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relato de pesquisa
ESCOLARIZADA DE SURDOS À LUZ DA
COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO
O
sala de AEE, cujas atividades desenvolvidas
presente trabalho apresenta uma rede nesse espaço têm como fundamento legal e
conceitual acerca da competência em pedagógico a abordagem bilíngue que, mediada
informação e situa essa temática dentro pelas tecnologias, assume um caráter inovador
das ações de informação realizadas na educação no processo de criação, socialização e utilização
escolarizada de surdos, visando à aquisição da informação de forma competente.
de um embasamento teórico para verificar, no Para tratar das questões teóricas e práticas
campo empírico desta pesquisa, as competências relativas à competência, cruzamos diversas teias
informacionais desenvolvidas por alunos surdos, conceituais construídas por Perrenoud (2013),
inclusos no ensino regular, a partir de um olhar Sacristan (2007), Levy (1999), Ropé; Tanguy
para o Atendimento Educacional Especializado (1997), Bourdieu (1982), Le Boterf (1994), Jonnaert
(AEE), aqui apresentado como um dos objetivos (2010) Nascimento; Freire; Dias (2012), Castells
da Política Nacional de Educação Especial na (2003) e Silva Neto; Freire, (2014). Essa tessitura
Perspectiva Inclusiva. teórica trouxe sustentação à busca de evidências
Como lócus privilegiado para a da competência em informação na práxis dos
organização dos processos de ensino e sujeitos organizacionais, em seu movimento
aprendizagem de surdos, apresentamos a Escola cotidiano sem, contudo, desconsiderar
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as especificidades dos percursos por ela a organização pedagógica da sala de AEE supõe a
desenhados, os eixos comuns da discussão e utilização de muitas imagens ou outros subsídios
as fragilidades relacionadas a sua “definição”, que possam contribuir com a aprendizagem dos
“evidência” e “missão”, como anuncia Perrenoud conteúdos estudados em sala de aula. (BRASIL,
(2013). 2005, p. 1),
Buscamos, ainda, em Gonzalez de Gomez Contudo, as atividades a serem realizadas
(2003), Freire (2013, 2014), Collins e Kush (1999), na sala de AEE devem ter como fundamento legal
elementos para compreender a dinâmica das e pedagógico a abordagem bilíngue, garantida
ações de informação desenvolvidas no lócus do pelo Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005,
atendimento educacional especializado, à luz da que visa preparar alunos surdos para utilizar
competência em informação. tanto a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS),
Visando identificar os elementos teóricos aqui tratada como primeira língua (L1), quanto
materializados no terreno fértil do campo a segunda língua (L2), qual seja a língua dos
empírico da pesquisa, seguimos um caminho ouvintes da comunidade onde os surdos estão
metodológico iluminado pela pesquisa-ação, inseridos.
de natureza aplicada, que numa abordagem Todavia, estudos voltados para a área
qualitativa, possibilitou o alcance do objetivo da surdez têm demonstrado que a abordagem
da nossa pesquisa, qual seja ,analisar a educação baseada no bilinguismo tem apresentado
escolarizada de surdos, a partir do atendimento eficácia “em virtude de respeitar a língua
educacional especializado (AEE) na Escola natural e construir um ambiente propício para
Professora Adelina Almeida em Petrolina-PE, a aprendizagem escolar” (BRASIL, 2010, p. 7).
sob o viés da competência em informação para Com efeito, “o ambiente educacional bilíngue
inclusão social de alunos surdos. é importante e indispensável, já que respeita a
A definição desse objetivo foi decisiva estrutura da Libras e da Língua Portuguesa”,
para a construção do caminho metodológico e por entender que a negação do bilinguismo
para o desvelamento da realidade acerca da se constitui numa redução da autonomia dos
competência em informação, no cerne do surdos perante o mundo e, por conseguinte, na
Atendimento Educacional Especializado (AEE), minimização das possibilidades de construção de
na escola em que foi realizada a pesquisa. competência em informação para uma inclusão
efetiva na vida social e no trabalho. (DAMÁZIO,
2007, p. 37).
2 ATENDIMENTO EDUCACIONAL Dito de outra forma, a ausência do estudo
ESPECIALIZADO NA EDUCAÇÃO da Língua Portuguesa para alunos surdos,
ESCOLARIZADA DE SURDOS além de se constituir num descumprimento
da legislação em vigor, a nosso ver, limita as
O Atendimento Educacional Especializado possibilidades dos alunos surdos realizarem
(AEE) para surdos, orientado pela Política leitura e compreensão dos conhecimentos
Nacional de Educação Especial na Perspectiva acumulados ao longo dos tempos e reduz as
da Educação Inclusiva de 2008, tem como possibilidades apropriação das várias literaturas
local de oferta na escola, a sala de recursos disponíveis, majoritariamente, em Língua
multifuncionais, que consiste num espaço físico Portuguesa no caso do Brasil.
contendo mobiliários, materiais didáticos, A rigor, para que a pessoa surda tenha
recursos pedagógicos de acessibilidade e suas especificidades atendidas, conforme o
professores capacitados para ministrar aulas Manual de Orientação: Programa de Implantação
utilizando a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), da Sala de Recursos Multifuncionais (BRASIL,
como meio de comunicação e interlocução entre 2010), faz-se necessário que os profissionais
o professor, o conteúdo e o aluno surdo. do AEE construam um plano de atendimento
Considerando a pessoa surda como que contemple a diagnose das habilidades e
“aquela que, por ter perda auditiva, compreende necessidades específicas dos alunos surdos,
e interage com o mundo por meio de experiências cronograma de atendimento, recursos
visuais, manifestando sua cultura principalmente pedagógicos necessários, relação de professores,
pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras” intérpretes e instrutores que atendem na sala de
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incerta como o termo competência se apresenta e a atuação dos sujeitos nas suas atividades
a cada ator que a procura, tornando difícil cotidianas (BOURDIEU apud PERRENOUD,
saber de que competência se está falando ou se 2013, p. 45). Enriquecendo essa trilha teórica, Le
quer desenvolver, já que cada ator define a sua Boterf (1994), citado por Perrenoud (2013, p. 45)
maneira, a partir de um referencial próprio afirma que
ou de uma situação apresentada. A segunda,
refere-se à fragilidade empírica no que diz [...] a competência não é um estado,
e sim um processo, um saber agir. O
respeito à confirmação da evidência. E, a terceira
operador competente é aquele que é
fragilidade, diz respeito à missão da escola. capaz de mobilizar e colocar em prática,
Ao apontar a missão da escola como uma de modo eficaz, as diferentes funções de
fragilidade Perrenoud (2013) questiona se é um sistema no qual intervêm recursos
missão da escola preparar para a continuidade tão diversos quanto às operações
de raciocínio, os conhecimentos, as
dos estudos ou desenvolver competências
atividades da memória, as avaliações, as
visando à preparação para a vida. Ou, ainda, capacidades relacionais ou os esquemas
como alerta Sacristan (2007) se essa missão se comportamentais.
presta ao desenvolvimento de ações de “concreta
utilidade produtiva” que possibilite aos sujeitos Ampliando Le Boterf, Jonnaert (2010)
a preparação para uma vida real (SACRISTAN, explica que competência é percebida em
2007, p. 55). Enriquecendo essa discussão, Levy processo, na ação e, portanto, não é algo que
(1999, p. 157), afirma que “os percursos e perfis se pode prever. Contudo, ela está relacionada
de competências são todos singulares”, exigindo, a uma situação ou grupo de situações e ao
conforme (ROPÉ; TANGUY, 1997) que se leve em campo da experiência, e tem como elemento de
consideração as situações concretas, o contexto maior destaque, a presença de uma pessoa na
e os indivíduos, pois não é possível dar uma coordenação e atuação.
definição a essas noções de maneira separada dos Diante disso, torna-se um equívoco olhar
sujeitos e das tarefas nas quais a competência se a competência por um único viés, já que ela
materializa. potencializa a resolução de problemas a partir de
Buscando o entendimento de como diferentes campos conceituais e faz referência a
se percebe e se constrói essa competência é diferentes problemas e situações, no entanto para
preciso considerar que, para ser competente efeito da nossa pesquisa, é importante destacar
em informação, de acordo com a American as competências em informação propostas por
Library Association (1989), citada por Amadeo Perrenoud (2000, p. 12), quais sejam:
(2012, p.15) “uma pessoa deve ser capaz de
reconhecer quando a informação é necessária [...] organizar e dirigir situações de
e ter a habilidade para localizar, avaliar e aprendizagem; administrar a progressão
das aprendizagens; conceber e fazer
usar efetivamente essa informação”. Nesse evoluir os dispositivos de diferenciação;
entendimento, Bourdieu (1982), citado por envolver os alunos em sua aprendizagem
Ropé e Tanguy (1997), sugere prudência ao e em seu trabalho; trabalhar em equipe;
analisar o espaço que as palavras ocupam participar da administração da escola;
nos discursos e na construção dos desígnios informar e envolver os pais; utilizar
novas tecnologias; enfrentar os deveres
sociais, evitando pronunciamentos do tipo: e os dilemas éticos da profissão;
aquele aluno é muito competente ou aquele administrar sua própria formação
aluno não tem competência, já que o conceito contínua.
de competência se insere em diferentes campos
conceituais e pode fazer referência a diferentes Contudo, numa leitura de Perrenoud
problemáticas dependendo do contexto social, (2013, p. 45), há um consenso na definição de
econômico, educacional e em função da atividade competência como sendo “o poder de agir
a ser desenvolvida por um sujeito que se diz com eficácia em uma situação, mobilizando
competente. e combinando, em tempo real e de modo
Diante do exposto, torna- se “impossível pertinente, os recursos intelectuais e emocionais”,
propor uma visão única de competência”, o que sem perder de vista as categorias apresentadas
exige considerar a singularidades dos perfis por Sacristan (2007), quais sejam o uso do
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se efetivou com mais intensidade a partir de principiante, diálogos informais com os surdos.
2008, com o advento da Política Nacional de Já nas atividades diárias, em sala de aula,
Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. E, continuam subsidiados por um intérprete de
embora houvesse resistência por parte dos pais Libras que traduz, simultaneamente, o conteúdo
e responsáveis pela inclusão dos alunos especiais oficial trabalhado em sala de aula.
em classes regulares, o processo de inclusão na Com relação ao corpo discente, no cenário
EPAA foi se intensificando em cumprimento a atual, a Escola Professora Adelina Almeida
essa Política e, por conseguinte, AEE foi sendo (EPAA) funciona em três turnos e conta com
consolidado na Proposta Pedagógica da Escola e um quantitativo de 938 alunos matriculados.
nas ações concretas vivenciadas por professores e Desses, 23 (%) são alunos deficientes intelectuais
alunos surdos. matriculados no Ensino Fundamental Inicial
E, embora todas as ações direcionadas para Especial (EFAIESP); 446 encontram-se
o AEE envolvam os funcionários da EPAA, de um matriculados no Ensino Fundamental Final
modo geral, o trabalho para o desenvolvimento (EFAF9); 438 no Ensino Médio (ENME); e 31 no
das competências informacionais dos alunos Programa Travessia Médio.
surdos está diretamente relacionado aos docentes Conforme distribuídos no gráfico a seguir,
das salas regulares nas quais os surdos estão do total de alunos, em atendimento ao aspecto
inclusos; aos intérpretes que atuam diariamente transversal da educação especial em todos os
nas salas de aulas regulares traduzindo para níveis e modalidades de ensino, cinquenta e um
Libras os conteúdos apresentados em Língua alunos são surdos inclusos no Ensino Regular e
Portuguesa; e aos instrutores surdos que no Programa Travessia Médio.
desenvolvem o ensino de Libras, promovendo o
enriquecimento do vocabulário científico através
Gráfico 2 - Matrícula geral da EPAA x alunos surdos
do trabalho com sinais desconhecidos pelos
alunos surdos.
Apesar das evidências de que todos os
funcionários da escola pesquisada se relacionam
e se comunicam com os surdos, mesmo que de
forma limitada por não dominarem a Libras,
dos 95 funcionários da escola, são 54 que têm
envolvimento direto nas atividades pedagógicas
com surdos, conforme mostra o gráfico a seguir.
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língua materna empregada seria o português e, uma revisão de conteúdos curriculares estudados
consequentemente, todo ensino estaria pautado para que o aluno surdo possa tirar eventuais
nessa língua. dúvidas ainda não sanadas, momento em que
Ademais, na compreensão dos professores os professores do AEE se utilizam de diversos
de AEE, essa educação bilíngue nos primeiros recursos visuais, dominó, quebra-cabeça, jogo
anos do ensino fundamental, deve ocorrer numa da memória e, em escala bem menor, os jogos
sala somente de surdos, já que eles ainda não on-line. E, e quando o conceito ou o conteúdo é
têm o domínio da língua materna (Libras) e muito abstrato, recorrem a outros recursos, como
necessitam de um tempo pedagógico maior com o teatro e a dramatização.
seus pares para se apropriarem da linguagem As tarefas propostas para casa são
de sinais, que na concepção dos professores, realizadas, na sua maioria, na sala de AEE
esse posicionamento não contraria os princípios onde os alunos, juntamente com o professor,
inclusivos da Política Nacional de Educação proficiente em Libras, realizam pesquisas
Especial na Perspectiva Inclusiva, pelo contrário utilizando livros e, com mais frequência,
fortalece-a, uma vez que prepara os alunos a ferramenta de busca Google. Também,
surdos do EFAIESP no aprendizado de Libras juntamente com os professores de AEE, os alunos
para uma inclusão mais fortalecida no EFAF9. organizam os materiais a serem apresentados em
Entretanto, como detalhado no quadro sala a partir da utilização de programas de edição
1, mesmo constando nos documentos legais e de texto, como o Word, PowerPoint e, com bem
pedagógicos, a educação bilíngue ainda não está menos frequência, o Excel.
garantida na escola pesquisada, pois embora a Entre os artefatos de informação utilizados
legislação assegure direito a atendimentos de pela comunidade da Escola, evidencia-se o uso
Libras, em Libras e de Língua Portuguesa como expressivo do data show e uma predominância do
segunda língua, apenas dois desses momentos uso do celular para pesquisa e disseminação da
didático-pedagógicos são oferecidos aos alunos informação e troca de mensagens para informar
surdos matriculados na Escola. eventuais mudanças no cronograma do plano
de ação e para informes de modo geral. Essas
Quadro 1 - Atendimento educacional são ferramentas importantes, pois, considerando
especializado para alunos surdos na EPAA. que os surdos são muito visuais, esses artefatos
facilitam a aprendizagem, a comunicação, a
a) Em Libras: realizado por busca e a disseminação da informação.
professor ouvinte e proficiente No tocante a Língua Portuguesa (L2),
AEE para em Libras para traduzir/explicar embora, ainda, não tenha encontrado espaço
surdos na os conteúdos curriculares oficiais de desenvolvimento na Escola Professora
EPAA usando a Linguagem Brasileira de Adelina Almeida (EPAA) na sua totalidade, a
Sinais (Libras), potencializando, comunidade escolar entende que ela representa
ainda, reforçar aprendizagens de a possibilidade de desenvolvimento de uma
conteúdos já ensinados na sala competência, ainda não adquira pela maioria dos
de aula regular. surdos, que é compreender essa língua nos níveis
b) De Libras: Ensino de Libras morfológico, sintático e semântico-pragmático
realizado por instrutor surdo e, assim, apropriar-se de um conhecimento já
e proficiente em Libras. adquirido naturalmente pelos ouvintes, que
Esse trabalho favorece o é o reconhecimento da estrutura da Língua
conhecimento de termos Portuguesa.
científicos e fornece a base E, mesmo sabendo da existência de livros
conceitual dessa língua. escritos na Linguagem Brasileira de Sinais,
Fonte: Dados da pesquisa.
constatamos que a grande maioria dos mateiras
didáticos da EPPA se encontra em Língua
Esse Atendimento Educacional Portuguesa. Em consequência disso, e pelo fato
Especializado em Libras, que ocorre na sala de dos surdos não terem o domínio da L2, dos 51
AEE, visa reforçar ideias essenciais trabalhadas surdos apenas um procurou a biblioteca para
no cotidiano da sala regular e se presta a oferecer leituras. E, conforme a bibliotecária, os surdos,
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por serem muito visuais e também por não terem tratar dos aspectos políticos e pedagógicos do
o domínio satisfatório da estrutura da Língua Atendimento Educacional Especializado (AEE)
Portuguesa, leem, preferencialmente, gibis e como no estudo dos conteúdos de formação geral
livros escritos em quadrinhos, utilizando-se das para o ensino, a partir do Pacto Nacional pelo
imagens para complementar a compreensão e o Fortalecimento do Ensino Médio e , ainda, as
sentido do texto. ações de informação, realizadas pela educadora
Essa limitação na leitura em Língua de apoio e pela professora de AEE, a exemplo
Portuguesa, a nosso ver, traz algumas da formação de professores (palestras, oficinas,
implicações no tocante à construção da atividades de ensino em si e, de forma mais
competência em informação, já que a maioria ampla, aulas de Libras), sistematizadas num
dos materiais didáticos da Escola e os conteúdos dispositivo de informação denominado Plano
de diversos sites de busca são disponibilizados de AEE, que estabelece uma sintonia com as
exclusivamente em Língua Portuguesa, o demandas da comunidade escolar, em especial,
que, a nosso ver, representa uma lacuna no dos alunos surdos.
desenvolvimento da competência em informação. Já a modalidade de ação formativa, foi
Contudo, o conjunto, formado pela práxis visualizada nas atividades de ensino em si,
dos professores e alunos surdos da EPAA, a através das disciplinas do currículo, do ensino
base legal, a realidade contextual, os conteúdos de Libras (que ocorre no contraturno mediado
curriculares e os recursos pedagógicos utilizados pelo professor instrutor) e do ensino em Libras
vão, mesmo com algumas fragilidades, dando (que ocorre na sala de aula regular, mediado
materialidade à Política Nacional de Educação por um intérprete de Libras e também na sala
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e de Atendimento Educacional Especializado
ganhando visibilidade na Escola, contribuindo, ou sala multifuncional) e, ainda, através da
assim, para que os alunos surdos possam oferta, à comunidade interna e externa, de
construir competência em informação. curso voltado para a proficiência em Libras,
nos níveis básico, intermediário e avançado,
com uma carga-horária total de 40 horas. Essa
5.1 Um olhar empirico sobre a ação de
modalidade como parte integrante do estrato
informação mimeomórfico da infraestrutura da informação,
faz referência, também, as atividades de inovação
As ações de informação evidenciadas e aos materiais de apoio, a exemplo da tecnologia
no espaço do Regime de Informação da Escola assistiva.
Professora Adelina Almeida (EPAA), através Por sua vez, a relacional, que assume o
desta pesquisa-ação, tiveram como âncora os caráter de meta-informação e a materialização
construtos teóricos de Freire (2013), que, baseada na escola-campo-de-pesquisa, através de
em González de Gómez (2003b), nortearam oficinas e de relatórios de pesquisa realizados
a nossa trilha para a identificação das três por pesquisadores da Região do Vale do
modalidades de ações aqui abordadas. São Francisco, cujo trabalho tem propiciado
A primeira delas, ação de mediação intervenções de melhoria nas ações desenvolvidas
que se apresenta através dos momentos de na EPAA. Foi evidenciada, também, através do
formação de professores, os quais são realizados projeto A inclusão começa em mim. Um trabalho
semanalmente durante as aulas-atividades, relevante que está sendo desenvolvido no AEE,
através das palestras e projetos realizados em com a parceria da Universidade Federal do Vale
parceria com as universidades da Região, a do São Francisco (UNIVASF) e visa discutir os
exemplo da Universidade Federal do Vale do limites e as possibilidades que têm os professores
São Francisco (UNIVASF), da Universidade para o desenvolvimento do trabalho de inclusão.
de Pernambuco (UPE – Campus Petrolina) e da Essa modalidade de ação, enquanto estrato
Universidade Estadual da Bahia (UNEB – Campus inserido no domínio regulatório e definido nos
Juazeiro). espaços institucionais do Estado, do Campo
Essa ação também se faz presente através Científico, da Educação Formal, da Legislação
de oficinas realizadas por professoras formadoras e dos Contratos, também se manifestam no
da própria escola, tanto em estudos mensais para Atendimento Educacional Especializado (AEE),
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Um olhar sobre a educação escolarizada de surdos à luz da competência em informação
através do exposto nas nas políticas educacionais Convém ressaltar que, à medida que os
e nas bases legais que o regulamentam. atores sociais participam e atuam nas ações de
Todavia no escopo da Escola Professora informação (relacional, mediação ou formativa)
Adelina Almeida (EPAA), e considerando o no Regime de Informação da EPAA, percebem-
Atendimento Educacional Especializado (AEE) se algumas lacunas na comunicação, em
para pessoas com deficiência auditiva, o conjunto especial na comunicação entre os professores de
dessas ações de informação, aqui tratadas como AEE e os professores dos vários componentes
“estratos heterogêneos articulados”, se manifesta curriculares da Escola. Esse descompasso na
em aulas expositivas e dialogadas, nos momentos comunicação, na visão dos docentes do AEE,
de formação de professores, nas palestras tem se dado em função da concepção que muitos
envolvendo a comunidade escolar, oficinas, professores do ensino regular têm do AEE e
seminários e projetos diversos. (GONZÁLEZ do seu entendimento acerca das formas pelas
DE GÓMEZ, 2003b). Com efeito, esse modelo quais o aluno surdo aprende e constrói sua
teórico de ações de informação, apresentado competência em informação, uma concepção
por González de Gómez, (2003b), encontra-se que, em alguns aspectos, difere do entendimento
materializado no cotidiano da Escola Professora dos professores do AEE. Isso, na visão dos
Adelina Almeida (EPAA), através de seus professores de AEE, interfere no atendimento
atores – aqui representados pela comunidade educacional especializado e no direcionamento e
da EPAA (pais, alunos, professores, gestores, aplicabilidade da Política Nacional de Educação
coordenadores, analistas, instrutores e interpretes Especial numa Perspectiva da Educação
de Libras). Inclusiva, constituindo num obstáculo à
Nesse sentido, inspirados em Freire construção de competência em informação como
(2014), apresentamos, através da figura 1, mostra a figura 2.
os estratos e as especificações das ações de
informação desenvolvidas pelos atores sociais
da Escola professora Adelina Almeida (EPAA). Figura 2 - Barreiras no desenvolvimento de
A nosso ver, esse desenho evidencia o resultado competência em informação
da nossa pesquisa, identificado a partir de
fontes de informações diversas, caminhando
pela trilha metodológica traçada para o seu
desenvolvimento, cujos resultados vão se
conformando para o desvelamento da construção
de competência em informação pelos atores
envolvidos.
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por todos os atores sociais, passam a se configurar continuadas, cursos de proficiência em Libras,
em uma forma de vida desses atores, para além criação dos espaços de debate para discutir
da formação de um espaço de construção do formas de melhor administrar a inclusão social
conhecimento, da cultura e da busca permanente dos alunos, e ações de ensino em si. Essas ações
de subsídios para o desenvolvimento de de informação, desenvolvidas pelos atores
competência em informação, na perspectiva da sociais da EPAA, constituem possibilidades
inclusão social. de promoção e desenvolvimento das
“competências necessárias para a socialização
da informação” e para a construção de
7 CONSIDERAÇOES FINAIS competências em informação (FREIRE, 2012,
p.11).
Essa pesquisa-ação teve como propósito Torna-se pertinente ressaltar que
investigar o espaço que ocupa o Atendimento as tecnologias digitais de informação e
Educacional Especializado (AEE) na Escola comunicação também encontram espaço no
Professora Adelina Almeida em Petrolina- Regime de Informação da EPAA. Assim,
PE, na perspectiva do desenvolvimento de durante a nossa pesquisa, evidenciamos que,
competências em informação para inclusão em razão da deficiência auditiva dos alunos
social de alunos surdos. Um caminho trilhado a matriculados na escola campo de pesquisa, um
partir de um quadro teórico-metodológico que recurso tecnológico, bastante utilizado pelos
nos confiou reflexões pertinentes à construção professores e alunos para o estabelecimento de
do nosso entendimento sobre a competência em uma comunicação rápida e efetiva, tem sido
informação e a identificação dos elementos a ela as mensagens de texto, enviadas através de
relacionados. celular e e-mail, sendo a forma de comunicação
A identificação desses elementos dominante, utilizada, inclusive, pelos surdos na
certamente não seria visível para nós sem as comunicação entre seus pares.
contribuições teóricas dos gigantes aqui citados, De modo que, tendo em vista o nosso
em cujos ombros nos apoiamos. Foi, ainda, a interesse prático e a nossa “finalidade
partir desses modelos teóricos-metodológicos intencional de alteração da situação pesquisada”
que constatamos a importância de cruzar vários (SEVERINO, 2007, p. 120), as observações e
olhares na busca do entendimento do que seja análises dos dados coletados possibilitaram a
competência em informação, para escolher quais identificação de elementos de competência em
caminhos trilhar para encontrar evidências que informacional e também de algumas lacunas.
comprovem o desenvolvimento das competências Todavia, foram essas lacunas que potencializam,
em informação para os sujeitos envolvidos da na comunidade escolar, a construção de novos
EPAA, em especial, aos professores de AEE e esforços, novas leituras e ações na direção da
alunos surdos. competência informacional.
Todavia, do ponto de vista do nosso Essa observância fortalece o entendimento
trabalho de pesquisa, foi um encontro teórico- de que as ações de informação desenvolvidas
prático, que suscitou a identificação das ações na EPAA, realizadas através do AEE, passem
de informação desenvolvidas pelos atores a se configurar numa forma de vida desses
sociais que fazem parte da escola campo atores para além da formação de um espaço
de pesquisa, permitindo algumas reflexões profissional, na direção da construção do
conclusivas que, para nós, se constituem em conhecimento, da cultura surda e da busca
resultados da caça às evidências dos elementos permanente de subsídios para o desenvolvimento
da competência informacional para inclusão de competências em informação para a inclusão
social de alunos surdos, na escola-campo-da- social.
pesquisa. Sem deixar de reconhecer que que
Entre essas reflexões, destacamos a esta pesquisa não se encerra em si mesma e
relevância dada à informação na escola, a partir que, por conseguinte, ao revelar seu aspecto
da identificação de ações concretas voltadas inconcluso suscita novos olhares desveladores da
para o desenvolvimento de competências realidade dinâmica da hegemonia do regime de
em informações a exemplo das formações informação, na sociedade contemporânea.
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Um olhar sobre a educação escolarizada de surdos à luz da competência em informação
ABSTRACT This article is about the school education of the deaf in the light of information literacy, taking as
reference the Customer Specialized Education (AEE) for deaf people. It presents the theoretical
framework approach the legal and pedagogical aspects of the ESA, here treated as locus of Educational
Service Specialist. Approaches, theoretical aspects of information literacy and information actions. It
aims to analyze the ESA School Professor Adelina Almeida in Petrolina PE, from the perspective of
competence development in information for social inclusion of deaf students. The investigation of
the object of study has the north to action research, applied nature, a qualitative approach, the
results show concrete actions for the development of competence in information and potentiating
new teaching strategies in driving learning always and in all dimensions of life.
Keywords: Educational Service Specialist. Deaf inclusion. Information competence. Share information. Bilingual
approach.
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