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Qual é a diferença?
A primeira diferença a se fazer, lembram os professores, é a de que nos regimes
parlamentaristas, como é o caso da Alemanha e da maior parte dos países
europeus, os acordos de coalizão são formalizados.
“Os parceiros vão concordar com determinado conjunto de proposta de programa
de governo. A coalizão recente de [Angela] Merkel, por exemplo, foi um
processo bastante longo porque tinha uma discussão ponto por ponto. O acordo
foi feito depois de muito esforço. Um partido disse para o outro: minha
plataforma é essa, a sua é aquela, como combinar no governo que precisamos
formar agora que já fomos eleitos?”, exemplifica o professor.
Isso faz com que os partidos, ao final dessa discussão, estejam de comum acordo
com um programa para poder apoiar e integrar o governo. As coligações
formadas, portanto, tendem a ser mais homogêneas.
Alguns países da América Latina, como a Argentina e, mais recentemente, o
Chile, também desenvolveram mecanismos que levam a essa homogeneidade.
São as chamadas primárias das coligações, quando os partidos se unem para
discutir um programa de governo e que candidatos lançar juntos. Foi assim que a
coligação Podemos, por exemplo, decidiu lançar Mauricio Macri à Presidência.
Para Borges, o fato de que, no Brasil, as coligações são extremamente
heterogêneas leva às tratativas mais escusas.
“No Brasil não ocorre nada disso. Como o sistema é muito fragmentado, o
presidente muitas vezes vai ter que chamar partidos que, na verdade, se ele
pudesse, não chamaria. Você vai ter coalizões ideologicamente incongruentes”,
explica o professor.
Qual é a cola que vai manter essa coalizão
junta? Tem que ser a troca de favores
Outra consequência desse sistema é o surgimento de “partidos de governo”. Ou
seja, que não têm ideologia, mas são criados para apoiar o governo e receber
benesses em troca. É o caso do chamado “centrão”. “O presidente fica meio
refém disso. O que resta para ele? Negociar com esses caras”, diz Borges.
Como resolver?
Os dois professores levantam alguns pontos que poderiam ser mudados no
sistema partidário e eleitoral brasileiro, a fim de coibir alguns desses problemas.
“Eu pessoalmente acho que, se houvesse um modelo como esse de negociação
primária, seria muito bom, porque pelo menos as coisas ficariam públicas. Você
teria uma disputa e as divergências internas da coligação já iam aparecer. Você ia
ter que resolver aquilo ali”, cita Borges.
Silva ressalta a importância de o sistema ser capaz de punir acordos ilícitos. “É
necessário ter fiscalização, que os fiscais não estejam subordinados. É esse tipo
de coisa que a gente precisa discutir. E não se faz acordo ou não faz acordo”, diz.
Ele também sugere acabar com as negociações do horário eleitoral gratuito, que
faz com que muitos partidos se unam antes das eleições em troca de minutos na
TV. “Só teria acesso a horário eleitoral gratuito quem lançasse um candidato
próprio e não quem fizesse parte de uma coligação.”
Silva ainda considera a cláusula de barreira, que dificulta a chegada ao poder de
pequenos grupos, um “mal necessário”. “Talvez ela não precisasse existir se
essas coisas fossem corrigidas. Mas a cláusula é um remédio que vai resolver um
sintoma. Se a gente não atuar na causa, porém, vai ficar tomando esse remédio
para o resto da vida”, conclui.
Publicado em 24 de setembro de 2018.
Edição: Lúcia Valentim Rodrigues; Ilustrações: DiVasca; Reportagem: Beatriz Montesanti.
Acedido em 24.09.18 em
https://www.uol/eleicoes/especiais/congresso-2018-eleicoes-pelo-mundo-parlamento.htm#imagem-1
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