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John Leddy Phelan foi quem iniciou a pesquisa sobre a origem do nome
América Latina, publicada em fins da década de 60 do XX, mantendo-se ainda com
predominância nas referências sobre o tema em nossos dias. Para esse autor o nome
América Latina aparece no contexto do “panlatinismo” francês das primeiras décadas
do XIX, onde a França pretendia a subjugação das repúblicas latinas de língua
espanhola e o impedimento do alastramento do império norte-americano, ações
cimentadas pela raiz cultural “latina”. Um dos maiores promotores uma união
panlatina, governada pela França, foi Michel Chevalier, que ao pensar nessa união
como necessária para a proteção dos povos de origem latina, com maior nitidez a
partir da década de 1930, marca o aparecimento não do nome, mas da noção de uma
América Latina; e também de sua contraposição, uma América Saxônica – e neste
ponto também concorda Arturo Ardao.
Um terceiro autor, Miguel Rojas Mix, com publicações sobre o tema na década
de 90 do XX, converge em partes com as análises de Ardao. Entre as suas
discordâncias, a primeira é sobre o criador do nome América Latina. Para Mix, este
teria sido Francisco Bilbao, exilado em França, chileno como o historiador, alguns
meses antes do colombiano apontado pelo historiador uruguaio; o objetivo de Bilbao,
com a propagação do nome América Latina, era a união dos países latinos frente às
investidas do incipiente império norte-americano. Esse objetivo, assim como o uso do
nome, foi abandonado por conta da invasão francesa ao México. Ardao também
analisou os escritos de Bilbao, porém concluiu que o seu uso de “Latina” em América
Latina era um uso meramente adjetivo ainda. Mix considera que a limitada relevância
dada por Ardao a Bilbao provem de um preconceito contra este, por se tratar de um
personagem histórico marginalizado. Mais ainda, o historiador chileno asserta que
Torres Caicedo, o autor apontado por Ardao como criador do nome América Latina,
plagiou Francisco Bilbao, uma vez que as circunstâncias propiciavam essa
possibilidade.
Conclusão:
Diante esse embate, Farret e Pinto, autores do artigo, concluem que a análise
de Phelan tornou-se obsoleta, principalmente por se ter mostrado, tanto Mix quanto
Ardao, que o nome América Latina foi criado por hispanoamericanos, visando a
anteposição ao imperialismo estadunidense. Também é ressaltado pelos autores o
fato de, no cenário brasileiro, os três autores aqui confrontado serem relativamente
desconhecidos, principalmente os dois últimos, assim como a própria discussão em
si. Isso se deveria, talvez, a ausência de uma tradição de pesquisa em história da
américa, mas é de se considerar a questão do Brasil não ter participado na criação e
nos embates identitários sobre o nome América Latina.
A historiografia da crise
Outra historiadora que assume essa matriz, Maria Alba Pastor, interpreta esse
período como uma crise ensejada pela desestruturação da sociedade indígena, pelas
reformas da Igreja, influenciadas também pela Contra-Reforma, e, por fim, pelo projeto
político que pretendia retirar essa sociedade dessa crise; para a qual a Companhia de
Jesus é fundamental. Entre esses projetos ou propostas, pode-se distinguir: um,
contra-reformista e monárquico, que pretendia “disciplinar e unificar as múltiplas
culturas diversas; combater o relaxamento moral; catequizar os nativos e combater as
idolatrias e heresias; impulsionar a educação; difundir a arte maneirista; estabelecer
o Tribunal do Santo Oficio; reorganizar e controlar a cobrança de dízimos e ampliar o
clero secular (REIS, apud PASTOR, 1999: 8-11). Um segundo projeto era Criollo,
pretendia mudanças apenas à organização e estrutura interna do vice-reinado, reflexo
da ascensão da classe criolla; mudanças que iam da burocracia aos modelos de
matrimônios e circulação de prestígio social, do acesso aos centros educativos ao
núcleo comercial. “Havia, pois, um choque entre o projeto contra-reformista e
monárquico, cujo eixo estava nas propostas de centralizar, reformar, reordenar,