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57-98 In:
BETHELL, L. (org) História da América Latina: América Latina colonial, volume II. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.
Lucas Brito Santana Da Silva
A ideia urbana
- Para Morse, estas hipóteses se tomadas isoladamente não dão conta do fenômeno
urbano na américa hispânica, uma perspectiva dialética sobre o urbanismo na américa
anterior à colonização e o urbanismo europeu se faz necessária. Assim, os
referenciais para a construção urbana que habitam o ideário espanhol-europeu vão
desde a cidade-estado grega, da municipalidade romana, da oposição entre cidade
de deus e cidade terrena de Agostinho, a uma imaginária cidade áurea ou uma cidade
terrenamente pobre mas rica espiritualmente. Tal ideário era mais presente nos
1Esta também é a hipótese principal apresentada por Suzana Bleil de Souza. Esta autora sustenta que
o modelo em xadrez da cidade na américa espanhola encarnava a hierarquia nas mesmas dimensões
apontadas por Morse, cujo centro, a praça central e seus edifícios ao redor, representava o cume dessa
hierarquia. Aliás, na américa espanhola a estrutura urbana teria conseguido refletir as diferenciações
sociais em um nível que não teria sido alcançado na própria Espanha (SOUZA, 1996).
juristas, teólogos e missionários, o que não impediu que fossem absorvidos pelos que
animaram diretamente a construção das cidades. Quanto à identidade das cidades, o
autor diz que era uma “identidade corporativa baseada num sistema de império”, onde
as hierarquias tanto entre cidades, entre as cidades e aldeias, e entre os indivíduos
que as habitavam forma a matriz identitária. A manutenção desse sistema ficava a
cargo dos homens importantes, ficando pouco às pessoas “comuns” (p. 60-3).
A estratégia urbana
- Durante o século XVI foram se instaurando figuras jurídicas nas cidades, como os
delegados. E ainda que a Coroa espanhola tivesse reticências ao poder que um
aparato estatal pudesse ter na colônia, os delegados tiveram maior destaque nas
relações com a própria coroa, reparações, do que em conluios contra esta; além das
funções judiciárias a serem exercidas na própria cidade (p. 65).
As vilas e os índios
2 Souza (1996) aponta que as capitulações foram de grande infortúnio para os reis espanhóis, ainda
que tenham sido elas a fomentar o desejo dos conquistadores, pois tornavam possível o exercício de
poder irrestrito nas terras conquistadas; eram ainda mais perigosos por serem concessões hereditárias,
como no caso de Colombo. As medidas para lidar com essas possíveis ameaças foi a liquidação da
hereditariedade e a suspensão de outras prerrogativas; assim aconteceu com Colombo, o que ressoou
mais tarde em processos por parte de seus descendentes, e também com Cortés, de forma mais
simples por esse ter tomado ações que não foram permitidas diretamente pelos reis espanhóis.
urbanização na américa espanhola é acelerado, tendo por objetivo a
congregação/relocalização das populações indígenas dispersas. Essa relocalização
dos indígenas não ocorreu sem resistência, e ao passo que terras iam sendo
abandonas começaram a aparecer as haciendas, que passaram a concentrar muitos
dos índios que estavam dispersos ou que suas tribos haviam sucumbido. Por fim, a
hacienda foi responsável pelo início de uma nova dinâmica produtiva e social na
colônia (p. 75-6).
3 A autora Helen Osório aponta que essa perca de identidade chega ao ponto de uma desassociação
entre raça e cultura entre os próprios nativos e colonizadores. Como reflexo disso, ainda que os
indivíduos tivessem uma fisionomia que pudesse levar a associá-los as etnias indígenas, muitos já não
eram assim designados visto a adoção de modos de vida ou culturas espanhóis, e de outros povos que
foram introduzidos na américa (OSÓRIO, 1996).
colônia estava ligada as forças que esta última poderia mover em favor da primeira,
agora um “império moribundo”. Por fim, a economia também sofrerá significativas
mudanças, pois a dinâmica de produção, importação e exportação é alterada. Esta
última passa a ter destaque, o que pode servir para apontar um ponto de inflexão
neste momento da américa espanhola, visto as antigas políticas de limitação da
produção (91-6).
Referências
SOUZA, Suzana Bleil de. Política e administração na sociedade colonial hispânica. In:
WASSERMAN, Claudia. História da América Latina: cinco séculos. Porto Alegre,
UFRGS Editora, 2003.