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METODOLOGIA PARA ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA

USINA HELIOTÉRMICA DE RECEPTOR CENTRAL NO BRASIL

Cássio Mauri de Oliveira Filho

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de


Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.

Orientador: Jorge Luiz do Nascimento, Dr. Eng.


Coorientador: Walter Issamu Suemitsu, Dr. Ing.

Rio de Janeiro
Agosto de 2014
METODOLOGIA PARA ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA
USINA HELIOTÉRMICA DE RECEPTOR CENTRAL NO BRASIL

Cássio Mauri de Oliveira Filho

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO ELETRICISTA.

Examinada por:

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2014

ii
Oliveira Filho, Cássio Mauri de

Metodologia para Estudo de Implantação de uma Usina


Heliotérmica de Receptor Central no Brasil / Cássio Mauri
de Oliveira Filho. – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola
Politécnica, 2014.

XIII 87 p.: il.; 29,7 cm

Orientador: Jorge Luiz do Nascimento, Dr. Eng.


Coorientador: Walter Issamu Suemitsu, Dr. Ing.

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /


Curso de Engenharia Elétrica, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 84-87

1. Fontes Renováveis de Energia. 2. Energia Solar


Térmica Concentrada. 3. Planta Heliotérmica no Brasil. I.
Nascimento, Jorge Luiz do. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Elétrica. III. Título.

iii
“Todas as vitórias ocultam uma abdicação”.

Simone de Beauvoir

iv
Agradecimentos
Primeiramente a Deus por me permitir alcançar este sonho e por indicar os meios
para esta realização.

Agradeço em especial aos meus pais Cassio Mauri de Oliveira e Ana Candida de
Oliveira, e à minha irmã Cassiane Cândido de Oliveira, pelo amor e apoio incondicional
durante toda a caminhada.

À minha namorada Sandrine Miranda, pelo amor e companheirismo que me


fizeram acreditar nessa conquista.

À toda minha família, que torceu pelo meu sucesso em concluir o curso de
Engenharia Elétrica.

Aos meus amigos Diego e Sthenio, que me acompanharam durante esses anos na
UFRJ e aos demais amigos que me ajudaram direta ou indiretamente.

Aos professores Jorge Luiz e Walter Issamu por acreditarem no sucesso deste
trabalho e aos demais professores que contribuíram com minha formação.

À UFRJ por todo conhecimento, experiências e aprendizados adquiridos durante a


graduação que me fazem concluir esta trajetória com êxito e que levarei por toda minha
vida.

v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

METODOLOGIA PARA ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA USINA


HELIOTÉRMICA DE RECEPTOR CENTRAL NO BRASIL

Cássio Mauri de Oliveira Filho


Agosto/2014

Orientador: Jorge Luiz do Nascimento

Curso: Engenharia Elétrica

A crescente demanda energética mundial, em consonância com os impactos


ambientais causados por uma matriz energética carbono intensiva, estão provocando
uma mudança na forma de gerar energia elétrica. Ainda com a predominância do uso de
combustíveis fósseis, novas fontes alternativas e renováveis estão sendo inseridas na
matriz elétrica mundial. Uma dessas alternativas é a geração heliotérmica, que junta os
benefícios de aproveitar o potencial energético solar com a já dominada tecnologia de
conversão da energia térmica em elétrica. A geração heliotérmica está crescendo em
todo o mundo desde os anos 2000, porém, por ainda ser uma tecnologia de alto custo e
por não haver políticas de incentivo, no Brasil ainda não há nenhuma planta deste tipo.
Assim, o objetivo desta monografia é apresentar uma metodologia de estudo para a
implantação de uma usina heliotérmica de receptor central no Brasil, comparando os
custos e desempenho de plantas em várias localidades do país.

Palavras-chave: Impactos ambientais, fontes alternativas, geração heliotérmica.

vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI / UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Electrical Engineer.

METHODOLOGY FOR THE STUDY OF IMPLEMENTATION OF A SOLAR


THERMAL PLANT WITH CENTRAL RECEIVER IN BRAZIL

Cássio Mauri de Oliveira Filho


August/2014

Advisor: Jorge Luiz do Nascimento

Course: Electrical Engineering

The growing global energy demand, in conjunction with the environmental


impacts caused by carbon intensive energy sources are changing the way of electricity
generation. Even with a predominant use of fossil fuels, new alternatives are being
inserted in the global energy market. One such alternative is solar thermal energy,
which brings together the benefits of using the solar energy potential with the
technology of converting thermal energy into electrical one. Solar thermal plants are
growing throughout the world since the 2000s, however, because of the high cost and
the lack of incentive policies, in Brazil there is still no plant of this kind. Therefore, the
aim of this study is to present a methodology of study for installing a solar thermal
central receiver plant in Brazil, comparing the costs and performance of plants in
several locations around the country.

Keywords: Environmental impacts, alternative sources, solar thermal energy.

vii
SUMÁRIO
Lista de Figuras ................................................................................................................ x
Lista de Tabelas ............................................................................................................. xiii
1 Introdução ................................................................................................................. 1
1.1 Motivação ......................................................................................................... 6
1.2 Objetivo ............................................................................................................ 8
1.3 Metodologia ...................................................................................................... 8
1.4 Estrutura do Trabalho ....................................................................................... 9
2 Energia Solar Térmica Concentrada ....................................................................... 11
2.1 Energia do Sol ................................................................................................ 11
2.2 Histórico da Concentração Solar .................................................................... 14
2.3 Tecnologias CSP ............................................................................................ 18
2.3.1 Cilindro Parabólico ................................................................................... 19
2.3.2 Torre Solar ................................................................................................ 21
2.3.3 Linear Fresnel ........................................................................................... 23
2.3.4 Prato Parabólico........................................................................................ 24
3 Cenário Atual de CSP no Mundo ........................................................................... 26
3.1 Plantas em Operação ...................................................................................... 28
3.2 Plantas em Construção ................................................................................... 40
3.3 Plantas em Desenvolvimento.......................................................................... 45
4 Estudo de Caso ....................................................................................................... 48
4.1 Procedimento Metodológico........................................................................... 48
4.2 Software de Simulação - SAM ....................................................................... 48
4.3 Escolha da Tecnologia CSP............................................................................ 53
4.3.1 Torre Solar ................................................................................................ 53
4.3.2 Campo de Helióstatos ............................................................................... 54
4.3.3 Torre e Receptor ....................................................................................... 59
4.3.4 Bloco de Potência ..................................................................................... 60
4.3.4.1 Ciclo de Rankine ............................................................................... 60
4.3.5 Armazenamento de Energia...................................................................... 62
viii
4.4 Localidade e Recurso Solar ............................................................................ 63
4.5 Simulações ...................................................................................................... 67
4.5.1 Caso de Bom Jesus da Lapa ..................................................................... 67
4.5.1.1 Parâmetros de Entrada ....................................................................... 67
4.5.1.1.1 Dados Climáticos e Irradiação de Projeto ..................................... 67
4.5.1.1.2 Helióstatos, Torre e Receptor ....................................................... 69
4.5.1.1.3 Múltiplo Solar ............................................................................... 69
4.5.1.1.4 Potência da Planta ......................................................................... 71
4.5.1.1.5 Modelo Financeiro ........................................................................ 71
4.5.1.1.6 Custos dos Componentes .............................................................. 73
4.5.1.2 Parâmetros de saída ........................................................................... 74
4.5.1.2.1 Custo Nivelado de Energia Elétrica (LCOE) ................................ 74
4.5.1.2.2 Produção Anual e Fator de Capacidade ........................................ 75
4.5.1.3 Resultados em Bom Jesus da Lapa ................................................... 75
4.5.1.3.1 Planta Torre Solar Simples ........................................................... 77
4.5.1.3.2 Planta Torre Solar com Armazenamento ...................................... 77
4.6 Resultados....................................................................................................... 77
5 Conclusão e sugestões para trabalhos futuros ........................................................ 82
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 84

ix
Lista de Figuras
Figura 1 – Emissões mundiais de gases de efeito estufa por gás ..................................... 1
Figura 2 – Participação de fontes renováveis na matriz energética .................................. 2
Figura 3 – Matriz elétrica do Brasil em 2013 ................................................................... 3
Figura 4 – Evolução da capacidade instalada da fonte eólica no Brasil ........................... 4
Figura 5 – Crescimento da capacidade instalada de geração heliotérmica no mundo ..... 6
Figura 6 – Plantas CSP instaladas e planejadas por país .................................................. 7
Figura 7 – Estrutura do Sol ............................................................................................. 11
Figura 8 – Movimento da Terra em torno do Sol e as estações no hemisfério Sul ........ 12
Figura 9 – Fornalha solar de Lavoisier, 1774 ................................................................. 14
Figura 10 – Refletor cônico truncado de Augustin Mouchot, 1872 ............................... 15
Figura 11 – Concentrador prato parabólico de Abel Pifre operando uma impressora,
1882 ................................................................................................................................ 15
Figura 12 – Concentrador cilindro parabólico de John Ericsson, 1883.......................... 16
Figura 13 – Coletor prato parabólico de Aubrey Eneas, 1901 ....................................... 16
Figura 14 – Planta de bombeamento de água do rio Nilo, 1913 .................................... 17
Figura 15 – Componentes da tecnologia CSP cilindro parabólico ................................. 20
Figura 16 – Planta Archimede na Itália, com tecnologia cilindro parabólico ................ 20
Figura 17 - Componentes da tecnologia CSP torre solar................................................ 21
Figura 18 – Planta Gemasolar na Espanha, com tecnologia torre solar ......................... 22
Figura 19 - Componentes da tecnologia CSP linear Fresnel .......................................... 23
Figura 20 – Planta Kimberlina nos EUA, com tecnologia linear Fresnel ...................... 24
Figura 21 - Componentes da tecnologia CSP prato parabólico ...................................... 25
Figura 22 – Planta Maricopa nos EUA, com tecnologia prato parabólico ..................... 25
Figura 23 – Mapa de projetos CSP ao redor do mundo.................................................. 26
Figura 24 – Planta CSP Solana ....................................................................................... 32
Figura 25 – Planta Genesis ............................................................................................. 33
Figura 26 – Planta CSP Shams 1 .................................................................................... 34

x
Figura 27 – Construção das plantas SEGS VIII e IX ..................................................... 34
Figura 28 – Planta Martin Next Generation Solar Energy Center .................................. 35
Figura 29 – Planta Nevada Solar One ............................................................................ 36
Figura 30 – Vista aérea da planta Ivanpah ..................................................................... 36
Figura 31 – As três torres da planta Ivanpah, na fase de construção .............................. 37
Figura 32 – Planta Gemasolar ........................................................................................ 37
Figura 33 – Torre da planta PS20 ................................................................................... 38
Figura 34 – Planta PS10 ................................................................................................. 39
Figura 35 – Vista aérea das plantas PS10 e PS20........................................................... 39
Figura 36 – Planta Puerto Errado 2 ................................................................................ 40
Figura 37 – Planta MSP em construção.......................................................................... 43
Figura 38 – Torre da planta Crescent Dunes em construção .......................................... 44
Figura 39 – Construção da planta Dhursar ..................................................................... 45
Figura 40 – Planta TUNUR na Tunísia que despachará energia para a Europa ............. 47
Figura 41 – Modelo de pirâmide .................................................................................... 49
Figura 42 – Tela de abertura do SAM ............................................................................ 50
Figura 43 – Estrutura do SAM ....................................................................................... 51
Figura 44 – Página inicial do SAM para escolha da tecnologia ..................................... 52
Figura 45 – Helióstato modelo ASUP 140 ..................................................................... 54
Figura 46 - Efeito cosseno em planta torre solar ............................................................ 55
Figura 47 - Razão entre absorção solar e ângulo de incidência da radiação .................. 56
Figura 48 - Desfocagem do helióstato, com a imagem refletida real maior que a ideal 57
Figura 49 - Perdas por sombreamento e bloqueio .......................................................... 57
Figura 50 – Receptor de cavidade (à esquerda) e externo (à direita) ............................. 59
Figura 51 – Ciclo de Rankine ......................................................................................... 61
Figura 52 – Funcionamento de uma planta CSP de receptor central com vapor direto . 62
Figura 53 - Funcionamento de uma planta CSP de receptor central com sal fundido ... 63
Figura 54 - Irradiação Normal Direta (DNI) .................................................................. 64
Figura 55 - Irradiação Normal Direta acima de 2.000 kWh/m²/ano............................... 64

xi
Figura 56 - Base de dados climáticos do Brasil ............................................................. 65
Figura 57 – Média mensal de DNI em Bom Jesus da Lapa ........................................... 69
Figura 58 – Gráfico para otimização do múltiplo solar em relação ao menor LCOE,
planta simples ................................................................................................................. 70
Figura 59 - Gráfico para otimização do múltiplo solar em relação ao menor LCOE,
planta com armazenamento ............................................................................................ 71
Figura 60 – Gráfico LCOE x Múltiplo solar para os oito municípios, planta simples ... 78
Figura 61 - Gráfico LCOE x Múltiplo solar para os oito municípios, planta com
armazenamento ............................................................................................................... 78

xii
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Capacidade instalada de plantas CSP por país, em MW .............................. 27

Tabela 2 – Plantas CSP em operação no mundo ............................................................ 29

Tabela 3 – Resumo da capacidade instalada e quantidade de plantas em operação no


mundo ............................................................................................................................. 32

Tabela 4 – Plantas CSP em construção no mundo ......................................................... 41

Tabela 5 - Resumo da capacidade instalada e quantidade de plantas em construção no


mundo ............................................................................................................................. 42

Tabela 6 – Plantas CSP em desenvolvimento no mundo ............................................... 45

Tabela 7 - Resumo da capacidade instalada e quantidade de plantas em desenvolvimento


no mundo ........................................................................................................................ 46

Tabela 8 – Softwares separados por funcionalidade ...................................................... 49

Tabela 9 - Dados meteorológicos detalhados para 20 cidades brasileiras ...................... 66

Tabela 10 - Informações da localização e dados climáticos de Bom Jesus da Lapa ...... 68

Tabela 11 - Parâmetros financeiros de entrada ............................................................... 72

Tabela 12 – Parâmetros de entrada do modelo de desempenho ..................................... 75

Tabela 13 - Parâmetros de entrada do modelo financeiro .............................................. 76

Tabela 14 – Resultado da simulação da planta simples.................................................. 77

Tabela 15 - Resultado da simulação da planta com armazenamento ............................. 77

Tabela 16 – Resultados obtidos para os oito municípios simulados .............................. 79

Tabela 17 – Quadro comparativo entre uma planta torre solar em Daggett e em Bom
Jesus da Lapa .................................................................................................................. 81

xiii
1 Introdução
O cenário energético mundial, predominantemente baseado em fontes não
renováveis está passando por um período de transição. Isso se deve às mudanças
climáticas que vêm sendo observadas ao longo dos anos, com influência da ação
humana, principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Atualmente, a tendência
mundial está na busca por novas fontes de energia que possam atender o acelerado
crescimento da demanda, de forma não poluente e sustentável.

As fontes não renováveis, comumente chamadas de convencionais devido à larga


utilização, são aquelas que dependem de processos em escala de tempo geológica para
se tornarem disponíveis, como é o caso dos combustíveis fósseis (carvão mineral,
petróleo e gás natural) e dos combustíveis nucleares, como o urânio. Essas fontes se
encontram na natureza em quantidades limitadas e podem se extinguir com a utilização.
Além disso, seu uso é responsável por danos ao meio ambiente e à sociedade, sendo o
mais grave deles o denominado efeito estufa, resultante do atual sistema energético
baseado na queima de combustíveis fósseis [1]. As instalações que utilizam esses
combustíveis produzem não só energia como também grandes quantidades de gases
responsáveis pelo efeito estufa (GEE), como o dióxido de carbono (CO2), o metano
(CH4), o óxido nitroso (N2O), perfluorcarbonetos (PFCs), clorofluorcarbonetos (CFCs),
hidrofluorcarbonetos (HFCs) e o hexafluoreto de enxofre (SF6). A Figura 1 apresenta o
percentual de cada gás de efeito estufa do total emitido no mundo em 2007.

Figura 1 – Emissões mundiais de gases de efeito estufa por gás [1]

1
Segundo [2], a aceleração das mudanças climáticas e ambientais é decorrente,
principalmente, do aumento da demanda e consumo de energia, resultante do progresso
tecnológico e avanço no desenvolvimento socioeconômico humano, e da matriz
energética predominantemente não renovável, como pode ser visto na Figura 2. Esse
aumento, em conjunto com a possibilidade de redução da oferta de combustíveis
convencionais num futuro próximo e a crescente preocupação com a preservação do
meio ambiente, impulsiona cada vez mais a pesquisa e desenvolvimento de fontes
alternativas de energia, menos poluentes, renováveis e que produzam menos impactos
ambientais. O desafio é de transformar o sistema energético mundial, tornando-o mais
sustentável e ambientalmente correto do que o atual.

Figura 2 – Participação de fontes renováveis na matriz energética [3]

A transição para um sistema de energia renovável requer uma enorme mobilização


de recursos tecnológicos e econômicos, e isso está começando a acontecer. De acordo
com o U. S. Department of Energy, em 2011, pela primeira vez na história o
investimento mundial na capacidade de geração de eletricidade por fontes renováveis
excedeu o investimento mundial em sistemas convencionais [2].

Em se tratando de energia elétrica, no Brasil, a principal fonte para a geração é a


hidráulica, como pode ser visto na Figura 3, que apresenta a matriz elétrica brasileira.
Apesar de ser considerada uma fonte renovável e limpa, as usinas hidroelétricas
produzem consideráveis impactos ambientais devido às grandes áreas inundadas dos
reservatórios. Essas inundações deslocam populações ribeirinhas e causam impactos na
fauna e flora. Além disso, estudos mostram que os GEE, principalmente o metano
2
(CH4), são emitidos para a atmosfera em consequência de processos de degradação
anaeróbica da matéria orgânica nas áreas alagadas [4]. Outro impacto dos reservatórios
das usinas hidrelétricas é no regime de chuvas e no microclima. Segundo [5], as áreas
alagadas podem modificar os regimes das precipitações, os ventos, os níveis de
temperatura e umidade relativa do ar, evaporação e radiação solar.

Figura 3 – Matriz elétrica do Brasil em 2013 [3]

Os impactos causados pelos grandes alagamentos das usinas hidrelétricas


desencadearam em maiores pressões ambientais sobre elas, em decorrência disso as
novas hidrelétricas em construção são usinas a fio d’água, ou seja, não possuem
reservatórios. O problema é que sem o armazenamento de água nos reservatórios, a
geração de eletricidade fica mais dependente da quantidade de chuvas e assim o sistema
hidráulico perde confiabilidade e a capacidade de geração fica limitada. Com isso é
comum a necessidade de recorrer às usinas termelétricas para complementar a geração
de eletricidade, já que no Brasil este tipo de usina é utilizado com este intuito.

Ao gerar energia com termelétricas, além do preço da energia aumentar, queima-


se mais combustível fóssil e consequentemente aumenta-se a emissão de GEE. Isso
mostra a necessidade de diversificar a matriz elétrica brasileira com fontes alternativas e
renováveis. Outra tecnologia já consolidada é a energia nuclear, que utiliza urânio
enriquecido como combustível em usinas termelétricas. Apesar de ser citada como
“limpa” por não provocar a emissão de gases de efeito estufa, é uma fonte não
renovável. A energia nuclear tem grande potencial de geração e é uma alternativa para
cobrir os déficits de energia e diversificar a matriz elétrica nacional. Contudo, esta

3
energia não é bem aceita pela sociedade civil, em razão de questionamentos sobre os
riscos associados e ao problema do armazenamento dos rejeitos radioativos gerados.

Dentre as fontes renováveis de energia elétrica, a energia eólica é a que vem


recebendo maior volume de investimento no Brasil devido ao Programa de Incentivo às
Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), coordenado pelo Ministério de
Minas e Energia. A capacitação tecnológica da indústria nacional e o custo decrescente
da eletricidade de origem eólica indicam que essa forma de geração poderá ocupar, em
médio prazo, um importante papel na matriz brasileira. A Figura 4 mostra o crescimento
da capacidade instalada da fonte eólica no Brasil. No entanto, boa parte do território
brasileiro não apresenta condições de vento adequadas para plantas eólicas [6].

Figura 4 – Evolução da capacidade instalada da fonte eólica no Brasil [7]

Por outro lado, o Brasil possui grande potencial para aproveitamento de energia
solar durante todo o ano, devido a sua maior parte estar localizada na região inter-
tropical. Além disso, o sol é a maior fonte de energia disponível na Terra, sendo boa
parte das energias que utilizamos oriundas da energia solar indiretamente. Seu uso
permite a redução do uso de combustíveis fósseis, redução de emissões de GEE,
geração de empregos qualificados e desenvolvimento tecnológico, vetores da
sustentabilidade ambiental, social e econômica. Com isso, chega-se à conclusão da
importância de se explorar essa grande fonte de energia no Brasil e no mundo. Segundo
[2], a fonte solar tende a ser um dos pilares do novo sistema energético mundial, devido

4
a grande quantidade e qualidade de energia proveniente da radiação solar que incide na
Terra a todo instante.

Apesar de no Brasil a exploração da energia solar ainda ser incipiente, o mercado


global dessa energia vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Várias
aplicações de energia solar tornaram-se viáveis economicamente pela expansão dos
mercados e pela consequente expansão das escalas de produção [6]. Atualmente, com as
aplicações tecnológicas disponíveis, existem duas formas de gerar energia elétrica a
partir da radiação solar, a fotovoltaica e a heliotérmica.

A energia fotovoltaica consiste na obtenção direta de eletricidade a partir da


energia solar, quando fótons provenientes da radiação solar incidem sobre um material
semicondutor, normalmente o silício, previamente purificado e dopado.

A outra forma de geração de energia elétrica pela radiação solar e objeto de estudo
neste trabalho, é a denominada geração heliotérmica, termo solar ou concentrated solar
power (CSP). Ela consiste basicamente na geração de eletricidade por meio da
conversão da energia solar em energia térmica, e posterior conversão desta última em
energia elétrica. Dessa forma, uma planta baseada nessa modalidade de geração
emprega em seus estágios finais as tecnologias já amplamente conhecidas e maduras
utilizadas nas centrais termelétricas. Sua peculiaridade está na forma e na eficiência de
conversão da radiação solar em energia térmica por meio de campos coletores
responsáveis pela concentração dos feixes solares e posterior transferência dessa energia
concentrada a um meio de propagação e acúmulo.

Para o Brasil, no que se refere à política energética, a geração termo solar é mais
uma entre as diversas opções que o país detém. Esta tecnologia ainda enfrenta algumas
restrições técnicas e econômicas para sua implementação no território nacional. Porém,
devido ao grande potencial solar do Brasil, com inúmeros locais possíveis para
instalação de uma planta CSP, é muito importante o estudo e desenvolvimento desta
tecnologia para sua futura aplicação em larga escala.

5
1.1 Motivação

Na busca de alternativas para aumentar a geração de eletricidade e reduzir os


impactos ambientais causados pelas fontes convencionais, o uso da energia solar na
geração heliotérmica está crescendo em todo o mundo. Esse crescimento pode ser visto
na Figura 5, que mostra o aumento da capacidade instalada de CSP (concentrated solar
power) no mundo até o ano 2012, quando haviam 2.550 MW instalados. Em 2013, foi
divulgado pelo SOLARPACES que a capacidade instalada de plantas CSP no mundo já
era de 9.450MW, sendo 40% de plantas em operação, 16% em construção e 44% em
desenvolvimento.

Figura 5 – Crescimento da capacidade instalada de geração heliotérmica no mundo [8]

Apesar do aumento exponencial de plantas heliotérmicas nos últimos anos, a


participação dessa tecnologia na matriz elétrica mundial ainda é discreta. Comparando-
se a potência instalada de plantas CSP com a capacidade de energia elétrica no mundo,
igual a 5.066,8 GW em 2010, segundo [9] conclui-se que as heliotérmicas representam
menos de 1% da matriz elétrica mundial.

A discreta participação da tecnologia CSP na matriz mundial se deve


principalmente ao custo elevado da mesma, se comparada às demais tecnologias
convencionais. Por outro lado, seu crescimento se justifica pelas vantagens das plantas
heliotérmicas, como a de utilizar a fonte energética gratuita do sol, permitir
armazenamento de energia na forma de calor, permitir a operação com sistema de

6
backup, aumentar a segurança energética e reduzir a emissão de GEE. Esta tecnologia
está sendo implantada em muitos países para geração de energia elétrica em larga
escala, como pode ser visto na Figura 6, sendo os principais deles os EUA e a Espanha.
Esses dois países detêm mais de 90% da potência instalada de geração CSP no mundo.

Figura 6 – Plantas CSP instaladas e planejadas por país [10]

No Brasil, a primeira iniciativa em direção à inserção da tecnologia CSP em


território nacional foi o acordo entre o Ministério de Minas e Energia e o CEPEL para
apoiar o desenvolvimento de uma planta-piloto de geração heliotérmica no nordeste do
país, conhecido como projeto Helioterm. Esta planta, de 1 MW e tecnologia cilindro
parabólico, está sendo implantada em Petrolina, PE, na primeira fase do projeto. Ela
servirá como uma plataforma de pesquisa e desenvolvimento em energia solar no
semiárido brasileiro. As etapas seguintes do projeto consistirão em acrescentar um
sistema de armazenamento de energia e desenvolver outras tecnologias como a torre
solar e a linear Fresnel [11].

Diante do panorama mundial da geração termo solar e com o primeiro passo para
a penetração desta tecnologia no Brasil, esta monografia busca apresentar uma
metodologia para estudo da implantação de uma usina CSP no país. Assim, será feito
uma avaliação do potencial de geração heliotérmica no Brasil, contribuindo com estudos
já realizados e incentivando estudos futuros, até que a geração termo solar em larga
escala esteja em operação no país.

7
1.2 Objetivo

O problema enfrentado pela matriz elétrica brasileira é o desbalanço devido à


grande dependência da energia hidráulica, que representa 70,6% da matriz. Apesar de
ser uma fonte renovável e a forma de geração elétrica mais barata no país, a energia
hidráulica apresenta um componente aleatório: a ocorrência de chuvas nas bacias que
abastecem os reservatórios. Além disso, a expansão do parque hidráulico sustentada
quase exclusivamente por usinas a fio d’água está tornando a dependência das chuvas
mais crítica, com expectativa de perda significativa da capacidade de regularização do
sistema elétrico. Com isso o despacho das usinas termelétricas tende a aumentar no país
para suprir o crescimento da demanda, com consequente aumento na emissão de gases
de efeito estufa e elevação no custo de geração.

Portanto é necessária uma maior diversificação na utilização de fontes renováveis


para atender o aumento da demanda. A fim de contribuir para a solução desse problema,
este trabalho fará um estudo sobre a energia termo solar no Brasil. O principal objetivo
é apresentar uma metodologia para estudo da implantação de uma usina heliotérmica de
receptor central no país. Para tanto, será feita uma análise comparativa de custos e
desempenho a partir de simulações de plantas em várias localidades do país com auxílio
do software SAM.

1.3 Metodologia

Este trabalho, com o objetivo de apresentar uma metodologia para estudo da


implantação de uma usina termo solar no Brasil, fará primeiramente uma abordagem
teórica a respeito da exploração da energia solar concentrada, das tecnologias existentes
e do atual cenário mundial da geração heliotérmica. Após o embasamento teórico, será
desenvolvido o estudo de viabilidade com auxílio do software SAM (System Adivor
Model), através de estudo de caso.

Além de o software estar sendo utilizado no Brasil para estudos da energia termo
solar, como em [12], [13], [14] e [15] justifica-se o uso do mesmo pela sua capacidade

8
de realizar análises de custos, desempenho e financiamento de sistemas elétricos
conectados à rede de forma simples e com uma plataforma amigável.

O estudo de viabilidade consistirá em avaliar o potencial do Brasil para


exploração da energia solar concentrada. Serão escolhidas as melhores localidades em
termos de radiação solar e em cada uma serão simuladas duas configurações de plantas
heliotérmicas:

 Planta CSP torre solar sem sistema de armazenamento térmico (planta


simples)

 Planta CSP torre solar com sistema de armazenamento de 7,5 horas

As plantas terão capacidade de 100MW e utilizarão sistema com vapor direto e sal
fundido, respectivamente.

Será simulado um cenário financeiro de forma a aproximar da realidade brasileira,


como em [15]. Os valores serão selecionados com base em estudos já realizados como
em [12] já que não há dados de custos dos componentes disponíveis no Brasil e nem
políticas de incentivo a esta tecnologia.

Diante dos resultados de custo da energia e de desempenho das plantas nas


diversas localidades, será feito a análise da viabilidade da implantação da usina CSP de
receptor central no Brasil.

1.4 Estrutura do Trabalho

Este trabalho está dividido em cinco capítulos, sendo o primeiro correspondente à


introdução, onde é apresentado o cenário energético mundial e do Brasil e mostrado a
necessidade da busca por fontes renováveis de energia. Também neste capítulo são
apresentados a motivação, o objetivo e a organização desta monografia.

No Capítulo 2 são desenvolvidos os fundamentos teóricos acerca da energia solar


térmica concentrada, com uma introdução à energia do sol e um breve histórico da

9
utilização da energia solar concentrada. São apresentadas também as quatro tecnologias
CSP existentes, cilindro parabólico, torre solar, linear Fresnel e prato parabólico.

O Capítulo 3 mostra o cenário mundial da geração heliotérmica, apresentando as


principais plantas em operação, construção e desenvolvimento, além da capacidade
instalada e dos principais países no cenário da geração termo solar.

No Capítulo 4 é desenvolvido o estudo de caso para avaliação da viabilidade de


implantação de uma usina CSP de receptor central no Brasil. Primeiramente a
metodologia é proposta e o software de simulação é apresentado. Em seguida é
apresentada a escolha da tecnologia a ser avaliada, com suas principais características e
configurações. Adiante são apresentadas as localidades no país a serem analisadas e é
desenvolvida a simulação de um caso particular. Por fim são apresentados os resultados
e a análise dos mesmos.

O Capítulo 5 é a conclusão deste trabalho, onde é feito um desfecho recapitulando


o que foi desenvolvido e expondo os pontos e conclusões mais relevantes. Também são
apresentadas sugestões para trabalhos futuros. Após este capítulo seguem as referências
bibliográficas e os anexos.

10
2 Energia Solar Térmica Concentrada

2.1 Energia do Sol

O Sol é uma esfera de matéria gasosa intensamente quente, em cujo núcleo


acontece a geração de energia através de reações termonucleares. Seu diâmetro é de
aproximadamente 1,39 x 106 km e fica a cerca de 1,5 x 108 km de distância da Terra.
Sua estrutura interna, apresentada na Figura 7, é composta pelas principais regiões:
núcleo, zona radiativa, zona convectiva, fotosfera, cromosfera e corona. A radiação
solar, que viaja com a velocidade da luz no vácuo (300.000 km/s), depois de deixar o
Sol, atinge a Terra em 8 minutos e 20 segundos. O Sol tem uma temperatura de corpo
negro eficaz de 5.760 K, sendo a temperatura na zona central muito mais elevada [16].

Figura 7 – Estrutura do Sol [17]

A produção total de energia solar é de 3,8 x 1020 MW, equivalente a 63 MW por


metro quadrado da superfície do Sol. Esta energia é irradiada em todas as direções e a
Terra recebe apenas uma pequena fração da total emitida. A densidade média anual do
fluxo energético proveniente dessa radiação solar, quando medida num plano
perpendicular à direção da propagação dos raios solares no topo da atmosfera terrestre,
recebe o nome de “constante solar” e corresponde ao valor de 1.367 W/m² [18].

11
Considerando-se que o raio médio da Terra é de 6.371 km, e sendo o valor da
irradiância 1.367 W/m² incidindo sobre a área projetada da Terra, conclui-se que a
fração da potência total disponibilizada pelo Sol que incide na atmosfera terrestre é de
aproximadamente 174.000 TW. Apesar de ser uma pequena fração em relação ao total
emitido pelo Sol, estima-se que 84 minutos de radiação solar incidindo na Terra
equivale ao consumo de energia mundial durante um ano [16].

Segundo [19], da irradiância solar total que incide no topo da atmosfera, cerca de
23% é refletida diretamente nesta camada, outros 23% poderão ser absorvidos ou
refletidos também na atmosfera. Os 54% restantes incidem na superfície terrestre, sendo
que uma pequena parcela, em torno de 7%, é refletida e 47% absorvida nesta superfície.
Portanto, da potência disponibilizada pelo Sol, cerca de 94.000 TW chegam
efetivamente à superfície terrestre.

Com relação ao posicionamento solar, pode ser observado a partir da Terra, que o
caminho do Sol no céu varia durante todo o ano. Isso se deve ao movimento de
translação da Terra em torno do Sol, que descreve uma trajetória elíptica com uma
pequena excentricidade. O eixo terrestre em relação ao plano normal à elipse apresenta
uma inclinação de aproximadamente 23,45º. Essa inclinação, juntamente com o
movimento de translação dá origem às estações do ano [18]. A Figura 8 ilustra esse
movimento, com a representação das estações do ano para o hemisfério Sul.

Figura 8 – Movimento da Terra em torno do Sol e as estações no hemisfério Sul [18]

O Sol é, sob todos os aspectos, responsável direto pela manutenção da vida em


nosso planeta, e é a origem de praticamente todas as formas de energia conhecidas,
direta ou indiretamente. Fontes de energia como a hidráulica, biomassa, eólica,
combustíveis fósseis e energia dos oceanos são todas formas indiretas de energia solar.
12
Além disso, a radiação solar constitui-se numa inesgotável fonte energética, havendo
um enorme potencial de sua utilização por meio de sistemas de captação e conversão em
outra forma de energia, como por exemplo, a térmica e a elétrica.

O aproveitamento térmico para aquecimento de fluidos é feito com o uso de


coletores ou concentradores solares. Os coletores solares são mais usados em aplicações
residenciais e comerciais para aquecimento de água. Os concentradores solares
destinam-se a aplicações que requerem temperaturas mais elevadas, como a produção de
vapor. Neste último caso, pode-se gerar energia mecânica com o auxílio de uma turbina
a vapor, e , posteriormente, eletricidade, por meio de um gerador. Essa forma de
geração de eletricidade é a heliotérmica, também chamada de termo solar ou
concentrated solar power (CSP) e é o objeto de estudo deste trabalho.

Considerando-se a radiação solar que chega à superfície terrestre e incide sobre a


superfície coletora de um sistema CSP, tem-se que ela é constituída por uma
componente direta e por uma componente difusa. A radiação direta é aquela que provém
diretamente da direção do Sol. A difusa é aquela proveniente de todas as direções e que
atinge a superfície após sofrer espalhamento pela atmosfera terrestre. Mesmo num dia
totalmente sem nuvens, pelo menos 20% da radiação que atinge a superfície é difusa. Já
em um dia totalmente nublado, não há radiação direta, e 100% da radiação é difusa [18].

Existem quatro tecnologias principais de concentração solar, denominadas de


acordo com a geometria dos coletores (espelhos), são elas: cilindro parabólico, receptor
central (torre solar), linear Fresnel e prato parabólico. Cada método de concentração é
capaz de produzir altas temperaturas e eficiências energéticas termodinâmicas
igualmente altas, mas variam no sentido de captação solar. Apesar de ainda ser uma
tecnologia cara se comparada às convencionais, devido às inovações tecnológicas, a
concentração solar térmica está se tornando cada vez mais eficiente em nível de custos
[18]. A seguir é apresentado um histórico da utilização da energia solar e as primeiras
tentativas de concentração solar.

13
2.2 Histórico da Concentração Solar

Segundo [16], a primeira vez em que a energia solar concentrada foi utilizada,
apesar de não haver nenhum registro, foi atribuída a Arquimedes (282 a 212 a.C.). O
aparelho usado por Arquimedes foi descrito como um vidro composto com 24 espelhos
que convergiam para um único ponto focal, apesar de alguns historiadores acreditarem
que foram utilizados escudos de soldados em vez de espelhos. Este aparelho teria sido
utilizado para concentrar os raios solares em um foco para queimar a frota romana na
Baía de Syracuse (Itália).

Já no século XVIII, na Europa e Oriente Médio foram desenvolvidas fornalhas


solares para derreter metais. Segundo [16], uma das primeiras aplicações em larga
escala foi a fornalha solar desenvolvida por Lavoisier em 1774, ilustrada na Figura 9.
Esse aparelho atingiu temperaturas da ordem de 1750 ºC e utilizou lentes de 1,32 m,
mais uma lente secundária de 0,2 m.

Figura 9 – Fornalha solar de Lavoisier, 1774 [16]

Durante o século XIX foram realizadas as primeiras tentativas de gerar vapor a


baixa pressão a partir da energia térmica da radiação solar. As primeiras máquinas a
vapor operadas através da energia solar teriam sido construídas por Augustin Mouchot
entre 1860 e 1880 na Europa e norte da África. Em 1872, Augustin Mouchot apresentou
ao público o refletor cônico truncado, Figura 10, e o conectou a uma máquina a vapor
bombeando água, que produziu 0,5 HP em um dia ensolarado [20].

14
Figura 10 – Refletor cônico truncado de Augustin Mouchot, 1872 [20]

Em 1878, William Adams, então secretário-adjunto da coroa britânica em


Mumbai, Índia, leu sobre o refletor cônico de Augustin Mouchot e observou que tal
invenção era impraticável. Assim, ele propôs a construção de um conjunto de vários
espelhos pequenos, onde cada um era ajustado para refletir a radiação solar em uma
direção específica. Como mecanismo de rastreamento, todo o conjunto poderia ser
disposto em um semicírculo, refletindo a radiação solar em uma caldeira estacionária.
William Adams começou a construir esse sistema no mesmo ano, acrescentando
espelhos planos gradualmente. Ao final, ele estimou que eram necessários 72 espelhos
para atingir uma temperatura de 1.200 ºF, para produzir vapor a alta pressão [20]. Esta
foi a primeira construção da tecnologia torre solar.

Em 1882, Abel Pifre, engenheiro francês que trabalhou como assistente de


Augustin Mouchot construiu o primeiro concentrador solar de prato parabólico,
ilustrado na Figura 11, para operar uma impressora que produzia 500 cópias por hora.
Este sistema foi apresentado durante uma exposição internacional, porém foi
considerado caro demais pelo governo francês para ser fabricado em larga escala [20].

Figura 11 – Concentrador prato parabólico de Abel Pifre operando uma impressora, 1882 [20]

15
O desenvolvimento de novos sistemas teve continuidade nos EUA. Por volta de
1883, o engenheiro Capitão John Ericsson construiu o primeiro coletor cilindro
parabólico, baseado no refletor cônico de Augustin Mouchot. Ele usou este coletor para
operar um motor a vapor para bombeamento de água [20]. Esse sistema está ilustrado na
Figura 12.

Figura 12 – Concentrador cilindro parabólico de John Ericsson, 1883 [20]

O século XX apresentou uma continuidade no desenvolvimento do uso da energia


solar em concentradores. Em 1901, Aubrey Eneas instalou um coletor solar para
bombear água em uma fazenda na Califórnia. O aparelho consistiu em um coletor prato
parabólico, semelhante a um guarda-chuva invertido, composto por 1.788 espelhos
alinhados em seu interior [16]. Os raios do sol eram concentrados em uma caldeira
localizada em seu ponto focal. Na caldeira, a água era vaporizada e utilizada para operar
uma bomba centrífuga. A Figura 13 mostra uma ilustração do coletor utilizado por
Aubrey Eneas.

Figura 13 – Coletor prato parabólico de Aubrey Eneas, 1901 [20]

16
Em 1904, Henry E. Willsie identificou a maior fraqueza de todas as máquinas
solares já construídas, sua incapacidade de superar o problema da intermitência solar.
Nesse mesmo ano, ele construiu uma planta de 15 HP, na Califórnia, onde testou um
sistema de armazenamento de energia, mantendo a água aquecida em um grande
recipiente isolado. Dessa forma a geração termo solar operava com fator de capacidade
mais elevado durante o dia, à noite e em dias nublados. Essa foi a primeira planta termo
solar que podia operar durante a noite, superando o problema da intermitência da
radiação solar [20].

Em 1912, Frank Shuman, em parceria com Charles Vernon Boys, construiu a


maior planta de bombeamento de água do mundo, na época, próximo ao rio Nilo, no
Egito. A Figura 14 apresenta uma foto da planta, que entrou em operação em 1913. O
campo solar ocupava cerca de 1.200 m² e usava a tecnologia cilindro parabólico [20].

Figura 14 – Planta de bombeamento de água do rio Nilo, 1913 [20]

Apesar do sucesso, a planta foi desativada em 1915 devido à Primeira Guerra


Mundial. Depois da guerra, grandes descobertas de campos de petróleo, no Oriente
Médio e na Venezuela, contribuíram para a expansão do setor petrolífero, ficando a
geração solar em segundo plano [13].

Frank Shuman, americano, inventor, empresário e um visionário sobre a energia


solar é considerado o pioneiro na geração solar em larga escala [20].

De acordo com [20], depois dos primeiros passos da concentração solar, o


desenvolvimento da tecnologia dos coletores começou nos EUA, durante a década de
1970, coordenado pelo U. S. Department of Energy (DOE). A primeira planta solar
comercial foi instalada em Albuquerque, Novo México, em 1979, pela Sandia National
Laboratories. Essa planta era composta por coletores cilindro parabólicos e atingia

17
temperaturas da ordem de 500ºC, sendo inicialmente desenvolvida para processos
industriais.

Em 1981, pela primeira vez foi fornecida energia à rede elétrica proveniente de
energia solar térmica, através do projeto de demonstração chamado SSPS/DCS (Small
Solar Power Systems/Distributed Collector System). Esse projeto foi instalado em
Tabernas, Espanha, e era constituído de dois campos solares de cilindro parabólicos
com uma área de absorção de 7.602 m² [20].

Em 1982, a companhia Luz International Limited (Luz), desenvolveu coletores


solares cilindro parabólicos e foi responsável pela primeira planta CSP comercial de
eletricidade do mundo, a SEGS I com 14 MW de capacidade, que entrou em operação
em 1984. Em seguida foram construídas mais oito plantas, as SEGS II a IX, com
capacidades de 30 a 80 MW cada [13]. Em 1991 a companhia decretou falência e as
plantas SEGS foram vendidas para diferentes grupos de investidores, e todas continuam
em operação [20].

No início da década de 1990 o cenário mudou e o interesse público e o apoio


político diminuíram, de forma que os investimentos cessaram. Após este período,
nenhuma nova planta usando tecnologia CSP foi construída. Porém, após o final dessa
década, alguns Estados americanos iniciaram a adoção de mecanismos de inserção de
energias renováveis na matriz elétrica, e desde então se reiniciou o investimento em
plantas solares [13].

2.3 Tecnologias CSP

Os sistemas de geração heliotérmica utilizam combinações de espelhos ou lentes


para concentrar radiação solar direta para produzir calor e eletricidade. Esses sistemas
são compostos por uma diversidade de tecnologias em diferentes estágios de
maturidade, que convertem a radiação solar em energia térmica e em seguida utilizam
tal energia para gerar eletricidade. Uma característica fundamental das tecnologias CSP
é a inércia térmica, que fornece estabilidade na produção da planta durante pequenas
alterações na incidência solar, por exemplo, quando nuvens passam por cima fazendo
sombra. O fato de a geração CSP usar energia térmica permite a utilização de sistemas

18
de armazenamento térmico (TES), acoplamento a sistemas de backup (hibridização)
com uso de combustíveis fósseis, ou ambos, para maior nível de estabilidade,
despachabilidade e aumento da duração e rendimento da produção de eletricidade. Esses
atributos permitem que plantas heliotérmicas tenham capacidades semelhantes aquelas
de plantas termelétricas convencionais, com combustíveis fósseis, e forneçam uma fonte
de energia firme que melhora a operação das redes elétricas [21].

Existem quatro tipos de sistemas CSP, nomeados de acordo com a geometria dos
coletores: cilindro parabólico, torre solar (ou receptor central), linear Fresnel e prato
parabólico. Todas essas tecnologias envolvem a conversão da radiação solar em energia
térmica para produção de trabalho em uma máquina térmica. As três primeiras já foram
demonstradas com configurações híbridas com tecnologias de combustível fóssil e/ou
adaptadas com sistemas de armazenamento térmico. Essas opções possibilitam maior
flexibilidade e confiabilidade na operação [21]. A seguir são apresentadas as quatro
tecnologias, com suas principais características, vantagens, desempenho, etc.

2.3.1 Cilindro Parabólico

Sistemas CSP com tecnologia cilindro parabólico são os mais comprovados, com
tecnologia em alto grau de maturidade. Plantas comerciais deste tipo começaram a
operar em 1984, com as plantas SEGS, no deserto de Mojave, Califórnia, e em seguida
com a planta NEVADA SOLAR ONE e outras mais recentes na Espanha.

Plantas CSP cilindro parabólico consistem em extensos campos solares de


coletores parabólicos espelhados, fluido de transferência de calor (HTF), sistema de
geração de vapor, um sistema de potência como uma turbina a vapor (ciclo de Rankine)
acoplada a um gerador elétrico, e um sistema opcional de armazenamento de energia
térmica (TES) e/ou sistema de backup com queima de combustíveis fósseis. O uso do
TES resulta em maiores despachabilidade e geração anual, apesar de o extenso campo
de coletores e o sistema de armazenamento levarem a um investimento inicial mais
elevado.

O campo solar é constituído de um grande conjunto de coletores, com


rastreamento de eixo único, normalmente arranjados em fileiras paralelas. Cada coletor

19
tem um refletor parabólico que focaliza a radiação solar direta em um receptor linear
(tubo absorvedor) localizado na linha focal da parábola, como pode ser visto na Figura
15. A Figura 16 mostra uma planta na Itália com esta tecnologia. Os coletores rastreiam
o sol durante o dia com a radiação incidente continuamente focalizada no receptor
linear, no qual o HTF é aquecido até aproximadamente 390ºC [21].

Figura 15 – Componentes da tecnologia CSP cilindro parabólico [22]

Figura 16 – Planta Archimede na Itália, com tecnologia cilindro parabólico [23]

Os coletores podem ser orientados no sentido leste-oeste com rastreamento do sol


no eixo norte-sul. Neste caso, as vantagens são que o movimento ao longo do dia é
menor e o coletor fica sempre voltado para o sol ao meio-dia. Em contrapartida, tem um
desempenho reduzido no início do dia e no fim da tarde, devido aos maiores ângulos de
incidência dos raios solares sobre a superfície coletora. Outra maneira de orientar os
coletores é no sentido norte-sul, com rastreamento do sol no eixo leste-oeste. Essa
configuração tem os maiores ângulos de incidência durante o meio-dia e
consequentemente as maiores perdas de calor nessa fase do dia, enquanto aponta mais
diretamente para o sol no início do dia e no fim da tarde [16].
20
Após circular pelos receptores, o fluido de transferência de calor passa por um
trocador de calor gerando vapor superaquecido a alta pressão, tipicamente 100 bar a
370ºC. Esse vapor alimenta uma turbina convencional com reaquecimento, acoplada a
um gerador para produzir eletricidade. O vapor que passa pela turbina é condensado e
segue para bombas de água para serem transformados em vapor novamente. Torres de
resfriamento úmido, seco ou híbrido podem ser usadas para rejeição do calor do
condensador. Essa escolha influenciará no consumo de água da planta, desempenho do
ciclo e custos [21].

2.3.2 Torre Solar

Torre solar, também chamada de receptor central, é uma tecnologia CSP que está
a pouco tempo em fase avançada de desenvolvimento, com várias plantas comerciais
em operação. Devido às elevadas temperaturas de operação, a torre solar tem potencial
para atingir eficiências mais altas e sistemas de armazenamento térmicos com custos
menores se comparados com a tecnologia cilindro parabólico.

Plantas torre solar usam helióstatos, que são refletores que giram em torno dos
eixos azimutal e de elevação, para refletir a radiação solar em um receptor central
localizado no alto de uma torre. Em uma planta de larga escala podem ser necessários
de alguns milhares até cem mil helióstatos, cada um sob controle computacional. A
configuração desta tecnologia pode ser vista na Figura 17, e na Figura 18 pode ser visto
uma planta deste tipo na Espanha.

Figura 17 - Componentes da tecnologia CSP torre solar [22]

21
Figura 18 – Planta Gemasolar na Espanha, com tecnologia torre solar [24]

Os dois principais conceitos tecnológicos de operação de plantas de receptor


central são definidos pelo fluido de transferência de calor: vapor ou sal fundido. Ambos
possuem características operativas únicas. Nas plantas que utilizam vapor direto, os
helióstatos refletem a radiação solar para o receptor na torre, que se assemelha a uma
caldeira de uma planta convencional. A água de alimentação, bombeada do bloco de
potência, é evaporada e superaquecida no receptor, e esse vapor gira uma turbina
acoplada a um gerador para produzir eletricidade. A temperatura de operação desse tipo
de planta varia de 250ºC até 550ºC. As características que deixam uma planta de
receptor central com vapor direto mais atrativa são: projeto simples, uso de caldeira com
tecnologia convencional, eficiência termodinâmica elevada e baixas perdas parasitas
(energia consumida pela própria planta, como a eletricidade para as bombas de fluido de
transferência de calor e para o sistema de rastreamento solar). Assim como outras
tecnologias CSP, a torre solar de vapor direto permite a hibridização com gás natural
para fornecer flexibilidade de operação e despachabilidade adicionais [21].

Já em uma planta torre solar de sal fundido, sal a uma temperatura de 290ºC é
bombeado de um tanque de armazenamento frio para o receptor, onde a radiação solar
concentrada proveniente do campo de helióstatos aquece o sal até cerca de 565ºC. O sal
é tipicamente uma mistura de nitrato de sódio e de potássio, e quando aquecido é
mantido em um tanque de armazenamento quente. Quando a geração de energia elétrica
é requerida, sal quente é bombeado ao gerador de vapor, que produz vapor a alta
pressão em condições nominais de 100 a 150 bar e até 540ºC. O sal, já resfriado, da
máquina a vapor, é retornado ao tanque de armazenamento frio para completar o ciclo.
Devido à pressão de vapor desprezível do sal, os dois tanques de armazenamento ficam
sob pressão atmosférica. O vapor é convertido em energia elétrica em um sistema

22
convencional de turbina a vapor acoplada a um gerador elétrico. A combinação da
densidade e calor específico do sal com a diferença de temperatura entre os dois tanques
viabiliza capacidades de armazenamento de até 15 horas. Assim como na tecnologia
cilindro parabólico, a escolha de torres de resfriamento úmido, seco ou híbrido
influenciará no consumo de água da planta, desempenho do ciclo e custos [21].

2.3.3 Linear Fresnel

A tecnologia linear Fresnel (LFR) tem configuração semelhante à cilindro


parabólico, com longas filas de coletores, com refletores planos ou com leve curvatura
que refletem a radiação solar para um receptor linear suspenso. Refletores planos e
receptores fixos levam a custos menores em relação a uma planta CSP cilindro
parabólico tradicional, além disso, os sistemas LFR são montados próximo ao solo,
minimizando os requisitos estruturais. Em contrapartida, as plantas LFR são menos
eficientes na conversão solar para eletricidade e é mais difícil adicionar um sistema de
armazenamento térmico ao sistema [23]. Já foi testada em uma planta LFR, a operação
com vapor superaquecido a 380ºC, e há propostas para produção de vapor a 450ºC.
Temperaturas de operação mais elevadas possibilitam uma maior eficiência. Como essa
tecnologia ainda está em fase de testes para seu desenvolvimento, o custo relativo da
energia produzida com essa tecnologia em comparação ao cilindro parabólico ainda não
está bem estabelecido [21]. Uma ilustração dessa tecnologia é apresentada na Figura 19
e na Figura 20 é mostrada uma planta linear Fresnel nos EUA.

Figura 19 - Componentes da tecnologia CSP linear Fresnel [22]

23
Figura 20 – Planta Kimberlina nos EUA, com tecnologia linear Fresnel [23]

O rastreamento de eixo único usual da tecnologia LFR difere daquele utilizado na


de cilindro parabólico pois o refletor é composto de muitos segmentos longos, os quais
focalizam a radiação solar no receptor linear suspenso paralelo ao eixo rotacional do
refletor. Diferentemente dos refletores cilindro parabólicos, o receptor do LFR é fixo no
espaço e os refletores giram para manter o foco no receptor [2].

2.3.4 Prato Parabólico

Nesta tecnologia é utilizado um conjunto de refletores montados na forma de um


prato parabólico para concentrar a radiação solar em uma cavidade receptora no foco do
prato. Dentro do receptor, o aquecedor coleta a energia solar, fazendo operar um grupo
motor gerador para produzir eletricidade, onde o tipo de máquina térmica mais comum
utilizada é o motor Stirling. De forma semelhante aos helióstatos, todos os pratos giram
ao longo de dois eixos para rastrear o sol e otimizar a captura da radiação incidente [21].
A configuração de um sistema LFR é apresentada na Figura 21 e na Figura 22 é
mostrada uma planta deste tipo.

24
Figura 21 - Componentes da tecnologia CSP prato parabólico [22]

Figura 22 – Planta Maricopa nos EUA, com tecnologia prato parabólico [23]

A tecnologia CSP de prato parabólico permite a instalação de plantas em terrenos


relativamente acidentados, com 5% de inclinação, o que reduz o custo da preparação do
local para novos projetos. O resfriamento desse sistema é por circuito fechado, que,
combinado a falta de um ciclo a vapor, confere a ele o menor uso de água por
megawatt-hora (MWh) entre todas as tecnologias CSP. Além disso, um sistema de prato
parabólico registrou a maior eficiência na conversão solar para eletricidade, em torno de
31,4% [21]. Porém os sistemas de prato parabólico são os que possuem o menor grau de
maturidade entre as tecnologias CSP.

25
3 Cenário Atual de CSP no Mundo
Como apresentado anteriormente, na seção 2.2, durante a década de 1990 os
investimentos na tecnologia CSP cessaram e no período de 1991 a 2006 não houve
construção de nenhuma planta termo solar [24]. Depois de 15 anos de estagnação, a
atividade reiniciou com a construção da planta SAGUARO, de 1 MW, no Arizona, que
entrou em operação em Janeiro de 2006. No mesmo ano, foram iniciadas as construções
das plantas NEVADA SOLAR ONE (EUA), de 72 MW, e PS10 (Espanha), de 11 MW
[24]. Em 2007 ambas iniciaram suas operações. Desde então, muitas plantas foram
construídas e entraram em operação. O mapa da Figura 23 apresenta o cenário mundial
de projetos CSP, com plantas em operação, construção e desenvolvimento ao redor do
mundo no ano de 2013.

Figura 23 – Mapa de projetos CSP ao redor do mundo [25]

A Tabela 1 apresenta as plantas CSP no mundo, conforme o estado de realização, de


acordo com a tecnologia e por país. O estado das plantas inclui aquelas em operação,
construção e em desenvolvimento. Sendo plantas em desenvolvimento aquelas cujos
projetos e acordos já foram assinados, porém, o início da construção está pendente. Vale
ressaltar que as capacidades apresentadas nessa tabela incluem plantas novas que entraram
em operação ou construção em 2014, totalizando valores acima daqueles expostos no mapa
da Figura 23.

26
Tabela 1 – Capacidade instalada de plantas CSP por país, em MW

Tecnologia Cilindro parabólico Torre solar Linear Fresnel Prato parabólico Total CSP
Estado Op. Const. Desenv. Op. Const. Desenv. Op. Const. Desenv. Op. Const. Desenv. Op. Const. Desenv.
África do Sul - 150,0 200,0 - 50,0 - - - - - - - - 200,0 200,0
Alemanha - - - 1,5 - - - - - - - - 1,5 - -
Argélia 25,0 - - - - 7,0 - - - - - - 25,0 - 7,0
Austrália - - - 3,0 - - 9,0 44,0 - - - - 12,0 44,0 -
Brasil - 1,0 - - - - - - - - - - - 1,0 -
Canadá - 1,0 - - - - - - - - - - - 1,0 -
Chile - - 360,0 - 110,0 - - - - - - - - 110,0 360,0
China - 203,5 100,0 2,0 50,0 - - 4,0 - - 60,0 - 2,0 317,5 100,0
Chipre - - - - - - - - - - - 50,0 - - 50,0
EAU 100,0 - - - - - - - - - - - 100,0 - -
Egito 20,0 - 100,0 - - - - - - - - - 20,0 - 100,0
Espanha 2.275,0 - - 59,5 - 50,0 31,4 - - - - - 2.365,9 - 50,0
EUA 1.034,0 250,0 - 382,0 110,0 1.150,0 5,0 - 5,0 - 1,5 - 1.421,0 361,5 1.155,0
França - - - 1,0 - - - 12,0 9,0 - - - 1,0 12,0 9,0
Grécia - - - - - 50,0 - - - - - 75,0 - - 125,0
Índia 51,0 345,0 - 2,5 - - - 100,0 - - - - 53,5 445,0 -
Irã 17,0 - - - - - - - - - - - 17,0 - -
Israel - - 120,0 6,0 - 121,0 - - - - - - 6,0 - 241,0
Itália 5,0 30,0 - - - 50,0 - - - - - - 5,0 30,0 50,0
Marrocos 20,0 163,0 200,0 - - 100,0 - - 1,0 - - - 20,0 163,0 301,0
México - 14,0 - - - - - - - - - - - 14,0 -
Tailândia 5,0 - - - - - - - - - - - 5,0 - -
Tunísia - - - - - 2.000,0 - - - - - - - - 2.000,0
Turquia - - - 1,4 - - - - - - - - 1,4 - -
Total 3.552,0 1.157,5 1.080,0 458,9 320,0 3.528,0 45,4 160,0 15,0 - 61,5 125,0 4.056,3 1.699,0 4.748,0

27
Atualmente a capacidade total de plantas heliotérmicas no mundo é de 10.503,3
MW, sendo que de usinas em operação são 4.056,3 MW instalados, dos quais 87,6%
são de tecnologia cilindro parabólico e 28,5% tecnologia torre solar. A capacidade das
plantas em construção soma 1.699 MW, dos quais 68,1% são de cilindro parabólico e
18,8% de torre solar. Já as plantas em desenvolvimento somam capacidade instalada de
4.748 MW, dos quais 22,7% são de cilindro parabólico e 74,3% de torre solar. Isso
mostra a predominância da tecnologia cilindro parabólico nas plantas em operação e
construção, mas com a tendência de crescimento e maior domínio da tecnologia de
receptor central nas plantas em desenvolvimento, que estarão operando em alguns anos.
Além disso, pode ser observado da Tabela 1 que os dois principais mercados de CSP no
mundo são os Estados Unidos e a Espanha, com capacidade total de 2.938 MW e 2.416
MW, respectivamente. Essa liderança se deve aos incentivos do governo desses países,
como por exemplo, as tarifas feed-in na Espanha [24], que consiste em uma política
pública destinada a acelerar o investimento em energias renováveis por meio da oferta
de contratos de longo prazo para produtores desse tipo de energia. Juntos, os EUA e a
Espanha possuem mais de 90% da capacidade instalada de CSP no mundo (plantas em
operação). Apesar desse domínio dos EUA e da Espanha, a geração termo solar está
crescendo em todos os continentes, com 24 países onde essa tecnologia já está
implantada ou sendo inserida com plantas de demonstração e pesquisa e
desenvolvimento, como é o caso do projeto Helioterm no Brasil.

A seguir são apresentadas as principais plantas heliotérmicas em operação,


construção e desenvolvimento no mundo em termos de potência instalada.

3.1 Plantas em Operação

A Tabela 2 apresenta todas as plantas em operação no mundo, com o respectivo


ano de início da produção, o tipo de tecnologia aplicada na planta, a capacidade
instalada da mesma e o país onde está implantada. A partir dos dados dessa lista, a
Tabela 3 apresenta um resumo da capacidade instalada total e da quantidade de plantas
CSP em operação no mundo, de acordo com a tecnologia. Em seguida são apresentados

28
os principais projetos heliotérmicos em termos de potência instalada, com a descrição
das características técnicas e de desempenho de cada um.

Tabela 2 – Plantas CSP em operação no mundo

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de [26]

Início da Potência
Nome da planta Tecnologia País
operação (MW)
ACME Solar Tower 2011 Torre solar 2,50 Índia
Andasol-1 (AS-1) 2008 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Andasol-2 (AS-2) 2009 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Andasol-3 (AS-3) 2011 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Archimede 2010 Cilindro parabólico 5,00 Itália
Arcosol 50 (Valle 1) 2011 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Arenales 2013 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Aste 1A 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Aste 1B 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Astexol II 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Augustin Fresnel 1 2012 Linear Fresnel 0,25 França
Borges Termosolar 2012 Cilindro parabólico 25,00 Espanha
BrightSource SEDC 2008 Torre solar 6,00 Israel
Caceres 2013 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Casablanca 2013 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
CESA 1 (PSA) 1983 Torre solar 1,20 Espanha
Dahan Power Plant 2012 Torre solar 1,00 China
Enerstar (Villena) 2013 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Extresol-1 (EX-1) 2010 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Extresol-2 (EX-2) 2010 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Extresol-3 (EX-3) 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Gemasolar Thermosolar Plant
2011 Torre solar 20,00 Espanha
(Gemasolar)
Genesis Solar Energy Project 2014 Cilindro parabólico 250,00 EUA
Godawari Solar Project 2013 Cilindro parabólico 50,00 Índia
Greenway CSP Mersin
2012 Torre solar 1,40 Turquia
Tower Plant
Guzmán 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Helioenergy 1 2011 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Helioenergy 2 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Helios I (Helios I) 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Helios II (Helios II) 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Holaniku at Keahole Point 2009 Cilindro parabólico 2,00 EUA

29
Tabela 2 - Plantas CSP em operação no mundo (continuação)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de [26]

Ibersol Ciudad Real


2009 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
(Puertollano)
ISCC Ain Beni Mathar 2010 Cilindro parabólico 20,00 Marrocos
ISCC Hassi R'mel (ISCC
2011 Cilindro parabólico 25,00 Argélia
Hassi R'mel)
ISCC Kuraymat 2011 Cilindro parabólico 20,00 Egito
ISCC Yazd 2010 Cilindro parabólico 17,00 Irã
Ivanpah Solar Electric
2013 Torre solar 377,00 EUA
Generating System (ISEGS)
Jülich Solar Tower 2008 Torre solar 1,50 Alemanha
Kimberlina Solar Thermal
2008 Linear Fresnel 5,00 EUA
Power Plant (Kimberlina)
La Africana 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
La Dehesa 2011 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
La Florida 2010 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
La Risca (Alvarado I) 2009 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Lake Cargelligo 2011 Torre solar 3,00 Austrália
Lebrija 1 (LE-1) 2011 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Liddell Power Station 2012 Linear Fresnel 9,00 Austrália
Majadas I 2010 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Manchasol-1 (MS-1) 2011 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Manchasol-2 (MS-2) 2011 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Martin Next Generation Solar
2010 Cilindro parabólico 75,00 EUA
Energy Center (MNGSEC)
Morón 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
National Solar Thermal
2012 Cilindro parabólico 1,00 Índia
Power Facility
Nevada Solar One (NSO) 2007 Cilindro parabólico 72,00 EUA
Olivenza 1 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Orellana 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Palma del Río I 2011 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Palma del Río II 2010 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Planta Solar 10 (PS10) 2007 Torre solar 11,00 Espanha
Planta Solar 20 (PS20) 2009 Torre solar 20,00 Espanha
Puerto Errado 1 Thermosolar
2009 Linear Fresnel 1,40 Espanha
Power Plant (PE1)
Puerto Errado 2 Thermosolar
2012 Linear Fresnel 30,00 Espanha
Power Plant (PE2)
Saguaro Power Plant 2006 Cilindro parabólico 1,00 EUA

30
Tabela 2 - Plantas CSP em operação no mundo (continuação)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de [26]

Shams 1 (Shams 1) 2013 Cilindro parabólico 100,00 EAU


Sierra SunTower (Sierra) 2009 Torre solar 5,00 EUA
Solaben 1 2013 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Solaben 2 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Solaben 3 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Solaben 6 2013 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Solacor 1 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Solacor 2 2012 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Solana Generating Station
2013 Cilindro parabólico 280,00 EUA
(Solana)
Solar Electric Generating
1984 Cilindro parabólico 14,00 EUA
Station I (SEGS I)
Solar Electric Generating
1985 Cilindro parabólico 30,00 EUA
Station II (SEGS II)
Solar Electric Generating
1985 Cilindro parabólico 30,00 EUA
Station III (SEGS III)
Solar Electric Generating
1989 Cilindro parabólico 30,00 EUA
Station IV (SEGS IV)
Solar Electric Generating
1990 Cilindro parabólico 80,00 EUA
Station IX (SEGS IX)
Solar Electric Generating
1989 Cilindro parabólico 30,00 EUA
Station V (SEGS V)
Solar Electric Generating
1989 Cilindro parabólico 30,00 EUA
Station VI (SEGS VI)
Solar Electric Generating
1989 Cilindro parabólico 30,00 EUA
Station VII (SEGS VII)
Solar Electric Generating
1989 Cilindro parabólico 80,00 EUA
Station VIII (SEGS VIII)
Solnova 1 2009 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Solnova 3 2009 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Solnova 4 2009 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Solugas 2013 Torre solar 4,60 Espanha
SSPS-CRS (PSA) 1981 Torre solar 2,70 Espanha
Termesol 50 (Valle 2) 2011 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Termosol 1 2013 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Termosol 2 2013 Cilindro parabólico 50,00 Espanha
Thai Solar Energy 1 (TSE1) 2012 Cilindro parabólico 5,00 Tailândia
Themis solar tower 1983 Torre solar 1,00 França
Yanqing Solar Thermal
2012 Torre solar 1,00 China
Power (Dahan Tower Plant)

31
Tabela 3 – Resumo da capacidade instalada e quantidade de plantas em operação no mundo

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de [26]

Tecnologia Número de plantas Potência total (MW)


Cilindro parabólico 70 3.552,00
Torre solar 16 458,90
Linear Fresnel 5 45,65
Prato parabólico 0 0

a) Cilindro parabólico

 SOLANA

SOLANA é uma planta CSP comercial de propriedade da Abengoa Solar,


localizada em Phoenix, Arizona, e com tecnologia cilindro parabólico. É a maior planta
CSP desta tecnologia no mundo, com capacidade de 280 MW. Está em operação desde
Agosto de 2013. Sua área total é de 12,57 km² e possui 3.232 coletores instalados. Além
disso, essa planta possui sistema de armazenamento de 6 horas, utilizando sal fundido.
Uma vista aérea da planta é mostrada na Figura 24.

A geração anual de 944.000 MWh desta usina é equivalente à energia necessária


para 70.000 domicílios e evita a emissão de 475.000 toneladas de CO2 por ano. Além
disso, sua construção criou mais de 2.000 novos empregos e cerca de 85 empregos
permanentes [27].

Figura 24 – Planta CSP Solana [28]

32
 GENESIS SOLAR ENERGY PROJECT

GENESIS é uma planta CSP cilindro parabólico comercial, de propriedade da


Genesis Solar, que entrou em operação em Março de 2014. Essa planta tem 250 MW de
capacidade instalada e sua produção elétrica anual é estimada em 580 GWh, energia
suficiente para alimentar 88.000 residências. Ela fica localizada no deserto de Sonora,
na Califórnia, EUA, e tem área total construída de 7,89 km², onde estão instalados 1.840
coletores [26]. A Figura 25 mostra uma foto da planta.

Figura 25 – Planta Genesis [29]

 SHAMS-1

SHAMS-1 é a maior planta CSP do Oriente Médio, com tecnologia cilindro


parabólico e 100 MW de capacidade. Esta planta é de propriedade da Abengoa Solar,
Total e Masdar, e está localizada a 120 km de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
A inauguração foi em Fevereiro de 2013. Sua área total é de 2,5 km² e possui 768
coletores instalados. A Figura 26 mostra uma imagem da planta.

A planta SHAMS-1 representa um degrau importante na introdução de energia


renovável em Abu Dhabi, cujo objetivo é que 7% de sua energia sejam de fontes
renováveis em 2020. Esta usina evita a emissão de 175.00 toneladas de CO2 por ano,
isso é equivalente a tirar de circulação 15.00 carros em uma cidade como Abu Dhabi
[27].

33
Figura 26 – Planta CSP Shams 1 [30]

 SEGS VIII e IX

SEGS (Solar Energy Generating Systems) consiste de nove plantas CSP


localizadas no deserto de Mojave, na Califórnia, onde a insolação é uma das melhores
disponíveis nos EUA. As SEGS VIII e XV são as de maior capacidade, 80 MW cada,
com tecnologia cilindro parabólico. Elas são de propriedade na NextEra Energy
Resources. A planta SEGS VIII iniciou sua operação em Dezembro de 1989 enquanto a
SEGS IX foi inaugurada em Outubro de 1990 [30]. Uma vista aérea da construção
dessas duas usinas CSP está mostrada na Figura 27.

Figura 27 – Construção das plantas SEGS VIII e IX [31]

34
 MARTIN NEXT GENERATION SOLAR ENERGY CENTER

MARTIN NEXT GENERATION SOLAR ENERGY CENTER é uma planta


CSP com tecnologia cilindro parabólico. Foi a primeira planta solar com ciclo
combinado (ISCC) nos EUA, e ainda é a maior desse tipo, em termos de campo solar,
no mundo. Esta planta é de propriedade da Florida Power & Light e fica localizada em
Indiantown, Florida.

Com uma capacidade de 75 MW e área total de 2,02 km², esta usina entrou em
operação em Dezembro de 2010, e tem produção anual de 155 GWh, energia elétrica
suficiente para atender 11.000 casas. Em seu campo solar são instalados 1.136 coletores.
Além disso, evita a emissão de gases de efeito estufa, equivalente a retirada de 13.000
carros de circulação [32]. Uma imagem desta planta é apresentada na Figura 28.

Figura 28 – Planta Martin Next Generation Solar Energy Center [30]

 NEVADA SOLAR ONE

NEVADA SOLAR ONE é uma planta de tecnologia cilindro parabólico,


localizada em Boulder City, Nevada, EUA. Esta planta é de propriedade da Acciona
Energia e entrou em operação em Junho de 2007. Sua capacidade é de 72 MW, com
uma área total de 1,62 km² e 760 coletores instalados [26]. Além disso, possui um
sistema de armazenamento de 0,5 horas. Uma imagem desta usina é mostrada na Figura
29.

A geração de energia elétrica anual é de aproximadamente 136 GWh,


equivalente ao consumo de 15.000 domicílios. Esta planta evita a emissão de 129.000
toneladas de CO2 por ano em centrais térmicas a carvão [33].
35
Figura 29 – Planta Nevada Solar One [34]

b) Torre solar

 IVANPAH SEGS

O complexo IVANPAH é composto por três unidades independentes, duas com


capacidade de cerca de 123 MW cada, e uma com 130 MW, totalizando 377 MW. Esta
planta fica localizada em Primm, Califórnia, e é de propriedade da BrightSource
Energy, Google e da NRG Energy. Entrou em operação em Outubro de 2013.

Com tecnologia de receptor central e área total de 14,16 km², essa planta é
composta por 175.000 helióstatos e torre de 137 m de altura. A geração anual é de
1.079GWh [26]. Na Figura 30 e na Figura 31 podem ser vistas imagens aéreas da planta
e as três torres ainda na fase de construção, respectivamente.

Figura 30 – Vista aérea da planta Ivanpah [30]

36
Figura 31 – As três torres da planta Ivanpah, na fase de construção [30]

 GEMASOLAR

GEMASOLAR é uma planta CSP torre solar de propriedade da Torresol Energy,


com capacidade instalada de 20 MW, localizada em Sevilha, Espanha. Esta planta foi a
primeira no mundo, em escala comercial, a aplicar um sistema de armazenamento
térmico com sal fundido em uma torre solar. Este armazenamento permite 15 horas de
produção de eletricidade sem incidência solar.

Com um campo solar de 1,95 km² e 2.650 helióstatos instalados, esta planta
iniciou sua operação em Abril de 2011. Sua geração anual é de 110 GWh, podendo
fornecer energia limpa e confiável a 25.000 residências e reduzir a emissão de CO2 em
mais de 30.000 toneladas por ano [30]. A Figura 32 mostra uma foto do campo solar e
da torre da planta.

Figura 32 – Planta Gemasolar [35]

37
 PS20

PS20 é a segunda maior planta torre solar do mundo, junto com a Gemasolar.
Esta planta de 20 MW, de propriedade da Abengoa Solar, fica localizada em Sevilha,
Espanha, e entrou em operação em Abril de 2009. Seu campo solar é constituído de
1.255 helióstatos em uma área de aproximadamente 850.000 m² [27]. A Figura 33
mostra uma foto da torre dessa planta.

Com um sistema de armazenamento térmico de 1 hora, a produção anual desta


usina é equivalente ao consumo de 10.000 domicílios, enquanto isso evita a emissão de
cerca de 12.000 toneladas de CO2 na atmosfera [27].

Figura 33 – Torre da planta PS20 [27]

 PS10

A planta PS10, de propriedade da Abengoa Solar, foi a primeira no mundo a


utilizar a tecnologia de receptor central. Esta torre de 11 MW fica localizada em
Sevilha, Espanha, junto à planta PS20, tendo sua operação iniciada em Junho de 2006
[30].

O campo solar da PS10 ocupa uma área de aproximadamente 599.000 m² e é


composto por 624 helióstatos. Com um sistema de armazenamento térmico de 30
minutos, a geração anual desta planta é de 24 GWh, energia elétrica suficiente para
alimentar aproximadamente 5.500 domicílios. Além disso, esse sistema evita a emissão
de 6.000 toneladas de CO2 na atmosfera anualmente [27]. A Figura 34 e a Figura 35
mostram a planta PS10 e uma vista aérea com as plantas PS10 e PS20, respectivamente.
38
Figura 34 – Planta PS10 [30]

Figura 35 – Vista aérea das plantas PS10 e PS20 [30]

c) Linear Fresnel

 PUERTO ERRADO 2

PUERTO ERRADO 2 (PE2) é a maior planta CSP linear Fresnel do mundo, de


propriedade da Novatec Solar e localizada em Múrcia, Espanha. Esta planta tem
capacidade instalada de 30 MW e sua operação foi iniciada em Janeiro de 2012 [30].
Seu campo solar possui comprimento de 940 m e é constituído de 28 fileiras de
coletores linear Fresnel.

A geração anual da PE2 é de 50 GWh, essa produção equivale a reduzir a


emissão de CO2 em 16.000 toneladas, e é energia elétrica suficiente para alimentar
12.000 domicílios na Espanha [36]. Uma foto dessa planta está apresentada na Figura
36.

39
Figura 36 – Planta Puerto Errado 2 [36]

3.2 Plantas em Construção


A

Tabela 4 apresenta todas as plantas em construção no mundo, os respectivos anos


previstos para início da produção, o tipo de tecnologia aplicada na planta, a capacidade
instalada da mesma e o país onde está sendo construída. Pode ser observado em alguns
projetos, que o ano previsto para operação era 2013, nestes casos, as plantas estão em
fase de comissionamento ou o projeto está em atraso sem uma nova data disponível. A
partir desses dados, a Tabela 5 apresenta um resumo da capacidade instalada total e da
quantidade de plantas CSP em construção no mundo, de acordo com a tecnologia. Em
seguida, são apresentados os principais projetos heliotérmicos em termos de potência
instalada, com a descrição das características técnicas e de desempenho de cada um.

40
Tabela 4 – Plantas CSP em construção no mundo

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de [26]

Operação Potência
Nome da planta Tecnologia País
prevista (MW)
Abhijeet Solar Project 2013 Cilindro parabólico 50,0 Índia
Agua Prieta II ciclo
2014 Cilindro parabólico 14,0 México
combinado
Airlight Energy Ait Baha
2014 Cilindro parabólico 3,0 Marrocos
CSP Plant
Alba Nova 1 2014 Linear Fresnel 12,0 França
Archetype SW550 Cilindro parabólico 30,0 Itália
África do
Bokpoort 2015 Cilindro parabólico 50,0
Sul
CPI Golmud Solar Thermal
Cilindro parabólico 100,0 China
Power Plant
Crescent Dunes 2013 Torre solar 110,0 EUA
Delingha Supcon Tower
2013 Torre solar 50,0 China
Plant
Diwakar 2013 Cilindro parabólico 100,0 Índia
Gujarat 2013 Cilindro parabólico 20,0 Índia
Gujarat Solar One 2014 Cilindro parabólico 25,0 Índia
HelioFocus China Orion
2014 Prato parabólico 60,0 China
Project
Himin Solar Fresnel Demo
- Linear Fresnel 2,5 China
Plant
Huaneng Sanya - Linear Fresnel 1,5 China
África do
Kaxu Solar One 2015 Cilindro parabólico 100,0
Sul
África do
Khi Solar One 2014 Torre solar 50,0
Sul
Kogan Creek 2015 Linear Fresnel 44,0 Austrália
KVK Energy 2013 Cilindro parabólico 100,0 Índia
Medicine Hat ciclo
2013 Cilindro parabólico 1,0 Canadá
combinado
Megha Engineering 2013 Cilindro parabólico 50,0 Índia
Mojave Solar 2014 Cilindro parabólico 250,0 EUA
Ningxia ciclo combinado 2013 Cilindro parabólico 92,0 China
Ouarzazate 1 2014 Cilindro parabólico 160,0 Marrocos

41
Tabela 4 - Plantas CSP em construção no mundo (continuação)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de [26]

Planta Solar Cerro


2018 Torre solar 110,0 Chile
Dominador
Projeto Helioterm 2014 Cilindro parabólico 1,0 Brasil
Rajasthan Sun Technique -
2013 Linear Fresnel 100,0 Índia
Dhursar

Tianwei 1,5 CSP pilot plant - Cilindro parabólico 1,5 China

Tooele Army Depot Dish


2013 Prato parabólico 1,5 EUA
Stirling CSP plant
Yumen Gansu Solar Thermal
- Cilindro parabólico 10,0 China
Pilot Plant

Tabela 5 - Resumo da capacidade instalada e quantidade de plantas em construção no mundo

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de [26]

Tecnologia Número de plantas Potência total (MW)


Cilindro
19 1.157,50
parabólico
Torre solar 4 320,00
Linear Fresnel 5 160,00
Prato parabólico 2 61,50

a) Cilindro parabólico

 MOJAVE SOLAR PROJECT (MSP)

MSP é planta CSP cilindro parabólico, de propriedade da Abengoa Solar, que


está sendo construída no deserto de Mojave, Califórnia. A área total da planta é de
aproximadamente 7,1 km² e sua potência instalada é de 250 MW, sendo estimado que
sua produção anual seja de 600.000 MWh, energia elétrica necessária para alimentar
54.000 residências e evitar a emissão de 350.000 toneladas de CO2 [27]. A previsão é
que sua operação inicie ainda em 2014 [26]. A Figura 37 mostra a construção dessa
planta.

42
Figura 37 – Planta MSP em construção [30]

 NOOR I

A planta NOOR I, de propriedade das companhias Acwa, Aries, MASEN e


TSK, está sendo construída em Ouarzazate, Marrocos, com previsão de iniciar a
operação em Abril de 2015. Sua potência instalada é de 160 MW e possuirá um sistema
de armazenamento térmico de 3 horas.

b) Torre solar

 CRESCENT DUNES SOLAR ENERGY PROJECT

A planta CRESCENT DUNES, de tecnologia torre solar, é de propriedade da


SolarReserve e fica localizada em Tonopah, Nevada (EUA). Sua capacidade instalada é
de 110 MW, e a área total da planta é de aproximadamente 6,5 km², com 17.170
helióstatos instalados. O sistema de armazenamento térmico terá capacidade de 10 horas
[26]. Estima-se que a energia elétrica anual gerada será de 480.000 MWh, energia
suficiente para alimentar 75.000 residências [37]. Essa planta está em fase de
comissionamento, devendo entrar em operação em 2014. A Figura 38 mostra a
construção da torre central.

43
Figura 38 – Torre da planta Crescent Dunes em construção [30]

 PLANTA SOLAR CERRO DOMINADOR

A planta CERRO DOMINADOR está sendo construída pela Abengoa no deserto


de Atacama, Chile. A previsão é que inicie sua operação em Junho de 2018. Essa planta
terá capacidade de 110 MW, uma área total de 14 km² com 10.600 helióstatos instalados
e um sistema de armazenamento térmico de 24 horas [26].

c) Linear Fresnel

 DHURSAR

Essa planta, de propriedade da Reliance Power, está sendo construída na cidade


de Dhursar, Índia e está em fase de comissionamento, devendo iniciar a operação em
2014. Com capacidade instalada de 125 MW e área construída de aproximadamente 1,4
km², estima-se que a produção anual será de 280.000 MWh [26]. Será a maior planta
com tecnologia linear Fresnel do mundo. A Figura 39 mostra a construção dessa planta.

44
Figura 39 – Construção da planta Dhursar [38]

3.3 Plantas em Desenvolvimento

A Tabela 6 apresenta todas as plantas em desenvolvimento no mundo, os


respectivos anos previstos para início da produção, o tipo de tecnologia aplicada na
planta, a capacidade instalada da mesma e o país onde será construída. Esses projetos já
tiveram os acordos assinados, porém o início da construção está pendente. Pode ser
observado que algumas datas previstas para inicio da operação não estão disponíveis. A
Tabela 7 apresenta um resumo da capacidade instalada total e da quantidade de plantas
CSP em desenvolvimento no mundo, de acordo com a tecnologia. Em seguida são
apresentados os principais projetos heliotérmicos em termos de potência instalada, com
a descrição das características técnicas e de desempenho de cada um.

Tabela 6 – Plantas CSP em desenvolvimento no mundo

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de [26]

Operação Potência
Nome da planta Tecnologia País
prevista (MW)
Ashalim CSP plant 1 2017 Torre solar 121,0 Israel
Ashalim CSP plant 2 2017 Cilindro parabólico 120,0 Israel
Centrale Solaire
2015 Linear Fresnel 9,0 França
Thermoynamique Llo
CNIM eCare Solar Thermal
- Linear Fresnel 1,0 Marrocos
Project

45
Tabela 6 - Plantas CSP em desenvolvimento no mundo (continuação)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de [26]


Delingha Solar Thermal
- Cilindro parabólico 50,0 China
Plant
DLR - Algeria CSP tower
- Torre solar 7,0 Argélia
pilot plant
Helios Power - Prato parabólico 50,0 Chipre
Hidden Hills SEGS 2015 Torre solar 500,0 EUA
Ilanga CSP 1 2016 Cilindro parabólico 100,0 África do Sul
Kom Ombo CSP project - Cilindro parabólico 100,0 Egito
Maximus Dish project - Prato parabólico 75,0 Grécia
Mazara Solar - Torre solar 50,0 Itália
MINOS CSP tower - Torre solar 50,0 Grécia
Ordos Solar Thermal Power
- Cilindro parabólico 50,0 China
Plant
Ouarzazate 2 - Torre solar 100,0 Marrocos
Ouarzazate 3 - Cilindro parabólico 200,0 Marrocos
Palen SEGS 2016 Torre solar 500,0 EUA
Pedro de Valdivia 2015 Cilindro parabólico 360,0 Chile
PTC50 Alvarado - Torre solar 50,0 Espanha
Rice Solar Energy Project 2016 Torre solar 150,0 EUA
Sundt Solar Boost - Linear Fresnel 5,0 EUA
TuNur - Torre solar 2.000,0 Tunísia
Xina Solar One 2016 Cilindro parabólico 100,0 África do Sul

Tabela 7 - Resumo da capacidade instalada e quantidade de plantas em desenvolvimento no mundo

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de [26]

Tecnologia Número de plantas Potência total (MW)


Cilindro parabólico 8 1.080,00
Torre solar 10 3.528,00
Linear Fresnel 3 15,00
Prato parabólico 2 125,00

a) Cilindro parabólico

 PEDRO DE VALDIVIA

Essa planta está projetada para ser implantada na região de Antofagasta, Chile.
Será uma planta de 360 MW com produção anual estimada em 2.108 GWh. A área

46
construída será de 19,8 km², com 5.376 coletores instalados. Haverá também um
sistema de armazenamento térmico de 10,5 horas. A previsão é que a operação inicie em
2015 [26].

b) Torre solar

 TUNUR

Essa é uma planta CSP torre solar de 2 GW, que está sendo desenvolvida pela
TuNur no Sul da Tunísia. Essa planta fornecerá energia em corrente contínua e alta
tensão (HVDC) para a Europa através de linhas de transmissão em terra e submarinas.
A Figura 40 ilustra o trajeto da transmissão. Além disso, sua geração anual estimada é
de 9.000 GWh.

Figura 40 – Planta TUNUR na Tunísia que despachará energia para a Europa [39]

 PALEN SEGS

Essa planta, da BrightSource Energy, será construída em Riverside, Califórnia e


terá capacidade instalada de 500 MW, com produção anual estimada em 1.430 GWh. A
área construída será de 15,37 km² e é previsto que a operação inicie em 2016 [26].

47
4 Estudo de Caso

4.1 Procedimento Metodológico

O estudo de caso deste trabalho consiste na avaliação da viabilidade de


implantação de uma usina CSP de receptor central no Brasil. A metodologia utilizada
neste estudo consiste no uso do software SAM para auxiliar a análise de custos e
desempenho das plantas a serem simuladas nos locais do país com maior radiação solar
incidente. As plantas modeladas terão duas configurações: uma sem sistema de
armazenamento térmico, chamada de planta simples, que utilizará a tecnologia torre
solar com vapor direto, e a outra será uma planta com 7,5 horas de capacidade de
armazenamento, que utilizará a tecnologia torre solar com sal fundido. Nas duas
configurações as plantas terão capacidade instalada de 100MW, já que os dados de
custo para plantas no SAM utilizam como base uma planta de referência CSP com esta
capacidade [40]. Ao final das simulações serão apresentados os resultados e será feita
uma avaliação comparativa entre os custos e o desempenho dos dois tipos de plantas
entre si e nas diferentes localidades em estudo.

4.2 Software de Simulação - SAM

A escolha do software de simulação para este trabalho teve como base aqueles
considerados e utilizados pelo Sandia National Laboratories, cujas funções e trocas de
informações são ilustradas no modelo de pirâmide proposto por [41], como pode ser
visto na Figura 41. Esse modelo apresenta no topo os softwares para simulação do
sistema integrado, no meio os modelos de componentes e processos, e na base, os
parâmetros de entrada e distribuições. Também pode ser visto na pirâmide o fluxo de
informações dos códigos. Os sistemas integrados utilizam dados dos modelos de
componentes e parâmetros de entrada, e da mesma forma esses últimos utilizam os
dados dos modelos integrados, para aperfeiçoamento dos valores em busca de melhores
resultados.

48
Figura 41 – Modelo de pirâmide [41]

A Tabela 8 apresenta os softwares utilizados e considerados pelo Sandia National


Laboratories, separados por funcionalidade. Para este trabalho, foram analisados apenas
aqueles para simulação do desempenho do sistema integrado, apresentados na última
coluna da tabela.
Tabela 8 – Softwares separados por funcionalidade

Desempenho Fluido de
Desempenho do Ciclo de Desempenho do
do campo de transferência de
receptor central potência sistema integrado
helióstatos calor
ASAP CAVITY FLUENT GATECYCLE DELSOL
DELSOL DRAC/TOPAZ SAM IPSEPRO SAM
HELIOS FLUENT SOLERGY STEAMPRO SOLERGY
MIRVAL RADSOLVER TRNSYS - TRNSYS
SOLTRACE - - - -

O DELSOL é um software gratuito que inclui análises ópticas e econômicas. Ele é


usado para avaliar o LCOE e otimizar o layout do campo de helióstatos, dimensões do
receptor e altura da torre baseados nesse custo. Uma desvantagem deste código é que
apenas alguns dias de cada mês são usados na análise geral [41].

O SOLERGY é um software gratuito que simula a operação e a produção anual de


uma planta solar térmica, incluindo a energia parasita requerida em um dia. Este
programa representa as perdas térmicas em cada componente, incluindo as perdas nas
tubulações e no sistema de armazenamento [41].

49
O TRNSYS é um software comercial, desenvolvido pela Universidade de
Wisconsin. Este programa modela sistemas usando componentes modulares, cada um
representando um processo físico ou recurso do sistema. Os componentes incluem
coletores, trocadores de calor, tanques de armazenamento térmico, sistema hidráulico
(bombas, tubulação), controladores e ciclos de potência [41].

Por fim, foi escolhido o SAM, por ser um software gratuito, que calcula a energia
gerada hora a hora de um sistema em um ano, o custo da energia e outros indicadores.
Além disso, utilizado o DELSOL para otimizar a posição dos helióstatos e o mecanismo
de simulação do TRNSYS para calcular o fluxo de energia por hora [41], mostrando-se
um programa mais completo.

O SAM, inicialmente chamado “Solar Advisor Model”, é um software que foi


desenvolvido pelo NREL (National Renewable Energy Laboratory), principal
laboratório de pesquisa e desenvolvimento de energias renováveis e eficiência
energética dos EUA, em colaboração com o Sandia National Laboratories em 2005.
Primeiramente, este software foi criado para uso interno no Solar Energy Technologies
Program do DOE (U.S. Department of Energy), para análise das oportunidades de
crescimento da tecnologia solar. Em 2007, o NREL lançou a primeira versão pública do
software, disponibilizada gratuitamente em seu site, e em 2010, o nome deste foi
alterado para “System Advisor Model” [41]. A tela inicial do software pode ser vista na
Figura 42.

Figura 42 – Tela de abertura do SAM

Fonte: Software SAM versão 2013.9.20

50
A estrutura do SAM, apresentada na Figura 43, consiste em uma interface do
usuário, um mecanismo de cálculo e uma interface de programação. A interface do
usuário é a parte do SAM que pode ser vista. Nela é permitido o acesso às variáveis de
entrada e controles de simulação e é onde são exibidos os gráficos e tabelas de
resultados. O mecanismo de cálculo executa simulações hora a hora do desempenho de
um sistema de energia e, um conjunto de cálculos financeiros anuais que geram o fluxo de
caixa e os indicadores financeiros do projeto. A interface de programação permite que o
SAM interaja com programas externos [42].

Figura 43 – Estrutura do SAM [42]

O SAM consiste em um modelo financeiro e de desempenho projetado para


facilitar a tomada de decisão acerca de projetos de energia renovável. Este software
realiza previsões de desempenho e estimativas de custo da energia para projetos
elétricos conectados à rede com base em custos operacionais e de instalação e de
parâmetros do sistema que o usuário especifica como entradas do modelo [41].

O modelo de desempenho faz cálculos hora a hora da operação e geração elétrica


para as tecnologias fotovoltaica, CSP cilindro parabólico, CSP receptor central, CSP
Linear Fresnel, CSP prato parabólico, térmica convencional, aquecimento solar de água,
energia eólica, energia geotérmica e térmica a biomassa. A Figura 44 mostra a tela do
software para seleção da tecnologia a ser modelada. Já o modelo financeiro utiliza os
resultados do modelo de desempenho e calcula o fluxo de caixa anual durante o período

51
desejado de acordo com as condições de financiamento do projeto [12]. O SAM inclui
modelos financeiros para projetos residenciais, comerciais e de concessionárias.

Figura 44 – Página inicial do SAM para escolha da tecnologia

Fonte: Software SAM versão 2013.9.20

Criar um arquivo SAM envolve escolher o modelo de desempenho e modelo


financeiro para representar o projeto. Ao selecionar a tecnologia, o SAM preenche
automaticamente as variáveis de entrada com um conjunto de valores padrão. Depois de
criar o arquivo, o usuário pode modificar as entradas para fornecer informações acerca
da localização do projeto, do tipo de equipamento do sistema, custo de instalação e
operação do sistema, e dados de financiamento e de incentivos. Um estudo típico
utilizando este software envolve rodar as simulações, examinar os resultados, revisar as
entradas, e repetir esse processo até que o usuário entenda e tenha confiança nos
resultados [41].

Como a tecnologia solar ainda está em desenvolvimento, os incentivos financeiros


a elas são muito importantes, e o SAM trata essa questão com maior atenção,
fornecendo uma grande variedade de opções de incentivo. No modelo financeiro é
possível simular incentivos fiscais, de crédito, por geração de energia, por potência

52
instalada, etc. Porém, os modelos fornecidos pelo software são baseados na realidade do
setor elétrico norte-americano, e o Brasil possui uma estrutura de financiamento e
taxação diferente dos EUA, daí a importância de um tratamento adequado dos dados no
SAM para executar simulações que incorporem a realidade brasileira [14].

4.3 Escolha da Tecnologia CSP

4.3.1 Torre Solar

Como apresentado no Capítulo 3 deste trabalho, a tecnologia CSP cilindro-


parabólico é atualmente a mais difundida no mundo, consequentemente muitas
simulações já foram realizadas utilizando esta tecnologia, como em [12], [13], [14] e
[15]. Por outro lado, a tecnologia CSP de receptor central, apesar de ser mais recente
que a cilindro-parabólico, já está bem estabelecida desde a conclusão da planta
comercial PS10, na Espanha, e está crescendo em níveis comerciais ao redor do mundo,
com muitas plantas em fase de construção e desenvolvimento. As tecnologias cilindro
parabólico e torre solar possuirão, em 2017, 94% da capacidade instalada em CSP no
mundo [43].

Além do crescimento, outro fator relevante na decisão pela tecnologia torre solar
neste trabalho é sua operação com temperaturas mais elevadas, o que torna o
armazenamento térmico mais atraente economicamente e consequentemente aumenta o
benefício operacional devido ao despacho em horários sem radiação solar [44]. Outros
benefícios desta tecnologia são esperados devido ao crescimento da capacidade
instalada no mundo, que indica para melhorias em torno de seus principais
componentes, como o design dos helióstatos, sistema de rastreamento, otimização do
campo solar, campos multi-torre e receptores alternativos [45]. Todas as melhorias
visam principalmente a redução no custo e o aumento da eficiência da planta CSP.

No Brasil, apesar de os estudos e o desenvolvimento da tecnologia CSP ser


incipiente, os primeiros passos estão sendo dados com o projeto Helioterm, apresentado
na seção 1.1, que terá como próxima etapa o desenvolvimento de uma planta-piloto com
a tecnologia torre solar em Petrolina, PE [11]. Isso indica a chegada desta tecnologia ao

53
Brasil, sendo interessante a avaliação das melhores localidades no país para a
implantação de uma usina CSP de receptor central, verificando a viabilidade em termos
de custos e desempenho da planta.

Conforme descrito na metodologia, serão feitas simulações em diversas


localidades do Brasil, em duas configurações diferentes para a tecnologia CSP de
receptor central:

 Torre Solar sem armazenamento térmico

 Torre Solar com armazenamento térmico de 7,5 horas

Além disso, as plantas simuladas terão capacidade instalada de 100MW, já que os


dados de custo para plantas no SAM utilizam como base uma planta de referência CSP
com esta capacidade [40].

4.3.2 Campo de Helióstatos

O helióstato é o elemento principal dos sistemas de receptor central,


representando cerca de 40% do custo total da instalação [42]. Ele é composto
basicamente por uma superfície espelhada, uma estrutura de suporte, mecanismos de
movimentação e um sistema de controle com alto nível de precisão. Sua função
essencial é a de coletar a radiação solar incidente e refleti-la em um receptor localizado
em uma torre no centro do campo solar. A Figura 45 mostra um exemplo de helióstato,
o modelo ASUP 140 da Abengoa.

Figura 45 – Helióstato modelo ASUP 140 [46]

54
O campo de helióstatos de uma planta torre solar é composto, geralmente, por
uma grande quantidade de helióstatos individuais. Essa quantidade depende das
dimensões de cada helióstato e da capacidade do sistema solar térmico pretendido.
Além disso, esse campo pode variar de acordo com a geometria dos helióstatos, que
podem ser retangulares ou circulares [47].

Independentemente da geometria, os helióstatos estão sujeitos a perdas ópticas


que resultam em uma radiação solar refletida em suas superfícies menor que a radiação
incidente. Os principais mecanismos de perdas que afetam o desempenho do campo de
helióstatos são:

a) Efeito cosseno

Atenuação devido ao ângulo entre o feixe de radiação solar incidente e um vetor


normal à superfície do helióstato. Quanto maior for este ângulo maior será a perda
(cosseno se aproxima de zero), e quanto menor for o ângulo menor será perda (cosseno
se aproxima da unidade). Este efeito é responsável pelas perdas mais significativas de
uma planta torre solar. A Figura 46 ilustra este efeito.

Figura 46 - Efeito cosseno em planta torre solar [48]

55
b) Reflexão do receptor

Outra forma de perda é pela reflexão da radiação da superfície do receptor. A


fração da radiação incidente no receptor que é refletida depende da absorvidade do
revestimento da superfície receptora e do ângulo de incidência da radiação solar. A
Figura 47 mostra um gráfico com a relação entre a absorção do receptor e o ângulo de
incidência da radiação solar.

Figura 47 - Razão entre absorção solar e ângulo de incidência da radiação [47]

c) Dispersão atmosférica

Perda devido à dispersão do feixe de radiação refletida do helióstato ao receptor.


Esta perda é em função da distância do helióstato ao receptor, umidade relativa do ar e
da altitude geográfica da planta.

d) Desfocagem

A perda por desfocagem é a proporção da radiação refletida que não intercepta a


superfície do receptor. Ela é uma função da precisão do rastreamento, da uniformidade
da superfície, do movimento de oscilação da torre, da forma do sol (o sol age como um
disco em vez de um ponto ao emitir o feixe de radiação) e fatores ambientais como
velocidade do vento e assentamento da fundação do helióstato. Esses fatores contribuem
para uma radiação errante a partir do seu caminho pretendido até o receptor e distorcida
de sua forma originada por um helióstato. A Figura 48 ilustra este efeito.

56
Figura 48 - Desfocagem do helióstato, com a imagem refletida real maior que a ideal [47]

e) Sombreamento e bloqueio

Perdas por sombreamento e bloqueio são funções exclusivamente da posição de


um helióstato em relação ao outro no campo. Sombreamento ocorre quando a radiação
solar é impedida de atingir um helióstato por um helióstato vizinho. Já o bloqueio
ocorre quando a imagem refletida pelo helióstato é obstruída de alcançar o receptor por
um helióstato adjacente. A Figura 49 ilustra as perdas por sombreamento e bloqueio.

Figura 49 - Perdas por sombreamento e bloqueio [48]

57
f) Eficiência do campo de helióstatos

Essa perda é causada pela refletividade dos helióstatos. Apesar de apresentarem


refletividade acima de 90% atualmente, o envelhecimento e a sujeira reduzem este valor
[48].

g) Manutenção

Alguns helióstatos são inviáveis devido à frequente necessidade de limpeza e


manutenção [47].

h) Precisão do controlador e rastreamento do campo

Inclui especificamente inclinação do eixo rotacional, granularidade do sistema de


controle, refração atmosférica, curvatura da estrutura do helióstato devido à gravidade
ou vento, alinhamento do espelho, algoritmo de erro da posição do sol, erro no tempo de
computação, erro no tempo de transmissão.

Como dito na seção 2.3.2, uma das vantagens da tecnologia CSP de receptor
central se comparada às outras, como a de cilindro-parabólico ou a Fresnel é que o
receptor opera com eficiência térmica mais elevada devido à alta concentração de fluxo
incidente em sua superfície. Porém, diferentemente das outras tecnologias CSP, em uma
planta torre solar a radiação refletida pelos helióstatos viajam por longa distância até o
receptor montado na torre. Essa distância pode ser de 1 km ou mais para grandes plantas
[47]. Com essa distância entre os helióstatos e o receptor, além das perdas ópticas
apresentadas anteriormente, é necessário a construção, instalação e controle precisos da
planta.

Visando a viabilidade econômica do projeto, consequentemente com reduzida


quantidade de perdas, devem ser escolhidos os melhores valores para os parâmetros de
entrada do modelo de desempenho da planta em estudo. A planta tipo torre solar requer
a otimização da altura da torre, geometria do receptor e dos espelhos e distribuição dos
helióstatos em torno do receptor. Neste trabalho, essa otimização será feita através da
ferramenta Optimization Wizard do SAM, cuja função será apresentada adiante.

58
4.3.3 Torre e Receptor

A função básica da Torre é de suporte para o receptor, que deve ser projetado para
ficar a uma altura para minimizar o impacto que as sombras e bloqueios da luz solar
possam causar sobre os helióstatos. O receptor é o dispositivo posicionado no alto da
torre que recebe toda a radiação solar refletida pelos helióstatos e a converte em energia
térmica, transmitindo-a para um dispositivo de transferência de calor.

Como já dito anteriormente, a tecnologia CSP torre solar opera com elevadas
concentrações de fluxo de radiação, de 600 a 1200 vezes os níveis de radiação normal
direta terrestre [47]. Esta concentração de radiação cria grandes desafios de projeto e
operação para assegurar que o fluxo de energia solar concentrada seja distribuído
uniformemente sobre a superfície do receptor, evitando a falha térmica.

Existem duas configurações básicas de receptores: receptor externo e receptor de


cavidade. O receptor externo consiste em um conjunto de painéis receptores arranjados
em forma de um cilindro vertical no topo da torre. Já o receptor de cavidade, também é
formado por um conjunto de painéis receptores, mas estes ficam alocados no interior de
uma cavidade aberta, proporcionando maior proteção das condições ambientais [47].
Apesar de o receptor externo ficar mais exposto às intempéries climáticas, prejudicando
sua eficiência térmica, esta configuração permite que o campo de helióstatos circunde a
torre em 360º. Em contrapartida, os receptores de cavidade aumentam a eficiência
térmica devido à maior proteção, porém a configuração do campo fica limitada a um
ângulo, normalmente, de 120º ao redor da torre. A Figura 50 mostra a imagem dos dois
tipos de receptores.

Figura 50 – Receptor de cavidade (à esquerda) [49] e externo (à direita) [35]

59
No SAM, para modelar a torre e o receptor da planta sob as condições citadas,
existe uma página com as variáveis que especificam a geometria desse sistema coletor
de calor. O modelo do receptor usa relações termodinâmicas e transferência de calor
semi-empírica para determinar o desempenho térmico do receptor. Isso permite que o
modelo represente uma ampla variedade de geometrias sem desviar de um sistema de
referência [42]. Os valores dos parâmetros de entrada para torre e receptor também são
selecionados pela ferramenta Optimization Wizard apresentada na seção 4.5.1.1.3.

4.3.4 Bloco de Potência

Sistemas de aproveitamento solar, como as plantas heliotérmicas, podem ser


utilizados apenas para coletar o calor da radiação solar. Porém, nos casos em que se
deseja transformar esta radiação solar em energia mecânica ou elétrica, é necessário
utilizar um sistema que converta a energia térmica em alguma dessas energias. Esta
conversão é realizada pelo chamado bloco de potência, que, através de um ciclo
termodinâmico (Rankine), transmite a energia térmica da radiação solar concentrada a
um fluido de trabalho que gera vapor a alta pressão e faz operar uma turbina acoplada a
um gerador elétrico, produzindo eletricidade.

Nas plantas termo solares é normalmente utilizado o ciclo de turbina a vapor.


Neste ciclo, o vapor pressurizado move uma turbina, convertendo energia térmica em
mecânica. Mas quando se deseja maximizar a produção, por exemplo, gerando
eletricidade nos momentos em que não haja sol, é possível utilizar o ciclo combinado.
Este ciclo consiste em aproveitar os gases e o vapor gerado pelo ciclo de turbina a gás
em uma turbina a vapor para produção de energia mecânica extra. Plantas que utilizam
este sistema são chamadas de híbridas.

4.3.4.1 Ciclo de Rankine

O ciclo de Rankine é um ciclo termodinâmico que modela turbinas a vapor. Este é


o ciclo mais utilizado em sistemas de geração heliotérmica, e se baseia em quatro
processos, apresentados na ilustração da Figura 51:
60
1) Bombeamento adiabático (sem troca de calor)

2) Transformação da água em vapor a pressão constante na caldeira

3) Expansão adiabática na turbina

4) Condensação do vapor a pressão constante no condensador

Figura 51 – Ciclo de Rankine [50]

Nas plantas termo solares, o processo de conversão da energia térmica em elétrica


se inicia quando o fluido de transferência de calor (HTF) entra no receptor (caldeira)
recebendo energia térmica da radiação solar, provocando seu sobreaquecimento e
evaporação. Em seguida, o vapor produzido passa pelo coletor de vapor (reaquecedor) e
segue em direção à turbina (expansor), onde se expande cedendo energia mecânica, que
é usada para mover um gerador elétrico que produzirá eletricidade. A temperatura do
vapor é reduzida ao alcançar o condensador, que extrai seu calor residual e o transforma
em líquido novamente. Por fim, o HTF (líquido) tem sua pressão elevada por uma
bomba e retorna a caldeira, iniciando novamente o ciclo. A operação de uma planta CSP
torre solar está ilustrado na Figura 52. Este tipo de operação, com uso de água como
fluido de transferência de calor, será utilizado na modelagem da planta simples com
vapor direto deste trabalho.

61
Figura 52 – Funcionamento de uma planta CSP de receptor central com vapor direto [51]

4.3.5 Armazenamento de Energia

O sistema de armazenamento de energia consiste em armazenar a energia térmica


coletada no campo solar em um local isolado, para uso durante os períodos de ausência
de radiação solar, como em dias nublados e durante as noites. Este sistema reduz o
problema da intermitência solar, permitindo uma melhor regulação da eletricidade
entregue à rede elétrica e uma maior estabilidade do sistema [47].

A planta com sistema de armazenamento deste trabalho, modelada no SAM, é do


tipo indireto, operando com um par de tanques frio e quente para o armazenamento
térmico, como descrito na seção 2.3.2, e o fluido de trabalho é o sal fundido. A operação
de uma planta CSP torre solar com essa configuração é ilustrada na Figura 53.

62
Figura 53 - Funcionamento de uma planta CSP de receptor central com sal fundido [52]

Conforme exposto anteriormente, neste estudo de viabilidade serão simuladas


duas configurações para a planta CSP torre solar, uma sem armazenamento e outra com
capacidade de armazenamento (TES) de 7,5 horas. Este valor foi escolhido com base na
dissertação de [53]. Muitas plantas cilindro-parabólico em operação e construção
apresentam armazenamento de 6 horas, mas como a tecnologia de receptor central opera
com maiores temperaturas, tornando o armazenamento térmico mais viável
economicamente [44], optou-se por uma planta CSP torre solar com armazenamento de
7,5 horas. Além disso, essa capacidade já é estabelecida em algumas plantas em
operação e construção, além de reduzir os custos nivelados da energia e não aumentar
expressivamente a área do campo solar. Na modelagem é necessário definir a
capacidade de armazenamento em horas, o fluido de armazenamento (pode ser o mesmo
do HTF), a altura do tanque, o coeficiente de perda térmica do tanque e as temperaturas
dos tanques frio e quente.

4.4 Localidade e Recurso Solar

Para o estudo da viabilidade da implantação de uma usina CSP torre solar no


Brasil, serão feitas simulações em vários municípios do país, de forma a comparar os
resultados de desempenho e custos da planta em cada localidade. Para tanto, será

63
utilizado o mapa solar brasileiro para definir as regiões com maior incidência solar para
um melhor aproveitamento desta fonte.

Utilizando-se o GeoSpatial Toolkit, software GIS desenvolvido pelo NREL com


financiamento da UNEP com dados do Programa “Solar and Wind Energy Resource
Assessment” (SWERA), foi obtido o mapa de irradiação normal direta no Brasil,
apresentado na Figura 54.

Figura 54 - Irradiação Normal Direta (DNI)

Fonte: Geospatial Toolkit (2013)

Por este mapa, pode ser observado que os melhores índices de radiação normal
direta (DNI) estão localizados principalmente no estado da Bahia e São Paulo, existindo
bons índices também em partes do Piauí, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e
Paraná. Na Figura 55 podem ser vistos em destaque as áreas com os maiores índices de
DNI no Brasil, acima de 2.000 kWh/m²/ano ou 5,5 kWh/m²/dia.

Figura 55 - Irradiação Normal Direta acima de 2.000 kWh/m²/ano

Fonte: Geospatial Toolkit (2013)

64
Para simulação da planta termo solar no SAM, são requeridos como parâmetros
de entrada do recurso solar dados climatológicos em base horária, totalizando 8.760
valores de cada parâmetro. O software faz a leitura dos arquivos em três formatos:
typical meteorological year 2 (.tm2), typical meteorological year 3 (.csv) e EnergyPlus
(.epw). Para os modelos CSP são necessários, em um dos três formatos citados, dados
de pressão atmosférica, temperatura do ponto de orvalho, temperatura de bulbo seco,
temperatura de bulbo úmido, umidade realtiva do ar, radiação direta normal (DNI),
radiação global horizontal, hora do dia, latitude, longitude, altitude e velocidade do
vento [12].

Esses dados climáticos em base horária não são fornecidos para qualquer
localidade. Enquanto os EUA possuem arquivos de dados TMY (Typical
Meteorological Year) para 1.020 localidades em seu território [54], o Brasil possui
apenas 20 localidades com esses dados climatológicos detalhados, no formato
EnergyPlus: Belém, Belo Horizonte, Boa Vista, Bom Jesus da Lapa, Brasília, Campo
Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Jacareacanga, Manaus, Petrolina,
Porto Nacional, Porto Velho, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Santa Maria e São Paulo.
Esses dados são fornecidos no site do U. S. Department of Energy, como pode ser visto
na Figura 56.

Figura 56 - Base de dados climáticos do Brasil

Fonte: U.S. Department of Energy

65
Os principais dados climáticos, como radiação normal direta, radiação global
horizontal, temperatura de bulbo seco e velocidade do vento, disponíveis para essas 20
cidades brasileiras são apresentados na Tabela 9.

Tabela 9 - Dados meteorológicos detalhados para 20 cidades brasileiras

Radiação
Radiação Temperatura Velocidade
Global
Cidade Direta Normal de bulbo seco do vento
horizontal
[kWh/m²/ano] [°C] [m/s]
[kWh/m²/ano]
Belém 1.020,8 1.856,4 26,5 2,1
Belo Horizonte 1.856,0 1.915,8 22,0 1,7
Boa Vista 1.314,4 1.921,9 28,5 3,6
Bom Jesus da Lapa 2.198,5 2.143,2 26,1 1,6
Brasília 1.737,2 1.962,6 21,3 2,1
Campo Grande 1.785,0 1.927,8 24,0 3,9
Cuiabá 1.539,6 1.948,7 26,7 2,0
Curitiba 1.223,2 1.520,9 17,2 3,0
Florianópolis 1.424,6 1.647,2 20,7 3,3
Fortaleza 1.593,9 2.009,9 27,2 3,8
Jacareacanga 1.153,9 1.814,2 25,9 0,5
Manaus 1.144,2 1.743,3 26,8 1,0
Petrolina 1.833,7 2.076,0 26,8 4,1
Porto Nacional 1.868,8 2.078,0 27,1 1,1
Porto Velho 1.255,5 1.859,8 26,3 1,0
Recife 1.519,8 1.979,6 27,1 3,2
Rio de Janeiro 1.608,5 1.843,3 24,0 2,4
Salvador 1.679,9 1.926,3 25,9 2,1
Santa Maria 1.402,2 1.626,4 19,5 2,4
São Paulo 1.275,3 1.678,6 19,5 2,5

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SAM

O índice de DNI mínimo recomendado para projetos de plantas heliotérmicas é


amplamente discutido na literatura científica, com valores sugeridos de 1.700
kWh/m²/ano [55] até 2.400 kWh/m²/ano [56]. No Brasil, como muitas localidades cujos
dados climáticos são fornecidos, possuem índice de radiação normal direta abaixo de
1.700 kWh/m²/ano, neste trabalho as simulações serão feitas em todos os municípios
com DNI acima de 1.600 kWh/m²/ano, são eles: Belo Horizonte, Bom Jesus da Lapa,
Brasília, Campo Grande, Petrolina, Porto Nacional, Rio de Janeiro e Salvador. Vale
ressaltar que para essas simulações de custos e desempenho não foram avaliados

66
critérios geográficos como declividade do terreno, terras indígenas, áreas urbanas,
reservatórios de usinas hidrelétricas, corpos d’água, uso do solo, distâncias das
subestações, disponibilidade hídrica e requerimento mínimo de área, tomou-se como
base apenas os dados meteorológicos.

4.5 Simulações

Neste estudo, será avaliada a implementação de uma planta torre solar simples,
sem armazenamento de energia, e de uma planta torre solar com armazenamento de 7,5
horas. Para exemplificar a modelagem e simulação das plantas heliotérmicas, será feito
o desenvolvimento para a cidade de Bom Jesus da Lapa, que possui o maior índice de
DNI entre as oito cidades as quais serão feitas simulações. Em seguida serão
apresentados os resultados para as demais localidades e será feita a avaliação da
viabilidade de acordo com o custo da energia e o desempenho das plantas simuladas.

4.5.1 Caso de Bom Jesus da Lapa

4.5.1.1 Parâmetros de Entrada

Os parâmetros de entrada dos modelos de desempenho e financeiro são os dados


climáticos, as configurações do campo de helióstatos, da torre e do receptor, o fluido de
transferência de calor (HTF), capacidade nominal da planta, temperaturas de operação
do HTF, configurações do sistema de armazenamento, custos dos componentes,
especificações de financiamento e incentivos. A seguir são listados os parâmetros mais
específicos com uma breve descrição e justificativa dos valores utilizados para a
simulação. Ao final é apresentada uma tabela com o resumo de todas as entradas dos
modelos.

4.5.1.1.1 Dados Climáticos e Irradiação de Projeto

Os dados climáticos da cidade de Bom Jesus da Lapa, para a simulação das


plantas, estão apresentados na Tabela 10.

67
Tabela 10 - Informações da localização e dados climáticos de Bom Jesus da Lapa

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SAM


Bom Jesus da
Cidade
Lapa
Estado Bahia
Informações Fuso horário GMT -3
da localidade
Altitude 458 m
Latitude -13,27°
Longitude -43,42°
Radiação direta
2198,5 kWh/m²
normal
Radiação
Dados global 2143,2 kWh/m²
climatológicos horizontal
anuais Temperatura
26,1°C
de bulbo seco
Velocidade do
1,6 m/s
vento

A irradiação de projeto, em W/m², é aquela para a qual é dimensionada a área de


abertura dos helióstatos para operar o bloco de potência. Recomenda-se determinar essa
irradiação como a média das máximas diárias na localidade [42].

Neste trabalho, a irradiação de projeto para a cidade de Bom Jesus da Lapa é


calculada a partir do gráfico da média mensal de DNI no município, apresentado na
Figura 57 e obtido através do software DView. Exportando-se os dados do gráfico e
visualizando-se os valores exatos das médias mensais, é obtida uma irradiação de
projeto de 769 W/m² para o município de Bom Jesus da Lapa.

68
Figura 57 – Média mensal de DNI em Bom Jesus da Lapa

Fonte: Software SAM versão 2013.9.20

4.5.1.1.2 Helióstatos, Torre e Receptor

O SAM utiliza valores padrões para geometria dos helióstatos, com 12,2 m de
altura e 12,2 m de largura, com razão de área reflexiva de 0,97. Além disso, o ângulo de
extensão do campo de helióstatos em torno da torre é de 360º, por ter sido optado pelo
receptor externo na modelagem da planta.

As dimensões da torre e do receptor são calculadas pelo SAM de acordo com o


múltiplo solar escolhido, que será apresentado adiante.

4.5.1.1.3 Múltiplo Solar

O múltiplo solar é um parâmetro importante para otimizar tanto o projeto da


planta como a energia térmica necessária para assegurar que o bloco de potência seja
efetivamente utilizado durante todo o ano. Este parâmetro é a relação entre o tamanho
real do campo solar e aquele que seria necessário para alcançar a capacidade elétrica do
projeto, no momento de incidência da irradiação de projeto. Para garantir que o bloco de
potência seja efetivamente utilizado durante o ano, o múltiplo solar é normalmente

69
maior que a unidade e seu valor típico fica entre 1,3 e 1,4. Pode ser ainda maior (acima
de 2,0) se a planta tiver um sistema de armazenamento de seis horas [24].

No SAM, o valor do múltiplo solar pode ser preenchido na página de


configuração da torre e receptor. Porém, neste trabalho seu valor será gerado pela
ferramenta Optimization Wizard de forma combinada à altura da torre, com o valor
correspondente ao menor LCOE (Levelized Cost of Energy).

O Optimization Wizard é uma ferramenta do SAM utilizada nas simulações deste


trabalho, cujo código fundamental é baseado no código do DELSOL3 do Sandia
National Laboratories. Essa ferramenta simplifica a tarefa de escolher valores para uma
quantidade relativamente grande de parâmetros de entrada requeridos para especificar o
campo solar e o receptor da torre solar. Seu funcionamento consiste na busca de um
conjunto de valores ótimos, o qual resulta no menor LCOE. Devido ao campo de
helióstatos ser a parte de maior custo de uma planta de torre solar, correspondendo entre
30-40% do custo total da instalação, otimizar seu tamanho é uma etapa crítica para
minimizar os custos totais do projeto [42].

Para o caso da planta torre solar simples, o múltiplo solar utilizado na simulação
será de 1,4. Como pode ser visto no gráfico da Figura 58, este valor corresponde ao
menor custo nivelado de energia (LCOE).

37,0
36,0
LCOE (¢/kWh)

35,0
34,0
33,0
32,0
31,0
30,0
29,0
1,00 1,10 1,20 1,30 1,40 1,50 1,60 1,70 1,80 1,90 2,00
Múltiplo solar

Figura 58 – Gráfico para otimização do múltiplo solar em relação ao menor LCOE, planta simples

Fonte: Elaboração própria com dados do SAM

De forma semelhante, para a planta com armazenamento foram feitas simulações


para otimizar o múltiplo solar correspondente ao menor LCOE, em função da
quantidade de horas de armazenamento. Analisando-se o gráfico da Figura 59, percebe-

70
se que aumentando-se a capacidade de armazenamento da planta, o custo nivelado da
energia diminui, porém, para um TES maior que 7,5 horas, o tamanho do campo de
helióstatos e a altura da torre aumentam significativamente, inviabilizando o projeto e
por isso não será utilizado outro valor nesta análise. Assim, para a planta com TES de
7,5 horas deste trabalho o múltiplo solar ótimo é de 2,75.

37,0
LCOE (¢/kWh)

35,0
TES = 3,0 horas
33,0
31,0 TES = 4,5 horas
29,0 TES = 6,0 horas
27,0 TES = 7,5 horas
25,0
TES = 9,0 horas
1,50 1,75 2,00 2,25 2,50 2,75 3,00 3,25 3,50
Múltiplo solar

Figura 59 - Gráfico para otimização do múltiplo solar em relação ao menor LCOE, planta com
armazenamento

Fonte: Elaboração própria com dados do SAM

4.5.1.1.4 Potência da Planta

A potência da planta de receptor central em estudo é de 100MW. Essa escolha é


devido a base de custos do SAM utilizar estudos do NREL para custos nos EUA de
plantas de 100MW, com isso há maior disponibilidade de dados para essa potência.
Além disso, a eficiência de conversão do ciclo é de 0,412, valor padrão do SAM para
este tipo de tecnologia.

4.5.1.1.5 Modelo Financeiro

Os modelos financeiros do SAM são baseados no mercado dos EUA. Portanto, os


parâmetros financeiros deverão ser tratados e escolhidos de forma que as simulações se
aproximem ao máximo da realidade brasileira. Para isso, neste trabalho será utilizado o
modelo mais genérico do sistema, designado a produtores independentes (IPP), de
forma que o analista possa alterar as variáveis de entrada. Mas vale ressaltar que no
Brasil não existem dados oficiais de custos associados à tecnologia CSP, o que não

71
invalida este estudo já que a avaliação será comparativa e o modelo financeiro será o
mesmo utilizado em todas as simulações.

O SAM oferece dois modos de solução para este modelo de sistema. No primeiro,
o analista especifica a taxa interna de retorno (TIR) como parâmetro de entrada e o
SAM usa um algoritmo de busca para encontrar o preço do PPA (Power Purchase
Agreement) requerido para atingir a TIR. No segundo modo, o analista especifica o
preço do PPA como parâmetro de entrada e, o SAM calcula a TIR resultante [42]. Neste
trabalho será utilizado apenas o primeiro modo.

No modelo em questão, os principais parâmetros financeiros de entrada são


apresentados na Tabela 11 com suas respectivas descrições.

Tabela 11 - Parâmetros financeiros de entrada

Fonte: Elaboração própria

Parâmetro Descrição
Taxa Interna de Retorno Taxa interna de retorno mínima como meta do projeto
Prazo do empréstimo Número de anos requeridos para pagar o empréstimo
Taxa de empréstimo Taxa de juros anual do empréstimo
Número de anos abrangidos pela análise, normalmente
Período de análise
equivalente à vida útil da planta
Taxa de variação anual dos custos, normalmente baseada
Taxa de inflação
em um índice de preço
Medida do valor do dinheiro no tempo, expresso como
Taxa real de desconto
uma taxa anual
Impostos Impostos federal, estadual e sobre vendas
Taxa anual de seguro aplicada sobre o custo instalado
Taxa de seguro
total do projeto
Depreciação Depreciação anual no valor da propriedade
Imposto sobre Imposto aplicado ao valor do projeto em cada ano do
propriedade fluxo de caixa do mesmo
Valor residual líquido Valor residual em percentual do custo instalado total

Os valores dos parâmetros financeiros utilizados neste trabalho foram escolhidos


com base naqueles propostos por [14] e [53]. Na análise financeira em sua dissertação,
[14] leva em consideração uma estrutura de tributos (taxas, contribuições e impostos),
marco regulatório e políticas de incentivo para projetos de energia alternativa. Assim, é
considerado para este trabalho o mesmo cenário base com um valor de tributo federal de

72
34% (aproximadamente 27% de imposto de renda e 7% de contribuições). Além disso, é
utilizada a contingência de 20% do total de custos instalados, valor conservador se
comparado aos 7% padrão do SAM ou aos 10% proposto por [13]. A depreciação
utilizada na simulação é a linear em 10 anos, proposta por [12].

Para o seguro, é mantido o valor padrão do SAM, 0,5% do total de custos


instalados, que é um valor usado habitualmente para projetos CSP [57]. No cenário
utilizado neste trabalho será considerada a inserção de um financiamento através do
BNDES com a linha FINEM, usando uma taxa de 7,4% ao ano, com prazo de
amortização de 16 anos e fração de divida de 70%, este cenário foi escolhido com base
em [14].

Os demais parâmetros financeiros foram escolhidos a partir da dissertação de


[53], assim é utilizada uma taxa de desconto de 10% ao ano, taxa interna de retorno de
15% ao ano, e período de análise de 30 anos.

4.5.1.1.6 Custos dos Componentes

O SAM divide os custos da planta em 4 grupos: custos diretos de capital, custos


indiretos de capital, custos totais instalados e custos de operação e manutenção. Os
custos diretos de capital incluem a preparação do terreno, o campo solar (helióstatos,
receptor e sistema de rastreamento), sistema de armazenamento, sistema de backup,
bloco de potência, contingência, custo fixo da torre, custo de referência do receptor e o
custo direto total. Os custos indiretos de capital incluem engenharia, projeto e
construção (EPC), custo da terra e o custo indireto total. O custo total instalado inclui a
soma dos custos direto e indireto totais. Por fim, o grupo dos custos de operação e
manutenção inclui o custo fixo anual, custo fixo por capacidade, custo variável por
energia gerada e custo do combustível fóssil.

No Brasil não existem dados oficiais acerca dos parâmetros de custos dos
componentes das tecnologias CSP. Portanto, os valores utilizados na modelagem das
plantas são os padrões propostos pelo SAM, com base nos custos utilizados nos EUA.
Isso não invalida os resultados deste trabalho já que o objetivo principal é fazer uma
avaliação comparativa das tecnologias modeladas em locais diferentes.

73
4.5.1.2 Parâmetros de saída

4.5.1.2.1 Custo Nivelado de Energia Elétrica (LCOE)

Um dos parâmetros de saída do SAM, para avaliação do custo do sistema de


geração de energia simulado, é o custo nivelado de energia elétrica (do inglês “Levelized
cost of energy”). O LCOE é a relação entre os custos totais, incluindo custos de
instalação, custos de financiamento, taxas, custos de operação e manutenção, valor
residual e incentivos ao longo da vida útil do projeto e a geração de eletricidade nesse
período [58]. Ele também é chamado de custo unitário nivelado ou custo de geração
nivelado [13].

O LCOE permite que tecnologias alternativas sejam comparadas quando


diferentes escalas de operação, diferentes períodos de investimento, ou ambos existem.
Por exemplo, o LCOE pode ser usado para comparar o custo da energia gerada por uma
fonte renovável com aquela produzida a partir de fonte convencional fóssil [59]. Com
relação ao aspecto econômico, atualmente o LCOE da grande maioria das tecnologias
renováveis é mais alto do que o de tecnologias convencionais.

Para os projetos de mercado de concessionária produtora independente de energia


o SAM utiliza o LCOE como um montante que o projeto deve receber para cada
unidade de eletricidade que o projeto vende para cobrir os custos de financiamento,
instalação, operação e para atender as restrições financeiras do projeto, representadas
pelo valor residual e incentivo [42].

Para todas as opções de financiamento, o SAM calcula os valores de LCOE real e


nominal. O LCOE real é o valor ajustado pela inflação. O LCOE nominal é o valor
monetário atual. A escolha entre LCOE real e nominal depende da análise. O real é mais
apropriado para análises em longo prazo, considerando muitos anos de inflação durante
a vida útil do projeto, enquanto o nominal é mais apropriado para análises de curto
prazo [42]. O cálculo do LCOE real e nominal é feito a partir da receita do projeto pelas
vendas de eletricidade no ano, da produção anual, período de análise e taxa de desconto
real (com inflação) e nominal (sem inflação). Neste trabalho, como não são

74
consideradas taxas de inflação, os LCOE real e nominal serão iguais, não havendo
distinção na apresentação dos resultados.

4.5.1.2.2 Produção Anual e Fator de Capacidade

O SAM fornece como parâmetros de saída da simulação, além do LCOE, a


quantidade de energia elétrica gerada pelo sistema em um ano e o fator de capacidade,
que é a razão entre a energia produzida em um ano e a geração nominal da planta.

4.5.1.3 Resultados em Bom Jesus da Lapa

A Tabela 12 apresenta o resumo dos parâmetros de entrada do modelo de


desempenho no SAM, tanto para a planta simples como para a planta com
armazenamento.

Tabela 12 – Parâmetros de entrada do modelo de desempenho

Fonte: Elaboração própria

Parâmetros de desempenho Simples Armazenamento


Município Bom Jesus da Lapa
Estado Bahia
Fuso horário GMT -3
Localidade
Altitude 458 m
Latitude -13,27º
Longitude -43,42º
Radiação direta normal 2198,5 kWh/m²
Dados climáticos Radiação global horizontal 2143,2 kWh/m²
anuais Temperatura de bulbo seco 26,1 ºC
Velocidade do vento 1,6 m/s
Área do helióstato 144,38 m²
Campo de
Ângulo de extensão 360º
helióstatos
Múltiplo solar 1,4 2,75
Altura da torre 150 m 211,11 m
Tipo do receptor Externo
Altura do receptor - 22,6 m
Torre e receptor Diâmetro do receptor 15,78 m 15,89 m
Fluido de transferência de Sal fundido (60%
Água
calor NaNO3 40% KNO3)
Material Aço inoxidável AISI316

75
Potência nominal da planta 100 MWe
Eficiência do ciclo
41,2 %
termodinâmico
Pressã de operação da
160 bar 100 bar
Bloco de Potência caldeira
Modo de despacho Operação suplementar
Sistema de resfriamento Úmido
Temperatura ambiente de
26 ºC
projeto
TES - 7,5 horas
Armazenamento
Tipo - 2 tanques

A Tabela 13 apresentada o resumo dos parâmetros de entrada do modelo


financeiro no SAM, tanto para a planta simples como para a planta com
armazenamento.

Tabela 13 - Parâmetros de entrada do modelo financeiro

Fonte: Elaboração própria

Parâmetros financeiros e de custos Simples Armazenamento


Campo de helióstatos 180 $/m²
Bloco de potência 1.200 $/kWe
Custo dos Sistema backup 0 $/kWe
componentes Armazenamento - 27 $/kWht
Contingência 20%
Custo instalado total 4702,18 $/kW 8462,76 $/kW
TIR mínima 15%
Fração de dívida 70%
Prazo de amortização 16 anos
Taxa de juros 7,4% a.a.
Período de análise 30 anos
Parâmetros
Tributos 34%
financeiros
Seguro 0,5% do custo total instalado
Valor residual 0% do custo total instalado
Inflação 0%
Taxa real de desconto 10%
Depreciação Linear 10 anos

76
4.5.1.3.1 Planta Torre Solar Simples

Inserindo-se os valores de entrada no SAM referente à planta simples,


apresentados na Tabela 12 e Tabela 13, e fazendo a simulação, os resultados obtidos são
apresentados na Tabela 14.

Tabela 14 – Resultado da simulação da planta simples

Fonte: Elaboração própria

Planta simples
Produção anual 227,65 GWh
Fator de capacidade 26,01%
LCOE 29,76 ¢/kWh
Área total da planta 4,73 km²

4.5.1.3.2 Planta Torre Solar com Armazenamento

Fazendo-se da mesma forma para a planta torre solar com armazenamento de 7,5
horas, os resultados obtidos são apresentados na Tabela 15.

Tabela 15 - Resultado da simulação da planta com armazenamento

Fonte: Elaboração própria

Planta com armazenamento


Produção anual 426,87 GWh
Fator de capacidade 48,78%
LCOE 27,26 ¢/kWh
Área total da planta 8,59 km²

4.6 Resultados

Para as demais localidades, os resultados são obtidos pelo mesmo


desenvolvimento feito para a cidade de Bom Jesus da Lapa, seção 4.5.1. Os parâmetros
financeiros e custos dos componentes são os mesmos utilizados nas simulações de todas
as localidades. Da mesma forma, são simuladas uma planta simples e outra com
armazenamento de 7,5 horas. Assim, poderá ser feita uma análise comparativa entre a
produção anual, o fator de capacidade, o LCOE e a área total das plantas entre todas as

77
localidades. Vale ressaltar também que os múltiplos solares correspondentes a cada
município e as configurações decorrentes do campo de helióstatos, torre e receptor, são
calculados individualmente, como realizado na seção 4.5.1.1.3.

A Figura 60 e Figura 61 apresentam os gráficos de otimização do múltiplo solar


em relação ao menor LCOE nos oito municípios, para a planta simples e com
armazenamento respectivamente. Os valores obtidos são apresentados na Tabela 16,
assim como os resultados para as oito localidades.

53,00
Belo Horizonte
LCOE (¢/kWh)

48,00 Bom Jesus da Lapa


Brasília
43,00
Campo Grande
38,00 Petrolina

33,00 Porto Nacional


Rio de Janeiro
28,00
Salvador
1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00 2,20
Múltiplo solar

Figura 60 – Gráfico LCOE x Múltiplo solar para os oito municípios, planta simples

Fonte: Elaboração própria

56,00

51,00 Belo Horizonte


LCOE (¢/kWh)

Bom Jesus da Lapa


46,00
Brasília
41,00
Campo Grande
36,00 Petrolina
31,00 Porto Nacional

26,00 Rio de Janeiro


1,50 1,75 2,00 2,25 2,50 2,75 3,00 3,25 3,50 Salvador
Múltiplo solar

Figura 61 - Gráfico LCOE x Múltiplo solar para os oito municípios, planta com armazenamento

Fonte: Elaboração própria

78
Tabela 16 – Resultados obtidos para os oito municípios simulados

Fonte: Elaboração própria

Belo Bom Jesus Campo Porto Rio de


Localidade Brasília Petrolina Salvador
Horizonte da Lapa Grande Nacional Janeiro

Simples

Simples

Simples

Simples

Simples

Simples

Simples

Simples
Armaz.

Armaz.

Armaz.

Armaz.

Armaz.

Armaz.

Armaz.

Armaz.
Planta

Múltiplo solar 1,60 3,00 1,40 2,75 1,60 3,00 1,60 3,00 1,80 3,00 1,60 2,75 1,60 3,00 1,60 3,00

Produção
199,0 373,7 227,7 426,9 179,9 347,2 184,3 349,7 202,1 362,7 202,9 361,7 172,1 323,2 179,4 338,90
anual (GWh)
Fator de
22,74 42,7 26,01 48,78 20,55 39,68 21,06 39,95 23,09 41,44 23,19 41,33 19,66 36,94 20,49 38,73
capacidade (%)

LCOE (¢/kWh) 36,7 32,83 29,76 27,26 40,40 35,32 39,60 35,25 38,18 33,45 35,69 31,96 42,81 38,20 40,40 36,05

Área total da
5,57 9,49 4,73 8,59 5,43 9,61 5,57 9,61 5,63 9,08 5,29 8,35 5,65 9,87 5,29 9,34
planta (km²)

79
A partir da Tabela 16, comparando-se os resultados da planta simples e com
armazenamento, nota-se que a maior diferença entre a produção das plantas foi em
Brasília, onde houve um aumento de 93,1% na produção ao incluir o sistema de
armazenamento térmico, sendo a menor diferença em Porto Nacional, com 78,3%. Em
Brasília também foi observada a maior redução no LCOE entre as duas configurações
de planta, 12,6%, e Porto Nacional com a menor redução, de 10,5%. Portanto, dentre os
município analisados o que teve a maior melhoria ao inserir o sistema de
armazenamento foi Brasília.

Porém, em termos absolutos, o município de Bom Jesus da Lapa foi o que


apresentou melhores resultados para implantação de uma usina CSP de receptor central.
Ambas as plantas utilizaram o menor múltiplo solar entres todos os municípios, e
consequentemente necessitaram de uma menor área para construção, 4,73 km² para a
planta simples e 8,59 km² para a planta com armazenamento. O custo nivelado da planta
com armazenamento foi o menor obtido, 27,26¢/kWh, ainda assim um valor alto se
comparado à média de 15¢/kWh das plantas torre solar nos EUA [60]. Outro parâmetro
obtido em Bom Jesus da Lapa que se destacou em relação às demais localidades foi o
fator de capacidade de 48,78% da planta com armazenamento. Esse valor é compatível
com a média de 48% de uma planta padrão nos EUA [60]. Além disso, a produção
anual de eletricidade das plantas simuladas em Bom Jesus da Lapa foram as maiores,
sendo que os 426,87GWh da planta com armazenamento são compatíveis com os
480GWh estimados da planta de receptor central CRESCENT DUNES que está sendo
construída em Nevada, EUA. Sendo a produção da CRESCENT DUNES maior devido
à capacidade instalada de 110 MW e o armazenamento de 10 horas.

Portanto, entre todas as plantas e localidades simuladas, a que obteve melhor


resultado foi a planta com armazenamento térmico de 7,5 horas no município de Bom
Jesus da Lapa. A Tabela 17 apresenta um quadro comparativo entre o desempenho e
custo da energia do melhor caso apresentado neste estudo com um caso padrão dos
EUA, em Daggett, CA, onde podem ser observados valores próximos em termos de
desempenho, porém, uma discrepância no valor do custo nivelado da energia.

80
Tabela 17 – Quadro comparativo entre uma planta torre solar em Daggett e em Bom Jesus da Lapa

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados de [61]

Localidade Daggett, CA Bom Jesus da Lapa, BA


Radiação normal direta
2.791,4 2.198,5
(kWh/m²)
Capacidade nominal
100 100
(MWe)
Armazenamento
9,0 7,5
térmico (horas)
Múltiplo solar 2,10 2,75
Fluido de transferência
Sal fundido Sal fundido
de calor
Sistema de
Dois tanques Dois tanques
armazenamento
Geração elétrica anual
427.600,0 426.870,0
(MWh)

Fator de capacidade (%) 48,90 48,78

Custo nivelado da
15,60 27,26
energia (¢/kWh)

81
5 Conclusão e sugestões para trabalhos futuros
Este trabalho apresentou as tecnologias CSP, o cenário mundial da geração termo
solar e foi feita uma avaliação da viabilidade da instalação de uma planta de receptor
central no Brasil em termos de custos e desempenho.

Conforme apresentado, a geração heliotérmica está crescendo em todo mundo,


principalmente devido às preocupações ambientais, com a necessidade de redução das
emissões de gases de efeito estufa. Atualmente a tecnologia mais madura e com maior
número de plantas em operação é a cilindro parabólico. Porém, a tendência é que a
capacidade instalada de plantas de receptor central aumente devido a sua operação com
temperaturas mais elevadas proporcionar maior eficiência térmica e maior capacidade
de armazenamento.

No desenvolvimento deste trabalho, as maiores dificuldades encontradas foram


em relação à indisponibilidade de dados necessários para simulação das plantas, como
por exemplo, a modelagem financeira e de custos, já que no Brasil ainda não há
políticas de incentivo à inserção da energia termo solar na matriz elétrica nacional. O
primeiro passo em direção à geração termo solar no país está sendo a construção, em
Petrolina, de uma planta piloto de tecnologia cilindro parabólico para pesquisa e
desenvolvimento. Apesar de o país possuir grande potencial para exploração da energia
solar, faltam dados climatológicos para simulações de plantas CSP em áreas com
melhores índices de radiação solar. Porém, dentre os municípios com maior incidência
de radiação normal direta, cujos dados estão disponíveis, Bom Jesus da Lapa foi o que
apresentou melhores resultados para implantação de uma usina heliotérmica de receptor
central.

Em termos de desempenho, as plantas simuladas neste trabalho apresentaram bons


resultados, como as produções anuais e os fatores de capacidade, indicando que o Brasil
possui boas características climáticas para implantação desse tipo de planta. Porém, a
instalação de uma planta CSP torre solar no Brasil ainda não é viável devido ao seu alto
custo. A planta com armazenamento de 7,5 horas simulada em Bom Jesus da Lapa
obteve o menor custo nivelado, 272,6USD/MWh, equivalente a 618,8R$/MWh
(conversão de 1 USD = R$ 2,27, em 13/08/2014), que é muito maior do que a média de

82
150USD/MWh das plantas nos EUA. O custo da planta termo solar em Bom Jesus da
Lapa também é muito maior se comparado ao custo dos projetos de energia eólica no
Brasil, que foram vendidos a uma média de 129,97R$/MWh no Leilão de Energia A-
3/2014 [62]. Portanto, é necessário que o Governo desenvolva políticas de incentivo à
geração heliotérmica no Brasil, deixando a tecnologia CSP mais competitiva e atraindo
mais investidores no país.

Este trabalho cumpriu seus objetivos, apresentando resultados conforme esperado.


Devido às condições climáticas adequadas para exploração da energia solar no Brasil, as
plantas simuladas apresentaram bons desempenhos, mesmo não tendo sido simuladas
nos locais com maior radiação incidente devido à falta de dados disponíveis. Da mesma
forma, devido à ausência de políticas de incentivo à geração heliotérmica no país, era de
se esperar que em termos de custos a instalação da planta não se mostrasse viável, fato
confirmado pelos resultados de custo nivelado da energia.

Para trabalhos futuros, a sugestão é analisar outra tecnologia, como a Linear


Fresnel, e fazer uma avaliação incluindo aspectos como disponibilidade hídrica,
declividade do terreno, requerimento mínimo de área da planta e distância a subestações
para conexão ao SIN, que são fatores que podem influenciar na viabilidade de projeto e
não foram considerados neste trabalho.

83
Referências Bibliográficas
[1] IPCC. Climate Change 2007: Synthesis Report. IPCC. [S.l.]. 2007.

[2] STEIN, W.; LOVEGROVE, K. Concentrating solar power technology: Principles,


developments and applications. [S.l.]: Woodhead, 2012.
[3] BEN. Balanço Energético Nacional - Relatório Síntese. Empresa de Pesquisa
Energética. [S.l.]. 2014.

[4] LIMA, I. B. T. D. Emissão de Metano por Reservatórios Hidrelétricos Amazônicos


Através de Leis de Potência. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, Centro de
Energia Nuclear na Agricultura. [S.l.]: [s.n.], 2002.

[5] GUIMARÃES, L. F. V. Programa de Monitoramento Climatológico. [S.l.]. 2011.

[6] PEREIRA, E. B. et al. Atlas Brasileiro de Energia Solar. [S.l.]: [s.n.], 2006.

[7] ABEEÓLICA. Boletim de Dados. Associação Brasileira de Energia Eólica. [S.l.].


2014.

[8] REN21. Renewables 2013: Global Status Report. REN21. [S.l.]. 2013.

[9] EPE. Anuário Estatístico de Energia Elétrica. Empresa de Pesquisa Energética.


[S.l.]. 2013.

[10] BLOEM, H. et al. Renewable Energy Snapshots 2012. [S.l.]: European


Commission, 2013.

[11] CEPEL. Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, 2013. Disponivel em:


<http://www.cepel.br/cepel_noticias/noticia.php?id=415>. Acesso em: Junho 2014.

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