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Léo Pessini
Texto enviado por: Humberto Ribeiro
Email: humbertoribeiro9@gmail.com
Introdução
Mas tudo isso também significa que mesmo quem rejeita as religiões tem que
levá-las a sério, como realidade social e existencial básica. Elas têm a ver com
o sentido e não-sentido da vida, com a liberdade e escravidão das pessoas,
com a justiça e opressão dos povos, com a guerra e paz na história e no
presente.
Esta “regra de ouro” já foi atestada por Confúcio: “O que não desejas para ti,
também não o faças aos outros” (Confúcio, cerca de 551-489 aC); também no
judaísmo, em formulação negativa: “Não faças aos outros, o que não queres
que te façam a ti” (Rabi Hillel, 60 aC-10dC); com Jesus de Nazaré, em forma
positiva: “O que quereis que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles”
(Mt 7,12;Lc6,31); no budismo: “Um estado que não é agradável ou prazeroso
para mim não o será para o outro; e como posso impor ao outro um estado
que não é agradável ou prazeroso para mim?” (Samyutta Nikaya V,
353.3-342.2); e no islamismo: “Ninguém de vocês é um crente a não ser que
deseje para seu irmão o que deseja para si mesmo”.
Esta “regra de ouro” poderia opor-se a uma crua ética de resultados que não é
ética nenhuma; também não precisaria ser entendida como pura ética de
intenções, que não percebe a realidade. Poderia, sim, ser o centro de uma
ética de responsabilidade (Max Weber, Hans Jonas) que sempre leva em
consideração as conseqüências de nosso agir e omitir.
Ao contrário das filosofias, as religiões não apresentam apenas modelos de
vida abstratos, mas “pessoas modelares”. Por isso, as figuras líderes das
religiões mundiais são da maior importância: Buda, Jesus de Nazaré, Confúcio,
Lao-Tse ou Maomé. Existe uma grande diferença entre ensinar abstratamente
às pessoas uma nova forma de vida e poder apresentar-lhes um modelo
concreto de vida comprometida com a nova forma para a qual se deseja
convidar alguém: seguir Buda, Jesus Cristo, Confúcio, Lao-Tse ou o profeta
Maomé. Para o cristão, Jesus de Nazaré é o caminho, a verdade e a vida, mas
“o caminho, a verdade e a vida” para o judeu crente é a Torá; para o
muçulmano, o Corão; e para outras religiões, alguma outra pessoa ou coisa.
I – O budismo
O budismo não vê a morte como o fim da vida, mas simplesmente como uma
transição: o suicídio não é, portanto, um escape. Assim, no sangha
(comunidade dos seguidores de Buda) inicial, o suicídio foi condenado, em
princípio, como uma ação imprópria. Mas os textos budistas mais recentes
incluem muitos casos de suicídio que o próprio Buda aceitou e perdoou. Por
exemplo, os suicídios de Vakkali e de Channa foram cometidos por causa de
enfermidades dolorosas e irreversíveis. Mas é importante observar que a
aceitação de Buda aos suicidas não se baseia no fato de eles estarem em
estado terminal, mas porque estavam com as mentes livres de egoísmo e de
desejos e iluminadas no momento da morte.
para evitar um longo período de dor ou de sofrimento, por não poder ser
mais um membro ativo e útil para a sociedade.
o paciente deve estar sofrendo de uma dor intolerável, que não pode ser
aliviada;
o ato de matar deve ser executado com o objetivo de aliviar a dor do paciente;
cabe ao médico realizar a eutanásia; caso isto não seja possível, em situações
especiais será permitido receber assistência de outra pessoa;
Se essas condições forem cumpridas, parece não haver razão moral para se
opor à prática da eutanásia. Nesse caso, a Suprema Corte de Nagoya decidiu
que os quatro primeiros critérios foram honrados, mas os dois últimos não. O
jovem foi condenado a quatro anos de prisão. O código penal japonês prevê
punições severas, pena de morte ou prisão perpétua, para o homicídio de
ascendentes; contudo, no caso específico, a Corte sentiu que o desejo de
honrar seu dever filial de seguir as diretrizes verbalizadas pelo pai era
evidente, e aplicou-lhe uma sentença mais leve.
Nessa situação, o budista preferiria a primeira, a via mais natural: não tentar
qualquer tratamento. Caso a mente do paciente seja incapaz de concentrar-se
ou de estar em paz por causa da dor, o budista escolheria a alternativa c
antes de b, porque a lucidez de consciência no momento da morte é muito
importante para o budismo.
II – O islamismo
O islamisno (literalmente, significa “submissão à vontade de Deus”) é a mais
jovem e a última das grandes religiões mundiais e a única surgida após o
cristianismo (Maomé – 570-632 dC). É a última das três religiões irmãs
antecessoras (judaísmo e cristianismo), podendo olhar suas predecessoras
como história, como meros preliminares para sua própria mensagem
universal. Essa visão encheu o islamismo de um senso de superioridade. Hoje,
calcula-se que a população muçulmana mundial alcance a casa de um bilhão,
quase um quinto da humanidade (11,12).
Tanto o Corão como a Suna apresentam uma série de direitos que Deus
concedeu às pessoas na sociedade. A Shari’a (tradição jurídica muçulmana,
código penal islâmico), cujas fontes principais são o Corão e a Suna, é
praticamente mil anos mais antiga do que o atual conceito sobre direitos
humanos.
Por causa da dignidade da razão humana e por ser ela capaz de compreender
a lei islâmica, fica proibido o vinho; pois esta bebida aniquila o juízo e
prejudica a capacidade de percepção e discernimento. Proíbe também tudo o
que prejudica o bom-senso humano ou que debilita as faculdades mentais
das pessoas. Gazzali, um dos maiores sábios do Islã, disse: “A razão é a lei a
partir de dentro, a legislação religiosa é a razão a partir de fora”. Lei e razão,
juntas, são a lâmpada que ilumina o caminho da pessoa.
Outros, contudo, argumentam que uma vez que é o encéfalo que controla a
respiração e o coração, se existir uma falência irreversível na área a pessoa é
considerada morta, mesmo que apresente alguma atividade cardíaca. Para
estes mais liberais, as mudanças no conhecimento médico científico podem
ser usadas como guia na interpretação judaica. A morte encefálica constitui o
fundamento para se desligar o paciente do respirador, uma vez que a
respiração, neste caso, não é feita pelo paciente, mas pela máquina. Haja vista
que hoje somos capazes de manter muitos sistemas físicos operando mesmo
sem atividade cerebral, fica claro que tal discussão poderia ter importantes
conseqüências práticas. De fato, não se fazendo isso, seria uma violação da lei
judaica, da exigência de enterrar o morto (Sanhedrin 46b; Deut. 21:23).
Visão da eutanásia no judaísmo
Essa confissão religiosa é a que mais estudou a questão da eutanásia, ou, pelo
menos, a que mais publicou diretrizes a respeito; do vasto material, vamos
nos ater apenas aos mais importantes (16,17,18).
Percebe-se, dos documentos mais antigos aos mais recentes, uma evolução
no modo de apresentar o bem da pessoa, de interpretar o sofrimento e
propor normas morais. A Declaração sobre a Eutanásia, de 1980, dialoga
melhor com a racionalidade científica, reconhecendo que em ambos os lados
existem convicções sérias e conscienciosas.
Apresentamos a seguir uma gama das visões das diferentes tradições cristãs
mais relevantes a respeito do suicídio assistido e eutanásia (25).
2. Igrejas Batistas
Na visão deste segmento religioso, quando a morte é inevitável ela deve ser
vista como uma bênção e intencionalmente parte da existência eterna. Não
existe a obrigação de estender a vida mortal por meios não razoáveis. A
pessoa que participa de uma prática eutanásica, deliberadamente causando a
morte de outra que esteja sofrendo de uma condição ou doença terminal,
viola os mandamentos de Deus.
5. Igreja Episcopal
6. Testemunhas de Jeová
Quando a morte é iminente e inevitável, as Escrituras não exigem que os
meios extraordinários (e onerosos) sejam utilizados para prolongar o
processo do morrer. A eutanásia ativa é considerada um assassinato que viola
a santidade da vida.
7. Igrejas Luteranas
8. Pentecostal
9. Reformada (Presbiteriana)
Toda pessoa tem o direito de morrer com dignidade, ser cuidada com carinho
e sem esforços terapêuticos que apenas prolongam indevidamente doenças
terminais, simplesmente porque existe tecnologia disponível. É interessante
frisar que essa denominação, na Conferência do Pacífico, apoiou a Iniciativa
119 do Estado de Washington (EUA) para legalizar o suicídio assistido e a
eutanásia voluntária.
Conclusão
Assim como hoje vemos que a saúde não está somente na dimensão
biológica (dimensão físico-corporal da existência), mas também na dimensão
biográfica (estilo de vida, valores, crenças, opções), a dignidade também tem
que aliar estas duas dimensões. Sem negar, pois seria uma insensatez, mas
indo além da dignidade ligada aos processos da natureza biológica, há que se
salva guardar a dignidade da história pessoal. Autodeterminação não significa
arbitrariedade, mas decisão consciente, autônoma, incluindo a
responsabilidade por si próprio e o respeito pelos outros. Essa
autodeterminação não é um ato de arrogância que desafia a soberania de
Deus. Abre-se desta forma um novo caminho, que não nega ou exclui
reacionariamente o patrimônio de crenças e valores das religiões, mas o
valoriza e avança na elaboração e compreensão de um conceito de vida e
morte dignificados.
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alvaro kinashi
25 de outubro de 2012 às 18:09
De redação privilegiada, o autor nos deixou em matéria de meia hora, Biblia,
Sutra, Alcorão e outros para um estudo de anos a fio. Num vocabulário de uso
cotidiano, salvo as expressões técnicas necessárias, conseguiu que o mais
leigo, imagino, tivesse condições de comparar tão importante e hodierno
assunto justamente pelas “religiões”, numa expressão abrangente. Quando só
os mais corajosos se aventuram nesse campo – o da eutanásia, distanásia,
pelo receio de ferirem susceptibilidades, o autor nos dá claras definições,
exemplos, comparações de modo tão didático que a matéria torna-se uma
verdadeira lição para todos os que procuram um conhecimento básico mas
que lhe sirva realmente para a vida prática. Alvaro Kinashi
Nivea
4 de maio de 2015 às 11:47
Rogerinho
31 de agosto de 2015 às 17:42
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