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Análise Matemática I
(Reformulação)
Clara Carlos
Telma Guerra Santos
2014/2015
Introdução
1
Indı́ce
1 Revisões 4
1.1 Noções básicas sobre funções reais de
variável real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Algumas definições e propriedades
elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Algumas funções elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3.1 Função polinomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3.2 Função racional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3.3 Função irracional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3.4 Função exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3.5 Função logarı́tmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.3.6 Funções trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3.7 Funções trigonométricas inversas . . . . . . . . . . . . 18
1.4 Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.5 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2 Cálculo diferencial 28
2.1 Noção de derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.2 Diferenciabilidade e continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.3 Regras de derivação e alguns teoremas . . . . . . . . . . . . . 32
2.4 Teoremas fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.5 Função implı́cita e sua derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.6 Funções dadas sob a forma paramétrica e sua derivada . . . . 40
2.7 Introdução aos diferenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.8 Fórmula de Taylor. Aplicações. . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3 Cálculo integral 46
3.1 Primitivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.1.1 Primitivação imediata ou quase imediata . . . . . . . . 47
3.1.2 Primitivação por partes . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2 Primitivação por substituição ou mudança de variável . . . . . 51
2
3.3 Primitivação de funções racionais . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.4 Teorema fundamental do cálculo integral.
Propriedades do integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.4.1 Alguns conceitos elementares . . . . . . . . . . . . . . 55
3.4.2 Propriedades do integral . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.4.3 Teorema fundamental do cálculo integral . . . . . . . . 59
3.4.4 Integração por partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.4.5 Integração por substituição ou mudança de variável . . 60
3.5 Aplicações do cálculo integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.5.1 Cálculo de áreas de figuras planas . . . . . . . . . . . . 61
3.5.2 Cálculo de volumes de sólidos de revolução . . . . . . . 63
3.5.3 Cálculo do comprimento de curvas . . . . . . . . . . . 66
3
Capı́tulo 1
Revisões
Definição 1.1.1 Uma função f real de variável real é uma aplicação que a
cada elemento de um conjunto D (com D ⊆ R) associa um e um só elemento
de R,
f :D⊂R → R
x 7→ f (x).
4
A função f diz-se real se todos os valores que assume são números reais,
isto é, se f (D) ⊂ R, qualquer que seja o conjunto D. Por outro lado,
f é uma função de variável real se D ⊂ R. Uma função real de variável
real é, portanto, qualquer função cujo domı́nio e cujo contradomı́nio são
subconjuntos do conjunto dos números reais.
Definição 1.1.2 Diz-se que x ∈ D é um zero da função f se f (x) = 0.
Definição 1.1.3 O gráfico de uma função f é o conjunto de pontos do
plano
G(f ) = {(x, f (x)) : x ∈ D} ⊂ R2 .
O gráfico de uma função é usualmente representado num sistema de eixos
cartesianos.
Exercı́cio 1.1 Seja f (x) = x + 1 ∀x ∈ R. Calcule f (−1), f (0), f (1).
Qual o valor da ordenada na origem?
Exercı́cio 1.2 Determine o domı́nio e os zeros de cada uma das seguintes
funções:
√ √
a) f (x) = x2 − 3; x− 2
d) f (x) = √ 3
;
x x 2−2
1
b) f (x) = √9
;
2
x −x−6 e) f (x) = |x2 − 1 |; 5
1
c) f (x) = √ ; f ) f (x) = 8 − ( 12 )2x .
x2 − 3
f (x + α) = f (x), ∀x ∈ D.
5
2. ı́mpar se f (−x) = −f (x), ∀x ∈ D. Geometricamente, significa que o
gráfico é simétrico em relação à origem do referencial.
∀x ∈ D, |f (x)| < k.
Definição 1.2.6 Uma função f diz-se injetiva se, quaisquer dois objectos
diferentes têm imagens diferentes, isto é,
De forma equivalente,
∀ y ∈ R, ∃ x ∈ D : f (x) = y.
6
1. Através da representação geométrica, indique o domı́nio e o contra-
domı́nio de cada uma das funções.
g = f −1 : f (D) ⊂ R → R
y 7→ x = f −1 (y).
gof : D → R
x 7→ g(f (x)),
7
1.3.1 Função polinomial
Um polinómio de grau n é uma função da forma,
8
1.3.2 Função racional
Os polinómios são funções que podem ser, multiplicados por constantes re-
ais, somados, subtraidos e multiplicados, e o resultado será novamente um
polinómio. No entanto, se dividirmos um polinómio por outro, nem sempre
obteremos um polinómio. A esse quociente chamamos função racional:
p(x) an xn + an−1 xn−1 + ... + a1 x1 + a0
f (x) = = ,
q(x) bm xm + bm−1 xm−1 + ... + b1 x1 + b0
em que p(x) e q(x) são, respetivamente, polinómios de grau n e m. Neste caso
o domı́nio da função é D = {x ∈ R : q(x) 6= 0}. Entende-se, portanto, por
função racional, uma função que pode ser representada por uma expressão
algébrica que contenha as operações de adição, subtracção, multiplicação e
divisão, que não inclua raı́zes.
x ,→ f (x) = ax .
9
é designado por número de Neper.
• O gráfico tem sempre concavidade virada para cima e passa nos pontos
(0, 1) e (1, a).
1. a1 = a;
2. ax × ay = ax+y ;
ax
3. ay
= ax−y ;
4. ax × bx = (a × b)x ;
10
ax
5. bx
= ( ab )x ;
6. (ax )y = axy .
Exercı́cio 3.2 Resolva as seguintes equações: x3 = 14 e 3x = 15.
Na primeira não deve existir dificuldade. Na equação 3x = 15, x representa
um número a que se tem que elevar 3 para obter 15. Será que este número
existe? Será que é único? As duas respostas são verdadeiras. Uma vez que,
a função exponencial é um aplicação bijectiva de R em R+ , podemos afirmar
o seguinte:
• Dado x ∈ R existe um e um só número y ∈ R+ tal que y = ax .
loga b = x ⇔ b = ax , b ∈ R+ , a ∈ R+ \ {1}.
11
• loga 1 = 0 e loga a = 1;
• O gráfico tem concavidade voltada para baixo e passa nos pontos (1, 0)
e (a, 1).
3. loga xp = p loga x, ∀p ∈ R;
loga x
4. logb x = loga b
.
12
1.3.6 Funções trigonométricas
Se inserirmos no cı́rculo trigonométrico um triângulo rectângulo, que tem um
dos catetos sobre o eixo dos xx, o segmento OP ¯ 0 e a hipotenusa dada pelo
segmento OP¯ , então o outro cateto é dado pelo segmento P¯P 0 , ortogonal a
¯ 0
OP . Assim, a distância de P à origem é igual a 1. O seno e o coseno de um
ângulo α passam assim a ser dados relativamente ao cı́rculo trigonométrico,
respectivamente pela ordenada de P e pela abcissa de P 0 . Do estudo da
que a cada ângulo α, com α ∈ R faz corresponder , o valor real cos α. Assim
podemos defini-la do seguinte modo:
g:R → R
x 7→ g(x) = cos x.
13
• As funções f e g têm domı́nio R e são contı́nuas em todo o seu domı́nio.
• O gráfico de cada uma das funções é uma curva que se chama sinusoı́de
e não tem assı́mtotas.
14
sen x
• Atendendo a que tg x = cos x
, o domı́nio é R \ { π2 + kπ, k ∈ Z}.
j : R \ {kπ} → R
x 7→ j(x) = cotg x.
cos x
• Atendendo a que cotg x = sen x
, o domı́nio é R \ {kπ, k ∈ Z}.
15
• Como é periódica não é injetiva.
1
• Atendendo a que sec x = cos x
, o domı́nio é R \ { π2 + kπ, k ∈ Z}.
p : R \ {kπ} → R
x 7→ p(x) = cosec x.
1
• Atendendo a que cosec x = sen x
, o domı́nio é R \ {kπ, k ∈ Z}.
16
• Como é periódica não é injetiva.
Muitas são as propriedades das funções trigonométricas. Enunciamos ape-
nas quatro delas, que consideramos serem fundamentais para o estudo da
trigonometria a partir das quais podem ser deduzidas todas as outras.
Propriedades 1.3.1 .
17
1.3.7 Funções trigonométricas inversas
Do estudo que foi feito atrás relativamente às funções trigonométricas, pode
concluir-se que nenhuma das funções é injetiva, uma vez que todas elas são
periódicas. Assim, com o objetivo de definir funções inversas para as primei-
ras, considera-se para cada uma delas, restrições ao domı́nio, de modo que
nessas restrições, as funções sejam injetivas e que se possa portanto definir
uma função inversa.
Quando se restringe a função sen x ao intervalo [− π2 , π2 ] obtém-se a chamada
restrição principal do seno. A sua inversa designa-se por função arco seno,
sendo definida por:
f −1 : [−1, 1] → R
x 7→ f −1 (x) = arcsen x,
g −1 : [−1, 1] → R
x 7→ g −1 (x) = arccos x,
18
Quando se restringe a função tg x ao intervalo ] − π2 , π2 [ obtém-se a chamada
restrição principal da tangente. A sua inversa designa-se por função arco
tangente, sendo definida por:
h−1 : R → R
x 7→ h−1 (x) = arctg x,
j −1 : R → R
x 7→ j −1 (x) = arccotg x,
19
Quando se restringe a função sec x ao intervalo [0, π2 [∪] π2 , π] obtém-se a cha-
mada restrição principal da secante. A sua inversa designa-se por função
arco secante, sendo definida por:
Nota 1.3.1 Definimos, para cada uma das funções trigonométricas estu-
dadas, uma função inversa considerando para isso restrições ao domı́nio onde
as funções fossem injetivas. No entanto, podemos considerar uma infinidade
de funções inversas, bastando para tal, considerar qualquer outra restrição
ao domı́nio das funções que verifique as condições impostas para a existência
de inversa.
20
1.4 Limite
Nesta secção faremos uma breve revisão sobre o conceito de limite. O con-
ceito de limite é um dos pilares fundamentais da Análise Matemática, em
particular, para compreender a definição de derivada de uma função, sua
interpretação geométrica e fı́sica.
Começamos por apresentar algumas noções topológicas imprescindı́veis na
compreensão da definição.
Definição 1.4.1 Seja a um número real e A ⊆ R.
1. a diz-se ponto de acumulação de A se em qualquer vizinhança de a
tenha pelo menos um ponto de A distinto do ponto a.
2. Ao conjunto dos pontos de acumulação de A chamamos derivado de
A e representamos por A0 .
3. a diz-se ponto isolado de A se pertencer a A e se existir pelo menos
uma vizinhança de a que não contenha nenhum elemento de A para
além do próprio a.
4. a diz-se ponto interior de A se pertencer a A e se existir uma vi-
zinhança de a que esteja contida no conjunto A e representamos por
IntA.
Exemplo 1.4.1 Seja A = [0, 3[∪{4}. Determine o conjunto dos pontos de
acumulação, interior e pontos isolados de A.
Resolução: A0 = [0, 3]; IntA =]0, 3[; Conjunto dos pontos isolados {4}.
Definição 1.4.2 (Definição de limite segundo Cauchy) Seja f : D ⊂ R →
R e a ∈ D0 (Conjunto dos pontos de acumulação de D). Diz-se que o limite
de f no ponto a é b (com b ∈ R) e escreve-se
lim f (x) = b,
x→a
se para todo o número positivo ε, existe um número positivo δ tal que para
todos os pontos x do domı́nio diferentes de a tais que
|x − a| < δ
então
|f (x) − b| < ε.
Em linguagem matemática escrevemos,
21
Intuitivamente, estamos a dizer que, f tende para b quando x tende para a
se para todos os pontos suficientemente próximos de a, excepto o próprio a,
têm imagens tão próximas de b quanto queiramos.
Definição 1.4.3 (Limites laterais) Chama-se limite de f no ponto a à
direita ou limite de f (x) quando x tende para a por valores superiores a
lim f (x),
x→a+
e simbolicamente escreve-se
lim f (x) = b.
x→a+
lim f (x),
x→a−
e simbolicamente escreve-se
lim f (x) = b.
x→a−
22
Apresentamos de seguida, sem demonstração, as propriedades operatórias
dos limites.
2x2 − 3x − 4 ex−1 − 1
3. lim √ ; 6. lim ;
x→+∞ x4 + 1 x→1 x2 − 1
23
ln(2x + 1)
7. lim .
x→0 x
1.5 Continuidade
A ideia intuitiva de continuidade é uma ideia muito familiar, por exemplo,
parece variar de modo contı́nuo ao longo do tempo a distância percorrida
numa viagem de automóvel. Assim, se os valores assumidos em dois instantes
diferentes, diferem ”muito pouco”desde que os instantes considerados sejam
”suficiente próximos”, podemos falar em continuidade.
|x − a| < δ,
se tenha
|f (x) − f (a)| < ε.
Em linguagem matemática escrevemos,
Definição 1.5.3 Diz-se que f é contı́nua à direita ou à esquerda se lim+ f (x) = f (a)
x→a
ou lim− f (x) = f (a), respetivamente.
x→a
24
Teorema 1.5.2 Sejam f : D → R e g : E → R com f (D) ⊂ E, f contı́nua
em a ∈ D e g contı́nua em b = f (a). Então a função composta gof é contı́nua
em a.
Proposição 1.5.1 .
Exemplo 1.5.1
Estude a continuidade da função
(
sen x
x
se x 6= 0
f (x) =
1 se x = 0.
Resolução:
(i) Para x 6= 0 trata-se de uma função contı́nua por ser o quociente de
duas funções contı́nuas, sen x é uma função trigonométrica e x uma função
polinomial.
(ii) Para x = 0 a função é contı́nua porque
sen x sen x
lim− = lim+ = 1 = f (0).
x→0 x x→0 x
Exercı́cio 5.1 Calcule o valor de k, de modo que as seguintes funções
sejam contı́nuas no seu domı́nio:
(
2 − x sen x1 se x 6= 0
1. f (x) = ,
k se x = 0
(
1
arctg x−2 se x 6= 2
2. g(x) = .
k se x = 2
25
limite finito nesse ponto. Existindo limite o prolongamento por continuidade
é a função
F : D ∪ {a} → R
tal que: (
f (x) se x ∈ D
F (x) = .
lim f (x) se x = a
x→a
x5 + x4 + 4x3 = 3
26
Se não se garantirem as condições do teorema não se pode garantir a existência
de máximo e mı́nimo. Considere as funções definidas por f (x) = x + 1 e
(
1
x+1
se x 6= −1
g(x) =
0 se x = −1.
27
Capı́tulo 2
Cálculo diferencial
Interpretação Geométrica
28
Para achar a equação duma recta necessitamos de dois pontos. Consideramos
outro ponto Q da curva e traçamos a recta que passa por estes dois pontos.
Obtemos aquilo a que chamamos recta secante.
f (a + h) − f (a) f (a + h) − f (a)
msec = = .
a+h−a h
A ideia é irmos aproximando o ponto Q do ponto P (h tender para 0) o
que significa que a recta secante vai-se aproximando da recta tangente, até
coincidir com ela, numa posição de limite, isto é,
f (a + h) − f (a)
mtg = lim msec = lim ,
h→0 h→0 h
e esta é a expressão do declive da recta tangente à curva no ponto a.
É chegado o momento crucial: o limite para definir o declive da tangente
é também utilizado para definir um dos conceitos fundamentais em Ma-
temática: A derivada.
f (x) − f (a)
lim
x→a x−a
ou
f (a + h) − f (a)
lim ,
h→0 h
desde que exista limite.
29
Quando existe e é finita a derivada no ponto a, chama-se tangente à curva
y = f (x) no ponto (a, f (a)), à recta que passa por esse ponto e tem declive
f 0 (a) e escreve-se
y = f 0 (a)(x − a) + f (a).
Para além da notação f 0 para a derivada de uma função f existem outras
dy
notações: dx , y 0 , dx
d
(f (x)).
0 f (x) − f (1) x2 + 4 − 5 x2 − 1
f (1) = lim = lim = lim
x→1 x−1 x→1 x−1 x→1 x − 1
(x − 1)(x + 1)
= lim =2
x→1 x−1
Equação da reta tangente
y − f (1) = f 0 (1)(x − 1)
y − 5 = 2(x − 1)
y = 2x + 3
Nota 2.1.1 .
30
Definição 2.1.2 Seja f : D ⊂ R → R e a ∈ IntD. Chama-se derivada
lateral da função f
f (x) − f (a)
lim− ;
x→a x−a
f (x) − f (a)
lim+ .
x→a x−a
Se fe0 (a) = fd0 (a), então existe derivada no ponto a e toma o valor das deri-
vadas laterais.
Interpretação Fı́sica
f (b) − f (a)
.
b−a
A taxa de variação da função ou velocidade instantânea, no ponto
x = a é dada por:
f (a + h) − f (a)
lim .
h→0 h
31
Embora seja contı́nua no ponto x = 1 a função não admite derivada finita,
ou seja, não é diferenciável nesse ponto.
Podemos concluir que a continuidade de um ponto não implica a diferencia-
bilidade nesse ponto, no entanto, o recı́proco é verdadeiro.
Teorema 2.2.1 Se f é diferenciável num ponto a (com a ∈ D) então f é
contı́nua no ponto a.
Dem. Queremos mostrar que se a função é diferenciável no ponto a então é
contı́nua nesse ponto. Para mostrar a continuidade, temos que provar que
lim f (x) = f (a), sabendo que f é diferenciável em a. Assim,
x→a
f (x) − f (a)
lim (f (x) − f (a)) = lim (x − a)
x→a x→a x−a
f (x) − f (a)
= lim (x − a) lim
x→a x→a x−a
0
= 0 × f (a)
= 0.
32
4. Se f (x) = sen x, então f 0 (x) = cos x, ∀x ∈ R;
Exercı́cio 3.3 .
1. Utilizando o teorema da derivada da função inversa e admitindo que
(ex )0 = ex mostre que (ln x)0 = x1 .
33
Teorema 2.3.5 São válidas as seguintes regras:
1. (ln x)0 = 1
x
∀x ∈ R+ .
2. (arcsen x)0 = √ 1
1−x2
∀x ∈] − 1, 1[.
4. (arctg x)0 = 1
1+x2
∀x ∈ R.
6. (arcsec x)0 = √1
x x2 −1
∀x ∈] − ∞, −1[∪]1, +∞[.
Podemos agora estender as algumas das regras de derivação às funções com-
postas. Seja u uma função real de variável real temos:
1. (un )0 = nun−1 u0 ;
2. (eu )0 = u0 eu ;
34
Exercı́cio 3.4 .
35
menos um instante c onde houve uma paragem, ou seja a velocidade foi nula
(f 0 (c) = 0).
Nota 2.4.1 Se f é uma função não diferenciável nalguns pontos do in-
tervalo (a, b), então, não estando nas condições do teorema de Rolle, não
podemos garantir a existência de zeros da derivada. Vejamos √ um exemplo de
3
uma função nestas condições. Consideremos f (x) = 1 − x2 . Esta função
é contı́nua no intervalo [−1, 1] e f (−1) = f (1) mas não é diferenciável no
ponto x = 0, uma vez que f 0 (x) = − 3 √ 2
3 x (justifique). Não estando nas
condições de Rolle, não garantimos a existência de zeros da derivada, e neste
caso particular não existem de facto em todo o seu domı́nio(justifique).
Corolário 2.4.1 Entre dois zeros de uma função diferenciável num inter-
valo há, pelo menos, um zero da sua derivada.
Corolário 2.4.2 Entre dois zeros consecutivos da derivada de uma função
diferenciável num intervalo, não pode haver mais de um zero da função.
Teorema 2.4.2 (Lagrange)
Se f é uma função contı́nua no intervalo [a, b] e diferenciável em ]a, b[, existe
pelo menos um ponto c ∈]a, b[ tal que:
f (b) − f (a)
f 0 (c) = .
b−a
f (b)−f (a)
Dem. Suponhamos que b−a
= λ. Deste modo, temos
Esta igualdade mostra que a função g(x) = f (x) − λx assume valores iguais
nas extremidades do intervalo [a, b] (g(a) = g(b)). Sendo g uma função
contı́nua neste intervalo (porquê?) e diferenciável no intervalo ]a, b[, pelo
teorema de Rolle existe pelo menos um c ∈]a, b[, tal que g 0 (c) = 0. Como
g 0 (c) = f 0 (c) − λ, podemos concluir que λ = f 0 (c). Ou seja, ∃c ∈]a, b[ tal que
f (b)−f (a)
b−a
= f 0 (c), como queriamos demonstrar.
Interpretação Fı́sica do Teorema de Lagrange
Consideremos que f verifica as condições do Teorema de Lagrange e a e b
são dois instantes distintos no tempo, f (t) a posição em cada instante t de
um ponto que se move no eixo real. Então, podemos concluir que existe pelo
menos um instante c onde a velocidade instantânea, f 0 (c) é igual à velocidade
média entre os referidos instantes. Por este facto, chamamos também a este
resultado, Teorema do valor médio do cálculo diferencial.
36
Exercı́cio 4.1 Em que ponto a tangente à curva y = ln x é paralela ao
segmento de recta que une os pontos (1, 0) e (e, 1)?
Resolução: Como f é contı́nua em R+ , em particular também é, no intervalo
[1, e] e f 0 (x) = x1 , logo f é diferenciável no intervalo ]1, e[. Então pelo teorema
de Lagrange ∃c ∈]1, e[: f 0 (c) = f (e)−f e−1
(1)
, ou seja, c = e − 1. Assim, podemos
concluir que no ponto x = e − 1 a recta tangente à curva é paralela ao
segmento de recta, como podemos verificar graficamente.
37
Regra de Cauchy
1. g 0 (x) 6= 0, ∀x ∈ I;
2. lim f (x) = lim g(x) = 0 ou então lim f (x) = lim g(x) = ±∞.
x→a x→a x→a x→a
f 0 (x)
Nestas condições, se existe o lim , então
x→a g 0 (x)
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→a g(x) x→a g (x)
Regra de L’Hôpital
f (x) f 0 (a)
lim = 0 .
x→a g(x) g (a)
Nota 2.4.3
A regra de L’Hôpital é válida se g 0 (a) = 0 e f 0 (a) 6= 0, neste caso, o limite é
infinito.
A regra ainda é válida se uma das derivadas f 0 (a) ou g 0 (a) (mas não ambas)
é infinita, porque não é nenhuma indeterminação.
A regra de L’Hôpital não é um caso particular da regra de Cauchy, as
hipóteses são diferentes.
Exercı́cio 4.2 .
38
sen (x)
(a) lim ;
x→0 x
ln(x + 1)
(b) lim ;
x→0 x
ex − e−x − 2x
(c) lim .
x→0 x + sen (x)
F (x, y) = 0.
1. x2 + y 2 = 9;
2. y 5 − y + x3 = 0;
3. y − x − sen y = 0;
são funções implı́citas. Por vezes as equações podem ser reduzidas à forma
y = f (x), mas nem sempre isso é possı́vel. Por exemplo, a equação
x2 + y 2 = 9
y − f (x) = 0,
39
Vejamos a regra que permite encontrar a derivada duma função implicita
sem ter que recorrer à forma explı́cita. Por exemplo,
x2 + y 2 − 9 = 0,
d 2 d d
x + y2 − 9 = 0
dx dx dx
2x + 2yy 0 = 0,
o que é obviamente
√ o mesmo. Fica ao cuidado do leitor, derivar agora a
função y = − 9 − x 2
2
Exercı́cio 5.1 Considere agora os exemplos 2 e 3. Mostre que y 0 = − 5y3x4 −1
e y 0 = 1−cos
1
y
, respetivamente.
40
De um modo geral, as equações paramétricas de uma curva, podem repre-
sentar uma ou mais do que uma função. Definem só uma curva se a função
x for invertı́vel, ou seja, se x for injetiva.
Resulta do teorema da derivação da função composta e da função inversa que
dy
0 dy dt
f (x) = = dx
dx dt
e
d dy
d2 y ( )
f 00 (x) = = dt dx
dx
.
dx2 dt
Estas fórmulas permitem calcular as derivadas sem conhecer explicitamente
a relação entre x e y. Na representação gráfica, consideramos no plano car-
tesiano, as coordenadas x e y definidas em função de uma variável auxiliar
t.
Exemplo 2.6.1 Considere a função y de x dada pelas equações paramétricas
(
x = cos t
y = sen t 0 ≤ t ≤ π.
dy
Calcule a derivada dx
para t qualquer e em particular para t = π4 . Resolução:
dy
dy dt cos t
= dx
= = −cotg t.
dx dt
−sen t
π
Para t = 4
:
dy π
|t= π4 = −cotg = −1.
dx 4
41
• ∆y representa a verdadeira variação da função quando x passa de a
para a + h, isto é,
∆y = f (a + h) − f (a);
dy = f 0 (a)h;
f (a + h) − f (a) ∆y
f 0 (a) = lim = lim .
h→0 h h→0 h
α = ∆y − dy = f (a + h) − f (a) − f 0 (a)h.
f (a + h) − f (a)
dy = f 0 (x)∆x.
42
Assim, usa-se frequentemente a seguinte aproximação
∆y ' dy,
ou de forma explı́cita
√
26 ' f (25) + f 0 (25) × 1
√ 1
26 ' 5 + .
10
43
2.8 Fórmula de Taylor. Aplicações.
Nesta secção mostramos um resultado fundamental para funções reais de
variável real, o teorema de Taylor, que tem uma grande utilidade prática.
O objectivo fundamental deste teorema é aproximar uma função difenciável
n + 1 vezes num determinado intervalo por um polinómio de grau n. O
interesse resulta nas propriedades bem conhecidas dos polinómios, tornando-
se útil na resolução de problemas matemáticos, fı́sicos ou de engenharia. O
teorema dá-nos ainda a fórmula para determinar o erro que se comete ao
substituir a função pelo polinómio, dando-nos a indicação da precisão da
aproximação.
Comecemos por estudar o caso em que f (x) é um polinómio e a = 0. Consi-
deremos então
f (x) = c0 + c1 x + c2 x2 + c3 x3 + ... + cn xn
e tentemos generalizar a fórmula anterior, exprimindo f (x) como um po-
linómio em x utilizando sucessivas derivadas da função f.
Com a = 0, temos f (0) = c0 , f 0 (0) = c1 , f 00 (0) = 2c2 , f 000 (0) = 3 ×
2c3 ,...f n (0) = n!cn . Isto significa que qualquer polinómio pode escrever-se
da seguinte forma,
f 00 (0) 2 f n (0) n
f (x) = f (0) + f 0 (0)x + x + ... + x .
2! n!
Suponhamos agora que, as derivadas de uma função f existem até à ordem
n + 1 inclusivé na vizinhança do ponto x = a. Procuramos um polinómio
Pn de grau n, cujo valor no ponto x = a é igual ao valor da função f nesse
ponto. Para valores suficientemente próximos do ponto x = a, o polinómio
assume valores muito próximos da função f .
f 00 (a) f n (a)
Pn (x) = f (a) + f 0 (a)(x − a) + (x − a)2 + ... + (x − a)n
2! n!
chamamos n-ésimo polinómio de Taylor de f centrado em a.
Se a = 0, o polinómio de Taylor chama-se n-ésimo polinómio de Maclaurin
de f e
f 00 (0) 2 f n (0) n
Pn (x) = f (0) + f 0 (0)x + x + ... + x .
2! n!
44
Para medirmos a precisão da aproximação da função f por um polinómio de
Taylor Pn , vamos usar o conceito de resto , Rn , definido da forma
Rn (x) = f (x) − Pn (x).
A Rn chamamos o erro associado à aproximação.
Teorema 2.8.1 (Taylor) Seja a ∈ IntD, f : D ⊂ R → R, tal que f é
diferenciável até à ordem n + 1 em D. Então para cada x ∈ D existe um c
entre a e x, tal que:
f 00 (a) f n (a)
f (x) = f (a) + f 0 (a)(x − a) + (x − a)2 + ... + (x − a)n + Rn (x)
2! n!
f n+1 (c)
com Rn (x) = (n+1)!
(x − a)n+1 , chamado resto de Lagrange.
Note que c depende de x e a é fixo.
No caso de n = 0 temos f (x) = f (a) + f 0 (c)(x − a) que coincide com a
expressão do teorema de Lagrange, aplicado à função f no intervalo [a, x].
Se f n+1 (c) for limitado numa vizinhança de c o erro é tanto menor quanto
menor for a distância entre x e a.
Exemplo 2.8.1 Determine o 3o polinómio de Maclaurin da função
f (x) = arctg x. Utilize o resultado para estimar arctg 0, 02.
Resolução:
45
Capı́tulo 3
Cálculo integral
Neste capı́tulo faz-se uma breve incursão no Cálculo Integral, passando pelo
estudo das primitivas, dando ênfase a algumas propriedades.
O cálculo de integrais tem a sua génese na necessidade de calcular áreas
exactas de figuras não regulares, como por exemplo a área de uma região do
plano, limitada por uma curva fechada.
3.1 Primitivação
Até agora o nosso estudo tem estado principalmente centrado nas funções
e nas suas derivadas: dada uma função f , achar a sua derivada f 0 . Não
obstante, muitas aplicações importantes do cálculo, estão relacionadas com o
problema inverso: dada a derivada f 0 de uma função, achar a função original
f . Assim, o problema de que vamos ocupar-nos nesta secção é o da procura
das primitivas de uma função.
Exemplo 3.1.1 Considere a função f (x) = x3 , sabemos que a derivada
desta função é f 0 (x) = 3x2 . Podemos agora considerar o problema inverso:
seja f 0 (x) = 3x2 , qual é a função que tem f 0 como derivada? Na verdade não
existe uma única função que tem f 0 como derivada, mas uma destas funções
é por exemplo f (x) = x3 . Iremos esclarecer mais à frente o facto da função
não ser única.
Definição 3.1.1 Sejam F e f funções definidas num intervalo [a, b]. Se F
é diferenciável em todos os pontos de [a, b] e se ∀x ∈ [a, b] se tem
F 0 (x) = f (x),
diz-se
R que F é uma primitiva de f em [a, b], e escrevemos P f (x) = F (x), ou
f (x) dx = F (x).
46
Teorema 3.1.1 Sejam F1 e F2 duas primitivas da função f sobre o seg-
mento [a, b]. Então F1 (x) − F2 (x) = C (em que C é uma constante), isto é,
F1 e F2 diferem entre si de uma constante.
donde podemos facilmente concluir que f (g(x)) é uma primitiva de f 0 (g(x))g 0 (x).
Podemos assim dizer que uma das regras imediatas é inverter a tabela das
derivadas. Sejam u, v : I ⊂ R → R, funções arbitrárias. Para simplificar a
notação escrevemos u e v em vez de u(x) e v(x). Considere α, a e c constantes
reais.
1. αuα−1 u0 dx = uα + c, α 6= −1;
R
R u0
2. dx = ln u + c;
u
3. au u0 ln a dx = au + c,
R
a > 0;
4. u0 eu dx = eu + c;
R
R u0
5. dx = loga u + c, a > 0;
u ln a
u0 cos u dx = sen u + c;
R
6.
47
R u0
9. dx = arctg u + c.
1 + u2
De (1) podemos escrever a fórmula para a primitivação da potência
uα+1
Z
α 0
u u dx = + c, c ∈ R,
α+1
para α 6= −1. Se α = −1 temos
Z 0
u
dx = ln u + c, c ∈ R.
u
Teorema 3.1.2 Sejam f e g duas funções primitiváveis num intervalo I e
α ∈ R\{0}, então:
R R R
1. (f (x) + g(x)) dx = f (x) dx + g(x) dx;
R R
2. (αf (x)) dx = α f (x) dx.
∀c ∈ R.
com c ∈ R.
Exercı́cio 1.1 .
48
a
(i) f (x) = sen (5x); (r) f (x) = a−x
;
(j) f (x) = 5e5x ; (s) f (x) = 2x+3
2x+1
;
(k) f (x) = 3ex ; (t) f (x) = ex
;
ex −1
(l) f (x) = e2x+3 ; (u) f (x) = tg x;
1 sen x
(m) f (x) = ex
; (v) f (x) = 9+cos x
;
x2
√
1 tg√ x−1
(n) f (x) = x
ln x; (w) f (x) = x−1
;
√
3
1+ln x 1
(o) f (x) = x
; (x) f (x) = cos2 (ax+b)
;
(p) f (x) = sen x cos3 x; (y) f (x) = ex+1 sen (ex + 8);
1 3
(q) f (x) = 2x+5
; (z) f (x) = 1+x2
.
(uv)0 = u0 v + uv 0
primitivando, obtém-se
Z Z Z
0 0
(uv) dx = u v dx + uv 0 dx
que é equivalente a Z Z
0
uv = u v dx + uv 0 dx,
ou seja, Z Z
0
u v dx = uv − uv 0 dx.
49
Proposição 3.1.3 Sejam u e v duas funções com derivada contı́nua num
intervalo I. Então, nesse intervalo
Z Z
u v dx = uv − uv 0 dx.
0
donde
sen x cos x + x
2P cos2 x = sen x cos x + x ⇔ P cos2 x = + c, c ∈ R
2
b) P xex = xex − P 1ex = xex − ex + c, c ∈ R
c) P ln x = P 1 ln x = x ln x − P x x1 = x ln x − P 1 = x ln x − x + c, c ∈ R
Exercı́cio 1.2 Calcule as seguintes primitivas, usando o método de primi-
tivação por partes:
50
1. P x2 ln x; 7. P 2xe2x ;
2. P x13 ln x; 8. P sen 2 x;
3. P arctg x;
9. P ex cos x;
4. P x cos 3x;
5. P x3 cos(x2 + 1); 10. P ex sen x;
51
Tipo de função Mudança de variável
xk−1
x2k ±a2
xk = at
1
(x2 +a2 )k
x = atg t
√ x x = b sen t ou x = ab cos t
a
a2 −b2 x2
√ x x = ab tg t
a2 +b2 x2
√ x x = ab sec t
b2 x2 −a2
x
e x = ln t
ln x x = et
sen x, cos x, tg x x = 2arctg t
√
Exemplo 3.2.1 Determine P 9 − x2 .
Consideremos x = g(t) = 3 sen t, donde g 0 (t) = 3 cos t, então
√ p p
P 9 − x2 = P 9 − g 2 (t) g 0 (t) = P 9 − (3sen t)2 3 cos t
√
= P 9 cos2 t 3 cos t = 9 P cos2 (t);
note-se que neste último passo, considerámos que o cos t era positivo, uma
vez que t = arcsen x3 e portanto t ∈ [− π2 , π2 ].
1. própria se m < n;
52
2. imprópria se m ≥ n.
Nota 3.3.1 Uma função racional imprópria pode ser escrita como uma
soma de um polinómio com uma fracção racional própria, fazendo a divisão
inteira de polinómios:
P (x) R(x)
= D(x) + ,
Q(x) Q(x)
onde D é o quociente e R o resto sendo o grau de R inferior ao grau de Q.
P (x) P (x) a1 a2 an
= = + + ... + ,
Q(x) a(x − r1 )(x − r2 )...(x − rn ) x − r1 x − r2 x − rn
53
Então,
P (x) P (x)
= m
Q(x) a(x − α) (x − r1 )(x − r2 )...(x − rn−m )
b1 b2 b3 bm−1 bm
= m
+ m−1
+ m−2
+ ... + 2
+
(x − α) (x − α) (x − α) (x − α) x−α
a1 a2 an−m
+ + + ... + .
x − r1 x − r2 x − rn−m
dk−1
1 m P (x)
bk = lim (x − α) ;
(k − 1)! x→α dxk−1 Q(x)
1 P (x)
ai = lim (x − ri ) .
(k − 1)! x→ri Q(x)
x2 + px + q = (x − α)2 + β 2 ,
P (x) Ax + B a1 a2 an−2
= + + ... + .
Q(x) (x − α)2 + β 2 x − r1 x − r2 x − rn−2
54
Caso 4 - As raı́zes do denominador são complexas e múltiplas :
Vejamos agora o último caso, em que o denominador tem pelo menos
um par de raı́zes não reais e múltiplas. Então:
P (x) A1 x + B1 A2 x + B2 Am x + Bm
= 2 2 m
+ 2 2 m−1
+ ... +
Q(x) [(x + α) + β ] [(x + α) + β ] [(x + α)2 + β 2 ]
a1 a2 an−2m
+ + + ... + .
x − r1 x − r2 x − rn−2m
O cálculo destas constantes pode ser feito, à semelhança dos casos an-
teriores, usando o Método dos coeficientes indeterminados ou o Método
de Heaviside.
|P | = max (xk+1 − xk ).
0≤k≤n−1
55
Definição 3.4.3 Seja f uma função limitada no intervalo [a, b] e seja P
uma partição de [a, b]. Uma soma de Riemann de f em relação a P é qualquer
expressão da forma
Xn−1
f (yk )(xk+1 − xk ),
k=0
Nota 3.4.1 .
56
3.4.2 Propriedades do integral
Vejamos agora algumas propriedades directamente relacionadas com o cálculo
numérico dos integrais.
Proposição 3.4.1 O integral depende da função integranda e do intervalo
de integração, a variável de integração não interfere com o seu valor, isto é:
Z b Z b
f (x) dx = f (t) dt.
a a
Proposição 3.4.4 .
57
Note-se que, na propriedade anterior a terceira alı́nea é consequência directa
das primeira e da segunda.
Proposição 3.4.6 Seja f uma função integrável no intervalo [a, b], tal que
f ≥ 0. Então : Z b
f (x) dx ≥ 0.
a
isto é, Rb
f (x) dx
a
b−a
= f (c) = λ.
A este λ chamamos o valor médio de f no intervalo [a, b].
58
3.4.3 Teorema fundamental do cálculo integral
Antes de passarmos ao teorema propriamente dito, comecemos por definir
integral indefinido de uma função f .
59
3.4.4 Integração por partes
A fórmula de primitivação por partes é adaptada ao cálculo de integração
por partes da seguinte forma:
Proposição 3.4.11 (Fórmula de integração por partes) Sejam u e v duas
funções diferenciáveis em [a, b] com u0 e v 0 integráveis em [a, b]. Então:
Z b Z b
0 b
u v dx = [uv]a − uv 0 dx.
a a
60
Re ln x
Exemplo 3.4.4 Calcule o seguinte integral: 1 x ln x+x
dx.
Z e Z 1 Z 1
ln x
x ln x+x
dx = t
et (1+t)
et dt = t
t+1
dt =
1 0 0
Z 1
= (1 − 1
1−t
) dt = [t − ln(1 + t)]10 = 1 − ln 2.
0
dx
No ponto anterior fizemos a substituição x = et , logo dt
= et e ainda
x = 1 ⇒ t = 0 e x = e ⇒ t = 1.
61
Rb
Temos que B = d f (x) dx pois no intervalo [d, b] a função f é contı́nua e
positiva. Imaginemos que a região A é reflectida em relação ao eixo dos
xx. Entre [a, b] obtemos um gráfico relativo à função (−f ). É claro que
Rd
A = a [−f (x)] dx . Logo
Z d Z b
A+B = [−f (x)] dx + f (x) dx.
a d
1 1 1
x2 x3
Z Z
2 2 7
A= (x − (x − 1)) dx = (x − x + 1) dx = − +x = .
0 0 2 3 0 6
62
3.5.2 Cálculo de volumes de sólidos de revolução
Se fizermos rodar uma região do plano em torno de uma reta desse mesmo
plano, obtemos um sólido a que chamamos sólido de revolução. A reta em
torno da qual se efectua a revolução é chamada reta de revolução.
Consideremos a região limitada pelo gráfico de uma função contı́nua e positiva
f , pelo eixo dos xx e pelas retas x = a e x = b.
Façamos rodar essa figura em torno do eixo dos xx. Obtemos um sólido de
revolução.
Não há um modo simples de determinar o volume deste sólido de revolução a
não ser em casos particulares. Por exemplo, se f for uma função constante,
o sólido obtido é um cilindro e o seu volume será dado por
63
No caso geral, vamos dividir [a, b] em subintervalos e em cada subintervalo
aproximamos o sólido obtido por meio de cilindros. Façamos então aumentar
o número de subintervalos sem cessar até a sua amplitude tender para zero.
Vamos obter uma soma de Riemann para uma certa função.
Nota 3.5.2 Não é preciso supor f positiva pois se f for nula nalgum
intervalo o valor resultante é nulo; e se f for negativa o valor obtido é o
mesmo que o respeitante à função (−f ).
Definição 3.5.2 O volume do sólido de revolução obtido ao rodar em
torno do eixo dos xx uma figura limitada pelas retas x = a e x = b e por
duas funções contı́nuas e não negativas f e g definidas em [a, b] e tais que
f (x) ≥ g(x) ≥ 0, para todo o x pertencente ao intervalo [a, b], é a diferença
entre o volume do sólido de revolução gerado pela rotação em torno do eixo
dos xx da figura limitada pelo gráfico de f e pelas retas x = a e x = b e o
volume do sólido de revolução gerado pela rotação em torno do eixo dos xx
da figura limitada pelo gráfico de g e pelas retas x = a e x = b:
Z b Z b Z b
2 2
π [f (x)]2 − [g(x)]2 dx.
V = π[f (x)] dx − π[g(x)] dx =
a a a
64
Definição 3.5.3 Seja f contı́nua no intervalo [a, b]. O volume V do sólido
de revolução gerado pela rotação em torno do eixo da reta y = k da figura
limitada pelo gráfico de f , pelo eixo dos xx e pelas retas x = a e x = b, é
dado por Z b
V = π[f (x) − k]2 dx.
a
Exemplo
√ 3.5.2 Calcule o volume de uma esfera com raio 1. Consideremos
y = 1 − x2 , temos
√
1 Z 1 3 1
Z
2 2
2 x 4
V = π ( 1 − x2 ) − 0 dx = π (1 − x ) = π x − = π.
−1 −1 3 −1 3
65
3.5.3 Cálculo do comprimento de curvas
Muitas vezes necessitamos de calcular comprimentos de curvas para resol-
ver certos problemas. Por exemplo, podemos querer determinar a distância
percorrida por um projéctil ou o comprimento de um arame não flexı́vel de-
formado; a caracterı́stica comum a estes exemplos é que podem ser descritos
por meio do gráfico de uma função contı́nua. A ideia é dividir o gráfico em
pequenos pedaços, aproximar cada pedaço por meio de um segmento de reta
e fazer tender para infinito o número de pedaços enquanto o tamanho de
cada pedaço tende para zero. Obtemos assim uma soma de Riemann para
alguma função. Para fazer aparecer esta função é preciso supôr que a função
de partida é aquilo a que se chama uma função suave.
Nota 3.5.3 No caso em que a função f não tem derivada contı́nua, mas
tem derivada contı́nua num número finito de intervalos, podemos aplicar a
definição a cada um dos intervalos e no fim adicionarmos as parcelas obtidas.
√
Exemplo 3.5.3 Calcule o comprimento da curva y = x3 − 2 entre x = 0
e x = 4.
s 2
Z 4 Z 4r
3 1 9
L= 1+ x 2 dx = 1 + x dx =
0 2 0 4
3 4
8 √
Z 4 r
4 9 9 4 2 9 2
= 1 + x dx = 1 + x = ( 1000 − 1).
9 0 4 4 9 3 4 27
0
66
Bibliografia
67