vontades e determinando-os para aquilo que é bom. Os não salvos
serão condenados à desonra e à ira por seu pecado. A estes, Deus não só nega aquilo que concede
aos salvos, mas também retira seus dons e os abandona à sua própria luxúria, às tentações do
mundo e ao poder do Satanás.
Além das respostas ao problema da teodicéia apontadas acima, há ainda a concepção do
dualismo, que tem por base a idéia de que no mundo há sempre duas forças opostas em luta
permanente, ou seja, o bem, o espiritual, a luz estão sempre em luta contra o mal, o material, o
pecado. Essa luta é fruto da luta dos deuses. Outra forma de resolução é ainda a concepção do
carma que crê na transmigração das almas e nas reencarnações em vidas melhores, até chegar à
divindade, ou em vidas piores, até chegar à animalesca.
Desta forma o ser humano relaciona-se com o sagrado como uma realidade infinitamente
poderosa, diferente dele. Essa realidade a ele se dirige, no entanto, e coloca sua vida numa ordem
dotada de significado: é o cosmo sagrado que enfrenta o caos. O ser humano que se encontra em
uma relação correta com o cosmos sagrado possui um escudo contra o terror da sensação de
desordem em sua vida.
O sagrado relaciona-se com o ser humano de um modo que não o fazem os outros
fenômenos não humanos. Assim o cosmos postulado pela religião transcende o ser humano e ao
mesmo tempo o inclui, ensinando-o como sofrer, como fazer da dor física, da perda pessoal, da
derrota frente ao mundo ou da impotente contemplação da agonia alheia algo tolerável,
suportável. Aqueles que forem capazes de adotar os símbolos religiosos obterão uma garantia
cósmica tanto para sua capacidade de entender o mundo, como para darem precisão a seu
sentimento, uma definição às suas emoções que lhes permita suportá-lo, soturna ou alegremente,
implacável ou cavalheirescamente.
Atividade complementar
è Retome a afirmação destacada acima: “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”
1. Individualmente:
Faça um elenco das dores e das delícias que você experimenta, enquanto ser humano,
pelo fato de ser o que é.
Responda à pergunta: o que suas crenças e práticas religiosas têm a dizer a você sobre
isso?
2. Em grupo:
Façam um elenco das dores e das delícias que a sociedade atual experimenta hoje, pelo
fato de ser o que é.
Responda à pergunta: o que as diferentes crenças e práticas religiosas atuais têm a dizer à
sociedade de hoje sobre isso?
Referências bibliográficas:
BERGER, Peter. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da religião. Tradução José
Carlos Barcelos. São Paulo: Paulinas, 1985.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. Tradução de Sergio Miceli et al. São Paulo:
Perspectiva, 1974.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
PARKER, Cristián. Religião popular e modernização capitalista. Tradução de Atílio Brunetta. Petrópolis:
Vozes, 1995.
Universidade Católica de Goiás – Departamento de Filosofia e Teologia
Professor João índio
4.1-FATOS DA VIDA
Nestes quatro fatos, existem algumas semelhanças e diferenças? o que faz com que os
participantes dessas religiões dediquem alguns momentos de suas vidas a essas experiências
místicas? isso tem implicações na vida da sociedade onde estão inseridos? o que significa ser
religioso para eles?
A busca de como acertar na vida é algo inerente ao ser humano. Existem as necessidades
básicas da vida: comer, beber, ter moradia, educação... Precisamos da convivência humana, do
bem-querer e do calor humano. Além de tudo isso, todo ser humano se interroga sobre a sua
existência. Todos nós fazemos essas perguntas:
* De onde venho e para onde vou?
* Afinal, quem sou eu?
* Como foi o início do mundo?
* Existe alguém que dirige a história?
* A gente sobreviverá após a morte?
* Existe ou não Deus?
* A minha vida tem sentido? Por que eu vivo?
Estas questões, ou outras parecidas, sempre apareceram em qualquer cultura e qualquer
tempo. Todo agrupamento humano, em qualquer época da história, em qualquer parte do
universo, teve experiência religiosa1.
As perguntas acima estão na origem de todas as religiões.
1
Claro que, em determinadas experiências humanas, houve questionamentos sobre a existência numa
perspectiva mais humana ou racional que religiosa. Também, nos últimos tempos, a despreocupação
com religião tem se tornado um novo fator histórico.
Muitas são as pesquisas para se explicar como nasceram as religiões. Já foi afirmado que
elas surgiram quando o ser humano, já nos inícios, pensava que o sol, a lua, as estrelas, os
montes, algumas árvores, os rios, os animais tivessem espíritos. Estes, então, precisavam ser
acalmados. Essa crença se chama animismo (SAMUEL, 1997, p. 25-67).
Existem religiões no mundo que acreditam em vários deuses: o politeísmo.
Ao mesmo tempo, religiões que crêem em um só Deus: o monoteísmo. Outros
estudiosos acham que a religião é fruto de fatos psicológicos, ou então, sociais. Percebe-se nisso,
um modelo reducionista (reduzir a religião a apenas um elemento da vida espiritual ou condições
sociais do ser humano).
Hoje, os estudiosos das ciências da religião vêem que a religião é um elemento
independente, ligado aos elementos psicológico e social (GAARDER, 2001, p. 16). Porém, com
sua própria estrutura. Por isso, que as ciências da religião têm vários ramos: sociologia da
religião, psicologia da religião, antropologia da religião, filosofia da religião, fenomenologia da
religião, literatura sagrada da religião etc.
O que ficou evidenciado naqueles encontros das religiões foi o surgimento de dois pilares
para que se busque a paz: o “compromisso pela justiça” e a “disponibilidade ao perdão”. A paz é
fruto da justiça: as religiões entenderam que precisam se envolver no respeito à dignidade das
pessoas e dos povos, dos direitos e deveres de cada um e na distribuição eqüitativa dos
benefícios e das responsabilidades entre os indivíduos e a coletividade. Na falta de justiça,
muitas vezes, está a origem da violência, de guerras, de busca dos direitos através da força. Por
isso, olhando para a história, o encontro de Assis reconheceu que muitas religiões no passado
incentivaram o uso da força, sendo isso um empecilho para a convivência pacífica no presente.
Por isso, o pedido do perdão. Os erros do passado (cruzadas, guerras santas, lutas inter-religiosas
etc) não podem ser argumentos para que se cometam outros erros no presente. Portanto, as
religiões precisam ser, pela sua própria definição, promotoras da “paz”, baseadas na “justiça” e
no “perdão”. Assim, elas tomam uma postura profética: anunciadora de Deus e denunciadoras
das injustiças. As religiões devem ser críticas e transculturais.
Parece que a grande importância das religiões para o mundo é terem a “paz” como o
“coração das religiões”. Diante disso, os caminhos para superar os paradoxos são longos e
tortuosos: não existem “guerras religiosas legítimas”. Estas são feitas na base do
“fundamentalismo religioso”, o reverso da postura da convivência.
Atividade complementar
a) Pontos positivos do encontro de Assis.
b) “Convivência, diálogo, tolerância e cooperação” entre as religiões.
Referências bibliográficas:
GAARDER, J.; HELLERN, V.; NOTAKER, H. O Livro das Religiões. São Paulo: Cia das Letras, 2001.