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Trabalho apresentado para obtenção do título de

especialista em Gestão Escolar – 2017

Concepções e atitudes de alunos do ensino fundamental sobre o fenômeno


“bullying”

Carla Cristina Costa Fray¹*; Marcos Canto Machado2


1 E.E. Bairro Santo Antonio – Rua Antonio Lico,100 – Bairro Jardim Vitória - CEP 13402-732 – Piracicaba
(SP), Brasil
2 PECEGE – Associado Profissional – Rua Alexandre Herculano, 120 – Vila Monteiro - CEP 13418-445 -

Piracicaba (SP), Brasil

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Trabalho apresentado para obtenção do título de
especialista em Gestão Escolar – 2017

Concepções e atitudes de alunos do ensino fundamental sobre o fenômeno


“bullying”

Resumo

O “bullying”, foco de diversas pesquisas e análises; é um tipo de violência


escolar, sendo um fenômeno marcado pela intimidação e perseguição do indivíduo de
forma repetitiva e intencional, sendo contemporâneo e atingindo diversas esferas
sociais. Nesse sentido, o objetivo dessa pesquisa foi analisar as visões de 74
estudantes do sexto ano do ensino fundamental, na faixa etária de 10 a 14 anos, da
rede pública de ensino de São Paulo, acerca do fenômeno “bullying”. Para esse
trabalho foi escolhida uma pesquisa qualitativa, com caráter descritivo com um
questionário contendo questões dissertativas e múltipla escolha, nas quais foi possível
desmistificar alguns elementos referentes a violência e conflitos inseridos no interior do
ambiente escolar através das respostas obtidas. A distinção entre meninos e meninas
foi essencial para o aprofundamento da temática no contexto educacional, e
possibilitou a identificação de tal fenômeno, através de expressões genéricas,
advindas de seus respectivos conhecimentos de mundo e concepções culturais.
Assim, a realização de projetos sobre violência escolar, a reflexão sobre o tema, o
estimulo ao protagonismo juvenil, a afetividade, o respeito às diferenças, e o trabalho
com os pais e toda comunidade escolar são essenciais para o enfrentamento dessa
problemática no contexto educacional
Palavras Chave: agressão, violência escolar, concepções, atitudes

Introdução

A violência é uma constante em nossa sociedade e atinge diversas esferas


sociais, sendo que as escolas são instituições que não fogem dessa realidade e vê
esse fenômeno manifestar-se em todos os níveis de escolaridade e idade dos alunos.
Neste contexto, Priotto e Bonetti (2009) aduzem que a violência escolar
abrange

todos os atos ou ações de violência, comportamentos agressivos e


antissociais, incluindo conflitos interpessoais, danos ao patrimônio, atos
criminosos, marginalizações, discriminações, dentre outros praticados por, e
entre, a comunidade escolar (alunos, professores, funcionários, familiares e
estranhos à escola) no ambiente escolar (Priotto e Boneti, 2009, pg. 11116).

Dado o exposto, o “bullying” constitui um tipo de violência escolar, cuja


proeminência é foco de diversas pesquisas e debates globalmente. Nesse sentido,
destaca-se o trabalho de Lopes Neto (2005) que salienta a agressividade no ambiente
escolar; como também de Antunes e Zuim (2008) que ressalta elementos como
“bullying” e preconceito.

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Esse fenômeno é marcado pela intimidação e perseguição do indivíduo de


forma repetitiva e intencional, por um ou vários estudantes (Francisco e Libório, 2009).
Tal prática é naturalizada entre crianças e jovens e evidencia o desequilíbrio de poder
entre agressor e vítima. Esta supostamente não consegue se defender do motivo da
agressão que quase sempre é direcionado a características pessoais (força, destreza,
beleza, inteligência, etc), dentro do contexto de uma hierarquia estereotipada que
qualifica e divide os alunos (Silva e Campos, 2008).
Nesse contexto, a agressividade e a vitimização de estudantes são elementos
complexos e que devem ser levados em conta nos estudos acerca dessa temática.
Todos os implicados nesse tipo de violência necessitam de auxilio, pois o “bullying”
lhes traz severas consequências nas relações sociais no ambiente escolar,
estendendo-se para fora da escola (Almeida et al., 2008).
As vítimas, fragilizadas segundo os mesmos autores, padecem com a baixa
autoestima o que dificulta seu desenvolvimento social, emocional e afetivo. Já os
agressores, sofrem grave deterioração de sua escala de valores afetando, dessa
maneira, aspectos afetivos e morais.
A violência entre estudantes do ensino fundamental é algo muito frequente:
uma pesquisa realizada no Brasil pelo Centro de Empreendedorismo Social e
Administração em Terceiro Setor [CEATS], intitulada “”Bullying” escolar no Brasil”, no
ano de 2009 com 5.168 jovens de 11 a 15 anos, demonstra que um número
significativo de estudantes (10,1% da amostragem), presencia constantes atos
violentos na instituição escolar (Frick, 2011), evidenciando a necessidade de,
inicialmente, compreender esse fenômeno para posteriormente direcionar ações que
mitiguem tal prática.
Nesse sentido, o objetivo dessa pesquisa foi analisar as visões de estudantes
do sexto ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública de ensino do
Estado de São Paulo, acerca do fenômeno “bullying”.
Através de um questionário contendo questões dissertativas e múltipla
escolha, pode-se desmistificar e perceber alguns elementos referentes a violência e
conflitos inseridos no interior do ambiente escolar.

Material e Métodos

A pesquisa foi realizada na cidade de Piracicaba, localizada no estado de São


Paulo, em uma instituição educacional de ensino público que atende jovens de 11 a 18

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anos do ensino fundamental, que atualmente conta com cerca de 500 estudantes e 34
funcionários e. O estabelecimento de ensino faz parte de uma rede de escolas cuja
diretoria encontra-se na cidade acima mencionada, onde diversos programas são
desenvolvidos, destacando-se o Acessa e Escola e a Escola da Família.
Para esse trabalho foi escolhida a Pesquisa Qualitativa, com caráter descritivo
(Manzato e Santos, 2012) utilizando-se a entrevista focada em 74 crianças do sexto
ano do ensino fundamental. Foi empregado um único roteiro de perguntas para todos
os entrevistados, contendo em seu interior questões dissertativas abertas para não
restringir a respostas dos entrevistados e de múltipla escolha com o intuito de
registrar, analisar e correlacionar as respostas à temática do trabalho.
A pesquisa foi realizada no primeiro trimestre de 2017 e contou com 14
questões (Apêndice 1) com ênfase na temática “bullying” e violência escolar, divididas
em cinco partes: 1- Identificação; 2 – Compreensão sobre o conceito “bullying”; 3 -
Caracterização da vítima; 4 – Caracterização do agressor e 5 – Prevenção do
“Bullying”. É interessante destacar que esses estudantes não tiveram uma exposição
didática acerca de tal temática. As informações destacadas e coletadas dos alunos
entrevistados, referem-se às suas concepções e conhecimentos prévios sobre o
assunto.

Resultados e Discussão

A agressividade nas escolas é algo universal. A violência escolar é um problema


social grave e complexo, vinculando-se ao comportamento hostil presente entre os
estudantes no interior das instituições escolares. O “bullying” é uma subcategoria
dessa violência entre crianças e adolescentes, na qual o poder é conquistado por meio
de agressões periódicas e duradouras (Lopes, 2005).
Para Veenstra (2010), em ambientes educacionais os agressores geralmente
dividem a sala de aula entre potenciais fontes de afeição (indivíduos populares) e
potenciais fontes de dominação (vítimas). Destarte, aqueles indivíduos populares são
os mais importantes para agressores de ambos os sexos. Portanto, tais sujeitos
esperam ser aceitos socialmente por outros colegas do mesmo gênero, não se
importando em serem rejeitados pelo restante dos alunos na sala de aula ou grupo
escolar.

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Para se refletir sobre essa temática é necessário analisar as percepções dos


estudantes acerca de tais fenômenos. Isso foi possível, através da aplicação de
questionário para 74 crianças do sexto ano do ensino fundamental.
Dos 74 estudantes entrevistados, 53% são do sexo feminino e 47% são do
sexo masculino (Figura 1). A diferenciação de gênero (feminino e masculino)
possibilitou o maior aprofundamento de aspectos relacionados a alta incidência da
violência entre meninos e meninas, como também o sentimento de vingança e tristeza
entre os entrevistados.

Alunos entrevistados

53% 47% Meninos Meninas

Figura 1. Distribuição de gênero dos alunos entrevistados


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Entre os alunos pesquisados, a faixa etária variou entre 10 e 14 anos, porém


em ambos os sexos prevaleceram crianças com 11 anos de idade (Figuras 2 e 3).
Conforme já apontado por Lopes Neto (2005), nesta faixa etária há a prevalência de
casos de “bullying”, sendo que a incidência tende a diminuir em crianças com mais
idade (Rolim, 2008).
A maior parte dos estudantes, tanto do sexo feminino quanto masculino,
descrevem o “bullying” como um xingamento (Figuras 4 e 5), porém outros conceitos
aparecem para identificar tal fenômeno. Entre as meninas destacam-se os seguintes
elementos: algo feio, magoar alguém, ofensa, maus-tratos, agressão, assédio, algo
errado, sofrimento e desrespeito. Já os meninos, também definem o “bullying” como:
agressão, apelidos, ofensa, algo feio e algo ruim.

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Por tratar-se de uma questão aberta, estas múltiplas concepções são naturais
e decorrentes exclusivamente do conhecimento prévio dos entrevistados. Os jovens
entrevistados, muitas vezes, são julgados ou repreendidos ao expor seus anseios e
dúvidas às suas famílias e, por isso, seus conhecimentos acerca do “bullying” são
genéricos e baseiam-se em suas concepções de mundo. O espaço escolar é o local
adequado para o debate de tal temática, sendo que na instituição educacional que
essa expressividade e interação são disseminadas entre os pares, favorecendo assim,
a troca de conhecimentos e exercício da cidadania (Cremonesi et al., 2014).

Idade Meninas
3% 2%

10%

10 anos
11 anos
12 anos
13 anos
85%

Figura 2. Distribuição da idade das alunas entrevistadas


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Idade Meninos
3%
6%
8%

10 anos

17% 11 anos
12 anos
13 anos
66% 14 anos

Figura 3. Distribuição da idade dos alunos entrevistados

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Fonte: Resultados originais da pesquisa

O que você entende pela expressão "Bullying"? Meninas


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Número de respostas

20
20

15

10
5 4
5 2 2 2 1 1 1 1
0

Respostas das entrevistadas

Figura 4. Conceito de “bullying” pelas alunas entrevistadas


Fonte: Resultados originais da pesquisa

O que você entende pela expressão "Bullying"? Meninos

20 19
Número de respostas

16

12

8 6
4
4 3
1 1 1
0

Resposta dos entrevistados


Figura 5. Conceito de “bullying” pelos alunos entrevistados
Fonte: Resultados originais da pesquisa

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Foram encontradas diferenças, embora não significativas, no que se refere a


vitimização de tais crianças, conforme Figuras 6 e 7. Notou-se na entrevista que os
meninos são os que mais padecem em consequência das intimidações e abusos de
seus agressores (51%), sendo que a porcentagem entre as meninas é de 49%. Tais
porcentagens são similares as encontradas em outros estudos (Cunha, 2005; Rolim,
2008, Jimenéz 2017), indicando situações amplamente difundidas entre as crianças. A
maior parte das vítimas, de ambos os gêneros, sofreu agressões entre os 10 a 12
anos (Figuras 8 e 9), em concordância com a faixa etária de maior incidência já
referenciada neste trabalho (Lopes Neto, 2005).

Você já sofreu e/ou sofre algum tipo de intimidação, agressão ou


assédio?
Meninas

Sim
51% 49%
Não

Figura 6. Distribuição do número de entrevistadas que já sofreram agressão


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Você já sofreu e/ou sofre algum tipo de intimidação, agressão ou


assédio?
Meninos

Sim
49% 51%
Não

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Figura 7. Distribuição do número de entrevistados que já sofreram agressão


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Se sim, que idade tinha? Meninas

10%

37% 5 a 9 anos
10 a 12 anos
53% Não sobe responder

Figura 8. Distribuição de idade em que as entrevistadas sofreram agressão


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Se sim, que idade tinha? Meninos

5%

5 a 9 anos
39%
10 a 12 anos
56% Não soube responder

Figura 9. Distribuição de idade em que os entrevistados sofreram agressão


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Quanto ao local em que a violência foi realizada, nota-se certas distinções


entre os sexos pesquisados. Isso já foi destacado por Carvalho (2011), que indica que
o “bullying” não se dá somente na escola, mas ocorre em diferentes ambientes. Nesta

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pesquisa, as meninas são as que mais sofrem intimidações na instituição escolar


(Figura 10), representando cerca de 57,9% dos locais onde ocorreram as agressões,
em resultado bastante próximo ao relatado pela pesquisa descrita por
Lopes Neto (2005), indicando que as práticas relacionadas ao “bullying” em salas de
aula configuram 60,2% dos casos. Já os meninos sofrem muitos abusos na rua, fora
do contexto educacional (Figura 11), contrastando ao levantado por Rolim (2008) que
não constatou diferença entre os locais (dentro e fora da escola) em que os
entrevistados de ambos os sexos sofrem “bullying”. Porém, em ambos os casos a
maior parte dos entrevistados conhecia o seu agressor (Figuras 12 e 13). Tais
informações levam a refletir sobre a proximidade relacional entre os envolvidos, sendo
algo direto e que abarca indivíduos de um mesmo contexto espacial e social.
Para Sales e Silva (2010), a violência escolar, ultrapassa os “muros
institucionais” e integra diversos elementos, como: família, escola e a rua. Essas
autoras, destacam que

as diversas situações relacionadas à construção da identidade social de


jovens se manifestam nos espaços de lazer, nas relações entre pares e
também na escola. Ou seja, a violência dos jovens na escola tem vinculações
com a violência juvenil que se manifesta em outros contextos. As explicações
para a violência de jovens na escola extrapolam, portanto, a sua condição de
aluno e remetem também à sua condição de sujeitos jovens, isto é, de uma
determinada faixa etária (Sales e Silva, 2010, p.217).

Em seus estudos, Oliveira (2017) destaca que o contexto familiar também


associa-se diretamente a esse tipo de violência. É nesse ambiente que elementos
norteadores de tal fenômeno se propagam. Famílias constituídas por duplas parentais
são aqueles que mais resguardam seus filhos do “bullying”. Já aquelas marcadas pela
violência, autoritarismo, rejeição e ausência de laços afetivos; estimulam os jovens a
agirem com agressividade em situações conflituosas.
A baixa estrutura socioeconômica e educacional dos pais também propicia um
elevado risco à propagação dessa violência. Crianças advindas de tais famílias, muitas
vezes são vítimas de comportamentos violentos. Já aquelas com condições
financeiras favoráveis são identificadas como agressores e propagadoras do “bullying”.
Os dados de Juaréz (2017) também corroboram com tais informações. O autor
afirma que essa violência amplia-se em populações marginalizadas e zonas altamente
violentas, e muitas vezes associa-se a aspectos raciais.

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Onde aconteceu a agressão?


Meninas
12 11
Número de respostas

10

6
4
4
2 2
2

0
Na escola Na escola e rua Na rua Não soube
responder
Respostas das entrevistadas

Figura 10. Local onde ocorreu a agressão das entrevistadas


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Onde aconteceu a agressão?


Meninos
8
7
7
6
Número de respostas

5
4
4
3 3
3
2
1
1
0
Na rua Na escola e Não soube Na escola Em todos os
rua responder lugares que
passa
Respostas dos entrevistados

Figura 11. Local onde ocorreu a agressão dos entrevistados


Fonte: Resultados originais da pesquisa

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Você conhecia os agressores? Meninas

5%
5%

Sim
Não
Não soube responder

90%

Figura 12. Conhecimento do agressor pelas entrevistadas


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Você conhecia os agressores? Meninos

6%
11%

Sim
Não
Não soube responder
83%

Figura 13. Conhecimento do agressor pelos entrevistados


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Os tipos de manifestações ligadas ao “bullying” são diversas, mas no contexto


analisado, àquelas que mais se destacam são as agressões físicas sofridas pelos
entrevistados do sexo masculino e verbais pelas entrevistadas do sexo feminino
(Figuras 14 e 15). Isso corrobora com as análises de Bandeira e Hultz (2012), que
afirmam que os meninos, na maioria dos casos, são alvos da agressão física e

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ameaça verbal, enquanto as meninas destacam-se como vítimas da agressão verbal,


por meio de apelidos, intimidações, fofocas e insultos.
Tal contraste evidencia que os meninos potencialmente podem sofrer com
comportamentos mais agressivos, enquanto que as meninas são submetidas à
manifestações de “bullying” com maior sutiliza (Lopes Neto, 2005), majoritariamente
verbais, conforme também relatado por Cunha (2005) quando comparou as formas de
vitimização entre meninos e meninas.

Que tipo de agressão você sofreu?


Meninas
7
6
6
Número de respostas

5
5

4
3
3
2 2
2
1
1

Respostas das entrevistadas


Figura 14. Tipo de agressão sofrida pelas entrevistadas
Fonte: Resultados originais da pesquisa

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Que tipo de agressão você sofreu?


Meninos
9 8
Número de respostas

8
7
6 5
5
4 3
3 2
2
1
0
Física Verbal Racial Não soube
responder
Respostas dos entrevistados

Figura 15. Tipo de agressão sofrida pelos entrevistados


Fonte: Resultados originais da pesquisa

O sentimento em relação à violência recebida (Figuras 16 e 17) e quanto ao


agressor (Figuras 18 e 19), também foi enfatizado na pesquisa. Tristeza e raiva foram
as respostas com maior destaque entre os alunos entrevistados. Tal afirmação
vincula-se às ideias de Sampaio (2015) que asseguram que esses anseios podem
intensificar o sofrimento da vítima, levando-as muitas vezes à impotência e
desmotivação quanto aos estudos.

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O que sentiu quando sofreu a agressão? Meninas


4
Número de respostas

3 3 3
3
2 2
2
1 1 1 1
1

Respostas das entrevistadas

Figura 16. Sentimento das entrevistadas quanto a agressão


Fonte: Resultados originais da pesquisa

O que sentiu quando sofreu a agressão? Meninos


8
Número de respostas

7
7
6
5
4
4
3
3
2
1 1 1 1
1
0
Tristeza Tristeza e Raiva Humilhado Dor Vergonha Não
raiva soube
responder
Respostas dos entrevistados

Figura 17. Sentimento dos entrevistados quanto a agressão


Fonte: Resultados originais da pesquisa

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O que pensa quando se recorda dos agressores? Meninas


12
10
Número de respostas

10

6 5
4
4

0
Sinto raiva Não penso nada Não soube responder
Respostas das entrevistadas

Figura 18. Sentimento das entrevistadas ao se recordar dos agressores


Fonte: Resultados originais da pesquisa

O que pensa quando se recorda dos agressores? Meninos


12 11
Número de respostas

10
8
6
4 3 3
2 1
0
Sinto raiva Tenho pena deles Não soube Não penso nada
responder
Respostas dos entrevistados

Figura 19. Sentimento dos entrevistados ao se recordar dos agressores


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Nessa pesquisa, verificou-se também que a maior parte dos entrevistados do


sexo masculino (63%) já expressaram sua agressividade contra outros indivíduos
conforme Figura 20. Tal resultado é superior ao encontrado por Rolim (2008)
que indicou que 42,9% dos meninos já cometeram agressão física, todavia

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concordante ao conceito de que entre os agressores predominam os indivíduos do


sexo masculino (Lopes Neto, 2005).
A condição acima discutida é ressaltada quanto se comparam esses resultados
com aqueles obtidos entre as alunas entrevistadas (Figura 21), em que há um
destaque para aquelas com características pacificas, que não realizaram qualquer tipo
de agressão, totalizando 54%.

Já agrediu alguém em algum momento da sua vida? Meninos

6%

Sim
31%
Não
Não soube responder
63%

Figura 20. Distribuição do número de entrevistados agressores


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Já agrediu alguém em algum momento da sua vida? Meninas

54% 46% Sim


Não

Figura 21. Distribuição do número de entrevistadas agressores


Fonte: Resultados originais da pesquisa

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Entre os alunos agressores pesquisados, grande parte dos estudantes (63,6%


dos meninos e 33,3% das meninas) sentiu arrependimento após o ato de violência
(Figuras 22 e 23), destacando-se também o sentimento de alivio entre as alunas
entrevistadas, correspondendo a outros 33,3% das respostas obtidas. Estes dados
diferenciam-se das ideias de Silva e colaboradores (2013), que afirmam que o
agressor não sente culpa no ato de violência, pois o mesmo não sabe se pôr no lugar
de outros indivíduos.

Se sim, o que sentiu? Meninas


Número de respostas

7 6 6
6
5
4 3
3 2
2 1
1
0

Respostas das entrevistadas

Figura 22. Sentimento das agressoras ao realizarem a violência


Fonte: Resultados originais da pesquisa

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Se sim, o que sentiu? Meninos

16 14
Número de respostas

12

8 6

4 2

0
Arrependimento Alívio Satisfação

Respostas dos entrevistados

Figura 23. Sentimento dos agressores ao realizarem a violência.


Fonte: Resultados originais da pesquisa

As motivações que levaram às agressões (Figuras 24 e 25) giram em torno de


diversos aspectos. Os xingamentos foram elementos que favoreceram os atos de
violência dos meninos contra outros indivíduos, correspondendo a 45,4% das
respostas obtidas. Já entre as entrevistadas do sexo feminino, fatores como
xingamento e provocação foram os maiores motivadores da agressão, totalizando
44,4% das respostas. Há aquelas também que não souberam responder sobre o que
as levaram ao ato de violência, totalizando 22,2%.
Tais resultados indicam que o “bullying” ocorre majoritariamente após alguma
expressão verbal e que muitos desses jovens, ao imitar atos violentos de seus
colegas, para serem aceitos nos grupos, ganhar popularidade ou até mesmo poder,
acabam perpetuando estas práticas de violência no ambiente escolar, conforme já
indicado por Lisboa (2005).

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Quais foram os motivos que te levaram à agressão?


Meninas
4 4 4
4
Número de respostas

2 2
2

1 1
1

Respostas das entrevistadas

Figura 24. Motivos que levaram à agressão pelas entrevistadas


Fonte: Resultados originais da pesquisa

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Quais foram os motivos que te levaram à agressão?


Meninos
12
10
Número de respostas

10
8
6 5
4 3
2
2 1 1
0

Respostas dos entrevistados

Figura 25. Motivos que levaram à agressão pelos entrevistados


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Por fim, muitos desses jovens acreditam que há diversas formas de impedir
novos atos de “bullying” (Figuras 26 e 27). Nas respostas, nota-se que estudantes de
ambos os sexos consideram o respeito às pessoas como forma de prevenção contra
tal fenômeno (33,3% das alunas e 29,4% dos alunos entrevistados). Entre as meninas
destaca-se também as seguintes considerações: procurar auxílio de um adulto,
denunciar, parar de falar com o agressor, visita diária do gestor na sala de aula, ajuda
às vítimas e agressores e punição aos envolvidos. Já os meninos, destacam os
seguintes elementos: procurar ajuda de um adulto, afastar-se do agressor, punir os
envolvidos, terapia além de bater e xingar.
Destaca-se que além das múltiplas respostas obtidas entre os alunos
entrevistados, não souberam responder a questão 12,8% das meninas e 23,5% dos
meninos, indicando a necessidade de explanações sobre o tema, especialmente no
ambiente escolar.
Silva (2017) traz em seu texto, intervenções já realizadas em instituições
educacionais. Algumas das estratégias utilizadas para minimizar o alto índice de
violência nas escolas são: aulas sobre “bullying”, atividades de mediação com
agressores/vítimas/pares, palestras informativas para a comunidade do entorno
escolar, ampliação de supervisão nos ambientes internos da escola, métodos

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disciplinares, cooperação entre pesquisadores e profissionais da escola, formação de


docentes e utilização de recursos tecnológicos.
Ademais, a afetividade é algo que deve ser fortalecido nas relações entre os
pares, e é percebida nas respostas. Por meio dela os indivíduos podem identificar-se
com os mais frágeis, vítimas diretas da violência e “bullying” (Crochick, 2015). O
respeito pelo outro, destacado pelos entrevistados em ambos os gêneros, vincula-se
as ideias de Crochick (2015) e é algo que deve ser trabalhado nas escolas. As ações
pedagógicas devem ser amplamente refletidas e questionadas, buscando-se
elementos norteadores para o trabalho com a ética, solidariedade e reciprocidade.

Para você, o que deve ser feito para impedir que ocorram mais
casos de "Bullying"? Meninas
14 13

12

10
Número de respostas

8 7

6 5
4
4 3 3 3

2 1

Respostas das estrevistadas

Figura 26. Formas de se evitar o “bullying” segundo as entrevistadas


Fonte: Resultados originais da pesquisa

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Para você, o que deve ser feito para impedir que ocorram mais
casos de "Bullying"? Meninos

12
10
10
Número de respostas

8 8
8

6 5

2 1 1 1

Respostas dos entrevistados

Figura 27. Formas de se evitar o “bullying” segundo os entrevistados


Fonte: Resultados originais da pesquisa

A instituição analisada, junto com o grêmio estudantil já desenvolve projetos


pedagógicos vinculados a temas transversais. No ano de 2016, destacou-se o trabalho
denominado “A corrente do bem”, com foco nos alunos do ensino médio sobre a
temática “bullying”. Por meio de vídeos, painéis, palestras, show de talentos e ações
realizadas pelos próprios discentes, houve um movimento de conscientização desses
jovens, acerca dos malefícios de tal fenômeno. Para a comunidade escolar tal projeto
deve ser realizado anualmente, e ampliado para as demais séries.

Conclusão

Por meio dessa análise foi possível compreender as concepções estudantis


acerca do “bullying” e suas implicações entre os estudantes. Nota-se que tal fenômeno

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é identificado por meninos e meninas através de expressões genéricas, advindas de


seus respectivos conhecimentos de mundo e concepções culturais. A desestrutura
familiar e falta de diálogo com os pais, provavelmente resulta na naturalização desses
saberes, que muitas vezes não são debatidos e fomentados na instituição escolar.
Desta maneira, são necessários trabalhos de conscientização e reflexão acerca dessa
temática, sendo que a escola deve ultrapassar barreiras e obstáculos pedagógicos
afim de criar novos caminhos educacionais que abordem esta temática.
Além dos conteúdos curriculares, é essencial que a instituição ensine os
indivíduos a lidar com suas emoções, tornando-os cidadãos mais conscientes e
reflexivos. A realização de projetos sobre violência escolar, o estimulo ao
protagonismo juvenil, a afetividade, o respeito às diferenças, e o trabalho com os pais
e toda comunidade escolar, são elementos essenciais para a resolução de conflitos e
o enfrentamento da temática “bullying”. Só assim será possível um trabalho reflexivo,
capaz de fortalecer a autoestima de cada criança, como também a afetividade e a
confiança entre os pares.

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Trabalho apresentado para obtenção do título de
especialista em Gestão Escolar – 2017

Apêndice 1

Questionário – “Bullying”
1 - Idade:

2 – Sexo

( ) Feminino ( ) Masculino

3 - O que você entende pela expressão “Bullying”?


4 – Você já sofreu e/ou sofre algum tipo de intimidação, agressão ou assédio?
( ) sim ( ) não
5 - Que idade tinha/tem?
( ) 5 a 9 anos ( ) 10 a 12 anos
6 – Onde aconteceu a agressão?

7 – Que tipo de agressão você sofreu?


( ) física ( ) religiosa
( ) sexual ( ) racial
( ) gênero
( ) outra Qual?______________________

8 – O que sentiu quando sofreu a agressão?

9 – Você conhecia os agressores? Quem eram?

10 – O que pensa quando se recorda dos agressores?


( ) Não penso nada ( ) Sinto raiva
( ) Tenho pena deles ( ) Gosto deles

11 – Já agrediu alguém em algum momento da sua vida?


( ) sim ( ) não

12 – O que sentiu?
( ) alivio ( ) arrependimento
( ) satisfação ( ) angústia ( ) outros
quais?___________________

13 – Quais foram os motivos que te levaram à agressão?


14 – Para você, o que deve ser feito para impedir que ocorram mais casos de
“Bullying”?

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