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Abreu
Baer
Bonelli
Villela e Suzigan
Simonsen
Bibliografia:
A utilização desse material é restrita a fins estritamente acadêmicos. Sua utilização com
outros objetivos é vedada. Os alunos da faculdade de economia do IBMEC e do curso
preparatório para o Exame Nacional da ANPEC do CORECON – 1a Região estão
autorizados a reproduzir este material, com fins estritamente acadêmicos.
Críticas, sugestões e indicações de eventuais erros são bem-vindas. Favor enviá-las para:
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1) Crises de liquidez
2) Lei Bancária de Rui Barbosa (1890) ⇒ Encilhamento: i)especulação bursátil;
ii)desvalorização e surto industrial; e iii)inflação
3) Funding Loan (1898): suspensão dos pagamentos da dívida até 1911
4) Programa de estabilização de Joaquim Murtinho (1898-1902): reversão dos
excessos do encilhamento
10) Crise cambial: i) 3º Funding Loan (1931); ii) controles (1931-4 e 1937-9)
11) Controvérsia: impacto anti-cíclico da valorização do café
12) Endossa Furtado: i)impacto reduzido da Crise; ii)rápida recuperação; iii)ISI:
desenvolvimento voltado para dentro
13) Projeto industrializante: embrião da intervenção estatal
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MODENESI, A.M. 9/3/2005
IV – DUTRA (1946-51)
V – II VARGAS (1951-54)
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MODENESI, A.M. 9/3/2005
XI – GEISEL (1974-79)
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MODENESI, A.M. 9/3/2005
36) [i)2o choque petróleo (1979): duplicação preço ii) ↑ juros internacionais (1980);
iii)recessão mundial] ⇒ crise da dívida (1982)
37) i)Ajuste externo: bem sucedido; ii)Ajuste interno: mau sucedido (inércia
inflacionária).
38) Década perdida: i)estagnação; ii)aceleração inflacionária.
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MODENESI, A.M. 9/3/2005
45) Plano Real (1994): estabilização bem sucedida baseada: i) ajuste fiscal (PAI e
FSE); ii) reforma monetária (URV) e iii) âncora cambial.
46) Desequilíbrio externo + trajetória ascendente dívida pública → ataque
especulativo ⇒ crise cambial (1999) ⇒ abandono âncora cambial e adoção
regime de metas inflacionárias.
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A.M. MODENESI 3/9/2005
Gustavo Franco
Sinopse
1) Crises de liquidez
2) Lei Bancária de Rui Barbosa (1890) ⇒ Encilhamento: i)especulação bursátil;
ii)desvalorização e surto industrial; e iii)inflação
3) Funding Loan (1898): suspensão dos pagamentos da dívida até 1911
4) Programa de estabilização de Joaquim Murtinho (1898-1902): reversão dos
excessos do encilhamento
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A.M. MODENESI 3/9/2005
recursos (MP) para atividade agrícola (campo) → escassez de recursos (MP) para
atividades comerciais (centros urbanos).
“Assim sendo, podem-se ter indicações sobre o modo como a disseminação do trabalho
assalariado viria a afetar o sistema bancário: a presença de crises de liquidez, e com
crescente gravidade à medida que se aproxima o ano da abolição, fornece indicação clara
do impacto monetário da difusão do trabalho assalariado no campo” (p. 7-8).
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A.M. MODENESI 3/9/2005
DVBC ET
de pagamentos d = e a relação encaixes totais-depósitos à vista e = . O
MP DVBC
+ −
multiplicador monetário é uma função crescente de d e decrescente de e: α = f d , e .
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“(...)ao final de 1889, o saldo das tentativas de reforma (expansão) monetária era
praticamente nulo. Se já em 1987 se falava em oferta insuficiente e em possibilidade de
crise, em fins de 1889 a necessidade de novas emissões era exaltada em tons dramáticos”
(p. 21).
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“A reforma monetária de 1888, que o governo imperial não executou, na forma como foi
aplicada posteriormente, concedeu o poder de emissão a inúmeros bancos regionais,
provocando subitamente em todo o país uma grande expansão de crédito (Furtado, p 171)”
“A conseqüência mais importante [da lei bancária], no entanto, parece ter sido a
desvalorização cambial, que teve dois efeitos principais. Em primeiro lugar, encarecendo
as importações incentivou o crescimento da produção interna das indústrias eu
processavam matérias-primas locais. Ao que tudo indica, houve um surto industrial na
primeira década da República. Em segundo lugar, a contínua desvalorização cambial,
protegendo renda dos cafeicultores, incentivou o excessivo crescimento da capacidade
de produção”
• O preço em reais de um bem importado (PmR$) é dado pelo produto de seu preço em
dólares (PmUS$) pela taxa de câmbio nominal (e). Neste sentido, dado PmUS$, a taxa
de câmbio nominal (e) pode ser vista como uma medida de competitividade da
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PmR $ = PmUS $ × e
e × Pf
R=
P
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“Mas não há dúvida de que a mais importante medida de política econômica adotada foi a
apressada lei bancária de 1888 [implementada em 1890] (...). Determinando que os
direitos de emissão dos bancos fossem imediatamente utilizados, o Governo provocou um
aumento muito acima das necessidades... o papel-moeda emitido aumentou 3,5 vezes. Os
resultados foram aumento médio anual nos preços(...) e rápida desvalorização da taxa
cambial. A febre de incorporações de novas empresas(...) tomou impulso, não só devido à
reforma bancária e das sociedades anônimas, como também ao clima de euforia criado
com a inauguração do novo regime político. Na ausência de um organismo de controle
central e de fiscalização, a especulação tomou conta do mercado, abarrotado de títulos de
empresas fantasmas, originando a crise conhecida por “Encilhamento” em fins de 1891,
que causou a falência de inúmeras empresas” (Villela e Suzigan, p, 13-5).
“Esses anos, localizados no início da era republicana em nosso país, têm sido
caracterizados na literatura relevante principalmente pela intensa especulação financeira e
bursátil, a criação acelerada de inúmeras empresas e a posterior crise inflacionária que só
seria resolvida a partir da adoção do programa de Murtinho em 1898” (Bonelli, p. 77-8).
“Tal lei possibilitou forte expansão monetária com base em emissões inconversíveis
feitas a partir de três orgãos emissores e lastreada em títulos públicos. A expansão
monetária foi bastante criticada, porém existiam fortes demandas por tal expansão” (Saes,
p. 79).
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“Já em dezembro de 1894, o ministro da Fazenda indaga aos Rothschild sobre algum
‘arranjo financeiro’ destinado a prover recursos para o serviço da dívida externa e evitar
pressões sobre a taxa de câmbio. Em janeiro de 1895, os banqueiros colocam entre amigos,
ou seja, sem o recurso a uma lançamento público, letras do Tesouro(...) mas o governo
brasileiro continua insistindo em um grande empréstimo” (p. 25)
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“(...) o pagamento da dívida externa tornou-se cada vez mais complicado, forçando o
governo brasileiro a procurar um acordo com os banqueiros. Este acordo foi estabelecido
em Fevereiro de 1898 – o funding loan. Em contrapartida, Campos Sales e seu ministro da
fazenda Joaquim Murtinho concordaram em alterar os rumos da política econômica interna,
passando a política monetária a ser fortemente contracionista” (Saes, p. 82).
“(...)o ano de 1891 registra uma queda inusitada da taxa de câmbio [desvalorização da
moeda doméstica](...). A relação entre esse declínio e a política monetária não parece
simples(...). De qualquer modo, é certo que as hesitações e omissões que caracterizam as
gestões de Araripe e Lucena – que se deviam em boa medida a uma conjuntura política
mais complexa que a do ano anterior – favoreciam a crise cambial. Tal pode ser visto, por
exemplo, através do espantoso crescimento da oferta de moeda a partir de setembro de
1890. (…). Não resta dúvida, por outro lado, que influências ‘exógenas’, ligadas aos efeitos
sobre as entradas de capital no Brasil do colapso da casa Baring Brothers em Londres, em
outubro de 1890 e da moratória Argentina teriam grande influência sobre o mercado de
câmbio no Brasil em 1981” (p. 23).
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“Uma das principais conseqüências desse período [do Encilhamento], no entanto, foram
os desequilíbrios financeiros do governo, problemas cambiais e inflacionários que
levaram a seguidas depreciações da taxa de câmbio. Um rigoroso programa de
estabilização seria implementado durante o governo Campos Salles (1898-1902) sob o
comando do Ministro da fazenda Joaquim Murtinho. (...)parece fora de dúvidas que o
Programa Murtinho teve, por suas características deflacionárias, um forte impacto
recessivo sobre a economia e indústria brasileiras. As falências sucediam-se à medida que
o câmbio era valorizado e os problemas o balanço de pagamentos iam sendo sanados,
em boa medida com o auxílio de empréstimos externos – em particular o funding loan(...).
O pacote fiscal e monetário associado à concessão desse empréstimo era extremamente
severo e contraiu de fato o montante de moeda em circulação(...). O investimento
industrial chegaria em 1901-1902 a seus níveis mais baixos desde 1880 aos dias de hoje, à
exceção do biênio 1915-16, em plena Primeira Guerra Mundial” (Bonelli, p. 80-1).
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Wiston Fritsch
Sinopse
1) Caixa de Conversão (1906-14)
2) O Impacto da Primeira Guerra e o 2º Funding Loan (1914)
3) Caixa de Estabilização (1926-1930)
4) Programas de Valorização do Café: Convênio de Taubaté (1906), programas
temporários (1917 e 1921) e programa permanente (1924)
5) A Economia Primário-Exportadora: o complexo cafeeiro e suas ramificações
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“Os anos entre o fim do período de ajuste recessivo da virada do século [promovido por
Salles e Murtinho] e a desaceleração que precede a Primeira Guerra Mundial marcam um
ciclo de crescimento que, em termos de duração e extensão do progresso material, não
teve paralelo na memória daqueles que o testemunharam. Após quase uma década de
estagnação econômica, entre 1900 e 1913 o produto agregado cresceu a uma taxa média
superior a 4% ao ano, a formação de capital da indústria prosseguiu em ritmo ainda
mais acelerado, realizou-se gigantesco esforço reaparelhamento do sistema de
transportes através de grandes obras portuárias e ferroviárias, mantendo-se além disso,
relativa estabilidade de preços ao longo de todo o período. A origem desse verdadeiro
milagre econômico está na repentina melhora da posição externa que se faz sentir já no
governo Rodrigues Alves (1902-1906) em virtude do rápido crescimento das exportações
de borrachas e do início do grande boon de investimentos europeus na periferia que,
com breves interrupções, duraria até as vésperas da guerra” (37).
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Os programas de valorização do café serão tratados com mais detalhes adiante.
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“Os estágios iniciais desse boom foram marcados por uma súbita melhora no balanço de
pagamentos que, induzindo volumosos influxos de ouro, causou grande expansão
monetária. De fato esse é o vínculo entre flutuações no balanço de pagamentos e
condições internas de crédito, criado pela reforma monetária de 1906, que fornece a
chave para a compreensão da dinâmica dos ciclos do pré-guerra. Com o funcionamento
da caixa de conversão entraria em ação o mecanismo de ajustamento tradicionalmente
associado a operação ‘normal’ de um regime de padrão ouro, i.e., movimentos de ouro
causariam mudanças na oferta e moeda, induzindo variações estabilizadoras no
balanço de pagamentos em conta corrente” (p. 39).
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monetária verificada desde 1913, serviu para aliviar temporariamente a crise de liquidez e
atender a despesa do governo. Entretanto, na medida que o comércio se normaliza,
apareceram grandes pressões para a depreciação da taxa de câmbio que se materializada,
ameaçava tornar mais crítica ainda a já precária posição orçamentária do governo. O
resultado natural foi a assinatura, em outubro, de um novo funding loan de 15 milhões de
libras com os banqueiros do governo, para fazer frente ao pagamento de juros dos
empréstimos federais até 1917, suspendendo-se as amortizações até 1927” (p. 41).
(ANPEC, 2001) Explique o que você entende por sistema monetário do padrão-ouro e
explicite as dificuldades dos países periféricos para seguir suas regras. Que condições
favoreceram o estabelecimento de uma Caixa de Conversão no Brasil no início do século?
Que razões determinaram o seu fechamento?
• Fim da era de ouro: i)↓ produção industrial → elevação da capacidade ociosa; ii)
↓ nível de atividade.
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“O desempenho da economia brasileira nos primeiros três anos que se seguem ao armistício
de 1918 foi profundamente influenciado pelo rápido mas violento movimento de auge e
recessão experimentados pelas principais economias aliadas. O boom internacional,
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“O rápido boom nos países centrais teve, entretanto, vida curta. A adoção de políticas
monetárias restritivas nos principais centros financeiros internacionais em reposta à
persistência de fortes pressões inflacionárias, precipitou o início de violenta recessão,
nos Estados Unidos e Reno Unido, e queda vertiginosa dos preços internacionais a
partir de meados de 1920. O colapso dos preços internacionais de produtos primários teve
efeito devastador sobre a posição externa brasileira. A violenta queda das exportações
ocorreu simultaneamente à aceleração tardia do volume de importações, provocando
súbita reversão da balança comercial em meados de 1920, o que, além de ter efeito
fortemente recessivo, causaria grande depreciação cambial a partir do segundo
semestre”
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“A carteira tinha poderes de emitir notas do Tesouro até um limite passível de ampliação
pelo Presidente da República, contra títulos comerciais, e proibia explicitamente o
redesconto de títulos públicos” (p. 47).
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Exemplo: o BACEN compra títulos públicos federais no valor de 100. ∆ AtivoBacen= 100;
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“Apesar dos graves problemas financeiros enfrentados em seus últimos meses, o Governo
Epitácio Pessoa seria concluído já em clima de franca recuperação econômica. Em
1922, voltava a crescer o preço internacional do café, havia clara reversão da tendência à
queda das exportações e do déficit comercial, verificava-se rápida retomada do
crescimento da produção industrial. Os programas de obras públicas e o crédito mais
folgado sustentavam altos níveis de atividade na construção civil. As causas da
importante reversão cíclica de 1922 não derivam, todavia, da adoção consciente de
medias estabilizadoras pelo governo em resposta ao choque externo e à recessão de 1920-1.
Elas resultaram tanto dos efeitos anticíclicos da política de valorização, que não eram
diretamente colimados pelas autoridades quando de sua adoção, quanto da propagação dos
efeitos da violenta depreciação cambial de 1920-21 através de mecanismos
estabilizadores inerentes à economia primário-exportadora brasileira [elevação das
exportações]” (p. 50).
“Esse violento colapso cambial também teve importante efeito estabilizador. Em primeiro
lugar, contribuiu de forma crucial para a grande queda das importações em 1921, que
explica a maior parte do reajustamento do balanço comercial em 1920-22, fator
importante na recuperação. Em segundo lugar, a desvalorização cambial, concorrendo
para o aumento explosivo do déficit público – e por essa via, como discutido na seção
anterior, para marcada elevação da taxa de expansão monetária em 1921-22 – também
contribui de forma importante para a reversão cíclica(...). Finalmente, ao isolar a economia
do impacto deflacionário da queda dos preços internacionais, o colapso cambial protegeu
de perdas substanciais de renda de exportadores e indústrias competitivas com
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A.M. MODENESI 9/3/2005
“(...)o programa de governo contemplava drástica redução do déficit público, com cortes
do gasto em formação de capital cumprindo importante papel no ajuste a curto prazo.
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“Os primeiros meses do Governo Bernardes, entretanto, seriam marcados por uma conduta
cautelosa na condução da política monetária, coerente com sua meta prioritária de
apreciação cambial que pressupunha corrigir a vulnerabilidade da posição externa.
Mas no terceiro trimestre de 1923, começaram a crescer rapidamente as necessidades de
financiamento da nova safra de café. As origens do problema remontam os termos do
contrato do empréstimo de 1922, que impediam o governo a iniciar nova operação de
valorização antes da liquidação do empréstimo(...)” (p. 52)
“O dilema de política econômica era, entretanto, que a sustentação dos preços poderia
tornar necessário o abandono da política monetária restritiva. (...). No início do terceiro
trimestre de 1923, num contexto de crescente aperto de liquidez como referido acima, a
superposição dos problemas sazonais decorrentes do aumento da demanda de crédito
nas colheitas de outras lavouras e da drenagem de caixa de grandes bancos tornava
extremamente difícil ao sistema bancário privado acomodar os requisitos financeiros
da valorização do café. O Banco do Brasil tendo que enfrentar pesados saques de
depósitos interbancários e com sua posição de caixa ainda comprometida pela
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A.M. MODENESI 9/3/2005
impossibilidade do governo de liquidar sua dívida de curto prazo, não teve saída senão
lançar mão, em escala crescente, de sua faculdade de emissão” (p. 53).
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tensões preocupantes nos centros urbanos. (...). Esta nova perda de controle sobre a
política monetária forneceu o motivo para que um influente grupo de políticos
intimamente ligados a Bernardes, que atribuía a persistência da fragilidade da posição
externa e das pressões inflacionárias a taxas elevadas de expansão de moeda e
preconizava a adoção de políticas contracionistas, convencesse o presidente de adotar-se
uma política ortodoxa de ajuste interno e externo, acoplando uma política monetária
contracionista à política de austeridade fiscal já então adotada” (p. 53-4).
“Já a partir do início de 1925, o Banco do Brasil eleva as taxas e restringe drasticamente
o montante de suas operações de redesconto com a intenção de reduzir a base monetária
através da retirada de notas do Tesouro em circulação, iniciando um processo de contração
monetária que seria que seria seguido sem interrupção até o fim governo. O mix
monetário-fiscal recessivo foi completado pela manutenção do esforço para equilibrar o
orçamento, já que, aos olhos dos ortodoxos, que agora controlavam a política econômica, a
disciplina fiscal era o pressuposto da viabilidade da manutenção da política monetária
restritiva” (p. 55).
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“É útil lembrar que no período 1922-25, além das dificuldades econômicas, como a crise do
café, que levou à valorização de 1922-1923, redução na entrada de capitais e de imigrantes,
o que afetou o crescimento da economia” (Villela e Suzigan, p. 136).
“Em dezembro de 1926, foi decretada nova reforma monetária. Pretendia-se um retorno ao
padrão-ouro a 200 miligramas por mil réis. Para isso, seriam utilizados o estoque de ouro
disponível, saldos orçamentários, operações de crédito, etc. Foi criado um novo fundo de
estabilização cambial – a Caixa de Estabilização, que mais tarde foi incorporada ao Banco
do Brasil. Nela seria acumulado o estoque de ouro, o qual seria comprado com emissões de
suas próprias notas. (...). À semelhança da primeira caixa de estabilização (1906-14), a taxa
de câmbio dessa segunda foi estabelecida acima da taxa de mercado [desvalorizado], com
o objetivo de causar uma pequena depreciação e, em seguida, uma estabilização. (...). A
contenção monetária e a estabilização cambial (...) foram complementadas por uma política
de equilíbrio orçamentário. (...). Como no caso da experiência anterior, a Caixa de
estabilização foi bem sucedida no seu objetivo de causar um impacto inicial através de
pequena desvalorização e subseqüente estabilização” (Villela e Suzigan, p. 136-7).
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do mercado, ao redor das bases de estabilização’. E apesar dos embaraços que o Banco
procurava criar aos compradores de cambiais, as reservas em divisas possuídas pelo
país(...) esgotaram-se rapidamente. (...). (...)o Governo na mesma linha do procedimento
anterior, extinguiu(...) a Caixa de Estabilização” (Villela e Suzigan, p. 306).
“É claro que não existe aqui a intenção de negar o fato de que os representantes políticos
dos setores agrícolas, comercial e bancário paulista ligados ao café detinham posição
hegemônica no Estado Brasileiro. (...). A preservação dessa importância foi garantida
pela enorme importância da produção cafeeira paulista para o desempenho da
economia, pelos mecanismos centralizadores de poder do sistema de controle político
implantado durante o governo Campos Salles, e pela habilidade demonstrada pela
oligarquia agrário-financeira paulista em incorporar os interesses da crescente
burguesia industrial do estado a seus próprios canais de representação política. Não se
deve perder de vista, entretanto, que o poder de São Paulo não era absoluto, e que nem
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“Desde 1820, o café aparece entre os principais produtos de exportação do Brasil (ao
lado, por exemplo, do açúcar e do algodão). De 1840 até 1970, por mais de um século,
portanto, o café respondeu por mais de 40% do valor total das exportações brasileiras,
chegando, em certos anos, a atingir 80% de seu total(...)” (Saes, p. 25).
“No fim do século passado [XIX], o Brasil era o café e o café era o Brasil – e foi aí
quando se concebeu a política de valorização do produto” (Bacha, 15).
Tabela II. 1 – Participação (%) dos Principais Produtos no Valor das Exportações: Brasil –
1889-1929
Couros
Período Café Açúcar Cacau Mate Fumo Algodão Borracha Outros
e Peles
1889-
67,6 6,5 1,1 1,2 1,7 2,9 11,8 2,4 4,8
1897
1889-
52,7 1,9 2,7 2,7 2,8 2,1 25,7 4,2 5,2
1910
1911-
61,7 0,3 2,3 3,1 1,9 2,1 20,0 4,2 4,4
1913
1914-
47,4 3,9 4,2 3,4 2,8 1,4 12,0 7,5 17,4
1918
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A.M. MODENESI 9/3/2005
1919-
58,8 4,7 3,3 2,4 2,6 3,4 3,0 5,3 16,5
1923
1924-
72,5 0,4 3,3 2,9 2,0 1,9 2,8 4,5 9,7
1929
Fonte: Saes (p. 57)
“É geralmente aceito que a mola propulsora do surto industrial ocorrido em São Paulo,
e provavelmente em outros Estados a partir da República, foi a própria monocultura do
café. Ela gerou as popanças que os fazendeiros investiram não só em infra-estrutura
mas também em atividades industriais substitutivas de manufaturas de consumo
importadas, como tecidos, alimentos, bebidas, etc. O fluxo de geração de renda acima
mencionado foi aumentado de intensidade desde os primeiros anos da república em
virtude das crescentes imigrações de colonos europeus que vinham trabalhar no cultivo
do café no planalto paulista. (...). Isso se devia ao fato de que os imigrantes não só recebiam
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A.M. MODENESI 9/3/2005
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massa de salários dos trabalhadores das fazendas de café teria sido o núcleo do mercado
interno. (...). ” (Saes, p. 55).
“(...) a transição do trabalho escravo para o trabalho livre do imigrante europeu respondeu
por algumas das mais importantes condições para a industrialização. O surgimento de
uma massa de salários, impondo uma rápida monetização da economia, conta entre as
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“(...)o café não foi a única produção relevante [na Primeira República] e a própria
economia cafeeira é bastante complexa, pois, além da fazenda de café, comporta
atividades comerciais, de transportes, bancárias e outras de natureza urbana. Ainda
assim não se pode negar que o café foi o núcleo em torno do qual grande parte da
economia esteve articulada (direta ou indiretamente) e também o fulcro da política
econômica de todo o período” (Saes, p. 44).
“Evidentemente isto não quer dizer que a dinâmica da economia se tenha modificado: as
exportações continuavam a ser o determinante do nível de produto, renda e emprego
uma vez que os demais setores se vêm, em grande medida, influenciados pelo que ocorre
no setor exportador” (Saes, p. 55).
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A.M. MODENESI 9/3/2005
• Caráter itinerante: plantio foi se deslocando ao longo do Vale do Rio Paraíba. [Rio
de Janeiro: principal produtor no início República (62%)] ⇒ [São Paulo: se
tornou principal produtor ao longo da 1ª década republicana] ← [i)desgaste solo
fluminense; ii)imigração (européia)].
“Sua produção iniciou-se nos arredores da cidade do Rio de Janeiro e seu caráter
itinerante, sempre em busca de novos solos que substituíssem aqueles desgastados por
décadas de cultivo. O principal rumo das plantações foi dado pelo Rio Paraíba do Sul(...).
À época da proclamação da República, a Província do Rio de Janeiro produzia cerca de
62% do total do Brasil, cabendo o restante a São Paulo. Ao longo da primeira década
republicana, no entanto, essa situação foi invertida(...). Tal situação não surpreende, antes
de mais nada pelo caráter itinerante da produção cafeeira: os cafezais do Rio de Janeiro, em
sua maior parte com várias décadas de existência, apresentavam produtividade em
declínio(...). Além desse motivo de ordem ‘natural’, há razões de ordem histórica para se
entender o declínio da produção fluminense diante da paulista no fim do século XIX. O
impacto da abolição do Escravismo foi relativamente pequeno em São Paulo, pois a
imigração já se fazia e massa nos anos imediatamente anteriores à Lei Áurea. Já no Ro de
Janeiro não se verificou uma corrente migratória expressiva para a cafeicultura”(Saes et
alii, p. 45).
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−
( )
Desvalorização (↑ e) ⇒ ↑ PdR$ ⇒ ↓ Qd = Q PdR$ ⇒ ↓ T
2
Ver Furtado (1991: 168).
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“As queixas dos produtores encontravam acolhida no governo federal também por causa
do significado macroeconômico do produto. O café constituía não menos do que 70% do
valor total das exportações brasileiras, e se o valor das exportações de café caia, a
balança brasileira se deteriorava, e o mercado cambial virava-se contra o país,
tornando mais difícil para o governo federal lançar empréstimos no exterior, dos quais
ele era tão dependente. Ademais do ponto de vista regional, o café era o centro da vida
econômica de São Paulo, que já era o estado mais importante do país. Em síntese, ‘se os
cafeicultores prosperavam e tinham muito dinheiro para pagar bons salários, todo
mundo prosperava, e o comércio reluzia. Se a indústria do café estava deprimida, todo
vida econômica do país se deprimia’ (Rowe). Esta descrição sugere uma enorme
complementaridade entre o café e o ritmo de atividade econômica na primeira parte
metade do século” (Bacha, 34).
“Fritsch argúi que não pode haver dúvida de que a decisão do governo federal, de
sustentar os preços do café em março de 1921, foi tomada com base na política cambial”
(Bacha, 44).
“(...)para o governo federal, a consideração relevante era manter seu acesso aos
mercados financeiros internacionais – o que era de fato a variável crítica para garantir
sua capacidade de gasto” (Bach, 44).
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(ANPEC, 2001) Você diria que durante a primeira República a política econômica do
Governo federal foi invariavelmente conduzida de modo a favorecer os interesses
corporativos da agricultura? Ilustre a sua resposta com referências às políticas cambial e
de valorização do café.
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“É inegável que São Paulo foi beneficiado por intenso fluxo e imigrantes europeus, em
grande parte destinados à lavoura do café. (...). Grande parte dessa imigração foi
subvencionada, ou seja, contou com recursos do governo para o pagamento das passagens
de navio dos imigrantes, além de abrigá-los na ‘Hospedaria do Imigrante” até que fossem
contratados por algum fazendeiro. Essa oferta de mão-de-obra relativamente ampla
constituía, portanto, importante estímulo para a expansão das fazendas de café no interior
paulista. (...). A expansão do crédito,a partir da Reforma Bancária [de Rui Barbosa](...)
forneceu recursos relativamente fáceis para a formação de novos cafezais. O mesmo efeito
teve a expansão ferroviária: a extensão de linhas de linhas férreas em São Paulo cresceu
de cerca de 1.600 km em 1885 para 3.300 km em 1900, franqueando novas áreas à
expansão cafeeira pela redução do custo de transporte. (...). De 1885 a 1890, preço
internacional do café cresceu rapidamente, aumentando também o valor total das
exportações de café do Brasil (cuja média, entre 1880 e 1884, era de 11 milhões de libras
esterlinas e atinge 1 milhões em 1889” (Saes et alii, p. 46-7).
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“O objetivo fundamental do plano era garantir preços mínimos em moeda nacional para
o café. Para isso seriam retirados do mercado os excedentes da produção, com recursos
de um grande empréstimo externo. Ao mesmo tempo, seriam reduzidas as exportações de
café de baixo tipo, e iniciada uma campanha no exterior para aumento do consumo. Mas,
sobretudo, os cafeicultores necessitavam de uma instituição de âmbito nacional que os
protegesse das variações cambiais. Por trás disso estava um dos mais importantes
objetivos: evitar que a continuação da valorização cambial prejudicasse os resultados do
plano. Foi, então, decidida a criação de um fundo de estabilização cambial: a Caixa de
Conversão. Promovendo uma ligeira desvalorização inicial e depois estabilização da taxa
de câmbio, a Caixa foi um importante fator de proteção à riqueza dos plantadores de
café. Realmente, oferecendo cambiais a uma taxa ligeiramente acima (mil-reis por unidade
de moeda estrangeira) da taxa de mercado, a Caixa de Conversão evitou que a forte
pressão para a valorização cambial existente ate 1912 diminuísse a lucratividade da
cultura cafeeira” (Villela e Suzigan, p. 96-7).
“Os esforços para manter elevado o preço do café(...) resultaram no chamado convênio de
Taubaté(...) e, logo em seguida (1906), na adoção do padrão-ouro como uma forma de
estabilizar a taxa de câmbio e proteger a cafeicultura de eventuais valorizações
cambias” (Bonelli, p. 82).
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“Internamente, a política deflacionista [de J. Murtinho] teve como primeiro efeito uma
forte crise bancária e, no médio prazo, as taxas de crescimento econômico retraíram-se,
configurando-se um quadro recessivo. Em relação aos preços internacionais do café, estes
continuaram em queda; internamente, a valorização magnífica tais efeitos, causando
importantes prejuízos sobre a cafeicultura, Por outro lado, havia dificuldade em se
convencer o governo federal a alterar sua política econômica, revertendo a valorização
cambial e ampliando a concessão de crédito. Esta última era uma reivindicação que não se
restringia à cafeicultura mas que estendia por vários setores produtivos e financeiros
do país(...)” (Saes, p. 83).
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Londres, um empréstimo que permitisse financiar a desova dos estoques de café em prazo
mais longo e, portanto, garantir a estabilidade de preços a curto prazo. (p. 38-9).
“(...)a economia mundial entrou num período de bonança que durou de 1909 1 1912,
enquanto que as colheitas brasileiras subseqüentes não foram geralmente muito grandes.
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Assim, o comitê londrino pôde ganhar controle sobre o mercado e impulsionar os preços
para cima até o final de 1912, quando, sob pressão do promotor público dos EUA, foi
forçado a anunciar a venda de todo seu estoque nova-iorquino” (Bacha, 41).
“A crise do comércio exterior que se iniciara em 1913 foi agravada durante a I Guerra
Mundial. Os preços dos produtos de exportação caíram a níveis extremamente
baixos(...)”(Villela e Suzigan, p. 117).
“Em 1913, teve início um período de crise no comércio exterior que se prolongou até
1918. A forte queda dos preços dos principais produtos de exportação levou a uma situação
que não ocorria há muito tempo: déficit na balança comercial. (...)a tendência à baixa nos
preços da borracha e do café continuou influindo desfavoravelmente em 1917-1918 sobre
os índices da relação de trocas(...). A tendência à baixa nos preços de café foi agravada
ainda mais devido à iminência de uma enorme safra em 1917-1918. Isso levou à Segunda
intervenção governamental no mercado de café(...)”(Villela e Suzigan, p. 121).
“Durante a guerra, foi necessária uma nova intervenção(...) em função das dificuldades de
exportação decorrentes da guerra e de novas grandes safras. (Saes, p. 88).
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“(...) com recursos de emissão monetária, já que a guerra tornava impossível recorrer a
empréstimos externos” (Villela e Suzigan, p. 121).
“Em julho, os estoques de Santos saltaram para 6 milhões de sacas, contra 1 milhão em
meados do ano anterior e o sistema bancário era absolutamente incapaz de congelar suas
carteiras de empréstimos para financiar os estoques. A solução natural foi uma nova
emissão de notas inconversíveis para financiar a compra da safra e reforçar o caixa do
banco do Brasil” (p. 45).
“(...)dois dias de geadas de violência sem precedentes, seguidos do fim das hostilidades
na Europa, alteraram completamente as perspectivas em relação aos preços do café. O
preço em Nova York, que se mantinha em torno de uma média de 10,8 centavos de dólar
por libra-peso em junho, atingiram mais de 22 centavos no fim do ano” (p. 45)
“A forte geada em junho de 1918 afetou severamente 300 dos 800 milhões de cafeeiros
existentes e, novamente, os preços do café tornaram a subir devido ao decréscimo de
produção e à abertura dos mercados europeus pelo fim da guerra” (Villela e Suzigan,
p. 121).
“Com a Segunda valorização do café em 1917, que resultou no aumento de seus preços
em 1918, os quais foram fortemente acelerados em 1919 tanto pela queda da produção
(resultante da forte geada em 1918), como pelo surgimento da demanda reprimida
durante a guerra, iniciou-se em 1918-1919 a recuperação do comércio exterior” (Villela
e Suzigan, p. 148).
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“Em 1921 outra operação foi realizada – o terceiro plano de valorização” (Saes, p. 88).
“O preço do café declinou novamente até 1923, quando se fizeram sentir os efeitos da
nova valorização” (Villela e Suzigan, p. 148).
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perspectiva de pequena safra para 1922, não foi difícil para os responsáveis pela defesa do
café conseguir, com a intermediação de uma firma britânica,” (p. 49).
“(...) uma substancial expansão do crédito doméstico, a qual, somente um ano depois(...)
pode ser compensada por créditos estrangeiros de curto prazo obtidos em Londres. Estes
foram eventualmente convertidos num empréstimo de longo prazo(...)” (Bacha, p. 44-5).
“(...) também auxiliado por problemas nas safras seguintes, os preços reagiram e os
estoques puderam novamente ser vendidos” (Saes, p. 88).
“Até 1924, a defesa do café se fazia de modo ‘esporádico’, ou seja, montava-se uma
operação quando os problemas surgiam. Em 1924, instituiu-se a ‘defesa permanente’
do café, que acabou sendo conduzida por São Paulo” (Saes, p. 88).
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“Como o papel ocupado pelo Banco do Brasil no esquema de defesa implantado por
Bernardes implicava em submeter a base monetária a flutuações de magnitude aleatória
e potencialmente muito grandes toda vez que se materializasse um desequilíbrio entre a
oferta e demanda mundiais de café, o sucesso da nova política monetária poderia ser
comprometido pela manutenção da forma de financiamento da valorização, como ocorrido
em 1923. (...). Considerando-se que os banqueiros ingleses condicionavam a concessão
do empréstimo ao término do envolvimento do governo no financiamento do esquema
de defesa e que este envolvimento seria certamente fator impeditivo da participação de
bancos americanos em um empréstimo federal pelo oposição do governo americano à
valorização do café, sua manutenção tornou-se disfuncional do ponto de vista dos
objetivos maiores da política macroeconômica de estabilização. Por outro lado, em 1924, os
preços do café recuperaram-se, em dois grandes saltos(...). Com os preços se recuperando
e o aumento da perspectiva de ganhos com a valorização, tornava-se politicamente muito
mais fácil para o governo declarar terminado o seu envolvimento com o esquema” (p.
54-5).
• IPDPC – Instituto Paulista para a Defesa Permanente do Café (1924) ⇒ São Paulo:
responsável pelo financiamento e condução do programa.
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fontes externas e, do pondo de vista do equilíbrio externo, este seria o caminho indicado.
Entretanto, não só os banqueiros de Londres recusavam-se a envolver-se em um esquema
permanente de defesa, como Nova York estava fechada como alternativa de financiamento
pela cerrada oposição que o governo norte-americano fazia ao esquema de valorização
brasileiro” (p. 52).
“Tão logo o mercado de capital de Londres voltou a operar num clima de intensa
competição, não foi difícil ao recém-criado Instituto do Café de São Paulo convencer um
grande Banco inglês(...) a prover os fundos necessários para que o Banco do Estado –
constituído com a finalidade básica de cumprir o papel de emprestador de última instância
aos bancos envolvidos com o financiamento do café, antes desempenhado pelo Banco do
Brasil – bancasse as eventuais necessidades de financiamento do complexo cafeeiro durante
a retenção dos estoques” (p. 57).
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“Assim que vazou a notícia da posição federal de não sustentação do Instituto Paulista, a
expectativa de uma queda de preços levou a uma corrida dos detentores de títulos de café
ao banco do instituto. Em setembro de 1929 as operações de redesconto do banco foram
suspensas” (Bacha, p. 55).
“O golpe final contra o Instituto Paulista foi dado após a revolução de 1930, através de
sucessivas decisões do governo federal assumindo o controle da política do café”
(Bacha, p. 58).
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“Por ocasião da safra de 1929/30 conjugaram-se vários efeitos que destruíram as bases
sobre as quais se sustentava o programa de valorização do café. Além do crescimento da
capacidade produtiva dos cafezais brasileiros nos anos 20, três safras de café (1927/8,
1928/9, 1929/30) foram elevadas, não registrando a alternância usual entre as safras
‘boas’ e ‘ruins’. Assim, aumentava substancialmente o excedente de café a ser estocado
e, conseqüentemente, o volume de recursos financeiros necessários para a compra desses
estoques. Além disso, a quebra da bolsa de Nova York, em outubro de 1929, iniciava
longo período de crise da economia norte-americana e mundial com dois efeitos perversos
para a economia cafeeira: de um lado, o impacto negativo sobre a demanda expresso pela
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abrupta redução dos preços internacionais do produto; de outro, a imediata retração dos
mercados financeiros internacionais que dificultava a obtenção de novos empréstimos
externos para a compra dos excedentes. (...). A crise de 1929 precipitou a destruição do
programa de defesa do café, o fechamento de Caixa de Estabilização (pela rápida evasão
de divisas ali depositadas) e, em certo sentido a própria revolução de 1930 que encerrou o
período como primeira República” (Saes, p. 51-2).
(ANPEC, 1997) A economia brasileira da República Velha tem sido caracterizada como
uma economia “primário-exportadora”. Duas políticas de valorização do café foram
implementadas ao longo desse período: uma no início desse século e a outra, na segunda
metade dos anos vinte e princípio dos anos trinta. a)Assinale as características da
economia brasileira à época que justifiquem caracterizá-la como economia primário-
exportadora. b) Descreva uma das duas políticas de defesa do setor cafeeiro e analise os
seus efeitos sobre a economia.
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IV – DUTRA (1946-51)
Besserman Vianna
Sinopse
1) Ilusão de Divisas ⇒ liberdade cambial ⇒ esgotamento reservas (conversíveis)
⇒ controles cambiais/importação(1947-53) + crédito BB ⇒ incentivo ISI.
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“A percepção desse processo não foi automática e as ilusões do início do governo Dutra
foram sendo lentamente erodidas. De qualquer forma, no início do governo o desenrolar
dos acontecimentos foi marcado por expectativas bastante favoráveis quanto à situação
econômica externa. De fato, além da perspectiva de rápida reorganização da economia
mundial de acordo com os princípios liberais de Bretton Woods, havia a esperança de
uma significativa alta nos preços internacionais do café em conseqüência, principalmente,
da eliminação do preço-teto por parte do governo norte-americano. Em conseqüência, as
autoridades monetárias e cambiais tornaram-se vítimas de uma espécie de ‘ilusão de
divisas’ que apoiava-se sobre três pontos: (1) o país parecia estar numa situação bastante
confortável com relação a suas reservas internacionais; (2) julgava-se credor dos
Estados Unidos da América pela colaboração oferecida durante a Segunda guerra
mundial, e (3) acreditava que uma política liberal de câmbio seria capaz de atrair
significativo fluxo de investimentos diretos estrangeiros, dando solução duradoura para o
potencial desequilíbrio do balanço de pagamentos” (p. 107-8).
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• [i) mantida taxa de câmbio nominal de 1939; ii) inflação no Brasil > inflação nos
EUA] ⇒ sobrevalorização real. Objetivos: i) importação de matérias-
primas/máquinas → reequipamento indústria (desgastada pela guerra) → ↓
preços industriais → ↓ inflação; ii) déficit comercial → ↓ reservas (↓ B) → ↓
inflação; ii) liberalização das saídas de capital → estimular ingresso de capital
(futuro).
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“A ilusão que primeiro se evidenciou com tal foi a falsa apreciação da situação das
reservas internacionais. É preciso notar que, durante o governo Dutra e, com destaque,
antes do estouro dos preços do café, o problema fundamental do setor externo da
economia brasileira era o saldo de pagamentos em moedas conversíveis, especialmente
dólares norte-americanos. A reservas internacionais acumuladas durante a guerra não
permitiam financiar déficits da magnitude dos observados com a área conversível: em
fins de 1946, dos US$ 730 milhões de reservas totais, apenas cerca de US$ 100 milhões
eram reservas líquidas disponíveis para a área conversível; o restante compunha-se de
libras esterlinas (bloqueadas de facto), moedas inconversíveis (somando US$ 273
milhões) e ouro depositado nos Estados unidos. As reservas internacionais em ouro (US$
365 milhões, 50% do total), porém eram consideradas pelo governo com reserva
estratégica. O problema fundamental da balança comercial estava no fato de o Brasil obter
substanciais superávits da balança comerciais com a área de moeda inconversível,
enquanto acumulava déficits crescentes com os Estados Unidos e outros países de moeda
forte [vonversível]” (p. 109).
“Assim, o Brasil, até 1948 estava acumulando saldos em, moedas fracas, isto é, sem
poder de comando imediato sobre recursos, e acumulando déficits em moedas fortes.
Parte importante do desequilíbrio é explicável pela Segunda Guerra Mundial, que tornou
extremamente difícil de obter mercadorias da Europa e preservou a capacidade de
fornecimento dos Estados Unidos, resultando em uma relação comercial especial com
este país, de onde se originam cerca de 60% das importações brasileiras em 1946-47 e
para o qual se destinam apenas 40% das exportações brasileiras naquele biênio” (p. 110).
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“Sem procurar negar a indubitável hegemonia das idéias liberais no Governo Dutra, a
relativa negligência com a industrialização do Brasil, nem a deliberada intenção de
diminuir a intervenção do estado na economia (contrapartida da ênfase nas metas de
estabilização e contenção dos investimentos governamentais), é preciso qualificar essas
posições e situá-las no contexto da época, reconhecendo também que o componente
militar da base de sustentação política de Dutra era fundamentalmente o mesmo do
Estado Novo e não havia abandonado suas preocupações estratégicas com o
‘aparelhamento econômico da nação’” (p. 116).
“(...) durante o governo Dutra houve certa tendência a enfraquecer a atuação dos
organismos estatais (principalmente no rumo da industrialização): isso respondia,
afinal, à inspiração liberal desse governo” (Saes, p. 156).
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“A política econômica doméstica do Governo Dutra pode ser definida até 1949, como
marcadamente ortodoxa. A inflação que chegara a 20% e 15% em 1944 e 1945,
respectivamente é identificada como principal problema a ser enfrentado e diagnosticada
como derivada do excesso de demanda a ser eliminado através de política monetária
contracionista que reduzisse o dispêndio privado e de política fiscal austera que acabasse
com os déficits orçamentários que vinham se acumulando nos últimos 20 anos” (p. 119).
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V – II VARGAS (1951-54)
Besserman Vianna
Sinopse
1. Projeto de Governo:
1) estabilização de preços ⇐ [i) equilíbrio fiscal → ii) política monetária
contracionista];
2) industrializante (empreendimentos) ⇐ [capital externo: financiar projetos de
infra-estrutura].
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“(...)a vitória de Getúlio Vargas nas eleições de outubro de 1950, parece ter acelerado a
disposição norte-americana de colaborar com o vasto programa de equipamento e
expansão de setores de infra-estrutura básica que o governo brasileiro vinha propondo
insistentemente desde o final da guerra. Assim é que(...) foi constituída a Comissão Mista
Brasil-Estados Unidos, que iniciou suas atividades em 1951 e que representava uma
mudança qualitativa fundamental na posição norte-americana, na medida em que se
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propunha a elaborar projetos concretos que deveriam ser financiados por instituições
como o Banco de exportações e Importações (Eximbank) e o Banco Interamericano de
Reconstrução e desenvolvimento (Banco Mundial)(...). A CMBEU era fundamental para
o sucesso da segunda fase do projeto do governo por duas razões: primeiro porque o
financiamento dos projetos por ela elaborados pelo Banco Mundial e pelo Eximbank
asseguraria a superação de gargalos na infra-estrutura econômica(...). Segundo, porque o
afluxo de capital permitiria(...) que se cumprisse a fase de realizações e
empreendimentos sem prejuízo de uma política econômica austera e ortodoxa” (p.
124).
“(...)as perspectivas da economia, do ponto de vista das transações com o exterior, eram
animadoras. Além do novo quadro de relações com os Estados Unidos, consubstanciado
na formação da CMBEU, a situação das transações comerciais externas também era
favorável, graças à elevação do preço internacional do café, em 1949. (...)dois primeiros
anos do Governo Vargas manteve a taxa de câmbio fixa e sobrevalorizada e o regime de
concessão de licenças para importar. Houve entretanto, extremo relaxamento na política
de concessão dessas licenças nos primeiros sete meses de governo. Essa orientação foi
sendo modificada, progressivamente, na medida em que ficam evidentes os graves
desequilíbrios acarretados na balança comercial” (p. 125).
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“(...) a extensa liberalização na política de concessão de licenças para importar deve ser
explicada com base nos seguintes fatores conjunturais (na ordem de importância): ‘(i)
persistência de séria pressão inflacionária e de queda da propensão a importar... (ii)
abastecimento precário do mercado interno, no que tange à produtos importados,
devidos ás restrições cambiais e de importações aplicadas com crescente severidade
desde 1948 até meados de 1950, e afrouxadas apenas parcialmente em fins de 1950, (iii)
perspectiva de crescente escassez de matérias-primas e equipamento importável, em
função da expansão dos programas armamentistas, (iv) perspectivas favoráveis da
evolução das exportações dos principais produtos, (v) posição cambial temporariamente
favorável” (p. 126).
“O impacto sobre a posição cambial foi violento no tocante à redução das reservas em
moedas conversíveis, o que se explica pela necessidade de financiar nessas moedas a
maior parte dos encargos do balanço de pagamentos referentes à conta de serviços e
capitais. (...). Em 1 de agosto de 1951 o Conselho da superintendência da Moeda do crédito
(SUMOC) define instruções para que a CEXIM reintroduzia um regime mais severo de
licenciamento” (p. 126).
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“O que tem iludido muitos observadores da balança comercial brasileira nesse período é a
defasagem existente entre a política de licenciamento do governo e as importações
efetivadas, derivada do fato de as licenças possuírem vida útil entre seis (para bens
supérfluos) e doze meses (para bens de produção), exigindo prazo extenso para que as
decisões de restringir a concessão de licenças se refletissem nas estatísticas ce importação”
(p. 127).
“A crise cambial de 1952, portanto, tem origem na perda temporária de controle sobre o
comércio exterior decorrente da defasagem existente entre a concessão de licenças e a
efetivação das importações e em uma série de fatos não previstos pelas autoridades
econômicas, tais como a crise na indústria têxtil mundial e a conseqüente queda
vertiginosa das exportações de algodão, a forte retração das demais exportações (com
exceção do café), o gasto de dólares na aquisição de trigo dos Estados Unidos por causa
da quebra da produção Argentina, despesas adicionais com fretes e imposição de
sobrepreços nas importações como conseqüência dos atrasados comerciais (chegando à
vezes a 25%). O baixo nível de influxo de capital estrangeiro não ajudou a minorar as
dificuldades. A crise cambial correspondeu a um fratura de uma das pernas que deveria
sustentar o projeto(...)” (p. 128).
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“No início de 1953, a conjuntura econômica estava dominada pelo colapso cambial do
país. Com atrasados comerciais acumulados em mais de US$ 600 milhões e sem ter
obtido êxito na redução da inflação em relação aos níveis existentes quando do começo do
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• [i) mudança de governo nos EUA (Eisenhower); ii)conflito entre Banco Mundial
e Exinbank; iii)colapso cambial → atrasados comerciais → mudança de atitude
do Banco Mundial] ⇒ fechamento da CMBEU (1953).
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“(...)na prática ele institui o sistema de taxas múltiplas de câmbio, algumas das quais
flutuantes” (p. 134).
“Os objetivos a serem alcançados no comércio exterior com a Lei do Mercado Livre eram
claros: primeiro, possibilitar o escoamento da exportação dos gravosos [baixa
competitividade], sem prejuízos na receita cambial obtida com produtos de demanda
inelástica em relação ao preço e que estavam obtendo altas cotações no mercado
internacional (café e cacau, a inclusão do algodão nesse grupo suscitou polêmica).
Segundo, reduzir a propensão a importar através do deslocamento para o mercado
livre, de cerca de um terço do valor total das importações, substituindo, dessa forma,
parte da limitação das importações através da licença prévia” (134-5).
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Exportação: (Banco do Brasil monopólio compra divisas): café: oficial + Cr$ 5,0/US$; ii)
demais: oficial + Cr$ 10,0/US$; iii)movimento de capital: livre.
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“Do lado das importações, as taxas múltiplas de câmbio através do sistema de leilões,
permitiram amplas desvalorizações cambiais que vieram substituir o controle de
importações como instrumento para o equilíbrio da balança comercial, e manutenção de
uma política de importação seletiva(...) de acordo com o critério de essencialidade e, por
conseqüência, de proteção à produção industrial doméstica. Além disso, o recolhimento
dos ágios vaio constituir importantíssima receita para a União(...)” (p. 141).
“Com relação à cunha fiscal, os recursos obtidos com a arrecadação dos ágios
decorrentes dos leilões de promessa de Venda de Câmbio vieram creditados no Banco do
Brasil(...). Esperava-se – como de fato ocorreu – que essa conta tivesse saldo positivo
elevado” (p. 141).
“A Instrução 70 da SUMOC pode ser vista como uma medida temporária objetivando
aliviar a situação do balanço de pagamentos. Ao mesmo tempo, ela foi um instrumento de
importância indiscutível no estímulo à industrialização. De fato, pelos seus resultados
ela foi um verdadeiro ‘divisor de águas’ na história da industrialização brasileira(...). As
principais mudanças no sistema cambial introduzidas pela instrução foram as de tornar o
controle do câmbio mais eficiente, eliminar a possibilidade de acumular déficits
comerciais e reduzir práticas ilegais possibilitadas pelo sistema de licenciamento de
importações anteriormente adotado. Como resultado surgiram novas formas de proteção
à indústria doméstica e, ocasionalmente, uma reserva de mercado para novos setores
industriais. A instrução estabelecia a venda pública do câmbio para importadores de
acordo com cinco categorias de bens, que eram sobretaxados diferentemente. Estas
sobretaxas eram determinadas em leilões de divisas estrangeiras nos quais as autoridades
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monetárias ofereciam blocos de moeda externa por categoria importada, de acordo com
a disponibilidade de cambiais. Alguns bens não participavam dos leilões: importações
para empresas do governo, trigo, papel de imprensa, petróleo e seus derivados. Estes
produtos eram submetidos ao custo de câmbio, que correspondia aproximadamente à taxa
média de exportação. O sistema de taxas de câmbio diferenciadas e obtidas em leilões
penalizava as importações de supérfluos e estimulava as importações de bens de
capital e intermediários” (Bonelli, 109).
101
MODENESI, A.M. 3/9/2005
Pinho Neto
Sinopse
1) Instrução 113 (jan/1955): busca de equilíbrio externo ⇒ importação de
equipamentos sem cobertura cambial.
• ⇓ preço do café (1954: 60% das exportações) ⇒ grave crise cambial ⇒ busca do
equilíbrio externo: principal objetivo de política econômica.
“(...)o problema de financiamento da América latina seria resolvido por fluxos de capitais
privados e não por auxílio econômico do governo americano” (152).
102
MODENESI, A.M. 3/9/2005
Importação sem cobertura cambial: não passa pelas reservas → não pressiona a
taxa de câmbio (Importação: (–); Investimento Direto: (+)).
“Uma das mais importantes medidas tomadas na época foi a Instrução 113 da SUMOC
(de 1955) que favorecia a entrada de capital estrangeiro na forma de investimentos
diretos e que, como tal, foi o primeiro documento a incentivar claramente a instalação
de empresas estrangeiras na indústria. (...). Nos termos em que foi estabelecida, a
Instrução 113 era muito mais vantajosa para as empresas estrangeiras do que para as
empresas nacionais. Nesse sentido, o documento também constitui uma peça chave para
a compreensão do ‘processo de internacionalização’ que caracterizou os boons
industriais de 1956-62 e de 1968-73” (Bonelli, 109).
103
MODENESI, A.M. 3/9/2005
104
MODENESI, A.M. 3/9/2005
“(...)como um fiel seguidor da real bills doctrine, acreditando não serem inflacionárias
emissões que destinassem aos setores produtivos, ao contrário das que resultassem do
financiamento do déficit do governo. Entendia o ministro que, com o orçamento do
governo já em plena execução, tudo que podia fazer era ‘tentar não aumentar’ a taxa
inflacionária, sempre concedendo prioridade à liquidez das atividades produtivas,
como pode ser notado pelas taxas de expansão do crédito” (p. 158).
“(...)a opinião de Campos sobre este assunto refletia a visão da comunidade financeira
internacional de que o processo de substituição de importações (...) ao desincentivar a
diversificação das exportações através de taxas cambiais sobrevalorizadas, perpetuava
o desequilíbrio no balanço de pagamentos. Neste sentido qualquer reforma seria
incomp0leta se não efetuasse uma razoável desvalorização cambial e procedesse à
unificação das taxas” (p. 160).
“Não procedem, portanto, as análises que situam o governo Café Filho como ponto de
inflexão, seja quanto à política econômica doméstica, seja quanto as relações
econômicas externas perante o capital estrangeiro” (p. 165).
105
MODENESI, A.M. 3/9/2005
Orenstein e Sochaczewski
Sinopse
1) Reforma cambial (1957): simplificar e modernizar o regime cambial.
2) Plano de Metas: i) industrialização; ii) comprometimento do setor público;
iii)estrutura industrial integrada.
3) Desenvolvimentismo: i) crescimento econômico (industrialização):
prioridade; ii) estabilização de preços: secundária.
4) Programa de Estabilização Monetária (PEM): fracasso.
“No início da década de 1950, a política cambial consistia no principal, senão único,
instrumento de política econômica à disposição do setor público. As manipulações na
taxa de câmbio e a imposição de quotas, tarifas e impostos de importação e exportação,
formavam o conjunto principal de estratégias operacionais dos gestores de política
econômica” (p. 171).
106
MODENESI, A.M. 3/9/2005
“Observada de uma perspectiva mais ampla, a reforma cambial de 1953 embora tenha
apresentado resultados imediatos positivos teve seus efeitos amortecidos pela fase
depressiva que atingiu o setor externo brasileiro a partir de 1954 pois os preços do café
caíram fortemente(...). A progressiva diminuição das receitas de exportação, somada à
intensificação do processo substitutivo, comprometia o poder do setor público de orientar
o processo de industrialização. Assim o saldo disponível de divisas, uma vez deduzidos
das receitas de exportação os itens considerados incompressíveis, diminui
progressivamente(...). O espaço de manobra ao alcance do setor público para guiar o
processo seletivo de importações fechou-se gradualmente, eliminando, assim, importante
grau de liberdade na implementação da política econômica. A única solução viável seria a
entrada líquida de capitais autônomos, de modo a compensar o declínio nas exportações.
Esse influxo garantiria, por um lado, desafogo no balanço de pagamentos, de modo a não
interromper a importação de bens essenciais, e por outro, manteria a taxa de
investimentos requerida pela continuação do processo de substituição de importações.
(...)a lei 1.807 e suas posteriores regulamentações estabeleciam incentivos para a entrada
de capital estrangeiro. A regulamentação definitiva foi efetivada em 1954, quando outros
setores, além daqueles definidos na lei 1.807 (energia transporte e educação) foram
qualificados a receber tratamento cambial diferenciado. Esses setores eram selecionados
pela Sumoc com base no critério de seu ‘interesse para a economia nacional’. A limitação
dos subsídios às áreas prioritárias eliminava os incentivos a uma série de setores cuja
rentabilidade era mais elevada do que a dos setores favorecidos. Estes eram subsidiados
exatamente pela ausência de interesse do setor privado, como era o caso da infra-
estrutura, ou porque restrições tecnológicas e/ou de capital impediam o investimento de
capitais domésticos(...) ao permitir a entrada do capital pelo mercado livre e a
correspondente importação pelo custo de câmbio, o resultado líquido da operação era
uma pressão adicional sobre a disponibilidade de divisas. Se por um lado o investimento
era realizado, por outro significava maiores pressões a curto prazo sobre o balanço de
pagamentos, além das futuras remessas de amortizações e dividendos. Complicando
ainda mais a situação o governa tentava sistematicamente forçar para baixo a taxa do
mercado livre (através de grandes vendas de divisas disponíveis ou mesmo, quando a
pressão era alta, através de operações de swaps a pesados custos futuros) dado que a
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MODENESI, A.M. 3/9/2005
108
MODENESI, A.M. 3/9/2005
Leilões: mantidos para as categorias especial e geral (maior parcela das divisas ⇒
menos desvalorizado). Lógica: ofertar um volume (em relação à demanda) maior
(menor) para o setor que se deseja estimular (desestimular) a importação.
(2.2) exportação: foram mantidas as 4 categorias com bonificações variáveis;
(2.3) movimento de capital: mercado livre (câmbio de equilíbrio: mais
desvalorizado).
109
MODENESI, A.M. 3/9/2005
“Uma das principais idéias implícitas foi acelerar a substituição de bens de capital,
diminuindo-se a ênfase dada em anos anteriores à bens de consumo. Esse reorientação
tornou a política de importação coerente com o estágio alcançado pelo processo de
subsituição/industrialização. Na verdade alguns bens de capital foram incluídos na
categoria especial (o que tornou sua importação mais cara) enquanto taxas favoráveis
foram mantidas para a importação (com ou sem cobertura cambial) dos chamados bens
de capital-capital, produtos intermediários, matérias-primas, todos necessários à
produção de equipamentos. A indústria de bens de capital cresceu a uma taxa de
26,4% ao ano entre 1955 e 1960 em grande medida devido ao comportamento do
segmentos ‘equipamentos e veículos’ e ‘equipamentos de transporte’. A reforma de
1957 estabeleceu engenhosos artifícios para compatibilizar a contradição latente entre
a política de prover equipamentos importados a baixo custo e o desejo de estimular a
produção interna. Esses mecanismos incluiam a possibilidade de aplicação de quotas
que assegurassem a isenção ou a redução tarifária para certos produtos(...); a redução
de 50% na tarifa sempre que ficasse comprovada a incapacidade de a indústria
doméstica de prover o produto em quantidade suficiente; e finalmente a aplicação da
lei do “similar nacional” às indústrias que assim o requeressem e provassem estar aptas
a suprir o mercado interno. Havia assim um corpo coerente de disposições para, ao
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“Para operar o novo sistema de tarifas criou-se o Conselho de Política Aduaneira (CPA)
com o objetivo de enquadrar os produtos em uma das categorias de importação e
estabelecer as alíquotas que seriam pagas(...)” (p. 174).
111
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implementado, mas o seu mérito está no fato de ter servido de base para o programa
econômico seguinte” (p. 176).
112
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“(...) a ação do governo nos anos 50, voltou a ser dirigida para um projeto
industrializante. Certamente, o governo Kubstshek levou adiante esta proposta com o
Plano de Metas. O objetivo de crescer ‘50 anos em 5’ encontrou, nas metas quantitativas
do plano, a referência para adoção de medidas de incentivo ao investimento” (Saes, p.
157).
113
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“Lessa (1981) sugere que a política econômica implícita no plano continha quatro peças
básicas: 1) tratamento preferencial ao capital estrangeiro; 2) financiamento dos gastos
públicos e privados através de expansão dos meios de pagamento e do crédito
bancário, respectivamente, tendo como conseqüência fortes pressões inflacionárias, 3)
ampliação da participação do setor público na formação de capital; 4) o estímulo à
iniciativa privada” (p. 179).
114
MODENESI, A.M. 3/9/2005
Como se viu essa lei garantia a total exclusão do produto da pauta de importação caso
sua produção interna fosse em volume e qualidade suficiente para atender a
demanda. Ademais garantia-se câmbio preferencial para a importação de todo o
equipamento destinado a setores prioritários. A industria automobilística e a indústria
naval, por exemplo, situavam-se entre as metas prioritárias e recebiam amplas
preferências para a importação. Um segundo grupo de estímulo à empresa privada
referia-se ao crédito provido pelo BNDE que, juntamente com o Banco do Brasil, supria
recursos de longo prazo a juros baixos e pagamentos sujeitos a carência, o que, na
conjuntura inflacionária significava uma taxa real de juros negativos. (...) Outro
incentivo direto à expansão do crédito ao setor privado dizia respeito aos constantes
déficits de caixa do Tesouro, cujo financiamento através da emissão de moeda
permitia a expansão contínua do crédito nominal dos bancos privados. Finalmente,
outro grande estimulo à empresa privada era a concessão de avais pelo BNDE para
empréstimos contratados no exterior” (p. 179).
“A tendência geral, que se acelera na segunda metade dos anos 50, foi a de delegar ao
setor público o provimento de insumos básicos (aço e energia, por exemplo) bem com
a criação de infra-estrutura (transporte e comunicação), vital para o processo de
industrialização. Dessa forma, o Estado passou a ter sob seu controle: a produção de
aço(...); a produção e o refino de petróleo(...); a produção e exportação de minério de
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“(...) para atrair o capital estrangeiro que, a um tempo, instalaria os novos ramos
industriais e reduziria as dificuldades no balanço de pagamentos, deu-se tratamento
extremamente favorável aos recursos externos que aqui ingressavam: remessas de
lucro e amortizações a câmbio favorecido, reinvestimentos considerados como
investimento externo (permitindo remessas sobre esses valores), tratamento cambial
prioritário para financiamentos estrangeiros eram algumas medidas para estimular o
influxo de capital estrangeiro para o país. Além disso, uma elevada proteção (com
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problemas financeiros (nos planos interno e externo) que gerou pela falta de adequados
mecanismos de financiamento dos investimentos” (Saes, p. 150).
119
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inflacionário [i.e. via emissão monetária] – gerava através do aumento de lucros (de
empresas públicas e privadas), do aumento da tributação nominal e diferencial e, é
claro, da emissão de moeda, os recursos necessários à sua consecução” (p. 181).
121
MODENESI, A.M. 3/9/2005
• Fracasso: [1) rápido desgaste junto a opinião pública ⇐ identificado como uma
estratégia conservadora da direita (Campos) em linha com a ortodoxia pregada pelo
FMI; 2) Falta de apoio político: i) Banco do Brasil tinha aliados na defesa da
expansão do crédito (prefeitos e governadores; indústria tradicional e cafeicultores)
→ metas de controle (do CDL) não foram cumpridas; ii) arrocho salarial: a política
salarial não foi bem recebida] ⇒ continuidade do projeto desenvolvimentista sem
apertos monetário ou fiscal.
122
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• Banco do Brasil: 1) (maior) banco comercial; 2) funções de BC: ii) CARED (crédito
seletivo de liquidez) e CAMOB (emprestador de última instância); iii) agente
financeiro do TN: a) recebe tributos (e rendas) da União; b) realiza gastos da União.
123
MODENESI, A.M. 3/9/2005
“Assim, tanto pelo lado do papel-moeda emitido, como pelo lado da moeda escritural,
a posição privilegiada do Banco do Brasil permitia sua expansão sem restrição. Na
verdade as três atribuições do Banco do Brasil combinavam-se funcionalmente e
implicavam a crescente operação daquele estabelecimento. Isto não quer dizer, no
entanto, que o banco do Brasil operasse completamente fora do controle. A única forma
de restringi-lo era impondo limites às sua operações ativas de várias carteiras, o que
era feito pelo Conselho da Sumoc em cada ano. No entanto, uma coisa é controlar um
banco comercial pelas reservas compulsórias(...) Outra é impor limites a um banco com
quase mil agências, responsável básico pelo crédito rural e acima de tudo emprestador
do Tesouro. Fixava-se um limite anual, mas se chovia, se houvesse seca, se o
funcionalismo era aumentado, se um plano de investimento era iniciado, esses limites
eram sistematicamente alterados, revistos e ignorados. Teoricamente era possível
124
MODENESI, A.M. 3/9/2005
125
MODENESI, A.M. 3/9/2005
Marcelo Abreu
Sinopse
1) Instrução 204 (reforma de 1961): processo de unificação cambial
2) Instabilidade política
3) Plano Trienal (1962-3): Celso Furtado. Motivação: deterioração externa e
inflação; Fracasso: recrudescimento processo inflacionário.
4) Estagnação econômica: ∆PIB (1963) = 0,6%
126
MODENESI, A.M. 3/9/2005
“Em conjunto tais medidas [instruções 204, 205 e 208] deram mais unidade ao sistema
de câmbio” (Baer, p. 50).
• Motivação:
127
MODENESI, A.M. 3/9/2005
“Estas alterações da política econômica devem ser explicadas com base tanto nas
dificuldades de balanço de pagamentos quanto nas preocupações com a inflação. (...)‘o
déficit potencial de caixa do tesouro, na ordem interna, e o déficit de balanço de
pagamentos, na ordem externa’. O ministro referiu-se à inexistência de recursos no
Fundo de Ágios compatíveis com o acúmulo de obrigações governamentais em
divisas relativas a atrasados ‘swaps’ e importações a ‘câmbio de custo’. O governo só
via duas maneiras de resolver a questão: ‘espaçar no tempo as obrigações com câmbio
fechado’ – ou seja, reescalonar a dívida externa – e ‘passar a vender o câmbio de custo
pelo seu custo real. Se estas medidas não fossem adotadas só restaria o financiamento
através de emissão com conseqüente impacto sobre a inflação. A estreita relação dessa
nova política cambial com a política antiinflacionária do governo é claramente
explicitada: ‘a Instrução 204 é sobretudo um instrumento de contenção do processo
inflacionário que vinha desgastando as resistências do país e ameaça(...) atingir este
ano as raias do paroxismo’ (Mariani)” (p. 198-9).
“(...)evidência conclusiva de que esta contribuição [da conta Ágio e bonificações] não
havia sido sistematicamente positiva no passado e que o governo foi capaz de
encontrar formas alternativas de gerar recursos domésticos no mercado cambial via
Letras de Importação (em 1961) e depósitos de importação” (p. 199).
128
MODENESI, A.M. 3/9/2005
conseqüência foi possível reduzir o serviço da dívida, que havia aumentado de 13% da
receita de exportações em meados da década de 1950, para 46% em 1960 e para 32% em
1961” (p. 199).
129
MODENESI, A.M. 3/9/2005
130
MODENESI, A.M. 3/9/2005
“De setembro de 1961 a janeiro de 1963 a República viveu o seu mais longo período
de indefinição política desde o início da década de 1890, com conseqüências
paralisantes do ponto de vista da tomada de decisões no terreno econômico” (p. 200).
131
MODENESI, A.M. 3/9/2005
governo, que havia sido em alguma medida retomado sob Brochado da Rocha, foi
perdido no final do ano. A expansão dos meios de pagamento manteve-se em um
patamar de 4% ao mês até dezembro quando alcançou mais de 13%. Em 1962, a taxa de
crescimento do PIB reduziu-se para 6,6% comparados a 8,6% em 1961. A inflação
mensal havia alcançado valores da ordem de 5 a 7% no final do ano e em bases anuais o
índice de custo de vida do Rio de Janeiro havia aumentado quase 50%” (p. 205)
“O Plano Trienal, apesar de ser elaborado por Celso Furtado(...) ligado à tradição
estruturalista da CEPAL, caracterizava por um diagnóstico bastante ortodoxo da
aceleração inflacionária no Brasil, enfatizando o excesso de demanda via gasto
público como sua causa mais importante. O receituário proposto, embora gradualista
– em vista, entre outras razões, dos níveis inéditos alcançados pela taxa inflacionária –
era semelhante ao de outros programas adotados no passado: correção dos preços
defasados, redução do déficit público e controle da expansão do crédito ao setor
privado” (p. 206).
132
MODENESI, A.M. 3/9/2005
“No final de abril, Goulart deu os primeiros sinais de haver desistido dos objetivos
estratégicos consubstanciados, embora de forma bastante nebulosa, nas reformas de base
com a estabilização econômica. Apesar da desvalorização cambial de cerca de 30%, o
subsídio às importações de trigo e de derivados de petróleo foi reintroduzido.
Iniciaram-se negociações com o funcionalismo na base de 70% de aumento, e não 40%
como havia sido acordado com o FMI, sendo finalmente concedido 60%. O salário
mínimo foi reajustado em 56,25%. O nível de empréstimos reais ao setor privado
deixou de cair em julho e aumentou significativamente no segundo semestre. (...).
Acumulavam-se assim, evidências de que mais um experimento de estabilização havia
fracassado. A disciplina relativa às contas públicas nos primeiros cinco meses do ano
133
MODENESI, A.M. 3/9/2005
deteriora-se forma sensacional em junho, quando o déficit sobe a mais de 30% das
despesas do governo” (207-8).
“Os dados anuais são impressionantes: a taxa de crescimento do PIB caiu de 6,6% em
1962 para 0,6% em 1963, seu mais baixo nível desde o início da Segunda Guerra
Mundial. A restrição de liquidez afetou o desempenho dos gêneros industriais que
dependiam do crédito, em especial os produtores de bens de consumo durável. Há um
conflito irreconciliável entre os dados relativos a formação bruta de capital fixo da
fundação Getúlio Vargas, que indicam o crescimento da formação bruta de capital fixo
134
MODENESI, A.M. 3/9/2005
135
MODENESI, A.M. 3/9/2005
“No plano econômico, no entanto, parece plausível admitir que a queda na taxa de
crescimento da produção industrial é fruto do próprio Plano de Metas. Vejamos por
quê. Em período relativamente curto, induzido pelo Plano de Metas, realizou-se um
‘bloco’ de investimentos grande e abrangente. Enquanto esses investimentos estavam
se efetivando, havia forte impulso para o crescimento do produto industrial (já que as
indústrias de bens de capital recebiam encomendas das empresas que estavam
investindo). Entretanto, este bloco de investimentos (públicos e privados) foi
extremamente concentrado no tempo e gerou uma capacidade produtiva que
superava a demanda preexistente (já absorvida pela ‘substituição de importações’) e a
própria expansão endógena da demanda. É claro que ao se concluir um ‘bloco’ de
investimentos, deve-se esperar a redução da taxa de formação bruta de capital na
economia. Essa expectativa agrava-se no entanto, quando se verifica que a capacidade
instalada mostra elevado grau de ociosidade. Evidentemente, isso se reflete na brusca
queda da taxa de investimento e, em conseqüência, no ritmo de crescimento da
produção industrial(...). (Saes, p. 150).
136
MODENESI, A.M. 3/9/2005
Plano de metas. (...). O crescimento só seria retomado após 1967, num quadro político
e institucional completamente distinto” (Saes, p. 152).
137
MODENESI, A.M. 9/3/2005
Lara-Resende
Sinopse
1) PAEG (1964): i)estabilização ⇒ ii)retomada do crescimento; iii)eliminar a
restrição externa (BP). Características ortodoxas e heterodoxas (gradualismo e
reformas institucionais).
2) Quadro Institucional desfavorável ao desenvolvimento econômico.
“A mais alta taxa de inflação de que se tem notícia na história econômica do Brasil foi a
registrada no primeiro trimestre de 1964. Nesses três meses os preços por atacado
subiram de 25%, o que em termos de progressão geométrica, corresponderia a 144% ao ano
de inflação” (Simonsen: 9)
138
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“A inflação foi identificada como o principal problema a ser enfrentado pela equipe
econômica que assumiu em abril de 1964, tendo sido, inclusive, responsabilizada pela
estagnação econômica que vinha sendo experimentada desde 1962 e pelo desequilíbrio no
balanço de pagamentos” (Bonelli, 120).
139
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Identificada com sendo causada pelo excesso de demanda, o processo inflacionário foi
atacado com determinação a partir de duras medidas monetárias e fiscais e,
particularmente em 1965, por um arrocho salarial sem precedentes graças à utilização de
engenhosa fórmula de reajustes salariais que contemplava uma (freqüentemente
subestimada) previsão de inflação futura” (Bonelli, 120).
140
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“(...) o PAEG não foi um plano perfeitamente ortodoxo. Suas intenções demonstram
demasiada preocupação com a manutenção de taxas de crescimento e, portanto, alguma
tolerância com a inflação, que deve ser combatida através de estratégia gradualista. Seu
diagnóstico aponta para a incompatibilidade entre as parcelas reivindicadas pelo
governo, pelas empresas para investimento e pelos trabalhadores para consumo, como
causa da inflação. A expansão monetária, segundo o PAEG, apenas sanciona a inflação
decorrente de tal ‘inconsistência da política distributiva’. O reconhecimento de que
existem pressões reais na economia que são inflacionárias e que podem ser resolvidas
pela contenção violenta da taxa de expansão dos meios de pagamento fica explícito na
política creditícia do PAEG a que pretende suficientemente controlada para impedir os
excessos da inflação de procura, mas suficientemente realista para adaptar-se à inflação
de custo. A política monetária(...) foi bem além do receituário mais simplista que prega
apenas políticas monetária e fiscal rigorosas e hands-off. A convicção de necessidades
de reformas institucionais acompanhou o PAEG desde o seu diagnóstico” (p. 227-8).
“Como todo plano clássico de combate à inflação, o Programa(...) baseou sua estratégia
de contenção da alta de preços no tripé fiscal-monetário-salarial” (Simonsen: 23).
141
MODENESI, A.M. 9/3/2005
• Receituário: i) controle fiscal (↑T, ↓G; ii) controle monetário e creditício); iii) ↑
salários proporcional ↑ produtividade; iv) inflação corretiva (gradualismo):
reajuste tarifário, liberação de preços congelados (aluguéis, combustíveis, etc.)
“Pode-se dizer, portanto, que o PAEG era um programa com diagnóstico e estratégia de
combate à inflação bastante heterodoxos. O plano era otimista com relação aos resultados
da estratégia gradualista de combate à inflação” (p. 216).
“(...)em 1964 os preços elevaram-se 90% segundo o índice geral de preços, e 81,3%,
medido pelo índice de preços por atacado. Essas taxas recordes verificaram-se não apenas
no primeiro trimestre de 1964, mas durante todo o ano, e podem ser atribuídas aos vários
aumentos das tarifas dos serviços públicos, à liberação dos aluguéis congelados e a
outros preços, num processo na época chamado de inflação corretiva. Ainda dentro da
política corretiva dos preços, o governo atendeu às pressões para elevar o salário dos
servidores públicos. O salário mínimo havia sido elevado em 100% em fevereiro, ainda no
governo Goulart, enquanto o salário do serviço público eram congelados. Os salários dos
militares foram aumentados em 120% imediatamente após a mudança de governo, e os
empregados civis receberam aumento de 100% em junho” (219-220).
142
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“As tarifas de serviços de utilidade pública foram aumentadas de acordo com a taxa de
inflação. Embora essas medidas tivessem um impacto inflacionário no curto prazo,
esperava-se que elas, em última instância, eliminassem os déficits orçamentários de
governo federa e desse modo reduzissem as forças inflacionárias de longo prazo (o
impacto inflacionário dessas medidas foi chamado inflação corretiva)” (Baer, p. 192).
• Política salarial: [i) recomposição do salário pela média (não pelo pico); ii)
subestimação da inflação] ⇒ [arrocho: i) ⇓ salário mínimo real (médio); ii) ⇓ salário
anual real médio da indústria] ⇒ [⇓ participação dos salários (rendimento do trabalho)
no PIB] ⇒ [solução para inconsistência distributiva].
143
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“O PAEG tinha uma política salarial bem definida, que deveria basear-se em três pontos
básicos: ‘(i) manter a participação dos assalariados no produto nacional; (i) impedir
que reajustamentos salariais desordenados realimentem irreversivelmente o processo
inflacionário; e (iii) corrigir as distorções salariais, particularmente no Serviço Público
federal, nas Autarquias e nas Sociedades de Economia Mistas’” (216).
“(i) deveria ser restabelecido o salário médio real dos últimos 24 meses anteriores ao mês
do reajustamento; (ii) sobre o salário real médio, deveria incidir a taxa de produtividade;
(iii) cumpria acrescentar metade da inflação programada pelo governo para o ano
seguinte (resíduo inflacionário); e ficava estabelecido o princípio da anuidade dos
reajustes” (217).
“Os efeitos da política salarial sobre o salário mínimo real médio anual foram
significativos. O índice de salário mínimo real médio sofreu uma queda de sete pontos
percentuais em 1965, quando foi introduzida a fórmula salarial, e em 1966 foi novamente
reduzido em outros sete pontos percentuais. Nos anos seguintes, os índices continuaram
a cair, mas o ritmo da queda foi reduzido” (217).
144
MODENESI, A.M. 9/3/2005
(1) ficção da moeda estável: incompatibilidade entre a Lei da Usura (juros 12%
a.a.), Cláusula Ouro (proibição de indexação de contratos) e a inflação ⇒ baixo
(muitas vezes < 0) retorno real ativos financeiros de longo prazo ⇒ desestímulo a
poupança ⇒ insuficiência de poupança ⇒ ~∃ mecanismos adequados de
financiamento do investimento (público e privado);
(4) propensão ao déficit público: i) novas despesa sem a criação de novas receitas;
ii) indexação das despesas, mas não das receitas → efeito Tanzi;
145
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Por trás das três áreas de desordem institucional estava, sem sombra de dúvida, a
incompatibilidade entre o pressuposto da moeda estável na legislação e as altas taxas
de inflação” (p. 228).
(I) Financeira:
Objetivo:
criação de mecanismos de financiamento de LP: [i) setor público → evitar financiamento
inflacionário; ii) setor privado → investimento industrial] ⇒ retomada crescimento
econômico.
Medidas:
(1) correção monetária [i) títulos públicos (ORTN); ii) privados (Lei do Mercado de
Capitais)]: garantia de retorno real (positivo) → proteção dos poupadores contra inflação
→ incentivo a poupança ⇒ [i) ↑ oferta crédito privado; ii) renascimento do mercado de
títulos públicos → financiamento não inflacionário do déficit público];
(2) mecanismos de poupança compulsória: SFH e BNH; FGTS, PIS e PASEP;
(3) criação bancos de investimento e financeiras;
(4) criação do Bacen e CMN.
146
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“(...)a indexação, isto é, a revisão periódica de preços por autorização legal e com base
no comportamento de índices preestabelecidos, era pouco comum no direito brasileiro”
(Simonsem: 183).
“Como é sabido, tal fórmula [de correção monetária] representa uma tentativa de
neutralização dos efeitos inflacionários, isto é, um método de convivência pacífica com
a inflação. Uma fórmula que fatalmente se deve limitar a alguns setores, pois a correção
generalizada ou se tornaria inócua ou logo levaria a inflação ao infinito. Mas que se
justificaria em sua implantação por duas razões. Primeiro porque era necessário recuperar
o prestígio da dívida pública, a rentabilidade dos serviços de utilidade pública, a
ativação do mercado imobiliário e o de capitais, e outros setores que haviam sido
gravemente minados pela alta geral de preços. Segundo porque uma geração educada
sobre a égide da inflação crônica jamais investiria nesses setores sem uma proteção
contra a eventualidades de altas futuras de preços(...). É certo que a correção em causa
permitiu o desenvolvimento de inúmeras atividades que dificilmente se teriam
expandido à margem da ilusão dos valores monetários” (Simonsen: 15-6).
• [i) Lei usura; ii) alta inflação] ⇒ taxa juros reais negativas ⇒ inexistência
demanda (voluntária) títulos públicos.
• Correção monetária: restaurou credibilidade dívida pública federal ⇒
ressurgimento mercado de títulos públicos ⇒ financiamento não inflacionário
(títulos): a) desde 1960: emissão; b) 1965 (55%); c)1966 (100%).
“Um dos mais notórios efeitos da inflação sobre o mercado de capitais fora, até então, a
atrofia da procura pelos títulos da dívida pública federal. Estes dificilmente
encontravam outros subscritores que não os mutuantes compulsórios de adicionais de
imposto de renda, ou os bancos que os adquiriam como alternativa aos recolhimentos à
ordem das autoridades monetárias. As ORTN restauraram o prestígio da dívida pública
federal e iriam desempenhar importante papel no financiamento do déficit da União nos
anos subseqüentes” (Simonsem: 184-5).
147
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“Os objetivos desse reforma eram: ampliar o volume de poupança e criar mecanismos
adequados de financiamento da atividade econômica” (Saes, p. 180).
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(II) Tributária:
Medidas: i) arrecadação de impostos pela rede bancária; ii) extinção do imposto do selo;
iii) criação do ISS (municipal); iv) substituição do imposto estadual sobre vendas
(faturamento) pelo ICM (valor agregado); v) ↑ base incidência do IRPF; vi) criação de
mecanismos de incentivos a atividades prioritárias (aplicações financeiras, formação de
poupança, investimento em BK); vii) criação do Fundo de Participação dos estados e
Municípios (FPEM): repasse de parcela da arrecadação federal.
Resultado: 1) ↑ carga tributária: 16% PIB (1963); 21% PIB (1967); 2) regressiva
(distributivo); 3) centralizadora.
149
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“As soluções para os dois problemas que asfixiavam o regime anterior – financiamento do
setor público e balanço de pagamentos – foram encontradas: primeiro, em uma reforma
monetária que aumentou e indexou as receitas do governo e permitiu a colocação de
papéis indexados da dívida pública; segundo, através de um entusiástico apoio do
governo norte-americano ao novo regime, que possibilitou, entre outras coisas, o
reescalonamento dos pagamentos da dívida externa, reabertura de linhas de crédito
oficial e do Banco Mundial. Além disso, o problema do balanço de pagamentos seria
atenuado pela melhoria da balança comercial em 1964 e 1965, devida à recessão
industrial doméstica, e pelos maiores ingressos de inversões estrangeiras” (Bonelli,
120).
• Contração fiscal: [i) ⇑ impostos → ⇑ arrecadação] ⇒ [i) ⇓ déficit: 4,2% PIB (1963);
3,2% (1964); 1,6% (1965); 1,1% (1966)].
151
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• Política monetária errática: i) 1º tri/1964: folgada; ii) 4º tri/1964: apertada; iii) 1965:
folgada; iv) 2º sem./1966: apertada ⇒ desaceleração (fins de 1966/1967).
“As políticas monetária e de crédito ao setor privado foram bem mais erráticas. A partir
do segundo trimestre [1964], tanto a moeda quanto os preços expandiram-se
aproximadamente em linha com os preços, havendo um primeiro aperto de liquidez no
último trimestre do ano. Em 1965, entretanto, as políticas monetária e creditícia foram
extremamente folgadas, elevando substancialmente os índices de liquidez real. (...). A
principal razão para este grau de descalibragem na política monetária parece ter sido o
resultado do balanço de pagamentos. a política econômica de Campos e Bulhões recebeu
apóio das agências financeiras internacionais. (...). Simultaneamente, a redução da taxa
de crescimento, tanto em 1964 quanto em 1965, reduziu as importações. Em 1965, o
valor em dólares das importações brasileiras foi igual ao observado em 1965, o mais baixo
ocorrido nas décadas de 1950 e 1960. As exportações recuperaram-se em 1964 e
atingiram nível recorde em 1965, cujo resultado foi o superávit de US$ 331 milhões no
balanço de pagamentos no ano de 1965. As reservas dobraram, passando para US$ 484
152
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milhões. A política monetária não foi suficientemente ágil para esterelizar este influxo
de moeda gerado pelo superávit externo, e até o primeiro trimestre de 1966 a liquidez real
da economia esteve folgada. A partir do segundo trimestre de 1966, a política monetária
foi invertida, tornando-se apertada” (218-9).
“Tudo indica que houve uma revisão do conceito de gradualismo, no sentido de uma
considerável desaceleração do objetivo desinflacionário. Alguns críticos apelidaram essa
fórmula de ‘gradualismo a passo de cágado’. Outros insistem que o país trocou a meta de
estabilização monetária pela da estabilização da taxa de inflação, já que o aumento do
custo de vida se fixou na casa dos 24% anuais no triênio 1967/1969. (...). Como quase todas
as críticas, as acima mencionada misturam uma dose de verdade com bom contingente de
injustiça. Este último se refere ao esquecimento dos dois degraus descententes do
processo inflacionário – um em 1965 e outro em 1967, ambos alcançados com o sacrifício
de duas crises de estabilização.(...). Contudo é inegável que o gradualismo brasileiro se
vem conformando com um ritmo bastante lento. (...). E por mais que se encontrem
explicações para o retardamento da meta desinflacionária, é fora de dúvida que 20% de
alta de preços ainda representam um exagero de resíduo inflacionário” (Simonsen: 13-4).
153
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“Em princípios de 1964 a inflação brasileira não era apenas galopante. Era também
reprimida. Isso certamente se transformaria em um dos principais obstáculos à rapidez
gradualista proposta no PAEG. Uma política de estabilização não deve visar apenas à
eliminação das altas de preços. Deve também, e principalmente objetivar à sustentação de
um sistema de preços eficiente, do ponto de vista da alocação de recursos. Em abril de
1964, essa perspectiva exigia o descongelamento de diversos setores – aluguéis
combustíveis, serviço de utilidade pública, etc. cujos preços haviam sido comprimidos
naquela clássica tentativa de combater a inflação pelos seus sintomas. Assim, uma das
primeiras medidas(...) foi a implantação daquilo que iria se chamar de ‘inflação
corretiva’(...)” (Simonsen: 14-5)
154
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“No que diz respeito à inflação, é sabido que a correção monetária, sendo uma fórmula de
neutralização das distorções por ela causadas, é também um realimentador do ritmo de
ascensão dos preços” (Simonsem: 191).
“Uma terceira variável foi a do comércio exterior. Em princípios de 1964 o Brasil, além de
hiperinflacionado, era um país virtualmente insolvente em seu comércio com o resto do
mundo(...). Um dos êxitos incontestes da Revolução(...) foi o ter transformado essa
situação numa posição de sensíveis superávits cambiais. Contudo, essa recuperação exigiu
uma atualização das taxas de câmbio que inevitavelmente se refletiria nos custos
internos. A acumulação de reservas cambiais implicava numa contrapartida de
expansão monetária dificilmente conciliável com a austeridade dos orçamentos do PAEG”
(Simonsem: 16)
155
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156
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Corrêa do Lago
Sinopse
1. PED (1968): i)retomada do crescimento ⇒ legitimação; ii)controle da inflação; iii)
↑ comércio exterior.
2. Milagre econômico: i) ∆PIB (1968 e 1973) > 11% a.a.; ii) controle da inflação;
iii) consolidação do equilíbrio externo.
• Heranças:
i) crise de estabilização: aperto monetário (fins de 1966/1º tri de 1967) ⇒ desaceleração
(curto prazo);
ii) reformas institucionais (PAEG) ⇒ viabilizou o milagre (médio/longo prazo).
157
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• Receituário: (1) controle de custos: i) crédito; ii) salários; iii) preços; (2) sem
descuidar do lado de demanda.
“Preocupada com custos, a nova equipe manteve a política salarial anterior, ainda que
atenuando os seus efeitos negativos sobre o salário real e, portanto, sobre a demanda.
Concentrou um esforço especial na contenção das taxas de juros pagas pelos tomadores
do setor privado, inclusive através de incentivos ao setor bancário (compulsório
remunerado), da fixação temporária de tetos de juros e através do estímulo à concentração
bancária. A contenção de custos deveria incluir, também, em uma segunda etapa, o
controle de preços dos insumos e de produtos selecionados que se iniciaria com a
CONEP (com caráter voluntário) e depois passou a ser implementado compulsoriamente
pela Comissão Interministerial de Preços (CIP) a partir do final de 1967. A nova equipe
160
MODENESI, A.M. 9/3/2005
I) Combate à Inflação
• Controle de taxas juros: [i) fixação de teto para a taxa de juros nominal; ii)
manipulação dos compulsório em troca de menores taxas de juros] → ↓ custo
crédito → ↓ inflação.
“(...)os custos do sistema financeiro eram muito elevados e que as taxas de juros pagas
pelos tomadores era um elemento de custo das empresas que precisava ser reduzido.
Havia uma noção generalizada de que o sistema bancário, no seu conjunto, era bastante
ineficiente. Um estudo cobrindo os anos 50 e os anos 60 até 1966 mostra que teria
realmente ocorrido ‘aumento nos custos bancários da economia brasileira’, mas que mesmo
assim os ‘bancos aumentaram os seus lucros no período, operando a spreads crescentes sem
ser prejudicados pelas taxas de juro negativas nos empréstimos” (255).
“(i)o controle das taxas de juros através da fixação de taxas máximas (tetos) de
aplicação e captação em segmentos específicos do setor financeiro ou de redutores sobre
161
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Claramente o governo não permitiu a formação das taxas de juros através do livre jogo
do mercado. Diante da preocupação de reduzir o nível geral dos custos da economia,
parecia justificar-se uma intervenção de caráter duradouro” (255)
“As taxas de juros para setores prioritários (agricultura e exportação, por exemplo), e
especialmente no caso dos empréstimos concedidos por instituições oficiais (notadamente
o BNDE e o Banco do Nordeste) foram sempre fixadas em termos nominais durante todo
o período, freqüentemente abaixo da taxa de inflação, excetuando-se as operações na área
habitacional, na qual prevaleceu a correção monetária tanto na captação quanto na
aplicação de recursos” (225).
162
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“O resultado dessa política, porém, não foi a existência de uma ‘saudável competição entre
um número relativamente grande de instituições fortes’ e sim uma concentração
expressiva da captação e das aplicações em um número reduzido de conglomerados
financeiros, eliminando boa parte do fator de concorrência que poderia reforçar uma
queda das taxas de juros reais do sistema. Assim, o sistema bancário se encontrava mais
forte em 1973 do que na década anterior, mas já bastante oligopolizado” (255-6).
• Mantida as linhas gerais da política salarial do PAEG: [i) 1967: fórmula mantida; ii)
1968: resíduo inflacionário < inflação → correção] ⇒ atenuou os efeitos depressivos
sobre o salário mínimo real.
“(...)herdou uma política salarial com regras de reajuste definidas, e um arcabouço legal
quanto a negociações salariais muito restritivo” (284).
“A nova administração que tomava posse em 1967 manteve inalteradas, naquele ano, as
regras salariais existentes. Somente em meados de 1968, possivelmente a partir de uma
maior preocupação com a manutenção de um nível de demanda adequado, a lei 5.451 de
12.06.068 introduziu uma mudança na fórmula de cálculo dos salários visando corrigir a
distorção resultante da subestimação, a cada ano, da inflação prevista, ou seja, do resíduo
inflacionário. ‘Assim, toda vez que o resíduo inflacionário do ano imediatamente
anterior ao mês de reajuste [tivesse sido] subestimado, o salário médio real dos últimos
163
MODENESI, A.M. 9/3/2005
12 meses seria corrigido, de sorte que a compressão salarial de um ano não fosse
transmitida para o ano seguinte (todavia, a mesma correção não foi introduzida para o
salário médio real do penúltimo ano antes da data do reajuste). Feita essa modificação, não
mais seria alterada a base da política salarial até novembro de 1974” (284-5).
“Uma forte queda de 1964 a 1967 é confirmada pelas várias séries. A partir de 1968, a
evolução dos salários reais, com base nos diversos deflatores, não é uniforme” (285).
“A série do DIEESE, que não tem um comportamento anômalo em 1973, indica uma
perda continua de poder aquisitivo de 1964 a 1974, da ordem de 42%. Entre 1967 e
1973, tal perda teria sido da ordem de 15,1%, enquanto a perda maior, da ordem de 25,2%,
teria ocorrido de 1964 a 1967. Qualquer que seja o indicador escolhido, no período de 1967
a 1973 ocorreu uma queda ou estagnação do salário mínimo real apesar do forte
crescimento da economia e da produtividade do trabalho. A magnitude dessa perda, no
entanto, não se estendeu ao salário médio por razões que merecem ser examinadas.
Enquanto permanece inequívoco que um trabalhador que ganhou salário mínimo durante
o período 1967-1973 não teve qualquer ganho de poder de aquisitivo, os dados
estatísticos disponíveis indicam que houve uma queda relativa do número de
trabalhadores que ganhavam apenas um salário mínimo, e uma aumento do coeficiente
entre o salário médio e o salário mínimo legal, notadamente no setor industrial, que
apresentou forte crescimento” (285-6).
164
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de lucro, e possibilitando uma política de remuneração seletiva para o pessoal de nível mais
elevado” (287).
165
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“Um maior estímulo foi dado a demanda, já a partir de 1967, através de políticas
monetária, creditícia e fiscal mais ‘flexíveis’, que se tornariam nos anos seguinte
gradualmente expansionistas” (p. 237).
166
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“[A expansão do setor de consumo durável] foi possibilitado pela grande expansão de
crédito ao consumidor, tanto pela expansão na fonte de recursos a sua disposição, como
pelos estímulos do governo. Esta forma de crescimento mostra a opção pelo crescimento
vertical, redinamizando-se a economia com base no endividamento familiar (classe
média alta) e que permitia a validação dos investimentos realizados no ciclo expansivo
anterior, sem a necessidade de um processo redistributivo. Enfatiza-se o
aprofundamento do modelo concentrador até então vigente, incorporando novas
167
MODENESI, A.M. 9/3/2005
168
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“A partir de 1964, e também de 1967-1973, o governo buscou atingir o duplo objetivo de:
(i) conter as necessidades de financiamento do setor público; e (ii) assegurar uma
oferta de crédito adequada ao setor privado” (259).
“(...)a participação do crédito ao setor privado no crédito total concedido pelo sistema
bancário (Banco do Brasil + bancos comerciais) aumentou claramente de 1967 ara 1973”
(259).
“A partir de fins de 1971 e até o final da década de 1980, o mercado de ações deixou de
exercer a mesma atração sobre os investidores do que a observada antes da ‘crise’ de 1971,
e portanto falhou a tentativa de torná-lo um instrumento duradouro de capitalização das
empresas” (263).
• PAEG: [(1) saneamento fiscal; (2) financiamento do déficit via títulos] ⇒ viabilizou
expansão fiscal (a partir de 1967): i) modesta elevação da carga tributária (criação do
IOF); ii) alto nível de renúncia fiscal (21,6% da receita): incentivos e subsídios a
investimentos industriais (isenção de II, IR, IPI) e regionais (SUDAM, SEDENE,
169
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“No tocante aos empréstimos concedidos por instituições oficiais, as taxas de juros foram
utilizadas como instrumentos de incentivos a setores específicos, podendo inclusive ser
negativas em termos reais” (256).
“Cabe lembrar que, até 1968, parte do déficit do tesouro foi financiado pelas autoridades
monetárias, mas a partir de 1969 o déficit foi amplamente coberto pela colocação líquida
170
MODENESI, A.M. 9/3/2005
de títulos da dívida pública federal (ORTNs e LTNs) junto ao público, sobrando recursos
líquidos para as autoridades monetárias” (264).
171
MODENESI, A.M. 9/3/2005
cresceram de forma sustentada como resultados das políticas setoriais estabelecidas pelo
governo, e claramente também tinham efeitos de arrasto sobre a indústria de transformação
e mais especialmente sobre a produção de equipamentos” (p. 240-1).
“‘(...)um papel pró-cíclico crescente das empresas públicas’ durante o período de expansão
1968-1973. No final de 1973 (e talvez antes) o setor das estatais tinha amadurecido e se
tornara elemento chave no modelo brasileiro de desenvolvimento bem com um
importante fator determinante de movimentos cíclicos na economia brasileira. Esta
característica se reforçaria nos anos 70 com o programa de substituição de importações de
insumos e de bens de capital” (244).
“(...)por mais importante que possa ter sido de um ponto de vista administrativo, o Decreto-
lei 200 não aumentou realmente o papel do estado na economia brasileira (Trebat). De fato
como mostra outro estudo, ‘a verdade... é que o estado já estava há muito solidamente
implantado na maior parte dos setores que controlava. Sua expansão teve ideologia bem
172
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“(...)as empresas parecem ter contado com significativos recursos internos (lucros +
depreciação) em virtude de uma política realista de preços públicos até 1975” (269).
173
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“O setor líder do crescimento neste novo ciclo expansivo continuou sendo o de bens de
consumo durável que apresentou taxas médias de crescimento no período em torno de 23%
a.a.(...)” (Saes, p. 186)”.
1
apesar de o crescimento do setor de construção civil ter sido ligeiramente superior ao da indústria é
praticamente consensual a idéia de que o setor industrial liderou a expansão econômica (Baer e Serra).
174
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2
Criado(a) pelas reformas institucionais do PAEG.
175
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176
MODENESI, A.M. 9/3/2005
• Mal sucedido: [i) ↑ pequeno produção industrial NE; ii) ↑ desprezível do emprego
NE; iii) ocupação da Amazônia fracassou] ⇒ [manteve elevada participação da
renda do Sul e Sudeste na renda total].
“As políticas de incentivos fiscais favorecendo o Norte e o Nordeste, bem como as obras
de infra-estrutura promovidas pelo governo na região Norte não afetaram
radicalmente a predominância da região Sudeste e Sul na renda total. Quanto ao valor
agregado da indústria de transformação, dados sobre o período indicam uma ligeira
melhora da participação do Nordeste e do Sul em detrimento do sudeste, mas não se
177
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Entre 1967 e 1973, ocorreu um grande aumento das exportações, acompanhado por
maior diversificação da pauta e por uma crescente participação de produtos
manufaturados, bem como por uma mudança da importância relativa de certos
178
MODENESI, A.M. 9/3/2005
parceiros comerciais do país. (...). A partir de 1964 houve um forte esforço, por parte da
administração anterior, no sentido de criar novos incentivos para o aumento e
diversificação das exportações” (p. 272).
179
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Os investimentos estrangeiros tiveram papel relevante, como já se viu, na expansão das
exportações de manufaturados e no desenvolvimento de novas atividades, notadamente
na área de bens de capital” (283).
“Com a expansão da liquidez internacional no final dos anos 60 e início dos anos 70, as
estatais recorreram, de forma crescente, a empréstimos de bancos não oficiais. Essa
utilização crescente de recursos do exterior explicaria parte significativa da do aumento da
dívida externa brasileira no período 1967-1973” (269-70).
180
MODENESI, A.M. 9/3/2005
taxa anual de 19,3%, enquanto o crescimento da dívida líquida foi de 9,6% ao ano,
resultando portanto uma expressiva acumulação de reservas. Paralelamente, ocorreram
mudanças importantes na composição da dívida externa. Enquanto, em 1967 era de 26,9%
a participação dos empréstimos privados na dívida pública externa (que representava a
quase totalidade da dívida total), essa participação alcançou 64,1% em 1973. Essa mudança
de composição estava associada com o crescimento das diferentes operações de crédito
externo concedido tanto a empresas privadas como a empresas públicas e administração
públicas no Brasil. Em muitos casos, ocorriam empréstimos diretos das instituições
internacionais não oficiais (bancos comerciais ou fornecedores), segundo as regras
estabelecidas pela lei 4.131 de 3.9.1962. Porém, os créditos às empresas, às vezes, eram
indiretos, na medida, na medida em que os bancos estabelecidos no Brasil estavam
autorizados a captar empréstimos externos em seu nome por um determinado prazo, e
repassá-los a prazos mais curtos internamente, de acordo com a Resolução 63 do Banco
Central do Brasil, de 21.8.67. No setor estatal, foram principalmente as grandes empresas
públicas, envolvidas em novos projetos, que recorreram, de forma crescente, a empréstimos
externos de fontes privadas” (278-9).
“Em suma, em um primeiro momento, em 1967 e 1968, quando as reservas líquidas das
autoridades monetárias eram negativas, o aumento do endividamento era bem-vindo e
respondia realmente a uma demanda de reservas internacionais. Portanto, diante de um
mercado favorável aos tomadores, com prazos mais longos e menores spreads foi
aumentado o endividamento, notadamente das empresas estatais. O crescente
envolvimento de fontes privadas implicou taxas de juros mais elevadas do que as de
fontes oficiais. Esta mudança de estrutura da dívida, resultou em aumento do ‘custo
médio da dívida externa’ – definido com a razão juros líquidos/dívida líquida (que)
aumentou de 4,7% em 1968 para 9,6% em 1973 – e em um ligeiro encurtamento do prazo
da devida de médio e longo prazo de 5,6 para 5,3 anos em 1978’. Estava lançado o processo
de aumento de participação dos empréstimos a taxas de juros flutuantes no total dos
empréstimos externos e da redução das taxas concessionais, fixas, dos organismos
internacionais, que teria efeitos dramáticos no final da década de 70” (280-1).
181
MODENESI, A.M. 9/3/2005
2. Milagre econômico: i) ∆PIB (1968 e 1973) > 11% a.a; ii) controle da inflação
(ligeira queda); iii) consolidação do equilíbrio externo (⇑ saldo total do BP).
“Taxas de crescimento da ordem de 11% ao ano por seis anos consecutivos já merecem a
designação de ‘milagre econômico’. A façanha da economia brasileira nesse período foi
ainda mais surpreendente porque tal ritmo de crescimento foi acompanhado de queda
da inflação (embora moderada) com e de sensível melhora do BP, que registrou
superávitas crescentes ao longo do período. O termo milagre se justifica ainda mais nesse
caso em razão de duas relações macroeconômicas bastante conhecidas: (1) a relação direta
entre crescimento e inflação... retratada na Curva de Phillips; e (2) a relação inversa entre
crescimento econômico e saldo do BP...” (Giambiagi et alii, 2004: 82-3).
• Curva de Phillips menos inclinada: [i) capacidade ociosa; ii) controle direto de
preços; iii) tabelamento de juros; iv) política agrícola → ↑ oferta] ⇒ estabilidade
de preços compatível com menor (maior) nível de desemprego (crescimento).
182
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“Um aspecto bastante destacado foi o processo de concentração em termo de renda que
ocorreu durante o milagre” (Saes, p. 189).
183
MODENESI, A.M. 9/3/2005
184
XI – GEISEL (1974-79)
Dionísio Carneiro
Sinopse
1) 1o choque petróleo (1973): quadruplicação preço
2) II PND (1975-79): i) crescimento com dívida; ii) último surto ISI e fim do modelo
econômico baseado no estado desenvolvimentista
181
“Caso tivesse sido percebida a gravidade do choque externo que provocaria uma
transferência de renda dos importadores para os exportadores de petróleo de quase 2%
da renda mundial, certamente a imagem da ilha de prosperidade(...) não constituiria até
hoje o deleite da oposição” (p. 298).
“Não foi percebida de imediato a dimensão do choque externo desfavorável, que implica
um empobrecimento do país: ao desvalorizarem-se as exportações brasileira vis-à-vis a
suas importações, uma quantidade maior de bens tem de ser enviada para o exterior
para pagar os bens de capital que o Brasil importa(...). Do ponto de vista dinâmico, o
estreitamento das opções de crescimento ocorreu por duas vias: uma quantidade maior
de consumo teria de ser sacrificada para que o nível anterior de investimento fosse
realizado e um maior investimento teria de ser realizado para que o mesmo crescimento
anteriormente alcançado fosse atingido. Diante deste quadro, havia basicamente duas
opções para o governo brasileiro: a primeira seria desvalorizar o câmbio e mudar
rapidamente os preços relativos a fim de sinalizar de imediato os novos custos dos
produtos importados e a alteração do valor social das exportações. Nesta opção dever-
se-ia ter o cuidado de conter rapidamente a demanda a fim de impedir que o
superaquecimento herdado do regime anterior transformasse o choque de preços
relativos em inflação permanente mais elevada. A segunda seria comprar tempo para
ajustar a oferta com crescimento mais rápido do que na alternativa anterior, realizando
de forma mais gradual e calibrada o ajuste de preços relativos enquanto houvesse
financiamento externo abundante” (p. 299-300).
182
• [1) ⇑ receita de exportação da OPEP ⇒ forte fluxo de petrodólares para países
industrializados ⇒ ⇑ recursos dos bancos nos países industrializados; 2) regulação
financeira: tetos para taxas juros domésticas] ⇒ ⇑ apetite ao risco ⇒ fluxo de
financiamento países em desenvolvimento (Brasil).
“(...) a falta de apoio político para um ajuste que pudesse ser abertamente associado com
recessão ficou clara já nos primeiros meses do governo” (p. 298).
“(...) os condicionantes internos parecem ter sido mais importante do que os externos
para explicar as opções inicialmente feitas acerca da política econômica adotadas tanto em
resposta às dificuldades tanto imediatas quanto para o restante da década. A Segunda é que
a abundância de liquidez permitiu que os déficits em conta corrente vultuosos que
resultaram das mesmas políticas fossem financiados sem que houvesse percepção mais
dramática do quadro de restrições externas ao iniciar-se o novo governo. Com
financiamento externo abundante, a linha de menor resistência conduzia assim à rota do
endividamento externo; um certo otimismo pela existência de indexação contribuía para
aumentar a tolerância com taxas mais elevadas de inflação. Postergava-se assim
naturalmente, para uma eventual ocasião mais propícia, a adoção de um programa de
mediadas restritivas” (p. 299).
“(...) uma opção tácita do governo por mais inflação e maior endividamento” (p. 307).
183
“Ficava assim selada a predominância da política de crescimento com base na
reestruturação da oferta e na demanda folgada sobre os ajustes de curto prazo. Na
prática ficou estabelecida a tolerância com taxas de inflação: o ajuste inflacionário seria
parte da política de evitar a imposição de perdas diante das novas possibilidades da
economia brasileira. De 1975 em diante, a acomodação diante da taxa de inflação seria
periodicamente sujeita a surtos de contenção, todos eles de curta duração. A aprovação do
II PND significou(...) a subordinação dos objetivos de estabilização às metas de longo
prazo” (p. 306).
184
• Política comercial ⇒ ii)estímulo às exportações; ii)desestímulo as importações:
controle quantitativo, tarifas e encargos financeiros.
“(...) importações foram encarecidas, não só por uma elevação generalizada de tarifas,
como pela criação de encargos financeiros e restrições quantitativas de vários tipos. Tais
medidas tinham um duplo papel: reprimiam as importações(...) e criavam-se novos
obstáculos que puderam ser removidos seletivamente para a implementação da nova
política industrial” (p. 311).
“De um modo geral as conclusões têm sido favoráveis no sentido de que os objetivos
gerais de reestruturação da oferta foram atingidos, se bem que em prazos geralmente
superiores aos programados” (p. 313).
185
“(...) a rapidez com que tais medidas lograram reduzir o coeficiente importado da
economia” (p. 311).
“A dívida externa brasileira cresceu US$ 10 bilhões entre 1974 e 1977, outros 10 bilhões
nos dois anos seguintes. (...). Em grande medida este vertiginoso crescimento foi o
resultado da política de longo prazo adotada” (p. 310).
“Por detrás dos indicadores que representam o serviço da dívida interna ao iniciarem-se os
anos 80, identificam-se importantes mecanismos que operam durante o processo de
ajuste e têm a ver não só com o processo de endividamento externo do país, como com a
mecânica da absorção desta dívida pelo governo” (p. 317).
186
produtos importáveis e exportáveis – uma outra conseqüência danosa: uma vez que a maior
parte da dívida externa está sob a responsabilidade do setor público, mas o superávit
comercial é gerado pelo setor privado, criou-se um problema de transferência de
recursos dos exportadores para o governo. Dado que a obtenção de recursos externo
tornou-se inviável, estes recursos tinham que ser obtidos domesticamente. Isso
representou um ônus adicional do ajustamento externo, além da recessão, dada a forma
de financiamento empregada dentre as três possibilidades (não mutuamente exclusivas) de
obter domesticamente os recursos necessários: (a) redução dos requisitos de financiamento
do governo, algo que pode ser obtido seja pelo aumento da carga tributária, redução das
despesas, ou uma combinação de ambas; (b) tomar empréstimos domésticamente,
aumentando a dívida pública; (c) financiamento inflacionário, pela expansão da base
monetária. Parece que no longo prazo, (a) é a única alternativa viável. A opção da política
econômica brasileira, no entanto, recaiu em um combinação de (b) e (c), daí resultando em
danosas conseqüências sobre a inflação e o financiamento do setor público. (...). Todos
esses fatores levaram à expansão do déficit público, necessidade de expansão monetária
adicional e aumento no endividamento público sob a forma de títulos. A elevação de
juros necessária para colocar novos títulos junto ao público aumentava os encargos
financeiros, daí resultando déficits maiores e mais rígidos e a transformação da
acumulação da dívida interna em um processo auto-alimentado. Essa é a forma pela qual
vinculam-se o ‘ajuste externo’ e os desequilíbrios econômico e financeiro do setor
público. Desse processo resultou ainda a redução da capacidade de poupança do estado
e cortes na despesa de investimentos do governo e suas empresas” (Bonelli, p. 146-9).
187
“(...) maior intervenção direta no processo econômico, seja através de mecanismos de
incentivos fiscais e creditícios, seja através da participação direta dos investimentos
públicos no processo de redirecionamento da oferta. Os primeiros dois instrumentos, no
entanto representam na prática deterioração da receita pública, na mediada em que o Estado
abre mão de coletar impostos e faz empréstimos com encargos financeiros abaixo da
inflação. Este efeito é ainda agravado pela prática de reajustes públicos abaixo da inflação.
Por outro lado, o aumento na responsabilidade do setor público pelos investimentos requer
maior poupança pública ou maior endividamento do setor público” (p. 315).
“Anos de repressão de preços e tarifas do setor público, utilização das empresas estatais
como instrumento de captação de empréstimos externos, concessão por vezes abusivas de
incentivos fiscais, subsídios creditícios e prática generalizada de artifícios financeiros
que mascaravam a verdadeira dimensão do desequilíbrio na economia brasileira(...)” (p.
314).
188
em erros de diagnóstico bem como na timidez que caracterizou o uso de instrumentos de
política após o primeiro choque do petróleo” (p. 300).
“(...) a grande ampliação do endividamento externo na década de 70 e sua crise nos anos
80” (Saes, p. 212).
189
1975 8.669,9 12.210,3 -3.540,4 -6.700,2 - 950,0
1976 10.128,3 12.383,0 -2.254,7 -6.017,1 1.191,7
1977 12.120,1 12.023,0 97,1 -4.037,3 630,0
1978 12.658,9 13.683,1 -1.024,2 -6.990,4 4.262,4
1979 15.244,4 18.831,1 -2.838,7 -10.741,6 3.214,9
190
MODENESI, A.M. 9/3/2005
Sinopse
1) [i)2o choque petróleo (1979): duplicação preço ii) ↑ juros internacionais (1979-
81); iii)recessão mundial] ⇒ crise da dívida (1982)
2) i)Ajuste externo: bem sucedido; ii)Ajuste interno: mau sucedido (inércia
inflacionária).
3) Década perdida: i)estagnação; ii)aceleração inflacionária.
1. [i)2o choque petróleo (1979): duplicação preços; ii) ↑ juros internacionais (1979-81)
→ ↑ despesa com juros dívida (70% taxas flutuantes); iii)recessão mundial →
escassez de finaciamento externo iv) dependência externa: petróleo e BK/insumos]
⇒ [forte restrição externa → crise da dívida externa (1982) → ajuste externo:
prioridade].
1
A Fed fund rate é a taxa de juros básica da economia norte-americana, equivalente á taxa SELIC.
2
A prime rate é a taxa de juros usada como referência dos empréstimos (domésticos e externos) dos bancos
norte-americanos.
190
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“O início dos anos 80 é marcado pela ameaça de crise cambial devido ao segundo choque
do petróleo, à elevação das taxas de juros internacionais e à maior dificuldades em obter
recursos externos. O Brasil foi assim forçado a buscar um ajustamento externo
consubstanciado em uma política ortodoxa de controle da demanda” (Saes, p. 222).
191
MODENESI, A.M. 9/3/2005
• 1981: i) recessão: ∆PIB = - 3,1% (1ª vez desde o pós-II Guerra); ∆PIB Ind = - 10,0%
(puxada por BCD e BK); ii) superávit comercial; iii) ⇑ juros internacional (4 p.p.) →
⇑ despesa com juros da dívida externa (40% receita de exportação).
192
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Em 1982, o Brasil exportou US$ 3 bilhões a menos do que no ano anterior. A recessão
mundial, acentuada pelo comportamento defensivo dos dirigentes das economias centrais e
pelo declínio da capacidade de importar de alguns dos novos consumidores de
manufaturas brasileiras frustrara a tentativa de produzir um significativo superávit
comercial. O prosseguimento da substituição de bens intermediários (tanto petróleo
como não petróleo) e o declínio na demanda apor bens de capital, induzida pela
recessão, permitiram uma queda nos gastos com importação de mais de 2,6 bilhões e,
conseqüentemente, uma perda inferior a US$ 500 milhões no superávit da balança
comercial. Contudo, o aumento de mais de 2,2 bilhões no pagamento de juros tornou o
déficit em conta corrente virtualmente independente da absorção doméstica. Novas
restrições ao crescimento econômico tornaram-se inevitáveis, principalmente depois dói
anúncio da moratória mexicana em 1982” (328).
“Em agosto de 1982 ficou claro que não seria possível convencer os banqueiros privados
a continuarem dobrando suas apostas na estratégia de ajustamento de longo prazo” (p.
328).
193
MODENESI, A.M. 9/3/2005
• Fundo da recessão 1983: (∆PIB = - 2,8%; ∆PIB per capita (80-83) = - 11,0%; ∆PIB Ind
= - 5,2%).
194
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Os resultados medíocres apresentados pela balança comercial nos dois primeiros meses
do ano, assim como as dificuldades práticas para a consecução das desvalorizações reais
mensais, levaram ao abandono do gradualismo na política cambial. Assim, em 21 de
fevereiro de 1983(...) o governo brasileiro desvalorizou o cruzeiro em 30%.” (p. 331).
“Uma combinação de fatores, tais como a recessão interna a queda no salário real, a
desvalorização cambial, as quedas no preço do petróleo e da taxa de juros, e a
recuperação da economia norte-americana, que se fortaleceu durante a segunda metade
do ano, contribui para o cumprimento de praticamente todas as metas relacionadas às
contas externas em 1983” (332).
195
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Em 1984, pela primeira vez desde 1979 a restrição externa da economia brasileira
mostrou sinais de relaxamento. O vigor da recuperação norte-americana nos primeiros
dois trimestres de 1984 foi de importância fundamental para o relaxamento da restrição
externa e, conseqüentemente, para o desempenho da economia brasileira em 1984. As
exportações de manufaturados responderam ao reaquecimento do comércio mundial,
liderado pela recuperação norte-americana, estimulando a demanda no setor industrial e,
via efeito do multiplicador inter-industrial, no resto da economia. Por outro lado, o
aumento violento nos preços agrícolas, ao aumentar a renda do setor rural, também
propiciava maiores compras de bens intermediários e maquinaria da indústria. Já no
primeiro trimestre de 1984, havia sinais indubitáveis de recuperação da atividade
industria(...)” (p. 337).
196
MODENESI, A.M. 9/3/2005
inflação ao aumento da oferta agrícola era apenas mais um sintoma da indexação crescente
da economia” (p. 339).
197
MODENESI, A.M. 9/3/2005
198
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“A crise econômica quase contínua que presenciamos do início dos anos 80 até o início
dos anos 90 não pode ser entendida apenas como conseqüência dos desequilíbrios
macroeconômicos que se agravaram ao longo do período. Ela refletiu, também, uma
crise estrutural mais ampla. O modelo de desenvolvimento por substituição de
importações vigente desde o pós-guerra, caracterizado por uma baixa exposição da
economia aos mercados mundiais e uma intervenção estatal generalizada, não só
deixou de apresentar soluções para os problemas do país como estava em contradição
com as mudanças no cenário internacional ocorridas especialmente ao longo da década
de 80: um contexto internacional marcado pela globalização das atividades econômicas
exige um ambiente de alta competição no qual o crescimento depende crucialmente da
qualidade e disponibilidade dos fatores de produção, em especial, do fator tecnológico.
Daí resulta o crescimento sustentado da produtividade e da competitividade interna e
externa. (...). Um novo modelo de desenvolvimento industrial, por seu turno, deve apoiar-
se no binômio incorporação de tecnologia-ganhos de competitividade, de modo a
viabilizar ao longo do tempo a substituição de exportações – isto é, a passagem destas a
etapas tecnologicamente mais avançadas. Nossa experiência histórica mostra que a
industrialização por substituição de importações, embora tenha gerado um parque
industrial integrado e diversificado, foi também responsável, dado o elevado e
indiscriminado nível de proteção à indústria, pela criação de inúneros ramos industriais
não competitivos, seja interna, seja externamente. Em uma nova estratégia, portanto, a
superação desse quadro exige a reorientação gradual da estrutura produtiva e a
construção de competitividade pela exposição externa (exportação e importações). O
papel dos empréstimos e financiamentos de médio e longo prazo na consecução desses
objetivos é crucial. A estratégia que visa à maior inserção internacional da economia
199
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Tal postura, obviamente, não é isenta de riscos. (...)os eventuais efeitos negativos sobre a
conta corrente do balanço de pagamentos com a alta volatilidade dos movimentos de
capitais externos de curto prazo(...); o efeito ampliado que as recessões na economia
mundial teriam sobre a atividade econômica interna; o risco de sucateamento a curto e
médio prazos de segmentos da indústria instalada no país com o aumento da competição
externa; o impacto sobre as reservas internacionais caso as etapas de passagem para o
novo modelo não sejam corretamente monitoradas e apoiadas pela política industrial.
Esses são riscos reais e existem em qualquer estratégia de abertura externa. O mundo
moderno, porém, é cada vez mais integrado(...) não se podendo mais pensar hoje em
projetos de desenvolvimento de caráter autárquico. Nunca é demais enfatizar, a
propósito, o papel da política industrial no apoio à atividade industrial os grandes desafios
com que se defronta a economia e sociedade brasileira(...). Nossa trajetória de
industrialização demonstra claramente que esses desafios já foram enfrentados – e com
sucesso – mais de uma vez na história” (Bonelli, p. 156-7).
200
MODENESI, A.M. 9/3/2005
201
MODENESI, A.M. 9/3/2005
Eduardo Modiano
Sinopse
1) Combate inflacionário: prioritário.
2) Teses inercialistas: i) insensibilidade da inflação ao controle de demanda; ii) planos
heterodoxos: Cruzado, Bresser, Feijão com Arroz, Verão.
3) Fases da política econômica: i) ortodoxia; ii) gradualismo; iii) heterodoxia.
[Planos ortodoxos do período anterior promoveram o ajuste externo, mas não o interno]
⇒ sucessão de planos de estabilização.
1
Na década de 1970, o fenômeno da estagflação já havia abalado fortemente a crença em um trade-off estável
entre inflação e desemprego, conforme previsto pela curva de Phillips (Samuelson-Solow).
202
MODENESI, A.M. 9/3/2005
203
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Em contraste com o diagnóstico ortodoxo da inflação, que privilegia o déficit público e
a suposta orgia monetária, generaliza-se hoje em dia o diagnóstico heterodoxo, que vê a
inflação como propulsionada por choques de oferta e sustentada inercialmente por
conflitos distributivos” (Arida, p. 159).
204
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205
MODENESI, A.M. 9/3/2005
206
MODENESI, A.M. 9/3/2005
Salário
real
A
M édia
D Tempo
207
MODENESI, A.M. 9/3/2005
à situação de equilíbrio, ou seja, aqueles que acabaram de reajustar seus preços estarão
acima da renda real média, enquanto aqueles que estiverem perto do momento do
reajuste (logo, maior distância do último) deverão estar abaixo da renda média. Isto é
facilmente percebido no caso dos salários, em que diferentes categorias possuem diferentes
meses para os dissídios. Assim, ‘se o processo inflacionário terminasse abruptamente,
trabalhadores com o mesmo salário real médio ficariam com salários reais distintos,
pois encontrar-se-iam em estágios diferentes da rampa inflacionária’” (Modiano).
“Dado esse problema, o puro e simples congelamento de preços não constitui uma
forma de eliminar a inflação, uma vez que este romperá o equilíbrio dinâmico na
distribuição de renda, gerando profundos desequilíbrios de preços relativos num dado
instante e levando ao aparecimento de choques no momento seguinte para, readequar as
rendas reais” (Saes, p. 234).
208
MODENESI, A.M. 9/3/2005
• Livre troca moeda ruim (CR$) pela boa (ORTN: valoriza diariamente com
relação ao CR$) ⇒ preços estáveis moeda boa ⇒ credibilidade moeda boa ⇒
conversão voluntária.
• (1) Ortodoxia: Dornelles (03/1985): i) austeridade fiscal; ii) política monetária rígida;
iii) mini congelamento de preços (abril-jun); iv) [modificação na fórmula de cálculo da
correção monetária e desvalorizações cambiais: 3 meses → estendeu memória
inflacionária] ⇒ reduzir aceleração inflação.
“...o novo governo deu início à gestão da política econômica com o anúncio apenas de
medidas de austeridade fiscal e monetária” (352).
• Processo de supressão dos controles de preços pelo (CIP): i) redução controles preços
privados (automobilística: 9,5%; cimento: 15%); ii) redução da repressão tarifária (aços
planos: 15%; energia elétrica: 22%; tarifas portuárias: 77%; transporte: ).
209
MODENESI, A.M. 9/3/2005
• [i) fracasso das fases (1) e (2); ii) ameaça de hiperinflação] ⇒ planos heterodoxos.
“Não havia dúvida de que, com a indexação generalizada da economia, a taxa de inflação
tenderia rapidamente para o novo patamar de 400 a 5000% ao ano. Nestas condições, o
governo não seria capaz de manter os reajustes salariais na freqüência semestral, o que
poderia resultar em outra pressão de custos, colocando a economia na rota da
hiperinflação” (356-7).
210
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“O primeiro período, que vai de março a junho de 1986, é marcado uma queda
substancial da inflação e também pelos primeiros indícios da existência de excesso de
demanda na economia. O segundo, que vai de julho a outubro, pode ser identificado pela
total imobilidade do governo ante ao agravamento da escassez de produtos e à
deterioração das contas externas. Finalmente, o terceiro período, que vai de novembro de
1986 a junho de 1987, ratificou o fracasso do Plano Cruzado, com o retorno das altas
taxas de inflação” (p. 360).
211
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Ao final de 1986, a economia estava claramente superaquecida como resultado de uma
política de rendas que estimulou a demanda agregada mas não a capacidade produtiva”
(Bonelli, p. 143-4).
“O Plano Cruzado não estabeleceu regras ou metas para as políticas monetária e fiscal.
A atuação das políticas monetária e fiscal foi relegada ao discernimento dos responsáveis
pela política econômica. (...). A generalização do excesso de demanda era reforçada por
uma expansão exagerada da oferta de moeda, que transcendia o incremento natural da
demanda de moeda provocado pela desinflação abrupta” (p. 359).
212
MODENESI, A.M. 9/3/2005
• Cruzado II: i) pacote fiscal: ↑ tarifas públicas (gasolina, energia elétrica, telefone e
tarifas postais) e impostos indiretos → ⇑ inflação (choque inflacionário); ii)
descongelou o câmbio: minidesvalorizações (diárias).
• Feijão com Arroz (Maílson Nóbrega) (1988): retorno parcial à ortodoxia ⇐ [1)
heterodoxo: i) congelamento salários do funcionalismo público (1 ano); 2)
ortodoxos: i) suspensão moratória (jan/1988); ii) corte gastos federais; iii) limites
dos empréstimos para as estatais e os governos municipais e estaduais; iii) melhoria
na indexação das receitas públicas; iv) combate à evasão fiscal].
213
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“[Os Planos Bresser e Verão] Foram planos mais limitados e tirando alguns detalhes não
eram significativamente diferentes” (Saes, p. 237).
214
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“Nenhum dos dois consegui eliminar a lógica da moeda indexada(...)” (Saes, p. 237)
215
MODENESI, A.M. 9/3/2005
“O último triênio dos anos 80 constitui uma fase de desajustes domésticos e, à medida que
termina a década, hiperinflação reprimida. O período começa com súbita aceleração
inflacionária que se seguiu ao fracasso do Plano Cruzado, em boa medida associada à plena
utilização da capacidade de produção industrial. A compressão do salário real que se seguiu
representou uma brusca queda nas vendas de bens de consumo. Um resultado disso foi a
reversão da curta fase de crescimento industrial agregado. A partir daí inaugura-se uma
série de ciclos de curta duração até a nova recessão dos anos 90. Esta situação de ciclos de
crescimento sem sustentação que caracterizou o período(...)” (Bonelli, p. 146).
216
MODENESI, A.M. 9/3/2005
Sinopse
1) Planos Collor I (1990) e II (1991).
2) Reformas estruturais: i) abertura comercial; ii) Programa Nacional de
desestatização (PND).
3) Impeachment (1992): corrupção.
“(...) o novo governo anunciou cinco reformas que constariam da agenda de qualquer
partido ‘progressista’ ou de qualquer programa de ‘ajuste estrutural’ inspirado no estilo de
Washington destinadas à reconstrução de uma estrutura econômica de forma a permitir a
retomada do crescimento com bases mais estáveis: uma reforma administrativa, uma
nova política comercial com forte conteúdo de liberalização, um programa de
enxugamento da máquina estatal e uma reforma tributária destinada eliminar distorções,
expandindo a base de tributação e promovendo o fim do anonimato fiscal(...), bem como a
extinção dos incentivos. Além disso, anunciou um programa de privatização com ampla
participação do sistema financeiro através da compra compulsória de certificados de
privatização com base nos ativos dos bancos” (Abreu, p. 245-6).
223
MODENESI, A.M. 9/3/2005
• [i) liberalização cambial (CC5); ii) arbitragem entre taxas juros domésticas e
externa] ⇒ ⇑ passivo externo bruto.
“(...) o aumento das reservas internacionais das autoridades monetárias, que no início de
1992 atingiam US$ 20 bilhões, apesar da ausência de apoio formal do FMI” (Abreu, p.
262).
• Fracasso.
224
A.M. MODENESI 28/3/2005
1. Plano Real (1994): estabilização bem sucedida baseada: i) ajuste fiscal (PAI e FSE); ii)
reforma monetária (URV) e iii) âncora cambial.
90 Co llo r 1
80 IGP-DI (%)
70
60
Real
50 Verão
40 B resser Co llo r 2
30 Cruzado
20
10
0
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
n/
n/
n/
n/
n/
n/
n/
n/
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n/
n/
n/
n/
ja
ja
ja
ja
ja
ja
ja
ja
ja
ja
ja
ja
ja
ja
• Precariedade do ajuste fiscal: ⇑NFSP (0,4% do PIB em 1991-1994 para 5,2% do PIB em
1995-1998) ⇐ [i)transformação do superávit operacional (de 2,9% do PIB) em déficit
operacional: de 0,2% do PIB; e ii)⇑ despesa com juros: 3,3% do PIB para 5,0%].
218
A.M. MODENESI 28/3/2005
20000
18000
16000
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
94
94
94
94
95
95
4
94
5
4
4
94
4
/9
/9
/9
/9
t/9
l/9
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o/
v/
n/
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ai
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no
fe
fe
ag
de
ja
ja
ju
m
m
m
Fonte: Banco Central do Brasil * Média mensal dos saldos diários em R$ bilhões
219
A.M. MODENESI 28/3/2005
220
A.M. MODENESI 28/3/2005
1990-1994 1994-1996
Importações 12,4% 27,1%
Exportações 8,5% 4,7%
Fonte: Secex
221
A.M. MODENESI 28/3/2005
222
A.M. MODENESI 28/3/2005
CONTAS ANO
1993 1994 1995 1996 1997 1998
Balança Comercial (FOB) 13.307 10.466 - 3.352 - 5.554 - 8.364 - 6.409
Serviços (líquido) - 15.585 - 14.743 - 18.594 - 20.483 - 27.288 - 30.351
Juros - 8.280 - 6.338 - 8.158 - 9.173 - 10.390 - 11.948
Outros serviços (1) - 7.305 - 8.405 - 10.436 - 11.310 - 16.899 - 18.403
Transferências Unilaterais 1.686 2.588 3.974 2.900 2.216 1.778
Saldo em Conta Corrente - 592 - 1.689 - 17.972 - 23.137 - 33.437 - 34.982
Movimento de Capital 10.115 14.294 29.359 34.263 26.087 27.005
Investimento Líquido. 6.170 8.131 4.663 15.540 20.664 20.884
Amortizações -9.978 -50.411 - 11.023 - 14.419 - 28.714 - 33.587
Empréstimos (2) 10.790 52.893 14.736 22.841 28.870 59.819
Cap. De curto prazo 869 909 18.834 5.752 - 17.516 - 29.093
Outros capitais - 216 750 - 1.069 - 290 4.224 8.983
45
40
35
30
25
20
15
10
12
10
8
6
4
2
0
-2 jun.95 jun.96 jun.97 jun.98
-4
-6
223
A.M. MODENESI 28/3/2005
Variação do PIB Real (%) 4,92 5,85 4,22 2,65 3,27 0,13
TABELA XV.11 – Relação Dívida Líquida do Setor Público (%PIB) – Brasil: 1994-1998
Período Total* Interna Externa
Dez/94 30,4 21,6 8,8
Dez/95 30,8 25,2 5,6
Dez/96 33,2 29,3 3,9
Dez/97 34,3 30,0 4,3
Dez/98 41,7 35,5 6,2
224
A.M. MODENESI 28/3/2005
Sinopse
1. Crise cambial (1999) ⇒ abandono regime monetário de metas cambiais e adoção
do regime monetário de metas de inflação.
2. Avaliação: (1)positiva: bem sucedido na manutenção da estabilidade (âncora
nominal); (2)negativa: i)desempenho econômico insatisfatório (desemprego alto e
crescimento baixo; exceção: 2000); ii)incapacidade do BCB cumprir as metas
(apenas em 1999 e 2000).
• ⇓ reservas internacionais
60000
40000
20000
0
1994 1995 1996 1997 1998 1999
• ⇑ Risco país
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
01/04/1998
14/04/1998
24/04/1998
06/05/1998
15/05/1998
26/05/1998
04/06/1998
16/06/1998
25/06/1998
06/07/1998
16/07/1998
27/07/1998
05/08/1998
14/08/1998
25/08/1998
03/09/1998
15/09/1998
24/09/1998
05/10/1998
15/10/1998
26/10/1998
05/11/1998
16/11/1998
25/11/1998
04/12/1998
15/12/1998
24/12/1998
06/01/1999
15/01/1999
Fonte: IPEADATAonline
A.M. MODENESI 28/3/2005
• [i) cumprimento meta: 8,9%; ii) ∆ PIB = 0,8% e ∆ PIB per capita = - 0,5%] ⇒
desempenho satisfatório do ponto de vista estrito da manutenção da estabilidade de
preços.
2,25
2
1,75
1,5
1,25
1
4/1/1999
18/1/1999
1/2/1999
15/2/1999
1/3/1999
15/3/1999
29/3/1999
12/4/1999
26/4/1999
10/5/1999
24/5/1999
7/6/1999
21/6/1999
5/7/1999
19/7/1999
2/8/1999
16/8/1999
30/8/1999
13/9/1999
27/9/1999
11/10/1999
25/10/1999
8/11/1999
22/11/1999
6/12/1999
20/12/1999
Fonte: Banco Central do Brasil
Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
IPA-DI 1,6 7,0 2,8 -0,3 - 0,8 1,4 2,0 2,2 2,3 2,6 3,6 1,6
IPCA 0,7 1,1 1,1 0,6 0,5 0,2 1,1 0,6 0,3 1,2 1,0 0,6
• [i) cumprimento da meta no ponto médio: 6,0%; ii) ∆ PIB = 4,4% e ∆ PIB per
capita = 3,0%]} ⇒ ano de melhor desempenho.
A.M. MODENESI 28/3/2005
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
jan/00 fev/00 mar/00 abr/00 mai/00 jun/00 jul/00 ago/00 set/00 out/00 nov/00 dez/00
Fonte
: Banco Central do Brasil
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
IPA-DI 1,0 0,2 0,0 0,0 0,7 1,5 2,8 2,6 1,1 0,6 0,4 0,8
IPCA 0,6 0,1 1,1 0,4 0,0 0,2 1,6 1,3 0,2 0,1 0,3 0,6
• [i) não-cumprimento meta: 7,7%; ii) ∆ PIB = 1,4%] ⇒ pior dos mundos:
desempenho econômico medíocre e não-cumprimento.
A.M. MODENESI 28/3/2005
3,5
2,5
1,5
1
jan/01 fev/01 mar/01 abr/01 mai/01 jun/01 jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01
3,5
2,5
1,5
1
jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02
Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
IPA-DI - 0,1 0,1 - 0,1 0,8 1,3 2,5 2,8 3,3 3,3 6,0 7,5 3,1
IPCA 0,5 0,4 0,6 0,8 0,2 0,4 1,2 0,7 0,7 1,3 3,0 2,1
IPCA
acumulado 0,5 0,9 1,5 2,3 2,5 2,9 4,2 4,9 5,6 7,0 10,2 12,5
no ano
Fonte: Banco Central do Brasil
• 2003: [i) forte inércia; ii) repasse cambial (residual); iii) deterioração de
expectativas] ⇒ [i) 2ª revisão (realizada pelo BCB, e não, pelo CMN) da meta de
2003: 8,5%; ii) ↑ SELIC até 26,5 (janeiro-junho)]; [2º semestre: i) taxa de câmbio
estabiliza abaixo de R$ 3,00; ii) ↓ pressão inflação inflacionária] ⇒ ↓ SELIC até
16,50% a.a. (julho-dezembro).
3,5
2,5
1,5
1
jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03
Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
IPA-DI 2,2 1,7 1,9 0,1 -1,7 -1,2 -0,6 0,7 1,3 0,5 0,5 0,7
IPCA 2,3 1,6 1,2 1,0 0,6 -0,2 0,2 0,3 0,8 0,3 0,3 0,5
IPCA 2,3 3,9 5,1 6,1 6,7 6,5 6,7 7,0 7,8 8,1 8,4 8,9
acumulado
Fonte: Banco Central do Brasil
• Paradoxo: i) maiores taxas de juros reais do mundo (média (1999-2003) > 12%
a.a.); ii) metas cumpridas apenas em 1999 e 2000.
A.M. MODENESI 28/3/2005
50
45
40
35
30
25
20
15
10
0
abr/99
jul/99
abr/00
jul/00
abr/01
jul/01
abr/02
jul/02
abr/03
jul/03
jan/99
out/99
jan/00
out/00
jan/01
out/01
jan/02
out/02
jan/03
out/03
Selic Real M édia
Itens 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 1995-2003 1999-2003
IPCA 22,41 9,56 5,22 1,66 8,94 5,97 7,67 12,53 9,30 119,34 52,89
Administrados 29,75 19,27 17,08 3,76 19,04 12,67 10,44 15,32 13,20 263,53 93,37
Ônibus urbano 32,59 21,63 12,93 8,62 14,86 7,86 15,54 12,04 20,95 283,70 93,97
Gasolina 7,65 21,34 16,32 (0,29) 52,00 30,74 7,19 12,10 1,24 266,20 141,72
Energ elétrica res 65,13 1,60 10,06 2,69 19,89 12,69 17,93 19,88 21,37 339,51 131,82
Telefone fixo 25,19 69,21 89,60 2,00 8,83 13,67 7,56 11,86 19,09 626,10 77,25
Plano de saúde 50,45 27,15 9,72 7,97 8,33 5,42 4,28 8,42 8,66 217,94 40,29
Tx água e esgoto 32,74 24,07 9,30 2,47 12,78 4,38 15,50 9,48 21,00 232,24 80,12
Gás de bujão 29,24 11,11 16,00 32,81 44,48 20,99 15,60 48,33 2,93 582,53 208,50
• DL (1968-73) = 74,29%.
• DL (1974-79) = 237,81%.
• DL (1968-79) = 1.048,57%.
1
Tabela 1 – Dívida Externa (US$ Bilhões): 1968-1973
Ano Total Privado (%) Público (%)
1972 2.947,5 75,05 24,95
1973 2.849,2 60,31 36,69
1974 3.109,5 64,69 35,31
1975 3.773,4 49,62 50,38
1976 3.826,0 48,95 51,05
1977 4.857,4 48,52 51,48
1978 8.828,9 39,77 60,23
1979 8.650,3 23,21 76,79
1980 4.811,1 23,36 76,64
1981 7.596,6 30,42 69,58
Fonte: IBGE
2
• 1) Diferencial taxa juros doméstica e externa ⇒ ganhos arbitragem ⇒
estimular captação recursos externos.
Ativo Passivo
Título Público = 100 Emp. Externo = 100
“Este processo denomina-se estatização da dívida externa, tendo sido utilizado para cobrir
as necessidades para o fechamento do Balanço de Pagamentos, num primeiro momento
e, posteriormente para se voltar a acumular reservas” (Saes, 215).
3
instituições financeiras e as empresas não-financeiras realizar depósitos prévios em
cruzeiros no Bacen, transferindo para este os encargos de seus débitos externo –
correção cambial, principal e juros – contratados através da resolução no 63 e lei no
4.131, respectivamente, permitindo desta forma a proteção contra os riscos de alterações
nas condições dos empréstimos. Visava-se com isso estimular as captações privadas.
Permitiram que o setor privado transferisse ao governo os custos do endividamento
quando o mercado financeiro internacional e a situação cambial do país se mostraram mais
instáveis” (Saes, 217).
“Apesar da ampla liquidez internacional e da série de estímulos dados ao setor privado para
captar recursos externos, tais como diferencial de taxas de juros e mecanismos que
possibilitavam o hedge cambial (Circular 230 e Resolução 432, que permitiam aos agentes
privados transferir o endividamento externo ao Banco Central, por meio de depósitos em
cruzeiros junto a este), o que compõe a segunda parte do processo de estatização da dívida
externa, as estatais constituíram-se nos principais tomadores. O setor privado envolvido na
captação fê-lo basicamente por movimentos especulativos: captar no exterior e aplicar em
títulos públicos com garantia de liquidez, dada a ‘carta de recompra’ e sem risco de perda
cambial, com a possibilidade de hedge, que se tornaram fonte adicional de especulação.
Para realizar o II PND, o Estado foi assumindo um passivo, para manter o crescimento
econômico e o funcionamento da economia. Dados os níveis extremamente baixos das
taxas de juros internacionais, o Estado era capaz de pagar os juros, mas correndo o risco de
que qualquer alteração na estrutura das taxas de juros poderia inviabilizar as condições de
pagamento, principalmente tendo-se em vista a característica flutuante das taxas de juros
dos empréstimos. A deterioração da capacidade de financiamento do estado, que socializou
todos os custos no período do II PND (com grande aumento nos gastos, sem criar
mecanismos adequados de financiamento), constituir-se-ia no grande problema enfrentado
posteriormente pela economia brasileira” (Gremaud, 416).
4
• 1979: início do processo de choque de juros ⇒ ↓ fluxos de empréstimos externos
(AL)
• 1979-82: [i) perda de reservas; ii) rolagem dívida (novos empréstimos junto aos
bancos privados] ⇒ manutenção do serviço.
5
Tabela 2 – Formação Bruta de Capital Fixo – 1974-1984
Ano % PIB Privado Publico
1970 18,8 61,3 38,7
1971-73 20,2 67,2 32,8
1974-78 22,3 59,8 40,2
1979-80 23,5 71,2 28,8
1981-83 22,4 69,7 30,3
1984 18,9 72,9 27,1
Fonte: IBGE in Giambiagi et al (2004b)
6
Formação Econômica do Brasil
Celso Furtado
Economia Brasileira
Professor: André de melo Modenesi
A. M. Modenesi 5/4/2005
A utilização desse material é restrita a fins estritamente acadêmicos. Sua utilização com
outros objetivos é vedada. Os alunos da faculdade de economia do IBMEC e do curso
preparatório para o Exame Nacional da ANPEC do CORECON – 1a Região estão
autorizados a reproduzir este material, com fins estritamente acadêmicos.
Críticas, sugestões e indicações de eventuais erros são bem-vindas. Favor enviá-las para:
modenesi@globo.eco.com
1
A. M. Modenesi 5/4/2005
Tópicos Fundamentais
2
A. M. Modenesi 5/4/2005
• Polos econômicos com baixo grau de integração: economia açucareira (Ne) e mineira
(MG). Maranhão: polo secundário vinculado à economia cafeeira através da pecuária.
Aconteciemntos políticos: i) independência dos EUA; ii) Revolução Francesa; iii) guerras
napoleônicas e iii) desarticulação do império espanhol na América ⇒ elevação temporária
nos preços dos produtos coloniais, favorecendo produção local: i) algodão: desorganização
produção americana e revolução industrial inglesa; ii) arroz: fora restrições do pacto
colonial e iii) couros.
“Sendo uma grande plantação de produtos tropicais, a colônia estava intimamente integrada
nas economias européias, das quais dependia. Não constituía, portanto, um sistema
autônomo, sendo simples prolongamento de outros maiores” (p. 95).
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XIX – Declínio a Longo Prazo do Nível de Renda: Primeira metade do Século XIX
4
A. M. Modenesi 5/4/2005
• Café: solução ⇐ [se adequa às restrições: i)ecológicas: clima, solo; ii)insumo básico:
terra (abundante); iii)grau de capitalização baixo: apesar de razoável nível de
imobilização os gastos monetários com a reprodução (custos variáveis) são muito
baixos; e iv)baixo nível tecnológico: equipamentos simples e de produção local].
5
A. M. Modenesi 5/4/2005
6
A. M. Modenesi 5/4/2005
• Abolição 1888
7
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Taxa de crescimento: i)renda: 3,5 % e ii)renda per capta: 1,5 %: elevada com relação
economia mundial. Relativo atraso econômico se explica devido à estagnação e possível
retrocesso dos ¾ de século anteriores.
8
A. M. Modenesi 5/4/2005
“Ao crescer a renda criada pelas exportações, cresce a massa total de pagamentos aos
fatores, realizados dentro da economia. Essa renda, conforme vimos, tende a multiplicar-
9
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10
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pois nesse setor o fluxo monetário era relativamente muito menor. (...). Em síntese, como a
população [empregada] crescia muito mais intensamente no setor monetário que no
conjunto da economia, a massa de salários monetários – base do mercado interno –
aumentava mais rapidamente que o produto global” (152-3).
“O que nos interessa assinalar, porém, é o fato de que essa reduzida atividade industrial,
juntamente com o setor agrícola de subsistência eram insuficientes para dar à atividade
interna um dinamismo próprio. Assim, o crescimento econômico ficava basicamente
atrelado ao comportamento da demanda externa por produtos primários, dando o caráter
eminentemente dependente e reflexo de nossas economias” (Tavares, p. 31).
12
A. M. Modenesi 5/4/2005
pelo próprio processo de desenvolvimento das economias líderes do qual decorria, para os
países da periferia, uma divisão do trabalho social totalmente distinta do centro”
(Tavares, p, 32).
13
A. M. Modenesi 5/4/2005
14
A. M. Modenesi 5/4/2005
com numerário de circulação interna sem provocar grande redução no grau de liquidez
do sistema. O mesmo, entretanto, não se podia esperar de uma economia de elevado
coeficiente de importações. Neste último caso, um brusco desequilíbrio na balança de
pagamentos exigiria uma redução de grandes proporções no meio circulante,
provocando uma verdadeira traumatização do sistema” (p. 156).
“(...)no momento em que se deflagrava uma crise nos centros industriais, os preços dos
produtos primários caíram bruscamente, reduzindo-se de imediato a entrada de divisas
no país de economia dependente. Enquanto isso, o efeito dos aumentos anteriores do
valor e do volume das exportações continuava a propagar-se lentamente. Existia
portanto, uma etapa intermediária em que a procura de importações continuava
crescendo se bem que a oferta de divisas já se houvesse reduzido drasticamente. Nessa
etapa é que caberia mobilizar as reservas metálicas. Estas, entretanto, teriam de ser de
15
A. M. Modenesi 5/4/2005
16
A. M. Modenesi 5/4/2005
L
• [i)abundância de terras e MDO; e ii)escassez de capital ⇒ [produção extensiva: i)
K
T Y
e alto; ii)maximizar ] ⇒ [i)produtividade física inalterada; ii) ~∃ pressão para ↑
K K
WEXPORTADOR] ⇒ ganhos de produtividade econômica (elevação nos preços) retidos
pelos produtores.
“(...)a existência de uma reserva de mão-de-obra dentro do país, reforçada pelo forte
fluxo imigratório, permitiu que a economia cafeeira se expandisse durante um longo
período sem que os salários reais [pagos pelo setor] apresentassem tendência para a alta.
A elevação do salário médio no país refletia o aumento de produtividade que se ia
alcançando através da simples transferência de mão-de-obra da economia estacionária
de subsistência para a economia exportadora. As melhoras de produtividade obtidas
dentro da própria economia exportadora, essas o empresário podia retê-las, pois nenhuma
pressão se formava dentro do sistema que o obrigasse a transferi-la total ou parcialmente
para os assalariados .(...). Não existindo nenhuma pressão da mão-de-obra no sentido da
elevação dos salários, ao empresário não interessava substituir essa mão-de-obra por
capital, isto é, aumentar a quantidade de capital por unidade de mão-de-obra. Como os
frutos do aumento da produtividade revertiam para o capital, quanto mais extensiva
fosse a cultura, vale dizer, quanto maior fosse a quantidade produzida por unidade de
capital imobilizado, mais vantajosa seria a situação do empresário. Transformando-se
qualquer aumento de produtividade em lucros, é evidente que seria sempre mais
interessante produzir a maior quantidade possível por unidade de capital, e não pagar o
mínimo possível de salários por unidade de produto. A conseqüência prática dessa situação
era que o empresário estava sempre interessado em aplicar seu capital novo na expansão
das plantações, não se formando nenhum incentivo à melhora dos métodos de cultivo.
Observação idêntica pode ser feita com relação à terra. É evidente que se esta fosse
escassa, concluída sua ocupação, os empresários seriam induzidos a melhorar os
métodos de cultivo e a intensificar a capitalização para aumentar os rendimentos. (...).
Ora, a terra mais ainda do que a mão-de-obra existia em abundância, desocupada ou
subocupada na economia de subsistência. O empresário tratava de usá-la aplicando o
17
A. M. Modenesi 5/4/2005
mínimo de capital por unidade de superfície. Sempre que essa dava sinais de
esgotamento, se justificava, do ponto de vista do empresário, abandoná-la, transferindo
o capital para solos novos de mais elevado rendimento [caráter itinerante da cultura]. (...).
As condições econômicas em que se desenvolvia a cultura do café não criavam, portanto,
nenhum estímulo ao empresário para aumentar a produtividade física, seja da terra
seja da mão-de-obra. Essa era aliás, a forma racional de crescimento de uma economia
onde existiam desocupadas ou subocupadas terra e mão-de-obra, e onde era escasso o
capital” (p. 161-2).
18
A. M. Modenesi 5/4/2005
“Pelas razões indicadas e outras, o setor exportador não apresentou, através de sua
expansão, nenhuma tendência a aumentar sua produtividade física. Os frutos do
aumento de produtividade, que retinha o empresário e a que antes nos referimos,
refletiam principalmente elevações ocasionais de preços. Ora essas elevações de preço se
manifestavam através do ciclo econômico, sendo portanto de se esperar que o empresário
devolvesse, através de lucros mais baixos, aquilo que ganhara em lucros extraordinários
na etapa cíclica favorável. As flutuações dos preços de exportação se traduziriam, dessa
forma, em contrações e expansões da margem de lucro do empresário. Entretanto, assim
não ocorria, por motivos mais ou menos óbvios. Já observamos que a contração cíclica
trazia consigo, quase necessariamente, um desequilíbrio na balança de pagamentos, cuja
correção se fazia através de reajustamentos da taxa cambial [ver nota 143]” (p. 163).
19
A. M. Modenesi 5/4/2005
• Tendência manutenção nível de emprego: i)custo fixo muito alto; ii) impossibilidade
de utilizar a terra para outros cultivos; e iii) inexistência de alternativa para
utilização da MDO.
“(...) a plantação de café significa uma inversão de longo prazo com grandes
imobilizações de capital. A terra ocupada pelo café não pode ser usada se não de forma
subsidiária por outras culturas. Não existe, como no caso dos cereais, a possibilidade de
reduzir, no período produtivo seguinte, a área semeada. O abandono da plantação de café
significaria para o empresário um grande prejuízo, dado o montante de capital
imobilizado. Por outro lado, como não existia possibilidade alternativa de utilização de
mão-de-obra, a perda total de renda seria de grandes proporções. (...) Explica-se, portanto,
que a economia procurasse por todos os meios manter seu nível de emprego durante os
períodos de depressão” (p. 167).
20
A. M. Modenesi 5/4/2005
“A forma de operar do sistema fiscal merece particular atenção, pois, se por um lado
contribuía para reduzir o impacto das flutuações externas, por outro lado agravava o
processo de transferência regressiva de renda nas etapas de depressão. O fato de que se
reduzisse a carga fiscal ao depreciar-se a moeda – isto é, nas etapas em que o preço dos
21
A. M. Modenesi 5/4/2005
22
A. M. Modenesi 5/4/2005
“Ocorreu, entretanto, que a grande expansão da cultura cafeeira do final do século passado,
teve lugar praticamente dentro das fronteiras de um só país. As condições excepcionais que
oferecia o Brasil para essa cultura valeram aos empresários brasileiros a oportunidade de
controlar três quartas partes da oferta mundial desse produto. Esta circunstância é que
possibilitava a manipulação da oferta mundial de café(...). (p. 178)”
23
A. M. Modenesi 5/4/2005
• Sucesso relativo: até 1930 os programas forma bem sucedidos mas eles agravaram a
crise de supreprodução.
“Era perfeitamente óbvio que os estoques que se estavam acumulando não tinham
nenhuma possibilidade de serem utilizados economicamente num futuro previsível.
Mesmo que a economia lograsse evitar a nova depressão, após a grande expansão dos
anos vinte, não havia nenhuma porta pela qual pudesse antever a saída daqueles
estoques, pois a capacidade produtiva continuava a aumentar. A situação que se criava era
absolutamente insustentável” (p. 182-3).
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“A sucessão das políticas de valorização dos preços nas primeiras décadas do século XX
manteve a lucratividade da cafeicultura relativamente elevada e acabou por diminuir os
riscos de tal atividade”. (Saes, p. 89).
“Para evitar essa tendência [de desequilíbrio entre oferta e demanda] teria sido necessário
que a política de defesa dos preços houvesse sido compensada por outra de decidido
desestímulo às plantações de café. Essa política de desestímulo era impraticável se não se
abria uma alternativa para o empresário produtor de café, isto é se não lhe dava uma
oportunidade de aplicar alhures os lucros obtidos no setor cafeeiro com uma rentabilidade
comparável à deste último” (p. 182-3).
• Demanda inelástica ⇒ [i) excesso de oferta não poderia ser absorvido com a
redução do preço → destruição dos estoques; ii)preço determinado pela oferta →
preço se mantém baixo após a recuperação].
“Não obstante toda essa baixa de preços, o mercado internacional não podia absorver
a totalidade da produção pela razão muito simples já indicada de que a procura era pouco
elástica em função dos preços” (p. 188).
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“A demanda final por café não varia muito ainda que o preço varie significativamente.
Consequentemente, mesmo que o preço de uma colheita excepcional fosse muito
reduzido, não muito mais do que o consumo normal seria vendido” (Bacha, p. 32).
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“As causas que estão por detrás deste mecanismo multiplicador são mais ou menos óbvias e
refletem a interdependência das diversas partes de uma economia. Ao receberem menos
dinheiro por suas vendas no exterior, os exportadores e produtores ligados à exportação
reduzem suas compras. Os produtores internos afetados por essa redução também reduzem
as suas, e assim por diante” (p. 191).
“A redução na renda monetária, no Brasil, entre 1929 e o ponto mais baixo da crise, se
situa entre 25 e 30 por cento, sendo portanto relativamente pequena se se compara com a
de outros países. Nos EUA, por exemplo, essa redução excedeu 50 porcento(...). A
diferença está que nos EUA a baixa de preços acarretava enorme desemprego, ao contrário
do que estava ocorrendo no Brasil, onde se mantinha o nível de emprego se bem que se
tivesse que destruir fruto da produção. (...) o valor do produto que se destruía era muito
inferior ao montante da renda que se criava. Estávamos em verdade, construindo as
famosas pirâmides que anos depois preconizaria Keynes”
“(...) a política de defesa do setor cafeeiro nos anos da grande depressão concretiza-se num
verdadeiro programa de fomento da renda nacional. Praticou-se no Brasil,
inconscientemente, uma política anti-cíclica de maior amplitude que se tenha preconizado
em qualquer dos países industrializados” (p. 192).
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“Assim é que, após o pico de produção industrial obtido em 1928, a produção declinaria
por apenas dois anos consecutivos. Já a partir de 1931 esboça-se uma reação, que ganha
corpo em 1933 e prossegue até o final da década. A produção industrial praticamente
dobrou entre 1931 e 1939, evidenciando notável dinamismo” (Bonelli, p. 88-9).
“Para Celso Furtado, o crédito do Banco do Brasil para compra do excedente teria sido
fundamental para iniciar a recuperação da economia brasileira” (Saes, p. 121).
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“Que destino tomava essa renda, que, devendo ser despendida no exterior em
importações ficava represada dentro do país pelo mecanismo corretor da baixa do referido
coeficiente ? É evidente que ia pressionar sobre os produtores internos” (p. 196).
“(...) o valor das importações baixou de 14 para 8 por cento da renda territorial bruta,
satisfazendo-se com oferta interna parte da procura que antes era coberta com
importação” (p. 197).
“(...) mantendo-se elevado o nível de procura e represando-se uma maior parte dessa
procura dentro do país, através de um corte nas importações, as atividades ligadas ao
mercado interno puderam manter, na maioria dos casos, e em alguns aumentar, sua taxa
de rentabilidade. Esse aumento(...) se fazia concomitantemente com a queda dos lucros no
setor ligado ao mercado externo. Explica-se, portanto, a preocupação em desviar capitais
de um para outro setor. As atividades ligadas ao mercado interno não somente cresciam
impulsionadas por seus maiores lucros, mais ainda recebia novo impulso ao atrair
capitais que se formavam ou desinvertiam no setor de exportação” (p.198).
“(...) a importância crescente que, como elemento dinâmico, irá logrando a procura
interna nesta etapa de depressão. Ao manter-se a procura interna com maior firmeza
que a externa, o setor que produzia para o mercado interno passa a oferecer melhores
oportunidades de inversão que o setor exportador. Cria-se, em conseqüência uma
situação praticamente nova na economia brasileira, que era a preponderância do setor
ligado ao mercado interno no processo de formação do capital. A precária situação da
economia cafeeira(...) afugentava desse setor os capitais que nele ainda se formavam”
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“Esta situação de oferta reduzida e demanda inalterada acarretou sensível elevação nos
preços relativos àqueles bens [importados]. Criava-se, assim, incentivos parra aumentar a
produção interna das indústrias brasileiras que competiam com importações. Não
demorou muito para que o capital oriundo do programa de valorização e do reajustamento
econômico encontrasse caminho para aplicar-se, direta ou indiretamente, em novas
empresas industriais” (Baer, p, 17).
“(...) a reorientação da demanda para o mercado interno nos anos 30 deve ser entendida
como uma resposta a limitações de natureza externa” (Abreu, p. 7).
“Não há dúvida que tais países [como o Brasil] se ‘voltaram para dentro’, com o
crescimento dependendo crucialmente da capacidade de acomodar o deslocamento da
demanda associado à brusca mudança de preços relativos encarecendo importações”
(Abreu, p. 73).
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gerais, ser utilizado para explicar uma longa fase do desenvolvimento industrial
brasileiro. De fato, o incipiente parque industrial doméstico responderia rapidamente ao
estímulo dado pelo mercado cativo existente, dada a relativa preservação dos níveis de
renda real possibilitada pela maciça injeção de recursos governamentais” (Bonelli, p. 88).
“Os efeitos anti-cíclicos da política de defesa do café também contribuíram para esta
reorientação da economia brasileira. Ao manter o nível de renda do setor cafeeiro
relativamente estável durante os anos da crise, através da manutenção dos preços
internacionais do produto, sustentou-se indiretamente a demanda agregada interna.
(...). Tal fato, aliado às dificuldades impostas pela crise à importação, permitiu uma
reorientação da demanda para o mercado interno. A linha de raciocínio é muito simples:
apesar dos efeitos da crise, manteve-se a renda global, e portanto, a demanda agregada, que
por sua vez não podia mais ser atendida pelo setor externo; a resposta natural foi o
deslocamento da demanda de produtos importados por aqueles produzidos no país,
entrando em curso, assim, a chamada substituição de importações” (Modenesi, p. 52-3).
“(…)o fator dinâmico principal, nos anos que se seguem à crise [de 1930], passa a ser,
sem nenhuma dúvida, o mercado interno. A produção industrial que, se destinava em sua
totalidade ao mercado interno, sofre durante a depressão uma queda de menos de 10 por
cento, e já em 1933 recupera o nível de 1929. A produção agrícola voltada para o
mercado interno supera com igual rapidez os efeitos da crise” (p. 198).
“(...) a rápida ascensão do setor industrial que passa a ser o fator dinâmico principal no
processo de criação de renda. Com base neste novo nível de preços relativos,
desenvolveram-se as indústrias destinadas a substituir importações” (p. 202).
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“(...) a indústria que constituía o setor mais dinâmico na formação do produto interno
real” (Baer, p. 21).
“Em nível descritivo, os argumentos apresentados por Furtado e pela tese da substituição
de importações encontram apoio na evidência empírica” (Saes, p. 137).
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“(..)o fator mais importante numa primeira fase de expansão da produção [industrial]
deve ter sido o aproveitamento da capacidade já instalada. (...). Outro fator que se deve
Ter em conta é a possibilidade que se apresentou de adquirir a preços muito baixos, no
exterior, equipamentos de segunda mão” (p. 193).
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“O setor externo não deixou de desempenhar papel relevante em nossos países; apenas
houve mudança significativa nas suas funções. Em vez de ser o fator diretamente
responsável pelo crescimento da renda, através do aumento das exportações, a sua
contribuição passou a ser decisiva no processo de diversificação da estrutura produtiva,
mediante importações de equipamentos e bens intermediários” (Tavares, p. 32).
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“(...) embora a atividade cafeeira não mais pudesse ser considerada o ‘centro dinâmico’ da
economia, é inegável que ela constituia elemento fundamental para a geração de divisas por
meio de suas exportações” (Saes, p. 123).
• 2a/3ª fase do processo de ISI: produção de bens de capital incentivada por: i)aumento
demanda ← aumento produção industrial; ii)aumento preço relativo dos importados ←
desvalorização.
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“`(...)cimento e produtos siderúrgicos – cuja produção no Brasil se iniciara nos anos 20,
embora não em escala apreciável – são atividades que foram pouco afetadas e responderam
ao estímulo de demanda. (...). Além, disso, sua rápida expansão igualmente estimulou a
demanda por bens de capital não só domésticos – cuja produção em larga escala no
Brasil inicia-se precisamente nos anos 30, com se verá – mas também importados(...). No
entanto, dado o crescimento acelerado da produção desses bens, as importações de bens de
capital supriam no final dos anos 30 uma parcela da demanda muito menor do que no
final dos anos 20 – que é afinal o traço mais marcante de qualquer processo de substituição
de importações” (Bonelli, p. 90-1).
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“(...) o fluxo de renda monetária criado no setor exportador não tinha uma
contrapartida real adequada na oferta de bens importados, sendo esse o ponto de
partida desse desequilíbrio” (p. 208).
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“Por outro lado, devia-se Ter em conta que o governo estava aumentando os seus gastos
com despesas militares, reduzindo ainda mais a parte do produto destinada à atender às
necessidades dos consumidores e dos inversionistas. (...). Finalmente, caberia considerar a
baixa geral de produtividade ocasionada pelos transtornos do comércio de cabotagem,
pela substituição de conbustíveis por outros de qualidade pior, pela paralisação de
máquinas por falta peças(...)” (p. 210).
“A economia brasileira havia se recuperado com suas próprias forças nos anos trinta, e ao
contrário do que ocorrera com os EUA e outros países, havia chega a 1937 com um nível
de renda per capta superior ao 1929. (....). Dessa forma, a economia brasileira não teve a
seu favor um período de transição ao ser submetida ao esforço que a guerra impôs a
praticamente todos os países do mundo” (p. 212).
“(...) manutenção de uma taxa cambial que, esgotadas as reservas cambiais, resultaria ser
incompatível com a real capacidade para importar. Conservava-se o desequilíbrio. Era,
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“A hipótese usual afirma que o setor industrial foi o principal beneficiário: ele ganhava,
de um lado, a reserva de mercado para sua produção e, por outro, recebia uma espécie de
subsídio quando da importação de máquinas e equipamentos e outros insumos considerados
essenciais. Este hipótese foi claramente formulada por Celso Furtado(...) e quantificada
por Albert Fishlow(...)” (Saes, p. 130).
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“O período compreendido entre 1920 e 1957 está assinalado por uma redução substancial
da procura externa como fator determinante do nível de renda” (p. 231-5)
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“(…)o fator dinâmico principal, nos anos que se seguem à crise [de 1930], passa a ser,
sem nenhuma dúvida, o mercado interno.” (p. 198).
“A crise prolongada dos anos trinta, no entanto, pode ser encarada como o ponto crítico
da ruptura do funcionamento do modelo primário-exportador” (Tavares, p. 32).
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Economia Brasileira
Professor: André de melo Modenesi
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Tópicos Fundamentais
• Versão extrema: [choque externo (crise comércio exterior): i)desvio dos fluxos
comerciais; ii)concentração de recursos no esforço de guerra] ⇒ [i)interrupção
fornecimento de importados; ii)↓ exportações → ↓ divisas → desvalorização →
encarece M] ⇒ ↓ capacidade de importar ⇒ [redução competição externa →
aumento da rentabilidade setor industrial] ⇒ incentivo ISI.
• Teoria geral aplicável em qualquer país para qualquer choque externo adverso
(crise setor exportador, guerra, recessão internacional etc.).
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“Em sua forma mais geral, a teoria dos choques adversos afirmava que a crise do setor
externo, ou seja, o choque adverso, beneficiava a indústria nacional porque bloqueava
as importações que abasteciam o mercado interno. Esse bloqueio podia dar-se de duas
formas (ou ainda pela conjugação das duas): por um lado, em certas circunstâncias, as
importações não podem ser realizadas porque sua oferta se torna restrita. É o caso dos
períodos de guerra em que, pelas dificuldades do transporte marítimo ou pela
concentração dos recursos produtivos no esforço bélico, não se encontram no mercado
internacional os produtos normalmente importados pelo Brasil. Essa barreira às
importações protegeria produção manufatureira nacional que, conseqüentemente,
encontrava espaço para crescer. A segunda forma de ‘proteção’ à indústria nacional nos
momentos de crise do setor exportador era mais geral: entendia-se que a queda das
exportações conduzia regularmente ao desequilíbrio externo cujo reflexo imediato era a
desvalorização da moeda brasileira no mercado cambial. Essa desvalorização encarecia os
produtos importados e, por isso, protegia a produção nacional diante da concorrência
externa. Desse modo, os períodos de crise do setor exportador seriam conjunturas
favoráveis para o crescimento da indústria nacional. Inversamente, nas fases de expansão
das exportações, com a conseqüente abundância de divisas, a moeda brasileira tenderia a se
valorizar, barateando, em conseqüência os produtos importados e reduzindo a capacidade
de competição da indústria nacional” (Saes, p. 74).
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“De acordo com os defensores desta linha de argumentação, há forte relação entre o
desempenho do setor exportador e o desenvolvimento industrial. Apesar da semelhante
relação entre ambos os setores também contida na análise de Furtado e Tavares do chamado
desenvolvimento para dentro, a analogia desta vertente com a “ótica da industrialização
liderada pelas exportações” não é totalmente válida. (...). Outra diferença com relação
àqueles autores está no fato de que de acordo com os defensores desta linha de
argumentação, o processo de industrialização foi mais amplo, não se limitando apenas ao
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setor de bens de consumo, de forma que a indústria que desenvolveu não era mera
extensão do setor exportador” (Modenesi, p. 56).
“A crítica com relação ao argumento dos choques externos é clara e explicita: para
ambos os autores, a Primeira Guerra teve impacto negativo sobre o processo de
industrialização. (...). Dean concentra sua argumentação nos efeitos negativos da
interrupção dos fluxos de comércio sobre a indústria. Se por um lado tal fato gerou
estímulo à produção interna, por outro, a importação de matérias-primas e
equipamentos se tornou mais difícil. Fazendo-se uso de dados sobre o volume de
mercadorias importadas pelo porto de Santos, Dean conclui que redução na importação dos
insumos – produtos de ferro e aço (70%) e máquinas (73%) – foi mais significativa do que
a redução de bens de consumo, cujo principal componente, produtos alimentícios, reduziu-
se apenas 6%. (...). O estímulo dado pelo setor cafeeiro ao processo de industrialização
conforme descrito por ambos os autores pode ser resumido pelos seguintes fatores: i) a
introdução da mão-de-obra assalariada monetizou a economia e expandiu a renda, de
forma a possibilitar a constituição de um mercado consumidor interno; ii) os
investimentos em infraestrutura, notadamente em estradas de ferro, ampliaram e
possibilitaram uma maior integração do mercado consumidor; iii) criou-se um sistema
de distribuição de produtos manufaturados baseado no desenvolvimento do comércio
exterior; iv) o forte movimento imigratório realizado para suprir as necessidades de mão-
de-obra para o setor cafeeiro surgidas com o fim da escravidão, também beneficiou a
indústria garantindo-lhe uma oferta de trabalho satisfatória. (...). A opinião radical de
Dean é tão inaceitável quanto a versão extrema dos choques externos. Supor uma
relação linear entre a produção do setor exportador e a industrial significa não levar em
conta as transformações por que passou a economia brasileira após a Crise de trinta e a
conseqüente desestruturação da economia cafeeira”. (Modenesi p. 56-61)
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• Fishlow: [(1), (2) coerentes ponto de vista lógico (não há inconsistência interna)]
⇒ teste empírico. I Guerra: evidência ambígua (compatível ambas teses) ⇐
[1)guerra: i)↑produção/lucro industrial; ii)manutenção da capacidade; 2)pós
guerra: investimentos → ↑capacidade].
“Do ponto de vista lógico, os argumentos de ambas as vertentes não são, em princípio,
incorretos, o que impedia a solução para a polêmica nesse plano. Conseqüentemente, o
debate deslocou-se para o plano empírico(...). Na verdade a evidência mostrou que qualquer
possibilidade de generalização era incapaz de atender às diferentes situações históricas
observadas. Uma análise particular do período da Primeira Guerra mundial mostra a
impossibilidade de se admitir uma das teses de forma exclusiva. Albert Fishlow, com base
em algumas informações quantitativas, concluiu que nesses anos houve aumento da
produção e dos lucros industriais, sem aumento da capacidade produtiva. Os lucros
acumulados pelo crescimento da produção teriam sido reinvestidos ao fim da guerra.
Viabilizando, então, o crescimento da capacidade produtiva. Essa explicação é
compatível tanto com as duas teses sobre o crescimento da indústria quanto com a
evidência empírica” (Saes, p. 74-5).
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“Diante do impasse a que foi conduzida essa polêmica, buscou-se outro entendimento
das relações entre café (ou setor exportador) e indústria. João Manuel Cardoso de
Mello” (Saes, p. 75).
“Em termos gerais, a ótica do “capitalismo tardio”, propõe uma revisão da doutrina
econômica da CEPAL sem, no entanto, refutar um de seus pressupostos básicos, a saber,
a constatação de que o desenvolvimento industrial brasileiro possui características
próprias. Não se pretende, de forma alguma, negar o fato de que a industrialização
brasileira foi um processo específico, dotado de características que lhe são peculiares. O
que se pretende refutar é o caráter reflexo da economia brasileira postulado pela CEPAL.
De acordo com os teóricos do “capitalismo tardio”, a economia brasileira não pode ser
concebida, meramente, como uma extensão do sistema econômico formado pelos países
centrais; esta possui uma dinâmica própria, de forma que seu funcionamento não pode
reduzido simplesmente à um conjunto de reações a acontecimentos que se operam nas
economias centrais. O foco de análise se desloca da dicotomia proposta pela análise
cepalina clássica baseada em fatores externos versus fatores internos na determinação do
desenvolvimento industrial para se concentrar na análise da evolução do capitalismo
brasileiro, fazendo-se uso do instrumental marxista tradicional. A periodização cepalina
baseada no crescimento “para fora” até a década de 1930 e crescimento “para dentro”, a
partir de então, é substituída pela sucessão de modos de produção. Assim, passou-se da
economia colonial para a mercantil-escravista e posteriormente para a economia capitalista
exportadora. Finalmente nesta última fase, especialmente entre fins da década de 1880 e de
1920, verificou-se o surgimento e consolidação do capital industrial. As relações entre
agroexportação e indústria assume duas formas. A primeira é uma relação positiva, mas
não linear entre o desenvolvimento industrial e a expansão do setor agroexportador:
dada uma crise externa, a indústria é primeiramente afetada de forma negativa;
posteriormente, com a elevação na proteção ao mercado interno, devido à queda na
capacidade para importar, ela se beneficia, elevando sua produção. A outra forma é
contraditória. A contradição origina-se do fato de que o capital industrial se
subordinava ao capital cafeeiro, que por sua vez era subordinado ao capital internacional.
Dessa forma, o setor industrial não era autônomo, dependendo da economia
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• Maior importância para o papel do Estado (não quer dizer que ele promoveu
intencionalmente a industrialização) ⇒ negação da visão tradicional (Villela e
Suzigan) de minimizar e/ou negar importância papel do Estado antes de 1930-
45.
“Não se trata porém de provar que a industrialização foi promovida por uma
abrangente política deliberada de desenvolvimento. Há consenso de que tal política não
foi implementada na Brasil antes da década de 1950. De fato, a intenção declarada dessa
escola de pensamento é de contestar a afirmação, usualmente encontrada na
historiografia brasileira, de que o papel do Estado na promoção do desenvolvimento
industrial no período anterior a 1930 foi mínimo ou não foi significativo. Argumenta-se
que, ao contrário, o Estado teve um papel positivo, primeiramente através de uma
proteção alfandegária deliberada e, em segundo lugar, através da concessão de
incentivos e subsídios a indústrias específicas” (Suzigan, 1986, p. 39).
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“Não houve no Brasil, até 1945, uma política com um conjunto coordenado de medidas
capazes de incentivar o desenvolvimento industrial. A industrialização, na verdade,
nunca foi o objetivo básico da política econômica governamental” (Villela e Suzigan, p.
58).
“Foi somente nos anos trinta que passou a haver uma maior preocupação com o
problema da política econômica com o problema da industrialização ” (Villela e Suzigan,
p. 59).
“Há fortes indicações de que os primeiros surtos industriais no Brasil foram financiados
pelo café” (Villela e Suzigan, p. 61).
“Os primeiros anos da República no Brasil são talvez o único período, antes dos anos
trinta, em que a política do governo manifestou interesse em promover o
desenvolvimento industrial. (...). No entanto, a política econômica não apresentava,
então, um conjunto coordenado de medidas capaz de promover a industrialização”
(Villela e Suzigan, p. 109).
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Material didático para os cursos de Economia Brasileira