Doutor em Direito, escritor, mestre em ciências penais e juiz de direito do Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro, Rubens R. R. Casara, trás, em 2017, a obra “Estado Pós-Democrático: Neo-obscurantismo e gestão dos indesejáveis” onde explana em diversos aspectos o surgimento e instauração do Estado pós-democrático e analisa a atual situação do Brasil nesse cenário. Ele inicia a obra fazendo um apanhado histórico e elencando as características do Estado Democrático de Direito que podemos entender sendo aquele que “ tem o compromisso de realizar os direitos fundamentais e tem como principal característica a existência de limites legais ao exercício do poder”(p. 19). Assim, atrelando-se a um ordenamento condizente com a Constituição da República tornando-o menos desmedido, subjetivo e abusivo. O Estado Democrático, mesmo vinculado à uma lei rígida, não se torna exceção aos métodos bilaterais e ilegais por qual se manifestam o poder, tendo a legalidade como simples legitimadora. Nesse contexto surge o conceito de “Estado pós-democrático”, Estado esse que se perde no equilíbrio do poder; tendo uma influência maior de indivíduos e necessidades particulares, pondo assim de lado sua função primordial de defesa aos direitos individuais. No Estado pós-democrático há a maculação do fazer político pela ação dos ideais de mercado e influência econômica, onde a Constituição é distorcida para que a população não conteste, inicialmente, a perca dos macro princípios democráticos e o aumento da repressão e do autoritarismo. Decisões políticas, de forma escancarada, são tomadas com viés mercadológico e tendem diretamente a favorecer as corporações. Ondas liberais defendem o Estado pós-democrático, mas se perdem em seu próprio discurso já que é indiscutível que não há efetiva diminuição do controle estatal na vida do cidadão – longe disso – cada vez mais nota-se uma opressão desmedida. O neoliberalismo tem influência direta no Estado pós-democrático, já que seus princípios fomentam a competitividade no meio social e isso cria uma falsa noção de meritocracia, o que no fim só serve de fachada para as transformação dos bens públicos em núcleos privados onde as grandes empresas podem atuar de forma mais impositiva e as pessoas se tornam reféns de uma ideologia imperativa que muito dificilmente é extinguida, já que passa a ser um falso interesse comum. Um ponto que deve ser abordado com mais afinco é a questão da falsa ideia de meritocracia, um conceito muito disseminado e que se torna justificativa para que o Estado não se preocupe com as necessidades individuais de grupos desprivilegiados em contraste com a grande massa. Cada pessoa está por si só na busca de seus interesses pessoais e o Estado trata apenas de dar condições igualitárias para que o mais merecedor alcance o esperado, tal ideia é ilógica quando atrelada a uma gritante desigualdade social, seja ela financeira, racial ou de qualquer outra forma que se manifeste. Por conseguinte, a diminuição da importância do trabalhador deve ser abordada, o neoliberalismo estimula muito uma globalização disfuncional que demonstra também um novo tipo de imperialismo, mas que ainda explora muito do que foi buscado na época das grandes navegações, a força de trabalho e os bens de nações em posição desfavorável no cenário global. Multinacionais se instalam em nações carentes com um discurso de gerar emprego e riqueza, mas tramam acordos bilaterais com governos para que tenham facilidades financeiras, alfandegárias, trabalhistas e no final acabam com uma exploração mascarada de empreitada humanitária. É facilmente percebível, por exemplo, um apartheid tecnológico em boa parte do mundo, locais que muitas vezes possui sede de montadoras de mercadorias tecnológicas que pouco são facilitadas aquele povo. O afastamento dos polos de desenvolvimento cientifico também mostra isso, já que muito dificilmente se dão incentivo das multinacionais em financiar estudos fora do seu país de origem. Tudo isso descamba em uma mão de obra despreparada e que é obrigada a aceitar qualquer tipo de imposição, tendo ideias depreciativas como se a falta de preparo estivesse diretamente ligada a seu mérito, quando o Estado é que realmente deveria estar preocupado com a formação de sua população.
Obs; Falar sobre o neoliberalismo, Estado Social de Direito, Clausulas Leoninas, Tocqueville e sobre as classe de juristas que se mostram semideuses.
Guerrilha: o combate ao neoliberalismo e ao fascismo, em 6 anos de crônicas. Com detalhes das ações coletivas dos empregados da Petrobras (Repouso Remunerado e RMNR) e dos retrocessos no Plano de Cargos da empresa e na Petros