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KÒ SÍ EWÉ, KÒ SÍ ÒRÌSÀ!

Expressão no idioma Yorùbá que quer dizer: "Se não há folhas, não há
Òrìsà!" Esta expressão dá ao leitor o entendimento da importância das
folhas dentro dos rituais de origem africana, no entanto, queremos aqui
ampliar este conceito, traduzindo por folhas os vegetais de um modo
geral, incluindo além de suas folhas, seus frutos, sementes, e até
mesmo seu caule; e traduzindo por Òrìsà, os diversos usos "mágicos"
desses vegetais.

Na caminhada evolutiva do homem, que hoje a maioria dos estudiosos


acredita ter começado no continente africano, ele se valeu da
observação da natureza para o desenvolvimento de habilidades que até
então ele não possuía e, naquele continente onde "tudo começou",
sociedades ditas "animistas" ou "tradicionais" continuam até hoje
vivendo em harmonia com a natureza, dela tirando ensinamentos para a
sua vida social. Animistas porque acreditam que "toda manifestação viva
pressupõe a presença de uma força vital, determinante do ideal de
viver", e que utilizando práticas específicas esta "força" poderá ser
utilizada em seu favor! E dentro deste conceito os vegetais representam
um grande potencial de possibilidades.

"Se para a medicina ocidental o conhecimento do nome científico das


plantas usadas e suas características farmacológicas é o principal, para
os Yorùbá o conhecimento dos ofò, encantações pronunciadas no
momento da preparação das receitas e transmitidas oralmente, é o que
é essencial. Neles encontramos a definição da ação esperada de cada
uma das plantas que entram na receita." (Ewé,Pierre Verger, 1995).

Bom, diante dessa referência concluímos que as plantas e seus


derivados não são utilizados aleatoriamente, visam atender
necessidades específicas, ou seja, qual o resultado esperado? Ou ainda:
utilizar a folha certa no momento certo! Vimos também que a ação
esperada dessas folhas está ligada ao que vai ser dito no momento de
sua utilização, o ofò, que nada mais é do que a utilização da palavra
enquanto transmissora de àse. Verger diz ainda que à primeira vista é
difícil perceber nas diversas "receitas", que tem como ingredientes
elementos vegetais, qual é a parte "mágica", ou seja, aquela que o
efeito vai se dar pelo àse nela contido, e quais as virtudes testadas
experimentalmente dessas plantas, ou seja, ele diz com isso que muitas
dessas plantas já tiveram suas propriedades farmacológicas
comprovadas.

Dentro desse contexto quero destacar o trecho de uma canção


brasileira, interpretada pela célebre cantora baiana Maria Bethânia:

"Salve as folhas brasileiras! Salvem as folhas para mim! Se me der a


folha certa, e eu cantar como aprendi, vou livrar a Terra inteira de tudo
que é ruim! Eu sou o dono da terra, eu sou o caboclo daqui! Eu sou
Tupinambá que vigia, eu sou o dono daqui!" (meu grifo).

O que me chamou atenção nessa composição, e que destaco para o


leitor, é que ela ilustra o trecho acima de Verger, e mais ainda, a
utilização das folhas está associada a um dos grupos indígenas
brasileiros, sugerindo que esses nativos, primeiros habitantes do nosso
País, também conheciam essa prática!

Ainda de Pierre Verger:

"Na língua Yorùbá, freqüentemente existe uma relação direta entre os


nomes das plantas e suas qualidades, e seria importante saber se
receberam tais nomes devido às suas virtudes ou se devido a seus
nomes, determinadas características foram a elas atribuídas." (meu
grifo).

Como ilustração, transcrevemos o trecho de uma preparação Yorùbá


para obtenção de dinheiro:

PÈRÈGÚN NÍ Í PE IRÚNMOLÈ L’ÁT’ÒDE ÒRUN W’ÁYÉ!


(É Pèrègún que chama os espíritos do além para a terra!)
PÈRÈGÚN WÁ LO RÈÉ PE AJÉ TÈMI WÁ L’ÁT’ÒDE ÒRUN!

(Pèrègún, agora vá e chame minhas riquezas do além!)


Nesta preparação encontramos referência a uma folha, conhecida pela
maioria de nós: o Pèrègún, cujo nome é a contração do verbo "PÈ", que
significa chamar, com a palavra "EGÚN", que significa espírito, ancestral,
etc. Percebe-se então que esta folha tem a finalidade de "chamar
(invocar) espíritos", e que a própria pronúncia de seu nome já funciona
como um ofò! No caso da receita acima, a sabedoria daqueles nossos
ancestrais yorubanos que a elaboraram fez esse trocadilho: se Pèrègún
pode chamar espíritos, pode chamar a riqueza! Certa vez ouvi de meu
"bàbá" que o negro yorubano tem sobre nós a vantagem do uso corrente
do idioma, enquanto nós aqui no Brasil ficamos presos a textos prontos,
que nos foram transmitidos ao longo do tempo.

Para algumas pessoas, principalmente para aquelas que não estão


ligadas aos cultos de matriz africana, pode parecer um tanto "primitivo"
pensar dessa maneira, digo, esperar resultados a partir da utilização de
certas plantas, de sementes, etc., enfim de elementos da natureza,
aparentemente inanimados. No entanto, repetimos, existe por traz da
utilização desses elementos uma questão cultural. Eles se utilizam
desses elementos da natureza acreditando que eles expressam as suas
necessidades perante o "Criador", o destino final de seus pedidos:

"…Uma composição mágica parece ser considerada como uma coleção


de coisas materiais, às quais é dado um valor simbólico; juntas
constituem uma mensagem…" (Ewé, Pierre Verger, 1995)

Entre os Yorùbá, os ofò são frases curtas nas quais muito


freqüentemente o "verbo" que define a acão esperada, chamado de
"verbo atuante", é uma das sílabas do nome da planta ou do ingrediente
empregado. No entanto, o elo entre o nome da folha e a ação esperada,
invocada através do ofò, não se limita apenas ao verbo, mas pode
aparecer em uma frase curta ou longa, nesse caso estabelecendo uma
relação simbólica entre algumas "características naturais" daquela planta
a as "necessidades" do homem.

Vejamos alguns exemplos:

ÀT’ÒJÒ ÀTEÈRÙN KÌ Í RE TÈTÈ

(Tètè nunca está doente, nem na estação chuvosa nem na seca)

Este ofò faz referência a uma folha conhecida popularmente por Bredo
ou Caruru de porco, e cujo nome Yorùbá é Tètè. É uma folha facilmente
encontrada, tanto no meio urbano, nas margens de calçadas, como no
meio rural, e confesso que antes de conhecer o seu valor ritual,
passava-me despercebida, assim com muitas folhas que não
conhecemos! Percebemos pela tradução que é uma planta resistente às
variações da natureza, permanecendo sempre saudável, e não é este
tipo de força que queremos para nossa vida?

OJÚ ORÓ NI Ó N’LÉKÈ OMI, TÈMI Ó L’Á LÉ


(Ojú oró flutua na água, eu também ficarei por cima)
Ojú oró é conhecida popularmente por Erva de Santa Luzia, é uma
planta aquática, encontrada em rios ou lagoas. Percebemos que nesse
ofò evoca-se o poder dessa planta de conseguir manter-se sempre por
cima da água!

Em território Yorùbá, na preparação dos trabalhos ligados à obtenção de


todo tipo de sorte, ou para afastar algum mal, esses vegetais são
pilados e misturados ao sabão africano Ose (oxé) Dudu, com o qual
toma-se banho, ou então são torrados, até a obtenção de um pó, que
poderá ser misturado à comida, a bebidas destiladas, ou até mesmo
esfregado em incisões feitas no corpo, particularmente nos punhos.

Essas práticas quase não sobreviveram aqui no Brasil, por ocasião da


reestruturação do culto aos Òrìsà, no entanto há uma prática viva entre
nós: o Oro Asa Òsónyìn ou Sassanha, como é mais conhecido, um ritual
realizado nas casas de raízes Yorùbá, que significa basicamente: Ritual
de proteção de Òsónyìn. Utilizamos o recurso dos "cânticos da folhas"
para determinar que as oferendas sejam cobertas de realizações, uma
vez que esses cânticos possuem "verbos atuantes" que facilitam a
comunicação entre o povo e os Ancestrais Divinizados. No caso de uma
Iniciação para Òrìsà ou "Feitura de Santo", este ritual é realizado para
preparar a "esteira", onde ficará deitado o iniciado e o "banho" para
lavar todos os seus objetos rituais, bem como para os seus banhos
matinais diários.

Referências Bibliográficas:

- Monteiro, Marcelo dos Santos, 1960 – Curso Teórico e Prático de Folhas


Sagradas – Oro Asa

Òsónyìn – Rio de Janeiro – 1999 – 59 p. (Biblioteca Nacional);

- Verger, Pierre Fatumbi – Ewé: o uso das plantas na sociedade ioruba –


São Paulo: Companhia
das, Letras, 1995;
oloje iku ike obarainan
Postado por AUREA OLIVEIRA às 8:50:00 AM Nenhum comentário:
Marcadores: Ewé! A Força que vem das Folhas

Reações:
FOLHAS, MACHO,FÊMEA, ESSENCIAIS
AO CANDOMBLÉ
As folhas são essenciais para o Candomblé.

Todos do Axé sabem que Sem folhas não há Orixa " ko si ewe Ko si
Orisá ".

Consulte um Babalorixá ou Iyalorixá antes de fazer uso das folhas . Cada


uma tem o seu segredo, use-a com sabedoria.

"Folhas sagradas, Ewé Orò ou Folhas de Orô é como são chamadas as


folhas, plantas, raízes, sementes e favas utilizadas nos preceitos e
cerimônias como água sagrada das Religiões Afro-brasileiras.

A folha tem uma importância vital para o povo do santo, sem ela é
impossível realizar qualquer ritual, dai existe um termo curriqueiro do
povo do santo que diz: ko si ewe, ko si Orixa ou seja, (sem folha não
existe Orixá).

Todas as folhas possuem poder, mas algumas têm finalidades


específicas e nem todas servem para o banho ritual, nem para os ritos.
O seu uso deve ser estritamente recomendado pelo Babalorixá ou em
comum acordo com o Babalosaim (sacerdote conhecedor da ação,
reação e consequência do poder das folhas), pois só estes sabem a
polaridade energética, "positiva ou negativa" de cada uma delas e a
necessidade de cada indivíduo.

Para sua utilização nos ritos, deve-se saber as Sasanhas (cânticos


específico para folha) e o Ofó (palavras sagradas) que despertam seu
poder e força "axé".

Ossaim é o grande Orixa das folhas, grande feiticeiro, que por meio das
folhas pode realizar curas, pode trazer progresso e riqueza. É nas folhas
que está à cura para varios tipos de doenças, para corpo e espírito.
Portanto, precisamos lutar sempre por sua preservação, para que
conseqüências desastrosas não atinjam os seres humanos.

Água sagrada, Agbo ou simplesmente água de Abô, são os nomes


usados pelo povo do santo para denominar a mistura de folhas
sagradas, usada na feitura de santo até a ultima obrigação chamada de
axexe.

Sua utilização é larga e irrestrita, significando principalmente a ligação


entre o Orum e Aiye (mundo dos Orixás e o dos Homens).
Proporcionando o fortalecimento físico e espiritual, prevenindo e até
mesmo curando certos tipos de doenças, segundo alguns estudos.
(Barros 1993:81). Também usado na sacralização de objetos como fio
de contas e espaços sagrados.

Sua preparação é complexa, com ritos que pode durar até sete dias. A
presença de um Babalorixá e de um Babalosaim é indispensável para
sua confecção, pois neste ato litúrgico são exaltados os cânticos de
sasanha.

Além de respeitar horários para a colheita das 16 folhas sagradas, sendo


oito tipos de folha chamada "fixas" (Ewe Oro) e 8 tipos de folhas
"variáveis" (Ewe Orixás), de acordo com o Orixá que se esteja
trabalhando, são utilizados, obi, orobo , azeites, mel e até mesmo (Ejé)
sangue de animais sacrificados, entrarão nesta misteriosa mistura, tão
importante para cultura afro.

Ewe oro e Ewe Orixás são folhas sagradas pertinentes a cada terreiro,
podendo variar de acordo com sua regência, todavia são escolhidas ou
herdadas de forma ordenada, geralmente seguindo um equilíbrio: folha
gún (excitante "quente") , seu significado em nagô é "chama transe",
associada com uma folha èrò (calma "fria"), que é catalisadora da
propriedades de outras plantas, formando assim uma parceria perfeita,
para uma sintonia harmônica .

As folhas gún ou èrò podem ser macho (agboro) ou fêmea (Yagbá). Na


realidade o que distingue sua associação são as formas, se pontiagudas
são consideradas masculinos se arredondadas femininos, todas elas tem
o domínio do Orixá Osanyin.
Folhas alongadas ou que possuem forma fálica são masculinas.
Folhas arredondas ou que possuem formas uterinas são femininas

As folhas consideradas masculinas estão associadas aos orixás


masculinos, bem como as femininas, aos orixás femininos, todavia,
eventualmente encontraremos algumas folhas femininas usadas para
orixás masculino e algumas masculinas utilizadas para as ìyába, o que
reflete a própria relação familiar dos orixás masculinos com femininos e
vice versa. Como exemplo vemos que, sendo Ògún filho de Yemanjá, as
folhas femininas usadas para esta ìyába é freqüentemente usada para
este orixás e vice versa.

Dentro, ainda de uma visão binária, os jêje-nagô consideram, ainda que


as folhas possam estar posicionadas no lado direito -apá ọÌtún -, que é
masculino e positivo em oposição ao esquerdo - apá òsì - que é
feminino e negativo.
Os compartimentos que contem as Ewé Inón (Folhas do Fogo) e Ewé
Afẹìfẹì (Folhas do Ar) estão associados ao masculino,elementos
ativo e fecundantes.
As Ewé Omí (Folhas da Água) e as Ewé Ilé (Folhas da Terra) se ligam
ao feminino, elementos passivos e fecundáveis.

Todavia, essa não é uma condição sine qua non quando analisamos mais
detalhadamente a utilização dos vegetais, pois, percebemos que
algumas folhas positivas se relacionam com o lado esquerdo ou feminino
e vice-versa, daí, encontrarmos folhas femininas usadas com fins
positivos e folhas masculinas consideradas negativas. Verger (1995:25)
cita, pôr exemplo, "que entre as folhas há quatro conhecidas como (...)
as quatro folhas masculinas (pôr seu trabalho maléfico)...; e quatro
outras tidas como antídotos...". Entre estas últimas êle inclui
o ỌÌdúndún, que é uma folha feminina, porém, positiva, o que nos faz
crer que as diversas condições binárias não interagem de modo rígido
entre si, mas sim transitam dinamicamente de um lado para o outro,
pois, como vimos, uma folha masculina pode estar situada junto aos
elementos da esquerda pôr ser considerada negativa e vice-versa.
De grande importante, também, na classificação dos vegetais são as
condições binárias gún (de excitação) x ẹÌrọì (de calma), pois, são aspectos
das folhas, que dão equilíbrio às misturas vegetais, quando bem dosadas
de acordo com a situação de cada indivíduo. Os vegetais considerados
gún estão ligados aos compartimentos Fogo ou Terra, enquanto que, os
considerados ẹÌrọì, relacionam-se com os da Água ou Ar. Estas condições são
interpretadas corriqueiramente pelas pessoas do candomblé como fria
(ẹÌrọì) ou quente (gún).
Quando utilizadas nos rituais de iniciação ou nos trabalhos litúrgicos, os
vegetais classificados como ẹÌrọì tem a função de abrandar o transe,
apaziguar ou acalmar orixá, contrariamente, os considerados gún
servem para facilitar a possessão e excitar o orixá.
Os vegetais gún e ẹÌrọì são identificados, normalmente, segundo seu
nome ou sua finalidade. È importante notar que oọfọÌ (encantamento) é que
determina a função da folha, pois, embora exista todo um sistema
classificatório para os vegetais, cada folha traz em si a função a qual ela
se destina. Como exemplo: Peregún que no seu ọfọÌ é considerado o
senhor da maldição, tem a finalidade de retirar maldições das pessoas.
Ewuro, a folha amarga, tem por função retirar o amargo da vida. Teté,
Rinrin e Odundun são folhas calmantes, mas, também, com função de
atrair prosperidade para seus usuários.
Esses pares se interrelacionam e produzem a harmoniosa das
preparações (omi ẹÌrọì, amasí) constituindo-se em referencial das 16
"folhas" ewé ẹÌrìndínlógún que devem estar combinadas, das quais
oito são constantes e denominadas deewé órò, e as restantes
variáveis ewé òrìṣà e empregadas de acordo com o òrìṣà do indivíduo a
que se destina o preparado e/ou à situação específica (lavagem de
contas, de otá, feitura de santo, beberagem, etc.).
O quadro abaixo esquematiza as nossas colocações, assim como permite
visualizar o equilíbrio imanente às preparações vegetais. Cabe, ainda,
explicitar o que é entendido como omiẹÌrọì literalmente água que
acalma trata-se de preparado à base de vegetais macerados, aos quais é
acrescentada omì água (elemento essencialmente ẹÌrọì) e ẹÌjẹÌ (sangue) dos
animais sacrificados (elemento gùn), sendo então colocado em recipiente
apropriado (porrão, vaso de barro) e deixado para fermentação. Cabrera
(1980a:181) assim o define O Omièrè (...) se compõe das folhas
correspondentes a cada Oricha e das seguintes espécies usuais (...)

Àwọìn Ewé

TẹÌtẹÌ Rín GbọÌrọÌ


Tọìtọì Jọìkọìjẹì Àgbaó Ọgbọì Étìpọìnlá
ẹÌgún Rín ayaba
ẸÌrọì Gún ẸÌrọì Gún ẸÌrọì ẸÌrọì Gún Gún
Fem. Fem. Masc. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc.
Yèmọnja ỌÌṣùn Ṣàngó Òṣàlà ỌÌṣùn ỌÌsányinÀwọìn ayaba Ṣàngó

Esta preparação também é conhecida no Brasil com a designação


de Àgbó, água dos òrìṣà, considerada de múltipla utilidade e um dos àsé
mais importante dos ilé òrìṣà. Cabe ressaltar que existem distinções na
sua composição, independentes da variação das espécies vegetais que o
compõem "ewé òrìṣà e, conseqüentemente do elemento relacionado. Em
primeiro lugar, existe o Àgbó para os òrìṣà funfun, sem azeite de dendê
epó e sem sal iyò, e o àgbó dos ébóra òrìṣà-filhos que, por sua vez, é
diferenciado de acordo com a substância mítica relacionada à cada um
desses òrìṣà. Portanto, a diferenciação dos àgbó está relacionada com os
èwò proibições alimentares elementos que se referem diretamente às
substância-símbolo da essência do òrìṣà e que aparecem explícitas nos
mitos de criação e/ou nos textos dos Odù.

O mel, por exemplo, não pode ser incluído entre os elementos que
compõem o àgbó ỌÌṣọìọÌsi, pois é um dos seus interditos alimentares,
enquanto está presente nas preparações destinadas a todos os outros
òrìṣà, o mesmo sucede com o dendê em relação a Òsàlá.
Verger (1968a), estudando o papel das plantas litúrgicas entre os
Yórùbá, vai dividi-las em duas categorias: "igègùn òrìṣà" e "èrò òrìṣà", a
primeira categoria para "excitar os òrìṣà" e a segunda para "calmar os
òrìṣà". Explicita quanto ao termo "gùn" que este significa "montar" e
induz a idéia de cavalgar, sendo que os adeptos que são possuídos pelas
divindades são denominados de "elégùn" ou "esín òrìṣà" cavalo do deus
concluindo que as espécies colocadas sob esta categoria servem para
propiciar a possessão. Contrariamente, as plantas classificadas como de
calma (èrò) teriam o efeito de abrandar o transe, apaziguar o òrìṣà.
Estas categorias mencionadas por Verger foram extraídas de textos dos
Odù e no curso de nosso trabalho conseguimos identificá-las nas "kòrín
ewé" ou "cantigas de folha", integrantes do ritual "Àsà Òsányìn" ou como
chamada Sasanho, no qual as espécies são louvadas antes de serem
empregadas. Os textos das cantigas aparecem mais adiante na
linguagem ritual e em tradução para apresentar o significado, tanto
literal quanto a dos grupos Jêje-Nagô.

O termo gùn aparece com a mesma conotação nas cantigas que visam
detonar o àṣẹ da "folha" PẹÌrẹÌgún e da "folha" TẹÌtẹÌ ẹÌgún. Quanto à
categoria èrò, podemos encontrá-la explícita nas cantigas que se
referem a ìrókò (Ficus doliaria, M., Moracease, Ba-35) e ỌÌdúndún,
espécies conotadamente de calma, tanto no Brasil, como em Cuba e na
Nigéria "(...) evocam a idéia de retorno à calma através do emprego de
folhas de ỌÌdúndún e da água contida na concha do caramujo.
No Brasil, entretanto, estas categorias aparecem também sob a
denominação de "positivas" e "negativas", servindo como medida para o
estabelecimento do equilíbrio das preparações, sendo mesmo "que se
deve Ter muito cuidado ao juntar as folhas, pois pode acontecer algum
problema se não forem vem casadas", segundo a maioria de nossos
informantes.

A paridade e a complementaridade com a combinação exata dos pares


Macho/Fêmea e Agitação/Calma também é observada no preparo de
amasi banhos destinados a induzir bem-estar, nos quais somente são
empregadas "folhas verdes", recém-coletadas, maceradas e
imediatamente usadas. Os amasi aqui no Brasil são chamados de
Omièrò, Maupoil (1943:143) faz menção a preparações "compostas de
folhas e d'água (ama-si)" com a mesma finalidade. Então, se a paridade
é uma constante nas preparações mencionadas, significando o
estabelecimento de equilíbrio, a imparidade aparece diretamente
relacionada à desordem, ou seja, ela é quem pode resolvê-la e através
de sua ação (movimento) reconduzir à ordem, ao equilíbrio.

O movimento é a mediação que produz uma comunicação que, por sua


vez, restabelece a ordem. Esta ação, portanto, é associada à imparidade
nos ritos de limpeza e/ou purificação, que vão produzir o bem-estar,
advindo da estreita ligação com os òrìṣà. A limpeza e a purificação
rituais os "sacudimentos", cujo sentido explícito de movimentos se
encontra na denominação do rito, são realizados com número ímpar de
espécies vegetais (1,3,7) e visam anular a desordem proveniente de um
estado de "doença". Este estado, contudo, não se refere apenas a
distúrbios fisiológicos, mas, sobretudo, à ruptura da ligação (falta de
comunicação) necessária para o bem-estar (saúde) entre os árá-aiyé e
os árá-òrún, entre a oposição binária complementar fundamental, entre
a vida e a morte, entre o natural e o sobrenatural.
Em suma, a desordem é equalizada à doença (mal-estar físico e/ou
social). A volta à ordem é propiciada pela ação que a imparidade produz,
a mutação de um estado de "doença" para o de "saúde" implica, pois, na
imparidade, da mesma forma que a ordem/equilíbrio supõe a paridade.
A imparidade, simbolizando a impureza, somente através do emprego de
elementos vegetais ou não, em número ímpar, pode trazer a
ordem/pureza.

Dentro da lógica do sistema de classificação dos vegetais foi detectada,


além dos pares Macho/Fêmea, Agitação/Calma, outra sub-divisão, a das
plantas substitutas, aquelas que sãoewé ẹrú - folhas escravas das
outras. Estas espécies estão diretamente relacionadas à folha
principal de cada uma de nossas categorias-chave. Assim é que, por
exemplo, a principal no compartimento fogo, ewé inón estão unidas
outras espécies denominadas de suas "escravas", que podem substituí-
las ou a ela se agregar para a obtenção de fins almejados. Tal
associação implica, portanto, na noção de Família empregada na
classificação botânica clássica. Da mesma forma, as substituições podem
ser efetivadas à nível de espécie: em vez de ỌÌdúndún pode ser
empregada Àbámodá, ambas pertencentes à categoria èrò e também ao
compartimento ewé omi. Dalziel (1948:28) se refere a ewé
Àbámodá como o que você deseja, você faz em tradução literal do
nome, e acrescenta que ela também é chamada de ẹrú-ọÌdúndún escravo
de ọÌdúndún. Percebe-se o estabelecimento de uma extensa rede de
"relações de parentesco" entre as folhas principais e suas substitutas
afins. A existência destas afinidades também percebidas por Cabrera
(1980a:179) está de acordo com o cuidado recomendado por nossos
informantes, na composição harmônica de uma preparação, pois uma
não-afinidade pode causar malefícios; assim é que as "folhas"
de Şàngó nunca devem ser colocadas no Àgbo deỌbalúwaìye, da
mesma forma que os "seus quartos devem ser separados". Estas
precauções estão fundamentadas nos mitos que relatam a constante luta
desses òrìṣà pelo coração de Ọya.
O par Macho/Fêmea encontra-se representado primordialmente
em Ọgbọì, pertencente a todo os òrìṣà masculinos e em GbọÌrọÌ ayaba,
representante de todas as divindades femininas.
Outras distinções foram percebidas e podem ser resumidas nos
seguintes critérios:
todos os vegetais (árvores) possuidores de troncos são
reunidos sob a denominação ampla de igi, notadamente as
que se destacam pelo porte comoÌrókò, Oṣè, Ẹìkikà.
os vegetais rasteiros, arbustivos ou de caule sésseis estão
agrupados como "kékéré" e geralmente antes da palavra
que os designa especificamente consta o
nome ewé (folha): ewé àbamòdá, ewé òṣibàtà.
os vegetais parasitas ou não, que têm como substrato
outros vegetais, e as trepadeiras recebem a denominação
geral de àfòmón: odán àfòmón (Phoradendrum crassifolium,
Phl et Schl., Loranthaceae, Ba-132) e àfòmón (Struthantus
brasiliensis, Lank, loranthaceae, Ba-80).
Portanto, pode-se inferir do exposto acima que as relações
complementares Macho/Fêmea, Agitação/Calma e os demais pares
viabilizam não apenas uma justaposição por compartimentos (Bastide,
1955:494), mas um encaixamento de compartimentos, conforme
apontado por Lépine (1982:54).

A coerência do sistema de classificação dos vegetais é, portanto,


manifestação da coerência do sistema classificatório abrangente Jêje-
Nagô, subjacente ao ethos das comunidades. Pode-se afirmar que, neste
sentido, os vegetais ultrapassam seu sentido utilitário imediato, são
organizados e fazem parte de um sistema classificatório de ordenação
do mundo; estão diretamente relacionados a uma cosmovisão específica
e são constituintes de um modelo que ordena e classifica o universo,
definindo a posição do indivíduo na ordem cosmológica. Assim, os
vegetais fazendo parte de um mundo real, dão-lhe um sentido também.
A sua organização dentro de uma perspectiva própria, torna-os
conceitualmente apreensíveis, podendo, por conseguinte, o indivíduo
vivenciá-lo e mover-se dentro deste espaço organizado.

fonte: internet

Postado por AUREA OLIVEIRA às 7:46:00 AM Nenhum comentário:


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Reações:
PATA DE VACA

O consumo e o chá de pata de vaca (Bauhinia forticata) está associado à


diminuição do diabetes.

Entre as propriedades medicinais da conhecida pata de vaca está sua


capacidade de controlar a glicose. Para que sofre de diabete, sobretudo
os que não precisam de insulina, a pata de vaca pode prestar um grande
auxílio e servir como complemento ao tratamento.

Nome popular:

Acumã, alomã, alumã, árvore do pinguço, castanheiro da Índia e pata de


vaca.

Nome científico:

Bauhimia forficata link

Finalidade:

É analgésica, depurativa, diurética, abre o apetite, auxilia em casos de


anemia, regimes de emagrecimento, obesidade, cuida de afecções
hepáticas do estômago e do baço, problemas na vesícula, indicada em
casos de cálculos da bexiga, cálculos nos rins, diabete melito, diarréia,
diurese, doenças do coração, doenças urinárias, gota, hemofilia,
hipertensão arterial.

Uso:

- Infusão de 2 xícaras (cafezinho) de folha picada em ½ litro de água ou


1 folha picada por xícara (chá). Tomar 4 a 6 xícaras (chá) ao dia (para
diabetes).

- A infusão das flores desempenha efeitos purgativos.

- O pó da casca junto com o da folha seca é preparado por decocção,


usando-se 1 colher de sopa em 150 mL de água (em torno de 1 xícara),
ingerindo-se ½ a 1 xícara de chá ao dia.

A LENDA DA PATA DE VACA


Era uma vez , Dona Justina

Que era uma mulher muito sovina!

Ela tinha uma fortuna maior do que o céu...

Mas , seu espírito era muito cruel!

Ela não dava nenhum tipo de esmola...

Ela não colaborava com a escola...

Das crianças pobres e carentes...

Ela ignorava e desprezava os indigentes!

Ela não fazia nenhum tipo de caridade ...

Ela era egoísta de verdade!

Seu apelido era mão – de – vaca, com certeza ...

Pois, ela era sovina sem nenhuma nobreza!

Porém , quando ela morreu ...

Sua herança foi para o breu!

Pois, esta mulher traiçoeira ...

Era solitária e solteira!

Mas, quando ela chegou no inferno ...

Aconteceu algo nada fraterno:

Ela foi parar num caldeirão quente,

Fedido, horrível e ardente ...

Na companhia de um pão – duro!

Que dava todo o tipo de furo!

Assim , dona Justina , com o rosto pálido de marfim,

Que foi parar no caldeirão cor de carmim,


Por ser sovina e ruim ...

Começou a gritar , assim:

- Meu Deus, piedade!

- Meu Deus, pidadade!

- Me tire daqui por caridade!

- Pois, eu estou arrependida de verdade!

Então, naquele momento ...

Com todo o sentimento ...

Apareceu um calmo querubim...

Para aquela mulher com pele de marfim...

E ele disse bem assim:

- O que você deseja, minha senhora?

- Por favor, faça o seu pedido agora!

Assim, a mulher no caldeirão...

Exclamou, pedindo perdão:

- Seu anjo, por caridade...

- Me tire daqui de verdade!

- Quero voltar para a Terra ...

- Num lindo dia de primavera!

Então o querubim...

Disse, bem assim:

- Infelizmente, a senhora não poderá voltar como gente ...

- Pois, ignorou o carente e o indigente!

- Mas, a senhora poderá voltar como uma planta medicinal ...


- Fazendo o bem aos outros e combatendo o mal!

Então , a mulher respondeu,

Saindo do triste breu:

- Como eu sei que não fui santa...

- Eu aceito virar uma planta!

Assim, esta mulher voltou à Terra...

Num lindo dia de primavera...

Na forma de pata – de – vaca, uma planta medicinal,

Fazendo o bem às pessoas e combatendo o mal.

fonte internet

(Luciana do Rocio Mallon)

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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

AS LIÇÕES DAS ÁRVORES

Se as árvores pudessem falar, o que nos diriam? Que segredos


poderíamos saber a partir dos seus relatos?
Elas resistem aos temporais, ao calor, às chuvas, aos ventos. Muitos se
abrigam sob sua sombra, servem-se dos seus frutos.
...
Quantas gerações sobem em uma mesma árvore, através dos anos?
Seria verdadeiramente maravilhoso se entrevista deste gênero se
pudesse concretizar. Seriam tantas as informações que nos poderiam
fornecer as árvores que assistiram batalhas notáveis, com vencedores e
vencidos; Ou as árvores das ruas, que veem passar as crianças, se
tornarem adultos e terem seus próprios filhos.
Que nos poderia confidenciar aquele resistente carvalho polonês,
crescido à entrada de um quartel, que se transformou em um campo de
concentração nazista?
Quantas vítimas passaram sob seus galhos? Quanta fumaça dos fornos
crematórios terá respirado?
Sim, elas não podem falar. São testemunhas mudas. No entanto, nos
dão a lição da serenidade pois assistem beleza, morte, tristeza, com a
mesma serenidade.
Acompanham o decorrer do tempo e não lastimam a soma dos anos. Em
sua imobilidade, nos lecionam resistência. E, não importando a maldade
ou a bondade das criaturas, oferecem a mesma sombra, os mesmos
frutos, servindo sempre.
Pensemos nisso. Aprendamos com elas.

FONTE: facebook
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