0 valutazioniIl 0% ha trovato utile questo documento (0 voti)
10 visualizzazioni2 pagine
Esse trabalho pretende apresentar de maneira bastante resumida o pensamento do esloveno Slavoj Zizek e suas articulações com a psicanálise, a filosofia e a poítica.
Esse trabalho pretende apresentar de maneira bastante resumida o pensamento do esloveno Slavoj Zizek e suas articulações com a psicanálise, a filosofia e a poítica.
Esse trabalho pretende apresentar de maneira bastante resumida o pensamento do esloveno Slavoj Zizek e suas articulações com a psicanálise, a filosofia e a poítica.
Žižek e o limite tenso entre filosofia, psicanálise e política
Hudson Vieira de Andrade
hudson.deandrade@hotmail.com
O filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Žižek se insere numa tradição crítica de
comentadores da filosofia política marxista, da filosofia hegeliana e da psicanálise lacaniana. Podemos dizer que o fenômeno político por excelência que concentra o interesse do esloveno é o totalitarismo, apesar desse tema ter sido abordado por diferentes pensadores que se dedicaram ao campo da política no século XX, como Adorno e Hannah Arendt, Žižek procura fornecer outra chave de leitura por meio de uma noção renovada de ideologia. Ao contrário do que foi preconizado pela tradição Iluminista, o processo do esclarecimento não significou uma maior emancipação e autonomia do homem, o entendimento simplicista da ideologia como falsas crenças que deveriam ser superadas assim que o sujeito saísse de sua menoridade e fizesse o livre uso da razão, não foi suficiente para aplacar toda barbárie cometida pelos regimes totalitários do nazismo e do stalinismo durante o século XX. O que se destaca nesse quadro é uma certa insuficiência dos operadores conceituais tradicionais acerca do conceito de ideologia. Simultaneamente a isso, também é posto em xeque a própria noção de sujeito enquanto entidade coerente e unificada pela razão. É mobilizado por esse regime de necessidade que, Žižek recorrerá tanto aos textos de Marx, como também de Hegel e Lacan, com o objetivo de disponibilizar um enquadramento alternativo na compreensão dos fenômenos totalitários, do cinismo e dos processos democráticos. Poucos são os autores que transitam com tanta versatilidade entre campos tão heterogêneos, provavelmente um leitor menos habituado com o trabalho žižekiano se espante em vê-lo transitando da filosofia hegeliana à cultura pop, ou ainda, da psicanálise ao budismo. Após o primeiro momento de vertigem, causada pela aparente negligência e carência de rigor nas intermediações entre diferentes tradições de pensamento, o que se descortina é um projeto rigoroso de intercâmbio entre filosofia, psicanálise e política. O projeto de articular o pensamento político marxista junto à psicanálise freudiana mobilizou uma querela que ora identificava fenômenos em comum, que eram analisados por ambas perspectivas teóricas, como entre os frankfurtianos; ora localizava na homologia entre os métodos o elemento de ligação, como no caso de Althusser. Além dessas tradições que buscavam evidenciar para os aspectos complementares entre Marx e Freud, outras hesitaram em suprimir um campo ao outro e se esforçaram em sustentar a autonomia de ambos. Lacan, por exemplo, sustentou uma não-relação entre Freud e Marx, o que ambos teriam identificado teria sido certos paradoxos na linguagem e na representação. Na mesma esteira de Lacan, Alain Badiou buscou garantir maior autonomia para ambas disciplinas, pois assim como o amor, política, arte e ciência, a psicanálise e o marxismo seriam procedimentos genéricos que produzem novidades em seus respectivos campos, sendo o papel da filosofia articulá-los. Žižek, por seu turno, se aproxima mais da proposta de Badiou, contudo, com um acréscimo imprescindível. Para o esloveno, toda e qualquer tentativa de articulação entre psicanálise e política é inconsistente, ela deve ser mediada necessariamente pela filosofia. Assim, só se torna possível passar da psicanálise para o marxismo através da intermediação da filosofia. Esses três campos se inter-relacionam de tal maneira que se um deles é retirado os dois outros deixam de se comunicar. Tal como na teoria lacaniana do nó borromeano e sua injunção entre simbólico, imaginário e real, somente com um terceiro enlaçamento, ocupado aqui pela filosofia hegeliana, que se torna possível fazer uma mediação entre psicanálise e marxismo. Esse limite tenso estabelecido entre Hegel (filosofia), Marx (política) e Lacan (psicanálise) não se efetua sem que cada campo não saia modificado pelo contato. O que vemos nesse regime são campos que se interseccionam produzindo efeitos de transformação uns sobre os outros: a filosofia hegeliana após a navalha lacaniana não é mais a mesma, enquanto que a própria psicanálise lacaniana é revigorada após o contato com esse Hegel modificado, da mesma forma, novas questões são produzidas no interior da práxis política, o que permite interrogar retroativamente tanto a psicanálise quanto a filosofia hegeliana. Apesar do texto sucinto, antes de sua conclusão não posso deixar de agradecer aos camaradas do Círculo de Estudos da Ideia e Ideologia (CEII), em ter tornado possível esse contato introdutório com o pensamento žižekiano. Esse texto não marcar um fim, longe disso, ele significa apenas o início de um novo fôlego investigativo, contando agora com novos parceiros.