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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

DISCIPLINA: TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Curso: Mestrado Profissional em Gestão Pública
Professor: Fábio Resende de Araújo
Aluna: Lucimar Cezar Fernandes

RESENHA CRÍTICA

DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS PARA A REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA BRASILEIRA

ABRUCIO, F. L. Desafios Contemporâneos para a Reforma da Administração Pública


Brasileira. In: PETERS, G;PIERRE, J. (org). Administração Pública: coletânea. São
Paulo: Editora UNESP. 2010. P. 537 a 548

O texto aborda a evolução ocorrida no campo da Reforma da Administração Pública


no Brasil entre o final da década de 1980 e o ano de 2010, no decorrer do segundo
mandato do governo Lula.
Inicialmente o autor destaca a contextualização histórica, com a crise do regime
autoritário do período militar, permeado pelo descontrole financeiro, falta de
responsabilização dos agentes públicos, politização da burocracia dos entes
subnacionais e fragmentação excessiva das empresas públicas, ambiente propício a
mudanças.
Segundo o autor, em virtude deste cenário, no final da década de 1980, importantes
mudanças relacionadas às contas públicas foram implementadas, dentre elas, a criação
da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
No entanto, as maiores mudanças ocorreram a partir da Constituição de 1988, tais
como: fortalecimento do controle externo, sedimentação dos princípios da legalidade e
publicidade, descentralização administrativa, oportunidades de maior participação da
sociedade e inovações na gestão pública, redesenho e disseminação de políticas
públicas e profissionalização da burocracia.
Porém, de acordo com Fernando Luiz Abrucio, apesar dos ganhos trazidos pelas
mudanças, ocorreram problemas para sua implementação completa:
 quanto à democratização do Estado: patrimonialismo, interferência política;
 quanto à descentralização: multiplicação desordenada de municípios, falta de
cooperação intergovernamental, patrimonialismo local.
 quanto à profissionalização: corporativismo, criação de falsas isonomias, modelo
equivocado de previdência, legislação voltada para a própria burocracia.
A percepção de que a Constituição de 1988 não havia resolvido os problemas da
administração pública, discorrida no texto, foi ingrediente para que, na Era Collor,
houvesse um desmantelamento da máquina pública e o servidor passasse a ser tido
como vilão dos problemas nacionais.
Foi a partir do governo Fernando Henrique Cardoso que se iniciou um grande
movimento reformista, que teve como principal pilar o Ministério da Administração e
Reforma do Estado (MARE). A Nova Gestão Pública, comandada por Bresser,
consubstanciou-se em uma reforma gerencial do Governo Federal em contraponto com
a estrutura burocrática existente, que trouxe, dentre outros, segundo o autor, maior
transparência das informações públicas, fortalecimento das carreiras típicas de Estado,
teto para gastos com o funcionalismo, estabelecimento de parâmetros para gastos
públicos e apropriação do princípio da eficiência.
A administração pública, conforme relatado, adotou o modelo gerencial, visando a
melhoria de desempenho, voltado para resultados; influenciou os governos subnacionais
a adotarem maior participação da sociedade, agilidade das ações, implantação de
Centros de Atendimento Integrado; introduziu várias inovações ao setor público, com
mecanismos de avaliação, ações intersetoriais e o governo eletrônico, que propiciou
redução de custos, aumento da transparência e redução potencial da corrupção; permitiu
o surgimento de entidades não estatais; sedimentação do planejamento por meio do
PPA, a partir de programas e projetos; além de propiciar um avanço na questão fiscal
com a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Problemas e erros na reforma apontados: contexto anterior de desprestígio do Estado
e do servidor, ausência de experiência de reformismo democrático, prevalência do
econômico sobre o gerencial, adoção de conceito restrito de carreiras típicas de Estado,
oposição à gestão burocrática ao invés de incorporação, condições políticas
desfavoráveis consubstanciadas na oposição, que taxava as mudanças de neoliberais,
e na antipatia da classe política com a profissionalização da burocracia e avaliação de
resultados por meio de metas e indicadores o que dificultava a distribuição política dos
cargos.
Finalizando, o autor se reporta ao governo Lula, contemporâneo do escrito,
enfatizando seus pontos positivos: deu segmento a algumas iniciativas anteriores, com
reforço de algumas carreiras, evolução do governo eletrônico, aperfeiçoamento de
mecanismos estatais com ações da Polícia Federal e estruturação da Controladoria-
Geral da União, para o combate à ineficiência e à corrupção, implementação da
democracia participativa, implementação dos Programas PNAGE E PROMOEX,
respectivamente relacionados à modernização das instituições subnacionais (governos
e tribunais de contas); e negativos: não estabelecimento de agenda pró reforma,
vinculação à corrupção, ocorrência de patrimonialismo, distribuição política de cargos,
da administração indireta, dos fundos de pensão, dentre outros.
O autor conclui que a questão primordial, dos últimos vinte anos, é a ausência de
visão integrada e de longo prazo para a gestão pública no Brasil.
Este texto enfrenta o tema, contemplando em seu desenvolvimento aspectos
relevantes para seu entendimento de maneira clara e sobretudo concisa. Traz
considerações interessantes acerca da contextualização histórica, com posicionamento
neutro de aspectos positivos e negativos dos governos envolvidos na reforma.
Mas, especialmente, deixa a mensagem inequívoca da premência de ações
integradas entre os governos para a evolução da própria administração, o combate ao
patrimonialismo e clientelismo, ainda existentes, apesar de repulsivos no ponto de vista
democrático.

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