Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
MACACOS
DRAUZIO VARELLA
PUBLIFOLHA
€ 2000 Publifolha - Divisão de Publicações do Empresa Folha da Manhã S.A.
© 2000 Drauzio Varella
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida,
arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa
e por escrito da Publifolha - Divisão de Publicações da Empresa Folha da Manhã S.A
Editor
Arthur Nestrovski
Ilustrações
Libero Malavoglia Junior
Revisão
Mario Vilelo
Editoração eletrônica
Picture
00-2144 CDD-S99 8
PUBLIFOLHA
Divisão de Publicações do Grupo Folho
1. ORANGOTANGOS................................................................ 15
2. GORILAS .................................................................................... 29
3. CHIMPANZÉS ........................................................................... 41
4. BONOBOS.................................................................................. 59
EPÍLOGO......................................................................................... 75
O ACASALAMENTO
O SISTEMA SOCIAL
HÁBITOS AUMENTARES
A DISPERSÃO DOS
GORILAS DAS MONTANHAS
' D.P. Watts, "Agonistic Relationships of Feinale Mountain Gorillas”; em: Beluwioml
Híoloíty and Sodobiology, 34 (1994); p. 347-5K.
D.R Watts. “Social Relationships of Residem and Immigrant Female Mountain
Gorillas. II: Rclatedncss.Residcnce.and Relationships Between Feinales”;em:G iikt/iVíii
Journal of Priniatoloyy, 32 {1994);p. 13-30.
AS RELAÇÕES ENTRE OS MACHOS
1. Feminino
Lá pelos 14 anos, ao atingir a adolescência, a fêmea
enfrenta o dilema de permanecer ou deixar o grupo.
Emigrar ê a decisão da maioria (defesa contra o inces
to). No novo grupo ela se sentirá fortemente atraída
pelo costas-prateadas, mas não será a única, todas as
outras também. Como as que estão lá há mais tempo
levam a vantagem de uma possível hierarquia previa
mente estabelecida, a recém-chegada precisa de estra
tégia para galgar uma posição que lhe garanta proxi
midade ao costas-prateadas.
Se ela tiver parentes dentro do grupo, ficará mais
fácil; se forem irmãos ou irmãs do lado materno, melhor
ainda. Caso contrário, será mais complicado; como disse
mos, alianças entre fêmeas sem parentesco são raras.
Uma vez dentro do grupo, a fêmea enfrentará o
segundo dilema: valerá a pena permanecer submissa
àquele dominante ou procurar outro melhor? Conti
nuar com o mesmo traz as vantagens e as desvantagens
da estabilidade; a posição dela pode ser hierarquicamente
inferior à de outras fêmeas do grupo, ou o dominante
estar mais fraco e menos protetor. Se optar por juntar-
se a outro grupo, terá que lutar pela posição no ranking
das fêmeas que fazem parte dele há mais tempo.
O comportamento final estará sujeito á análise
dessas variáveis. Dele dependerá o sucesso reprodutivo.
2 . Masculino
Quando chega a adolescência, o macho também enfren
ta o dilema de deixar ou permanecer no grupo natal.
Permanecer no grupo tem a vantagem de poder
contar com a força do pai e dos irmãos para a defesa,
mas traz desvantagens reprodutivas: assediar sexualmen
te as fêmeas do pai pode custar caro. Como vimos, os
machos adultos costumam agredir com violência o
adolescente assediador.A surra pode ser tão forte que
o adolescente daí em diante passa a guardar distância
prudente do pai, na rotina diária.
Nesse caso, a paciência é a estratégia reprodutiva.
£ preciso esperar que o costas-prateadas perca as con
dições para se manter no poder. Quando isso aconte
cer, as fêmeas deixarão de se interessar por ele e ado
tarão uma de três estratégias: aceitar a figura do novo
dominante, emigrar em busca de proteção ou trazer
novos machos para o grupo.
Sair do grupo natal, opção da maioria dos ado
lescentes, envolve o perigo de andar sozinho pela flo
resta aos 14 anos, atrás de fêmeas defendidas por ma
chos violentos, que não costumam entregá-las sem
combate (mortal, às vezes).
O costas-prateadas, por sua vez, precisa calcular
com precisão o risco de agregar mais fêmeas a seu
harém: terá condições de defendê-las (e aos filhotes
que nascerem) sozinho ou será obrigado a aceitar ou
tros machos no grupo? Valerá a pena envolver-se em
luta corporal com outro costas-prateadas pela posse
da fêmea desejada?
E preciso sabedoria. Uma decisão precipitada
pode custar-lhe a perda do harém e a impossibilidade
de cumprir o mandamento supremo da vida: crescei e
multiplicai-vos.
SBZNVdWIHD '£
s chimpanzés estão mais próximo de nós
do que do gorila: apresentam mais de
o 98% de identidade genética com o ho
mem.
O dimorfismo sexual é bem menos pronun
ciado neles: a fêmea pesa em média 40 quilos, e o
macho, 48. Diferença de 20%, praticamente a mes
ma que existe entre homens e mulheres; muito di
ferente de orangotangos e gorilas, espécies nas quais
o macho chega a pesar o dobro. O volume craniano
dos machos é maior do que o das fêmeas (404
versus 385 cm3); as dimensões dos membros, da cir
cunferência do tórax e dos dentes caninos, tam
bém.
Como nos gorilas e orangotangos, a gravidez
dura oito meses. Os filhotes nascem com a face bran
ca (que no decorrer da vida escurece) e precisam
de cuidados maternos por cerca de cinco anos.Tanto
tempo ocupadas com os filhos, as mães não conse
guem produzir mais do que três ou quatro descen
dentes, em 40 anos de vida média.
Além da inteligência e semelhança física com
os humanos, o que mais impressiona nos chimpan
zés é a complexidade da organização social.Vivem
num sistema chamado fusão-fissào, isto é, bandos
de indivíduos que se reúnem em grupos e depois se
afastam. Nas fases de fusão, nos bandos, convivem
diversos machos, fêmeas e filhotes numa sociedade
patriarcal. Na busca de destaque social que lhes ga
ranta maior acesso ãs fêmeas, os machos estabele
cem alianças com os outros membros do grupo. O
que assume a posição de dominante é chamado de
macho alfa. Ele não é necessariamente o mais forte,
é aquele capaz de formar alianças mais poderosas.
Imediatamente abaixo dele na hierarquia, estão si
tuados os machos beta e gama.
Como o homem, o chimpanzé consegue reco
nhecer a própria imagem no espelho (capacidade que
nenhum outro animal possui —exceto outro grande
primata, o bonobo, como veremos mais adiante), uti
lizar ferramenta, aprender os sinais da linguagem dos
surdos-mudos e resolver problemas novos baseados
na percepção entre causa e efeito, habilidade chama
da na literatura de “experiência do aluí!” .
A “experiência do aluí!" pode ser demonstrada
quando o observador pendura uma fruta no teto, fora
do alcance do chimpanzé, e espalha no chão algumas
caixas e um cabo de vassoura. Depois de olhar deti
damente para a fruta e os objetos colocados à dispo
sição. o chimpanzé pòe uma caixa em cima da outra
e, com o cabo de vassoura, alcança a fruta.
Os chimpanzés e os homens são os únicos ani
mais que se reúnem em bandos para matar seu seme
lhante premeditadamente.
ALIMENTAÇÃO
AGRUPAMENTO SOCIAL
A RELAÇÃO FÊMEA-COM-FÊMEA
A RELAÇÃO MACHO-COM-MACHO
A RELAÇÃO DOS
MACHOS COM AS FÊMEAS
Ao atingir a puberdade, o chimpanzé macho muda
radicalmente de atitude em relação ãs fêmeas do gru
po e começa a provocá-las com agressividade cres
cente. Na adolescência, quando o tamanho do macho
iguala o de uma fêmea adulta, a agressão se torna bru
tal. desde que não haja algum macho adulto por perto
para proteger a fêmea. Com essa atitude, o jovem chim
panzé pretende demonstrar que pode coagir sexual
mente qualquer fêmea da comunidade.
As fêmeas têm ciclos menstruais todos os meses,
e a fase de inchaço anogenital dura de dez a vinte dias.
A tase fértil, entretanto, é restrita aos dois ou três dias
finais de cada ciclo e coincide com o inchaço genital
máximo. Os machos disputam acirradamente a posse
das fêmeas nessa época.
A intenção de cada macho é manter a fêmea fér
til separada dos outros machos e passar alguns dias com
ela a sós, na periferia da comunidade. Para tanto, pre
cisa convencê-la a acompanhá-lo e impedir que os
competidores consigam o mesmo. Para aumentar suas
chances reprodutivas, os machos subdominantes pro
curam ficar próximos da fêmea preferida nos momen
tos de lazer, favorecê-la nos rituais de divisão de carne,
demonstrar paciência com os filhotes dela e fazer ses
sões de grooming prolongado com ela,conjunto de aten
ções que o macho dominante não costuma ter com
suas fêmeas. Entretanto, quando a estratégia atenciosa
não dá certo, o pretendente simplesmente espanca a
fêmea fértil para obrigá-la a seguir com ele (desde
que o dominante não esteja perto, é lógico).
Mesmo o macho dominante procura afastar a
fêmea do grupo para obter exclusividade de acesso
sexual na fase fértil, demonstrando com tal atitude a
falta de confiança na fidelidade feminina.
Diversos estudos tentaram encontrar o padrão
físico de macho preferido pelas fêmeas, mas esse pa
drão nunca foi definido; a escolha parece estar sem
pre condicionada à dominância. Independentemen-
te das características físicas, quanto mais poderoso o
macho, mais as fêmeas se interessam por ele.
Como foi dito, por força das alianças estabele
cidas o macho alfa é obrigado a conceder aos aliados
certo acesso sexual às fêmeas férteis. O privilégio é
limitado ao macho beta, ao gama e a um seleto gru
po de associados. Os rivais e subalternos só conse
guem êxito sexual através da coerção física de fêmeas
desprotegidas ou graças à infidelidade feminina. Na
caçada às fêmeas férteis, os filhotes podem ser grave
mente feridos pelos machos como forma de intimi
dar a mãe. Depois que o macho conseguiu fazer a
fêmea acompanhá-lo, a violência termina e viajam
em paz: ele. ela e o filhote. Nessa época, apartados do
grupo, podem ser atacados por machos de comuni
dades vizinhas.
Estudos genéticos têm demonstrado que parte
significativa dos filhotes de uma comunidade é con
cebida por machos que não pertencem a ela. Em
certos casos, essa parcela ultrapassa 50% dos nasci
mentos. Os observadores atribuem essas concepções
extragrupais ao resultado das visitas clandestinas que
as fêmeas fazem às comunidades vizinhas, uma vez
que as invasões de uma comunidade por um grupo
estranho provocam lutas ferozes entre os machos,
sem oferecer oportunidade para acasalamentos.
De fato, a observação cuidadosa dos hábitos dos
chimpanzés em liberdade mostra que as fêmeas, como
são mais solitárias, costumam realmente se afastar de
seus bandos por períodos de um a dois dias. para visi
tar grupos vizinhos muitas vezes distantes do delas.
A. Pusev.J. Williams e J. Goodall. "The Influence ot'Dominance Rank on the
Reproductive Succe« ot" Female Chimpanzees"; em: Sden(c. 277 ; 1997); p. 828-31.
Assim agindo, podem engravidar de machos estranhos,
mas correm risco:
1. Podem ser consideradas estranhas pelo outro
grupo e sofrer ataque mortal.
2. Podem despertar a fúria infanticida dos machos
ludibriados de sua comunidade, porque os machos cos
tumam matar filhotes concebidos em outros grupos.
As escapadas femininas, no entanto, trazem duas
vantagens genéticas que favorecem a perpetuação do
comportamento:
1. As chimpanzés adultas tipicamente copulam cen
tenas de vezes para cada filhote concebido. Apenas pe
quena fração dessas relações sexuais é mantida nos curtos
períodos de contato com machos estranhos. Portanto,para
nascerem tantos filhos de pais desconhecidos a infidelida
de deve ocorrer nas fases de fertilidade, coincidentes com
o período ovulatório. Com as visitas secretas, as fêmeas
ganhariam acesso a genes não disponíveis em seus grupos;
estariam “escolhendo genes”, como dizem os cientistas.
2. Quando a fêmea fértil visita outro grupo, é pro
vável que não consiga selecionar um parceiro específico
e se relacione sexualmente com diversos machos.Tal com
portamento pode funcionar como defesa contra o
infanticídio, no caso de esses parceiros sexuais um dia
atacarem sua comunidade. Os chimpanzés não costu
mam agredir filhotes das fêmeas com as quais mantive
ram relações sexuais.
Até 1997, quando foram publicados os primei
ros estudos sobre infidelidade feminina entre os
chimpanzés, pensava-se que a reprodução atendia
exclusivamente aos interesses dos machos.* Hoje se
ALIMENTAÇÃO
FORMAÇÃO DE GRUPO
VIDA SEXUAL
LIVROS
VÍDEOS
2 OS A L IM E N T O S T R A N S G Ê N IC O S M arcelo Leite
6 0 N A R C O T R Á F IC O Mario Magalhães
Este livro foi composto nas fontes 8embc
e Geometr 41 5 e impresso em junho de
2000 pela Gráfica Circulo, São Paulo,
sobre papel offset 90 g/rrv, com fotolitos
fornecidos oelo Publifoiha-
FOLHA ***
EXPLICA