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GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL


POLICIA MILITAR
DIRETORIA DE ENSINO
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DA POLÍCIA MILITAR – CFAPM
CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS

Sistema de Segurança Pública e


Gestão Integrada e Comunitária
Janildo da Silva Arante1

1
Janildo da Silva Arante, 2º Sargento PM-RN, é formado em Matemática Licenciatura Plena pela UFRN e possui
diversos cursos na área de Segurança Pública.
M Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária

O
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL
POLICIA MILITAR
DIRETORIA DE ENSINO
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DA POLÍCIA MILITAR – CFAPM
CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS

B
Unidade Curricular: Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária
Cód: CFS01 Carga Horária: 15h/a
EMENTA
I- CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. Sistemas de segurança pública nas sociedades democráticas;
2. Atribuições das instituições de segurança pública;

I
3. Abordagem sistêmica da segurança pública;
4. Conceitos de circunscrição, região e área de abrangência de outras instituições;
5. Políticas públicas: formulação, implantação, avaliação e acompanhamento;
6. Planos de segurança pública (instâncias: federal, distrital e estadual);
7. Análise de cenários e perspectivas da segurança global e local;
8. Relação entre o sistema de segurança pública e o sistema de justiça criminal;
9. Breve histórico da polícia comunitária;
10. A polícia comunitária como filosofia de um trabalho integrado;

L
11. A comunidade como “Locus Privilegiado”;
12. As redes sociais com foco nas ações comunitárias;
13. Fundamentos e princípios da gestão integrada e comunitária;
14. Mecanismos do Estado que favorecem a implantação da gestão integrada e comunitária no
âmbito da segurança pública;
15. Policiamento orientado por problema;
16. Estratégias que favoreçam a participação e mobilização da comunidade.

I
II – OBJETIVO
Geral: criar condições para que o profissional da área de segurança pública possa ampliar
conhecimentos para ter uma visão geral de como funciona o Sistema de Segurança Pública, e também
como atuar de forma colaborativa e cooperativa no planejamento de ações integradas e comunitárias.
Específicos: ampliar conhecimentos para compreender a visão sistêmica da segurança pública,
os órgãos, as instituições, os profissionais e as políticas e ações voltadas para a sociedade e o cidadão,
mediante o estudo dos seus antecedentes históricos e da análise de cenários e perspectivas; Desenvolver

Z
e exercitar habilidades para reconhecer a importância da formulação de políticas públicas e da
elaboração de planejamento na área de segurança pública; Ampliar conhecimentos para identificar os
fundamentos de gestão integrada e comunitária e as diversas formas existentes dessa gestão no sistema
de segurança pública; Identificar o processo do “triângulo do crime” ou “triângulo para análise de
problema - TAP”; Atuar de forma colaborativa e cooperativa no planejamento de ações integradas e
comunitárias; Reconhecer a importância de atuar como facilitador (protagonista) do processo orientado
para o problema.

A
III - ESTRATÉGIAS DE ENSINO

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Os temas abordados poderão ser desenvolvidos através de aulas expositivas, debates, trabalhos em grupo e
individual, utilizando os recursos didáticos disponíveis para auxiliar na fundamentação do ensino-aprendizagem.
IV- PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO
A avaliação deverá ser fundamentada em todo conteúdo ministrado, podendo ser composta por questões
objetivas e/ou subjetivas, valendo 100% da nota, pois se trata de uma única avaliação.

V- REFERÊNCIAS
BAYLEY, David H. Criando uma teoria de policiamento: padrões de policiamento.
Coleção Polícia e Sociedade 1. São Paulo: EDUSP, 2001.
BAYLEY, David H. Padrões de policiamento: uma análise internacionalmente comparativa. São Paulo: EDUSP, 2001.
BECK, Ulrich, Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. Editora 34, 2010, 1ª edição.
BERTALANFFY, Ludwig Vo. Teoria geral dos sistemas. BERTALANFFY, Ludwig Von; Ed. Vozes; 1975.
CERQUEIRA, C. M. N. A polícia em uma sociedade democrática. In: Polícia, violência e direitos humanos. CEDOP,
[S.l.]. Série Cadernos de Polícia, n. 20, 1994.
PINHEIRO, Paulo Sérgio. Violência, crime e sistemas policiais em países de novas democracias. Tempo Social:
Revista de Sociologia da USP, vol. 9, n. 1, 1997.
ROCHA, Luiz Carlos. Organização policial brasileira: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária,
Polícias Civis, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares, Guardas Municipais. São Paulo: Saraiva, 1991.
SAPORI, Luís Flávio. Segurança Pública no Brasil: desafios e perspectivas. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2007.
ANDRADE, Sebastião Carlos de O. Mudanças e oportunidade na gestão pública: o novo cidadão. Rio de Janeiro,
2001.
DE OLIVEIRA, Fatima Bayma. (Org.) Política de gestão pública integrada. Rio de Janeiro, RJ: Editora FGV, 2008.
DI PIETRO, Marial Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2011.
FARAH Marta Ferreira S. et al. Novas experiências de gestão pública e cidadania. Rio de Janeiro: FGV, 2000.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores, 1999.
PAULA, Ana Paula Paes de. Por uma nova gestão pública. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2005.
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser; SPINK, Peter. Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998.
SANTIN, V. F. Controle judicial da segurança pública: eficiência do serviço na prevenção e repressão ao crime. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.
TROSA, Sylvie. Gestão Pública por resultados. Brasília: ENAP/Editora Revan, 2001.

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1. Sistemas de segurança pública nas sociedades democráticas


O surgimento da Polícia
A estruturação dos sistemas policiais modernos, baseados no profissionalismo, na administração burocrática e sob o
controle do Estado, é a expressão mais marcante do processo histórico de institucionalização da noção de segurança pública.

FRANÇA
A França tornou-se a principal referência de formação de sistema policial profissionalizado, conforme análise de
MONET (2001). Ela tinha dois pilares: a Maréchaussée, nas áreas rurais e a Tenência de polícia, em Paris. A primeira é
intrinsecamente militarizada, sendo um regimento de elite do Exército, e tem sua estrutura territorializada a partir do século XVI. Ela
vigia as populações itinerantes, prende bandidos, assegura regras concernentes ao comércio. Ela é rebatizada de Gendarmerie em
1791, perdendo gradualmente suas vinculações com o Exército.
Já a Tenência é criada em 1667, com atribuição de zelar pela repressão da criminalidade bem como deve tomar as
medidas necessárias para evitar incêndios e epidemias além de inundações. Paris é dividida em setores e bairros à frente dos quais
atuam comissários assistidos por inspetores. Todo um sistema de patrulhas a pé e a cavalo funciona durante todo o dia. A montagem de
uma estrutura de informantes foi a característica mais marcante desta polícia parisiense, preconizando a formação de policiais
exclusivamente destinados à investigação. Os tenentes gerais de polícia acabaram sendo nomeados em todas as grandes cidades
francesas.
Fator comum às duas formas de polícia na França é a direção do governo central. O monarca absoluto comandava tanto a
Gendarmerie quanto definia as indicações dos tenentes de polícia, sendo concebidos como oficiais da realeza. Outros países europeus
em fins do século XVIII e início do século XIX implantam suas gendarmeries, todas vinculadas à autoridade central, orientadas para o
policiamento de estradas e campos.

BRASIL
O sistema policial brasileiro, por sua vez, se estruturou no século XIX. E a matriz foi a dualidade poli cial francesa. Com a
chegada da Coroa Portuguesa em 1808 no Rio de Janeiro, foi criada a Intendência Geral de Polícia, com atribuições de controle do
crime, de urbanização, saneamento, saúde pública e iluminação pública seguindo o modelo policial que vigorava em Portugal desde o
século XVIII.
A vigilância cotidiana das ruas, por sua vez, coube a forças militarizadas. No Rio de Janeiro, por exemplo, existia a Guarda
Real de Polícia (GRP).
Mesmo na segunda metade do século XVIII já existiam forças militarizadas que realizavam a vigi lância ostensiva das
vias públicas. É o caso de Minas Gerais com o Regimento Regular de Cavalaria de Minas, criada em 1775, que posteriormente veio a
ser o fundamento da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais.
INGLATERRA
A Inglaterra, a despeito de sua tradição de gestão descentralizada, também assistiu a intervenção do governo central na
questão policial. Em 1829 o Parlamento assume a responsabilidade pelo policiamento de Londres. É criada uma organização policial
profissionalizada, trabalhando full-time e concebida em termos civis, diferenciando-se do modelo francês da gendarmerie. É criada a
Polícia Metropolitana de Londres.
A disseminação pelo restante do país deste modelo de policiamento eminentemente comunitário, conforme propugnado
por Robert Peel, ocorreu lentamente ao longo da segunda metade do século XIX, abolindo os sistemas paroquiais até então
prevalecentes.
Saiba mais:
A redemocratização do país marcou um novo momento do arranjo federativo brasileiro.
A valorização dos municípios pode ser percebida pelo reconhecimento desta instância, pela primeira vez na história,
como um ente federativo.

2. Atribuições das instituições de segurança pública


Segundo a nossa constituição (Brasil, 1988) a segurança pública é direito e responsabilidade de todos e
deve ser exercida nas esferas federal, estadual e municipal.

 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é


exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;

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IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja
prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em
lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei,
ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei,
ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de
bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa
civil.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército,
subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública,
de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
instalações, conforme dispuser a lei.
(Brasil, 1988).

Pacto Federativo.
Um dos principais desafios brasileiros é a segurança pública. As autoridades estão mais atentas aos problemas e elegem o
combate à violência como uma das prioridades em seus programas. A segurança pública caminha cada vez mais para a integração e
articulação entre as forças diversas presentes no território.
O tema tem tratamento específico na Constituição Federal de 1988 no artigo 144. O texto dispõe que a segurança pública
é “dever do Estado” e deve ser exercida pelas Polícias Federal, Rodoviária Federal, civis, militares e Corpos de Bombeiros militares.
Qualquer lei precisa respeitar as estruturas previstas na Constituição.
O Supremo Tribunal Federal afirma que a segurança pública trata de “organização administrativa”. Por isso, a gestão em
cada ente da federação fica por conta do chefe do executivo. No caso dos estados, fica sob a chefia do governador de Estado, a quem
estão subordinados as polícias militares e civis. Já o chefe do Poder Executivo Federal tem a competência de organizar as polícias
federais, dentre outros da administração federal.
No entanto, com o aumento da violência, o governo federal passou a repassar recursos para a modernização das
instituições de segurança pública dos estados e do Distrito Federal. A articulação entre as administrações nesse quesito é crucial.
Além desses quesitos, a segurança pública deixou de se pautar unicamente pela de repressão e passou a ser vista sob a
ótica da prevenção e capacitação dos agentes com enfoque na cidadania. Com o governo da presidenta Dilma, o papel da União na

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Política Nacional de Segurança Pública passou a ser maior, com maior integração institucional e as instituições do sistema de justiça
criminal e enfatizando o planejamento, a gestão e o monitoramento.
União
Compete à União a defesa dos seus interesses e dos seus órgãos, o policiamento da faixa de fronteira e o combate ao
tráfico internacional e interestadual de drogas, prevenir e reprimir o contrabando e o descaminho, bem como realizar o patrulhamento
das rodovias federais.
A União assumiu ainda a função de articular a integração entre os órgãos de segurança pública e de justiça criminal, que
teve seu ponto alto na Copa do Mundo 2014, e deixou como principal legado a atuação integrada entre os órgãos de segurança pública
nacionais e internacionais e as Forças Armadas nos 12 (doze) Centros Integrados de Comando e Controle Regionais.
Os locais foram equipados pelo governo federal em todas as cidades-sede da Copa. O governo tem realizado ações como
o Brasil Integrado, operação que já atuou no Nordeste e recentemente transferiu presos entre presídios federais.

Estados
Os governos estaduais e do Distrito Federal realizam a segurança pública direta, organizando e mantendo o policiamento
ostensivo, que é realizado pela Polícia Militar, formada por policiais uniformizados, facilmente identificados, de modo a criar na
população uma percepção de segurança. É de competência dos estados ainda manter e organizar a Polícia Civil e os órgãos técnicos de
investigação dos crimes comuns.

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Municípios
Já os municípios têm a competência para desenvolver ações de prevenção à violência, por meio da instalação dos
equipamentos públicos, como iluminação e câmeras. Os municípios também podem criar guardas municipais para a proteção de bens,
serviços e instalações.
Neste ano, a lei nº 13.022 regulamentou as atribuições das Guardas Municipais na prevenção à violência, proteção dos
direitos humanos fundamentais, exercício da cidadania e das liberdades públicas, preservação da vida e patrulhamento preventivo,
dentre outros.

Distrito Federal
O DF possui as mesmas competências dos estados na gestão da segurança pública.
Fonte:
Blog do Planalto: http://www2.planalto.gov.br/
Saiba mais:
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/503138-PACTO-FEDERATIVO-
O-QUE-E-E-COMO-FUNCIONA-BLOCO-1.html

Figura 1- Pacto Federativo.


Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/governo/2014/10/seguranca-publica-e-dever-de-estado >.
Acesso em 07 de ago de 2018.
A provisão da segurança pública no Brasil, até a década de 1990, era compreendida como uma responsabilidade
quase que exclusiva dos governos estaduais, sobretudo dos órgãos policiais (COSTA E GROSSI, 2007).
O artigo 144 da Constituição Federal de 1988 contribuiu para embasar a falta de comprometimento da União e dos
municípios na adoção de políticas para a preservação da ordem pública, uma vez que atribui ao governo estadual o encargo pelas
polícias civis e militares.
Nessa interpretação restrita de segurança pública, não haveria muito espaço para a atuação dos governos federal e
municipal, uma vez que a política de gestão policial, de execução penal e a administração da justiça criminal são majoritariamente

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desenvolvidas pelos poderes estaduais.


A UNIÃO, OS ESTADOS, MUNICÍPIOS E AS COMUNIDADES NA CONSTRUÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA
No âmbito federal, o envolvimento com as questões de segurança pública se limitava às ações das polícias federais, ao
controle de armas e empresas de segurança privada, assim como a atividades legislativas e regulatórias na esfera criminal e penal. No
âmbito municipal, restringia ao trabalho de proteção do patrimônio público local, realizado pelas poucas Guardas Civis mantidas
pelas prefeituras, além do apoio às polícias estaduais, por meio de cessão de imóveis, doação de equipamentos e pagamento de
combustível para viaturas. (KAHN e ZANETIC, 2009).
No final da década de 1990, contudo, ocorreu uma ampliação da questão de segurança pública, com a assunção de
responsabilidades, tanto por parte do governo federal quanto por parte dos municípios. Esse processo foi desencadeado através da
percepção política da violência como problema público relevante, em virtude do crescimento dos índices de criminalidade,
reconhecendo a relevância do tema para a população.
Entre 1980 e 2000, a taxa de homicídios do Brasil passou de 11,4 para 27,8 ocorrências por 100 mil habitantes.
Concomitantemente, houve um crescimento da sensação de insegurança, de modo que o crime passou a figurar como uma das
principais preocupações dos cidadãos brasileiros, ao lado do desemprego. Somado a isso, a população responsabiliza todos os entes
federativos pelo problema, e não apenas o governo estadual, detentor das polícias civil e militar (KAHN e ZANETIC, 2009).
Nas próximas aulas, você estudará as competências e as possibilidades de cada ente federativo na promoção da ordem
pública, no contexto de agravamento dos problemas de violência e do crescimento da sensação de insegurança, que impulsionou a
União e os municípios a participarem mais ativamente da gestão da segurança pública, independentemente de suas obrigações
oficiais.
Esse contexto, conforme analisa Cano (2006), também englobou uma mudança de paradigma na segurança pública, em
que o fracasso das políticas tradicionais de controle do crime cedeu espaço para reformas e iniciativas inovadoras, que abordam a
questão sob a ótica dos princípios democráticos e dos direitos humanos, com o aperfeiçoamento dos órgãos do sistema de justiça
criminal, com a articulação de ações de repressão e prevenção à criminalidade, com a integração sistêmica das instituições de segurança
pública, com o investimento em tecnologia, com o surgimento de novos atores e com a participação social.
2.1 - A gestão federal da segurança pública
Conforme define o artigo 144 da Constituição Federal de 1988, a polícia federal, a polícia rodoviária federal e a polícia
ferroviária federal são os órgãos de segurança pública com que conta o governo federal.
§ 1º A polícia federal [...] destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de
suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho [...];
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. (BRASIL, 1988)
A polícia de fronteiras implica o exercício do controle do fluxo de pessoas, bens e mercadorias no território nacional. A
polícia marítima e a polícia aeroportuária envolvem a mesma função, porém operam em espaços específicos – marítimos e aéreos,
respectivamente, sobretudo, na prevenção e repressão do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas, contrabando e descaminho.
A polícia rodoviária federal é responsável pelo patrulhamento ostensivo das rodovias federais. Atua através da presença
policial ostensiva nas estradas federais e repressão imediata dos delitos cometidos nesses espaços.
A polícia ferroviária federal é responsável pelo patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. Contudo, Souza Neto
(2008) observa que, o que há na prática, é a segurança patrimonial desempenhada pelas próprias empresas concessionárias de serviço
ferroviário, e que apesar da previsão constitucional, a polícia ferroviária federal, de fato, nunca existiu.
2.2 – A gestão estadual da segurança pública
O governo estadual é o principal ente federativo responsável pela preservação da ordem pública, pois nele se concentra
a administração das polícias civil e militar.
A Polícia Militar apresenta como atribuições a função de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública, além da
responsabilidade de investigar e julgar os crimes militares (BRASIL, 1988). De acordo com Souza Neto (2008), o policiamento
ostensivo consiste na atividade de prevenção e repressão imediata da ação criminal, realizado por policiais fardados, de forma que
esses profissionais possam ser facilmente identificados, através do uniforme, equipamento, ou viatura, no intuito de preservar a paz
social e de restituí-la sempre que necessário.
O objetivo de tornar aparente a presença do patrulhamento policial nas vias públicas consiste em intimidar a prática de
ações ilícitas, por meio da construção da sensação de repressão imediata ao cometimento de delitos, o que ocasionaria efeito de
prevenção situacional do crime.
Compete à Polícia Civil o encargo de polícia judiciária e de apuração de infrações penais, exceto a investigação de crimes
militares e daqueles de jurisdição da União (BRASIL, 1988). Apurar a prática de delitos, segundo Melim Junior (2002), consiste no
trabalho policial investigativo, desenvolvido em função de evidenciar o crime sucedido – através da realização de perícias,
interceptação de comunicações telefônicas, reunião de provas, da escuta do relato das testemunhas, dentre outras medidas – no intuito
de identificar a maneira com que o delito ocorreu, suas causas e, sobretudo, descobrir a sua autoria, para que o Estado tenha condições
de desempenhar o seu direito de punição – “jus puniendi”.
Vale lembrar que a efetivação de grande parte dos procedimentos que ocorrem na atividade investigatória depende de

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autorização judicial, conforme adverte Souza Neto (2008). É denominada função de polícia judiciária a incumbência de amparo
conferida pela Polícia Civil ao Poder Judiciário, no subsídio da materialidade necessária para o processo e o julgamento dos autores
de infrações penais.
Conforme Lazzarini (1987), a Polícia Militar é classificada como Polícia Administrativa, por ser regida pelos preceitos
jurídicos do Direito Administrativo, enquanto a Polícia Civil é definida como Polícia Judiciária, uma vez que é auxiliar da Justiça
Criminal, regida pelos códigos do Direito Processual Penal. Além do mais, a Polícia Administrativa é preventiva, dado que o trabalho
por ela desenvolvido visa evitar a prática de delito, ao passo que a Polícia Judiciária é repressiva, devido a sua atuação suceder o
cometimento de crime, operando como auxiliar do Poder Judiciário na aplicação da lei penal. Entretanto, esta classificação merece ser
relativizada, segundo pondera Lazzarini (1987).
A atividade policial desenvolvida na prática, ou seja, o modo de atuação da autoridade no exercício do poder de polícia é o
que efetivamente a qualificará como preventiva ou repressiva. Visto que, em sua rotina de trabalho, o policial pode se deparar com os
dois tipos de funções.
Portanto, a polícia desempenha função administrativa quando age em prol da preservação da ordem pública e da prevenção
da eclosão de delitos, ao passo que quando atua após a prática do crime – elaborando o inquérito, em atividade investigatória de caráter
criminalístico – a polícia exerce função judiciária, o que, apesar do nome, também consiste em exteriorização de atividade
administrativa, e não pode ser confundida com a atividade jurisdicional, exclusiva do Poder Judiciário, de modo que o profissional
público legitimado para efetuar o poder de polícia é uma autoridade administrativa, e não judiciária.
É a eclosão ou não da ação criminal que realmente delimita a diferença entre a prática preventiva ou repressiva. Um agente
que regula o trânsito, uma vez que lavra um auto de infração, passa do exercício da atividade policial administrativa para a judiciária,
assim como acontece na verificação de um acidente automobilístico. Nesse caso, a ação preventiva ostensiva, que estava
desempenhando, passa a se configurar como repressiva, dado que a ação preventiva não logrou sucesso em evitar a ocorrência do
delito
Se um órgão estiver no exercício da atividade policial preventiva (polícia administrativa) e ocorrer a infração penal, nada
justifica que ele não passe, imediatamente, a desenvolver a atividade policial repressiva (polícia judiciária) fazendo, então, atuar as
normas de Direito Processual Penal, com vistas ao sucesso da persecução criminal. (LAZZARINI, 1987, pp. 36 - 37)
A divisão da execução das fases da atividade policial em duas organizações distintas, no ente fede rativo estadual, de forma
que é atribuída à Polícia Militar o trabalho de preservação da ordem pública, enquanto compete à Polícia Civil a realização da
investigação e da apuração dos crimes, caracteriza a estrutura das polícias estaduais brasileiras como bipartida, dado que ambas
apresentam o ciclo policial incompleto.
O ciclo de polícia, que inicia o ciclo de persecução criminal, é composto por:
1ª fase: Situação normal de paz social. Refere-se ao trabalho ostensivo realizado pela polícia, de caráter preventivo, em
prol da preservação da ordem pública. Quando ocorre a quebra da ordem pública, são efetuadas as demais fases do ciclo policial.
2ª fase: Restauração da paz social. Consiste no primeiro contato da polícia com a prática criminal, competindo-lhe exercer
as primeiras providências de polícia administrativa e judiciária, como realizar prisão em flagrante, identificar testemunhas, levantar
informações sobre o modo como o crime ocorreu, socorrer vítimas, dentre outras verificações possíveis que se apresentarem
necessárias de imediato.
3ª fase: Investigativa. É exercida pela polícia judiciária, através da escuta do relato das testemunhas arroladas, realização de
perícias, cumprimento de prisões processuais, exercidas por meio da instauração do Inquérito Policial.
4ª fase: Processual. A partir dessa sequência de procedimentos ocorre a fase processual, que é de competência do Ministério
Público e Poder Judiciário, sendo a última etapa do ciclo de persecução criminal a fase de aplicação das penas, responsabilidade do
Poder Judiciário e do Sistema Prisional (LAZZARINI, 1996).
A frouxa articulação do sistema policial brasileiro é um grave problema estrutural de segurança pública.
A disjunção do trabalho policial, em duas organizações distintas, tem sido apontada por diversos estudiosos como um grave
problema estrutural de segurança pública brasileira, uma vez que compromete a eficiência do serviço prestado por essas
corporações.
Ademais, a existência de polícias de ciclo incompleto, conforme ocorre em âmbito estadual, é uma característica exclusiva
do Brasil, pois independentemente da forma com que as polícias são organizadas em outros países, as mesmas instituições realizam
todas as etapas do ciclo policial.
Uma análise sociológica acerca do sistema de justiça criminal brasileiro é efetuada por Sapori (2006), que considera
fragmentada a articulação entre as organizações que o constitui, característica essa, que inviabiliza a eficiência do mesmo.
A frouxa articulação na justiça criminal pode se expressar nos níveis de conflito e disjunção existentes nas relações entre as
organizações do network. Os diferentes segmentos organizacionais tendem a agir segundo lógicas distintas e muitas vezes conflitantes,
contrariando a divisão de trabalho harmoniosa inicialmente prevista. Disputas por espaços de poder são recorrentes, além da
competição por recursos escassos. Críticas recíprocas entre os diversos segmentos organizacionais são comuns, atribuindo-se
mutuamente responsabilidades por eventuais fracassos do sistema. Além disso, a intensidade dos conflitos pode se constituir em foco
crônico de ineficiência do sistema, afetando o desempenho institucional. (SAPORI, 2006, p. 769)
Um dos principais focos crônicos dessa desarticulação, apontado por Sapori (2006), característica singular do desenho
institucional do sistema de justiça criminal brasileiro, consiste na secção do trabalho policial, na esfera estadual, em duas organizações
distintas, de forma que compete à Polícia Militar realizar o patrulhamento ostensivo, enquanto cabe à Polícia Civil a
responsabilidade pelo trabalho investigativo. Diversos problemas decorrentes da disjunção do trabalho policial têm sido atribuídos a

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essa peculiaridade do subsistema policial brasileiro.


É o caso, por exemplo, da ausência de mecanismos integrados e articulados de planejamento das intervenções públicas na
área. A divisão de trabalho prevalecente entre as polícias faz com que as tarefas envolvidas no combate à criminalidade sejam
concentradas no âmbito ostensivo, resumindo-se a planos de distribuição dos recursos humanos e materiais das Polícias Militares. A
investigação policial e eventual identificação e detenção de criminosos ocorre em momento distinto e obedece somente à lógica de
elaboração de documento a ser entregue às instâncias judiciais.
Ressalte-se ainda o fato de que cada uma dessas organizações policiais dispõe de um sistema próprio de comunicações e
informações que não dialogam entre si. O registro oficial da incidência criminal, nesse sentido, tem duas fontes distintas, caracterizadas
pela duplicidade e incoerência dos dados. O diagnóstico espaço-temporal da criminalidade na sociedade brasileira não dispõe, assim, de
uma base de dados consensualmente estabelecida, o que suscita frequentes divergências e conflitos quanto ao provimento da segurança
pública, enquanto bem coletivo.
O desenho institucional da segurança pública no Brasil, em suma, provocou a emergência e consolidação de organizações
policiais que, a despeito do caráter complementar de suas atividades, são dotadas de culturas distintas, com definições muito
particulares do interesse coletivo e, além disso, têm suas inter-relações pautadas pelo conflito e competição intermitentes. Como
consequência inevitável dessa realidade, temos a baixa capacidade do subsistema policial brasileiro de produzir resultados consistentes,
em termos de redução dos índices de criminalidade. (SAPORI, 2006, p. 769 - 770)
Além dos problemas relacionados à divisão do ciclo policial, há outras deficiências comuns a ambas as polícias. O Projeto
Segurança Pública para o Brasil (BRASIL, 2003) destaca as seguintes:
1) coleta, registro, produção, distribuição e processamento precários das informações, gerando dados inconsistentes e pouco
confiáveis, e inviabilizando diagnósticos, análises prospectivas e definição de orientações estratégicas;
2) ausência de planejamento, de avaliação sistemática e de práticas corretivas;
3) atendimento, serviços e produtos de má qualidade; recrutamento deficiente e formação precária;
4) abandono dos cuidados preparatórios, necessários ao trabalho pericial: ausência da cultura técni-co-policial nas esferas
não envolvidas diretamente com os setores policiais especializados;
5) correição quase inexistente, em decorrência de inércia burocrática, restrições normativas, inoperância administrativa e, em
alguns casos, comprometimento corporativista;
6) controle externo deficiente, em razão dos obstáculos à intervenção investigativa das ouvidorias e dos entraves à afirmação
de direção interna;
7) dissociação conflitiva da outra instituição policial e dos demais profissionais do sistema de justiça criminal (inclusive da
Secretaria de Segurança), dada a autonomização dispersante das unidades (em particular, das delegacias distritais);
8) delimitação irracional (e dissociada das circunscrições da outra instituição policial) dos territórios jurisdicionais;
9) despreparo no enfrentamento de questões específicas, como: a violência contra as mulheres, as crianças, as minorias
sexuais e os negros - o que determina alguns aspectos lacunares na atuação das Delegacias Especializadas de Atendimento às Mulheres,
por exemplo;
10) despreparo na aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente;
11) formação mais voltada à repressão do que à prevenção (o que caracteriza o conjunto das instituições da segurança
pública);
12) grande quantidade dos policiais exerce função extra (bico), para complemento salarial em razão dos baixos salários.
(BRASIL, 2003, p. 29)
A corrupção, o desrespeito aos direitos humanos, a herança autoritária e a “insistência no modelo da guerra como metáfora e
como referência para as operações de segurança pública” (CANO, 2006, p. 141), também são alguns outros exemplos comuns de
deficiências relacionadas às polícias estaduais.
A despeito do panorama de deficiências das polícias estaduais, verificam-se iniciativas recentes de modernização das
instituições policiais que apontam em direção à mudança de paradigma na gestão da segurança pública.
Nesse contexto, pode-se citar algumas experiências relevantes, tais como:
• Tentativas de integração das polícias civil e militar;
• Compatibilização do trabalho policial em áreas geográficas coincidentes;
• Unificação e informatização dos boletins de ocorrências criminais;
• Investimentos em tecnologia, em georeferenciamento e nos sistemas de informações policiais;
• Criação de ouvidorias de polícia.
2.3 – A gestão municipal da segurança pública
Na década de 1990, os municípios iniciam o processo de assunção de responsabilidades na área da segurança pública, através
da formulação e execução de políticas públicas locais e da criação ou ampliação de estruturas municipais dedicadas a essa questão,
como secretarias municipais, conselhos comunitários e guardas municipais.
É possível a formulação e a implementação de uma política municipal de segurança pública?
É necessário, em primeiro lugar, que o processo abranja a realização de um diagnóstico das dinâmicas criminais, pois
para construir eficientes estratégias de redução da criminalidade, é imprescindível compreender os fatores relacionados à incidência de
crime e violência. Uma vez concluído o diagnóstico, a análise das informações nele contidas deve servir de fundamento para a
elaboração de um Plano Municipal de Segurança Pública, cujas ações podem ser operacionalizadas pelo órgão municipal
responsável pela gestão da segurança pública local, além da guarda municipal, quando houver. Geralmente, a criação do arcabouço

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institucional municipal na área da segurança pública objetiva viabilizar o planejamento, implementação, gestão, monitoramento e
avaliação de ações, projetos e programas realizados com o propósito de prevenir a criminalidade e diminuir o sentimento de
insegurança da população.
Os municípios podem instituir Gabinetes de Gestão Integrada Municipal (GGIM). O GGIM é um instrumento que integra e
articula todas as instituições públicas, dos três níveis federativos, responsáveis por prover a segurança pública no âmbito do município.
Por meio das reuniões do GGIM, as instituições que compõem o sistema municipal de segurança pública, em conjunto,
discutem sobre a dinâmica da criminalidade local, definem prioridades, formulam estratégias, distribuem a responsabilidade de cada
uma das organizações no gerenciamento da segurança pública, monitoram e avaliam os planos de ação implementados, reformulando
estratégias e definindo novas intervenções.
Com a finalidade de integrar a sociedade nas ações de segurança pública, promover o conceito de polícia comunitária,
fomentar a participação e o controle social, conselhos comunitários de segurança pública podem ser criados, no âmbito das subdivisões
territoriais adotadas em cada município.
A Constituição de 1988, no âmbito da segurança pública, confere aos municípios apenas a competência para constituírem
guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações. Entretanto, isso não impede que os municípios
extrapolem as ações de proteção patrimonial e adotem atividades suplementares de prevenção à violência e à criminalidade.
Outra possibilidade de atuação dos municípios na segurança pública, segundo aponta Souza Neto (2008), diz respeito às
ações de regulamentação, como a adoção de leis de controle de bebidas alcoólicas. Restrições de caráter administrativo podem exercer
importante impacto na prevenção de crimes, às vezes mais significativos do que medidas de caráter penal ou policial. Alguns
municípios que delimitaram o horário de funcionamento de bares e restaurantes tiveram a redução do número de homicídios em 60%,
como é o caso de Diadema, e a redução de acidentes de trânsito em 70%, como é o caso de Barueri.
É importante destacar os investimentos municipais em políticas de âmbito preventivo, de tipo situacional e social,
focalizados especificamente na redução da criminalidade e da violência.
1. Os programas de prevenção situacional, de acordo com Cano (2006), visam atenuar as oportunidades de ocorrência de
crimes ou atos de violência em determinados espaços, através da intervenção direta no ambiente social, especialmente nos fatores que
favorecem a dinâmica criminal. São alguns exemplos de prevenção situacional: o investimento na melhoria da iluminação urbana, a
recuperação de espaços públicos degradados e o videomonitoramento em locais estratégicos.
2. Os programas de prevenção social, conforme esclarece Cano (2006), são intervenções direcionadas para reduzir os
elementos que estruturam a vulnerabilidade, ou seja, os fatores de risco que aumentam a probabilidade de incidência de crimes,
violências, e de suas consequências negativas. São exemplos de fatores de risco: a desigualdade social, a cultura do narcotráfico, a
violência doméstica, a violação de direitos fundamentais, a fragilização dos vínculos familiares e sociais, a defasagem escolar, a
pobreza, o desemprego, dentre outros.
O Bolsa Família pode ser considerado um exemplo de programa de prevenção social, uma vez que atua para atenuar
determinados fatores de risco e promover a proteção social. Por meio da transferência direta de renda, promove o alívio imediato da
pobreza; as condicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social; e as
ações e programas complementares objetivam o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários consigam superar a
situação de vulnerabilidade.
Cano (2006) analisa que, normalmente, os programas de prevenção social apresentam resultados em médio e longo prazo,
pois se fundamentam na transformação das condições de vida ou das relações interpessoais. Entretanto, quando conseguem alcançar o
alvo desejado, seu impacto pode ser mais intenso e mais duradouro do que o impacto dos programas de prevenção situacional, que
obtém resultados em curto prazo, quando bem desenvolvidos. Portanto, é indicado que ambos os programas preventivos – situacional e
social – sejam adotados simultaneamente, de forma complementar. Nesse sentido, importantes linhas de atuação para o
desenvolvimento de políticas de prevenção à violência e criminalidade, que podem ser incorporados pelos municípios, são sugeridas
por Guindani (2004), a saber:
• Programas de acesso à justiça e a mecanismos de resolução pacífica de conflitos, reinserção social de egressos do sistema
penitenciário e do programa de medidas sócio-educativas, policiamento comunitário, orientação jurídica e assistência judiciária, oferta
descentralizada de serviços de justiça e cidadania, centros de mediação formal e informal de conflitos, núcleos de atendimento a
vítimas de violência, apoio à reinserção profissional, comunitária e familiar de egressos, etc.
• Programas para a adolescência, a juventude e suas famílias (programas de acesso a atividades culturais e esportivas,
educação e qualificação profissional, geração de trabalho, emprego e renda, saúde).
• Mobilização social, associativismo e promoção de cultura da paz urbana (apoio à formação e fortalecimento de lideranças,
organizações e redes comunitárias, campanhas de comunicação social, programas de educação para a cidadania, promoção de eventos
públicos, etc).
• Planejamento urbano e qualificação de espaços públicos (ordenação de áreas de grande circulação de pessoas, planejamento
e controle do trânsito, iluminação pública, criação e requalificação de espaços públicos de convivência e lazer, qualificação do entorno
das escolas e parques públicos, regularização fundiária, adoção de estratégias que previnam a formação de guetos em zonas urbanas e
que evitem conflitos entre grupos vizinhos, etc).
• Enfrentamento de fatores de risco (abuso de álcool e outras drogas, disponibilidade de armas de fogo e outros fatores
identificados em cada local) e aumento dos fatores de proteção (GUINDANI, 2004, pp. 82 – 83).
Diversos gestores municipais, a partir da década de 1990, começaram a investir em segurança pública, com a adoção de
diferentes formatos institucionais, apresentando multiplicidade tanto na estruturação da arquitetura organizacional quanto nas

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estratégias de intervenções adotadas.


O atual contexto da gestão municipal da segurança pública revela, segundo Guindani (2004, p. 75), “baixa
institucionalidade, descontinuidade frequente, ausência de trabalhos avaliativos e de sistematização das experiências
existentes”. Além disso, diversos gestores municipais hesitam em assumir responsabilidades nessa área específica, sobretudo porque
não constitui uma obrigação legal do governo municipal.
A assunção de atribuições em qualquer área de políticas públicas, na ausência de imposições constitucionais, está diretamente
associada à estrutura de incentivos oferecida pelo nível de governo interessado e, vale ressaltar, que os incentivos para a gestão
municipal da segurança pública são restritos, ao menos os financeiros. O repasse de recursos financeiros do governo federal ocorre
mediante o lançamento de editais anuais, em que os municípios interessados submetem propostas.
Os projetos que apresentam maior consonância com os requisitos delineados pela SENASP são financiados pelo governo
federal, com contrapartida financeira dos municípios. Apesar disso, a participação dos municípios na gestão da segurança pública vem
crescendo progressivamente, assim como a relevância desse ente federativo na redução da violência e criminalidade, sobretudo
quando se entende que a promoção da paz e da ordem social demanda não apenas ações de cunho repressivo, mas também ações de
cunho preventivo.

3. Abordagem sistêmica da segurança pública

Alberto Afonso Landa Camargo 2


Toda vez que se fala em polícia no Brasil idealiza-se a instituição. Tratam-na como se, de repente, vivêssemos num país
onde tudo é maravilhoso e apenas a polícia destoa desta regra. Age-se como se o policial seja um alienígena brutalizado e incapaz que
acabou de cair em um mundo perfeito onde ninguém comete erros. Só ele os cometem. Caídos neste mundo perfeito, os policiais e suas
atitudes passam a ser questionados pelos idealistas do sistema, que não entendem que razões levam a polícia a, em alguns casos, tratar
com violência determinada pessoa. É como se a violência não existisse e a polícia fosse a responsável por trazê-la ao mundo, fosse
causa dela e não sua consequência.
Pretende-se, desta forma, que a polícia brasileira seja diferente de qualquer outra e não trate o criminoso como tal, mas
como alguém que precise unicamente de educação e seja ela o ente preparado exatamente para transmitir esta educação. Vê-se a polícia
como uma instituição destoante da realidade, uma polícia violenta em uma sociedade que não é violenta, uma polícia corrupta em uma
sociedade que não é corrupta, uma polícia despreparada em uma sociedade cujo preparo é exemplo para o mundo. Queres uma polícia
educada e prestativa como se ela não fizesse parte da mesma sociedade que nada tem de educada e de prestativa.
A polícia não só é um organismo mal conhecido quanto ao seu desempenho, como as pessoas ignoram as suas missões e
a sua capacidade de desempenhá-las em razão dos diversos entraves que existem, sejam de condições materiais, intelectuais ou
humanas. Toda vez que a polícia é procurada por alguém, pretende esta pessoa que ela seja capaz de resolver todos os seus problemas e
não quer saber o interessado se isto está dentro da sua competência ou não. Por não ser uma instituição conhecida, a sociedade acaba
mitificando a polícia e acreditando que ela é aquela instituição retratada em filmes que dão notícia de uma incomum competência e
capacidade em tudo resolver. Não compreendem que a realidade não é aquela dos filmes em que tudo se resolve em cerca de duas
horas, terminando a história com um longo beijo entre o casal de mocinhos. Diante disto, proliferam as cobranças como se o crime
fosse uma atividade a ser combatida unicamente pela polícia. É como se isto não dependesse de um sistema judiciário ágil e eficiente,
de um acompanhamento do preso que lhe permita ser recuperado para a volta ao convívio social e de medidas preventivas em todos os
setores. Nem tudo, portanto, que diz respeito ao crime é problema que deve ser enfrentado unicamente pela polícia.
O fato é que não existem fórmulas prontas para que se tenha no Brasil uma polícia que atenda os reclamos da sociedade. Aliás,
mesmo nas sociedades mais desenvolvidas temos visto que polícia nenhuma os atende na totalidade.
Esta idealização, a crença de que uma polícia deve ser capaz de resolver tudo sem, em algum momento, usar a violência e que
deva ser imune a erros e a desvios de conduta, tem feito com que proliferem fórmulas que, sem qualquer estudo, são apresentadas como
milagrosas para que se crie uma polícia ideal.
Como modelo de polícia democrática já se apresentou até a ideia de desmilitarização das polícias militares. Desconhece-se que
a mera adjetivação, seja ela de militar ou civil, não é responsável pela maior ou menor competência policial. O que importa é a sua
destinação. Se ela, apesar de a adjetivação militar não for destinada ou empregada nas atividades que pressuponham combates e tratos
com pessoas vistas como inimigas, mas preparada e empregada efetivamente como polícia e voltada ao bem das comunidades, pouco
importa que a sua estrutura seja militar ou civil. Chega-se a tal contradição que, ao mesmo tempo em que se invoca a necessidade de
desmilitarização das polícias, clama-se pelo emprego das forças armadas, que são militares por excelência.
A formação dos seus efetivos e a visão de que a sociedade deve sempre ser vista como amiga, mesmo naqueles casos em que
precisam ser coibidos crimes ou simples desvios de conduta, é que vão determinar a sua maior ou menor eficiência e não a mera
adjetivação que unicamente define a sua estrutura como corpo.
Trata-se o Brasil como se o país fosse o único no mundo a ter uma polícia adjetivada de militar. Desconhece-se que na Itália
ainda existem os Carabinieri, a Espanha ainda conte com a sua Guardia Civil (que apesar da adjetivação, é militar), a França ainda

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*Alberto Afonso Landa Camargo é Coronel da reserva remunerada da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Professor graduado em
Letras e em Filosofia, escritor com vários trabalhos publicados, e pesquisa

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disponha da Gendarmerie, o Chile possua uma das polícias mais respeitadas da América Latina, os Carabineros, e a Holanda
mantenha a Rijkspolitie, todas elas organizações militares voltadas à atividade policial como o é a Polícia Militar brasileira.
Uma polícia democrática, independente da adjetivação de civil ou de militar, precisa deixar de ser conservadora, de
centralizar-se em conceitos e comandos apegados a tradições que fundamentaram sua criação e abdicar de manter-se destoante das
necessidades sociais como se a polícia não fizesse parte da mesma sociedade que jura defender.
O estudo e a adequação de comportamentos policiais às necessidades e interesses da comunidade tendem a fazer da polícia
uma instituição democrática. Ela assim será à medida que atenda as necessidades individuais e de grupos que requerem seus serviços da
mesma forma que atende os interesses dos governos, desde que estes sejam voltados aos interesses da população, orientando suas
atividades conforme requeira o cidadão. Um policial amigo, prestativo, capaz de resolver conflitos e consciente de que faz parte da
sociedade e não é alijado dos seus interesses, com certeza fará uma polícia democrática.
Não é preciso, portanto, macromudanças nas instituições policiais para que elas sejam democráticas. Basta que se mudem
alguns comportamentos relacionados com o trabalho e que o policial interprete que o crime e o criminoso são coisas excepcionais e não
a regra com que devem ser tratados os cidadãos.
CAMARGO, Alberto Afonso Landa. Uma visão sistêmica da segurança pública.

4. Conceitos de circunscrição, região e área de abrangência de outras instituições;


Circunscrição. Substantivo feminino
O que limita a extensão de um corpo. Divisão administrativa, militar ou religiosa de um território: circunscrição eleitoral.
Matemática Ação de circunscrever uma figura a outra.

Região. Substantivo feminino


Vasta extensão de terreno. Grande extensão do território de um país, de um continente etc., que se distingue das demais por suas
características físicas, administrativas, econômicas, políticas.

Abrangência. Substantivo feminino

Característica do que é abrangente; próprio do que abarca, compreende, inclui ou incorpora: empresa vai aumentar a
abrangência do uso do celular. Capaz de abranger, de conter em si: relator quer ampliar a abrangência do processo.

5. Políticas públicas: formulação, implantação, avaliação e acompanhamento


POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA DE SEGURANÇA
Nas duas últimas décadas, o Brasil presenciou uma crescente preocupação com as questões relativas à segurança pública e à
justiça criminal. Uma verdadeira obsessão securitária refletiu-se num nível jamais visto de debates públicos, de propostas legislativas
e de produção acadêmica.
Esta última se debruçou sobre as práticas de segurança e de justiça, ao menos no contexto da redemocratização do país.
Não obstante, pouco tem sido feito, no âmbito político, para que se tornasse tangível uma efetiva reforma dessas instituições,
tendo como preâmbulo pesquisas e conhecimentos provenientes tanto da maior participação coletiva na formulação, implantação e
acompanhamento de políticas públicas, quanto da disponibilidade sem precedentes de pesquisadores aptos a discutir com o universo da
política e das instituições criminais as alternativas de reforma, dentro de um contexto de aumento do quantum de cidadania e
participação democrática.
Em outros termos, como bem lembrou Paulo Sérgio Pinheiro, a redemocratização política do Brasil não foi ainda capaz de
lançar suas luzes sobre as práticas de nossas instituições criminais – estas, ao contrário, parecem resistir à democratização, formando
um enclave autoritário no cerne mesmo do Estado democrático.
A violência letal, a superlotação dos presídios, rebeliões e mortes, os horrores vividos pelos jovens em instituições como a
Febem, o virtual abandono das instituições manicomiais sem a contrapartida de um atendimento ambulatorial, o desalento e a
descrença nas medidas de recuperação dos presos e de cura dos esquecidos dos manicômios judiciários, a tortura em delegacias de
polícia e a eterna lentidão e alheamento das autoridades judiciárias são faces terríveis que apontam para uma crise de longa data em
nosso sistema criminal.
Neste momento, estamos nos perguntamos sobre as razões para todas estas dificuldades e vendo, por toda parte, a expansão da
segurança privada, a disseminação de dispositivos eletrônicos de segurança, o aumento do sentimento de insegurança e a constituição
de verdadeiros enclaves fortificados em que a tolerância em relação às violações das liberdades civis corre de par com a aceitação das
hierarquias e das múltiplas faces da exclusão social.
Disponível em: <http://www.observatoriodeseguranca.org/seguranca/politica> . Acesso em 07 de ago de 2018.
Definição de Políticas Públicas
É muito difícil responder a esta pergunta simples, porque Política Pública é um conceito abstrato, que se materializa por meio
de instrumentos diversos. Esses instrumentos podem ser programas, projetos, leis, rotinas administrativas, etc.
No caso das Políticas Públicas de Segurança, a instalação de uma unidade policial, a construção e gestão de uma unidade
prisional e o desenvolvimento de oficinas culturais podem ser percebidas como formas de operacionalização de uma Política
Pública.

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Mas ainda na tentativa de definir melhor o que seria uma Política Pública, é possível perceber que, de uma maneira geral, as
Políticas Públicas são decisões, ou processos decisórios, que envolvem questões de ordem pública, ou seja, que envolvem um
problema público.
Esses processos decisórios buscam atender ao interesse de uma coletividade, ou seja, de um grupo. Em tese, espera-se que
esse grupo seja toda a sociedade, mas sabe-se que muitas vezes, no interior da sociedade, há interesses diferentes, algumas vezes
divergentes.
No contexto de um Estado Democrático de Direito, esses processos decisórios buscariam atender ao interesse de uma
coletividade, orientando-se pela legalidade e pela mediação de interesses entre os diversos grupos presentes em uma sociedade.
O processo decisório envolvido na definição e implementação de uma política pública é altamente complexo, e por isso, é
difícil estabelecer uma sequência linear e racional entre suas etapas. Entender as Políticas Públicas como um processo decisório é
também muito importante: muitas vezes ouvimos pessoas simplificando o processo de criação de uma Política Pública. É comum ouvir
pessoas dizendo: “ah, resolver os problemas da criminalidade e violência é fácil. E só prender os criminosos! E só contratar mais
policiais!”
Quando se entende Políticas Públicas como processo fica claro que a solução para um problema público não é dada por uma
única decisão. Ou seja, para se prender criminosos é necessário:
• construir presídios;
• ter leis que determinem uma conduta como crime;
• estruturar um Sistema de Justiça capaz de garantir um julgamento justo;
• pensar se o fato social que se está criminalizando deve mesmo ser penalizado.
Isto é, deve-se pensar se a prisão de pessoas que comentem este tipo de conduta implicará, de fato, na redução do problema da
criminalidade e violência, etc.
Tipos de Políticas Públicas
Com o intuito de contribuir com a análise das políticas públicas, foram desenvolvidas tipologias, que nada mais são do que
formas de classificar os conteúdos, os atores, os estilos e as instituições - dentro de um processo de política pública.
Dentre as várias tipologias de conteúdo das políticas públicas apresentadas por Secchi (2013), merece destaque àquela
formulada por Theodore J. Lowi. A tipologia de Lowi baseia-se no critério de “impacto esperado na sociedade”. Segundo esse
critério, as políticas públicas podem ser classificadas em quatro tipos, saiba mais sobre elas:
Políticas regulatórias: Estabelecem padrões de comportamento, serviço ou produto, para atores públicos e privados.
Exemplos desse tipo de políticas são: os códigos de trânsito, as regras de tráfego aéreo, a proibição de fumo em locais fechados, a
proibição de venda e consumo de bebidas alcoólicas, e as regras para publicidade de certos produtos.
Políticas distributivas: Geram benefícios concentrados para alguns grupos de atores e custos difusos para toda a
coletividade/contribuintes. Exemplos desse tipo de política pública são: os subsídios, a gratuidade de taxa para certos usuários de
serviços públicos, incentivos ou renúncias fiscais, etc.
Políticas redistributivas: Concedem benefícios concentrados a algumas categorias de atores e implicam custos concentrados
sobre outras categorias de atores. Exemplos clássicos são: as cotas raciais para universidade, políticas de benefícios sociais ao
trabalhador e os programas de reforma agrária.
Políticas constitutivas: São “regras sobre os poderes” e “regras sobre as regras”, ou seja, são aquelas políticas que definem as
competências, jurisdições, regras de disputa política e da própria elaboração de políticas públicas. Podemos citar como exemplos: as
regras do sistema político-eleitoral; a distribuição de competências entre poderes, esferas e instituições; as regras das relações
intergovernamentais e as regras da participação da sociedade civil em decisões públicas.
Sechi (2013) chama a atenção para o fato de que o analista de políticas públicas pode realizar sua análise utilizando uma das
tipologias já consolidadas na literatura (aplicação dedutiva) ou então pode construir sua própria tipologia (desenvolvimento
indutivo).
O desenvolvimento indutivo de tipologias se baseia na capacidade do pesquisador em estabelecer um critério diferente para a
verificação de uma variável ou estabelecer novas categorias analíticas para classificação dos fenômenos.
Especificamente no campo de análise das políticas de segurança pública, merece destaque o sistema de classificação proposto
por Filocre (2010) que distingue as políticas nas categorias descritas no quadro a seguir:
Maximalista: É aquela política que enfatiza a adoção de combinações de tipos de ações estatais. Nela, a ação policial é
importante, mas não suficiente, e deve estar conjugada com outras atividades.
Minimalista: Nesse tipo de política, a atuação estatal é fortemente focada em um ou poucos tipos de ações estatais de controle
da criminalidade. Exemplo dessa política é a que enfatiza exclusivamente a ação policial.
Geral (Abrangente): Esse tipo de política prevê uma mesa estratégia sobre todo um terriório.
Local: Esse tipo de política estabelece ações particularizadas de acordo com as necessidades específicas do território.
Distributiva: Esse tipo de política compreende intervenções estatais de baixo grau de conflito, uma vez que um grande número
de indivíduos se beneficia das ações.
Redistributiva: Esse tipo de política foca o deslocamento de recursos para beneficiar certas camadas ou grupos sociais, gerando
descontentamento e conflito em relação àqueles que arcam com seus custos.
Reguladora: Esse tipo de política é baseada em ordens e proibições. Frequentemente, seus objetivos são evitar comportamentos
considerados negativos.
Constitutiva (Estruturadora): Esse tipo de político refere-se à criação e modelação de instituição, bom como à determinação e

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configuração dos processos de negociação, de cooperação e de consulta entre os atores políticos.


Estrutural: É aquela política que visa impactar a ordem pública mediante ações sobre macroestruturas econômicas.
Normalmente demanda longo prazo para operar efeitos e estes efeitos tendem a ser duradouros.
Tópica (Superficial): É aquela política que visa impactar a ordem pública mediante ações sobre condições imediatas. Serve
especialmente a ocasiões de pronta resposta a variação indesejada da criminalidade. Os resultados são colhidos no curto prazo, mas
seus efeitos, normalmente não perduram além do tempo necessário ao reequilíbrio da criminalidade.
Emergencial: É uma política para implementação em curto espaço de tempo e com efeitos imeditos.
Contínua: É uma política que prevê atuação ao longo do tempo, ou seja, considera que a ordem pública seja alcançada e
mantida ao longo de um processo.
Multisetorial: Esse tipo de política compreende ações distribuídas por diversos segmentos, públicos ou privados, seja
quanto a órgãos estatais ou outros agentes envolvidos, seja no que diz respeito a áreas de atuação - educação, família, sistema prisional,
etc.
Específica: Esse tipo de política compreende ações acentuadas num único setor ou se vale da atuação destacada de um único
órgão.
A redemocratização e novos arranjos institucionais de gestão de políticas públicas
A Constituição Federal de 1988 colaborou para uma relativa descentralização da gestão de algumas políticas públicas,
refletindo o argumento segundo o qual governos municipais são percebidos como polos de virtuosidade democrática e eficiência de
gestão. Este argumento foi desenvolvido em oposição ao autoritarismo centralizador vivenciado durante o Regime Militar.
A redemocratização do país marcou um novo momento do arranjo federativo brasileiro. A valorização dos municípios pode
ser percebida pelo reconhecimento desta instância, pela primeira vez na história, como um ente federativo. Se de um lado o
fortalecimento de governos estaduais e municipais era um aspecto deste argumento que correlacionava descentralização e
modernização, de outro, elementos como instrumentos de gestão nacional e coordenação federativa ficaram em segundo plano na
construção do novo arranjo federativo brasileiro (ABRUCIO, 2005, p.46).
Ou seja, muito embora tenha ocorrido uma valorização dos governos estaduais e municipais, se compararmos o papel que
estes atores passaram a desempenhar com o que desempenhavam durante o Regime Militar, não houve a criação de mecanismos que
garantissem uma coordenação da ação destes atores, que passaram a compartilhar responsabilidades na execução de políticas públicas.
A divisão de competências, a definição do papel de cada ente federado (União, estado e município) não ocorre de forma
clara em grande parte das políticas públicas. Em alguns casos, verifica-se a concorrência entre competências (NEVES; JUNQUEIRA
E VECCHIA, 2006).
Importante!
Segundo Arretche (2004) “Os constituintes de 1988 optaram pelo formato de competências concorrentes para a maior
parte das políticas sociais brasileiras (...). Assim, qualquer ente federativo estava constitucionalmente autorizado a implementar
programas nas áreas de saúde, educação, assistência social, habitação e saneamento. Simetricamente, nenhum ente federativo
estava constitucionalmente obrigado a implementar programas nestas áreas (...). Esta distribuição de competências é
propiciada para produzir os efeitos esperados pela literatura sobre federalismo e políticas públicas: superposição de ações;
desigualdades territoriais na provisão de serviços; e mínimos denominadores comuns nas políticas nacionais.” (ARRETCHE,
2004, p. 22).
1.2 – A participação da União na gestão das Políticas Públicas de Segurança no Brasil
No caso das Políticas Públicas de Segurança, nos primeiros anos que se seguiram à promulgação da Constituição Federal de
1988, observa-se um protagonismo dos governos estaduais, atuantes principalmente por meio de suas forças policiais, em contraste
com certo distanciamento dos governos municipais e federal.
A participação do Governo Federal em questões relativas à Segurança Pública após a Constituição Federal de 1988 era
indireta, com maior destaque para o estabelecimento de normas e dinâmicas de funcionamento destas políticas.
Soares (2007), destaca a importância do primeiro governo FHC (1995-1998) na ruptura deste silêncio, por meio da
consolidação de princípios democráticos e da modernização das políticas de Segurança Pública. Essa participação do Governo Federal
ganha contornos mais claros com a criação da Secretaria de Planejamento de Ações Nacionais de Segurança Pública
(SEPLANSEG) em 1995. Essa Secretaria era vinculada ao Ministério da Justiça e contribuiu para uma primeira tentativa de articulação
dos governos estaduais e federal na condução das políticas estaduais de Segurança Pública.
A SEPLANSEG foi reformulada em 1997 dando origem à Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) que,
dentre outras atribuições, assumia a responsabilidade de definição e implementação de uma política nacional de Segurança Pública,
acompanhando as atividades desenvolvidas pelos atores 45

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ead.senasp.gov.br
institucionais envolvidos nesta política (Freire, 2009:105).
A SENASP buscou estabelecer condições para cooperação entre instituições de Segurança Pública, apoiando iniciativas de
qualificação profissional e fomentando o desenvolvimento de planos estaduais de Segurança Pública, dentre outras ações.
As intervenções desenvolvidas durante o segundo Governo FHC (1999-2002) foram orientadas pela criação, em 2001, do
primeiro Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP) e do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), que tinha o objetivo
de desenvolver e financiar políticas públicas. Essas ações foram uma resposta à comoção social gerada pelo sequestro do ônibus 174,
acontecido em junho de 2000, no Rio de Janeiro, conforme ressaltado por Sapori (2006).
A partir da instituição do Fundo Nacional, os governos estaduais passaram a receber recursos para o financiamento de
projetos específicos submetidos à SENASP, dentro das diretrizes previamente formuladas no Plano Nacional. Apesar desta tentativa de
atuação mais expressiva do Governo Federal, autores como Soares (2007) apontam que a ausência de diretrizes claras e
sistematizadas colaborou para que o FNSP financiasse intervenções tradicionais, ou seja, orientadas por ações repressivas e
militarizadas.
O primeiro Governo Lula (2003-2006) desenvolveu sua própria versão do Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP),
denominado “Projeto de Segurança Pública para o Brasil”, incorporando novos elementos, como: a consolidação de mecanismos de
controle externo das forças policiais, a tentativa de inserção do poder público municipal em ações de caráter preventivo, fomento às
guardas municipais, dentre outras ações.
O Plano Nacional de 2003 enfatizava uma postura proativa por parte da SENASP, na medida em que o governo federal
deixava claro que tinha diretrizes e objetivos próprios no âmbito da segurança pública, e que os recursos do FNSP passariam a ser
distribuídos mediante o atendimento desses critérios. Isso se traduz numa cobrança mais rígida junto aos estados no sentido da
construção de políticas assentadas nas diretrizes do Plano Nacional (SAPORI, 2006).
Além disto, esta nova versão do PNSP inovou ao assumir a gestão de arranjos institucionais existen tes como principal
desafio para implementação de políticas de Segurança Pública (SAPORI e ANDRADE, 200, p. 205). A normatização do Sistema Único
de Segurança Pública (SUSP) se apresentava como o fio condutor dessa nova versão do PNSP. A criação do SUSP em 2003 buscou
intensificar a articulação e cooperação de atores institucionais envolvidos na arena de política de Segurança Pública, inspirando-se na
experiência do Sistema Único de Saúde (SUS).
Apesar da tentativa de avanço, o SUSP não desenvolveu uma estratégia de redefinição institucional de modo a viabilizar a
execução de suas ações, restringindo-se à defesa de uma maior integração entre as organizações policiais estaduais e dessas com as
instituições federais, além dos órgãos do sistema de justiça criminal, como Ministério Público e Poder Judiciário.
Entre as ações propostas, destacam-se a criação de:
- academias policiais unificadas
- órgãos de informação e inteligência unificados
- corregedorias de polícia únicas
- ouvidorias de polícia autônomas e independentes
No que se refere à integração das demais instituições do sistema de justiça criminal, o modelo apresentava a diretriz de
formação de Gabinetes de Gestão Integrada (GGI) (SAPORI e ANDRADE, 2005, p. 207).
Conforme observa Sapori (2006), o sistema de segurança pública proposto pelo SUSP acabou se mostrando bastante modesto
se comparado ao SUS, e não resolveu um dos problemas centrais da área: a inexistência de recursos orçamentários vinculados.
Assim, frustrou-se a expectativa de que o Plano Nacional se constituiria numa grande inovação institucional. Como consequência,
enquanto a política nacional avançou na concepção programática, o mesmo não se deu quanto à liberação de recursos do Fundo Na-
cional. O ritmo do repasse financeiro para os estados diminui progressivamente, revelando uma desconexão entre o proposto e o
executado (SAPORI, 2006, p.112).46

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Apesar das críticas mencionadas anteriormente, inúmeros avanços foram propiciados pela gestão da SENASP nesse período,
conforme você estudará a seguir:
a) a instituição e reformulação da Matriz Curricular Nacional: desenvolvida em 2003, a Matriz se constitui em
referencial teórico-metodológico para orientar as atividades formativas dos profissionais no âmbito do SUSP – Polícia Militar, Polícia
Civil e Bombeiros Militares – independentemente da instituição, nível ou modalidade de ensino.
Em 2005, a Matriz sofreu sua primeira revisão, quando foram agregados ao trabalho realizado pela
Senasp outros dois documentos: as Diretrizes Pedagógicas para as Atividades Formativas dos Profissionais
da Área de Segurança Pública - um conjunto de orientações para o planejamento, acompanhamento e
avaliação das atividades formativas - e a Malha Curricular - um núcleo comum composto por disciplinas que
congregam conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Em 2009, foi feita mais uma revisão. Em 2010,
após uma avaliação, foram realizadas mudanças no texto da Matriz Curricular Nacional.
6. Planos de segurança pública (instâncias: federal, distrital e estadual);

Federal:
Texto fixa duração de dez anos para Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social

O Projeto de Lei 3734/12, aprovado nesta quarta-feira (11) pelo Plenário da Câmara dos Deputados, prevê a criação do
Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social para promover a melhora da qualidade da gestão das políticas do setor e priorizar
ações preventivas e fiscalizatórias de segurança interna, nas divisas, fronteiras, portos e aeroportos.
O plano terá ainda de assegurar a produção de conhecimento no tema e a avaliação dos resultados das políticas de
segurança pública, contribuindo para a organização dos conselhos de Segurança Pública e Defesa Social.
De acordo com o substitutivo do deputado Alberto Fraga (DEM-DF), o plano nacional terá duração de dez anos. As ações
de prevenção à criminalidade serão prioritárias, e as políticas públicas de segurança não serão restritas aos integrantes do Sistema
Único de Segurança Pública (Susp), devendo considerar um contexto social amplo e abranger outras áreas do serviço público, como
educação, saúde, lazer e cultura.
No caso dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, eles terão até dois anos para elaborar seus planos
correspondentes, sob pena de não poderem receber recursos da União para a execução de programas ou ações no setor.
Avaliações
A União, em articulação com os outros entes federados, fará avaliações anuais periódicas sobre a implementação do
plano nacional com o objetivo de verificar o cumprimento das metas e elaborar recomendações aos gestores.
A primeira avaliação será feita no segundo ano de vigência da futura lei, com acompanhamento do Legislativo federal.
Diretrizes dos planos
O texto define ainda as diretrizes para a elaboração e execução dos planos, como adoção de estratégias de articulação
entre os órgãos públicos, entidades privadas, corporações policiais e organismos internacionais.
Os planos terão de integrar programas, ações, atividades e projetos de várias áreas de atuação dos governos, além de
viabilizar a ampla participação social na formulação, implementação e avaliação das políticas de segurança.
Poderão ser previstos programas articulados com as escolas, a sociedade e a família para a prevenção da criminalidade.
Uma das possibilidades é incentivar a inclusão da disciplina de prevenção da violência nos conteúdos curriculares dos diversos níveis
de ensino.
Conselhos
No âmbito de todos os entes federados, poderão ser criados conselhos permanentes de Segurança Pública e Defesa
Social.
O Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social terá a participação de representantes da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios.
No caso dos conselhos municipais, eles poderão ser descentralizados ou congregados por região para melhor atuação e
intercâmbio comunitário, mas, em todo caso, contarão com representantes da sociedade civil organizada e dos trabalhadores.
Os conselhos terão de levar em consideração aspectos como as condições de trabalho, o atingimento de metas, o
resultado célere na apuração de denúncias pelas corregedorias e o grau de aceitabilidade e confiabilidade do órgão pela população por
ele atendida.

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Fraga definiu também no texto que, além de representantes governamentais dos órgãos integrantes do Susp, os conselhos
terão integrantes do Judiciário, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Defensoria Pública, de entidades
e organizações da sociedade ligadas ao tema e de entidades de profissionais de segurança pública.
Os membros terão mandato de dois anos, permitida uma recondução.
Princípios
Entre os princípios listados pelo texto para a atuação dos órgãos integrados ao Susp destacam-se a proteção dos direitos
humanos; o respeito aos direitos fundamentais e promoção da cidadania e da dignidade do ser humano; a resolução pacífica de
conflitos; o uso proporcional da força; a participação e o controle sociais; e a proteção, valorização e reconhecimento dos profissionais
de segurança pública.
Quanto às diretrizes, podem ser citadas o atendimento imediato ao cidadão; o uso de sistema integrado de informações e
dados eletrônicos; o incentivo a programas com foco na promoção da cultura da paz; e o fomento a políticas públicas de reinserção
social de ex-presos.
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/SEGURANCA/555815-TEXTO-FIXA-DURACAO-DE-DEZ-ANOS-
PARA-PLANO-NACIONAL-DE-SEGURANCA-PUBLICA-E-DEFESA-SOCIAL.html Acesso em 10 de ago de 2018.

Estadual
Plano Estratégico de Segurança Pública do RN 2017-2020
Visando melhorar cada vez mais a atuação das forças de segurança do Rio Grande do Norte, foi lançado
pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), o
Plano Estratégico da Segurança do RN (Planesp) - que pode ser conferido neste link - para o biênio 2017 a 2020.
O investimento será de aproximadamente R$ 255.000.000,00 divididos entre recursos da União e do tesouro
estadual.
O plano foi norteado a partir do diagnóstico feito pelo sociólogo José Luiz Ratton, da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) e é resultado do projeto Governança Inovadora que tem como meta reduzir os índices de criminalidade e ampliar
a sensação de segurança no estado e de uma comissão composta por representantes de órgãos que compõe a segurança pública do
estado.
Objetivos do Plano
- Reduzir os índices de criminalidade com iniciativas como: fortalecimento da DHPP, programa de redução de
homicídios, criação de programas de prevenção da violência voltada à juventude, reformar e qualificar delegacias especializadas no
atendimento à mulher, ampliar e fortalecer o programa Ronda cidadã.
- Fomentar a cidadania, a responsabilidade e a participação social, por meio de iniciativas como: ampliar o Programa
Ronda Escolar por Batalhão da PM, reestruturar o PROERD Elaborar e implementar o Programa Policial Educador.
- Promover o reconhecimento e o desenvolvimento de competências gerenciais e técnicas com iniciativas como:
estabelecer convênios com instituições de ensino visando cursos de formação, capacitação e aperfeiçoamento de policiais civis e
militares, peritos oficiais criminais e bombeiros militares; construir o Centro Integrado de Formação dos profissionais de
Segurança Pública, criar e implantar uma política de reconhecimento com incentivos e protocolos pelo cumprimento das metas.

Disponível em:<http://www.defesasocial.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=166-
187&ACT=&PAGE=0&PARM=&LBL=Programas>. Acesso em 10 de ago de 2018.

Veja os links:
http://justica.gov.br/news/politica-nacional-de-seguranca-publica/minuta_pnasp.pdf
http://www.justica.gov.br/news/plano-nacional-de-seguranca-preve-integracao-entre-poder-publico-e-
sociedade/pnsp-06jan17.pdf
http://www.justica.gov.br/news/plano-nacional-de-seguranca-preve-integracao-entre-poder-publico-e-sociedade

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7. Análise de cenários e perspectivas da segurança global e local;


Esta aula criará condições para que você possa compreender por que a magnitude da violência urbana no Brasil
é uma das mais elevadas no mundo. Além disso, é importante que o aluno tenha em mente que não há tendência global de
crescimento da violência. O mundo como um todo não está sofrendo com o crescimento das taxas de homicídios. Em diversos países
importantes, ao contrário, o que se verifica é a redução da violência urbana.
7.1 - Entre os países mais violentos do mundo.
Referenciando-se em parâmetros internacionais, pode-se afirmar que a taxa de homicídios no Brasil é bastante elevada.
Cerca de 40% dos países no mundo têm taxas inferiores a 3 homicídios por 100 mil habitantes, ao passo que 17% dos países
manifestam taxas superiores a 20 homicídios por 100 mil habitantes, identificando-se alguns que alcançam taxas acima de 50 por 100
mil habitantes.
As regiões mais violentas do planeta são a África, excetuando os países do norte, e as Américas, excetuando os países da
América do Norte, com taxas médias superiores a 15 homicídios por 100 mil habitantes. Os países da Europa, Ásia e Oceania
apresentam taxas médias de homicídios abaixo de 3 por 100 mil habitantes.
Importante!
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) é uma entidade da ONU que sistematiza as
estatísticas internacionais sobre homicídios. Periodicamente publicam o Estudo global sobre homicídios (Global Study on
Homicide).
7.2 - Violência em queda
É equivocado afirmar que há uma onda de violência assolando as diversas sociedades ocidentais. A incidência de
homicídios nos países da Europa ocidental, por exemplo, está em queda. Nos seis principais países da Europa ocidental, o número
absoluto de homicídios está se reduzindo desde 2003, com destaque para a Inglaterra, França e Alemanha.
O caso da sociedade norte-americana é mais instigante, pois, entre 1995 e 2011, as principais cidades daquele país
apresentaram redução bastante significativa de homicídios, próximo a 30%.
Não há também na América Latina um processo generalizado de recrudescimento da violência. A Venezuela é o país latino-
americano que apresentou o crescimento mais expressivo dos homicídios, patamar superior a 100% entre 1995 e 2010. No México,
a violência inicia trajetória ascendente a partir de 2008, prolongando-se até 2011.
Na Argentina, por sua vez, tem prevalecido a estabilidade da taxa de homicídios e a Colômbia é o país que experimentou
nítida redução da violência, saindo do patamar de 70 homicídios por 100 mil habitantes em 1995 para menos de 40 por 100 mil
habitantes em 2011.
7.3 - Incidência de roubos
A violência urbana no Brasil não se limita aos homicídios. Os crimes contra o patrimônio, em especial os roubos, também
devem ser considerados na análise. Nesse quesito, nosso país revela números preocupantes.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou em 2011 aproximadamente um milhão de roubos, o
que equivale à taxa de 552 roubos por 100 mil habitantes. E o latrocínio o acompanha de perto, pois representa o roubo seguido de
morte. É um tipo de crime que sempre provoca grande clamor popular. O país registrou oficialmente 1.636 latrocínios em 2011 e 1.803
em 2012.
Esse patamar de incidência dos roubos nos coloca em posição de destaque negativo no âmbito internacional.
(Brasil, SENASP, ?)

8. Relação entre o sistema de segurança pública e o sistema de justiça criminal;

OBSERVATÓRIO CONSTITUCIONAL
Segurança Pública e Justiça Criminal - Por Gilmar Ferreira Mendes3
4 de abril de 2015
Vivenciamos no Brasil, em matéria de segurança pública, um trágico paradoxo. De um lado, os elevados índices de
criminalidade e o sentimento generalizado de impunidade têm levado a população a um descrédito cada vez maior nas leis e nas
instituições. De outra parte, nunca se prendeu tanto como nos últimos tempos, sem que isso tenha refletido em mais segurança no dia a
dia.

3
Gilmar Ferreira Mendes (Diamantino, 30 de dezembro de 1955) é um jurista, magistrado e professor brasileiro.
É ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) desde 20 de junho de 2002, tendo presidido a corte entre 2008 e 2010. Foi indicado
pelo presidente da República Fernando Henrique Cardoso, em cujo governo exercera o cargo de advogado-geral da União desde janeiro
de 2000.

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De acordo com a última edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 4, em 2013, registramos 53.000 (cinquenta e
tres mil) mortes violentas, incluindo homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. No mesmo ano, foram
notificados 50.000 (cinquenta mil) estupros, cabendo considerar que nem todas as vítimas desse tipo de crime relatam o caso às
autoridades policiais. Isso sem contar os assaltos à mão armada, os sequestros, a corrupção, o narcotráfico, entre tantos outros crimes
igualmente graves.
Diante de cobranças da mídia e da opinião pública por soluções imediatas, a resposta das instituições tem se concentrado,
em regra, no agravamento de penas e de seu regime de cumprimento, Não é incomum, aqui e em outros países, a chamada legislação
simbólica. Em face do clamor público atiçado por algum crime grave, lança-se mão da fórmula mágica: “vamos aumentar a pena desse
crime”; “vamos transformar a corrupção em crime hediondo” e assim por diante, sem se atentar para o fato, cada vez mais evidente, de
que medidas dessa natureza pouco ou nada contribuem para a superação desse quadro.
Temos hoje, no país, 574 mil pessoas encarceradas em penitenciárias e cadeias públicas, em condições sub-humanas, sem
nenhuma perspectiva de recuperação. Isso, contudo, não quer dizer que o sistema punitivo esteja funcionando a contento, já que cerca
de 40% da população carcerária é de presos provisórios aguardando julgamento, muitos por longo tempo, às vezes anos, sem sequer
condenação em primeira instância.
A questão prática que se coloca são indagações acerca de quantos inquéritos são transformados em denúncia, quantas
denúncias resultam efetivamente em condenação e se as penas fixadas estão sendo adequadamente cumpridas. São indagações que
dizem respeito, em grande parte, ao funcionamento do sistema de Justiça. Seria mais interessante, portanto, aproveitar momentos assim
para um completo diagnóstico sobre a Justiça Criminal, que tem graves problemas de funcionalidade, para que se possa identificar e
corrigir distorções.
Tenho sustentado que a falência crônica do sistema prisional é tema prioritário de segurança pública. Trata-se de assunto,
todavia, indissociável de outros temas que também exigem especial atenção, como, por exemplo, a prevalência de prisões provisórias
em detrimento de outras medidas, a excessiva demora nos julgamentos, a aplicação de penas privativas de liberdade a crimes de menor
gravidade, enfim, a temas que, em última análise, dizem respeito à eficiência e racionalidade da Justiça Criminal e que, também, estão
relacionados à questão da segurança pública.
Nesse sentido, podemos iniciar com algumas considerações sobre a cultura da prisão como remédio à impunidade e os
efeitos adversos que se tem constatado. Cabe observar, desde logo, que a contrariedade à lei e à Constituição escancara-se diante das
péssimas condições dos presídios, em situações que vão desde instalações inadequadas até maus-tratos, agressões sexuais,
promiscuidade, corrupção e inúmeros abusos de autoridade, verdadeiras escolas do crime controladas por facções criminosas. Não é de
se estranhar, portanto, que muitas dessas pessoas, quando soltas, voltam a praticar novos crimes, às vezes bem mais graves do que o
cometido pela primeira vez.
Agregue-se a isso que a progressão de regime no cumprimento de penas no Brasil, concebida como modelo de
reintegração do preso à sociedade, não passa de pura ilusão. Em razão da absoluta escassez de estabelecimentos prisionais apropriados
para os regimes aberto e semiaberto, as penas acabam sendo cumpridas, na prática, em regime fechado, não raro em estabelecimentos
sob o comando dos próprios presos, ou em prisão domiciliar sem nenhum tipo de fiscalização, como se constatou em recente audiência
pública no Supremo Tribunal Federal.
Na outra ponta do problema, a evidenciar ainda mais a iniquidade do sistema, convivemos com o fato de que os
denunciados que respondem a processo em liberdade acabam, muitas vezes, em razão da prioridade conferida a processos de
denunciados presos, não sofrendo punição alguma. Com a excessiva demora no julgamento desses processos, em todas as instâncias,
muitos crimes acabam atingidos pela prescrição. A extinção da punibilidade representa, nesses casos, uma grande derrota para o sistema
e uma irreparável erosão na credibilidade da Justiça.
Sobre o modelo de prisão provisória, travamos uma luta intensa no Conselho Nacional de Justiça, concebendo, inclusive,
o projeto de lei que resultou na Lei 12.403/2011, para que aprovássemos as medidas cautelares alternativas à prisão provisória. Até
hoje, contudo, não se identificam os reflexos dessa alteração.
A toda hora deparamos, no STF, com situações de prisão provisória que poderia ter sido substituída por alguma medida
alternativa. Há uma série de medidas cautelares previstas na referida Lei, entre elas, o monitoramento eletrônico, medida, contudo,
ainda pouco utilizada e que, se adequadamente implantada, poderia reduzir, significativamente, a superlotação carcerária.
Ainda sobre o tema, tenho insistido, também, na apresentação do preso em flagrante ao juiz, em curto prazo, para que o
magistrado possa avaliar, de forma mais eficaz, as condições em que foi realizada a prisão e se é de fato imprescindível a sua conversão
em prisão preventiva. Trata-se de medida prevista em tratados internacionais já incorporados ao direito interno, mas que ainda encontra
alguma resistência em sua aplicação, por razões atinentes, sobretudo, a dificuldades operacionais. Pensamos, todavia, que objeções
dessa natureza poderiam ser superadas, por exemplo, com a dispensa da apresentação nos casos em que o juiz, quando da comunicação
do flagrante, já puder aplicar, desde logo, alguma cautelar alternativa à prisão.

4
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ano 8, 2014.

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Há inúmeros casos de prisões provisórias com excesso de prazo, sem conclusão da instrução e sem sentença de primeiro
grau. Muitos desses presos, quando sentenciados, acabam absolvidos ou condenados a penas alternativas, o que denota que o
encarceramento no decorrer do processo, devido à demora no julgamento, acaba por se mostrar, nesses casos, muito mais grave que a
própria pena, em clara dissonância com o princípio da proporcionalidade.
Por outro lado, a demora no julgamento reflete, substancialmente, na própria pauta dos Tribunais Superiores, como revela
o elevado número de habeas corpus em tramitação no Superior Tribunal de Justiça, aproximadamente 200 mil. Como grande parte
desse acervo tem por objeto a concessão de liberdade provisória por excesso de prazo, mostra-se clara, de novo, a necessidade de se
repensar não só o atual modelo de prisão cautelar, como, também, todo o sistema de Justiça Criminal.
A Justiça Criminal é pressuposto imanente a qualquer política de segurança pública. Nenhum programa de redução da
criminalidade terá eficácia se não levar em conta a efetividade de seu funcionamento. Partindo-se dessa premissa, é possível avançar no
entendimento de que o aprimoramento da Justiça Criminal não é tema isolado de responsabilidade exclusiva do Poder Judiciário desta
ou daquela unidade federativa. Um eficaz plano de melhorias do sistema deve englobar o trabalho harmônico de todos os entes estatais
responsáveis pela segurança pública.
Há na, Constituição Federal, diversos dispositivos sobre segurança pública que indicam essa responsabilidade
compartilhada, como a previsão de que a segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos (art. 144), exercida
por intermédio da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Ferroviária Federal, das polícias civis e militares e dos
corpos de bombeiros militares, a partir de lei que discipline sua organização e funcionamento de maneira a garantir a eficiência de suas
atividades (art. 144, §7º). Prevê a Constituição, ainda, a criação, pelos Municípios, de guardas municipais destinadas à proteção de seus
bens, serviços e instalações (art. 144, §8º).
Além disso, cumpre à União legislar privativamente sobre direito penal e processo penal (art. 22, I), sobre requisições
civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra (art. 22, III), sobre convocação e mobilização das polícias militares
e corpos de bombeiros militares (art. 22, XXI), sobre competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais (art.
22, XXII).
União, Estados e Municípios detêm, portanto, nesse campo, atribuições próprias e conexas que podem e devem ser
exercidas de forma coordenada com indispensável senso de cooperação. No caso dos Municípios, podemos citar, por exemplo, a
possibilidade de atuação conjunta entre suas guardas municipais e as demais forças de segurança pública. Nesse contexto, um sistema
integrado de segurança pública e Justiça Criminal poderia ser pensado, por exemplo, em termos de um federalismo cooperativo,
cabendo a União assumir, em razão do seu vasto leque de responsabilidades nessa matéria, a responsabilidade de coordenar e organizar
esse novo enfoque de atuação.
Todo esse quadro legitima o que aqui se propõe: é preciso uma estratégia global de segurança pública que contemple,
com especial prioridade, o inadiável aprimoramento da Justiça Criminal. É preciso pensar, com urgência, em soluções que imprimam
maior celeridade no julgamento das ações penais e uma completa reestruturação do sistema prisional.
Esse seria o caminho. O CNJ já vem fazendo isso, por exemplo, nas ações relativas a atos de improbidade, dando
prioridade ao acompanhamento desses processos. É preciso verificar qual a estrutura adequada para as varas criminais, as condições de
trabalho de juízes e servidores, os recursos matérias disponíveis, entre outros temas relevantes para um melhor funcionamento da
Justiça Criminal. Os próprios juízes, a partir de suas experiências e das dificuldades enfrentadas no exercício da jurisdição criminal,
muito poderiam contribuir com sugestões para melhoria do sistema.
Quando estávamos à frente do CNJ, firmamos, em 2010, com o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e o
Ministério da Justiça, a Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (ENASP), que teve como foco, inicialmente, os crimes de
homicídio. Após a análise de 135 mil inquéritos que investigam homicídios dolosos instaurados no Brasil até o final de 2007,
descobriu-se que apenas 43 mil foram concluídos. Dos concluídos, pouco mais de oito mil se transformaram em denúncia. Ou seja,
mais de 80% dos inquéritos de homicídios foram arquivados. Com o conhecimento dessa realidade, foi possível estabelecer metas que
hoje podem ser acompanhadas, em tempo real, nos sites do CNJ e do CMMP.
A partir dessa experiência, poderíamos pensar, em relação ao tema deste artigo, na ampliação do foco de atuação da
SENASP, de forma a incluir em seu programa de trabalho, como meta prioritária, o mapeamento dos principais gargalos enfrentados
pela Justiça Criminal, com a indicação de ações concretas que possam reduzir a morosidade nos julgamentos, bem como uma profunda
reavaliação da cultura de prisões provisórias e dos regimes de cumprimento de penas. O CNJ e o CNMP muito poderão contribuir para
as esperadas melhorias nessa área por meio de monitoramento conjunto e mais efetivo em relação a certos gargalos, coordenando,
inclusive, o aporte de recursos.
É claro que ações dessa natureza, em âmbito nacional, devem contar com alguma fonte de recursos específicos. Nesse
sentido, poderíamos, pensar, também, em algum fundo de segurança pública que pudesse atender prontamente, por exemplo, há
situações mais sensíveis em Estados com notória carência de recursos.
Nessa linha, poderíamos pensar, ainda, em uma possível reformulação do Fundo Penitenciário (FUNPEN), gerido pelo
Ministério da Justiça, com a sua transformação em fundo de segurança pública, com alguma forma de incremento em suas fontes de

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custeio, redefinição de suas finalidades e proibição de contingenciamento dos recursos disponíveis. É incompreensível que diante da
falta de vagas no sistema prisional, os recursos FUNPEN ainda sejam passíveis de contingenciamentos, como infelizmente tem
ocorrido. Dados recentes do Ministério da Justiça indicam que esse Fundo dispõe de cerca de R$ 1,065 bilhão e recebe, em média, R$
300 milhões por ano. Em 2013, o FUNPEN foi autorizado a investir R$ 384,2 milhões, mas apenas 10,6% desse valor foi efetivamente
empregado.
Enfim, a modernização do sistema de Justiça e uma completa reestruturação do sistema prisional são temas prioritários
na busca de soluções que possam reverter, em grande parte, o atual quadro de insegurança pública. Nesse contexto, afigura-se
fundamental que se proceda, sem mais tardar, a uma profunda reavaliação da estrutura e funcionamento da Justiça Criminal para que
possamos ter, também nessa área, um Judiciário bem mais moderno e eficiente.
Esta coluna é produzida pelos membros do Conselho Editorial do Observatório da Jurisdição Constitucional (OJC), do
Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Acesse o portal do OJC (www.idp.edu.br/observatorio).
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2015-abr-04/observatorio-constuticional-seguranca-publica-justica-
criminal>. Acesso em 07 de ago de 2018.

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9. Breve histórico da polícia comunitária

Surgimento do policiamento comunitário


O policiamento comunitário surgiu da necessidade de uma aproximação entre a polícia e a comunidade e “cresceu a
partir da concepção de que a polícia poderia responder de modo sensível e apropriado aos cidadãos e às comunidades” ( SKOLNICK,
2003:57). Esse pensamento surgiu entre 1914 e 1919, em Nova Iorque, com o objetivo de mostrar às camadas mais baixas do
policiamento “uma percepção de importância social, da dignidade e do valor do trabalho do policial ( SKOLNICK, 2003). O
pensamento inicial era o de que um público esclarecido beneficia a polícia de duas maneiras: se o público entendesse a complexidade
do trabalho policial passaria a respeitá-lo e se entendesse as dificuldades e o significado dos deveres do policial, ele poderia promover
recompensas pelo desempenho policial consciente e eficaz.
O primeiro passo foi atrair os jovens, que eram “presenteados” com distintivos de policial júnior, treinados e convidados
a ajudar a polícia relatando violações da ordem em seus bairros, policiais “mais fluentes” visitavam escolas e explicavam aos alunos
que “o verdadeiro trabalho policial era mais do que apenas prender pessoas, que também significava melhorar o bairro, torná-lo mais
seguro, melhor e um lugar onde se pudesse viver mais feliz”. (SKOLNICK, 2003). Nessa mesma época, a polícia criou “ruas de lazer”
onde colocavam barreiras durante várias horas do dia, em cada quarteirão, barrando o tráfego. Os jovens então podiam brincar fora de
casa sem o perigo do trânsito. Os locais escolhidos normalmente eram aqueles onde as mães trabalhavam fora e não tinham tempo para
cuidar dos filhos. Cada policial era responsável pelas condições sociais de uma rua ou de um bairro. Devido à alta taxa de desemprego
nessa época e a possibilidade dos desempregados entrarem para o crime, as delegacias eram utilizadas como lugares para distribuir
informações sobre vagas industriais e sociais e os moradores desempregados podiam pedir ajuda a polícia para conseguir emprego.
Em uma segunda fase, a filosofia do policiamento comunitário ganha força, o que ocorreu nas décadas de 70 e 80. Isso se
deu quando as organizações policiais em diversos países da América do Norte e da Europa Ocidental começaram a promover uma série
de inovações na sua estrutura e funcionamento, principalmente na forma de lidar com o problema da criminalidade. As polícias, em
vários países, promoveram alterações significativas, cada uma com suas características. Para alguns estudiosos, as experiências e
inovações são geralmente reconhecidas como a base de um “novo modelo de polícia”, orientado para uma nova visão de policiamento,
mais voltado para a comunidade. Esse tipo de policiamento difere-se dos demais, pois seu objetivo principal é a aproximação entre a
polícia e a comunidade. Uma polícia mais humana e mais legítima que busca uma ligação entre anseios e objetivos por meio de ações
práticas e efetivas que possam amenizar os problemas causados pela criminalidade. Disponível em:
<https://aderivaldo23.wordpress.com/tag/historia-do-policiamento-comunitario-no-brasil/> Acesso em 04 de agosto de 2018.

10. A polícia comunitária como filosofia de um trabalho integrado;


Conceito de Polícia Comunitária
Autor: Cap. PM Luciano Quemello Borges (PMESP).

Para implantar a Polícia Comunitária é preciso, antes de tudo, entender seu conceito.
“Polícia Comunitária é uma filosofia e uma estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a
população e a polícia. Tal parceria se baseia na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas para
identificar, priorizar e resolver problemas contemporâneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e morais, e em
geral a decadência do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral de vida da área.” (TROJANOWICZ; BUCQUEROUX,
1994, p. 4-5, grifo nosso)
É possível abstrair do conceito anterior (TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 1994) que a Polícia Comunitária é uma
filosofia (do modo que se relaciona à maneira de pensar) e uma estratégia (portanto, conecta-se ao modo de agir) organizacional (de
toda a organização).
A Polícia Comunitária provoca uma mudança tanto no campo da abstração (nos pensamentos) quanto na concretude das
ações de todos os membros e da própria organização, no sentido de que polícia e comunidade devem “trabalhar juntas” (unidas) na
identificação, priorização e resolução dos problemas (de crime, medo e desordem), com o objetivo final de melhorar a qualidade de
vida na área.
Ainda de acordo com Trojanowicz e Bucqueroux (1994), a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), por meio da sua
atual diretriz de Polícia Comunitária – DPSSP 3.01.06/2011 (2011, p. 20-21) –, subdivide esse conceito em seis partes fulcrais (clique
nos itens abaixo e conheça cada uma delas):
Filosofia - Pode ser definida como o estudo geral sobre a natureza das coisas e suas relações entre si, ou ainda, como
uma forma de compreender e pensar sobre determinado assunto.
Estratégia - É a arte de usar os meios disponíveis ou as condições que se apresentam para atingir determinados objetivos
– ou, também, a forma de fazer e de utilizar recursos para atingir certa finalidade.
Organizacional - Da organização, no caso específico, da Polícia Militar. No entanto, como vimos anteriormente, pode-se
aplicar a qualquer estrutura que possua uma função policial, de fiscalização ou de atendimento à comunidade.

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Parceria - É a reunião de uma ou mais pessoas para um fim de interesse comum ou ação de mais de um ator para
alcançar um objetivo comum a todos os atores sociais.
Problema - Definido basicamente como uma questão levantada para consideração, discussão, decisão ou busca de
solução.
Qualidade de vida - Conjunto de condições ou situações que delineiam o viver e o conviver do cidadão na comunidade.
Observe que o conceito se encerra reafirmando a lógica comunitária, quando fala do objetivo de melhorar a qualidade
de vida geral da área. Isto é, atender às peculiaridades do espaço territorial específico de uma dada comunidade. Assim, a Polícia
Comunitária sai de um modelo fixo-societário (delineado para atender toda uma sociedade, como se essa fosse homogênea), para
assumir um modelo customizado (descentralizado/personalizado) às demandas e aos anseios de cada comunidade em particular.
Dentro dessa perspectiva dialética* de construção do conhecimento, é necessária a apresentação de um novo conceito
que agrega uma compreensão síntese da nossa discussão:
Polícia Comunitária é a cultura de união entre comunidade e polícia, objetivando o desenvolvimento de ações
eficientes para a redução de fatores ofensivos à segurança pública. (Brasil, 2017)
Na prática, Polícia Comunitária (como filosofia de trabalho) difere do policiamento comunitário (ação de policiar junto à
comunidade). Polícia Comunitária deve ser interpretada como:
Filosofia organizacional, indistinta a todos os órgãos de polícia, pertinente às ações efetivas com a comunidade.
A ideia central da Polícia Comunitária é propiciar uma aproximação dos profissionais de segurança junto à comunidade
onde atua, como um médico, um advogado local ou um comerciante da esquina, ou seja, criar condições para que a polícia possa ser
vista não apenas como um número de telefone ou uma instalação física referencial. Para isto é isto necessário um amplo trabalho
sistemático, planejado e detalhado.
A Polícia e a mobilização da Comunidade
No âmbito da Polícia Comunitária a mobilização não é tarefa fácil, pois exigirá que polícia e comunidade possam
trabalhar integradas.
Quais são os aspectos que colaboram para que esta integração aconteça? O que deverá ser observado? Qualquer tentativa
de trabalho ou programa de Polícia Comunitária deve incluir, necessariamente, a comunidade, pois a sua participação é um fator
importante na democratização das questões de Segurança Pública, na implementação de programas comunitários que proporcionam a
melhoria de qualidade de vida e na divisão de responsabilidades.
A compreensão da dinâmica da comunidade é essencial para a prevenção e controle do crime e da desordem, bem como o
medo do crime, porque o controle e a participação social informal (do coletivo, do grupo) são mais eficazes.

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Comunidade e Polícia
Todas as vezes, que grupos de cidadãos ou moradores se reúnem para encaminhar soluções para problemas comuns, o
resultado é bastante positivo. Na Polícia Comunitária não poderá ser diferente.
Grupo de cidadãos → discutem problemas →Resultado positivo
O problema é interpretar as possibilidades da comunidade e da polícia, por isso, é importante que reflita sobre as questões
a seguir levantadas por ambas:
COMUNIDADE
- Qual o papel da comunidade?
- A participação é total ?
- A comunidade participa apenas consertando viaturas ou reformando prédios?
- Apenas aqueles com recursos da comunidade participam privilegiando o serviço na porta de estabelecimentos
comerciais?
- A nossa participação será apenas para endossar as ações da polícia no bairro ou para participar das discussões ou
decisões na melhoria do serviço policial?
- Podemos envolver outros órgãos públicos na questão?
- Podemos elogiar ou criticar a polícia local em seus erros e acertos ?
- Teremos autonomia de ação para exigir ações dos poderes públicos locais?
- Seremos apoiados pela polícia nessas iniciativas?
- Enfim, a polícia quer ser mesmo comunitária ou é uma “fachada” política?
POLÍCIA
- Qual o papel da polícia ?
- É realizar ações democráticas que otimizem o envolvimento e comprometimento da comunidade?
- A exigência para a participação da comunidade será apenas para consertar viaturas ou reformar prédios?
- Ou melhor, servir de informante ou escudo às ações equivocadas de policiais, ou fonte de receitas para comerciantes em
serviços privilegiados de segurança?
- A polícia estará preparada para ouvir a comunidade (elogios aos seus integrantes, críticas ou sugestões)?
- A polícia admite a participação de outros órgãos públicos na questão?
- A polícia apoia as iniciativas da comunidade em melhorar a qualidade de vida ou é um instrumento apenas de “caça
bandido”?
- A polícia está preparada para conceder o seu “poder” à comunidade (entenda poder não o de polícia, mas o nome e as
possibilidades que a força policial tem no sentido do controle social informal, sem ser repressivo ou fiscalizatório)?
- Enfim, a polícia quer ser mesmo comunitária ou é uma “fachada” política?
Muitas vezes as comunidades não se mostram capazes de integrar os recursos sociais com os recursos do governo.
Existem tantos problemas sociais, políticos e econômicos envolvidos na mobilização comunitária que muitas comunidades se
conformam com soluções parciais, isoladas ou momentâneas (de caráter paliativo), evitando mexer com aspectos mais amplos e
promover um esforço mais unificado com resultados duradouros e melhores. A participação do cidadão, muitas vezes, limita-se às
responsabilidades de ser informado das questões públicas (ações da polícia), de votar pelos representantes em conselhos ou entidades
representativas e seguir as normas institucionais ou legais sem dar sugestões de melhoria do serviço.
Outro problema é o desconhecimento das características da comunidade local, pois as comunidades possuem
comportamentos e anseios diferentes. Independente de serem ricas ou pobres, agrícolas ou industriais, é importante descobrir os
anseios, o desejo de participação no processo e a motivação da comunidade para se integrar com a polícia.
A participação social no âmbito da segurança pública.
Conforme analisa Souza Neto (2008), a Constituição Federal de 1988, ao abordar a segurança pública como “direito e
responsabilidade de todos”, institui o fundamento jurídico dos arranjos institucionais que admitem a participação social na concepção
e no controle da gestão das políticas públicas nessa área.
A participação social, no âmbito da segurança pública, adquire relevância no contexto em que a preservação da ordem
pública democrática pressupõe uma ampliação dos atores sociais responsáveis pela área de segurança pública, para além das
organizações policiais.
No Brasil, esse novo paradigma de segurança cidadã emerge a partir da década de 1990, sobretudo através da constituição de
conselhos comunitários de segurança, redes de vigilância, políticas de prevenção ao crime, policiamento comunitário e da realização da
1ª Conferência Nacional de Segurança Pública.
De acordo com Godinho (2014), no âmbito da segurança pública, os arranjos institucionais classificados como participativos
devem cumprir os seguintes requisitos:
1. O fato de preverem a ocorrência de fóruns ou momentos deliberativos; 2. com o objetivo de impulsionar discussões
públicas e a resolução coletiva de problemas; 3. reunindo, para tanto, atores estatais e sociais, incluindo profissionais da segurança
pública; 4. em estruturas paritárias. (GODINHO, 2014, p. 547)
A mobilização e a participação social, na área da segurança pública, geralmente apresentam efeitos benéficos, segundo
analisa Cano (2006), a saber:
• efeitos sobre a concepção, gestão e acompanhamento dos programas, quanto à sua descentralização, democratização etc;
• o impacto preventivo que o crescimento das redes sociais e a melhora nas relações comunitárias podem implicar com

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relação ao temor e à violência, seja de forma indireta, ao reduzir o temor e estimular a ocupação dos espaços públicos, ou de forma
direta, ao promover a resolução pacífica dos conflitos cotidianos;
• uma mudança na percepção social da violência, que interiorize o novo paradigma da prevenção; (CANO, 2006, p.149)
Apesar das vantagens da participação social na segurança pública, há diversos obstáculos para a sua efetiva concretização,
tais como:
• falta de continuidade das iniciativas;
• imprevisibilidade dos resultados;
• restrição da participação apenas na esfera da retórica, nos discursos ou nos documentos oficiais, mas sem aplicação prática
• dificuldade de mobilização popular, sobretudo em comunidades com capital social deteriorado;
• problemas relacionados à representatividade - dificuldade de composição equilibrada das instituições e de seus respectivos
membros que efetivamente representam a sociedade e os interesses coletivos. (CANO, 2006).
Os conselhos comunitários de segurança pública
Os conselhos comunitários de segurança pública representam mais um exemplo de esforço governamental na direção da
democratização das políticas públicas dessa área. Configura um arranjo institucional que proporciona aproximar as instituições
policiais da sociedade, restaurando a credibilidade da polícia perante a população e transmitindo o sentimento de confiança e a
sensação de segurança e proteção.
Os Conselhos Comunitários de Segurança Pública são instâncias constituídas para que os gestores das organizações policiais
possam ouvir a população no que diz respeito às suas demandas por segurança ou por ordem pública. Os gestores policiais, por sua vez,
devem encaminhar as demandas apresentadas pela população a quem possui competência para a sua resolução. A população deve
cobrar dos gestores policiais o encaminhamento das providências e ainda os resultados das ações. (RIBEIRO e CORTES, 2009, p. 13)
Segundo analisa Souza Neto (2008), a busca de soluções comunitárias para os problemas de (in) segurança pode contribuir
tanto para a democratização do setor, quanto para aprimorar o controle do crime e melhorar a eficiência da atuação policial , a
despeito de problemas relacionados à descontinuidade, à baixa institucionalidade e à representatividade.
O policiamento comunitário
O policiamento tradicional, de maneira geral, consiste na resposta imediata a ocorrências criminais e incidentes
emergenciais. Apesar da relevância desse tipo de policiamento para minimizar os danos causados pela violência e criminalidade, essa
atividade isolada é ineficiente para a solução duradoura dos problemas de segurança pública. Para escapar desse ciclo, ao invés da
polícia atuar de forma pontual, exclusivamente quando o problema já eclodiu, a polícia pode ampliar o seu escopo e direcionar esforços
para encontrar soluções duradouras e prevenir os problemas de criminalidade.
O policiamento comunitário é uma alternativa de resolução de problemas geradores de crime e desordem que engloba a
participação social. O policiamento comunitário se orienta na direção da modernização das polícias. É um modelo de policiamento em
que a comunidade é o fundamento da organização da atividade policial. Pressupõe um relacionamento cooperativo entre a instituição
policial e a sociedade, através da efetiva integração entre policiais e cidadãos, seja para compartilhar informações, seja para identificar
problemas, prioridades e estratégias de resolução.
A comunidade é mobilizada e orientada para realizar medidas de autoproteção e para participar da resolução de problemas
que geram crimes, como, por exemplo, contribuir para a incorporação de iniciativas que visam diminuir os fatores de risco relacionados
à vulnerabilidade social. Ao invés do emprego da força e da prestação de serviços policiais emergenciais, privilegia-se a mediação de
conflitos, a prevenção do crime e o policiamento orientado para a solução de problemas.
O policial se converte em referência para a comunidade, participa das reuniões comunitárias, reivindica providências para os
problemas identificados e presta contas sobre o trabalho realizado, de modo que é necessário conferir ao policial de ponta maior
autonomia e poder decisório.
O Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (2009) destaca quatro característi cas comuns ao
policiamento comunitário, a saber:
1ª característica: relação de confiança: O policiamento comunitário só ocorre onde há uma relação de proximidade e
confiança recíproca entre polícia e população. Isso permite a realização de um trabalho conjunto no qual ambos compartilham as
tarefas e responsabilidades. Em locais onde essa relação encontra-se deteriorada ou não existe, o primeiro esforço deve ser para
desenvolver estratégias que favoreçam a aproximação e a confiança entre ambos.
2ª característica: descentralização da atividade policial: Para que o policial contribua para o 25

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bem-estar da comunidade, é necessário que ele esteja integrado às pessoas que nela vivem, conheça o seu cotidiano e tenha
alguma autonomia para tomar iniciativas nas atividades de segurança local. Essa interação com a comunidade permite que o policial
conheça as lideranças locais e levante informações fundamentais para o seu trabalho.
3ª característica: ênfase nos serviços não emergenciais: No policiamento comunitário, as atividades são orientadas,
prioritariamente, para a prevenção do crime e resolução de conflitos na sua origem, tendo como base a comunidade. Através do
trabalho preventivo, tanto a comunidade assume um papel mais ativo em relação à segurança como a polícia assume funções que não se
limitam apenas à repressão ou aos atendimentos emergenciais. O trabalho preventivo é fundamental, porque, quando bem realizado,
suas ações possuem grande poder para minimizar ou, até mesmo, evitar que problemas se desdobrem em situações mais complexas e de
maior perigo. Isso, consequentemente, diminui, inclusive, a demanda da polícia por atendimentos emergenciais.
4ª característica: ação integrada entre diferentes órgãos e atores: No policiamento comunitário, as ações não são
realizadas apenas pela polícia. [...] Além da participação da comunidade é necessário também buscar a colaboração de outros
representantes públicos, como prefeitura, hospitais, escolas, concessionárias de energia e saneamento, Ministério Público, Ouvidorias
de Polícia, entre outros. Essa coordenação de diversas instituições é fundamental, porque muitos problemas de segurança exigem
providências que não dizem respeito apenas à polícia, mas também a outros serviços públicos. O resultado desse esforço conjunto
acaba sendo um novo olhar e uma nova atitude diante dos problemas de segurança e do próprio trabalho policial. (NÚCLEO DE
ESTUDOS DA VIOLÊNCIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2009, p. 15 - 16)

11. A comunidade como “Locus Privilegiado”;


A complexidade e a fragmentação da realidade social são traços da contemporaneidade impressos nas esferas mundial e
local. Em toda sociedade, porém, há agrupamentos humanos unidos por diversas identidades, dentre elas a territorial, que confere à
comunidade o status de locus privilegiado para o desenvolvimento de programas de transformação social.
Essa identidade territorial, segundo Kisil, é vivenciada onde os indivíduos ou grupos sociais mais facilmente reconhecem
como pertencentes a uma mesma comunidade (...). A fonte mais imediata de autorreconhecimento e organização autônoma é o
território. As pessoas identificam-se com os locais onde nascem, crescem, vão à escola, têm seus laços familiares, enfim se socializam e
interagem em seu ambiente local, formando redes sociais com seus parentes, amigos, vizinhos, organizações da sociedade civil e
autoridades do governo.5
No mesmo sentido, o Programa Justiça Comunitária adota a comunidade como esfera privilegiada de atuação, porque
concebe a democracia como um processo que, quando exercido em nível comunitário, por agentes e canais locais, promove inclusão
social e cidadania ativa, a partir do conhecimento local. É na instância da comunidade que os indivíduos edificam suas relações sociais
e podem participar de forma mais ativa das decisões políticas. É nesse cenário que se estimula a capacidade de autodeterminação do
cidadão e de apropriação do protagonismo de sua própria história.
O conceito de comunidade Em meio à vasta literatura sociológica dedicada a conceituar comunidade, a definição talhada
por Lycia e Rogério Neumann revela-se bastante útil para este trabalho, considerando a sua objetividade: Comunidade significa um
grupo de pessoas que compartilham de uma característica comum, uma <comum unidade> que as aproxima e pela qual são
identificadas.6
Conforme os próprios autores alertam, em geral, a unidade comum é a região onde as pessoas vivem, mas nada impede
que uma comunidade seja constituída a partir de interesses e/ou causas partilhados. De qualquer sorte, no núcleo do conceito está
localizada a ideia de identidade compartilhada. Neste trabalho, a denominação comunidade será atribuída aos agrupamentos humanos
que vivem na mesma localização geográfica e que, nessa condição, tendem a partilhar dos mesmos serviços (ou da ausência deles),
problemas, códigos de conduta, linguagem e valores.
A partilha territorial, entretanto, não leva necessariamente à construção de uma comunidade coesa socialmente. Essa
característica vai depender do grau de conexão entre seus membros e de sua capacidade de promover desenvolvimento local, ou seja,
de seu capital social.
O capital social se verifica de acordo com o grau de coesão social que existe nas comunidades e que é demonstrado nas
relações entre as pessoas ao estabelecerem redes, normas e confiança social, facilitando a coordenação e a cooperação para o benefício
mútuo. 7
Segundo Robert C. Chaskin8 , a aferição da coesão social de uma comunidade se dá a partir da análise de quatro
elementos, a saber:
1) senso de comunidade ou grau de conectividade e reconhecimento recíproco;
5
KISIL, Marcos. Comunidade: foco de filantropia e investimento social privado. São Paulo: Global; Instituto para o Desenvolvimento
Social (IDIS), 2005. p. 38.
6
NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns. Repensando o investimento social: a importância do
protagonismo comunitário. São Paulo: Global; Instituto para o Desenvolvimento Social (IDIS), 2004. p. 20-21. (Coleção Investimento
Social).
7
AUSTRALIAN BUREAU OF STATISTICS, Social capital and social wellbeing, apud NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos;
NEUMANN, Rogério Arns, Repensando o investimento social: a importância do protagonismo comunitário, cit., p. 47.
8
CHASKIN, Robert J. Defining community capacity: a framework and implications from a comprehensive community initiative, apud
NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns, Repensando o investimento social: a importância do
protagonismo comunitário, cit., p. 24.

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2) comprometimento e responsabilidade de seus membros pelos assuntos comunitários;


3) mecanismos próprios de resolução de conflitos;
4) acesso aos recursos humanos, físicos, econômicos e políticos, sejam locais ou não.
Onde há coesão social, há identidade compartilhada, cuja criação depende da mobilização social e do envolvimento com
os problemas e soluções locais. Há, portanto, segundo Putman 9 , um ciclo virtuoso entre capital social e desenvolvimento local
sustentável. Nesse sentido, desenvolver comunidade é um processo que agrega valores éticos à democracia e constrói laços de
solidariedade.10
Conhecendo o locus. O mapeamento social
Primeiramente, é preciso definir o que se pretende com o mapeamento social, a fim de que os formulários de
identificação e cadastramento dos dados sejam elaborados de maneira a veicular as perguntas adequadas. Nesse sentido, é importante
ressaltar que o mapa a ser confeccionado não se resume a uma fotografia momentânea dos elementos identificados, mas deve ser um
guia para subsidiar o diálogo entre essas informações, para servir de base a uma permanente animação de redes sociais.
Para o Programa Justiça Comunitária do Distrito Federal, a identificação das organizações sociais é fundamental para
servir de referência para:
a) o processo de seleção de novos agentes comunitários;
b) o encaminhamento dos participantes para a rede social, quando a solução do conflito assim o demandar;
c) o conhecimento das circunstâncias que envolvem os problemas comunitários; e,
d) a constituição de novas redes sociais ou o fortalecimento e a animação das já existentes, quando a demanda ostentar
potencial para tanto.
No decorrer da execução do Programa Justiça Comunitária do Distrito Federal, as dificuldades enfrentadas na confecção
desse mapeamento foram inúmeras, desde a carência de recursos humanos em especial na fase inicial até a dificuldade de se traçar uma
estratégia de animação de redes sociais, quando toda a prioridade do Programa estava voltada para a capacitação dos agentes
comunitários nas técnicas de mediação.11
Apesar das dificuldades, o Programa conseguiu reunir, com a colaboração de alguns agentes comunitários, informações
relevantes para a confecção do mapa, sem contudo estabelecer uma conexão entre elas. Na ausência de um planejamento prévio aliado
a uma clara estratégia metodológica de conexão entre essas informações, os dados coletados não se comunicaram.
Com o propósito de suprir essa lacuna, o Programa está desenvolvendo um passo a passo 12 como estratégia para a
confecção permanente do mapeamento social das duas cidades-satélites, o qual contém as seguintes fases:
a) definir a área geográfica a ser mapeada com limites claros;
b) definir as fontes de informação e a metodologia adequada (documentos de órgãos oficiais, visitas às instituições,
entrevistas pessoais ou por telefone, entre outras);
c) recrutar os agentes comunitários para a coleta dos dados e estimular que o façam com o auxílio de alguns moradores; 13
d) criar um formulário para a identificação e o cadastramento; 14
e) organizar um banco de dados apto a promover o cruzamento dessas informações.
A fim de adotar uma metodologia coerente com a estrutura do Programa, a equipe interdisciplinar reduziu a área e as suas
expectativas objeto do mapeamento, transformando essa tarefa de difícil execução em algo viável, envolvente e eficiente. A partir dessa
redução e da consciência de que a cartografia social é uma atividade em permanente construção, adequaram-se as etapas desse processo
à capacidade estrutural, para não gerar novas frustrações.
A definição territorial da área mapeada e de suas limitações obedeceu ao critério de local de moradia de cada agente
comunitário, o que possibilitou, inclusive, maior inserção dos agentes em sua comunidade. Optou-se por localizar deficiências e
necessidades, mas também talentos, habilidades e recursos disponíveis. Essa estratégia possibilita que o mapeamento sirva de espelho
para a comunidade que, ao se olhar, tenha consciência de seus problemas, mas também conheça as suas potencialidades, o que é
essencial para a construção de uma identidade comunitária.
Esse método também torna possível investigar em que medida as soluções para os problemas comunitários já existem ali
mesmo, exatamente naquela comunidade que, por razões histórico-estruturais de exclusão social, não enxerga nenhuma solução para os
9
PUTNAM, Robert D. Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio
Vargas, 2005. p. 186.
10
KISIL, Marcos, Comunidade: foco de filantropia e investimento social privado, cit., p. 51.
11
Hoje, a avaliação é a de que o fato de o Programa ostentar três pilares não significa necessariamente que eles devam ser construídos
um a um. Havendo uma estrutura mínima, o ideal é que os três sustentáculos de um programa de justiça comunitária sejam
desenvolvidos em conjunto, uma vez que há íntima relação entre eles. A título de exemplo, é a partir de uma programação eficiente das
atividades voltadas à animação de redes sociais que se podem atrair demandas para a mediação efetivamente comunitária, com largo
impacto social.
12
A formulação desse passo-a-passo foi uma adaptação da experiência desenvolvida pela equipe psicossocial do Programa Justiça
Comunitária da sistematização sugerida por Lycia Tramujas Vasconcellos Neumann e Rogério Arns Neumann (Desenvolvimento
comunitário baseado em talentos e recursos locais ABCD. São Paulo: Global; Instituto para o Desenvolvimento Social (IDIS), 2004).
20. O Programa Justiça Comunitária conta
13
O Programa Justiça Comunitária conta com alguns amigos do Programa. Em geral, são ex-agentes comunitários que, por alguma
razão, desligaram-se do Programa sem, contudo, deixarem de contribuir para a realização de atividades pontuais.
14
Ver Anexo I.

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seus problemas, senão por meio do patrocínio de uma instituição externa àquele habitat. Essa conexão entre problemas e soluções
promove um senso de responsabilidade pela comunidade como um todo, o que cria uma espiral positiva de transformação social. 15
Para que essa conexão efetivamente aconteça, é indispensável que o processo de mapeamento não tenha por objetivo tão-
somente a confecção de um banco de dados, repleto de informações úteis, porém sem ligação entre si. A construção permanente do
banco de dados é, sobretudo, um meio de fortalecer relações e criar novas parcerias.
Segundo Lycia e Rogério Neumann, ao identificar os recursos locais, os moradores passam a conhecer o potencial de
sua comunidade e começam a estabelecer novas conexões, ou fortalecer as já existentes, entre os indivíduos, seus grupos e as
instituições locais, assim como entre esses atores, e as causas que são importantes para o desenvolvimento daquela comunidade. 16
Nesse sentido, apresenta-se a seguir as informações a serem coletadas para o mapeamento social do Programa Justiça
Comunitária. Esse processo, sob essa nova formatação, teve início em 25 de agosto de 2006. 17
RECURSOS DISPONÍVEIS 18
Associação de Moradores
Estas organizações são fundamentais por sua capilaridade e pelo potencial de produzir capital social e
protagonismo comunitário, ou seja, por sua capacidade de mobilização em torno de interesses e valores comuns. É um
contraponto à cultura de dependência de apoio institucional externo. É interessante que a identificação das associações inclua a
informação sobre seu funcionamento (local, periodicidade de reuniões, dentre outros) bem assim as suas realizações.
Instituições em geral
Entidades públicas = escolas, hospitais, postos de saúde, parques, bibliotecas, etc.; Associações e instituições =
igrejas, clubes, cooperativas, centros comunitários, etc. O elenco destas instituições deve ser acompanhado de um levantamento
quanto ao acervo de recursos que cada uma delas pode oferecer. Por exemplo, é importante registrar se uma escola pública
possui e/ou está disposta a oferecer salas para reuniões abertas aos finais de semana, computadores, cursos de alfabetização de
adultos, quadras de esportes, educadores voluntários, conselhos de pais e mestres, sinergia entre a escola e a comunidade,
organização estudantil, etc. 19
Habilidades pessoais
Em toda comunidade, é possível identificar líderes, voluntários, bordadeiras, cozinheiras, artistas, educadores,
mediadores natos de conflitos, etc. Essas pessoas, entretanto, muitas vezes estão soltas e poderiam potencializar seus talentos se
firmassem parcerias ou simplesmente se tivessem maiores oportunidades de expressar as suas habilidades. O mapeamento pode
auxiliar no desencadeamento desse processo.
DIFICULDADES
É indispensável que o formulário de informações coletadas para a confecção do mapa tenha um espaço destinado
ao registro dos problemas da comunidade, segundo a perspectiva da própria comunidade. Além disso, é interessante classificar o
problema de acordo com a sua natureza: estrutural, social, pessoal 20. Essa classificação, quando efetuada pelo próprio agente
comunitário, em comunhão com as pessoas entrevistadas, pode provocar uma reflexão importante sobre o contexto nos quais
repousam os conflitos individuais ou coletivos daquela comunidade. Assim, problemas como desemprego, analfabetismo,
ausência de saneamento, falta de hospitais e escolas, violência doméstica, crianças de rua, crime organizado, gangues de jovens,
alcoolismo, evasão escolar, crimes, abuso infantil, problemas psicológicos, dentre outros, comporão um mosaico útil para
impulsionar uma reflexão coletiva acerca de suas circunstâncias.

Embora não haja um momento de conclusão do mapeamento social, eis que se trata de um processo permanente na
mesma medida da dinâmica social, é fundamental que os resultados parciais sejam objeto de partilha e debate na comunidade. Além
disso, é importante que, periodicamente, sempre que possível, haja uma análise dos resultados alcançados a partir da confecção do
mapa, tais como parcerias, empreendimentos ou eventos desencadeados a partir desse processo.

12. As redes sociais com foco nas ações comunitárias;


Animação de redes sociais
As redes sociais
As redes sociais são a expressão dos contornos da contemporaneidade. Para Manuel Castells, redes constituem a nova
morfologia social de nossas sociedades, e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos
15
NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns, Desenvolvimento comunitário baseado em talentos e
recursos locais ABCD, cit., p. 26.
16
.Ibidem, p. 23
17
. Nessa data teve início o semestre letivo de 2006 da Escola de Justiça e Cidadania, oportunidade em que se apresentou a nova
metodologia de captação das informações relativas à comunidade, a fim de que os agentes comunitários possam contribuir de maneira
mais efetiva para a confecção do mapeamento social.
18
NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcelos; NEUMANN, Rogério Arns, Desenvolvimento comunitário baseado em talentos e recursos
locais ABCD, cit., p. 53-61.
19
Ibidem, p. 64
20
. Ibidem, p. 24.

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processos produtivos e de experiência, poder e cultura 21. O padrão de organização em rede caracteriza-se pela multiplicidade dos
elementos interligados de maneira horizontal. Os elos de uma rede se comunicam voluntariamente, sob um acordo intrínseco que revela
os traços de seu modus operandi: o trabalho cooperativo, o respeito à autonomia de cada um dos elementos, a ação coordenada, o
compartilhamento de valores e objetivos, a multiliderança, a democracia e, especialmente, a desconcentração do poder. 22
Há um processo simbiótico entre participação política, exercício da autonomia e solidariedade entre os membros de uma
comunidade organizada em rede. As redes permitem maximizar as oportunidades para a participação de todos, para o respeito à
diferença e para a autoajuda em um contexto de mútua assistência. Participação traz mais oportunidade para o exercício dos direitos
políticos e das responsabilidades. Para se ter acesso aos recursos comunitários, o nível de atividade e de compromissos dos grupos
sociais aumenta e a autoestima cresce, após a conquista de mais direitos e recursos. Há uma reciprocidade entre os vários componentes
dessa cadeia ecológica, na medida que implica retroalimentação. 23
Castells declara que o principal agente da mudança atual é um padrão de organização e intervenção descentralizada e
integrada em rede, característica dos novos movimentos sociais. 24
A leitura de que as redes revelam novas formas de relações sociais também é compartilhada por Roberto Armando
Ramos de Aguiar, para quem as redes vão possibilitando a combinação de projetos, o enfraquecimento dos controles burocráticos, a
descentralização dos poderes, o compartilhamento de saberes e uma oportunidade para o cultivo de relações horizontais entre
elementos autônomos. 25
Essa nova estrutura que vai se consolidando como alternativa ao sistema oficial está associada à prática da mediação:
Como a verticalidade e as estruturas piramidais vão sendo confrontadas pelas redes, a solução dos conflitos tende a abandonar as
formas clássicas e judicializadas para admitir novas formas de composição de conflitos como a mediação, que consiste na possibilidade
de discussão mediada dos problemas para se chegar a um acordo final 26. Essas experiências permitem que a lógica da rígida estrutura
da linguagem judicial ceda lugar à retórica, à arte do convencimento, ao envolvimento. É o que ele denomina direito dialogal, que
respeita as diferenças e radicaliza a democracia. 27
Mas, afinal, diante da centralidade do mercado e da retração estatal que marcam os tempos atuais, em que malhas sociais
essas redes são construídas? Quais são os espaços possíveis para a reinvenção da emancipação? Para Sousa Santos, as sociedades
capitalistas são constituídas de seis estruturas, seis esferas de relações sociais, as quais produzem seis formas de poder, de direito e de
conhecimento de senso comum. São espaços centrais para a produção e reprodução das relações de poder, mas são também suscetíveis
de se converterem em lugares centrais de relações emancipatórias28, a partir de práticas sociais transformadoras. Apesar de cada esfera
guardar autonomia em relação às demais, posto que apresentam dinâmicas próprias, a ação transformadora em cada uma delas só pode
ser colocada em movimento em combinação com as demais. 29
Em cada espaço dessa estrutura multifacetada, a ação transformadora destina-se a construir condições para que os
paradigmas emergentes possam ser experimentados em oposição à reprodução dos velhos padrões de dominação. Esses espaços são os
seguintes: a) a esfera doméstica, cujo paradigma dominante é constituído pela família patriarcal, em contraposição à emergência da
democratização do direito doméstico, baseado na autoridade partilhada, na prestação mútua de cuidados, dentre outros; b) o espaço da
produção, no qual reina o expansionismo capitalista a ser transformado em um novo padrão pautado em unidades de produção baseadas
em cooperativas autogeridas; c) o mercado, no qual o consumo voltado para as satisfações individualistas possa ser direcionado para as
necessidades humanas, por meio do estímulo a um consumo solidário; d) o espaço comunitário propriamente dito, em que a sociedade
21
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Tradução de Roneide Venâncio Mayer com a colaboração de Klauss Brandini Gerhardt.
3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 497 (A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, v. 1).
22
MARTINHO, Cássio. O projeto das redes: horizontalidade e insubordinação. Aminoácidos, Brasília, Agência de Educação para o
Desenvolvimento (AED), n. 2, p. 101, 2002.
23
FOLEY, Gláucia Falsarella, Justiça comunitária: por uma justiça da emancipação, cit., p. 123-127.
24
Pelo fato de que nossa visão histórica de mudança social esteve sempre condicionada a batalhões bem ordenados, estandartes
coloridos e proclamações calculadas, ficamos perdidos ao nos confrontarmos com a penetração bastante sutil de mudanças simbólicas
de dimensões cada vez maiores, processadas por redes multiformes, distantes das cúpulas de poder. São nesses recônditos da sociedade,
seja em redes eletrônicas alternativas seja em redes populares de resistência comunitária, que tenho notado a presença dos embriões de
uma nova sociedade, germinados nos campos da história pelo poder da identidade. E conclui: o caráter sutil e descentralizado das redes
de mudança social impede-nos de perceber uma espécie de revolução silenciosa que vem sendo gestada na atualidade (CASTELLS,
Manuel. O poder da identidade. Tradução de Klauss Brandini Gerhardt. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999. p. 426-427. A Era da
Informação: Economia, Sociedade e Cultura, v. 2).
25
E acrescenta: Isso enseja uma profunda revisão tanto no momento da gênese normativa, nas formas de sua construção, como também
aponta para novas formas de aplicação, manutenção e controle dos que vivem no interior dessas relações, onde não há lugar para a
lentidão, nem espaço para assimetrias acentuadas, nem oportunidades de acumulação de poder pelos velhos detentores da máquina
burocrática. É uma outra dimensão da democracia emergindo (AGUIAR, Roberto Armando Ramos de. Procurando superar o ontem:
um direito para hoje e amanhã. Notícia do Direito Brasileiro, Nova série, Brasília, Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, n. 9,
p. 71, 2002).
26
Ibidem, p. 76.
27
Ibidem, mesma página
28
SOUSA SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2000.
p. 271.
29
Ibidem, p. 334-342.

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colonial , representada por antigas formas de organização pautadas na exclusão das diferenças, possa dar espaço à identidade múltipla,
inacabada, valorizando o senso comum emancipatório orientado para uma ação multicultural e democrática; e) a esfera da cidadania,
constituída pelas relações entre o Estado e a sociedade e entre os membros da sociedade; nesse espaço, o paradigma emergente é
voltado à democracia radical, à realização dos direitos humanos, transformando as relações de poder em autoridades partilhadas; f) o
espaço mundial, no qual o paradigma do desenvolvimento desigual e da soberania exclusiva seja transformado em soberania recíproca
e democraticamente permeável.
Nesses espaços estruturais, a construção do paradigma emergente pressupõe uma tripla transformação: do poder em
autoridade partilhada; do direito despótico em direito democrático; e do conhecimento-regulação em conhecimento-emancipação.
Os espaços privilegiados para a formação dessas redes solidárias, na perspectiva do Programa Justiça Comunitária, são
três das seis esferas indicadas por Sousa Santos: o espaço doméstico, o comunitário e o da cidadania. Nesses espaços, é possível
reinterpretar os conflitos, instrumentalizando-os para o exercício da autonomia, sob uma perspectiva solidária.
A autonomia é a capacidade de autodeterminação de um ser humano ou de uma coletividade. Segundo Franco, é o poder
de se administrar por si mesmo, criando as normas nomos, para si mesmo auto. Mas, conforme adverte esse autor, o exercício da
autonomia pressupõe uma relação de poder, de vez que cada um, em sua autossuficiência, não se volta à realização da humanização.
Assim, para romper com a lógica do poder, a autonomia deve se universalizar, por meio da construção de um mundo unificado por
comum-humanização. 30
O conceito de autonomia com o qual opera o Programa Justiça Comunitária tem, portanto, essa dimensão da alteridade. O
seu desenvolvimento ocorre nos locais em que as pessoas erigem suas vidas e enfrentam as dificuldades, em comunhão com as outras.
É nessas arenas locais doméstica, comunitária e da cidadania que os cidadãos podem desenvolver a capacidade de refletir, dialogar e
decidir em comunhão os seus conflitos, dando ensejo à realização da autonomia política, no sentido de resgate do auto nomos e da
radicalização da democracia 31. Essa requer mais participação popular, menos exclusão social e, consequentemente, mais justiça social.
São nessas esferas que o cidadão comum sente que é possível intervir na vida política, exercitando a cidadania. São nesses espaços que
as pessoas constroem suas relações e fazem escolhas ao longo da vida. São esses os espaços em que se tece a teia da vida. 32

As redes sociais em movimento


Conforme já assinalado, o mapeamento social permite a descoberta das vocações, talentos e potencialidades da
comunidade e de seus membros. No decorrer da permanente sistematização e análise dos dados coletados, é importante que haja um
movimento que conecte as iniciativas e organizações comunitárias, colocando-as em permanente contato e diálogo.
A animação de redes sociais tem por objetivo promover capital social, cujo grau, embora não possa ser mensurado 33,
pode ser avaliado a partir da presença dos seguintes elementos na comunidade: sentimento de pertença, reciprocidade, identidade na
diferença, cooperação, confiança mútua, elaboração de respostas locais, emergência de um projeto comum, repertório compartilhado de
símbolos, ações, conceitos, rotinas, ferramentas, estórias e gestos, relacionamento, comunicação, realização de coisas em conjunto.
Mas, como promover esses encontros em face de uma realidade que estimula o ceticismo na comunidade e até mesmo
um certo grau de resignação de seus membros em relação aos temas afetos à vida política? Conforme Neumann assevera, nas
comunidades de baixa renda, a alta migração de moradores, a violência, a insegurança e a desconfiança de tudo e de todos tendem a
quebrar as relações sociais e a isolar as pessoas em suas casas e espaços. Não permitindo que compartilhem anseios, dúvidas e medos.
Um trabalho de desenvolvimento de uma comunidade de dentro para fora deve começar por aproximar as pessoas e ajudá-las a
construir ou fortalecer as relações e confiança mútua. 34
Nesse sentido, é fundamental que os agentes comunitários e a equipe interdisciplinar mantenham em suas agendas
permanentes contatos com a comunidade, por meio de reuniões previamente organizadas.
Para preparar as reuniões, deve-se: 35
✔ verificar se há infraestrutura no local (se o espaço comporta o número de pessoas, se há barulho, etc.);
✔ levantar as necessidades de material;
✔ definir o facilitador;
✔ elaborar a pauta da reunião a ser divulgada com antecedência;
✔ elaborar um acolhimento inicial;
✔ elaborar uma dinâmica na qual todos possam participar; 36
30
FRANCO, Augusto. Ação local: a nova política da contemporaneidade. Brasília: Agora; Instituto de Política; Fase, 1995. p. 61 e 80.
31
MOUFFE, Chantal. Deliberative democracy or agonistic pluralism? Social Research, v. 66, n. 3, p. 745-758, 1999. Disponível em: .
Acesso em: nov. 2002.
32
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. Tradução de Newton Roberval Eichemberg.
São Paulo: Cultrix, 1997.
33
FRANCO, Augusto de. Capital social. Brasília: Instituto de Política; Millennium, 2001. p. 62.
34
NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns, Desenvolvimento comunitário baseado em talentos e
recursos locais ABCD, cit., p. 32.
35
Ibidem, p. 30
36
A experiência do Programa Justiça Comunitária revelou que, quando realizadas em pequenos grupos, as reuniões tendem a ser mais
eficientes, porque propiciam um ambiente mais acolhedor e possibilitam maior conexão. As dinâmicas envolvendo grandes grupos
tendem a privilegiar somente os mais extrovertidos, o que facilita que as decisões sejam do tipo assembleísticas, ou seja, prevalecem o

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✔ fechar a reunião, amarrando o que foi deliberado;


✔ confirmar eventuais tarefas assumidas individualmente ou em grupo;
✔ divulgar a data de uma próxima reunião
A reunião também deve propiciar que o tema que a ensejou seja objeto de reflexão, abordagem e troca de saberes
diferenciados, incluídos o dos técnicos que eventualmente participem e daquele produzido localmente. Também deve haver um espaço
para falar do futuro, que é sempre um norteador dos esforços comunitários.
Ao proporcionar esses encontros e promover esses diálogos, os agentes comunitários agem como tecelões, contribuindo
para que essa teia social se revele coesa o suficiente, indicando que aquele aglomerado humano se lançou na aventura de construir a sua
comunidade.

13. Fundamentos e princípios da gestão integrada e comunitária;


GESTÃO PELA QUALIDADE NA SEGURANÇA PÚBLICA.
É possível até se discutir o que é qualidade, mas não se pode negar que os princípios da gestão pela qualidade, utilizados
com êxito na administração de empresas públicas e privadas, auxiliam muito no planejamento, no acompanhamento e na avaliação de
produtos e serviços. Estes princípios aplicados à Segurança Pública, principalmente na Polícia Comunitária, contribuirão para a
melhoria da prestação do serviço à comunidade.
Estratégias Institucionais para o Policiamento
Discutindo estratégia
De forma simples, uma estratégia define:
 as metas que se quer atingir;
 os principais produtos (ou serviços);
 as tecnologias; e
 os processos de produção que serão utilizados.
Por isso, é de fundamental importância elaborar metas é quantificar cada objetivo, atribuir valores (custos), estabelecer
prazos (tempo) e definir responsabilidades. A estratégia também orienta a maneira como a instituição irá se relacionar com seus
funcionários, seus parceiros e seus clientes. Uma estratégia é definida quando um executivo descobre a melhor forma de usar sua
instituição para enfrentar os desafios ou para explorar as oportunidades do meio.
Como observa FREITAS (2003), gerenciar a rotina é garantir meios para que o nível operacional atinja resultados,
esperados, de produtividade e qualidade pelo nível institucional. Geralmente, as empresas modernas (ou pós-modernas), utilizam o
sistema de gestão para atingir metas. Este processo de gerência envolve os três níveis de uma instituição/organização:
- Nível Institucional – Responsável pela formulação de estratégias e metas anuais para a instituição ou empresa;
- Nível Tático – Responsável por desdobrar estas metas em diretrizes e normas; e
- Nível Operacional – Responsável por atingir as metas.
Observe o diagrama a seguir para compreender melhor:

argumento e a perspectiva daquele que levar mais aliados e, por consequência, tiver maior número de adesões.

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Figura 2. O Sistema de Gestão para atingir metas.

Principais estratégias de policiamento


De acordo com MOREIRA (2005), os policiais brasileiros que ocupam cargos executivos não costumam considerar as
diferentes estratégias institucionais para o policiamento. Uma grande parcela prefere repetir aquilo que aprendeu nas academias, com
seus professores policiais, sem considerar outros modelos policiais. Entretanto, na tentativa de atingir os objetivos organizacionais,
alcançar uma legitimação e apoio das comunidades acumulou–se, nos últimos 50 anos, diversas experiências policiais.
Estas experiências podem ser divididas em quatro grandes grupos:
- Combate profissional do crime ou policiamento tradicional;
- Policiamento estratégico;
- Policiamento Orientado para o Problema; e
- Polícia Comunitária.
Uma estratégia de policiamento orienta, dentre outras coisas, os objetivos da polícia, seu foco de atuação, como se
relaciona com a comunidade e as suas principais táticas.
Exemplos de estratégias:
Combate profissional do crime e policiamento estratégico têm como objetivo principal o controle do crime, pelo
esforço em baixar as taxas de crime;
Policiamento Orientado para o Problema e a “Polícia Comunitária” enfatizam a manutenção da ordem e a redução
do medo dentro de um enfoque mais preventivo.
Enquanto o policiamento tradicional mantém certo distanciamento da comunidade (os policiais é que são especialistas), a
Polícia Comunitária defende um relacionamento mais estreito com a comunidade como uma maneira de controlar o crime, reduzir o
medo e garantir uma melhor qualidade de vida.
As características das quatro estratégias de Policiamento
Combate Profissional do Crime ou Policiamento Tradicional

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A estratégia administrativa que orientou mundialmente o policiamento a partir de 1950 e, no Brasil, ainda orienta a
maioria das polícias, de todas as unidades federativas, é sintetizada pela frase, que nomeia esta estratégia: " combate profissional do
crime".
Ela tem como principais características:
- Foco direto sobre o controle do crime como sendo a missão central da polícia , e só da polícia;
- Unidades centralizadas e definidas mais pela função (valorização das atividades especializadas), do que
geograficamente (definição de um território de atuação para cada um dos policiais); e
- Altos investimentos (orçamentários e de pessoal) em tecnologia e em treinamento.
O objetivo da estratégia de combate profissional do crime é criar uma força de combate do tipo militar, disciplinada e
tecnicamente sofisticada. Os principais objetivos desta estratégia é o controle da criminalidade e a resolução de crimes.
- As principais tecnologias operacionais dessa estratégia incluem a utilização de patrulhas motorizadas, de preferência
com automóveis, suplementadas com rádio, atuando de modo a criar uma sensação de onipresença e respondendo rapidamente aos
chamados, principalmente aqueles originados pelo telefone 190 ou 911 – no exterior.
- Os valores que dirigem o combate ao crime englobam o controle do crime como objetivo importante, investimentos no
treinamento policial, aumento do status e da autonomia da polícia e a eliminação da truculência policial.
A limitação deste modelo em controlar a criminalidade é um dos seus pontos fracos; um outro é o caráter reativo da ação
da polícia, que só atua quando é chamada, acionada.
As táticas utilizadas normalmente falham na prevenção dos crimes, ou seja, não os impedem de acontecer.
Praticamente não há análise das causas do crime e existe um grande distanciamento entre a polícia e a comunidade. Na
verdade, o distanciamento é incentivado, pois "quem entende de policiamento é a polícia". O isolamento é uma tentativa institucional
de evitar a corrupção.
− Policiamento Estratégico
O conceito de policiamento estratégico tenta resolver os pontos fracos do policiamento profissional de combate ao crime,
acrescentando reflexão e energia à missão básica de controle do crime.
O objetivo básico da polícia permanece o mesmo que é o controle efetivo do crime. O estilo administrativo continua
centralizado e, através de pesquisas e estudos, a patrulha nas ruas é direcionada, melhorando a forma de emprego.
O policiamento estratégico reconhece que a comunidade pode ser um importante instrumento de auxílio para a polícia e
enfatiza uma maior capacidade para lidar com os crimes que não estão bem controlados pelo modelo tradicional.
A comunidade é vista como meio auxiliar importante para a polícia, mas a iniciativa de agir continua centralizada na
polícia, que é quem entende de Segurança Pública.
Os crimes cometidos por delinquentes individuais sofisticados (crimes em série, por exemplo) e os delitos praticados por
associações criminosas (crime organizado, redes de distribuição de drogas (narcotráfico), crimes virtuais de pedofilia, gangues,
xenofobia, torcedores de futebol violentos – como os hooligans, etc.) recebem ênfase especial.
O policiamento estratégico carece de uma alta capacidade investigativa. Para esse fim são incrementadas unidades
especializadas de investigação.
CICLO PDCA
37
UNISUL

37
PACHECO. Giovanni Cardoso e Marcineiro, Nazareno Polícia Comunitária e Segurança Pública. Tópicos Emergentes em
Segurança Pública III. UnisulVirtual. Palhoça, 2013

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Figura 3. O Ciclo PDCA.

Disponível em: <http://pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/restrito/000003/00000316.pdf> Acesso em 12 de ago de 2018.

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O Ciclo PDCA
Entendendo a sigla: o nome PDCA é composto pelas primeiras letras dos verbos em inglês Plan (que significa planejar),
Do (que significa fazer, executar), Check (que significa checar, conferir) e Action (que significa agir, no caso, agir corretivamente).
Esses verbos são a sequência do método PDCA. O ciclo PDCA é um método gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance
das metas necessárias à sobrevivência de uma organização. Pelo ciclo PDCA consegue-se estabelecer uma estratégia de melhoria
contínua, que ao longo do tempo trará vantagens substanciais para a organização. Esse método visa a controlar e atingir resultados
eficazes e confiáveis nas atividades de uma organização.

As etapas que compõem o ciclo PDCA


Plan – Planejamento
Consiste no estabelecimento de metas e do método para alcançar essas metas. Três pontos importantes devem ser
considerados:
• Estabelecer os objetivos sobre os itens de controle
• Definir o caminho para atingi-los
• Decidir quais os métodos a serem usados para atingir os objetivos
Do - Execução
Compreende a execução das tarefas previstas na etapa anterior e na coleta dos dados a serem utilizados na próxima etapa.
Deve-se considerar também três pontos importantes:
• Treinar no trabalho o método a ser empregado;
• Executar o método;
• Coletar os dados para verificação do processo.
Check – Controle
Etapa onde se compara o resultado alcançado com a meta planejada, considerando-se os pontos a seguir:
• Verificar se o trabalho está sendo realizado conforme o padrão;
• Verificar se os resultados medidos variam e comparar com o padrão;
• Verificar se os itens de controle correspondem com as metas.
Action - Atuação Corretiva
Consiste em atuar no processo de função dos resultados obtidos, verificando os três passos a seguir:
• Se o trabalho desviar do padrão, tomar ações para corrigi-lo;
• Se um resultado estiver fora do padrão, investigar as causas e tomar ações para prevenir e corrigi-lo;
• Melhorar o sistema de trabalho e método.

MASP (QC STORY)


O Método de Análise e Solução de Problemas (MASP), também chamado pelos japoneses de QC STORY, é peça
fundamental para a melhoria na produção de bens ou prestação de serviços. A vasta maioria das decisões que são tomadas nas
empresas, sejam elas de cunho estratégico, tático ou operacional, são baseadas no bom-senso, experiência, feeling etc. Vale ressaltar
que qualquer decisão gerencial, em qualquer nível, deve ser conduzida para solucionar um problema (resultado indesejável de uma
atividade). Se isso for entendido, fica claro que qualquer decisão gerencial deve ser precedida de uma análise da atividade, conduzida
de maneira sistemática e sequencial pelo Método de Análise e Solução de Problemas.

As empresas possuem problemas que as privam de obter melhor produtividade e qualidade de seus
produtos, além de prejudicar sua posição competitiva. Nós temos a tendência de achar que sabemos a
solução desses problemas somente baseados na experiência ou naquilo que julgamos ser o conhecimento
certo. No entanto, o verdadeiro expert é aquele que alimenta seu conhecimento e experiência com fatos e
dados, dessa maneira, assegura-se de usar esse conhecimento, experiência e, principalmente, o seu tempo
na direção correta. (CAMPOS, 1992, p.208).

O MASP é uma sequência de procedimentos lógicos, baseada em fatos e dados, que objetiva:
1. localizar a causa fundamental dos problemas;
2. mapear as soluções possíveis;
3. implantar as soluções;
4. avaliar os resultados das mudanças ocorridas com a implantação;
5. padronização (no caso da mudança ter sido efetiva) ou a revisão das ações (caso a mudança não tenha surtido o efeito
desejado).

Saiba mais:
A primeira etapa do PDCA exige o estabelecimento de metas e procedimentos técnicos aptos a alcançar os resultados
propostos.

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A fase de execução do planejado também implica a formação e o treinamento dos funcionários para a correta realização das
metas estipuladas.
O ciclo PDCA visa a melhoria contínua dos processos e a normalização dos procedimentos mais eficientes.

14. Mecanismos do Estado que favorecem a implantação da gestão integrada e comunitária no


âmbito da segurança pública;
PASSOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO
Nesse capítulo serão detalhados os 5 passos para a implementação do policiamento comunitário.
1° Passo: Identificação do problema
2º Passo: Análise do Problema
3º Passo: Planejamento das Ações
4º Passo: Implementação das Ações
5º Passo: Avaliação das ações implementadas.
Para isso, apresentaremos três casos para ilustrar esses passos:
Caso 1 - Prédios Antenados: O Projeto Prédios Antenados foi criado para reduzir o número de assaltos, furtos e roubos de
veículos e pessoas, sequestro relâmpago e arrastões em 13 edifícios da região dos bairros Pompéia e Sumaré, na cidade de São Paulo.
Envolveram-se nessa iniciativa moradores, o Conselho Comunitário de Segurança (CONSEG) Perdizes/Pacaembu e as polícias
militares e civis.
Caso 2 - Fica Vivo!: O Programa Controle de Homicídios - Fica Vivo! tem como objetivos prevenir a criminalidade
através da inclusão social de jovens moradores de comunidades com altos índices de criminalidade e promover a mobilização e
participação social. Conta com o apoio do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP) da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), que através de uma pesquisa sobre o aumento dos homicídios no Estado de Minas Gerais, realizada em
2002, deu origem ao programa; e do Governo do Estado que, em 2003, institucionalizou o programa, tornando-o parte da política de
segurança local.
Caso 3 - Ação Inclusiva / PROERD: A Ação Inclusiva é um projeto pontual do Programa Educacional de Resistência às
Drogas (PROERD), coordenado pelo Comando Regional Fronteira Noroeste, no Rio Grande do Sul, fronteira com a Argentina. Tem
como objetivo incorporar às atividades do programa os alunos de duas escolas indígenas do município de Tenente Portela e alunos
portadores de necessidades especiais, matriculados em uma escola do município de Santa Rosa. Essa iniciativa conta com o apoio da
Coordenação Geral do PROERD, dos pais, professores, coordenação pedagógica e direção das escolas envolvidas e da liderança
indígena local.
Esses três casos foram selecionados a partir dos seguintes critérios:
a) de experiências que ocorram em diferentes lugares do país;
b) que incluam diferentes públicos;
c) que trabalhem com problemas tanto criminais como não criminais.
Porém, é importante ressaltar que as boas iniciativas aqui apresentadas não podem ser caracterizadas plenamente como
projetos de policiamento comunitário. Isso por vários motivos: não estavam atrelados a políticas mais amplas de policiamento
comunitário; em alguns casos, apesar da persistência de problemas, não houve continuidade dos trabalhos; ou porque não tiveram a
participação equilibrada dos diferentes atores, entre outros.
1º Passo
Identificação do problema
O que é?
Identificar um problema não é só trabalho dos agentes públicos de segurança, mas responsabilidade de todos.
Um bom problema a ser enfrentado pelo policiamento comunitário é aquele que é reconhecido como tal pela população
local. É preciso que as pessoas reconheçam sua gravidade e considerem importante sua solução. Porque esse é um problema que motiva
todos a trabalharem para solucioná-lo.
Importância
Na lógica do policiamento comunitário todas as pessoas podem contribuir para a solução dos problemas locais. Isso
porque as pessoas, no dia a dia, têm experiências, percepções e conhecimentos sobre as condições locais de segurança que podem
auxiliar a ação da polícia a ser mais eficiente. Por isso, a identificação do problema deve ser um processo coletivo. Como dissemos, um
bom problema, para ser trabalhado, é sempre aquele que é reconhecido como tal pela maioria. Quando isso acontece, aumentam as
chances de contar com o envolvimento de um grande número de pessoas na busca de alternativas para sua solução.
É nisso que o policiamento comunitário se diferencia dos outros tipos de policiamento: envolve polícia e comunidade,
desde a discussão dos problemas, até a realização e avaliação das ações. É somente através desse processo que é possível construir uma
aproximação e um diálogo de confiança tanto entre a polícia e a comunidade como também dentro da própria comunidade entre seus
diferentes grupos. Essa aproximação é fundamental para que os problemas de segurança sejam discutidos de forma plural, para que os
problemas enfrentados sejam, de fato, representativos das necessidades da maioria dos membros da comunidade, e para que haja um
envolvimento da comunidade na solução dos problemas identificados.
O caráter inovador dessa forma de policiamento é que, após levantar as reivindicações, policiais e comunidade buscam
juntos ações concretas para chegar a bons resultados. Nesse processo, o compromisso de ambas as partes para solucionar o problema é
fundamental para que ele seja resolvido.

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Como fazer?
Basta que as pessoas se reúnam para discutir questões relacionadas à segurança, para que comecem a identificar
problemas. Através do policiamento comunitário, essas discussões passam a ser planejadas e organizadas. Os problemas identificados
passam a ser registrados para, posteriormente, serem rediscutidos e analisados.
Podem participar dessas discussões representantes dos diferentes grupos locais: presidentes das associações de moradores
e do comércio; policiais; diretores de escolas; agentes de saúde; coordenadores das Unidades Básicas de Saúde; representantes da
administração pública; jovens, etc.
Um dos espaços onde os problemas locais de segurança podem ser levantados são as próprias reuniões dos Conselhos de
Segurança (CONSEGs).
Conselhos de Segurança (CONSEGs)
Os Conselhos de Segurança (CONSEGs) existem em vários Estados e cidades do Brasil. Apesar dos diferentes nomes
(Em MG, por exemplo, são Conselhos Comunitários de Segurança Pública, CONSEPs) e de algumas outras diferenças, esses
Conselhos caracterizam-se por serem formados por pessoas de um mesmo bairro, região ou município que se reúnem, junto com
representantes do poder público e policiais, para discutir, analisar, planejar e acompanhar a solução de seus problemas de segurança.
Em outras palavras pode-se dizer que esses Conselhos criam espaços nos quais a polícia e comunidade local podem se encontrar para
debater as necessidades e prioridades locais.
No caso paulista, os CONSEGs são entidades de apoio à polícia estadual nas relações comunitárias, e estão vinculados,
por intermédio do Coordenador Estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança, às diretrizes da Secretaria de Segurança Pública.
As reuniões são mensais, realizadas normalmente no período noturno, em imóveis de uso 23 comunitário, segundo uma agenda defi
nida a cada ano. A Secretaria de Segurança Pública tem como representantes, em cada CONSEG, o Comandante da Polícia Militar da
área e o Delegado de Polícia Titular do correspondente Distrito Policial.
Vale destacar que o CONSEG, apesar de ser um espaço privilegiado para as discussões sobre segurança, não é o único
lugar onde esse diálogo pode acontecer. Elas podem ser iniciadas nas escolas, associações de classe, associações comunitárias, igrejas,
associações de bairro, etc.
Outra forma de identificar problemas é através de informações geradas pela Secretaria de Segurança, polícias,
universidades, ONG’s, etc.
Como fazer as reuniões para debater os problemas de segurança de sua comunidade:
- Realizá-las em dias específicos. Por exemplo: primeira quinta-feira do mês.
- Local: que sejam realizadas em clubes, sociedades de amigos de bairro ou outras áreas pertencentes à comunidade. De
preferência locais “neutros”, não nas dependências de delegacias ou batalhões, o que pode inibir a participação de algumas pessoas.
Obs.: outra estratégia que pode ser adotada é realizar reuniões itinerantes, em vários locais do bairro, com o intuito de
não privilegiar uma região e estar mais próximo de todos os moradores. Essa ação pode também colaborar na divulgação dos Conselhos
de Segurança e de seus trabalhos.
- Divulgação das reuniões: panfletos, cartazes, rádio, jornal de bairro, lista de e-mails, telefonemas, divulgando o dia,
hora e o local das reuniões. Outra estratégia é divulgar uma programação predefinida para todo o ano.
- Divulgação dos resultados: também no jornal de bairro, panfletos, nas delegacias, batalhões, escolas, postos de saúde,
igrejas, entre outros.
- Estratégias para ampliar a participação: usar a criatividade e os meios disponíveis para atrair novos participantes para as
reuniões, além de estratégias para a continuidade da participação das pessoas.
- Estabelecer estratégias para condução e participação nas reuniões: pensar formas de apresentação e relato dos
problemas, para reunião com poucas e com muitas pessoas (por exemplo: registro da questão em uma ficha do Conselho de Segurança).
Importante: ter em mente que a possibilidade de participar das decisões que serão ali tomadas é fundamental para garantir tanto que os
participantes voltem às próximas reuniões, como também outras pessoas se sintam motivadas a participarem do grupo.
- Atividades dos CONSEGs:
• Reuniões mensais com a comunidade.
• Palestras sobre drogas, violência, sexualidade, sistema judiciário, entre outras.
• Campanhas de prevenção e combate às drogas; desarmamento.
• Apoio às polícias.
• Festas comunitárias com os membros para arrecadar fundos.
• Entregas de títulos de membro honorário e/ou plaquetas de reconhecimento pelo trabalho realizado.
• Trabalho conjunto de planejamento do policiamento com as autoridades policiais.
• Apoio ou parceria em atividade de assistência social.
- Estrutura do Conselho: isso pode variar muito. Dependerá do tamanho do Conselho e de sua articulação com outros
órgãos públicos, lideranças comunitárias, entre outros.
- Temas tratados nas reuniões: com frequência são trazidas para as reuniões muitas questões relacionadas à administração
municipal, como, por exemplo, limpeza, iluminação, terrenos baldios, etc. Na visão da população, essas questões são problemas de
segurança pública e assim são tratadas pelas polícias mais modernas do mundo. Alguns dos temas que podem ser tratados nessas
reuniões são:
• Problemas locais de segurança.
• Esclarecimentos de delitos.

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• Identificação dos responsáveis envolvidos nos delitos.


• Características dos delitos e de suas vítimas.
• Número e frequência das rondas.
• Problemas locais com álcool e drogas.
• Conflitos entre moradores ou grupos locais.
• Problemas relacionados com a infraestrutura local que podem interferir nas condições de segurança (iluminação, acesso
e sinalização das ruas, terrenos baldios, etc.).
- Prestação de contas: retorno dado pelos membros do Conselho aos problemas trazidos para as reuniões. O compromisso
de dar uma resposta e deixar a comunidade informada sobre o encaminhamento dado aos problemas levantados em reuniões anteriores
é muito importante para a manutenção da confiança e da credibilidade que farão com que a comunidade continue a participar dos
Conselhos.
Abaixo, veremos como, nos três casos selecionados, o problema local foi identificado e como as ações foram planejadas
e implementadas.
Caso 1 - Prédios Antenados
Várias ruas dos bairros Pompéia e Sumaré, na cidade de São Paulo, passaram a se destacar nas estatísticas de segurança
pública pelo aumento dos números de assaltos, furtos, roubos de veículos, acidentes de trânsito, sequestro-relâmpago e arrastões nos
edifícios da região. Os moradores, o CONSEG Perdizes/Pacaembu e a Polícia Militar da região chamaram a atenção das autoridades
para esse aumento.
Segundo eles, os problemas surgiram em decorrência das transformações pelas quais passou a região nas últimas décadas,
como, por exemplo, a construção de novas avenidas e de muitos prédios em lugar de casas e de mudanças de uso, como casas que
deixaram de ser residências para dar lugar a pontos comerciais, o que aumentou a circulação de pessoas e veículos na região. Esse
processo trouxe uma série de mudanças bruscas na vida dos moradores, inclusive, nas formas das relações sociais.
Assim, observa-se que o conjunto das transformações sofridas pela região obrigou a uma reestruturação da vida de seus
moradores que convivem hoje com a temática da violência.
Caso 2 - Fica Vivo!
Em 2002, o CRISP realizou uma pesquisa detalhada dos homicídios na capital mineira. A pesquisa apontou um resultado
preocupante: o crescimento da participação dos jovens com menos de 24 anos envolvidos em mortes violentas como vítimas de
homicídios e, nesse caso, também como autores. O problema nesse caso foi o crescimento dos homicídios entre os jovens. Por essa
razão, surge a proposta de intervir nesse cenário.
Caso 3 - Ação Inclusiva / PROERD
A Ação Inclusiva é um projeto pontual do PROERD, coordenado pelo Comando Regional Fronteira Noroeste, no Rio
Grande do Sul, fronteira com a Argentina.
Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD) é um programa educativo de caráter social preventivo, posto
em prática pela Polícia Militar - em parceria com as escolas e as famílias, junto aos alunos da faixa etária de 9 a 14 anos de idade. O
programa é aplicado nas escolas da rede de ensino público e privado, oferecendo atividades educacionais em sala de aula, com o
objetivo de desenvolver nos alunos as suas potencialidades, ajudando a conscientizálos para exercício de sua cidadania e preveni-los do
uso de drogas. Fonte: http://www.proerd.rn.gov.br
O problema identificado pelos membros de uma patrulha especial que circula diariamente pelas cinco reservas indígenas
“Kaingang”, localizadas no Município de Tenente Portela (RS), estava ligado ao consumo de bebidas alcoólicas, como rixa, briga entre
os indígenas e desses com moradores da área urbana.
Foram realizadas reuniões para discutir esse problema com a liderança da comunidade indígena, com a coordenadoria
pedagógica e com professores das escolas locais. O resultado dessas consultas revelaram que a comunidade estava especialmente
preocupada com o acesso dos jovens às drogas e ao álcool.
Povo Kaingang Atualmente, os Kaingang ocupam cerca de 30 áreas reduzidas, distribuídas entre os Estados de São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Possuem uma população aproximada de 29 mil pessoas, sendo um dos cinco povos
indígenas mais populosos no Brasil. Fonte: http://www.portalkaingang.org
O problema do álcool também foi percebido na Escola Albino Mincks, localizada no Município de Santa Rosa (RS), que
atende, exclusivamente, pessoas com deficiências. Reuniões entre a polícia e a coordenação da escola identificaram o problema da
exposição dos jovens, principalmente através de seus familiares, ao tabaco e às bebidas alcoólicas. Entendia-se que esse fato poderia
estimular os jovens ao consumo de drogas (legais e ilegais).
2º Passo
Análise do problema
O que é?
Nem sempre as pessoas percebem os problemas de uma mesma maneira. Identificar o problema e analisar suas possíveis
causas permitem aprofundar o conhecimento em relação a ele como, por exemplo, quais fatos são importantes, onde e quando ocorrem,
quais as melhores alternativas para solucioná-lo, quais ações são necessárias, como implementá-las, etc.
Assim, analisar um problema de segurança pública significa conhecê-lo de modo qualificado para que as ações sejam
planejadas de modo a serem eficientes: dirigidas às raízes do problema local. Isso confere maior grau de certeza nas tomadas de
decisão, reduz o custo das ações, aumenta a credibilidade e a legitimidade dos envolvidos, em particular, da polícia.
Importância

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A importância de analisar o problema identificado é, primeiramente, permitir um conhecimento amplo e criterioso do


problema. Frequentemente, um problema tem muitas origens e consequências. Por esse motivo, é preciso conhecer bem o problema
para o qual se vai direcionar os esforços.
Nesse processo, é também essencial ter um bom conhecimento da região para tentar identificar com clareza os possíveis
obstáculos a serem enfrentados. Para isso, pode-se buscar conhecer outras ações que tenham sido testadas. Informações como essas
ajudam a encontrar soluções mais eficientes.
Adiantamos que as informações levantadas sobre o problema terão também papel fundamental no monitoramento e na
avaliação de eficácia das ações adotadas. Através delas, será possível verificar se houve alterações em relação ao problema identificado.
Por exemplo, a frequência das ocorrências consideradas prioritárias diminuiu? Dessa forma, é possível monitorar constantemente tanto
o problema como também os resultados da ação.
Como fazer?
Para começar a conhecer o problema, uma estratégia que pode ser adotada é o mapeamento.
Mapear significa buscar o máximo de informações sobre um fato: onde ocorre, com que frequência ocorre, em que
período ocorre, quem são os envolvidos, etc. Essa atividade pode ser dividida em duas etapas:
Etapa 1: Coleta de dados e informações
Etapa 2: Análise de dados
Etapa 1: Coleta de dados e informações
Duas abordagens podem ser adotadas para levantar informações sobre um problema: quantitativa e qualitativa. Abaixo,
detalharemos cada uma delas.
a) abordagem quantitativa: são valores e/ou dados de uma área ou região que permite conhecer, em números, tanto o
“tamanho do problema” como também algumas condições que poderiam a ele estar associadas. Alguns exemplos são:
• número de ocorrências relacionadas ao problema registradas na delegacia da região;
• período em que o problema acontece (horário, dia da semana ou do mês, etc.);
• efetivos de segurança na região (número de policiais, número de viaturas, tamanho da área, número de moradores, tipo
de uso predominante, etc.);
• condição socioeconômica da população moradora da região (faixa etária, escolaridade, renda, população flutuante que
transita apenas pela área, etc.). Essas informações podem ser levantadas através de fontes na própria região (delegacia de polícia,
batalhão da polícia militar, subprefeitura, ONGs, etc.).
b) abordagem qualitativa: são as informações que permitem compreender como o problema afeta, de forma específica, a
vida das pessoas que o sofrem. E também conhecer algumas características e particularidades locais que poderiam contribuir não só
para entender as raízes do problema, mas também para encontrar alternativas para sua solução. Alguns exemplos de informações que
podem ser levantadas por essa abordagem são:
• Identificar a percepção dos moradores sobre o problema (percebem?, como percebem?, a que atribuem?).
• Hábitos e costumes das pessoas da região que podem facilitar a ocorrência do problema. • Relações que os membros da
comunidade têm entre si.
• Características da região (como são as ruas, a iluminação e as casas?, há terrenos baldios?, etc.).
• Locais considerados de maior vulnerabilidade (pontos de ônibus, escolas, avenidas e vielas, etc.).
Para levantar essas informações pode-se utilizar estratégias como entrevistas com pessoas da comunidade ou vítimas,
grupos de discussão, observação do local, fotos, etc.
Importante:
Nos projetos de policiamento comunitário, tanto as informações quantitativas como as qualitativas são importantes. Elas
se complementam e ajudam a ter uma compreensão mais ampla e aprofundada de cada um dos problemas priorizados. Isso possibilita
que as ações sejam planejadas de acordo com os recursos e limitações locais e permitem um melhor monitoramento e avaliação dos
resultados.
Etapa 2: Análise de dados
Feito o levantamento do maior número possível de dados, é o momento de analisar essas informações. Considerando o
problema levantado, deve-se verificar:
Período e local das ocorrências: informações que permitam verificar se há um padrão nas ocorrências relacionadas ao
problema identificado (dia, hora, mês, lugares, etc.) são fundamentais. Os padrões observados devem ser registrados para se tentar
compreender em que contexto ocorrem (particularidades do local, dias e horários, perfil das vítimas, etc.). Esses fatores, quando
levados em conta no planejamento da ação, podem contribuir para um uso mais racional e efi ciente dos recursos disponíveis. Por
exemplo, concentrar maiores esforços e recursos nos dias e horários de maior incidência do problema, tornando assim a ação mais
efetiva e menos custosa.
Algumas questões podem ajudar a orientar na discussão e análise dessas informações:
- Por que esse problema estaria ocorrendo nesses locais? - Quem são as pessoas envolvidas e por que estão lá?
- De onde estavam vindo as vítimas? Para onde estavam indo?
- Quais outras características do local que poderiam contribuir para o problema?
- Existe algum lugar que pode ser usado como ponto de vigilância?
Perfil dos atores envolvidos: conhecer o perfil dos atores envolvidos é outra importante informação para identifi car as
particularidades do problema. Para isso, é possível ater-se a informações como idade, sexo e hábitos das vítimas e dos agentes.

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Algumas questões que podem ajudar na análise dessas informações são:


Comunidade:
- Quem são as vítimas?
- Entre as vítimas, existe algo em comum?
- Existe alguma outra vítima em potencial?
- Por que as vítimas são vulneráveis naquele momento e local?
- Quais recursos poderiam ser adotados para evitar o problema?
Infratores / Provocadores de distúrbios:
- Quem são?
- Qual a idade?
- Existe algo comum entre eles?
- Em quais locais atuam? O que há em comum entre esses locais?
- Sabe-se de onde vem e para onde vão? - Em que dia, horário, semana, mês os fatos ocorrem?
- Eles utilizavam alguma arma?
A participação da comunidade na análise do problema é essencial para o sucesso do trabalho. Por isso, é preciso envolver
o maior número possível de parceiros que possam oferecer informações e ajudar na análise e discussão do problema. Para isso, deve-se
contar com a população local, representantes comunitários, polícia, igrejas, entidades de assistência social, agentes comunitários,
subprefeitura e outros agentes públicos e privados atuantes na área a ser mapeada.
Não se esqueça:
Nos projetos de policiamento comunitário, a produção do diagnóstico é uma tarefa coletiva. Ao mesmo tempo em que o
diagnóstico gera informações especializadas e precisas que auxiliem na compreensão do problema identificado, essa é também a
primeira atividade concreta que pode ser realizada coletivamente e, assim, servir para, cada vez mais, integrar esses parceiros.
Abaixo, veremos como o problema foi analisado em cada um dos três casos selecionados.
Caso 1 - Prédios Antenados
Era necessário entender qual era a dinâmica e onde se localizavam os crimes na região. A integração dos moradores dos
edifícios participantes da iniciativa com as polícias militar e civil foi fundamental na análise de como e onde ocorriam assaltos, furtos,
roubos de veículos, acidentes de trânsito, sequestro-relâmpago e arrastões.
Com base no número de ocorrências registradas na delegacia da região, o CONSEG Pacaembu/Perdizes discutiu o
problema a fi m de tentar compreender melhor o que se passava ali. Assim, foi possível mapear a questão descobrindo que grande parte
das ocorrências se concentravam em determinadas áreas e ruas do bairro, o que foi muito importante na fase posterior de planejamento
das providências.
Caso 2 - Fica Vivo!
A pesquisa realizada pelo CRISP sobre os homicídios entre os jovens foi essencial na análise do problema e no
conhecimento mais aprofundado desses crimes. Seus resultados possibilitaram a elaboração do projeto Fica Vivo!. O levantamento dos
dados mostrou as características dos homicídios em diferentes regiões da capital mineira, permitindo identificar os locais onde o
problema era mais grave.
Entretanto, além desse primeiro diagnóstico, o levantamento e análise de outras informações, como características da
região e da comunidade (geografia, escolaridade dos moradores, perfil dos indivíduos envolvidos nos crimes, a existência ou não de
gangues, escolas e outros espaços públicos na comunidade, etc.) foi fundamental para o planejamento, implantação e desenvolvimento
desse programa.
Caso 3 - Ação Inclusiva / PROERD
Depois de um ano trabalhando nos moldes do PROERD, percebeu-se, através das reuniões e da análise do número das
ocorrências, a necessidade de ampliar o projeto para o atendimento tanto para os jovens com defi ciências, da cidade de Santa Rosa
(RS), como para jovens das comunidades indígenas de Tenente Portela (RS).
3º Passo
Planejamento
O que é?
O planejamento estabelece as principais linhas de ação para a solução do problema identificado e, para isso, deve estar
baseado no diagnóstico realizado.
Importância
O planejamento é essencial para o sucesso do projeto. É nesse ponto que se passa da observação para o estágio de ação.
Pode-se dizer que grande parte do sucesso da iniciativa está associada ao planejamento. Outro ponto importante é que o planejamento
deve estar sempre focado na obtenção de resultados. Para isso, é necessário estabelecer diretrizes, orientações e prioridades para o
projeto.
Como fazer? Todo planejamento costuma ser dividido em etapas (planos) que estabelecem objetivos intermediários e
facilitam o alcance do objetivo final proposto pelo projeto. O planejamento estabelece os degraus necessários para se atingir o topo de
uma escada.
Para elaborar um planejamento podemos seguir quatro etapas fundamentais. Buscando solucionar o problema, essas
etapas orientam o planejamento das ações. No que diz respeito especificamente aos projetos de policiamento comunitário, o
planejamento foi dividido em 4 etapas, que são:

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Etapa 1: Discussão
Etapa 2: Estabelecimento de objetivos e metas a serem alcançados
Etapa 3: Métodos e estratégias de atuação
Etapa 4: Cronograma

Etapa 1 - Discussão
A partir das questões acerca do problema, é necessário identificar as oportunidades, limites e dificuldades. Devem estar
presentes nessa discussão, entre outros pontos:
• As possíveis propostas para a solução do problema, assim como suas vantagens e desvantagens.
• Os possíveis obstáculos que dificultariam propor, elaborar ou executar os planos de ação, como, por exemplo, falta de
capacitação e conhecimento técnico, falta de motivação, falta de confiança entre os moradores, desconfiança recíproca entre polícia e
comunidade, problemas de comunicação, falta de recursos, etc.
• Estabelecer quais os critérios de prioridades no estabelecimento das ações. Por exemplo: praticidade, viabilidade,
potencial, custo, eficácia, etc.
• Identificar os possíveis parceiros e atores locais que podem se envolver com o projeto. • Levantamento de custos e
recursos disponíveis.
Etapa 2 - Estabelecimento de objetivos e metas a serem alcançados
• Definir o que se pretende atingir e realizar com as ações propostas.
• Identificar claramente em que medida, tanto em números como em qualidade, a solução proposta alteraria a situação
atual.
• Estabelecer os prazos esperados para a realização dos objetivos estabelecidos.
Etapa 3 - Métodos e estratégias de atuação
• Considerar os meios disponíveis para a resolução do problema (materiais, pessoal, técnicos, informativos, etc.).
• Analisar as alternativas de ação para escolher a melhor e mais adequada à realidade social.
• Monitorar e, se necessário, revisar os planos de ação desenvolvidos. Isso porque o ambiente no qual a ação será
implementada não é estático, mas está em constante mudança. Isso significa que é de fundamental importância verificar se as ações
planejadas estão surtindo efeito e, quando necessário, providenciar as correções necessárias para que os resultados estimados sejam
alcançados.
Etapa 4 - Cronograma
Detalhar como as ações serão distribuídas ao longo do tempo.
Exemplo:

O cronograma sintetiza em um quadro, os acordos estabelecidos entre os parceiros,


transformados em etapas e com prazos para serem cumpridos.
Através do cronograma, todos podem acompanhar o desenvolvimento do projeto
e observar se os resultados obtidos estão ou não dentro prazos estabelecidos.
A discussão dos resultados estimados pelo cronograma é também uma das
formas de se monitorar a execução do projeto. Ele permite perceber os pontos críticos, detectar rapidamente obstáculos, redimensionar
recursos ou, até mesmo, rediscutir as estratégias e os prazos estabelecidos. Estes últimos, quando necessário, podem ser rediscutidos e
revistos sempre tendo como foco os recursos disponíveis e os resultados que se pretende alcançar.
A seguir, veremos como se caracteriza cada uma dessas etapas tendo como base os três casos selecionados:
Caso 1 - Prédios Antenados

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Etapa 1 - Discussão
As discussões que originaram o projeto Prédios Antenados foram realizadas no CONSEG Perdizes/Pacaembu.
Discutindo-se os problemas da região, foi identificado o aumento do número de assaltos, furtos, roubos de veículos, acidentes
envolvendo automóveis, sequestro-relâmpago e arrastões nos edifícios.
A partir do diagnóstico, os participantes perceberam que esses problemas se concentravam em determinadas áreas da
região. Essa informação permitiu estabelecer alguns objetivos a serem alcançados.
Etapa 2 - Estabelecimento de objetivos e metas a serem alcançados
Frente ao problema diagnosticado, foram estabelecidos, no projeto Prédios Antenados, as seguintes metas:
• Reduzir o número de assaltos, furtos.
• Reduzir os roubos de veículos.
• Reduzir o número de acidentes envolvendo automóveis.
• Reduzir o número de sequestro-relâmpago.
• Reduzir o número de arrastões nos edifícios.
• Inibir ações criminosas em geral.

Etapa 3 - Métodos e estratégias de atuação


Para dar conta desses objetivos, foram planejadas e adotadas as seguintes ações:
• Interligar 13 edifícios da região por um sistema de rádios comunicadores.
• Capacitar porteiros, zeladores e síndicos para utilizarem os rádios comunicadores.
• Dividir os edifícios participantes em pequenos grupos que atuariam em rede.
• Estabelecer uma rotina de comunicação e monitoramento local entre esses grupos.
• Fazer constante avaliação do sistema e dos equipamentos de segurança: portões, interfones, circuitos internos de TV,
iluminação, etc.
• Fortalecer vínculos entre a comunidade moradora e as forças policiais de forma que as ações operacionais policiais
tivessem maior eficácia.
• Promover a mobilização dos moradores para adotarem algumas estratégias de segurança.
• Mobilizar os moradores para participarem do Núcleo de Ação Local Viva Sumaré (NAL).
• Prover às forças policiais informações detalhadas e precisas sobre as particularidades locais nas questões relativas à
segurança, visando o melhor desempenho das ações policiais.
• Estabelecer entre a comunidade e as forças policiais um novo modelo de atuação e parceria na prevenção dos crimes.

Etapa 4 - Cronograma
O projeto Prédios Antenados dedicou quase quatro meses às discussões, consultas, levantamento dos recursos e
identificação de grupos interessados em participar e planejamento dos custos e das ações. Definidas essas questões, a implementação e
a primeira avaliação do projeto foi feita nos sete meses subsequentes. Sugerimos, como exemplo, um modelo de cronograma a partir
das atividades descritas no planejamento. Pensando em um período de doze meses, as atividades poderiam ser assim distribuídas:

Caso 2 – Fica Vivo


Etapa 1 - Discussão
A partir dos estudos, sobre os homicídios, realizados pelo CRISP, criou-se um grupo para discutir o problema. Desse
grupo faziam parte as polícias militar e civil, administradores públicos municipais das áreas de cidadania e assistência social de Belo
Horizonte, Ministério Público de Minas Gerais e organizações não governamentais (ONGs). Diante do alto número de homicídios entre
jovens, a região de Morro das Pedras foi escolhida para a implementação do projeto-piloto. Lideranças dessa comunidade e gestores de
agências públicas locais foram chamados para integrar o grupo inicial e participar do processo de definição de objetivos e estratégias.

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Etapa 2 - Estabelecimento de objetivos e metas a serem alcançados


O programa busca conciliar a redução dos fatores de risco e o fortalecimento dos fatores de proteção social, como a
escola, família e comunidade. Assim, o principal objetivo seria a redução do número de homicídios. Para atingi-lo, foram estabelecidas
as seguintes metas:
• Fortalecer e mobilizar a comunidade, capacitando-a para a resolução de problemas relacionados à segurança pública.
• Estimular a articulação entre órgãos públicos e organizações não governamentais para que, trabalhando conjuntamente,
formassem uma rede local de proteção social que aumentasse a oferta e aprimorasse os serviços públicos e privados para a população.
• Ampliar as oportunidades de educação, cultura, lazer e profissionalização.
• Incentivar o debate sobre os problemas de segurança na comunidade.
• Reduzir o sentimento de insegurança.
• Melhorar o policiamento na comunidade.

Etapa 3 - Métodos e estratégias de atuação


O Fica Vivo! une intervenção estratégica e proteção social com o objetivo de reduzir a criminalidade. Para isso, foram
planejadas: Intervenção estratégica: formada por grupos de base local que têm a seguinte composição:
• Secretaria de Estado e Defesa Social: representantes da Subsecretaria de Assuntos Penitenciários, Superintendência de
Prevenção à Criminalidade, Superintendência de Integração de Polícias.
• Polícia Civil: delegados Seccionais e Distritais responsáveis pelas áreas atendidas pelo programa Fica Vivo!, e das
delegacias especializadas (tóxicos, homicídios, etc.).
• Polícia Militar: comandantes de Batalhão, comandantes de Cia. e comandantes do Grupamento Especializado em
Policiamento de Áreas de Risco (GEPAR). O GEPAR foi considerado parceiro importante por ter profundo conhecimento da região
atendida.
• Ministério Público: promotores criminais, mais especificamente, das áreas, Tóxico, Infância e Juventude e Combate ao
Crime Organizado e de Crimes Dolosos contra a Vida.
• Judiciário: Juízes Criminais, Execução Criminal e da Infância e Adolescência.
A proposta desses grupos era de trabalhar com repressão qualificada (atuar de forma pontual e direcionada, evitando
grandes operações policiais que pudessem comprometer a imagem policial frente à comunidade). Entre as inovações trazidas por essa
intervenção estão a promoção de redes (facilitando a comunicação entre os órgãos e instituições públicas) e a produção de relatórios
capazes de organizar e difundir as informações que antes fi cavam dispersas.
GEPAR:
Grupamento Especializado em Policiamento de Áreas de Risco Criado em 2005, com o objetivo de atuar
preventivamente em favelas da cidade de Belo Horizonte, onde o tráfi co de drogas e o homicídio foram identifi cados como grandes
problemas. Assim o GEPAR “conjuga estratégias de polícia comunitária, o policiamento orientado para solução de problemas, e a
repressão qualifi cada como ferramentas essenciais para o controle e prevenção da criminalidade, restituição da paz e qualidade de vida
em comunidades carentes”. (SOUZA, Elenice).
http://www.comunidadesegura.org/files/grupoespecializadoemareasderisco.pdf)
Ele pode ser caracterizado como um policiamento pró-ativo, de repressão qualificada, atuando de forma permanente e
contínua nas comunidades atendidas, diferentemente do policiamento mais tradicional. Seu foco são os grupos de jovens ligados ou
próximos ao tráfico de drogas. Sua atuação dá-se através de ações preventivas e participação em projetos sociais que visem à interação
da comunidade com a Polícia Militar e demais órgãos públicos.
Proteção social: através de oficinas, em diferentes locais da comunidade e em horários e dias variados, o programa busca
favorecer o acesso dos jovens ao esporte, à cultura, ao lazer e à profissionalização. Além disso, essas oficinas funcionam como espaços
para a constituição de novos laços sociais.
Os responsáveis por essas oficinas são, em sua grande maioria, moradores das próprias comunidades. O objetivo é formar
uma rede articulada de proteção social local onde os jovens poderão tanto se encontrar, como aprender e desenvolver um sentimento de
pertencerem a uma comunidade.
O projeto parte também do pressuposto de que o acolhimento aos jovens envolvidos em situações de violência
possibilita-lhes outras alternativas, funcionando de maneira preventiva e diminuindo a proximidade deles com o crime.
Por fim, cabe destacar que para realização dessas ações foram criados:
• Um grupo de gestão da intervenção estratégica do programa.
• Um grupo de mobilização comunitária voltado para a gestão das ações de mobilização da comunidade e suporte social.
• Um fórum da comunidade.
Etapa 4 - Cronograma
Pensando em um período de doze meses podemos sugerir, como exemplo, o seguinte cronograma de atividades para um
projeto como o Fica Vivo!:

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Caso 3 – Ação Inclusiva / PROERD


Etapa 1 - Discussão
Entre os problemas identificados nos municípios de Santa Rosa e Tenente Portela (RS) estavam o uso de drogas e álcool
entre jovens com deficiências (Santa Rosa) e indígenas (Tenente Portela).
No diagnóstico e análise do problema, verificou-se que não havia material adequado para o trabalho com esses públicos
específicos, pois a maioria do material usado no PROERD havia sido desenvolvido para jovens não portadores de deficiência,
moradores em grandes centros e sem relação com a população indígena.
Etapa 2 - Estabelecimento de objetivos e metas a serem alcançados
• Reduzir e prevenir o uso de álcool e drogas entre os jovens portadores de necessidades especiais de Santa Rosa e
indígenas de Tenente Portela.
• Atuar junto a esses grupos dentro da política de trabalho do PROERD (autoestima, resistência a pressão, avaliação de
consequências e tomada de decisão, etc.).
• Agregar conhecimento de outros profissionais a fi m de atender as peculiaridades das atividades desenvolvidas no
programa.
• Trabalhar para que a iniciativa possa ser ampliada.
Etapa 3 - Métodos e estratégias de atuação
• Adaptar a linguagem do programa do PROERD para uma linguagem mais adequada à realidade dos jovens atendidos
por esse programa.
• Negociar a adaptação da cartilha do PROERD junto ao Comando da Brigada Militar do Rio Grande do Sul.
• Buscar a participação e o envolvimento de pessoas da comunidade e das escolas locais na adaptação do texto. •
Desenvolver materiais e técnicas específicas para trabalhar o tema com portadores de necessidades especiais.
• Capacitar lideranças e policiais para trabalhar com o material desenvolvido e com as especificidades desses públicos.
• Trabalhar com a comunidade como um todo, mesmo sendo os jovens o foco principal do projeto. Na comunidade
indígena, essa aproximação ajudaria a fomentar e fortalecer os vínculos de confiança, o que consequentemente facilitaria o acesso dos
jovens ao projeto.
• Realizar um piloto, antes de uma aplicação a um grupo maior, para testar a proposta, identificar problemas e fazer as
modificações necessárias.
Etapa 4 - Cronograma
Como não houve um cronograma para esse projeto, sugerimos um modelo a partir das atividades descritas no
planejamento. Pensando em um período de doze meses, as atividades poderiam ser assim distribuídas:

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4º Passo
Implementação da ação
Discutiremos neste tópico algumas questões relacionadas à implementação do projeto. Na implementação, além de
colocar em prática o que foi planejado, deve-se também não perder de vista as dificuldades que poderão surgir ao longo do projeto e a
necessidade de estar aberto para buscar alternativas para solucionar essas dificuldades.
O que é?
Implementar a ação consiste em pôr em prática o que foi planejado como solução ao problema identificado e
diagnosticado.
Importância
É através da implementação da ação que se tentará solucionar o problema identificado. Nesse estágio, o problema já foi
discutido e analisado e as ideias para sua solução devem estar organizadas em um planejamento. Contudo, nada sairá do papel sem a
vontade e o compromisso das pessoas que participam do projeto, sejam elas da comunidade, da polícia ou do poder público.
Como fazer?
Para implementar as providências em um projeto de policiamento comunitário, sugerimos que o trabalho seja dividido
em quatro etapas:

Etapa 1 - Formar
grupo de gestão
A criação de um grupo que fique diretamente responsável por coordenar a gestão do projeto é de grande importância. A
esse grupo cabe preparar, organizar, mobilizar e acompanhar todos aqueles que participarão da implementação, como também
monitorar e avaliar os resultados da ação.
Aqui, cabe novamente ressaltar a importância da criação de conselhos ou fóruns na comunidade para discutir as questões
relacionadas à segurança pública, o ideal é que esse grupo esteja presente na comunidade. Como se sabe, os projetos mais bem-
sucedidos de policiamento comunitário estão nos locais onde a comunidade participou ativamente de todas as etapas do projeto,
inclusive de sua gestão durante a implementação.
Etapa 2 - Organizar e mobilizar recursos e parceiros
Assim como mobilizar e organizar a ação daqueles que já estão envolvidos no projeto, outro importante recurso que o
projeto deveria ter são outros parceiros que não estiveram envolvidos nas etapas anteriores, mas que tenham alguma colaboração a dar
para o projeto.

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Esses parceiros são escolhidos de acordo com as características do projeto. No projeto Prédios Antenados, um dos
parceiros poderia ser, por exemplo, um determinado fabricante ou comércio especializado em rádios comunicadores que, em troca de
algum subsídio, poderia ter a publicidade de sua empresa veiculada nos materiais do projeto e locais onde fosse implantado.
Cabe ao grupo gestor identificar e mobilizar esses potenciais parceiros. Para isso, deve levar sempre em conta as
necessidades de cada etapa estabelecida no planejamento e ter um plano de ação para mobilizar os parceiros.
Além disso, é também função do grupo gestor mobilizar o levantamento dos recursos necessários para cada etapa do
projeto, coordenar as discussões sobre como esses devem ser empregados e administrados, de forma que se potencialize seu uso e seja
possível prestar conta de como foram empregados. Isso pode ser feito através da Internet, jornais de bairro, rádios locais, entre outros
meios.

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“As lideranças comunitárias, organizações e movimentos sociais possuem a capacidade de mobilizar atores locais e
garantir a participação da comunidade. Possuem ainda a capacidade de mobilizar e articular a participação de agentes públicos, além de
sustentá-la e dar continuidade a programas e ações durante processos de mudança de governo. (Paulo Mesquita Neto, 2006)”
Etapa 3 - Implementar as ações previstas no cronograma
O grupo de gestão deve acompanhar as atividades para que elas sejam realizadas de acordo com o planejamento e
cronograma.
Será a partir desse acompanhamento sistemático que se terá controle sobre o progresso das ações, permitindo detectar
problemas e, quando necessário, corrigir ou planejar novas ações para que os recursos disponíveis da ação sejam poupados e
empregados da maneira mais eficaz possível.
Para coordenar essa ação, o grupo de gestão realiza reuniões periódicas com todos os envolvidos com o projeto para
apresentar um balanço do andamento das ações e discutir os problemas encontrados.
Etapa 4 - Reformular ações em função das necessidades
Ao longo desse processo de implementação, muito provavelmente surgirão dificuldades e obstáculos que não foram
previstos. Saber como enfrentá-los é fundamental para que o projeto atinja os objetivos propostos.
Para isso, é importante ter muito claro qual objetivo o projeto se propõe a perseguir. Isso garantirá que o projeto não se
perca diante dos obstáculos e dificuldades, como também conduzirá as discussões das alternativas sem que se desvie do foco
previamente estabelecido. Cabe ao grupo gestor monitorar as ações para que os problemas sejam, o mais cedo possível, detectados.
Assim que forem percebidos, o grupo gestor deve apresentá-los ao grupo para que as ações sejam discutidas e, quando
necessário, corrigidas e reformuladas. Abaixo, vejamos como as providências foram implementadas em cada um dos casos
selecionados.
Caso 1 - Prédios Antenados
Etapa 1: Grupo de gestão
Após a escolha da tecnologia a ser empregada e da definição de várias ações do programa, foi formalizada junto ao
CONSEG Perdizes/Pacaembu a proposta de funcionamento do sistema integrado de uso de rádio comunicador pelo NAL Viva Sumaré.
Esse grupo é o responsável pelas diretrizes do projeto.
Etapa 2: Organizar e mobilizar recursos e parceiros
A polícia militar e a polícia civil participaram ativamente do programa. Estiveram presentes desde as primeiras
discussões e puderam contribuir nas diferentes etapas do projeto, trazendo seu ponto de vista profissional e técnico a respeito de
questões que envolvem a segurança dos cidadãos. Pontualmente, eles influíram de maneira decisiva na escolha da tecnologia de
comunicação que foi adotada em função da finalidade proposta.
Etapa 3: Implementar as ações previstas no cronograma
Resumidamente, podemos afirmar que o processo de implementação desse sistema se deu através da:
• Formação dos diferentes grupos, compostos no máximo por quinze participantes. Esses grupos poderiam ser mistos,
constituídos de condomínios ou de residências. Por sua vez, no caso de estabelecimentos comerciais, foi necessário formar um outro
grupo específico, cujos participantes fossem exclusivamente do comércio.
• Qualquer alteração no projeto poderia ser realizada somente com a aprovação, por maioria absoluta, dos participantes
do NAL Viva Sumaré. Por exemplo, somente seria admitida a entrada ou saída de novo condomínio ou participante, a redistribuição
dos participantes, a alteração no sistema de funcionamento ou a substituição de equipamentos, com a aprovação dos membros do NAL.
• Cada condomínio, residência ou estabelecimento comercial deveria preencher um formulário, onde constaria o código
utilizado na comunicação, endereço, telefone, nome do responsável pelo local, além de relação das pessoas que operariam o rádio.
• As polícias teriam uma relação das pessoas que operariam os rádios, bem como um mapa das ruas e dos edifícios
integrados pelo projeto.
• Capacitação, pela polícia militar e civil, dos monitores (porteiros e zeladores), usuários de rádio e dos síndicos, para
atuarem na observação e no monitoramento de portarias, garagens e ruas que cercam os edifícios, casas e estabelecimentos cobertos
pelo projeto.
• Indicação do síndico de um dos edifícios para atuar como responsável por monitorar o sistema integrado de rádio e por
contatar a polícia militar. Assim, caso uma situação de risco ocorresse, essa pessoa deveria ser informada e ela teria a responsabilidade
de repassar, imediatamente, à polícia as informações sobre a ocorrência.
A polícia colaborou com o projeto orientando algumas ações:
• Edifícios deveriam mudar o código de funcionamento do rádio a cada quinze dias.
• Na portaria de cada edifício deveria haver um livro de registro para relatar as diversas situações de risco ocorridas tanto
no interior do edifício como em suas imediações.
• Os monitores de rádio deveriam comunicar-se a cada quarenta minutos para troca de informações e para verificar se
tudo estava sob controle no interior do edifício, ou ainda para saber de alguma anormalidade na rua ou de qualquer situação suspeita.
Etapa 4: Reformular ações em função das necessidades
O período de planejamento do projeto Prédios Antenados foi de quase quatro meses. Durante esse período, foram feitas
consultas a profissionais, discussão com os interessados, definição da melhor opção tecnológica a ser empregada, avaliação de custos e
também a definição dos planos de ação.

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A implementação do projeto não ocorreu sem problemas. Desde o início, havia clareza, pela própria especificidade da
proposta, de que seria necessário buscar orientações profissionais, para que o projeto se adequasse aos critérios estabelecidos pela
Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).

Etapa 2: Organizar e mobilizar recursos e parceiros


Como já pode ser adiantado, o Fica Vivo! depende muito das parcerias, tanto governamentais quanto locais. Os grupos
locais de base são formados por representantes da Superintendência de Prevenção à Criminalidade, Polícias Civil e Militar, Ministério
Público e Judiciário. Além desses, o programa depende de parceiros locais, entidades e pessoas que têm um papel central na
manutenção das oficinas e no trabalho direto com os jovens. Entre esses destacamos o papel dos técnicos e dos oficineiros.
Os técnicos do programa geralmente são psicólogos, pedagogos, sociólogos ou assistentes sociais. A sua função é fazer
um levantamento dos bens culturais locais e verificar também quais instituições e/ou pessoas já desenvolvem algum trabalho naquela
comunidade, pois assim o que já existe na comunidade pode ser valorizado e incentivado.
Os oficineiros do Fica Vivo! são pessoas da comunidade, identificadas pelos técnicos que trabalham no programa. Eles
passam constantemente por capacitações para exercerem suas atividades e funções. É necessário que tenham sensibilidade no contato
com esses jovens para compreender a dinâmica do envolvimento desse grupo com a criminalidade.
Etapa 3: Implementar as ações previstas no cronograma Entre outras ações, pode-se destacar:
• A implementação de várias oficinas, a realização de eventos festivos e de prestação de serviços.
• A atuação do GEPAR promovendo o policiamento preventivo à comunidade.
• A ampla campanha de comunicação para a divulgação do projeto, que vai desde a circulação de um jornal, palestras em
escolas, vinhetas de televisão e matérias em rádios comunitárias.
• Os cursos sobre cidadania e participação comunitária na resolução de problemas voltados para lideranças comunitárias
e gestores locais, e capacitação para policiais.
Etapa 4: Reformular ações em função das necessidades
Como a comunidade possuía poucos espaços públicos que pudessem, inicialmente, abrigar as atividades do projeto e não
se dispunha de recursos para construção de espaços, foi necessário buscar algumas alternativas. Foram então estabelecidas parcerias
para que igrejas, escolas ou associações de moradores dispusessem seus espaços para que fossem utilizados pelo projeto.

Caso 3 – Ação Inclusiva / PROERD


Etapa 1: Grupo de gestão
Nesse projeto não foi montado um grupo de gestão específico para essas ações. Essa tarefa coube aos policiais que já
coordenavam o PROERD na região.
Etapa 2: Organizar e mobilizar recursos e parceiros
As atividades foram então planejadas e discutidas com o líder da comunidade indígena, a coordenadoria pedagógica e os
professores das escolas que atendiam as crianças da comunidade indígena. Foi fundamental haver um instrutor do PROERD de origem
“Kaingang”, fato que facilitou a aceitação do programa junto à comunidade, tendo em vista que a distância cultural poderia ser um
obstáculo para o programa chegar aos jovens.
Já na cidade de Santa Rosa, as atividades foram planejadas e desenvolvidas com a direção, coordenação pedagógica e
professores da Escola Albino Mincks.
Etapa 3: Implementar as ações previstas no cronograma
Na implementação das providências estabelecidas foram necessárias algumas ações. Elas foram as seguintes:
• Identificação e escolha de instrutores dispostos a esse trabalho.
• Apresentação do programa às lideranças da Reserva Indígena dos “Kaingang” e à direção da escola do município de
Santa Rosa que atendia exclusivamente alunos portadores de Síndrome de Down.
• Escolha dos professores e tutores para trabalhar em conjunto no planejamento das atividades.
• Adaptação da cartilha do PROERD para esses públicos específicos.
• Elaboração, monitoramento e avaliação de cada etapa do projeto.
• Divulgação e avaliação dos resultados junto aos demais instrutores do PROERD da região, buscando estimular, a partir
da experiência realizada, outras práticas semelhantes.
Etapa 4: Reformular ações em função das necessidades
Após a aplicação do PROERD, como tradicionalmente foi montado, verificou-se que, para atingir os objetivos esperados
entre os indígenas de Tenente Portela e os alunos da Escola Albino Mincks, em Santa Rosa, era necessário adaptar tanto o material a ser
utilizado como também a capacitação das pessoas que trabalhariam com esses grupos.

5º Passo
Avaliação das providências implementadas
O que é?
Após a implementação, é importante verificar se as ações planejadas estão ou não surtindo o efeito desejado. Essa
verificação é possível a partir da avaliação.

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Avaliar um programa consiste em verificar qual o impacto de sua implementação na resolução do problema. A partir da
avaliação é possível observar se os objetivos estabelecidos inicialmente foram ou não alcançados. A continuidade do programa também
pode ser estabelecida a partir da avaliação.
Importância
A avaliação de um programa auxilia no monitoramento de sua execução e no planejamento de futuras ações. Para isso,
considera as estratégias, atividades, métodos, técnicas e procedimentos utilizados na execução do programa.
Para ser utilizada como uma ferramenta para a implementação do projeto, a avaliação deve ocorrer:
• Antes da implantação do programa: para verificar se a proposta planejada está de acordo com a realidade onde será
inserida. As informações que permitem essa verificação são levantadas durante a realização do diagnóstico, conforme as orientações
apresentadas no “2º passo”.
• Durante a implantação do programa: as avaliações devem ser realizadas periodicamente, portanto é necessário realizar o
monitoramento constante das ações implementadas. Dessa maneira é possível verificar se os resultados esperados estão sendo obtidos e
se estão de acordo com o cronograma planejado. Em caso negativo, as informações levantadas durante o monitoramento permitirão
reavaliar o projeto e estabelecer as correções necessárias para que o objetivo seja atingido. Para exemplificar esse ponto, pode-se citar o
programa Ação Inclusiva. Nesse programa foi verificada a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre os costumes e a cultura,
tanto da comunidade indígena “Kaingang”, como também a necessidade de conhecer as melhores estratégias para trabalhar com
portadores de Síndrome de Down.
A partir dessas constatações, a coordenação do programa percebeu que, para alcançar os resultados esperados, seria
necessário adaptar o tradicional programa do PROERD para as especificidades desses públicos.
• Depois da conclusão do programa: é o momento em que é possível analisar a eficácia do programa, verificando se os
objetivos foram atingidos e o impacto que causou.
“(...) um conselho de polícia comunitária (...) poderia atuar como órgão de assessoria para estudos, acompanhamento,
avaliação e formulação de propostas sobre o policiamento comunitário. A esse conselho poderia ser atribuída a responsabilidade de
definir um plano e um cronograma para a implantação do policiamento comunitário e de elaborar os relatórios semestrais e anuais
sobre o policiamento comunitário”. (Mesquita Neto, Paulo. Policiamento comunitário: a experiência em São Paulo. Revista Brasileira
de Ciências Criminais, nº 25)
Como fazer?
Como parte da filosofia do policiamento comunitário a avaliação também é um momento participativo. Através dela o
programa poderá ser analisado na sua totalidade, considerando sucessos e insucessos, os futuros encaminhamentos e decisões. A
coordenação e a equipe executiva devem atuar conjuntamente, pois podem compartilhar seus conhecimentos sobre o que está sendo
avaliado, garantindo que as decisões e os encaminhamentos sejam realizados da forma mais correta.
Esse é o momento em que todos os envolvidos terão a oportunidade de, uma vez mais, trabalhar em equipe para que o
programa alcance seus resultados. Entretanto, para que a avaliação seja mais efetiva, convém ouvir também os que foram direta ou
indiretamente atingidos pelas ações do programa.
Dessa forma, a avaliação acaba assumindo um caráter democrático, pois considera tanto as informações dos
responsáveis, como também daqueles que foram alcançados pelo programa, garantindo que ações futuras se tornem mais eficazes.
Para lembrar:
- A partir da avaliação é possível executar ajustes e melhorias que podem garantir uma melhor eficácia
das ações estabelecidas.
- A avaliação será o momento em que as fraquezas da equipe, assim como suas potencialidades, serão
expostas. É importante que os pontos positivos e negativos sejam trabalhados de maneira cuidadosa e propositiva,
deixando claro que dizem respeito ao trabalho como um todo, e não a determinadas equipes e pessoas.
- Deve levar a equipe a perceber a importância do trabalho de cada um para o bom funcionamento de um
programa.
- A avaliação deve ser realizada continuamente. - O caráter democrático da avaliação só poderá ser
garantido se a opinião de todos os envolvidos for considerada.
Além dessa avaliação, que deve ser feita pelo próprio grupo envolvido no projeto, outra avaliação pode
ser feita por pessoas externas ao projeto.
A vantagem da avaliação externa é que ela é feita por pessoas que não estão tão envolvidas no projeto e
esse “olhar de fora” pode trazer outros pontos para consideração.
Para realizar essa avaliação, pode-se formar parcerias com os centros de pesquisa das universidades.
Quando houver condições, pode-se reservar parte do recurso para esse tipo de avaliação.
A partir dos casos selecionados, vejamos de que forma a avaliação foi realizada em cada um dos projetos
selecionados.
Caso 1 - Prédios Antenados
No projeto Prédios Antenados, a avaliação foi realizada pelos próprios integrantes do CONSEG
Perdizes/Pacaembu, pelo 23º BPM e pelos moradores dos 13 edifícios interligados pelo sistema de rádio. Após a
avaliação dos dados apresentados nas reuniões, constatou-se que os casos envolvendo assaltos, furtos, roubos de
veículos, sequestro-relâmpago e arrastões diminuíram em torno de 50% a 60%. Essas informações foram repassadas

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aos moradores dos prédios que não estavam envolvidos com o projeto e também à coordenação geral do CONSEG,
que avaliou a iniciativa como excelente.
A imprensa, que usou como fonte de informação depoimentos das pessoas direta e indiretamente
envolvidas pelo programa, também constatou uma melhora na sensação de segurança entre os moradores da região.
Caso 2 - Fica Vivo!
Por ser um programa institucionalizado pelo governo, a avaliação do programa contou com a participação
da coordenação e de seus diferentes parceiros. O Fica Vivo! teve diferentes avaliações.
Os objetivos do programa foram avaliados, anualmente, pela Secretaria de Estado de Planejamento.
Com o apoio do CRISP e do Centro Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS), a coordenação
avaliava, mensal e trimestralmente, os números de homicídios nas áreas atendidas pelo programa.
O Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) avaliava o impacto da implementação do
programa.
O Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG
(CEDEPLAR) avaliou o custo e o benefício do programa.
A coordenação do programa também se preocupou com a opinião dos moradores das regiões onde o
programa foi implementado. Essa informação foi colhida a partir de relatos dos moradores nas áreas onde o programa
foi implementado.
Caso 3 - Ação Inclusiva / PROERD
A coordenação do projeto Ação Inclusiva organizou encontros com pais, professores e líderes indígenas para obter um
retorno dos avanços do programa. Essas reuniões foram realizadas em momentos e locais diferenciados, com o intuito de obter
informações mais precisas sobre os dois grupos atendidos (pessoas com deficiência e a comunidade indígena).
Após um semestre de atividade, os coordenadores se reuniram e produziram um relatório das informações colhidas
nesses encontros. Essas informações levaram à conclusão de que a aplicação do PROERD, como inicialmente foi concebido, não
contribuía para atingir os resultados planejados. Concluíram, então, que seria necessário produzir um material específico, contemplando
as particularidades da população com quem trabalhavam.
Nasceu assim o projeto Ação Inclusiva. Após sua implementação, policiais, professores e a direção da escola verificaram
mudanças nas atitudes dos alunos. Esses resultados estimularam a continuidade do projeto. Foram criadas, a partir do currículo escolar,
atividades transversais que trabalhassem o tema.
Na comunidade indígena, as entrevistas com os familiares mostraram a efetividade do programa junto aos jovens. As
famílias se diziam satisfeitas e pediam a continuidade do programa, apontando, inclusive, a necessidade de ampliar a faixa etária
inicialmente atendida. Sugeriram que o programa também trabalhasse com os pré-adolescentes, pois esse grupo também se encontrava
exposto às drogas.

Prédios Antenados
Porteiros "antenados" policiam bairros
Parceria de condomínios com a Secretaria da Segurança fiscaliza até roubos de veículos perto dos prédios
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um dos problemas crônicos de segurança da zona oeste de São Paulo é o furto de carros. Em uma pequena parte da
região, porém, essa ocorrência caiu 70% de 2005 para cá.
O segredo foi a mobilização dos moradores, que, com o Núcleo de Ação Local Viva Sumaré, criaram um projeto batizado de Prédios
Antenados.
Munidos de radiotransmissores, nove condomínios comunicam-se entre si e trocam informações sobre tudo o que
acontece no perímetro.
"Qualquer movimento suspeito é comunicado aos colegas da rede", conta o porteiro de um dos prédios, Eduardo
Rebouças da Silva. Segundo ele, carros parados ao redor do edifício sem que os ocupantes se identifiquem têm o número da placa
anotado e transmitido. Tudo é feito via códigos, e alguns dos parceiros ficam responsáveis por entrar em contato com a polícia da
região.
"Depois que implantamos o projeto, houve um incidente interno no condomínio, e a polícia, acionada, chegou em quatro minutos",
comemora a síndica do prédio, Neyde Trevisan.
O programa fez tanto sucesso que foi encampado pelo Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) Perdizes-Pacaembu. Criados em
1985, os Consegs existem em todo o Estado -já são mais de 800 - e seu objetivo é aproximar comunidade e autoridades estaduais.

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O delegado do distrito e o comandante da Polícia Militar das redondezas participam, pelo menos uma vez por mês, das
reuniões dos Consegs.
"Essa parceria é a base de tudo. A participação da polícia é importante por causa da visão estratégica que ela traz", afirma
a socióloga Elizete Fabri, presidente do Conseg Perdizes-Pacaembu, que engloba os bairros Água Branca, Barra Funda, Pacaembu,
Perdizes, Vila Pompéia e Sumaré.
Além disso, conta ela, os policiais passam a conhecer os funcionários e moradores dos prédios e, numa ronda, têm mais condições de
identificar situações anormais.
Pelo rádio
Os operadores de rádio do projeto receberam orientação da polícia sobre como utilizar o equipamento e aprenderam
técnicas de observação. "É importante que os funcionários levem o equipamento a sério, não usando o rádio para fazer brincadeiras",
adverte Paulo Oliveira, segurança de um dos condomínios participantes.
Além desse, o único outro Conseg que conta com iniciativa parecida é o Cambuci-Chácara Klabin, com 15 prédios.
Nesse caso, porém, foi contratada uma empresa de segurança para fazer a ronda. Custa R$ 500 mensais por condomínio.
Já no Prédios Antenados, os custos foram o da compra de aparelhos de rádio de longo alcance (cerca de R$ 900) e o da
licença da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações; R$ 400), válida por dez anos.
O Secovi-SP (sindicato da habitação) apoia a ideia. "Divulgamos esse projeto para que todas as administradoras se
empenhem em implantar", afirma Hubert Gebara, vice-presidente de administração imobiliária e condomínios.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/imoveis/ci3007200604.htm>. Acesso em 12 de ago de 2018.

Fica Vivo!

Figura
4: Disponível em:

<https://www.ijuci.org.br/acoes/fica-vivo/>
. Acesso em 11 de ago de 2018.

O programa Fica Vivo! objetiva controlar e prevenir a ocorrência de homicídios dolosos em áreas com altos índices de
criminalidade violenta em Minas Gerais, melhorando a qualidade de vida da população. O programa de controle de homicídios é
executado por meio dos Centros de Prevenção à Criminalidade (CPCs), sedes de referência para as comunidades atendidas.
O Fica Vivo! oferece cerca de 600 oficinas voltadas para o esporte, a arte e a cultura para jovens de 12 a 24 anos em
situação de risco social. Nas áreas onde foi implantado, a redução média de homicídios de jovens é de até 50% e faz também
acompanhamento especializado.
As oficinas realizadas pelo programa Fica Vivo! são estratégias de aproximação e atendimento aos jovens articuladas às
características das áreas atendidas, tais como aspectos criminais, culturais, sociais, históricos e geográficos. Implantadas em diferentes
locais das áreas de abrangência do CPC, as oficinas focam na prevenção à criminalidade, a potencialização do acesso dos jovens aos
serviços e aos espaços públicos, a possibilidade da vivência do direito de ir e vir, o favorecimento da inserção e da participação dos

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jovens em novas formas de grupos, a discussão de temas relacionados à cidadania e aos direitos humanos e a criação de espaços de
resolução de conflitos e rivalidades.
Eixos de Atuação do Programa Fica Vivo!:
. Intervenção estratégica e proteção social: Reúne os órgãos de Defesa Social, o Poder Judiciário, o Ministério Público
e as prefeituras municipais, tendo como responsabilidade o planejamento e a coordenação de uma repressão qualificada e eficiente.
. Proteção social: Constitui-se a partir de ações de atendimento e de trabalho em rede. Os atendimentos objetivam
favorecer a construção de modos de vida distintos do envolvimento direto com a criminalidade e suas ações são realizadas por meio de
oficinas, projetos locais, multiplicadores e grupos de jovens.
Disponível em: <https://www.ijuci.org.br/acoes/fica-vivo/> Acesso em 12 de ago de 2018.

15. Policiamento orientado por problema


Policiamento Orientado para o Problema – POP
O policiamento para resolução de problemas é também chamado de Policiamento Orientado para o
Problema – POP. Seu objetivo inicial é melhorar a antiga estratégia de policiamento profissional, acrescentando
reflexão e prevenção.
O POP, como geralmente é chamado na literatura internacional, pressupõe que os crimes podem ser
causados por problemas específicos e, talvez, contínuos na comunidade, tais como: relacionamento frustrante, grupo
de desordeiros, narcotráfico, dentre outras causas. Para esse tipo de policiamento, o crime pode ser controlado e até
mesmo evitado por ações diferentes das meras prisões de determinados delinquentes. A polícia pode, por exemplo,
resolver problemas ao simplesmente restaurar a ordem em um local. Essa estratégia determina o aumento das opções
da polícia para reagir contra o crime (muito além da patrulha, investigação e detenções).
Características
- As chamadas repetidas geram uma forma de agir diferenciada. Entre o repertório de ações preventivas
incluem alertar bares quanto ao excesso de ruído, incentivar os comerciantes a cumprirem regras de trânsito, proibir
a permanência de menores em determinados locais, etc.
- A comunidade é encorajada a lidar com problemas específicos. Pode, por exemplo, providenciar
iluminação em determinados locais, limpar praças e outros locais, acompanhar velhos e outras pessoas vulneráveis.
De igual modo, outras instituições governamentais e não-governamentais podem ser incentivadas a lidar com
situações que levem aos delitos.
- Essa estratégia de policiamento implica mudanças estruturais da polícia, aumentando a capacidade de
decisão, de resolução de problemas e a iniciativa do policial.
- O POP desafia a polícia a lidar com a desordem e situações que causem medo, visando um maior
controle do crime. Os meios utilizados são diferentes dos anteriores, incluem um diagnóstico das causas do crime, a
mobilização da comunidade e de instituições governamentais e não-governamentais. Eles encorajam uma
descentralização geográfica e a existência de policiais generalistas e capacitados. Mais à frente você verá o método
I.A.R.A. utilizado neste tipo de policiamento.

Método Iara
Na resolução de problemas repetitivos de segurança, com base no Posp, a polícia deve
utilizar a seguinte metodologia: identificar e especificar os problemas, analisar para descobrir as causas desses problemas, responder
baseada nos dados analisados para eliminar as causas geradoras dos problemas e avaliar o sucesso de todo esse processo (CLARKE;
ECK, 2013).
As mencionadas etapas de identificar,analisar, responder e avaliar foram sintetizadas na sigla Iara, traduzida da
sigla inglesa SARA, criada por John Eck e Bill Spelman para descrever as quatro fases de solução de problemas correspondentes no
inglês: scanning, analysis, response e assessment (CLARKE; ECK, 2013).

Identificação do problema
Para iniciar o método Iara, é necessário definir o que é um problema. No contexto do Posp, um problema corresponde a
um grupo de incidentes similares em tempo, modo, lugar e pessoas, relacionados à segurança pública. Além disso, um problema deve
ser uma preocupação substancial tanto para a comunidade quanto para a polícia. Assim, tanto polícia como comunidade devem
participar juntos e ter paridade no processo de identificação do problema (TASCA, 2010). É importante também nesta etapa a
participação da comunidade. Segundo Marcineiro (2009, p. 119), dar qualidade ao serviço policial significa torná-lo mais próx imo e
acessível ao cidadão respeitando-lhe as necessidades e desejo e considerando as díspares peculiaridade de
cada comunidade no planejamento oferta do serviço policial
Além disso, segundo o autor,

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Outro aspecto que deve ser levado em conta na identificação do problema é a necessidade de se eliminar o
‘achismo’, ou seja, deve-se trabalhar com atos concretos e dados coletados em fontes de informações
confiáveis. A experiência pessoal de cada um que participa na identificação do problema é
importante, porém, para se evitar desperdício de tempo e recursos na busca de soluções por um problema
erroneamente identificado ou pouco importante no contexto geral, deve-se procurar, sempre que possível,
comprovar a experiência pessoal através de dados estatísticos (Marcineiro, 2009, p. 180).

No tocante à contribuição da polícia, destaca-se o papel da inteligência de segurança pública


como condição primordial à identificação dos problemas e suas respectivas causas. Por isso, a inteligência
de segurança pública deve ser desenvolvida e aperfeiçoada constantemente com a integração de diversas
bases de dados e não apenas com dados de instituições de segurança pública, uma vez que órgãos, como
secretarias de saúde e educação, podem fornecer informações bastante valiosas à polícia. Nesse cenário, é
interessante a utilização de tecnologias cada vez mais avançadas de análise criminal no auxílio à
inteligência de segurança pública (SANTA CATARINA, 2011).
Entretanto, segundo Rolim (2009, p. 41), infelizmente, muitas vezes só se obtêm: dados
compilados partir dos registros de ocorrência, o que assimila, inequivocamente, uma maneira ultrapassada
de se lidar com indicadores de criminalidade e violência.
Não por outra razão, o rol de indicadores de problemas deve ser amplo e diversificado. Do lado
policial devem ser considerados os órgãos da segurança pública no geral (policiais militares, policiais civis e
bombeiros); do lado da comunidade devem participar, além de moradores, empresários e lideranças locais
representantes de outras instituições públicas e privadas. Todos devem participar e conjunto para dar
legitimidade ao processo (BRASIL, 2009).
Cabe salientar que, ao se isolar um determinado tipo de problema, há maior facilidade de
resolvê-lo, e é necessário considerar ainda que um pequeno grupo de problemas se mostra responsável por
um número considerável de ocorrências policiais. Segundo dados trazidos por Rolim (2009, p. 139) de
pesquisa realizada no Estados Unidos cerca de 10% das vítimas estão envolvidas em 40% dos crimes; 10%
dos agressores estão envolvidos em 50% dos crimes; e 10% dos lugares formam o ambiente para cerca de
60% das ocorrências infracionais.
Acredita-se que a realidade seja semelhante no Brasil, seguindo o que se chama de Princípio de
Pareto, de acordo com o qual, geralmente, um pequeno número de causas (20%) é responsável por uma
grande proporção de resultados (80%) (TASCA, 2010).
Análise do problema
A fase de análise do problema corresponde ao coração do método Iara. Nesta fase, buscam-se as raízes dos problemas
para, assim, conseguir atacar suas causas e não apena combater os efeitos dos problemas (HIPÓLITO, TASCA, 2012).
Tentando analisar a gênese do crime, as teorias de criminologia se concentram em fatores sociais. Simulam causas
em fatores longínquos, como as práticas de educação de crianças, componentes genéticos e processos psicológicos ou
sociais. Essas constituem teorias difíceis de validação prática e focam em políticas públicas incertas que estão fora do alcance da
polícia (CLARKE; ECK, 2013).
Ao contrário da criminologia tradicional, as teorias e os conceitos da ciência do crime são muito mais úteis no trabalho
diário da polícia, pois segundo Clarke e Eck (2013, p. 38), “lidam com as causas situacionais imediatas dos eventos criminais,
incluindo tentações e oportunidades e proteção insuficiente dos alvos”.
Para esta fase é importante o conhecimento do triângulo de análise de problema (também conhecido como o triangulo
do crime), originado da teoria da atividade rotineira. Essa teoria, formulada por Lawrence Cohen e Marcus Felson, diz que o crime
ocorre quando um potencial infrator encontra-se com um potencial alvo (para aquele tipo de infrator) no mesmo tempo e lugar, sem a
presença de um guardião eficaz. Essa formulação forma o tripé da análise de problema representada por infrator, alvo e local
(CLARKE; ECK, 2013).
Respostas às causas do problema
Após a identificação clara e análise detalhada do problema, a polícia enfrenta o desafio de procurar o meio mais efetivo
de lidar com ele, desenvolver ações adequadas com baixo custo e o máximo de benefício. Para isso, a polícia deve evitar a tentação de
respostas prematuras não fundamentadas nas fases anteriores do método Iara (BRASIL, 2009).
Deve haver um equilíbrio nas respostas com a utilização de táticas tradicionais e não tradicionais. Normalmente as
primeiras estão relacionadas às atividades básicas de policiamento e sozinhas dificilmente proporcionam soluções duradouras para os
problemas (por exemplo, prisões, intimações e policiamento fixo no local), ao passo que as táticas não tradicionais ligam-se às ações
comunitárias (como organização da comunidade, educação da população, alteração do contexto físico, mudanças no contexto social e
da sequência de eventos, alteração do comportamento das vítimas) (BRASIL, 2009; HIPÓLITO; TASCA, 2012).
Frisa-se que essas respostas não são limitadas aos esforços para identificar, prender e oficialmente acusar e julgar
infratores. Expande- se, sem abandonar o uso do direito penal. O policiamento orientado à solução de problemas procura descobrir
outras respostas potencialmente efetivas (que podem exigir parcerias), dando grande prioridade à prevenção (CLARKE; ECK, 2013).
Avaliação do processo

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Nesta etapa, os policiais avaliam a efetividade das respostas aplicadas na fase anterior. A avaliação é chave para o método
Iara, pois se as respostas implementadas não são efetivas, as informações reunidas durante a etapa de análise devem ser revisitadas e
novas hipóteses de respostas devem ser formuladas (BRASIL, 2009).
Esta fase serve também para exportar programas que funcionaram em determinados locais para serem aplicados em
outras localidades cujos resultados de identificação e análise do problema sejam semelhantes. Nesse sentido, em 1977, o Tesouro
britânico iniciou uma política de controle e eficiência nos gastos em segurança pública condicionando o repasse de
verbas à demonstração de capacidade de reduzir o crime. Por isso, investiu-se em uma grande revisão dos estudos disponíveis nos
EUA, no Reino Unido e na Holanda. Assim, foi possível identificar programas que, de fato, funcionavam. Demonstrou-se que os
projetos mais eficazes na redução do crime, sem aumentar o efetivo policial, utilizavam-se da abordagem de Posp e firmavam fortes
parcerias com as comunidades (ROLIM, 2009).

As comunidades e as polícias devem compartilha as experiências bem-sucedidas de prevenção ao crime;


aquelas que geram efetiva segurança a curto e a longo prazo. Devem compartilhar as ideias específicas de
como resolver problemas de vizinhança. Ao destacar os programas que foram desenvolvidos, espera-se que
esta informação sirva como um catalisador para desenvolver maneiras eficazes de impedir o crime e
aumentar a participação das comunidades nestes esforços (DALMARCO, 2004, p. 22).

Segundo Skonieczny (2009), outro fator importante nesta fase é conhecer o impacto das medidas policiais sobre a
população

Estratégias que favoreçam a participação e mobilização da comunidade.


A gestão e as estratégias de Polícia Comunitária
Com a adoção da Polícia Comunitária, a polícia tem saído do isolamento e entendido que a comunidade
deve executar um importante papel na solução dos problemas de segurança e no combate ao crime. Como enfatizou
Robert Peel, em 1829, ao estabelecer os princípios da polícia moderna, “os policiais são pessoas públicas que são
remunerados para dar atenção integral ao cidadão no interesse do bem-estar da comunidade”.
A polícia tem percebido que não é possível mais fingir que sozinha
consegue dar conta de todos os problemas de segurança. A comunidade precisa policiar a si mesma e a polícia pode
(ou deve) ajudar e orientar esta tarefa.
A percepção de que juntas, polícia e comunidade podem somar esforços na luta contra a violência e a
criminalidade tem possibilitado o fortalecimento de algumas estratégias utilizadas no âmbito da Polícia Comunitária:
- Mobilização das Lideranças Comunitárias
- Policiamento Comunitário
- Gestão de Serviços
- Comparando a gestão de serviço na Polícia Comunitária e na Polícia
tradicional
Estas estratégias serão descritas nas páginas seguintes

Mobilização das Lideranças Comunitárias


Na década de 80, nos Estados Unidos, cresceu o entendimento de que os meios formais e informais de
controlar o crime e manter a ordem eram complementares e que a polícia e a comunidade deveriam trabalhar juntas
para definir estratégias de prevenção do crime. De acordo com MOREIRA (2005), várias são as teorias sociológicas
que comprovam esta abordagem. E, por acreditar que o medo do crime favorece o aumento das taxas de crime e a
decadência dos bairros, inúmeros programas de redução do medo foram desenvolvidos através da parceria polícia-
comunidade.
Estratégias para organizar a comunidade e prover uma resposta coletiva ao crime têm se tornado o
alicerce da prevenção do crime nos Estados Unidos nos últimos anos. A polícia não pode lidar sozinha com o
problema do crime.
- Para construção de uma estratégia de Polícia Comunitária devem ser apontados como objetivos: a
parceria, o fortalecimento, a solução de problemas, a prestação de contas e a orientação para o cliente.
- A polícia deve trabalhar em parceria com a comunidade, com o governo, outras agências de serviço e
com o sistema de justiça criminal. A palavra de ordem deve ser "como podemos trabalhar juntos para resolver este
problema?" Os membros da comunidade devem estar envolvidos em todas as fases do planejamento do policiamento
comunitário.

Policiamento Comunitário
Fortalecimento da comunidade
Basicamente, existem dois tipos de fortalecimento:

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- dos policiais : poder de decisão, criatividade e inovação são encorajados em todos os níveis da polícia.
- da própria comunidade : a Polícia Comunitária capacita e dá competência aos cidadãos para participar
das decisões sobre o policiamento e de outras agências de serviço, visando prover maior impacto nos problemas de
segurança.
No âmbito da Polícia Comunitária, o policiamento representa um renascimento da abordagem policial
pela solução de problemas. A meta da solução de problemas é realçar a participação da comunidade através de
abordagens para reduzir as taxas de ocorrências e o medo do crime, através de planejamentos a curto, médio e longo
prazos.
O policiamento comunitário encoraja a prestação de contas, as pesquisas e estratégias entre as lideranças
e os executores, a comunidade e outras agências públicas e privadas.
Uma orientação para o cliente é fundamental para que a polícia preste serviço à comunidade. Isso requer
técnicas inovadoras de solução de problemas de modo a lidar com as variadas necessidades do cidadão. Estabelecer
e manter confiança mútua é o núcleo da parceria com a comunidade. A polícia necessita da cooperação das pessoas
na luta contra o crime; os cidadãos necessitam comunicar com a polícia para transmitir informações relevantes. O
processo de parceria comunitária possui três lados: a CONFIANÇA facilita um maior CONTATO COM A COMUNIDADE
que, por sua vez, facilita a COMUNICAÇÃO que leva a uma maior CONFIANÇA e assim por diante.

Figura 6. Confiança mútua.


As instituições policiais precisam identificar os atores sociais que atuam nas lideranças comunitárias, como
representantes das pessoas que estão enfrentando ou “sofrendo” com o(s) problema(s). Organizações públicas e privadas, grupos de
idosos, proprietários de imoveis, comerciantes, etc. São pessoas importantes para iniciar um processo de mobilização social e,
principalmente, para manter os públicos envolvidos coesos, em torno da causa social, durante as demais fases que buscam a sua
solução.
Gestão de Serviços na Polícia Comunitária e Polícia Tradicional
"Policiamento comunitário e uma filosofia e não uma tática especifica; uma
abordagem pró-ativa e descentralizada, designada para reduzir o crime, a desordem e o medo do crime através do envolvimento do
mesmo policial em uma mesma comunidade em um período prolongado de tempo". MOREIRA Apud PEAK (1999, p.78).
É fato que não existe um programa único para descrever o policiamento comunitário, ele tem sido tentado em várias
polícias ao redor do mundo. O policiamento comunitário vai muito além que simplesmente implementar policiamento a pé,
ciclopatrulha ou postos de policiamento comunitário. Ele redefine o papel do policial na rua de "combatente" (combate ao crime),
para solucionador de problemas e ombudsman do bairro. Obriga uma transformação cultural da polícia, incluindo descentralização da
estrutura organizacional e mudanças na seleção, recrutamento, formação, treinamento sistemas de recompensas, promoção e muito
mais.
Além do mais, essa filosofia pede para que os policiais escapem da lógica do policiamento dirigido para ocorrências
(rádio-atendimento) e busquem uma solução proativa e criativa para equacionar o crime e a desordem.
POLÍCIA COMUNITÁRIA E POLICIAMENTO COMUNITÁRIO:
CONCEITOS E INTERPRETAÇÕES BÁSICAS
A primeira ideia que se tem a respeito do tema Polícia Comunitária é que ela, por si só, é particularizada, pertinente a
uma ou outra organização policial que a adota, dentro de critérios peculiares de mera aproximação com a sociedade sem, contudo,
obedecer a critérios técnicos e científicos que objetivem a melhoria da qualidade de vida da população.

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Qualidade de vida da população em um país de complexas carências e um tema bastante difícil de ser abordado, mas
possível de ser discutido quando a polícia busca assumir o papel de interlocutor dos anseios sociais.
É preciso deixar claro que "Polícia Comunitária" não tem o sentido de ASSISTÊNCIA POLICIAL, mas sim o de
PARTICIPAÇÃO SOCIAL.
Nessa condição entendemos que todas as forças vivas da comunidade devem assumir um papel relevante na sua própria
segurança e nos serviços ligados ao bem comum. Acreditamos ser necessária esta ressalva, para evitar a interpretação de que estejamos
pretendendo criar uma nova polícia ou de que pretendamos credenciar pessoas extras aos quadros da polícia como policiais
comunitários.
O policial é uma referência muito cedo internalizada entre os componentes da comunidade. A noção de medo da polícia,
erroneamente transmitida na educação e às vezes na mídia, será revertida desde que, o policial se faça perceber por sua ação protetora e
amiga.
O espírito de Polícia Comunitária que apregoamos se expressa de acordo com as seguintes ideias:
 A primeira imagem da POLÍCIA é formada na família;
 A POLÍCIA protetora e amiga transmitirá na família, imagem favorável que será transferida às crianças
desenvolvendo-se um traço na cultura da comunidade que aproximará as pessoas da organização policial;
 O POLICIAL, junto à comunidade, além de garantir segurança, deverá exercer função didático-pedagógica, visando a
orientar na educação e no sentido da solidariedade social;
 A orientação educacional do policial deverá objetivar o respeito à "Ordem Jurídica" e aos direitos fundamentais
estabelecidos na Constituição Federal;
 A expectativa da comunidade de ter no policial o cidadão íntegro, homem interessado na preservação do ambiente, no
socorro em calamidades públicas, nas ações de defesa civil, na proteção e orientação do trânsito, no transporte de feridos em acidentes
ou vítimas de delitos, nos salvamentos e combates a incêndios;
 A participação do cidadão se dá de forma permanente, constante e motivadora, buscando melhorar a qualidade de vida.
Antes, porém, de ser apresentada definições de Polícia Comunitária e Policiamento Comunitário vale a pena verificar os aspectos que
auxiliam caracterizar comunidade e segurança.
a) Comunidade
Para não correr o risco de definições ou conceitos unilaterais, preferimos apresentar alguns traços que caracterizam uma
comunidade:
 Forte solidariedade social;
 Aproximação dos homens e mulheres em freqüentes relacionamentos interpessoais;
 Discussão e soluções de problemas comuns;
 Sentido de organização possibilitando uma vida social durável.
b) Segurança
Jorge Wilheim, diz que a segurança do indivíduo envolve:
 Reconhecimento do seu papel na sociedade;
 A auto-estima e a auto-sustentação;
 A clareza dos valores morais que lhe permitam distinguir o bem do mal;
 O sentimento de que não será perseguido por preconceito racial, religioso ou de outra natureza;
 A expectativa de que não será vítima de agressão física, moral ou de
seu patrimônio:
 A possibilidade de viver num clima de solidariedade e de esperança.
Trojanowicz (1994)17 faz uma definição clara do que é Polícia Comunitária:
“É uma filosofia e estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a população e a polícia.
Baseia-se na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver
problemas contemporâneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e morais, e em geral a decadência do
bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral da vida na área.”
Na prática Polícia Comunitária (como filosofia de trabalho) difere do Policiamento Comunitário (ação de policiar junto à
comunidade). Aquela deve ser interpretada como filosofia organizacional indistinta a todos os órgãos de Policia, esta pertinente às
ações efetivas com a comunidade.
A ideia central da Polícia Comunitária reside na possibilidade de propiciar uma aproximação dos profissionais de
segurança junto à comunidade onde atua, como um médico, um advogado local; ou um comerciante da esquina; enfim, dar
característica humana ao profissional de polícia, e não apenas um número de telefone ou uma instalação física referencial. Para isto
realiza um amplo trabalho sistemático, planejado e detalhado.
Já o Policiamento Comunitário, segundo Wadman (1994)18, é uma maneira inovadora e mais poderosa de concentrar as
energias e os talentos do departamento policial na direção das condições que frequentemente dão origem ao crime e a repetidas
chamadas por auxílio local.
A Polícia Comunitária resgata a essência da arte de polícia, pois apoia e é apoiada por toda a comunidade, acolhendo
expectativas de uma sociedade democrática e pluralista, onde a responsabilidade pela mais estreita observância das leis e da
manutenção da paz não incumbem apenas à polícia, mas, também a todos os cidadãos.

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À medida que se abrem para a sociedade, congregando lideres locais, negociantes, residentes e todos quanto puderem
participar da segurança local, a polícia deixa de ser uma instituição fechada e que, estando aberta às sugestões, permite que a própria
comunidade faça parte de suas deliberações.
Em relação ao Policiamento Comunitário é possível dizer que conforme Trojanowicz (1994), o Policiamento
Comunitário exige um comprometimento de cada um dos policiais e funcionários civis do departamento policial com sua filosofia. Ele
também desafia todo o pessoal a encontrar meios de expressar esta nova filosofia nos seus trabalhos, compensando assim a necessidade
de manter uma resposta rápida, imediata e efetiva aos crimes individuais e as emergências, com o objetivo de explorar novas iniciativas
preventivas, visando à resolução de problemas antes que eles ocorram ou se tornem graves.
O Policiamento Comunitário, portanto, é uma filosofia de patrulhamento personalizado de serviço completo, onde o
mesmo policial trabalha na mesma área, agindo numa parceria preventiva com os cidadãos, para identificar e resolver problemas.
Quando não se conhece ou não se prática Polícia Comunitária é comum se afirmar que esta nova forma ou filosofia de
atuação é de uma "polícia light", ou uma "polícia frouxa" ou mesmo uma "polícia que não pode mais agir".
Na verdade Polícia Comunitária é uma forma técnica e profissional de atuação perante a sociedade numa época em que a
tecnologia, qualidade no serviço e o adequado preparo são exigidos em qualquer profissão. Mas no nosso caso existe ainda muita
confusão.
Robert Trojanowicz no livro "Policiamento Comunitário: Como Começar "procura mostrar as interpretações errôneas
sobre o que não é Policiamento Comunitário:
a. Policiamento Comunitário não é uma tática, nem um programa e nem uma técnica
- não é um esforço limitado para ser tentado e depois abandonado, e sim um novo modo de oferecer o serviço policial à
comunidade;
b. Policiamento Comunitário não é apenas relações públicas - na melhoria das relações com a comunidade é
necessária porém não é o objetivo principal, pois apenas o "QSA" não é suficiente para demonstrar a comunidade seriedade, técnica e
profissionalismo. Com o tempo os interesseiros ou os "QSA 5" são desmascarados e passam a ser criticados fortemente pela sociedade.
É preciso, portanto, ser honesto, transparente e sincero nos seus atos;
c. Policiamento Comunitário não é anti-tecnologia – o Policiamento Comunitário pode se beneficiar de novas
tecnologias que podem auxiliar a melhora do serviço e a segurança dos policiais. Computadores, celulares, sistemas de monitoramento,
veículos com computadores, além de armamento moderno (inclusive não letal) e coletes protetores fazem parte da relação de
equipamentos disponíveis e utilizáveis pelo policial comunitário. Aquela ideia do policial comunitário "desarmado" é pura mentira,
pois até no Japão e Canadá os policiais andam armados com equipamentos de ponta. No caso brasileiro a nossa tecnologia muitas vezes
é adaptada, ou seja, trabalhos muito mais com criatividade do que com tecnologia. Isto com certeza favorece o reconhecimento da
comunidade local;
d. Policiamento Comunitário não é condescendente com o Crime - os policiais comunitários respondem às chamadas
e fazem prisões como quaisquer outros policiais: são enérgicos e agem dentro da lei com os marginais e os agressores da sociedade.
Contudo atuam próximos a sociedade orientando o cidadão de bem, os jovens e buscam estabelecer ações preventivas que busquem
melhorar a qualidade de vida no local onde trabalham. Parece utópico, mas inúmeros policiais já vem adotando o comportamento
preventivo com resultados excepcionais. Outro ponto importante é que como está próximo da comunidade, o policial comunitário
também é uma fonte de informações para a polícia de investigação (Polícia Civil) e para as forças táticas, quando forem necessárias
ações repressivas ou de estabelecimento da ordem pública;
e. Policiamento Comunitário não é espalhafatoso e nem camisa "10" - as ações dramáticas narradas na mídia não
podem fazer parte do dia a dia do policial comunitário. Ele deve ser humilde e sincero nos seus propósitos. Nada pode ser feito para
aparecer ou se sobressair sobre seus colegas de profissão. Ao contrário, ele deve contribuir com o trabalho de seus companheiros, seja
ele do motorizado, a pá, trânsito, bombeiro, civil, etc. O Policiamento Comunitário deve ser uma referência a todos, polícia ou
comunidade. Afinal, ninguém gosta de ser tratado por um médico desconhecido, ou levar seu carro em um mecânico estranho;
f. Policiamento Comunitário não é paternalista
- não privilegia os mais ricos ou os "mais amigos da polícia", mas procura dar um senso de justiça e transparência à ação
policial. Nas situações impróprias deverá estar sempre ao lado da justiça, da lei e dos interesses da comunidade. Deve sempre priorizar
o coletivo em detrimento dos interesses pessoais de alguns membros da comunidade local;
g. Policiamento Comunitário não é uma modalidade ou uma ação especializada isolada dentro da Instituição
- os policiais comunitários não devem ser exceção dentro da organização policial, mas integrados e participantes de todos
os processos desenvolvidos na unidade. São parte sim de uma grande estratégia organizacional, sendo uma importante referência para
todas as ações desenvolvidas pela Polícia Militar. O perfil desse profissional é também o de aproximação e paciência, com capacidade
de ouvir, orientar e participar das decisões comunitárias, sem perder a qualidade de policial militar forjado para servir e proteger a
sociedade;
h. Policiamento Comunitário não é uma Perfumaria
- o policial comunitário lida com os principais problemas locais: drogas, roubos e crimes graves que afetam diretamente a
sensação de segurança. Portanto seu principal papel, além de melhorar a imagem da polícia, é o de ser um interlocutor da solução de
problemas, inclusive participando do encaminhamento de problemas que podem interferir diretamente na melhoria do serviço policial
(uma rua mal iluminada, horário de saída de estudantes diferenciado, etc.);
i. Policiamento Comunitário não pode ser um enfoque de cima para baixo

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– as iniciativas do Policiamento Comunitário começam com o policial de serviço. Assim admite-se compartilhar poder e
autoridade com o subordinado, pois no seu ambiente de trabalho ele deve ser respeitado pela sua competência e conhecimento.
Contudo o policial comunitário também adquire mais responsabilidade já que seus atos serão prestigiados ou cobrados
pela comunidade e seus superiores;
j. Policiamento Comunitário não é uma fórmula mágica ou panacéia
- o Policiamento Comunitário não pode ser visto como a solução para os problemas de insegurança pública, mas uma
forma de facilitar a aproximação da comunidade favorecendo a participação e demonstrando a sociedade que grande parte da solução
dos problemas de insegurança dependem da própria sociedade.
Sabemos que a filosofia de Polícia Comunitária não pode ser imediatista, pois depende da reeducação da polícia e dos
próprios cidadãos que devem ver a polícia como uma instituição que participa do dia a dia coletivo e não simples guardas patrimoniais
ou "cães de guarda";
k. O Policiamento Comunitário não deve favorecer ricos e poderosos
– a participação social da polícia deve ser em qualquer nível social: os mais carentes, os mais humildes, que residem em
periferia ou em áreas menos nobres.
Talvez nestas localidades é que está o grande desafio da Polícia Comunitária. Com certeza os mais ricos e poderosos tem
mais facilidade em ter segurança particular;
I. Policiamento Comunitário não é uma simples edificação
- construir ou reformar prédios da Polícia não significa implantação de Polícia Comunitária. A Polícia Comunitária
depende diretamente do profissional que acredita e pratica esta filosofia muitas vezes com recursos mínimos e em comunidades
carentes;
m. Policiamento Comunitário não pode ser interpretado como um instrumento político-partidário mas uma
estratégia da Corporação
- muitos acham que acabou o Governo "acabou a moda", pois vem outro governante e cria outra coisa.
Talvez isto seja próprio de organizações não tradicionais ou temporárias. A Polícia Comunitária além de filosofia é
também um tipo de ideologia policial aplicada em todo o mundo, inclusive em países pobres com características semelhantes às do
Brasil. Portanto, talvez seja uma roupagem para práticas positivas antigas. Afinal, o que foi que esquecemos?
n. A natureza do policial sempre foi comunitária. Nascida ao início do século XX com o objetivo de proteger o
cidadão de bem dos malfeitores, anos depois, ao final deste mesmo século, se busca este retorno às origens.

Tabela 1.
Polícia Comunitária vs
Polícia Tradicional.
Gestão de
Serviços
A Polícia
Comunitária pede para
que os policiais escapem
da logica do
policiamento dirigido
para ocorrências
(radioatendimento) e
busquem uma solução
pró-ativa e criativa para
equacionar o crime e a
desordem. O diagrama
5W2H pode ajudar na
gerencia do serviço
policial. Esta
metodologia, também
conhecida nos países de
língua portuguesa como

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4Q1POC (apos a tradução), e muito utilizada na administração de empresas para gerenciar um plano de ação para elaborar um serviço
ou produto.
Este diagrama e composto por 7 perguntas que procuram orientar a gerência de um plano de ação.

Figura 7. As sete perguntas essenciais

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As sete perguntas essenciais.

Tabela 2. As sete perguntas essenciais


Comparando a gestão de serviço na Polícia Comunitária e na Polícia Tradicional

Em oposição ao trabalho de um policial tradicional, que faz patrulhamento e prende bandidos, em um dia de trabalho de
um policial comunitário, além das tarefas do policial tradicional, abrange:
- trabalhar em postos comunitários,
- participar de encontros com grupos da comunidade,
- analisar e resolver problemas do bairro,
- realizar pesquisas e entrevistas pessoais,
- encontrar com lideranças locais,
- verificar a segurança das residências e comércios locais,
- lidar com desordeiros, dentre outras.
Veja a seguir o diagrama, adaptado de MOREIRA Apud PEAK (1999, p.80), para compreender e comparar com o
modelo de Polícia Tradicional e a Polícia Comunitária.

Diferenças entre a polícia tradicional e a polícia comunitária - Maurício Futryk Bohn, 38


POLÍCIA TRADICIONAL POLÍCIA COMUNITÁRIA
A polícia é uma agência governamental responsável, A polícia é o publico e publico é a polícia: os policiais são
principalmente, pelo cumprimento da lei aqueles membros da população que são pagos para dar atenção
em tempo integral às obrigações dos cidadãos;
Na relação entre polícia e as demais instituições de serviço Na relação com as demais instituições de serviço publico, a
público, as prioridades são muitas vezes conflitantes; polícia é apenas uma das instituições governamentais
responsáveis pela qualidade de vida da comunidade;
O papel da polícia é preocupar-se com a resolução do crime; O papel da polícia é dar um enfoque mais amplo visando a
resolução de problemas, principalmente por meio da prevenção
As prioridades são, por exemplo, roubo a banco, homicídios e A eficácia da política é medida pela ausência de crime e de
todos aqueles envolvendo violências; desordem;
A polícia se ocupa mais com os incidentes; As prioridades são quaisquer problemas que estejam afligindo a
comunidade;
O que determina a eficiência da polícia é o tempo de resposta; A polícia se ocupa mais com os problemas e as preocupações
dos cidadãos

38
Maurício Futryk Bohn, Mestrando em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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O profissionalismo policial se caracteriza pelas respostas O que determina a eficácia da polícia é o apoio e a cooperação
rápidas aos crimes sérios; do publico;
A função do comando é prover os regulamentos e as O profissionalismo policial se caracteriza pelo estreito
determinações que devam ser cumpridas pelos policiais; relacionamento com a comunidade
As informações mais importantes são aquelas relacionadas a A função do comando é incutir valores institucionais;
certos crimes em particular;
O policial trabalha voltado unicamente para a marginalidade de As informações mais importantes são aquelas relacionadas com
sua área, que representa, no máximo 2% da população residente as atividades delituosas de indivíduos ou grupos;
ali onde “todos são inimigos, marginais ou paisano folgado, até
prova um contrário”;
O policial é do serviço; O policial trabalha voltado para os 98% da população de sua
área, que são pessoas de bem e trabalhadoras;
Emprego da força como técnica de resolução de problemas; O policial emprega a energia e eficiência, dentro da lei, na
solução dos problemas com a marginalidade, que no máximo
chega a 2% dos moradores de sua localidade de trabalho;
Presta contas somente ao seu superior; Os 98% da comunidade devem ser tratados como cidadãos e
clientes da organização policial;
As patrulhas são distribuídas conforme o pico de ocorrência. O policial presta contas de seu trabalho ao superior e à
comunidade;
Tabela 3. Diferenças entre a polícia tradicional e a polícia comunitária - Maurício Futryk Bohn
Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/cienciascriminais/IV/54.pdf>. Acesso em 07 de ago de 2018.

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16. Estratégias que favoreçam a participação e mobilização da comunidade.


MOBILIZAÇÃO SOCIAL
16.1 COMPREENSÃO DA COMUNIDADE
"Se não houver uma disposição da polícia de pelo menos tolerar a influência do público sobre suas operações, a Polícia
Comunitária será percebido como 'relações públicas' e a distância entre a polícia e o público será cada vez maior."
Theodomiro Dias Neto do livro Policiamento Comunitário e o Controle Social
Qualquer tentativa de trabalho ou programa de Polícia Comunitária deve incluir necessariamente a comunidade. Embora
a primeira vista possa parecer simples, a participação da comunidade é um fator importante na democratização das questões de
segurança pública e da implementação de programas comunitários que proporcionam a melhoria de qualidade de vida e a definição de
responsabilidades.
A compreensão dinâmica de comunidade é essencial para a prevenção e controle do crime e da desordem, assim como o
medo do crime, pois o controle e a participação social informal (do coletivo, do grupo) é mais eficaz. A consciência é a chave, pois ela
impede que as pessoas cometam erros nocivos a vida coletiva, mesmo quando ninguém está vendo.
16.1.1. Envolvimento dos Cidadãos
Todas as vezes que grupos de cidadãos, ou moradores, se reúnem para encaminhar soluções para problemas comuns, o
resultado é bastante positivo. Na polícia comunitária não poderá ser diferente. O problema é interpretar as possibilidades da
comunidade e da Polícia. Assim, é importante refletirmos sobre questões levantadas por ambas:
a) A participação do cidadão, muitas vezes, tem-se limitado às responsabilidades de ser informado das questões públicas
(ações da polícia), votar pelos representantes em conselhos ou entidades representativas, seguir as normas institucionais ou legais sem
dar sugestões de melhoria do serviço.
b) Outro Problema é o desconhecimento das características da comunidade local, pois uma comunidade rica tem
comportamento e anseios diferentes de uma comunidade pobre e comunidades de grandes centros urbanos são diferentes de
comunidades de pequenas cidades do interior, independente de serem ricas ou pobres, agrícolas ou industriais. O que importa é
descobrir seus anseios, seu desejo de participação no processo, sua motivação para se integrar com a polícia.
16.2. ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA
Espera-se que a intensificação do contato entre a polícia, a comunidade e os diversos segmentos favoreça uma melhor
integração e participação da comunidade, o reconhecimento social da atividade policial, o desenvolvimento da cidadania aos cidadãos e
a melhoria da qualidade de vida. A comunicação intensa e constante propicia a melhora das relações, amplia a percepção policial e da
comunidade no que tange as questões sociais e possibilita diminuir áreas de conflito que exigem ações de caráter repressivo das
instituições policiais.
Há, contudo, uma série de fatores a serem pesados quando se avalia o potencial democrático das diversas experiências de
organização comunitária na área de prevenção do crime e da desordem social, por isto importante conhecer os níveis de organização
comunitária.
16.2.1. Aspectos Importantes sobre os Níveis de Organização Comunitária
O maior desafio enfrentado pela polícia no modelo comunitário é motivar e sustentar a participação do público. A prática
ensina que o êxito de uma iniciativa policial de organização comunitária passa pelo envolvimento e comprometimento dos cidadãos na
busca de soluções para problemas locais. Um ponto crítico é que as chances de êxito dessas iniciativas tendem a ser menores nas áreas
onde se mostram mais necessárias, ou seja, os problemas são mais graves e abundantes. O contato direto e permanente com a
adversidade e a insegurança social costuma ter um efeito negativo nos esforços de organização e mobilização social.
Importante!
Em vez de unir as pessoas em torno de sentimentos de indignação e finalidade comum, o crime parece minar a
capacidade de organização comunitária. Por outro lado, a polícia parece mais bombeiro, combatendo emergências (ocorrências
criminais) a qualquer custo, não interessando integração com a comunidade.
Nesses contextos problemáticos, a organização comunitária envolve um árduo e duradouro esforço de superação de
resistência de indivíduos, céticos em relação às possibilidades de melhorias em suas condições de vida, ainda mais quando dependentes
de ações governamentais. Mesmo aquelas iniciativas que contam com investimentos e apoio governamental (recursos financeiros,
implemento de recursos humanos e materiais, treinamento de agentes públicos, informações e até mesmo o engajamento social)
costumam ser prejudicadas pelo desinteresse ou apatia do público, muitas vezes até pela abordagem equivocada do que seria um
programa comunitário de segurança pública.
Confrontada com tais dificuldades, a polícia tende a tomar decisões baseadas em suas próprias percepções: os problemas
são tão latentes e os recursos tão escassos, que as consultas à comunidade podem parecer ineficazes e excessivamente demoradas, sem
nenhum resultado prático.
Em áreas onde haja alguma base de organização comunitária, a polícia tem procurado superar essas dificuldades
estabelecendo contatos com organizações locais, tais como igrejas, associações de comerciantes e de moradores. Esta relação se
transforma na única alternativa possível e tende a viciar o processo, pois organizações locais podem tender para interesses ou
privilégios específicos (interesses comerciais, eleitorais, religiosos, etc) fugindo ao anseio de toda a coletividade.
Importante!

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O desafio, portanto, não está apenas em promover trabalhos com grupos organizados da comunidade, de interesses
específicos, mas trabalhar na organização de trabalhos comunitários, de forma constante e permanente.
Pare e Reflita!
O jovem infrator que comete um ato infracional em um bairro rico, com sólida organização comunitária, reside em
bairros carentes, sem nenhuma infraestrutura e organização social. Será que a associação comercial de um bairro rico, realizando
trabalhos de parceria em bairros pobres, não pode conter a violência no seu bairro?
16.3. A AUTONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES EM RELAÇÃO À POLÍCIA
Em regra, os grupos comunitários, assumem uma postura passiva e acrítica em relação às ações de governo e da polícia,
respaldando apenas as suas práticas, mesmo quando claramente impróprias ou ilegais. É preciso respaldar as boas ações da polícia, de
interesse coletivo, de respeito aos direitos humanos, dentro da legalidade e dos valores morais e éticos. Mas deve-se criticar e
vilipendiar ações violentas, ilegítimas, que desrespeitam a dignidade humana e que fogem ao interesse coletivo, responsabilizando o
mau profissional e não a instituição como um todo.
Em áreas nobres, os grupos costumam estar mais preocupados com a resposta aos crimes, ações da polícia mais
repressivas, até investem para isso: compras de viaturas, reforma de prédios, aquisição de sistemas de comunicação. Mas não querem
desenvolver ações mais preventivas não querem se envolver. Por outro lado, buscam desenvolver ações " caridosas e filantrópicas"
como sopas aos moradores de rua em dias de frio, cestas alimentares em igrejas, mas o morador de rua continua na rua.
Em áreas carentes, a experiência cotidiana pode tornar os cidadãos mais vigilantes. Ao invés de simplesmente
pressionarem por mais presença policial, se mostram mais preocupados com os mecanismos de controle de abusos e corrupção policial.
Os representantes comunitários frequentemente temem a polícia e se ressentem da forma como esta exerce sua
autoridade. As ações comunitárias focam mais para o controle da polícia do que para o controle do crime, pois o medo é predominante.
Acredita-se que a polícia não sabe os problemas do bairro, pois só existe para "caçar bandidos".
Organizações que não dependem da polícia para a sua existência podem trazer significativos desafios para a polícia. No
pensamento institucional pode significar entraves administrativos, restringindo a sua discricionariedade; no pensamento social amplia o
controle da polícia; na filosofia de polícia comunitária amplia e aprimora as ações conjuntas, tanto da polícia como da sociedade.
Observa-se, contudo, que com grande frequência, as organizações autônomas do ponto de vista econômico são aquelas
representativas dos setores de maior poder aquisitivo, que tendem a ser aliados "naturais" da polícia. As organizações oriundas de
segmentos marginalizados, em geral mais antagônicas à polícia, não possuem autonomia econômica, sendo, muitas vezes, levadas a
fazer concessões em troca de apoio e de recursos.

16.4. ESTRATÉGIAS DE ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA: MEIO DE


CONTROLE SOCIAL, DE AUTOAJUDA OU DE PARCERIA DECISÓRIA?
Organização ou mobilização comunitária significa unir questões diferentes, pessoas diferentes em objetivos comuns. Para
muitas polícias que querem adotar a Polícia Comunitária, organizar significa chamar residentes locais para assistir a uma reunião de
lideres locais. Isto, com certeza, não é Polícia Comunitária.
Para muitas organizações comunitárias, organizar significa um processo contínuo de capacitação de residentes locais,
especialmente o incentivo à participação de cidadãos em decisões relacionadas à qualidade de vida do bairro. A Polícia Comunitária se
baseia neste princípio.
Assim, identificamos três tipos de programas que demonstram como a interpretação errônea sobre Polícia Comunitária
pode prejudicar a implementação desta filosofia, como veremos a seguir:

PROGRAMA 1: organização comunitária como meio de controle social


Diversos programas associados à Polícia Comunitária revelam tão-somente o interesse da polícia em ampliar e legitimar
o seu controle sobre o território. O contato com as organizações comunitárias é visto como estratégia para obtenção de apoio popular,
neutralização de críticas e não como forma de engajamento dos cidadãos nos processos de estímulo e participação.

Os perigos (O QUE NÃO SE DEVE FAZER):


 Policiamento privilegiado com base nas opiniões dos "parceiros da polícia" (a famosa contrapartida) - apóia as
decisões da polícia, terá policiamento na porta;
 Surgimento de lideranças contraditórias que almejem cargos políticos prometendo combater as ações da polícia no
bairro;
 Policiamento privilegiado baseado no "bico" dos policiais (locais de policiamento = locais onde atuo na hora de folga);
 Surgimento de candidatos políticos com o apoio governamental por terem "apoiado as iniciativas da polícia no bairro".

O que é correto (O QUE DEVE FAZER):


 Ouvir a todos indistintamente (principalmente o mais crítico);
 Neutralizar grupos específicos que querem se aproveitar ou privilégios da ação policial;
 Compartilhar informações com a comunidade, transformando-as em ações preventivas e educativas. Quando o assunto
exigir sigilo explicar o motivo, demonstrando a sua importância para a segurança da própria comunidade;
 “os parceiros da polícia” não são apenas as pessoas com posse ou ascendência na comunidade, mas todos: do mais
humilde ao mais culto. Portanto, estimular a participação de todos é importante no processo porque promove confiança e respeito;

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 Demonstrar e discutir os erros com a comunidade pode demonstrar evolução e interesse na integração;
 Ao cobrar ações e fornecer informações a polícia, a comunidade, seus lideres e os conselhos representativos devem
observar o bem comum (o coletivo);
 Interesses eleitoreiros ou político-partidário não combinam com Polícia Comunitária que deve ser apolítica, apartidária
e não ideológica.

PROGRAMA 2: organização comunitária como meio e autoajuda


Um segundo tipo de programa enfatiza os aspectos cooperativos da Polícia Comunitária: a polícia utiliza-se dos “olhos e
dos ouvidos” dos residentes e usuários do bairro com a finalidade de potencializar sua capacidade de prevenir crimes e manter a ordem.
Em regra, contudo, nesse tipo de programa, o envolvimento dos cidadãos limita-se a realização de tarefas, não havendo
uma dinâmica de planejamento comum. Enfatiza-se a cooperação do público na realização de tarefas policiais, mas subestima-se a sua
participação nos processos de integração.
Vende-se um pacote aos cidadãos: e a sua cooperação está direcionada a tarefas do tipo identificação de propriedades,
notificação de crimes, identificação de áreas de risco, campanhas comunitárias, jornais locais, etc.
O surgimento de supostos grupos ou entidades com o objetivo de encaminhar soluções a polícia, promover ações sem a
participação da polícia, estimulando ações coletivas independentes de programas de polícia comunitária atrapalham e confundem o
processo.

Os Perigos(O QUE NÃO SE DEVE FAZER):


 O planejamento equivocado e sem orientação culminando no surgimento de alternativas econômicas: segurança
privada, sistema de comunicações entre cidadãos de posse (paralelo a polícia);
 Membros da comunidade expostos a marginalidade, colocando em risco suas vidas porque são interlocutores dos
problemas locais;
 A polícia determina tarefas para dissuadir ações participativas sem nenhum resultado prático;
 As campanhas têm um forte conteúdo político em detrimento da prevenção porque é apoiado por um político ou
comerciante;
 Como o apoio governamental é pouco, apenas pequenas ações fazem surgir lideranças com perfil político e eleitoral,
deturpando o processo;
 A instrumentalização de pequenas tarefas pode causar apatia da comunidade, favorecendo os marginais da área e
grupos de interesse que desejam o insucesso de ações coletivas no bairro;
 A polícia não consegue mais atuar na área sem críticas da comunidade.

O que é correto(O QUE DEVEMOS FAZER):


 Promover uma ampla participação da comunidade, discutindo e sugerindo soluções dos problemas;
 Demonstrar a participação da comunidade nas questões, determinando o que é da polícia e o que é da sociedade;
 Proteger os reais parceiros da polícia, não os utilizando para ações de risco de vida (não expondo) com ações que são
da polícia ou demonstrando eventualmente que eles são informantes;
 As ações de autoajuda são acompanhadas por policiais. As iniciativas locais são apoiadas. Trabalhos preventivos, não
apenas campanhas devem ser estimulados.

PROGRAMA 3: organização comunitária como meio de parceria decisória


(O QUE DEVEMOS ADOTAR E FAZER)
A terceira categoria, com certeza a mais importante, caracteriza-se pela participação ativa do público em todos os
processos: planejamento local, ações preventivas e de orientação da comunidade, avaliação dos processos e participação nas decisões
de interesse coletivo. A comunidade participa ativamente do planejamento local e atua na reeducação de suas ações, na reconstrução
social do bairro, ou seja, ações de caráter essencialmente preventivo. O pensamento nesta abordagem é entender que quando a polícia
se relaciona com grupos de prevenção ou mobilização comunitária, está lidando com parceiros e não auxiliares ou subordinados.
A parceria que se deseja, viabiliza a adequação das estratégias de prevenção às características locais. Transferir decisões
aos escalões inferiores e a parceria com representantes da comunidade ainda é um paradigma nas organizações policiais brasileiras. A
dificuldade na relação com segmentos sociais, principalmente os mais hostis, também. Mas essas ações devem ser estimuladas.
A participação da comunidade é fundamentada em normas técnicas de caráter científico, aprimorado ao longo do tempo.
Contudo, a participação da comunidade no planejamento e nas decisões melhora este perfil tecnológico e profissional da polícia, pois o
aprimoramento estará vinculado aos níveis de satisfação, sensação de segurança, qualidade de vida e a diminuição do crime e da
desordem. É possível realizar tudo isso em termos de Polícia Comunitária? É o que veremos a seguir.
Usar a polícia como instrumento de repressão social ou política não é um mecanismo eficaz de combate ao crime. Da
mesma forma manipular comunidades com objetivos políticos ou institucionais também não apresentarão resultados satisfatórios.

16.5. PROJETO LOCAL DE POLÍCIA COMUNITÁRIA


O que é Polícia Comunitária ?
Como iniciar um trabalho de Polícia Comunitária?

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Quem envolver no trabalho de Polícia Comunitária?


Polícia Comunitária -» parceria com -> comunidade (entidades, associações,minorias) polícia (Civil e Militar) outras
instituições (federal, estadual, municipal) empresários e comerciantes imprensa (escrita, falada e televisada) políticos (deputados,
prefeitos e vereadores.
Polícia Comunitária -> resolução de problemas locais e complexos com criatividade e participação de todos acima,
respeitando as suas competências, mas exigindo parcelas de responsabilidades dentro de suas respectivas competências.
Policiamento Comunitário -> ação operacional da polícia que prioriza o relacionamento adequado com a comunidade
no dia a dia. É realizado dentro de características próprias da ação policial, porém deve ser talhado segundo as necessidades e recursos
locais -> não existe maneira de fornecer regras rígidas e rápidas que possam cobrir todas as circunstâncias.
Numa visão simplista, Polícia Comunitária se restringe a aproximação do policial junto a comunidade envolvido num
trabalho de policiamento comunitário, mas ao analisarmos de fato, podemos perceber a sua abrangência, uma vez atingindo o que é
preceituado no artigo 144 da
Constituição Brasileira, de que segurança pública é direito e responsabilidade de todos, cabendo também a qualquer
cidadão uma parcela de responsabilidade na questões de segurança pública.
A sociedade como um todo, deve atuar de uma forma participante em todos os momentos que impliquem ou não em uma
situação geradora de conflitos que levem às consequências extremas de violência.
Sabemos que muitas das causas da violência decorrem da ausência de uma política pública séria que cerceie o cidadão a
uma vida com dignidade, respeitando a si mesmo e ao seu semelhante. Cada vez mais o cidadão se isola esquecendo que os problemas
inerentes à sua comunidade, também lhe pertence para que tenha qualidade de vida.
Baseado nisso é que se norteia este trabalho de Polícia Comunitária em que as pessoas passem a se conhecer e manter
uma relação de amizade, confiança e respeito, buscando, juntos, soluções criativas para os problemas que afligem a sua comunidade,
cobrando dos órgãos competentes ações mais diretas como uma forma preventiva às causas da violência.
Somente assim tiraremos a imagem de que a polícia (instituição) resolve tudo, como se a ela destinassem todos os
problemas como uma obrigação a ser cumprida. Nos dias atuais quando se comenta sobre segurança pública, a polícia aparece como
corresponsável pelo alto índice de criminalidade que enfrentamos, a ela é imputada toda a responsabilidade para garantir a segurança
do cidadão. Para que se crie uma sensação de segurança, o cidadão precisa perceber a necessidade de se atacar as causas geradoras da
violência, tratando-as de uma forma preventiva.
Objetivos gerais:
 Integrar a comunidade às várias instâncias governamentais e não governamentais sensibilizando os moradores do
bairro no sentido de resgatar valores morais e sociais para a convivência harmoniosa buscando a melhoria da qualidade de vida local e
melhora da sensação de segurança;
 Sensibilizar a comunidade para que saiba buscar soluções criativas para os problemas do seu bairro;
 Motivar a participação comunitária almejando uma intensa integração social para que todos participem na melhoria da
qualidade de vida;
 Identificar as lideranças naturais para que elas perenizem a proposta.
Objetivos específicos
 Buscar soluções para os fatores criminógenos nas áreas de: educação, saúde, habitação, saneamento básico, transporte,
segurança pública, justiça e cidadania;
 Envolver os representantes dos serviços públicos, nas suas respectivas esferas de responsabilidade no programa;
 Envolver a iniciativa privada nas suas diversas atividades motivando uma participação entre o poder público e o
econômico do bairro;
 Envolver o poder político local (prefeitos, vereadores, deputados e representantes de partidos políticos, de forma
indistinta e imparcial) mostrando os problemas locais;
 Mostrar ao cidadão comum a importância de sua participação, bem como propiciar para que ele identifique os
problemas locais.

16.6. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA POLÍCIA COMUNITÁRIA


1ª etapa: Identificação das lideranças locais
 Verificação da existência de Sociedade Amigos de Bairro, Entidades
Religiosas, Conselhos Escolares, outras Entidades governamentais e não governamentais, dentre outras;
 Através de contato com a Polícia ( Militar e Civil ) da área e Administração Regional;
 Anotações de todos os endereços e telefones para contato e agendamento e visita (LEVANTAMENTO
ESTRATÉGICO).
2ª etapa: Contato com as lideranças locais
 Convite para posterior reunião;
 Palestra sobre Polícia Comunitária.
3ª etapa: Palestra sobre Polícia Comunitária
 Esclarecimento sobre o que é a Polícia Comunitária;
 Divulgação de material sobre Polícia Comunitária;
 Apresentação da proposta de trabalho junto à comunidade.

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4ª etapa: Identificação dos problemas do bairro


 Reunião com representantes da comunidade para identificar os problemas do bairro;
 Priorização de problemas do bairro;
 Indicação de representantes que formarão um comitê (ou conselho) de implantação dos trabalhos de Polícia
Comunitária;
 Discutir estas questões com as polícias do bairro.
5ª etapa: Coleta de informações (características sócio-econômicas, características geográficas ambientais)
 Informações: perfil da área (mapa preciso, número de residências, número e tipo de comércio, escolas igrejas,
associações, postos de saúde, área de lazer etc );
 perfil dos habitantes (idade, sexo, grau de instrução, profissão, estado civil, se empregado etc);
 Verificação de responsáveis pela coleta e locais a serem coletadas as informações. Estas informações podem ser
fornecidas pela própria polícia, órgãos públicos locais e entidades existentes no bairro;
 Tabulação e análise das informações. Sociabilizar as informações com a comunidade.
6ª etapa: Indicativos dos problemas locais
 Após traçado o perfil da comunidade local, verificar quais as dificuldades que se enfrentam para o exercício dos
direitos e garantias individuais e coletivas e o grau de segurança;
 Registrar e analisar os resultados que implicam nas dificuldades de se ter uma qualidade de vida melhor;
 Identificar os órgãos envolvidos nas questões;
 Desenvolver um plano inicial (esboço) contemplando os problemas locais, os pontos de participação de cada órgão e
da comunidade.
7ª etapa: Fixação de metas
 Após a avaliação das necessidades deverão ser fixadas as metas;
 Para quem? Onde? Quando? Como? E Para Quê? Fixar-se-ão essas metas? Não basta fixar metas apenas para serem
cumpridas;
 As metas deverão ter significados e que sejam interessantes à comunidade;
 Identificação das áreas de aceitação comum (criação ou melhoria de áreas de lazer, programas de requalificação
profissional etc );
 Fechamento do projeto, com a participação de todos os segmentos, estabelecendo responsabilidades, cronogramas e
metas.
 Eventos que consolidem a sistematização do trabalho de Polícia Comunitária e que uma vez compreendido não será
mais esquecido.
8ª etapa: Estratégia de Implantação
 Identificação de responsáveis capazes de auxiliar na resolução dos problemas apontados, possibilitando que se atinjam
as metas fixadas.
9ª etapa: Controle de qualidade, desenvolvimento contínuo e atualização dos trabalhos
 O comitê de implantação se reunirá no mínimo uma vez por mês ou sempre que necessário e será responsável pelo
controle de qualidade, desenvolvimento contínuo e atualização.
 A avaliação poderá ser realizada através de:
 um indicador (um fato que indique se o projeto atingiu ou não o objetivo );
 dados estatísticos - acompanhamento da diminuição ou aumento da criminalidade, referente as ocorrências na
comunidade;
 pesquisas com levantamentos (registros de ocorrências) e questionários sobre o grau de satisfação da comunidade e se
continua temerosa.
 contato pessoal com a comunidade.
 forma de verificação ( atividade que permita a demonstração do que foi feito em relação ao indicador);
 momento de verificação (o momento da verificação do aprendizado, no início, no meio, ou ao final das atividades).
É preciso observar se :
 O projeto atingiu os objetivos dentro do prazo previsto?
 Se não atingiu, quais foram os entraves que surgiram para o
 impedimento do avanço do projeto?
 Quais foram as atividades realizadas?
 Quais foram as tentativas para a realização dessas atividades?
 Quais as dúvidas que se manifestaram?
 Quais foram as interferências necessárias par a realização das atividades?
 Houve demonstração de independência do grupo em relação às atividades?
 O grupo revelou progressos ?
Se almejarmos um desenvolvimento contínuo, necessitamos tomar certos cuidados como acompanhar as atividades
analisando os avanços e dificuldades, buscando meios para facilitar a superação dos obstáculos, incentivando o grupo a caminhar, uns
ajudando os outros, sabendo que é preciso de tempo para exercitar e incorporar uma nova filosofia de trabalho para interagir com o
meio e desse modo os conhecimentos adquiridos se tornarem definitivos.

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Os desafios da vida são constantes e isso requer uma atualização permanente para a elaboração de novas informações
adequando às situações de momento que surjam durante o transcorrer do processo.
A eficiência e eficácia de um trabalho de Polícia Comunitária pode ser mensurada pela ausência de crime e de desordem,
pelo apoio da comunidade nas questões de segurança.

16.7. ATIVIDADES QUE PODERÃO SER DESENVOLVIDAS NA COMUNIDADE, COMO FORMA DE


PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA PREVENÇÃO E PREPARAÇÃO DA COMUNIDADE
 Palestras sobre variados temas conforme as necessidades locais;
 Cursos de preparação de lideranças comunitárias, Debates em Escolas envolvendo o corpo docente, administrativo e
operacional (Participação da Escola na melhoria da segurança no bairro, Relacionamento comunitário, Participação da comunidade na
Escola etc );
 Eventos com apresentações de música, dança e grupos locais;
 Encontros de moradores de uma rua para atividades comuns e sociais (um chá da tarde, um bingo, etc);
 Educação para o trânsito nas Escolas ( Polícia de Trânsito);
 Campanhas de prevenção e orientação ao pedestre e ao motorista;
 Semana de prevenção à saúde (Secretaria da Saúde );
 Semanas cívicas, de meio ambiente e de mutirões no bairro;
 Finais de semana de lazer e recreação (Escolas ou outros espaços
disponíveis, públicos ou privados);
 Reuniões de trabalho com as lideranças locais, com os poderes públicos locais e com a iniciativa privada;
 Orientação com relação à medida que devem ser adotadas quanto a:
 Segurança pessoal de seus bens;
 Segurança residencial;
 Segurança em relação as crianças;
 Segurança escolar etc.
 Programa de restauração do bairro (ruas limpas, árvores cortadas, calçadas arrumadas, muros pintados, etc).
O trabalho de Polícia Comunitária deve:
 Ser apartidário, apolítico;
 Envolver a Polícia Militar direcionando à prevenção e quando necessário,
 intensificação do ostensivo;
 Envolver a Polícia Civil, para aproximação e familiarização com a comunidade, esclarecendo questões pertinentes e
bom atendimento do cidadão no Distrito Policial, bem como dar o caráter social e preventivo a investigação criminal;
 Sensibilizar e manter contatos com autoridades de vários organismos públicos para a garantia do desenvolvimento do
projeto;
 Ser desvinculado de qualquer interesse particular, religioso e ideológico;
 Ter objetivos claros e definidos, sempre prestando contas à comunidade;
 Ser voltado à reeducação da comunidade;
 Evitar confrontos, mostrando sempre o lado educativo em qualquer situação;
 Estar sempre preocupado com a integridade física e moral dos participantes;
 Esquematizar a viabilização de formas de proteção aos participantes do projeto;
 Providenciar apoio às autoridades competentes, a qualquer indício de exposição de qualquer um dos participantes;
 Ser desenvolvido priorizando o respeito a dignidade humana;
 Priorizar os mais carentes e necessitados;
 Ser flexível e constantemente reavaliado.

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Glossário.

Adjetivação. substantivo feminino. Ação ou efeito de adjetivar, de modificar um substantivo com um ou mais adjetivos, esp.
qualificativos. Transformação ou uso de uma palavra como adjetivo.
Alheamento. Substantivo masculino. 1. ato ou efeito de alhear(-se); alienação, alheação.
Alhear. Verbo. 1. transitivo direto. Passar para outrem o domínio ou o direito de; ceder, alienar. "alheou todos os seus bens" 2.
transitivo direto e bitransitivo e pronominal
Brigada Militar. A Brigada Militar do Rio Grande do Sul (BMRS), ou simplesmente Brigada Militar (BM), é a força de
segurança pública que têm por função o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública no âmbito do Estado do Rio Grande
do Sul.
Câmaras técnicas. As Câmaras Técnicas são espaços permanentes de discussão sobre os assuntos mais importantes para a
segurança pública do município.
Carabineros. Carabineros: nome de várias forças policiais em diferentes países do mundo: a) Carabineros de Chile, atual
instituição policial uniformizada do Chile desde 1927. O grau de policial carabinero, o grau mais baixo dentro da instituição
Carabineros do Chile, e pertencente à hierarquia hierárquica; b) Carabineros de España, força policial espanhola, criada no século XIX
e abolida em 1940. c) Carabineros de Colombia, grupo operacional de polícia montada da ordem nacional, pertencente à Direção de
Carabineros e Seguridad Rural (DICAR) da Polícia Nacional de Colômbia. d) Carabinieri, atual instituição de ordem e polícia militar
da Itália. Além disso, a palavra carabinero pode se referir a: O soldado carabinieri, armado com uma carabina. Vários crustáceos
semelhantes a camarão e camarão. Plesiopenaeus edwardsianus, um crustáceo conhecido como carabinero, Aristeus antennatus, um
crustáceo conhecido como carabineiro, camarão rosa ou camarão rosa. Aristeomorpha foliacea, um crustáceo conhecido como
carabinero, camarão moruno, chouriço ou chorizo.
Carabiniere. Atual instituição de ordem e polícia militar da Itália
Ciclo Policial Completo. Ciclo Completo de Polícia consiste na atuação plena das instituições policiais, isto é atuar na prevenção,
na repressão e na investigação. Esse é o modelo adotado na Europa, America do Norte e América do Sul, enfim, com exceção de três
Países no mundo: Brasil, República de Cabo Verde e República Guiné-Bissau, todos os outros adotam o ciclo completo para as suas
polícias.
Ciclo Policial Incompleto. No Brasil é a Constituição Federal, que nos parágrafos 4º e 5° do inciso IV, do artigo 144, dispõe sobre
duas corporações policiais estaduais de ciclo incompleto, prevendo o exercício da polícia judiciária pelas polícias civis e a função de
polícia ostensiva e preservação da ordem pública para as polícias militares. Nessas condições, ambas atuam de forma isolada tendo
como único contato o momento da apresentação, pelos policiais militares, dos presos em flagrante nas delegacias da Polícia Civil para
as providências de polícia judiciária cabíveis.
Ciclo Virtuoso. É uma expressão que vem sendo bastante utilizada para designar um círculo de acontecimentos positivos. É o
oposto do círculo vicioso.
CONSEG. A definição de CONSEG (Conselho Comunitário de Segurança), se encaixa perfeitamente à orientação do art. 144 da
Constituição Federal do Brasil, quando diz que a preservação da ordem pública é dever do Estado, porém, direito e responsabilidade de
todos. Contudo, a ideia do Conselho Comunitário de Segurança surgiu para criar um espaço onde todos poderiam se reunir e pensar
estratégias de enfrentamento dos problemas de segurança, tranquilidade e insalubridade da comunidade, orientados pela FILOSOFIA
DE POLÍCIA COMUNITÁRIA. O Conselho Comunitário de Segurança é uma entidade de apoio às polícias estadual. Em outras
palavras, são grupos de pessoas de uma mesma comunidade que se reúnem para discutir, planejar, analisar, e acompanhar as soluções
de seus problemas, o qual se reflete na segurança pública. São meios de estreitar a relação entre comunidade e polícia, e fazer com que
estas cooperem entre si. Cada CONSEG realiza reuniões ordinárias mensais, normalmente no período noturno, em imóveis de uso
comunitário, segundo uma agenda definida por período anual. A Secretaria da Segurança Pública tem como representantes, em cada
CONSEG, o Comandante da Polícia Militar da área e o Delegado de Polícia Titular do Distrito Policial. Sua legitimidade tem sido
reconhecida pelas várias esferas de Governo e por institutos independentes, o que permite afirmar que os CONSEGs representam hoje,
a mais ampla, sólida, duradoura e bem-sucedida iniciativa de Polícia orientada para a comunidade em curso no Brasil.
CRISP. Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública
Crônica. Doença crônica é uma doença que persiste por períodos superiores a seis meses e não se resolve em um curto espaço
de tempo.
Delineados. Delineado. Adjetivo. 1. Desenhado de forma imprecisa e esquemática; esboçado. 2. por extensão Descrito de
maneira sucinta e objetiva.
Desenho Institucional. Desenhos institucionais de partilha do poder e são constituídos pelo próprio Estado, com representação
mista de atores da sociedade civil e atores estatais. E, por fim, os planos diretores municipais, através da obrigatoriedade das audiências
públicas, constituem um terceiro tipo que denominamos desenho institucional de ratificação. É importante perceber que estes desenhos
variam em pelo menos três aspectos: na maneira como a participação se organiza; na maneira como o Estado se relaciona com a
participação e na maneira como a legislação exige do governo a implementação ou não da participação. O objetivo deste artigo é
comparar estes desenhos nestas três dimensões; ele está dividido em quatro partes: na primeira delas fazemos breves considerações
sobre desenho institucional e participação e nas três seções seguintes abordamos cada um dos tipos de desenho institucional mostrando
a sua variação em diferentes contextos. Nas conclusões, mostramos o contexto no qual o processo participativo instaurado se torna mais
efetivo.

PMRN - Curso de Formação de Sargentos 2018.1. Instrutor: 2º Sgt Janildo da Silva Arante 71
Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária

Desmilitarizaçao.des·mi·li·ta·ri·za·ção.Substantivofeminino.Medida de segurança prevista por um tratado, que interdita toda a pre


sença ou .atividade militar numa zona determinada.
Desmilitarizar. des·mi·li·ta·ri·zar - verbo transitivo1. Tirar o .caráter militar a. 2. Retirar (as tropas) de. "desmilitarização", in
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/desmilitariza
%C3%A7%C3%A3o [consultado em 12-08-2018].
Destoante. adjetivo de dois gêneros. 1. por extensão que discorda; divergente. 2. figurado (sentido)figuradamente que não condiz;
impróprio, inconveniente.Origem. ⊙ ETIM destoar + -nte
DHPP. Sigla para Departamento de Homicídio e Proteção a Pessoa.
Diretrizes. Diretriz. Substantivo feminino. 1. linha básica que determina o traçado de uma estrada. 2. figurado
(sentido)figuradamente. Esboço, em linhas gerais, de um plano, projeto etc.; diretiva."o presidente eleito traçou a d. do seu governo"
ECA. O Estatuto da Criança e do Adolescente é a lei que cria condições de exigibilidade para os direitos da criança e do
adolescente, que estão definidos no artigo 227 da Constituição Federal.
Emancipatórias. Adjetivo Emancipador; que tem capacidade de emancipar, de tornar livre e independente: documento
emancipatório.Etimologia (origem da palavra emancipatório). Emancipar + ório.
ENASP. Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública para o Poder Judiciário.
Fomentar. Verbo. 1. transitivo direto e intransitivo. Friccionar a pele com líquido aquecido para fins curativos; fazer compressa
quente e úmida. "essa dor passa rápido fomentando o local". 2. transitivo direto. figurado (sentido)figuradamente. Cercar de cuidados
para criar ou fazer crescer; estimular.
FUNPEN. Fundo Penitenciário Nacional.
Gendarmerie. Uma gendarmaria, gendarmeria ou simplesmente guarda (em francês: gendarmerie) é uma força militar,
encarregada da realização de funções de polícia no âmbito da população civil. Os seus membros são designados "gendarmes".
Ocasionalmente, as gendarmarias podem também exercer funções de preboste ou polícia militar no âmbito das forças armadas,
sobretudo nos teatros de operações do estrangeiro.
GEPAR. Grupo Especializado ee Policiamento Em Áreas De Risco. O GEPAR, implantado em Uberlândia, no final de fevereiro,
atua com o intuito de garantir a segurança aos moradores, promovendo a prevenção e repressão qualificada aos crimes violentos, com o
objetivo de reduzir os índices criminais desses locais e ainda traçar estratégias para reduzir a mão-de-obra disponível para a prática de
crimes. A atuação do grupo está baseada na filosofia de trabalhar o contexto social das áreas de risco, visando resgatar a credibilidade
da comunidade local para com a polícia militar, através da áreas socias de polícia preventiva e repressiva. Os policiais militares
pertencentes ao GEPAR executam suas atividades dentro de três pilares: a prevenção, a repressão qualificada e a promoção social.
Guardia Civil. A Guarda Civil é um instituto espanhol armado de natureza militar, dependente do Ministério do Interior e
da Defesa , nota 2 que cumpre, entre outras, funções de segurança. Foi fundado por Francisco Javier Girón e Ezpeleta , II Duque de
Ahumada , em 13 de maio de 1844, sendo este o primeiro diretor geral .Nasceu devido à necessidade de ter um órgão de segurança
pública de implantação territorial nacional, forte, profissional e ampla, que respondesse de forma eficiente às necessidades de
segurança da Espanha na primeira metade do século XIX, o que leva com grande sucesso. Seus mais de 173 anos de história contínua,
sem alterar seu nome, lhe conferem o status de força policial mais antiga da Espanha, independentemente de seu alcance (nacional ou
regional). Popularmente também conhecida como Benemérita , ela faz parte das forças e órgãos de segurança do Estado , combinado
à Força Policial Nacional . Como tal, a Constituição , em seu artigo 104, estabelece a missão primordial de proteger o livre exercício
dos direitos e liberdades dos espanhóis e garantir a segurança dos cidadãos , sob a dependência do governo da Espanha . Dada a sua
natureza militar, seus componentes são considerados de carreira militar, e o corpo também é encarregado de missões de natureza
militar, descritas no Real Decreto 1438/2010.
Hooligans. A palavra hooligan tem sua origem no sobrenome inventado Hooligan, que designava uma família arruaceira irlandesa
fictícia, cujo nome era usado na letra de uma música cantada no teatro de variedades por volta de 1890. Hoje usa-se hooligan para
qualquer pessoa barulhenta e violenta em lugares públicos, que normalmente anda com um grupo. Football hooligans se refere aos
torcedores de futebol desordeiros e violentos, que ficaram famosos, principalmente na Inglaterra, por sua conduta vergonhosa e típica
de vândalos, chamada de hooliganism, em inglês.
Idealistas. Idealista. Adjetivo de dois gêneros. 1. relativo ao ou próprio do idealismo. 2. adjetivo e substantivo de dois gêneros.
Partidário do idealismo (teoria filosófica).
Implementaçao. Substantivo feminino. ato ou efeito de implementar.
Implementar. Verbo. 1. transitivo direto. Suprir de implementos. 2. transitivo direto. Pôr em execução, pôr em prática (plano,
programa ou projeto); realizar.
Implemento. substantivo masculino. 1. O que é necessário para a execução de algo; complemento, petrecho, apresto (mais us. no
pl.). 2. figurado (sentido)figuradamente. Obrigação de pagar ou cumprir (algo firmado em contrato); cumprimento.
Intendência Geral de Polícia. A Intendência Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil, foi o órgão instituído
em 1808 para implantar e dirigir a nova estrutura de polícia e segurança pública da Corte do Rio de Janeiro e de todo o território
do Brasil. Este órgão seguia, quase exatamente, o modelo da Intendência-Geral da Polícia da Corte e do Reino, criada em 1760, com
sede em Lisboa. Essa Polícia Real criada pelo Príncipe-Regente Dom João, dois meses após a chegada da Família Real Portuguesa ao
Rio (em 7 de março de 1808), através do Alvará (com força de lei) de 10 de maio, reproduziu a instituição existente em Lisboa,
fundamentando-se nos Alvarás de 25 de junho de 1760 e de 15 de janeiro de 1780.

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Intermitente. Intermitente é um adjetivo de dois gêneros proveniente do latim intermittente. Dizer que algo é intermitente
significa dizer que essa coisa cessa e recomeça por intervalos, que se manifesta com intermitências, que não é contínua, que tem
interrupções.
Jurisdicionários. Jurisdicionado. substantivo masculino. aquele sobre quem se exerce jurisdição.
Jus puniendi. [Jurídico] Trata-se de uma expressão de origem latina que tem o significado de "direito de punir do Estado". Faz
referência à autoridade estatal perante os cidadãos.
Kaingang. Os caingangues, Kainguangs, kaingang, kanhgág, guainás, coroados, bugres, botocudos, camés ou xoclengues são um
povo indígena do Brasil. Sua língua, a língua caingangue, pertence à família linguística jê, a qual, por sua vez, pertence ao tronco
linguístico macro-jê.
Lei 12.043/2011. Lei que altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, relativos
à prisão processual, fiança, liberdade provisória, demais medidas cautelares, e dá outras providências.
Locus. Locus é uma palavra do latim, que significa literalmente “lugar”, “posição” ou “local”.
Macromudanças. Significado de macro. O que é macro: Termo de composição que exprime a ideia de grande. Entra na formação
de muitas palavras.
manter(-se) afastado; desviar(-se), apartar(-se). "a. o pensamento"
Mapeamento social. A cartografia social permite às populações desenhar, com ajuda de profissionais, mapas dos territórios que
ocupam. No Brasil, as primeiras iniciativas foram desenvolvidas em territórios da Amazônia Legal, e depois se estenderam para outras
regiões brasileiras, especialmente na área rural. No entanto, já há experiências envolvendo comunidades urbanas. O mapeamento social
geralmente envolve populações tradicionais extrativistas, ribeirinhos, agricultores familiares e indígenas, e é um instrumentos utilizado
para fazer valer os direitos desses grupos frente a grandes empreendimentos econômicos – como construção de usinas hidrelétricas e
implantação de projetos de mineração -; problemas relacionados à grilagem de terras, ao não cumprimento de normatizações referentes
às delimitações de terras indígenas e a áreas de preservação/ proteção ambiental.
Maréchausee. (Polícia) nome feminino 1. tribunal de marechais da França, antigamente 2. ex-cavaleiros encarregados de garantir a
segurança pública substituída pela gendarmaria nacional 3. a gendarmaria, os gendarmes.
MJ. MJ é a sigla para Ministério da Justiça. Trata-se de um organização administrativa responsável pelos assuntos relacionados
com a ordem jurídica, garantias pessoais e cidadania.
Multifacetada. Multifacetado. Adjetivo 1. m.q. MULTIFACE. 2. figurado (sentido)figuradamente relativo a ou que possui
características variadas e peculiares. "caráter m."
Multiliderança. Não há chefes na rede, mas sim muitos líderes.
Network. Networking é uma palavra em inglês que indica a capacidade de estabelecer uma rede de contatos ou uma conexão com
algo ou com alguém.
Nomos. Os Nomos são as divisões administrativas do Antigo Egito, ao número de quarenta e dois durante o período ptolomaico.
Norteador. /ô/adjetivo substantivo masculino. que ou o que norteia.
Notória. Notório. Adjetivo. Conhecido por um grande número de pessoas; sabido: é notório seu talento para ensinar. Que não se
pode contestar, duvidar, refutar; evidente: parlamentar com notório respeito público. Notório Saber.
Onipresença. substantivo feminino. Qualidade ou condição do que é onipresente; presença em todos os lugares. "a o. de Deus".
Ostensivo.Sinônimos de ostensivo manifesto, franco, evidente, escancarado, claro, aberto, expresso, des-coberto, aparente, conheci
do, oficial, ostensível, ostensório, ostentativo, ostentoso, patente, proclamado, sabido, visível.
Paradigma. substantivo masculino. um exemplo que serve como modelo; padrão. 2. GRAMÁTICA . Conjunto de formas
vocabulares que servem de modelo para um sistema de flexão ou de derivação (p.ex.: na declinação, na conjugação etc.); padrão.
Penal. Penal1. adjetivo de dois gêneros. 1. que se refere a penas judiciais. "sanções p.". 2. relativo à legislação que aplica penas
judiciais. "código p."
Pertinente. adjetivo de dois gêneros. 1. que se refere (a alguma coisa); concernente, respeitante. "era um assunto p. ao prefácio do
livro" 2. que vem a propósito; apropriado à finalidade a que se destina. "além de sagazes, eram observações p."
PLANESP-RN. Plano Estratégico de Segurança Pública do RN 2017-2020
Polícia Metropolitana de Londres. A Polícia Metropolitana de Londres (em inglês, Metropolitan Police Service, MPS), também
conhecido como Met é a força responsável pelo policiamento de toda a Grande Londres, com exceção da "Square Mile" - a área
da City, que possui sua própria força policial, a City of London Police.
Polícia Militar. A polícia militar PM - segundo o conceito usado internacionalmente - é a corporação que exerce o poder
de polícia no âmbito interno das forças armadas, garantindo a segurança, a ordem e a lei no seu seio. Geralmente, a sua ação limita-se
apenas às instalações e aos membros das forças armadas.
Potencialidades. Potencialidade. Substantivo feminino.1. Característica ou condição do que é potencial. 2.
m.q. POTENCIAL ('conjunto de qualidades', 'capacidade de realização').Societário. adjetivo substantivo masculin. 1.
obsoleta/oobsolescente Que ou quem faz parte de qualquer sociedade científica ou literária; sócio.2. que ou aquele que faz parte de uma
sociedade comercial; sócio.
Pró-ativo. Adjetivo. 1. Que visa antecipar futuros problemas, necessidades ou mudanças; antecipatório. "medidas p."
PROERD. O Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD) tem como base o DARE. (Drug Abuse
Resistance Education), e foi criado pela Professora Rutty Hellen em conjunto com o Departamento de Polícia da cidade de Los
Angeles, EUA, em 1983.

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Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária

Propiciar. Verbo. 1. transitivo direto. Tentar obter de (alguém) sua boa vontade, torná-lo favorável, aplacar a sua ira. "na
Antiguidade faziam-se sacrifícios para p. os deuses". 2. transitivo direto e bitransitivo. Proporcionar as condições para a realização de
(algo); assegurar, permitir. "a competência propiciou bons resultados"
Repressiva. Repressivo. Adjetivo. 1. Que reprime, que tem a finalidade de reprimir.
Retroalimentação. substantivo feminino. 1. ELETRICIDADE ELETRÔNICA INFORMÁTICA m.q. REALIMENTAÇÃO. 2.
Qualquer processo por intermédio do qual uma ação é controlada pelo conhecimento do efeito de suas respostas. Feedback.
Rijkspolitie. Polícia estadual holandesa
Securitária. Securitário. Adjetivo. 1. relativo a seguros (jur). 2. adjetivo substantivo masculino. Que ou quem trabalha para
companhia de seguros.
Senasp. A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) é um órgão público superior de nível federal, vinculado
ao Ministério da Justiça. Ela é responsável pela política de segurança pública no país
Tangível. adjetivo de dois gêneros. 1. Que se pode tanger, tocar; sensível, tocável. 2. Que se percebe pelo tato; corpóreo, palpável.
"bens t."
UNODC. O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) implementa medidas que refletem as três convenções
internacionais de controle de drogas e as convenções contra o crime organizado transnacional e contra a corrupção. O trabalho do
UNODC está baseado em três grandes áreas: saúde, justiça e segurança pública. Dessa base tripla, desdobram-se temas como drogas,
crime organizado, tráfico de seres humanos, corrupção, lavagem de dinheiro e terrorismo, além de desenvolvimento alternativo e de
prevenção ao HIV entre usuários de drogas e pessoas em privação de liberdade.
Vigência. substantivo feminino. 1. Caráter ou estado do que é vigente. "discutir a v. de uma lei". 2. Fato de estar em vigor, de já
surtir efeitos ou não ter sido revogado (decreto, regulamento, lei etc.). "tudo ocorreu apesar da v. da lei".

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Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária

Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária – Questionário

Nome:_______________________________________________________________________________nº ______
Pelotão:_____________ Instrutor: Janildo da Silva Arante – 2º Sgt PM Nota: ________

Questão 01 - Há quatro tipos de políticas públicas. Com base nesta afirmação associe a segunda coluna de acordo com a
primeira:
1. Políticas (2) geram benefícios concentrados para alguns grupos de atores e custos difusos para toda a
regulatórias coletividade/contribuintes.
2. Políticas (3) concedem benefícios concentrados a algumas categorias de atores e implicam custos concentrados
distributivas sobre outras categorias de atores
3.Políticas (4) são regras sobre os poderes e regras sobre as regras, ou seja, são aquelas políticas que definem as
redistributivas competências, jurisdições, regras de disputa política e da própria elaboração de políticas públicas
4. Políticas (1) Estabelecem padrões de comportamento, serviço ou produto para atores públicos e privados.
constitutivas

a) 1 – 2 – 3 – 4
b) 2 – 3 – 4 – 1
c) 2 – 4 – 3 – 1
d) 1 – 3 – 4 – 2
Resposta: 2 – 3 – 4 – 1

Questão 02 - Considerando a redemocratização e novos arranjos institucionais de gestão de políticas públicas, julgue os
itens a seguir:
(V)A redemocratização do país marcou um novo momento do arranjo federativo brasileiro.
(V)A valorização dos municípios pode ser percebida pelo reconhecimento desta instância, pela primeira vez na história,
como um ente federativo.
(F)Apesar dos esforços, a Constituição Federal de 1988 não contribuiu para uma relativa descentralização da gestão de
algumas políticas públicas.
(F)A divisão de competências, a definição do papel de cada ente federado (União, estado e município) ocorreu de forma
clara em grande parte das políticas públicas.
a)V – V – V – V
b)V – F – V – F
c) F – V – F – V
d) V – V – F – F
Resposta: V – V – F – F

Questão 03 - Há quatro tipos de políticas públicas. Quais são elas?


a) Políticas regulatórias, Políticas difusas, Políticas redistributivas e Políticas constitutivas
b) Políticas regulatórias, Políticas distributivas, Políticas concentradas e Políticas constitutivas
c) Políticas partidárias, Políticas distributivas, Políticas redistributivas e Políticas constitutivas
d) Políticas regulatórias, Políticas concentradas , Políticas redistributivas e Políticas constitutivas
e) Políticas regulatórias, Políticas distributivas, Políticas redistributivas e Políticas constitutivas.
Resposta: e) Políticas regulatórias, Políticas distributivas, Políticas redistributivas e Políticas constitutivas.

Questão 04 - Considerando os níveis de prevenção, associe a 2ª coluna de acordo com a primeira:


1. Prevenção primária (2) Esse tipo de prevenção está fundamentado na noção de risco e proteção.
2. Prevenção secundária (3) Atua quando já houve vitimização, procurando evitar a reincidência do autor e promover a
3. Prevenção terciária reabilitação individual e social da vítima.
(1) A prevenção não é percebida como de competência exclusiva das agências de segurança
pública, mas também de famílias, escolas e sociedade civil.

a) 1 – 3 – 2
b)2 – 1 – 3
c) 3 – 1 – 2
d) 2 – 3 – 1
Resposta: a) 1 – 3 – 2

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Questão 05 – as políticas regulatórias:


(2) geram benefícios concentrados para alguns grupos de atores e custos difusos para toda a coletividade/contribuintes.
(3) concedem benefícios concentrados a algumas categorias de atores e implicam custos concentrados sobre outras
categorias de atores
(4) são regras sobre os poderes e regras sobre as regras, ou seja, são aquelas políticas que definem as competências,
jurisdições, regras de disputa política e da própria elaboração de políticas públicas
(1) Estabelecem padrões de comportamento, serviço ou produto para atores públicos e privados.
Resposta: (1) Estabelecem padrões de comportamento, serviço ou produto para atores públicos e privados.

Questão 06 - Com relação ao método PDCA, considere as afirmativas abaixo.


I. A primeira etapa do PDCA exige o estabelecimento de metas e procedimentos técnicos aptos a alcançar os resultados
propostos.
II. A fase C do ciclo PDCA exige a punição severa dos erros cometidos na fase de execução.
III. A terceira etapa do ciclo PDCA compreende a correção dos processos que não alcançaram os resultados desejados.
IV. A fase de execução do planejado também implica a formação e o treinamento dos funcionários para a correta realização
das metas estipuladas.
V. O ciclo PDCA visa a melhoria contínua dos processos e a normalização dos procedimentos mais eficientes.
Está correto o que se afirma APENAS em:
a)I, IV e V
b)II, IV e V
c) I, II e III
d) I, III e V
Resposta: a)I, IV e V

Questão 07 - Julgue os itens abaixo, marcando (V) para verdadeiro e (F) e para falsos:
(V) A popularização da polícia comunitária pode representar um risco à sua implementação, em que pese a ocorrência de
desvios em relação ao que a filosofia pressupõe.
(V) O contexto de surgimento da polícia comunitária foi marcado por críticas ao sistema policial, em que reformas
institucionais que aproximassem a polícia e a sociedade eram reivindicadas.
(V) O modelo tradicional ou profissional de policiamento é caracterizado pela organização burocrático-legal voltada para a
aplicação da lei.
(F) Segundo o modelo tradicional, o papel da comunidade era propor, ativamente, medidas e serviços de controle do crime a
serem exercidos pelos policiais profissionais.
a)V – V – V – V
b) F – V – V – F
c)V – F – F – F
d) V – V – V – F
Resposta: V – V – V – F

Questão 08 – as políticas distributivas:


(2) geram benefícios concentrados para alguns grupos de atores e custos difusos para toda a coletividade/contribuintes.
(3) concedem benefícios concentrados a algumas categorias de atores e implicam custos concentrados sobre outras
categorias de atores
(4) são regras sobre os poderes e regras sobre as regras, ou seja, são aquelas políticas que definem as competências,
jurisdições, regras de disputa política e da própria elaboração de políticas públicas
(1) Estabelecem padrões de comportamento, serviço ou produto para atores públicos e privados.
Resposta: geram benefícios concentrados para alguns grupos de atores e custos difusos para toda a
coletividade/contribuintes.

Questão 09 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F):


( ) O processo de socialização não se confunde com as características biológicas, pois os comportamentos são determinados
de forma inata.
( ) O ingresso numa OSP pode ser considerado um processo de socialização secundária, em que hábitos, práticas e formas de
pensar próprios da instituição passam a influenciar o indivíduo em sua vida.
( ) A polícia comunitária estabelece formas de relacionamento com a comunidade que se encontram baseadas em
pressupostos novos, como a coprodução da segurança pública. Por isso, a polícia e a comunidade devem reaprender a se relacionar sob
diferentes formas.
( ) A aproximação do policial comunitário deve ser antecedida pela confirmação das intenções do interlocutor nas relações
com a comunidade, devendo ser utilizados os recursos de inteligência policial a todo momento.

PMRN - Curso de Formação de Sargentos 2018.1. Instrutor: 2º Sgt Janildo da Silva Arante 76
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a)V – V – V – V
b) F – V – V – F
c)V – F – F – F
d) V – V – V – F
Resposta: b) F – V – V – F

Questão 10 - Sobre os processos para implantação do policiamento comunitário numa dada vizinhança, julgue os itens
abaixo em (V) para verdadeiro ou (F) falso:
(V) A realização de visitas e reuniões na comunidade representa uma etapa importante na implantação do policiamento
comunitário, pois possibilita compreender as formas como as pessoas interagem entre si e com o espaço geográfico.
(F) No processo de aproximação com a comunidade, as diferenças ideológicas entre as pessoas da vizinhança devem ser
consideradas de forma imparcial e objetiva, à luz da legislação, apesar de que raramente se transformam em conflitos.
(F) As instituições públicas e privadas podem representar espaços de interação entre as pessoas que facilitam a aproximação
com a polícia, para tanto, devem ser utilizados como locais de apoio ao governo.
(V) Ao buscar conhecer as realidades locais, o policial comunitário deve estar preparado para observar os direitos dos
diversos grupos que compõem a comunidade, independentemente de preferência religiosa, orientação sexual ou classe social dos
possíveis envolvidos em um conflito.
a)V – F – F – V
b)F–F–F–F
c) V – V – V – V
d) F – V – V – F
Resposta correta: V – F – F – V
Questão 11 – as políticas redistributivas:
( ) geram benefícios concentrados para alguns grupos de atores e custos difusos para toda a coletividade/contribuintes.
( ) concedem benefícios concentrados a algumas categorias de atores e implicam custos concentrados sobre outras categorias
de atores
( ) são regras sobre os poderes e regras sobre as regras, ou seja, são aquelas políticas que definem as competências,
jurisdições, regras de disputa política e da própria elaboração de políticas públicas
( ) Estabelecem padrões de comportamento, serviço ou produto para atores públicos e privados.
Resposta: concedem benefícios concentrados a algumas categorias de atores e implicam custos concentrados sobre
outras categorias de atores

Questão 12 - Sobre os grupos em situação de vulnerabilidade social, julgue os itens abaixo, marcando (V) para verdadeiro e
(F) e para falsos:
(V) É considerada idosa a pessoa com idade superior a 60 anos de idade, sendo reservado a essa população o direito de não
ser alvo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão.
(F) Os idosos são frágeis e indefesos, por isso, a polícia deve priorizar o atendimento de seus chamados em detrimento do
restante da população.
(F) Por ser contravenção, morar na rua deve ser objeto de ações das OSPs como forma de melhorar a qualidade de vida das
pessoas.
(V) As pessoas em situação de rua são marcadas pela pobreza extrema, vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a
inexistência de moradia convencional regular.
a)V – F – F – V
b)F–F–F–F
c) V – V – V – V
d) F – V – V – F
Resposta: V – F – F – V

Questão 13 – as políticas constitutivas:


( ) geram benefícios concentrados para alguns grupos de atores e custos difusos para toda a coletividade/contribuintes.
( ) concedem benefícios concentrados a algumas categorias de atores e implicam custos concentrados sobre outras
categorias de atores
( ) são regras sobre os poderes e regras sobre as regras, ou seja, são aquelas políticas que definem as competências,
jurisdições, regras de disputa política e da própria elaboração de políticas públicas
( ) Estabelecem padrões de comportamento, serviço ou produto para atores públicos e privados.– F – F – V
Resposta: são regras sobre os poderes e regras sobre as regras, ou seja, são aquelas políticas que definem as
competências, jurisdições, regras de disputa política e da própria elaboração de políticas públicas

Questão 14 - Julgue os itens abaixo, marcando (V) para verdadeiro e (F) e para falsos:

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Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária

( ) É importante que os PSPs identifiquem as características e as necessidades dos diferentes grupos da comunidade em que
trabalham.
( ) Por buscar reconhecer desigualdades, a polícia comunitária representa uma reorientação das OSP para minimizar
injustiças.
( ) A noção de isonomia diz respeito ao estabelecimento de mecanismos que diminuam desigualdades de oportunidades ou
de acesso a recursos ou direitos no convívio entre as pessoas em sociedade.
( )A noção de equidade diz respeito ao estabelecimento de mecanismos que diminuam desigualdades de oportunidades ou de
acesso a recursos ou direitos no convívio entre as pessoas em sociedade.
a)V – F – F – V
b)F–F–F–F
c) V – V – F – V
d) F – V – V - F
Resposta correta: V – V – F – V
Questão 15 - Julgue os itens abaixo, marcando (V) para verdadeiro e (F) e para falsos:
(F) A polícia comunitária é generalista e não pode ser aplicada a problemas precisos, sendo essencialmente teórica.
(F) Como as áreas de relações públicas das organizações, o objetivo da polícia comunitária é “vender” uma imagem da OSP,
por vezes baseada na ideia de que as pessoas não estão compreendem o trabalho da organização e as dificuldades da aplicação da lei.
(F) O policiamento comunitário possui a vantagem de, nas relações com a comunidade, ensiná-los sobre o trabalho policial.
(V) O policiamento comunitário tem o potencial de melhorar a imagem das organizações justamente por se basear em novas
formas de perceber como deve ser o trabalho policial e como se relacionar com a comunidade, em um mesmo nível de interação.
a)V – F – F – V
b)F–F–F–V
c) V – V – F – V
d) F – V – V - F
Sua resposta: F – F – F – V

Questão 16 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F):


(F) O processo de socialização não se confunde com as características biológicas, pois os comportamentos são determinados
de forma inata.
(V) O ingresso numa OSP pode ser considerado um processo de socialização secundária, em que hábitos, práticas e formas
de pensar próprios da instituição passam a influenciar o indivíduo em sua vida.
(V) A polícia comunitária estabelece formas de relacionamento com a comunidade que encontram-se baseadas em
pressupostos novos, como a coprodução da segurança pública. Por isso, a polícia e a comunidade devem reaprender a se relacionar sob
diferentes formas.
(F) A aproximação do policial comunitário deve ser antecedida pela confirmação das intenções do interlocutor nas relações
com a comunidade, devendo ser utilizados os recursos de inteligência policial a todo momento.
a)V – F – F – V
b)F–F–V–V
c) V – V – F – V
d) F – V – V - F
– Sua resposta: F – V – V – F

Questão 17 - Sobre os grupos em situação de vulnerabilidade social, julgue os itens abaixo, marcando (V) para verdadeiro e
(F) e para falsos:
(F) Os idosos são frágeis e indefesos, por isso, a polícia deve priorizar o atendimento de seus chamados em detrimento do
restante da população.
(F) Por ser contravenção, morar na rua deve ser objeto de ações das OSPs como forma de melhorar a qualidade de vida das
pessoas.
(V) É considerada idosa a pessoa com idade superior a 60 anos de idade, sendo reservado a essa população o direito de não
ser alvo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão.
(V) As pessoas em situação de rua são marcadas pela pobreza extrema, vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a
inexistência de moradia convencional regular.
a)F – F – V – V
b)F–F–V–F
c) V – V – F – V
d) F – F – V - F
Sua resposta: F – F – V – V – V – V

Questão 18 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F):

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Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária

( ) O ingresso numa OSP pode ser considerado um processo de socialização secundária, em que hábitos, práticas e formas de
pensar próprios da instituição passam a influenciar o indivíduo em sua vida.
( ) A polícia comunitária estabelece formas de relacionamento com a comunidade que encontram-se baseadas em
pressupostos novos, como a coprodução da segurança pública. Por isso, a polícia e a comunidade devem reaprender a se relacionar sob
diferentes formas.
( ) O processo de socialização não se confunde com as características biológicas, pois os comportamentos são determinados
de forma inata.
( ) A aproximação do policial comunitário deve ser antecedida pela confirmação das intenções do interlocutor nas relações
com a comunidade, devendo ser utilizados os recursos de inteligência policial a todo momento.
a)V – V – F – F
b)F–V–V–V
c) V – V – F – V
d) F – V – V - F
Sua resposta: V – V – F – F

Questão 19 - Com relação ao método PDCA, considere as afirmativas abaixo.


I. A fase C do ciclo PDCA exige a punição severa dos erros cometidos na fase de execução.
II. A primeira etapa do PDCA exige o estabelecimento de metas e procedimentos técnicos aptos a alcançar os resultados
propostos.
III. O ciclo PDCA visa a melhoria contínua dos processos e a normalização dos procedimentos mais eficientes.
IV. A terceira etapa do ciclo PDCA compreende a correção dos processos que não alcançaram os resultados desejados.
V. A fase de execução do planejado também implica a formação e o treinamento dos funcionários para a correta realização
das metas estipuladas.
Está correto o que se afirma APENAS em:
a) I, III e IV
b) II, III e IV
c)II, III e V
d) II, IV e V
Sua resposta: II, III e V

Questão 20 - Analisando as afirmativas abaixo, marque (V) para verdadeiro e (F) para falso. Em seguida, marque a
alternativa que satisfaz a sequência CORRETA.
(V) Em termos práticos, a Polícia Comunitária (como filosofia de trabalho) difere do Policiamento Comunitário (ação de
policiar junto à comunidade). Aquela deve ser interpretada como filosofia organizacional indistinta a todos os órgãos de segurança
pública, esta permite as ações efetivas com a comunidade.
(V) A proposta de Polícia Comunitária oferece uma resposta tão simples que parece irreal: personalize a polícia, faça dela
uma presença também comum.
(V) Polícia Comunitária é uma atitude na qual o policial aparece a serviço da comunidade e não como uma força. É um
serviço público, antes de ser uma força pública.
(F) A Polícia Comunitária é caracterizada pelo uniforme distinto, o que possibilita uma maior
receptividade pela comunidade.
a)V – F – V – V
b)F–F–V–V
c) V – V – V – F
d) F – F – V - F
Sua resposta: V – V – V – F

Questão 21 - Os Gabinetes de Gestão Integrada, de forma geral, se fundamentam em três eixos:


I - atuação em rede
II - gestão integrada.
III - perspectiva sistêmica.
Diante das assertivas acima, marque a resposta correta:
a)Todas as assertivas estão corretas.
b)Apenas a assertiva I está correta.
c)Todas as assertivas estão erradas.
d)Apenas as assertivas I e II estão corretas.
e) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
Resposta: a)Todas as assertivas estão corretas.

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Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária

Questão 22 - A consolidação de um projeto político que tenha como objetivo a promoção de uma sociedade igualitária e
justa não pode desconsiderar qual fator?
a) Da integralidade, onde todos devem participar das decisões, como é o caso das GGIM, câmaras temáticas onde toda a
sociedade e os entes públicos participam em prol de um objetivo comum.
b) A segurança de cada cidadão e, ao mesmo tempo, a segurança da coletividade.
c) Os que pagam mais impostos têm mais direito à segurança.
d) Os que sonega menos impostos têm menos direito à segurança.
e) Os que sonega mais impostos têm menos direito à segurança.
Resposta: b) A segurança de cada cidadão e, ao mesmo tempo, a segurança da coletividade.

Questão 23 - Por quais motivos o Policiamento Comunitário não deve favorecer os ricos e poderosos?
a)Por se tratar de um modelo de policiamento voltado para a prevenção e redução dos níveis de violência, com tratamento
diferenciado, focando nas áreas mais necessitadas onde o poder público deixou falhas. Porém o policiamento atende a todas as classes.
b) Construir ou reformar prédios da Polícia não significa implantação de Polícia Comunitária. A Polícia Comunitária
depende diretamente do profissional que acredita e pratica esta filosofia muitas vezes com recursos mínimos e em comunidades
carentes
c) A participação social da polícia deve ser em qualquer nível social: os mais carentes, os mais humildes, que residem em
periferia ou em áreas menos nobres. Talvez seja nestas localidades que estão os grandes desafios da Polícia Comunitária. Os mais ricos
e poderosos têm mais facilidade em ter segurança particular.
d) A participação social da polícia não deve ser em qualquer nível social: os mais carentes, os mais humildes, que residem
em periferia ou em áreas menos nobres devem ser excluídos.
e) Talvez nestas localidades é que está o menor desafio da Polícia Comunitária. Com certeza os mais ricos e poderosos tem
mais facilidade em ter segurança particular
Resposta: c) A participação social da polícia deve ser em qualquer nível social: os mais carentes, os mais humildes,
que residem em periferia ou em áreas menos nobres. Talvez seja nestas localidades que estão os grandes desafios da Polícia
Comunitária. Os mais ricos e poderosos têm mais facilidade em ter segurança particular.

Questão 24 - Além de nem sempre ser eficaz na tarefa de promover a convivência pacífica, muitas vezes o Estado é um
promotor da ________________ e da sensação de insegurança
a) Violência
b) Discórdia
c) Ingerência
d) Criminalidade
e) Disparidade
Resposta: a) Violência

Questão 25 - Algumas centenas de municípios, ao aderirem ao processo da conferências preparatórias da 1ª Conferência


Nacional de Segurança Pública (CONSEG) , constituíram as Comissões Organizadoras Municipais (COM). Quanto a essas comissões
podemos afirmar que:
I - As 27 unidades da Federação instituíram suas Comissões Organizadoras Estaduais (COE) .
II - Estes grupos receberam a orientação de manter o formato tripartite, ou seja, reservar cadeiras igualitariamente para a
sociedade, os trabalhadores e os gestores.
III - A principal atribuição destas comissões foi mobilizar e auxiliar nos preparativos das etapas municipais estaduais e
distrital.
Diante das assertivas acima, marque a resposta correta:
a) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
b) Todas as assertivas estão erradas.
c) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
d) Todas as assertivas estão corretas.
d) Apenas a assertiva I está correta.
Resposta: d) Todas as assertivas estão corretas.

Questão 26 - No que tange à Polícia Comunitária:


I - a participação social da polícia deve ser em qualquer nível social.
II - construir ou reformar prédios da Polícia não significa implantação de Polícia Comunitária.
III - Em relação ao Policiamento Comunitário é possível dizer que conforme Trojanowicz (1994), o Policiamento
Comunitário exige um comprometimento de cada um dos policiais e funcionários civis do departamento policial com sua filosofia.
Diante das assertivas acima, marque a resposta correta:
a) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
b) Todas as assertivas estão erradas.

PMRN - Curso de Formação de Sargentos 2018.1. Instrutor: 2º Sgt Janildo da Silva Arante 80
Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária

c) Apenas as assertivas I e II estão corretas.


d) Todas as assertivas estão corretas.
d) Apenas a assertiva I está correta.

Resposta: b) Todas as assertivas estão corretas.

Questão 27 - O Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) preconiza que “ações concretas para a prevenção e redução da
violência nos estados serão prioritárias”. Com estratégia para alcançar este objetivo o SUSP propõe a consolidação de qual filosofia nas
instituições policiais?
a) Polícia tradicional.
b) Polícia de aproximação.
c ) Policiamento comunitário.
d) Polícia reativa.
e) Polícia Comunitária.
Resposta: e) Polícia Comunitária.

Questão 28 - Nos Estados Unidos da América o Método IARA chama-se SARA. O policial Joel Label, que trabalha em
Springfield, esta aplicando o Método SARA na fase denominada RESPONSE, que em português é equivalente a qual fase do método
IARA?
a)Resposta.
b) Responsabilidade.
c) Análise.
d) Identificação.
e) Avaliação.
Resposta: a)Resposta.

Questão 29 - "Para que possamos dizer que existe mobilização social de fato, é preciso que pessoas, comunidades ou
sociedades se aglutinem para decidir e agir em direção a um ____________".
a) Conjunto de ações.
b) Conglomerado.
c) Objetivo comum. *
d) Programa social.
e) Objetivo individual.
Resposta: Objetivo comum.

Questão 30 - Nos Estados Unidos da América o Método IARA chama-se SARA. O policial Joel Label, que trabalha em
Springfield, esta aplicando o Método SARA na fase denominada Analysis, que em português é equivalente a qual fase do método
IARA?
a)Resposta.
b) Responsabilidade.
c) Análise.
d) Identificação.
e) Brainstorming
Resposta: c) Análise.
Questão 31 - Um município que desejar aderir ao PRONASCI deve obrigatoriamente criar um (a)__________.
a) Guarda Municipal
b) Conselho Comunitário
c) Gabinete de Gestão Integrada *
d) Conselho Municipal de Segurança
e) Bolsa Formação
Resposta: c) Gabinete de Gestão Integrada *

Questão 32 - Nos Estados Unidos da América o Método IARA chama-se SARA. O policial Joel Label, que trabalha em
Springfield, esta aplicando o Método SARA na fase denominada Assesment, que em português é equivalente a qual fase do método
IARA?
a)Resposta.
b) Responsabilidade.
c) Análise.
d) Identificação.

PMRN - Curso de Formação de Sargentos 2018.1. Instrutor: 2º Sgt Janildo da Silva Arante 81
Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária

e) Avaliação
Resposta: e) Avaliação

Questão 33 - As ________________ são espaços permanentes de discussão sobre os assuntos mais importantes para a
segurança pública do município.
a) Redes
b) Associações de moradores
c) Câmaras Técnicas *
d) Associações comunitárias
e) Estruturas físicas
Sua resposta: c) Câmaras Técnicas

Questão 34 - Nos Estados Unidos da América o Método IARA chama-se SARA. O policial Joel Label, que trabalha em
Springfield, esta aplicando o Método SARA na fase denominada scanning, que em português é equivalente a qual fase do método
IARA?
a)Resposta.
b) Responsabilidade.
c) Análise.
d) Identificação.
e) Brainstorming
Resposta: d) Identificação.

Questão 35 – Quantas são as fases do Ciclo Completo de Polícia


a) Uma
b) Duas
c) Quatro
d) Cinco
e) Sete
Resposta: c) Quatro

Questão 36 – O ciclo de polícia, que inicia o ciclo de persecução criminal, é composto por quatro fases:
I - Situação normal de paz social.
II Restauração da paz social.
II. Investigativa.
IV. Processual.
Diante das assertivas acima, marque a resposta correta:
a)Todas as assertivas estão corretas.
b)Apenas a assertiva I está correta.
c)Todas as assertivas estão erradas.
d)Apenas as assertivas I e II estão corretas.
e) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
Resposta: a)Todas as assertivas estão corretas.

Questão 37 – A divisão da execução das fases da atividade policial em duas organizações distintas, no ente federativo
estadual, de forma que é atribuída à Polícia Militar o trabalho de preservação da ordem pública, enquanto compete à Polícia Civil a
realização da investigação e da apuração dos crimes, caracteriza a estrutura das polícias estaduais brasileiras como bipartida, dado que
ambas apresentam o:
a) ciclo policial Frances.
b) ciclo policial Inglês.
c) ciclo policial completo.
d) ciclo de persecução criminal.
e) ciclo policial incompleto.
Resposta: e) ciclo policial incompleto.

Questão 38 – A Maréchaussée (e a Gendarmerie), a Intendência Geral de Polícia e a Polícia Metropolitana de Londres


são respectivamente as instituições profissionais de polícia criadas nos seguintes países.
a) Brasil, França e Inglaterra
b) França, Brasil e Inglaterra
c) França, Estados Unidos da América e Inglaterra

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d)Itália, Estados Unidos da América e Inglaterra


d)Itália, Estados Unidos da América e União das Repúblicas Socialista s Soviéticas.
Resposta: b) França, Brasil e Inglaterra

Questão 39 - A provisão da segurança pública no Brasil, até a década de 1990, era compreendida como uma
responsabilidade quase que exclusiva dos ______________, sobretudo dos órgãos policiais (COSTA E GROSSI, 2007).
a) Governos estaduais
b) Governo federalismo
c) Governos municipais
d) Governo distrital
e) conselhos comunitários
Resposta: a) Governos estaduais

Questão 40 - Compete à Polícia Civil o encargo de polícia ________e de apuração de infrações penais, exceto a
investigação de crimes militares e daqueles de jurisdição da União (BRASIL, 1988). Apurar a prática de delitos, segundo Melim
Junior (2002).
a) Reativa
b) Ostensiva
c) Administrativa
d) Velada
e) Judiciária
Resposta: e) Judiciária

Questão 41 - Conforme Lazzarini (1987), a Polícia Militar é classificada como Polícia ___________, por ser regida pelos
preceitos jurídicos do Direito Administrativo, enquanto a Polícia Civil é definida como Polícia Judiciária, uma vez que é auxiliar da
Justiça Criminal, regida pelos códigos do Direito Processual Penal.
a) Reativa
b) Ostensiva
c) Administrativa
d) Velada
e) Judiciária
Resposta: c) Administrativa

Questão 42 - Um dos principais focos crônicos dessa desarticulação, apontado por Sapori (2006), característica singular do
desenho institucional do sistema de justiça criminal brasileiro, consiste na secção do trabalho policial, na esfera estadual, em duas
organizações distintas, de forma que compete à Polícia Militar realizar o patrulhamento ostensivo, enquanto cabe à Polícia Civil a
responsabilidade pelo trabalho investigativo. Diversos problemas decorrentes da disjunção do trabalho policial têm sido atribuídos a
essa peculiaridade do subsistema policial ______.
a) Brasileiro
b) Frances
c) Americano
d) Italiano
e) Russo
Resposta: a) Brasileiro

Questão 43 - O _______________________ da segurança pública no Brasil, em suma, provocou a emergência e consoli-


dação de organizações policiais que, a despeito do caráter complementar de suas atividades, são dotadas de culturas distintas, com
definições muito particulares do interesse coletivo e, além disso, têm suas inter-relações pautadas pelo conflito e competição
intermitentes. Como consequência inevitável dessa realidade, temos a baixa capacidade do subsistema policial brasileiro de produzir
resultados consistentes, em termos de redução dos índices de criminalidade. (SAPORI, 2006, p. 769 - 770)
a) desenho animado
b) desenho ostensivo
c) desenho Intermitente
d) desenho técnico
e) desenho institucional
Resposta: e) desenho institucional

Questão 44 -A corrupção, o desrespeito aos direitos humanos, a herança autoritária e a “insistência no modelo da guerra
como metáfora e como referência para as operações de segurança pública” (CANO, 2006, p. 141), também são alguns outros

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exemplos comuns de deficiências relacionadas às polícias ________.


a) Reativas
b) Ostensivas
c) Administrativas
d) Estaduais
e) Judiciárias
Resposta: d) Estaduais

Questão 45 - A corrupção, o desrespeito aos direitos humanos, a herança autoritária e a “insistência no modelo da guerra
como metáfora e como referência para as operações de segurança pública” (CANO, 2006, p. 141), também são alguns outros exemplos
comuns de deficiências relacionadas às polícias estaduais.
A despeito do panorama de deficiências das polícias estaduais, verificam-se iniciativas recentes de modernização das
instituições policiais que apontam em direção à mudança de paradigma na gestão da segurança pública.
Nesse contexto, pode-se citar algumas experiências relevantes, tais como:
I - Tentativas de integração das polícias civil e militar;
II - Compatibilização do trabalho policial em áreas geográficas coincidentes;
III - Unificação e informatização dos boletins de ocorrências criminais;
IV - Investimentos em tecnologia, em georeferenciamento e nos sistemas de informações policiais;
V - Criação de ouvidorias de polícia.
Diante das assertivas acima, marque a resposta correta:
a)Apenas a assertiva I está correta.
b)Todas as assertivas estão corretas.
c)Todas as assertivas estão erradas.
d)Apenas as assertivas I e II estão corretas.
e) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
Resposta:b)Todas as assertivas estão corretas.

Questão 46 - Nas duas últimas décadas, o Brasil presenciou uma crescente preocupação com as questões relativas à
segurança pública e à justiça criminal. Uma verdadeira obsessão ________ refletiu-se num nível jamais visto de debates públicos, de
propostas legislativas e de produção acadêmica.
a) Quaternária
b) Secundária
c) Primária
d) Securitária
e) Comunitária
Resposta: d) Securitária

Questão 47 - O policiamento comunitário surgiu da necessidade de uma aproximação entre a polícia e a comunidade e
“cresceu a partir da concepção de que a polícia poderia responder de modo sensível e apropriado aos cidadãos e às comunidades”
(SKOLNICK, 2003:57). Esse pensamento surgiu entre 1914 e 1919, em ________, com o objetivo de mostrar às camadas mais
baixas do policiamento “uma percepção de importância social, da dignidade e do valor do trabalho do policial (SKOLNICK, 2003).
a) Nova Iorque
b) Londres
c) Paris
d) Roma
e) Lisboa
Resposta: a) Nova Iorque

Questão 48 - O capital ________ se verifica de acordo com o grau de coesão social que existe nas comunidades e que é
demonstrado nas relações entre as pessoas ao estabelecerem redes, normas e confiança social, facilitando a coordenação e a
cooperação para o benefício mútuo.
a) Social
b) Socialista
c) Democrático
d) Ambienta
e) securitário
Resposta: a) Social

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Questão 49 - Segundo Robert C. Chaskin39 , a aferição da coesão social de uma comunidade se dá a partir da análise
de quatro elementos, a saber:
I - senso de comunidade ou grau de conectividade e reconhecimento recíproco;
II - comprometimento e responsabilidade de seus membros pelos assuntos comunitários;
III mecanismos próprios de resolução de conflitos;
IV - acesso aos recursos humanos, físicos, econômicos e políticos, sejam locais ou não.
Diante das assertivas acima, marque a resposta correta:
a)Apenas a assertiva I está correta.
b) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
c) Todas as assertivas estão erradas.
d) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
e) Todas as assertivas estão corretas.
Resposta:e)Todas as assertivas estão corretas.

Questão 50 - O diagrama 5W2H pode ajudar na gerência do serviço policial. Esta metodologia, também conhecida nos
países de língua portuguesa como _________ (apos a tradução), e muito utilizada na administração de empresas para gerenciar um
plano de ação para elaborar um serviço ou produto.
a) COP1Q4
b) PDCA
c) SARA
d) PLANESP
e) 4Q1POC
Resposta: e) 4Q1POC

39
CHASKIN, Robert J. Defining community capacity: a framework and implications from a comprehensive community initiative, apud
NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns, Repensando o investimento social: a importância do
protagonismo comunitário, cit., p. 24.

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