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1983

ARTIGO ARTICLE
Suicídio de idosos sob a perspectiva de gênero

Suicide in the elderly from a gender perspective

Stela Nazareth Meneghel 1


Denise Machado Duran Gutierrez 2
Raimunda Magalhães da Silva 3
Sonia Grubits 4
Lilian Zielke Hesler 5
Roger Flores Ceccon 5

Abstract This study examines the relationship Resumo Este estudo explora a relação entre sui-
between suicide and aging from a gender perspec- cídio e envelhecimento na perspectiva de gênero,
tive, examining the socially imposed boundaries analisando as demarcações socialmente impostas
of masculinity and femininity in the lives of eld- de masculinidade e feminilidade na vida de idosos
erly people who committed suicide. It is a quali- que cometeram suicídio. Trata-se de estudo qua-
tative study in which 50 psychosocial autopsies litativo no qual foram consideradas 50 autópsias
conducted with elderly relatives were selected from psicossociais realizadas com familiares de idosos,
10 cities in the North, South, Northeast and Mid- pertencentes a 10 municípios brasileiros, nas re-
west of Brazil. In this article we have identified giões Norte, Sul, Nordeste e Centro-Oeste. Neste
situations of gender vulnerabilities in the lives of artigo foram identificadas situações referentes a
13 people who committed suicide: 10 men and 3 vulnerabilidades de gênero na vida de 13 pessoas
women selected for their exemplary character. Two que se suicidaram: 10 homens e três mulheres,
main categories were listed: the first refers to fem- selecionados pelo seu caráter de exemplaridade.
1
ininity including the “gender destiny” experienced Duas categorias principais foram elencadas: a pri-
Escola de Enfermagem,
Universidade Federal do Rio by elderly women who commit suicide when they meira refere-se às feminilidades, incluindo o “des-
Grande do Sul. Rua São can no longer care for themselves or work. The tino de gênero” vivido por mulheres idosas que se
Manoel 963, Rio Branco.
second concerns the hegemonic masculinity in suicidam quando não podem mais cuidar e tra-
90620-110 Porto Alegre RS.
stelameneghel@gmail.com crisis, in which old men die after changing from balhar. A segunda refere-se a crises nas masculi-
2
Faculdade de Psicologia, the role of providers due to retirement or illness. nidades hegemônicas, em que homens idosos mor-
Departamento de Psicologia,
It should be stressed that gender norms, codes of rem após mudanças nos papeis de provedores, oca-
Universidade Federal do
Amazonas honor, power inequalities and stereotypes affect sionadas pela aposentadoria ou doença. Ressalta-
3
Centro de Ciências da both women and men in terms of susceptibility to se que as normas de gênero, os códigos de honra,
Saúde, Mestrado em Saúde
suicidal behavior. as desigualdades de poder e estereótipos afetam
Coletiva, Universidade de
Fortaleza. Key words Gender, Suicide, Femininity, Mas- tanto as mulheres quanto os homens em relação à
4
Programa de Mestrado Pós culinity vulnerabilidade para comportamentos suicidas.
Graduação em Psicologia,
Palavras chave Gênero, Suicídio, Feminilidade,
Universidade Católica Dom
Bosco. Masculinidade
5
Grupo de Estudos em Saúde
Coletiva, Escola de
Enfermagem, Universidade
Federal do Rio Grande do
Sul.
1984
Meneghel SN et al.

Introdução sobre a vida sexual e reprodutiva18. O início pre-


coce da vida sexual em comunidades conserva-
Os elevados índices de suicídio, tentativas e idea- doras, a presença de abortos, a gravidez indese-
ção suicida caracterizam esse tema como um jada e os problemas com a imagem corporal in-
importante problema de saúde pública. Na maio- cluindo uso de próteses de silicone e bulimia,
ria dos países ocidentais ocorre alta freqüência podem significar risco adicional3. Violência do-
de tentativas de suicídio entre mulheres, enquan- méstica e abuso sexual, assim como a existência
to o suicídio consumado acontece mais em ho- de padrões conservadores de gênero e sofrimen-
mens, situação descrita como o “paradoxo do to mental2 são preditores de autoagressão. Mu-
suicídio”1. Considerando-se apenas o suicídio lheres em atividades de risco para a violência,
consumado, este é um problema masculino, po- como o exercício da prostituição, estão expostas
rém, caso se acrescente as tentativas, ocorre uma a elevadas taxas de suicídio19,20. Em suma, as de-
elevada carga de doença para as mulheres2. De sigualdades de gênero são condições associadas
qualquer maneira, tem sido dada pouca atenção ao suicídio de mulheres.
para as diferenças do comportamento suicida O trabalho, como promotor de integração
entre os sexos e as perspectivas de gênero ainda social e autonomia pode ser fator de proteção
são pouco estudadas3. para ambos os sexos, tendo-se observado maio-
O padrão epidemiológico predominante do res taxas de suicídio em pessoas desempregadas21.
suicídio é o de taxas de mortalidade três a quatro Autores têm apontado9,22,23 que crises econômi-
vezes maiores nos homens4 geralmente explica- cas levam a fracassos no desempenho do ho-
da por argumentos biologicistas que incluem a mem como provedor da família, produzindo
maior letalidade dos meios usados pelos ho- conflitos, consumo de álcool e outras drogas,
mens5. Na Ásia, as taxas de suicídio são similares sofrimento emocional e, em último caso, suicí-
entre homens e mulheres2,6 e, em âmbito mun- dio. Os homens apresentam maior mortalidade
dial, apenas a China e a Índia apresentam mor- por suicídio em sociedades onde os papéis mas-
talidade feminina maior que a masculina7,8. culinos hegemônicos estão em crise; nessas, eles
Em países onde as taxas de suicídio feminino encontram grande dificuldade em realizar o pa-
são baixas, o agravo é percebido como um com- pel normativo ligado ao trabalho24 e veem sua
portamento masculino, atribuindo-se para sua identidade em risco.
execução um grau de energia e coragem somente A taxa de absorção feminina na força de tra-
encontrado nos homens, enquanto as tentativas balho representa sobrecarga às mulheres e risco
são consideradas femininas e as mulheres vistas para suicídio em ambos os sexos25. A divisão se-
como incapazes de efetivar o ato. Em países com xual do trabalho no contexto da sociedade con-
altas taxas de suicídio feminino a explicação é temporânea significa que aumenta o risco femi-
inversa e o ato é considerado um sinal de fraque- nino quando as mulheres passam a desempe-
za e passividade próprio das mulheres1. nhar os mesmos papeis que os homens, sendo
A diferença acentuada nas taxas de suicídio espoliadas pela competitividade típica do siste-
entre os sexos tem influenciado o debate sobre a ma capitalista.
importância da condição de gênero na ocorrên- Em relação aos idosos, as hierarquias de po-
cia deste evento1,9-13. Utilizamos o conceito de gê- der entre os sexos seguem presentes e naturaliza-
nero de Joan Scott14 que o considera uma catego- das, calcadas em um modelo que destaca a auto-
ria complexa, socialmente construída, em que ridade dos homens sobre as mulheres e os fi-
existem diferenças de poder entre os sexos. As lhos26. As mulheres idosas foram socializadas
distinções são de caráter social e não biológico e segundo normas que negam as próprias necessi-
há um aspecto relacional segundo o qual o mas- dades para cuidar do outro, quer seja o marido,
culino só pode ser compreendido como comple- os filhos ou os familiares. Os idosos do sexo
mentar ao feminino. masculino, por sua vez, estão em risco quando
Estudos apresentam maior prevalência de se afastam do trabalho, na vigência de conflitos
suicídio entre as mulheres casadas15,16 enquanto relacionais ou em situações que ameaçam seus
outros relatam maior frequência entre as soltei- códigos de honra e sua masculinidade.
ras, recém-separadas, divorciadas e viúvas6,10,17. As condutas ligadas a gênero têm sido secun-
Há maior chance de suicídio entre as sozinhas e darizadas ao se analisar a determinação de even-
jovens casadas, principalmente quando o casa- tos vitais, o que torna de grande relevância o es-
mento ocorre em idade precoce e não existe au- tudo dos comportamentos pautados em gênero
tonomia na escolha do marido e nas decisões em relação ao suicídio.
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Ciência & Saúde Coletiva, 17(8):1983-1992, 2012


Propõe-se com esta pesquisa estudar a rela- turada para detalhar o estado mental que ante-
ção entre suicídio e envelhecimento na perspecti- cedeu o suicídio, descrever as situações associa-
va de gênero, analisando as demarcações social- das ao comportamento suicida e suas possíveis
mente impostas de masculinidade e feminilidade causas, reconstituir o suicídio e os fatores envol-
na vida de idosos que cometeram suicídio. vidos, compreender seu impacto na família e iden-
tificar a presença de vulnerabilidade de gênero na
história de vidas das pessoas que se suicidaram.
Trajeto metodológico Esses instrumentos compõem a autópsia psi-
cossocial que constitui a abordagem retrospecti-
Esse é um estudo qualitativo cuja coleta de infor- va do caso de suicídio, de tal forma que permite
mações com familiares foi realizada por meio de esclarecer as situações de morte, a partir de fatos
autópsia psicossocial de idosos que cometeram relevantes na vida do suicida e de seu contexto
suicídio. A investigação faz parte de uma pesqui- sociocultural, ajudando a desvendar seu univer-
sa intitulada “É possível prevenir a antecipação so relacional e as possíveis causas associadas ao
do fim? Suicídio de Idosos no Brasil e possibili- ato. Sua construção foi inspirada na técnica de
dades de Atuação do Setor Saúde”27. autópsia psicológica de Shneidman29 que desen-
A primeira etapa do trabalho consistiu em volve diferentes explicações sobre as causas e as
definir as cidades brasileiras com maiores taxas possibilidades de prevenção do suicídio, para esse
de suicídio entre idosos e selecionar os 10 muni- autor, a importância das autópsias não está em
cípios que apresentassem elevados coeficientes de prover um único tipo de análise, mas em apre-
mortalidade, permitissem facilidade no acesso e sentar diferentes perspectivas sobre o problema.
logística, contassem com uma rede de serviços Após a realização das entrevistas, os dados
que pudesse atuar como retaguarda à pesquisa e foram compilados e organizados em um corpus
que representassem as cinco macrorregiões do para que se procedesse a pré-análise, procuran-
país. Os procedimentos para identificar as pes- do-se organizar a história de vida, os fatores de-
soas que se suicidaram nos últimos cinco anos sencadeantes, a descrição do ato e a repercussão
variaram de acordo com o local, alguns inicia- sobre a família, culminando com uma síntese
ram fazendo um levantamento no Instituto Mé- analítica de cada caso.
dico Legal, enquanto outros contataram as Se- Neste artigo, estudou-se a relação do suicí-
cretarias Municipais de Saúde. O objetivo foi rea- dio com a categoria gênero, ou de que maneira
lizar entrevistas em profundidade com familia- as características relacionais entre os sexos po-
res e/ou conhecidos desses idosos. dem ter vulnerabilizado estes sujeitos e contribu-
Na maioria dos locais pesquisados, a razão ído para o desenlace fatal. Escolhemos 13 autóp-
de masculinidade do suicídio esteve em torno de sias psicossociais das 50 entrevistas realizadas no
quatro para um, similar à da população brasilei- primeiro semestre de 2011 nas cinco macrorregi-
ra4 sendo difícil, por essa razão, encontrar um ões brasileiras. Serão relatadas situações referen-
número elevado de suicídios femininos para rea- tes a essas 13 autópsias relacionadas a 10 ho-
lização das autópsias psicossociais. mens e três mulheres, identificadas e seleciona-
A partir da identificação dos idosos proce- das pelo seu caráter de exemplaridade, ou seja, o
deu-se o contato e agendamento das entrevistas quanto retratam um acontecimento que é ao
com os informantes. Em cada município, foram mesmo tempo singular e universal. Para cada
realizadas cinco entrevistas com familiares ou história foi utilizado um subtítulo síntese que
amigos de pessoas que cometeram suicídio, com- emergiu da leitura da biografia da pessoa que se
pondo uma amostra intencional de 50 pessoas suicidou.
no país. Este projeto foi aprovado no Comitê de Ética
Foi elaborado um roteiro de entrevista com e Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (CEP /
base nas questões referentes à pesquisa, adapta- Fiocruz) e todos os participantes assinaram um
do de estudos anteriores28 reunindo informações Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
sobre a identificação pessoal e social da pessoa (TCLE). As recomendações e cuidados éticos fo-
que se suicidou; o genograma da família da víti- ram respeitados e os familiares que se encontra-
ma para reconstituir alianças, conflitos, rede de vam em sofrimento emocional decorrente do luto
relações e o padrão de morbidade ou mortalida- foram encaminhados para os serviços de refe-
de associado ao suicídio; e, entrevista semiestru- rência e estão sendo acompanhados.
1986
Meneghel SN et al.

Resultados e Discussão No jogo relacional, a primeira mulher não só


recebe o ex-marido de volta em sua casa: ‘rapaz,
A perspectiva de gênero volta para a casa’, como paga a pensão para a
na análise do suicídio filha que ele teve em uma segunda relação. Ele
por sua vez, encontra-se na posição contraditó-
Partimos do pressuposto de que as normas ria de representar o homem honrado capaz de
de gênero estão presentes em todas as sociedades prover as necessidades econômicas da filha, mas
e, na maioria das situações, são desfavoráveis às recebe o dinheiro da ex-mulher, de quem depen-
mulheres, mas não poupam os homens mesmo de financeiramente. Esse dilema ético produz tris-
quando ocupam posição de destaque e de po- teza, vergonha e mal estar, muitas vezes patolo-
der30. No caso das várias formas graves de vio- gizados e lidos como depressão pelos profissio-
lência, no entanto, os homens são as principais nais de saúde.
vítimas e esse é o caso da configuração dos suicí- As culturas de honra da região mediterrânea
dios, vistos em seus aspectos populacionais. Gê- estão presentes no Brasil, principalmente na área
nero, portanto, é considerado um fator de vul- rural. Definem a honra como comportamento
nerabilidade ao suicídio tanto para homens como moral e exigem que homens e mulheres sigam os
para mulheres. Nessa perspectiva, as feminilida- códigos de conduta, segundo os quais a reputa-
des e as masculinidades pautadas no modelo do ção dos membros do grupo é avaliada. Esses ar-
patriarcado, um sistema de poder no qual os ranjos acontecem no contexto de culturas patri-
homens controlam as mulheres31, tem gerado arcais que enfatizam os papeis tradicionais de
uma “arapuca estrutural”, na qual ambos os se- gênero. Nesses cenários acontecem elevados pa-
xos são penalizados. No contexto das hierarqui- tamares de suicídios34,35 e, nesta pesquisa, encon-
as de poder entre os sexos, a autoaniquilação pode tramos suicídios motivados pela honra entre ido-
ser percebida como a última estratégia disponí- sos nas várias regiões do país.
vel pelos que têm menos poder para influenciar Uma das razões da taxa elevada de suicídio
o comportamento de outros1. em homens tem sido atribuída à crise da mascu-
As diferenças de gênero podem se traduzir linidade e ao fato de não conseguirem se adaptar
em vulnerabilidades decorrentes do modo como a um mundo em mudança. Esse tipo de crise
os sujeitos são socializados. Os papeis de gênero pode afetá-los em situações relacionais tradicio-
por meio dos quais opera a educação diferencia- nalmente atribuídas a mulheres, como adulté-
da de homens e mulheres permanecem ao longo rio, dependência do parceiro, punições ou revan-
da vida, inclusive na velhice. Essa educação vei- ches e disputas pelos filhos11 ou ainda em situa-
cula um script segundo o qual se espera que as ções em que há troca nos papéis culturais, fican-
mulheres sejam passivas, delicadas, cordiais, re- do as mulheres com o suporte econômico da casa
primam sua agressividade e cuidem dos outros e eles com o serviço doméstico.
na família ou em profissões correlatas. Aos ho- Na velhice, o declínio das funções e o adoeci-
mens se determina que sejam provedores bem- mento, podem ocasionar impotência aos homens,
sucedidos economicamente, além de fortes, agres- assim como a impossibilidade de desempenhar
sivos, potentes e viris32,33. O excerto abaixo mos- atividades de trabalho em pessoas de ambos os
tra os papeis de gênero performatizados por um sexos. Para as mulheres idosas, o casamento e a
casal de idosos que haviam se separado anos saída de casa dos filhos, muitas vezes significam
antes dele cometer o suicídio, em uma história o fim da vontade de viver.
que terminou com o seguinte salmo de despedi-
da: Tem misericórdia de mim, senhor, porque sou Feminilidades sem valor
fraco:
Eles ficaram separados por dez anos, a mãe via Os casos selecionados neste capítulo referem-
ele magro, sujo, tinha pena, aí disse ‘rapaz, volta se a mulheres idosas que se suicidaram, após te-
pra casa’. Ficou morando aqui, mas sempre lá com rem vivido e cumprido os papeis de gênero ditados
a outra mulher. Ultimamente, ele não dava nem pela cultura, em que seu valor é dado pelo quanto
um centavo dentro de casa, o pouco que ele recebia produzem, servem e cuidam dos outros. Também
era para filha [do outro matrimônio]. Acho que foram selecionados homens obrigados a assumir
ele se desesperou por isso, ele estava sem dinheiro, posições culturalmente destinadas a mulheres nas
desempregado e tinha vergonha de pedir dinheiro quais se sentiam destituídos de poder.
à mãe para pagar a pensão de cem reais todo mês. As mulheres constituíram uma fração menor
(Região Nordeste, homem, 62 anos) na amostra selecionada, porém mesmo em nú-
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Ciência & Saúde Coletiva, 17(8):1983-1992, 2012


mero pequeno, várias pareciam ter cumprido “o Cuidou dos seus pais até a morte deles. Gostava
destino de gênero”36 e produziram a sua morte de ajudar a família que fazia empréstimos no nome
após uma vida calcada em padrões tradicionais, dela, assegurando a reposição do recurso empres-
em que executaram rigorosamente o rol de ativi- tado, mas isso não acontecia e ela acabava pagan-
dades a elas atribuídas como obrigação social. do. Mantinha isso em sigilo, e investia tudo no
Na história de vida intitulada Agora que meu sobrinho. (Região Nordeste, mulher, 72 anos)
caçula casou, posso morrer feliz!, percebe-se um Uma situação que ocorreu no Sudeste brasi-
rígido desempenho nos papéis de gênero. Uma leiro refere-se a uma idosa de 82 anos que se au-
mulher que “só queria saber de trabalhar”, cui- toimolou após uma vida em que se mesclaram
dando de tudo e de todos dentro de casa. Cum- vulnerabilidades econômicas, familiares, de gê-
priu assim, à risca, seu papel socialmente atribu- nero e múltiplas violências. A autoimolação é um
ído, numa posição subjetiva de entrega32,33: tipo de suicídio utilizado por mulheres em con-
Ela aturava tudo. Nunca reclamou, ela só que- textos de desigualdades, quando se encontram
ria saber de trabalhar. Ligeira para fazer as coisas. desempoderadas e fazem da própria morte uma
Era muito apegada aos filhos. Nos últimos anos, denúncia19.
cuidava da casa, comida, roupa e dos guris. Ficou Após divisar a vulnerabilidade de gênero des-
aposentada, mas nunca teve um real. Ela recebia e tas idosas, destacamos as narrativas referentes a
já dava para gente ir ao supermercado. Estava con- homens que se defrontam com a necessidade de
tente porque o filho mais moço casou. Daí ela dis- desempenhar papeis femininos desvalorizados na
se: Agora, posso morrer feliz. (Região sul, mulher, família e na sociedade. Um idoso no papel de mu-
62 anos) lherzinha refere-se a um agricultor que passou a
As condutas de gênero14,36 mantêm-se mes- ficar em casa e a desempenhar atividades consi-
mo na velhice. Observa-se essa atitude na vida de deradas femininas após o diagnóstico de um tu-
uma mulher, que cometeu suicídio após desem- mor. Essa mudança representou a perda do sta-
penhar esse script até os limites da resistência físi- tus de chefe da família, a partir da qual as deci-
ca. Considerada a mais produtiva na lavoura, sões importantes passaram a ser tomadas pelos
apesar de doente e obesa, temia apenas não poder filhos e pode ter sido o gatilho que o levou à
mais trabalhar, mesclando o destino de gênero – autoagressão fatal:
servir e cuidar – com o de classe – trabalhar en- Ele tinha problema na próstata, aí ele quase
quanto aguentar. O sobrepeso que marcou o cor- não trabalhava mais, ele não ia mais para lavou-
po é o mesmo sobrepeso que carregou na vida: ra. Então ele ficava em casa, fazia o serviço de casa,
Ela trabalhava muito, se a gente estivesse fazen- essas coisas, sabe? (Região sul, homem, 74 anos)
do um serviço, ela chegava e metia o braço e fazia. Ouvimos histórias de suicidas que haviam
Quando começou a ficar com dificuldade respira- sido abandonados pelas companheiras, desva-
tória e dor, ela pedia que Deus não tirasse as mãos lorizados ou maltratados por elas e que se senti-
dela. Era a que mais produzia na lavoura. Ela tinha am absolutamente fracassados nas relações con-
medo de ficar numa cadeira de rodas e não poder jugais, contrariando as afirmações de que as
caminhar. Ela dizia: eu sou muito gorda, como vo- mulheres se suicidam por questões amorosas e
cês vão me cuidar? (Região sul, mulher, 60 anos) os homens por questões econômicas37.
Os próximos relatos denotam o sofrimento Em relação à perda de status na relação con-
causado pela submissão aos papeis de gênero e jugal, um idoso após a viuvez, casou-se com a
referem-se a uma idosa, cuja história se resume cunhada, vinte anos mais jovem. No fim da vida,
em “uma vida sofrida” na qual “quando não era eles já não se entendiam e os familiares exigiam
o marido, eram os filhos que davam dor de ca- que a mulher cumprisse os ditos “deveres de es-
beça” e, em outra, que parece ter vivido apenas posa”: Ela não cuidava dele, não fazia comida, eles
para cuidar: dormiam separado e ela nunca estava em casa, sem-
Teve uma vida sofrida, passando pela perda da pre jogando carta nos vizinhos. O filho entende
mãe e dificuldades na infância, aborrecimentos com que ele não tinha mais o comando da situação:
o marido que era mulherengo e mantinha relacio- Acredito que ele não tinha mais prazer, não po-
namentos extraconjugais, pela perda de um dos fi- dia mais dirigir. A segunda esposa, muitas vezes a
lhos ainda bebê, desagrado e aborrecimento pela gente chegava lá e ela fazia cara feia. O pai gostava de
filha mais velha sair de casa para viver com um receber, de fazer festa, mas a segunda mulher não.
homem aos dez anos de idade, tristeza por um dos Fazia uns dois anos que ele não conseguia mais pe-
filhos preso por tráfico de drogas e pela perda do gar o comando das coisas. Ele sempre foi um homem
marido. (Região centro-oeste, mulher, 75 anos) que tinha a frente, e deve ter pensado: a minha vida
1988
Meneghel SN et al.

não vale mais nada, por que eu vou ficar incomo- A virilidade aprendida e imposta aos meni-
dando os outros? (Região sul, homem, 84 anos) nos durante a socialização representa a expres-
Nessa relação, a vulnerabilidade de gênero são coletiva e individualizada da dominação
pende para o lado do marido, impotente para masculina. Em consequência, significa uma defe-
“ter o comando da casa” e dirigir a própria vida. sa contra o sofrimento e o medo engendrados
De qualquer modo, culpabilizar a mulher secunda- no trabalho42, o qual assume um papel-chave
riza outros possíveis fatores que possam ter in- como constituinte da masculinidade e da identi-
fluenciado ou determinado a morte deste homem. dade masculina43.
No mesmo sentido de desempoderamento As narrativas aqui resumidas se referem a
do homem na hierarquia entre os sexos encon- rasuras nas masculinidades que geram risco de
tra-se o caso de um idoso do interior do Amazo- autoagressão. No desempenho dos papeis con-
nas, que possuía princípios e valores morais con- vencionais de gênero, um homem terá dificulda-
servadores, ao contrário da esposa que não se des para aceitar derrotas, perda de poder e de
encaixava nos padrões de gênero convencionais. autoridade, e o suicídio pode ser percebido como
As cunhadas denunciavam as ações ‘transgres- uma forma de “retomar o comando”40 ou a úni-
soras’ para o marido colocando em suspeição a ca saída frente a uma situação de impotência e
reputação da mulher, pelo fato de ela ser comu- sofrimento.
nicativa e “gostar de se arrumar”, uma atitude A seguir, narramos duas histórias que cor-
perigosa para os códigos morais do patriarca- respondem ao modelo hegemônico clássico. Uma
do34,36. Trata-se aqui de uma situação de violên- delas se refere a um idoso “valentão e machista” e
cia simbólica, em que as próprias mulheres exer- a outra, a um a que denominamos “o esteio mo-
cem o controle e a vigilância das possíveis “desvi- ral da comunidade”. O idoso valentão e machis-
antes”. O idoso se sentia incapaz para cumprir o ta era um comerciante nordestino, mulherengo,
papel de macho e, segundo a filha: Meu pai mor- que queria parecer desafiador e inatingível. An-
reu de paixão. (Região norte, homem, 80 anos) dava com uma faca na cintura como status e
Perceber a vulnerabilidade de gênero em histó- emblema de sua masculinidade. É assim retrata-
rias de vida de homens e mulheres idosos que se do pelo filho:
suicidaram, ajuda a identificar fatores que podem Sempre foi mulherengo, meninas novas, uma
ser reconstruídos fortalecendo essas pessoas. de 18 anos, ficavam com ele o dia todo. Um cara
que aliciava mulheres ameaçou meu pai de morte
Masculinidades fraturadas e deu uma surra nele no ponto de ônibus. A partir
daí ficou totalmente diferente, fechou o comércio,
A masculinidade é um conceito acerca da ficou com medo e enxergava o cara em todo canto
posição dos homens nas relações de gênero, ela- (Região norte, homem, 63 anos).
borado a partir da noção de “masculinidade cul- O mesmo imperativo de gênero que deter-
turalmente hegemônica”. Ela é definida como mina ao homem aproveitar todas as oportuni-
uma configuração baseada no modelo patriar- dades para a conquista é o mesmo que o vulne-
cal, numa estrutura de subordinação das mulhe- rabiliza e intensifica seus comportamentos de ris-
res pelo poder masculino38. Embora nem todos co. Nesta narrativa, destaca-se a influência de um
os homens assumam o modelo dominante, a forte ideário machista, que não permitiu a esse
masculinidade considerada hegemônica enfatiza homem a flexibilidade necessária para elaborar a
a virilidade, agressividade e força39. violência sofrida44.
No mundo ocidental, o papel masculino he- A história que titulamos “O esteio moral da
gemônico é definido segundo quatro atributos comunidade” refere-se a um idoso que se debatia
principais: estoicismo (um homem não pode ex- entre os dilemas éticos de manter uma relação
pressar sentimentos), autonomia (precisa resol- extraconjugal e ser uma figura exemplar na fa-
ver seus problemas sem buscar ajuda), sucesso mília e na comunidade. Bem sucedido profissio-
em todos os tipos de empreendimentos e agres- nalmente, querido e admirado pelos que o cerca-
sividade. A dificuldade em expressar as emoções vam, todos o procuravam para se aconselhar.
decorre desse modelo e os homens que agem de Após o suicídio, a família descobriu que ele man-
acordo com ele são mais vulneráveis ao suicídio. tinha um relacionamento extraconjugal e que a
Isso ocorre principalmente porque buscar ajuda mulher o pressionava para reconhecer a paterni-
para os problemas (econômicos, limitações cor- dade de uma criança:
porais, doença) é considerada uma atitude femi- Depois do suicídio, a mulher veio aqui em casa.
nina que implica fraqueza e falta de virilidade9,40,41. Fazia duas semanas que ele tinha descoberto que
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essa mulher tinha uma menininha e dizia que era região Centro-Oeste que após uma “escapada
dele, mas a gente descobriu que não era pelo exame amorosa com uma jovem” foi punido pela mu-
de DNA. Todo homem velho gosta de mulher nova lher que passou a maltratá-lo, inclusive batendo
para se exibir, ele com 73 anos e ela com 29. (Re- com um “porrete”, e tomando-lhe o “velho fus-
gião Nordeste, homem, 73 anos) ca” que era o que ele mais gostava.
Embora pareçam anacrônicas, considerando A sexualidade masculina, em processo de
as mudanças processadas nas últimas décadas, mudança na velhice e agravada pela doença de
as razões pautadas na honra ainda são impor- próstata, constitui um peso no sentido de minar
tantes para entendermos dinamismos relacionais referências identitárias e a percepção de qualida-
em casos de suicídio entre idosos. São pessoas de de vida48. Da mesma foram que a anterior, a
que ingressaram na vida social em épocas forte- narrativa Ajoelhado na vida e na morte está mar-
mente marcadas por conservadorismos, a maio- cada pela impotência produzida pela doença na
ria em ambiente rural, em que o papel social mas- próstata. Refere-se a um agricultor de baixa ren-
culino esteve e continua fortemente associado à da que se manteve trabalhando mesmo doente,
defesa da honra como valor moral e social. usando sonda vesical e fraldas:
Nos estudos clássicos sobre a cultura da hon- Ia para a lavoura com a sonda e trabalhava
ra45-47 o par dicotômico honra/vergonha delimi- com a enxada. O dinheiro não dava nem para com-
ta normas, regras de conduta e hierarquias, po- prar remédio. Chegavam a dar um prato de boia
rém em cada sociedade assume força e feição para nós. (Região sul, homem, 81 anos)
peculiar, embora ainda seja um referencial im- Após adoecer, esse agricultor ficou agressivo
portante para a estruturação das relações desi- principalmente com a mulher, a quem passou a
guais de gênero. espancar violentamente. Ela o encontrou ajoe-
A presença de doenças, principalmente ter- lhado, subjugado na morte e na vida de agricul-
minais, incapacitantes ou estigmatizantes consti- tor sem terra: Eu cheguei e ele estava lá atrás da
tui outro conjunto de fatores associados ao sui- forca, com a sonda, ajoelhado!
cídio28. Em relação às doenças, enfatizamos a im- O último relato que identificamos na catego-
portância das que afetam o aparelho genital ria “masculinidades fraturadas” diz respeito ao
masculino que além da dor e do desconforto, afastamento do trabalho por aposentadoria, de-
produzem impotência. semprego, doença ou velhice e o sentimento de
A narrativa que intitulamos Não sou mais inutilidade decorrente deste estado. O sofrimen-
homem para nenhuma mulher! focaliza os senti- to ligado ao trabalho está presente nos temores
mentos decorrentes de doença que afeta a virili- de falência, no sentimento de inutilidade ocasio-
dade. O sujeito considerado era homem de pou- nado pela aposentadoria, na exigência de traba-
cas posses, pedreiro, trabalhador incansável que lhar até a morte e no próprio fato de morrer
havia ficado com a guarda dos filhos após a se- “ajoelhado”.
paração. Vários filhos morreram de forma vio- A história O tempo para ele ficou interminá-
lenta ou se envolveram em atos delinquentes e vel é a de um agricultor que desde a infância tra-
foram expulsos de casa. Ao final da vida apre- balhou na lavoura plantando fumo. O trabalho
sentava dor crônica não diagnosticada, mas pos- constituía o eixo e o significado na vida desse
sivelmente, uma doença da próstata. Conforme idoso e as incapacidades físicas contribuíram para
o relato: que parasse de trabalhar aos 80 anos, causando-
Exame, remédio, os médicos só levaram dinhei- lhe sentimento de impotência e mal estar.
ro dele. Ele estava muito triste porque três filhos Ele se sentia sem vida, sem sentido de vida, sem
foram mortos por mão do próximo. Ele dizia que trabalho e sem companheirismo. O tempo para ele
por causa da doença [próstata] não era mais ho- ficou interminável. (Região sul, homem, 92 anos)
mem para mulher nenhuma (Região norte, ho- No sábado anterior ao suicídio, quis partici-
mem, 68 anos). par do plantio do fumo, porém o filho negou: o
Em todas as regiões brasileiras encontramos senhor já trabalhou muito, o seu lugar é em casa.
idosos fazendo o papel do “machão e mulheren- Enforcou-se no galpão e ficou lá meio ajoelhado.
go” e que cometeram o suicídio após terem sido Assim como na vida de agricultor, derrotado pela
abandonados ou traídos, perdendo o status mas- falência financeira e moral, a morte o deixou de
culino veiculado na cultura patriarcal. “Entre o joelhos, assujeitado.
fusca e o porrete’ é a história de um idoso da
1990
Meneghel SN et al.

A contribuição da perspectiva de gênero com os preceitos normativos da masculinidade


para o estudo do suicídio dominante.
A depressão causada pelo afastamento do
Neste artigo privilegiamos os temas presen- trabalho, por aposentadoria, doença ou invali-
tes nas autópsias psicossociais que se referem a dez, foi outro fator de vulnerabilidade consoante
questões relacionadas a gênero, ou seja, os mo- ao adestramento das pessoas para o trabalho.
dos como as diferenças culturais entre homens e Procuramos não focar especificamente os re-
mulheres podem se tornar fatores determinan- latos de doença mental, entendendo que o sofri-
tes ou potencializadores da ocorrência do suicí- mento mental pode decorrer de comportamen-
dio. Identificamos a presença de conflitos ou fra- tos sociais e não precisa ser patologizado. Há na
gilidades ligadas a gênero nas histórias de idosos literatura uma supervalorização da associação
pertencentes a todas as regiões brasileiras e não entre suicídio e perturbações mentais49,50 em que
apenas nas treze histórias que escolhemos como o suicídio é percebido como sintoma de psicopa-
representativas das categorias trabalhadas. tologia individual e não como um comportamen-
Entendemos que as normas de gênero afe- to social. Ouvimos relatos de depressão na histó-
tam tanto as mulheres quanto os homens em ria da maioria dos idosos, porém esses agravos
relação ao risco para comportamentos suicidas. são elevados na população idosa e, em muitas
Neste estudo, embora não constituísse o objeti- situações, o diagnóstico é banalizado e impreciso.
vo principal, tais questões emergiram nos depo- Ao final deste estudo, entendemos que as nor-
imentos acerca das condutas dos idosos que se mas de gênero e os códigos de honra representam
suicidaram prestados pelos familiares e cuida- o cenário que incrementa o risco de suicídio. Nes-
dores. Desigualdades, estereótipos e vulnerabili- se sentido, acreditamos que o uso da categoria
dades de gênero estiveram presentes nas vidas de gênero, contribui para ampliar a compreensão
mulheres que se suicidaram após terem cumpri- desse fenômeno assim como para esclarecer as-
do rigidamente os papéis femininos e em homens pectos a serem levados em conta em abordagens
em contradição com os princípios de honra ou de atenção primária e secundária de saúde.

Colaboradores

SN Meneghel, , DMD Gutierrez, RM Silva, S Gru-


bits, LZ Hesler e RF Ceccon participaram igual-
mente de todas as etapas de elaboração do artigo.
1991

Ciência & Saúde Coletiva, 17(8):1983-1992, 2012


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Artigo apresentado em 05/01/2012


Versão final apresentada em 09/03/2012

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