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RESENHA DA OBRA INTERNATIONAL LAW

de Antônio A. CAnçAdo trindAde


FOR HUMANKIND:TOWARDS A NEW JUS GENTIUM,

Paula Wojcikiewicz Almeida

REVIEW OF THE BOOK INTERNATIONAL LAW FOR HUMANKIND:


TOWARDS A NEW JUS GENTIUM, BY ANTÔNIO A. CANÇADO TRINDADE

RESENHA
A. A. CANÇADO TRINDADE. I NTERNATIONAL L AW FOR
H UMANKIND : T OWARDS A N EW J US G ENTIUM . M ARTINUS

I
N IJHOFF P UBLISHERS , 2010.

nternational Law for Humankind: To- Cançado trindade, brinda a Academia


wards a New Jus Gentium intitula-se o de direito internacional da Haia com
primeiro Curso Geral de direito seu Curso Geral de direito internacio-
internacional Público ministrado por nal Público, ministrado entre julho e
um jurista brasileiro desde a fundação agosto de 2005, cuja versão abreviada é
da Academia de direito internacional ora comentada.1
da Haia em 1923. os Cursos Gerais são A presente obra possui extrema rele-
ministrados por acadêmicos de grande vância no contexto dos escritos nacionais
experiência e notoriedade. tratam com e internacionais sobre o tema, buscando
profundidade da evolução e das tendên- ultrapassar a visão interestatal e volunta-
cias do direito internacional, abordan- rista do direito internacional, predomi-
do os grandes eixos da matéria segundo nante nos dias atuais,2 para resgatar o
os quais é estruturado o pensamento ju- primado da razão da humanidade sobre a
rídico. o professor e juiz da Corte in- razão de estado, constante do pensamen-
ternacional de Justiça, Antônio Augusto to dos pais fundadores dos séculos XVi e
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XVii, como F. de Vitoria (Relecciones internacionalistas, atentos para as aspira-


Teológicas, 1538-1539), F. Suárez (De ções da comunidade internacional nos
Legibus ac Deo Legislatore, 1612), A. tempos atuais. Figura como leitmotiv da
Gentili (De Jure Belli, 1598), H. Grotius presente obra a constatação de que o
(De Jure Belli ac Pacis, 1625), S. Pufendorf direito internacional é um corpus juris
(De Jure Naturae et Gentium, 1672) e C. orientado para atingir as necessidades e
Wolff (Jus Gentium Methodo Scientifica aspirações dos seres humanos e da
Pertractatum, 1749), dentre outros. 3 humanidade de modo geral. A com-
trata-se de um marco na doutrina brasi- preensão de seu substrato é essencial
leira e internacional, pois a tradição jus- para sua correta abordagem. o autor
naturalista do direito internacional, adverte: não se trata de um manual de
apesar de nunca ter desaparecido, havia direito internacional, mas sim de uma
sido sufocada pelo positivismo volunta- obra crítica que transcende o direito
rista. A obra marca, portanto, o renasci- positivo, reunindo temas selecionados e
mento contínuo do direito natural, apresentados de acordo com o leitmotiv
valorizando a concepção universalista do que a permeia. o autor se preocupa em
direito internacional no mundo de hoje, restaurar valores em um momento de
tal qual presente no ideal dos pais fun- evidente crise e negligência dos mesmos
dadores da disciplina. Cançado trindade e confia, para tanto, no papel de um
reconhece que, apesar de o mundo con- direito internacional universalista e
temporâneo ser distinto da época na humanizado, fiel ao pensamento dos pais
qual foram redigidos os escritos dos pais fundadores da disciplina e às necessida-
fundadores, “(...) a aspiração humana des da comunidade internacional.
permanece a mesma, qual seja, a da Parte-se do pressuposto de que a
construção de um ordenamento inter- dimensão puramente estatal do direito
nacional aplicável tanto aos estados (e internacional afigura-se ultrapassada e
organizações internacionais) quanto que a personalidade jurídica internacio-
aos indivíduos, consoante certos pa- nal foi expandida para reconhecer como
drões de justiça”. 4 sujeitos não apenas as organizações
A obra é composta por textos sele- internacionais, mas também os indiví-
cionados e atualizados por Cançado trin- duos. o novo jus gentium deste início do
dade, redigidos no período de 1999 a século XXi ou Direito Internacional para a
2005, que resultam de ensinamentos humanidade, consoante a recta ratio, 5
ministrados pelo autor ao longo das últi- assenta-se obrigatoriamente sobre essas
mas três décadas. É, portanto, fruto de bases, centrando-se nas aspirações e
reflexões pessoais acumuladas durante necessidades legítimas da humanidade –
toda uma vida dedicada à teoria e práti- civitas maxima gentium.6
ca do direito internacional. Cançado A obra é composta de oito partes,
trindade dirige-se, de forma positiva e que se encadeiam logicamente com vis-
confiante, às futuras gerações de juristas tas à construção de um novo jus gentium.
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Cançado trindade inicia suas considera- do direito internacional. Para Cançado


ções em um capítulo preliminar no qual trindade, as fundações do novo jus gen-
apresenta uma sólida análise acerca das tium são, portanto, independentes da
bases necessárias para a compreensão do vontade estatal, pois derivam da consciên-
novo Direito Internacional para a Humani- cia universal, do sentimento de justiça e
dade, traçando sua evolução histórica. A de bases éticas, incorporando valores hu-
construção doutrinária valoriza e resga- manos essenciais, que prevalecem com
ta o legado dos escritos dos pais funda- relação à raison d’Etat. o novo jus gen-
dores do direito internacional nos tium, atualmente caracterizado como
séculos XVi e XVii, sobretudo F. de sendo o Direito Internacional para a hu-
Vitoria, F. Suárez e H. Grotius, além de manidade, é assim imbuído de uma di-
A. Gentilli e S. Pufendorf, que sustenta- mensão temporal com o objetivo de
vam o ideal de uma civitas maxima regida adaptar-se progressivamente às necessi-
pelo direito das gentes.7 dades e aspirações da humanidade.
em seguida, Cançado trindade aden- A segunda parte da obra abarca as
tra na identificação das características fundações do direito internacional, reme-
básicas do novo jus gentium, capaz de tendo ao papel e à importância dos princí-
atingir as necessidades e aspirações da pios básicos da disciplina, que formam o
humanidade, que marca o início do sé- substrato da própria ordem jurídica.
culo XXi. Sua característica básica prin- Como uma manifestação da consciência
cipal consiste no reconhecimento de jurídica internacional, fonte material por
que a ordem jurídica internacional ul- excelência do direito internacional nas
trapassou a ótica puramente interestatal palavras de Cançado trindade, os princí-
para abarcar igualmente indivíduos, or- pios do direito internacional inspiram o
ganizações não governamentais e outras processo de adoção, interpretação e apli-
entidades da sociedade civil, além de cação das normas jurídicas. de acordo
estados e organizações internacionais. com o autor, os princípios gerais do direi-
não se trata de uma concepção nova, to fornecem os próprios fundamentos do
pois o jus gentium clássico já abarcava, direito internacional Público e, por isso,
em sua evolução histórica, a humanida- não deveriam ser negligenciados pela dou-
de como um todo, não se limitando à trina contemporânea.8 o reconhecimen-
ótica interestatal. Segundo o autor, o jus to do papel fundamental dos princípios
gentium atual possui a finalidade de res- conduz ao reconhecimento de princípios
gatar o ideal de universalidade presente considerados indispensáveis, como o jus
no pensamento dos pais fundadores do cogens, que traduz a ideia de uma justiça
droit des gens, de onde extrai suas raízes objetiva.9 Cançado trindade sustenta a
mais profundas. A concepção universa- importância dos princípios, que per-
lista do direito internacional considera meiam o sistema jurídico e transcendem
que os estados não foram originalmen- o direito positivo internacional. eles
te concebidos como sujeitos exclusivos refletem a idée de droit e a idée de justice.
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A partir de tais considerações, o autor qual seja, a consciência jurídica universal


afirma a validade permanente dos princí- ou communis opinio júris.13 Cançado trin-
pios gerais do direito internacional que dade identifica manifestações da cons-
conformam a aplicação de suas normas, ciência jurídica universal no direito dos
como o princípio fundamental da proibi- tratados, na cláusula Martens, na juris-
ção do uso da força, previsto no artigo 2 prudência internacional e nas resoluções
(4) da Carta da onU. A validade contínua da onU.
de tal princípio reafirma a primazia do os sujeitos de direito internacional
direito internacional sobre a força, con- são abordados na quarta parte da obra,
forme exposto no capítulo iV da segunda que tem como objetivo demonstrar a
parte da presente obra,10 tendo em vista existência de um processo de humaniza-
as inúmeras tentativas de desconstrução ção do direito internacional, repercutin-
do direito internacional nos tempos do na expansão da personalidade jurídica
atuais em situações que envolvem o uso da internacional. Para Cançado trindade, a
força fora dos parâmetros estabelecidos inquestionável expansão da personalida-
pela Carta da onU. de jurídica internacional caracteriza o
A terceira parte da obra adentra na novo jus gentium. o fenômeno do surgi-
formação do direito internacional, rea- mento das organizações internacionais
valiando a teoria das fontes formais do determinou o fim do monopólio do esta-
direito internacional para demonstrar do, alterando globalmente a estrutura do
seu caráter não exaustivo e sua insufi- direito internacional. Além das organi-
ciência nos tempos atuais.11 Cançado zações internacionais, o autor resgata a
trindade sinaliza que a formação do condição da pessoa humana como sujeito
direito internacional contemporâneo de direito interno e internacional (e não
não pode se restringir unicamente às apenas na qualidade de ator), na linha do
fontes formais, o que decorreria de um pensamento jurídico internacional da
positivismo analítico anacrônico, mas segunda metade do século XX e do pro-
deve buscar sua legitimidade – opinio cesso de humanização do direito inter-
juris communis – no atendimento do inte- nacional contemporâneo.14 Cançado
resse público e na realização das necessi- trindade denuncia a doutrina positivista
dades da comunidade internacional clássica e sustenta que os indivíduos são
como um todo.12 isso porque o novo jus indiscutivelmente sujeitos de direitos e
gentium emana da consciência jurídica obrigações que emanam diretamente do
universal e transcende a vontade dos direito internacional, exercendo um
estados enquanto sujeitos de direito papel fundamental no processo de for-
internacional. Assim sendo, o autor sus- mação da communis opinio juris. São eles
tenta que as fontes formais do direito os destinatários primordiais das normas
internacional devem ser analisadas con- jurídicas internacionais e nacionais.15
juntamente com a fonte material do Segundo o autor, o reconhecimento da
direito internacional por excelência, personalidade jurídica internacional –
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ativa e passiva – dos indivíduos caminha internacional em geral, dos direitos fun-
paralelamente com o necessário reco- damentais inderrogáveis e das obriga-
nhecimento de sua capacidade jurídica ções erga omnes de proteção em sua dupla
para reivindicar direitos no plano inter- dimensão. Para Cançado trindade, os
nacional.16 tais considerações conduzem conceitos de jus cogens e de obrigações
naturalmente ao acesso direto lato sensu à erga omnes de proteção – horizontais e
justiça internacional – droit au Droit – verticais – já integram o universo con-
por meio do direito de petição individual ceitual do direito internacional, na linha
no nível internacional (jus standi) e do da visão universal do droit des gens pro-
direito à realização da justiça no nível posta pelos pais fundadores da disciplina.
internacional.17 Com efeito, o direito de o conceito de jus cogens, que transcende
acesso à justiça lato sensu traduz o direito o domínio do direito dos tratados para
a uma ordem jurídica capaz de proteger abarcar, dentre outros, a responsabilida-
efetivamente os direitos fundamentais da de internacional dos estados, é conside-
pessoa humana.18 Marca, como sustenta rado pelo autor como um dos pilares do
o autor, a emancipação do indivíduo com novo jus gentium. Além do jus cogens, são
relação a seu próprio estado e a primazia citados outros conceitos que também
da raison de l’humanité perante a raison emergem do novo jus gentium do início
d’État. Constitui, para Cançado trinda- do século XXi, como sendo fruto da
de, o mais importante legado do pensa- consciência jurídica universal. tais cons-
mento jurídico internacional da segunda truções conceituais acabam por reco-
metade do século XX.19 Além dos indi- nhecer as limitações dos estados no que
víduos, a humanidade é igualmente con- tange ao atendimento das necessidades
siderada como sendo um sujeito de e aspirações da humanidade. dentre as
direito internacional, pois permeia o construções conceituais abordadas pelo
corpus juris da disciplina. A dificuldade autor, figura a responsabilidade estatal
reside na construção conceitual de por crimes internacionais e a jurisdição
representação legal de humanidade que universal. em seu âmbito, verifica-se
leva à consolidação da capacidade jurídi- em jurisprudência recente a comple-
ca internacional. mentaridade entre a responsabilidade
na quinta parte da obra, Cançado internacional dos estados e a responsa-
trindade busca construir o direito inter- bilidade dos indivíduos por crimes
nacional para a Humanidade, o novo jus internacionais. 20 Salienta que o princí-
gentium, partindo de construções concei- pio da jurisdição universal, que ultra-
tuais em curso que reafirmam seu cará- passa as fronteiras da territorialidade e
ter universal. trata-se de reconhecer, da nacionalidade, já traz em si mesmo
como sublinha o autor, a emergência de a ideia da complementaridade e da
considerações relativas à ordem pública, existência de interesses fundamentais
que se refletem nas construções concei- que devem ser protegidos pela comu-
tuais das normas imperativas do direito nidade internacional.
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Cançado trindade resgata, na sexta controvérsias, destacando a desnecessi-


parte da obra, considerações básicas de dade de esgotamento das possibilidades
humanidade que fornecem ilustrações de negociação antes do recurso a outros
acerca da emergência de um novo jus meios de solução pacífica. Sublinha a
gentium, em diversas áreas do direito in- ambivalência entre o princípio da solu-
ternacional. tais considerações básicas ção pacífica das controvérsias previsto na
são indispensáveis no momento atual, Carta da onU e a prerrogativa das par-
marcado por uma crise profunda de va- tes em disputa no sentido de adotar os
lores, e já se encontram no corpus juris do mecanismos de solução pacífica livre-
direito internacional contemporâneo. mente. tal ambivalência conduz à vulne-
estão presentes nos instrumentos de rabilidade da solução das controvérsias
direito internacional contemporâneo, internacionais, que ficam sujeitas ao
na jurisprudência internacional e na voluntarismo estatal. reitera o autor
doutrina internacional considerada lúci- que os meios de solução pacífica não se
da pelo autor. Merecem, segundo ele, limitam ao voluntarismo estatal, forne-
maior atenção e cultivo pela doutrina in- cendo exemplos que ilustram tal tese.
ternacionalista com vistas à construção Com efeito, há atualmente uma flagran-
de um novo jus gentium, que resgata a po- te diminuição da liberdade de escolha
sição central do ser humano e da huma- acerca dos meios de solução pacífica das
nidade. dentre os capítulos do direito controvérsias internacionais à disposição
internacional nos quais as considerações dos estados. isso ocorre em função de
básicas de humanidade se fazem presen- previsões em tratados multilaterais dis-
tes, especial atenção é dada a temas pondo acerca dos mecanismos a serem
como desarmamento, direito dos trata- obrigatoriamente utilizados. É que os
dos, responsabilidade de estados, suces- mecanismos de solução pacífica das con-
são de estados, território, direito trovérsias internacionais transcendem os
diplomático e consular e, finalmente, interesses dos estados em questão,
convergências entre as três vertentes de envolvem interesses gerais da comunida-
proteção da pessoa humana, quais se- de internacional e devem ser analisados
jam, o direito internacional dos direi- sob essa ótica. tendo em vista tais consi-
tos Humanos, do direito internacional derações, Cançado trindade conclui que
Humanitário e do direito internacional qualquer estudo sobre o assunto deverá
dos refugiados.21 partir, prioritariamente, do princípio
de suma importância é a sétima geral da solução pacífica das controvér-
parte da obra, que avalia o estado atual e sias internacionais para, então, avaliar a
as perspectivas de solução pacífica de livre escolha das partes no que tange aos
controvérsias, reiterando a necessidade meios, que consiste em simples prerroga-
de uma jurisdição compulsória.22 Can- tiva. nessa linha, o autor lembra o antigo
çado trindade cita diversos meios com- ideal da jurisdição compulsória como uma
plementares de solução pacífica das manifestação da busca da comunidade
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internacional pela realização da justiça apesar de não ser expressamente proibida,


no nível internacional. representa uma distorção da concepção
Cançado trindade destaca o fato de original encontrada nos referidos tra-
que a cláusula facultativa de jurisdição vaux préparatoires.
obrigatória, presente nos estatutos da Cançado trindade anuncia: “the time
Corte Permanente de Justiça internacio- has come to overcome definitely the regrettable
nal e da Corte internacional de Justiça, lack of automatism of the international juris-
foi resultado da iniciativa do jurista bra- diction” (p. 581). reconhece que apesar
sileiro raul Fernandes, que pretendia dos avanços ocorridos na área do direito
encontrar um equilíbrio para o impasse internacional dos direitos Humanos,
ocorrido no seio do comitê de juristas ainda existem importantes resistências na
de 1920. tal cláusula teve inicialmente esfera interestatal para a aceitação do ideal
repercussão positiva, sofrendo posterior da jurisdição obrigatória, que reflete a
declínio sob a égide da Corte interna- necessidade da comunidade internacional
cional de Justiça. o autor resgata os tra- atualmente.23 entretanto, considera que
vaux préparatoires para sublinhar o uso algumas resistências já foram vencidas
distorcido da cláusula por diversos esta- como demonstra a experiência do tri-
dos, o que retirou sua eficácia e esvaziou bunal de Justiça da União europeia; da
sua finalidade. isso porque a elaboração Corte europeia de direitos Humanos
do estatuto da Corte internacional de após a entrada em vigor do Protocolo
Justiça não levou em consideração os n. 11; do tribunal Penal internacional; e
progressos da comunidade internacio- da Convenção das nações Unidas sobre o
nal, refletindo a concepção voluntarista direito do Mar de 1982. o autor fornece
do direito internacional dos anos 1920, tais exemplos para demonstrar que a ideia
marcada por uma dimensão puramente de jurisdição compulsória já está presente
interestatal. Para Cançado trindade, tal em algumas áreas do direito internacio-
concepção não mais se coaduna com o nal, sendo uma manifestação do reco-
direito internacional contemporâneo. nhecimento de que a ótica voluntarista
Para sustentar tal tese, recorre à expe- encontra-se ultrapassada. Corrobora tal
riência da Corte interamericana de afirmação o fato de que diversos tratados
direitos Humanos e da Corte europeia de internacionais preveem cláusulas compro-
direitos Humanos, cujas cláusulas facul- missórias estabelecendo o recurso obriga-
tativas de jurisdição obrigatória, reco- tório à jurisdição da Corte internacional
nhecidas como sendo cláusulas pétreas, de Justiça para a solução das controvérsias
não admitem outras limitações além atinentes à sua interpretação e aplicação.
daquelas expressamente previstas nos tra- Cançado trindade sugere que uma inclu-
tados de direitos Humanos em questão. são sistemática de cláusulas compromissó-
Por esse motivo, sustenta que a inserção rias no âmbito de tratados internacionais
de reservas ou limitações nas cláusulas contribuiria para expandir o escopo da
facultativas de jurisdição obrigatória, jurisdição compulsória.
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na mesma linha, o autor sublinha o afirma que “a busca da justiça deve ser
caráter positivo da multiplicidade de tri- preservada como objetivo último; asse-
bunais internacionais no direito interna- gurar justiça às vítimas compreende, in-
cional contemporâneo, o que indica uma ter alia, permitir que elas possam buscar
expansão da jurisdição internacional, e obter justiça pelos crimes sofridos”.27
conjuntamente com o processo de des- Contrariamente ao positivismo forma-
centralização da ordem jurídica interna- lista presente em grande parte dos jul-
cional para além da ótica puramente gados da Corte internacional de Justiça,28
interestatal.24 o processo de “jurisdicio- o autor adere a uma visão principista ten-
nalização” do direito internacional refor- dente a aplicar um direito internacional
ça a primazia do direito internacional evolutivo e atento aos valores da humani-
sobre a força, confortando o jusinterna- dade, na busca da realização da justiça.29
cionalista sensato. de fato, Cançado trin- A última parte da obra anuncia as
dade vê com bons olhos o fenômeno da perspectivas para o futuro. Cançado
multiplicação dos tribunais internacio- trindade retoma o legado do ciclo das
nais. o referido fenômeno (i) reflete uma Conferencias Mundiais das nações Uni-
necessidade da comunidade internacio- das ao longo dos anos 1990 até o ano de
nal contemporânea, (ii) contribui para o 2001. As Conferências contribuíram
antigo ideal de realização da justiça inter- para desenhar a agenda social internacio-
nacional, e (iii) reafirma a posição dos in- nal do início do século XXi, em conso-
divíduos como sujeitos de direito nância com as preocupações do direito
internacional. tais considerações corro- internacional contemporâneo e com as
boram o processo histórico de humaniza- aspirações da comunidade internacio-
ção do direito internacional, conducente nal. Analisa o exercício da codificação e
ao novo jus gentium. o progressivo desenvolvimento do di-
Para o autor, a função jurisdicional é reito internacional na perspectiva his-
guiada, sobretudo, pelo ideal de realiza- tórica, além de trazer lições e projeções
ção da justiça,25 que não constitui uma para o futuro. Pondera que o processo
noção abstrata. ora, não é possível jul- de codificação é guiado por necessida-
gar casos envolvendo violações graves des jurídicas da comunidade internacio-
dos direitos humanos e do direito inter- nal (e não apenas dos estados) que
nacional humanitário sem atentar para evoluem através dos tempos e, por esse
os valores humanos fundamentais, já que motivo, tende a ser complexo, dinâmi-
o direito e a ética são indissociáveis, con- co e multifacetado. A codificação e o de-
trariamente aos postulados da doutrina senvolvimento progressivo do direito
positivista.26 Um tribunal internacional internacional caminham pari passu,
não pode permanecer indiferente ao so- apontando para a universalização do di-
frimento humano, privilegiando a raison reito internacional. o autor insiste que
d’État e denegando justiça aos indivíduos o direito internacional contemporâneo
sob sua jurisdição. Cançado trindade não pode mais confinar-se nos rígidos
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postulados do direito internacional Conclui sua obra atualíssima demons-


convencional tradicional, devendo ser trando um profundo sentimento de con-
dotado de um corpus juris objetivo e dar fiança na nova geração de juristas
expressão à opinio juris communis emana- internacionalistas para a construção do
da da consciência jurídica universal. novo jus gentium desse novo século.
Cançado trindade fundamenta-se trata-se de uma obra indubitavel-
em quantidade expressiva de referências mente perene, fruto das reflexões pes-
bibliográficas e jurisprudenciais direta e soais de Cançado trindade acumuladas
indiretamente relacionadas ao direito nas últimas três décadas, como acadêmico
internacional em mais de 50 páginas, o e juiz internacional, que resgata e dá vida
que enriquece sobremaneira o presente à consciência jurídica universal, cons-
livro. As obras e os casos jurispruden- truindo um novo jus gentium para a huma-
ciais foram cuidadosamente selecionados nidade. A obra é desenvolvida em torno de
e organizados de acordo com as partes e postulados que se articulam conforme seu
capítulos do livro, de forma a facilitar ao leitmotiv – o direito internacional é um cor-
leitor o aprofundamento dos temas con- pus juris orientado para atingir as necessida-
siderados mais relevantes. o amor à disci- des e aspirações dos seres humanos e da
plina e o zelo com os leitores e discípulos humanidade – e flui de forma crítica e po-
transparecem e perpassam toda a obra, o sitiva, trazendo uma mensagem de con-
que a torna sensivelmente humanizada. fiança e esperança nas gerações futuras.
“there is reason for hope and confiden- Como latino-americanos e brasileiros, or-
ce in the future of international Law”, gulhamo-nos de ter entre nós o professor e
assegura Cançado trindade em seu epí- juiz Antônio Augusto Cançado trindade, o
logo. A mensagem de confiança deixada primeiro jusinternacionalista brasileiro a
pelo autor em sua obra merece ser reto- ministrar o Curso Geral de Direito Interna-
mada: as novas gerações de juristas cional Público desde a fundação da Acade-
internacionalistas devem fomentar a mia de direito internacional da Haia.
revitalização das fundações e princípios International Law for Humankind: Towards a
básicos do direito internacional con- New Jus Gentium é uma obra que não me-
temporâneo, testemunhando a expansão rece reparos em função de sua qualidade
da personalidade jurídica internacional, excepcional e constitui uma contribuição
com a primazia do direito internacional valiosíssima para o estudo do direito inter-
sobre a força, na busca da realização da nacional, sendo, portanto, indispensável
justiça com o objetivo de deixar um para todos aqueles que pretenderem obter
mundo melhor para nossos descenden- uma visão lúcida do direito internacional
tes. Segundo Cançado trindade, os sal- contemporâneo, que leva em conta as ne-
tos qualitativos na evolução do jus gentium cessidades e aspirações da humanidade,
são alcançados em momentos de crise, sem ignorar a carga histórica propugnada
como testemunha o desenvolvimento pelos pais fundadores e, sobretudo, sem
histórico do direito internacional.30 correr o risco de confundir-se com visões
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míopes tão presentes em momentos de enxergar o ser humano para além das amar-
crise de valores. É de leitura obrigatória ras da soberania estatal e de resgatar sua po-
para uma geração de juristas internacio- sição central enquanto sujeito de direito
nalistas guiada por valores, que é capaz de interno e internacional.

NOTAS

1 o texto original do Curso Geral de direito 4 A. A. CAnçAdo trindAde, A Humanização


internacional ministrado pelo professor Antônio do Direito Internacional, op. cit., p. 14.
Augusto Cançado trindade foi publicado no Recueil des
Cours da Academia da Haia em 2005: A. A. CAnçAdo 5 Para maiores detalhes acerca da relação entre a
trindAde, International Law for Humankind: Towards a recta ratio e o jus gentium, vide A. A. CAnçAdo
New Jus Gentium - General Course on Public International trindAde, A Humanização do Direito Internacional, op.
Law - Part I, 316 recueil des Cours de l’Académie de cit., pp. 6-16.
droit international de la Haye, 2005; International Law for
Humankind: Towards a New Jus Gentium - General Course on 6 o autor lista desenvolvimentos recentes do
Public International Law - Part II, 317 recueil des Cours de direito internacional que demonstram a preocupação
l’Académie de droit international de la Haye, 2005. com os seres humanos, como a existência de áreas do
direito internacional voltadas para a proteção dos
2 A corrente doutrinária que conduzia à direitos Humanos; a invocação da ‘humanidade’ em tratados
personificação do estado no direito internacional internacionais; a construção jurisprudencial de tribunais
inspirou-se, sobretudo na filosofia do direito de Hegel, internacionais contemporâneos que leva em consideração
que acabou por influenciar a evolução do direito preocupações de seres humanos e humanidade; e a prática
internacional no final do século XiX e no início do século de estados e organizações internacionais e outros sujeitos
XX. Segundo Cançado trindade, “as Universidades não só de direito internacional que leva em consideração as
brasileiras como de tantos outros países, encontram-se necessidades e aspirações dos seres humanos e humanidade
hoje infestadas de positivistas e realistas, o que explica o como um todo.
preocupante declínio no cultivo da ciência jurídica e das
ciências sociais”, in A. A. CAnçAdo trindAde, A 7 Vide A. A. CAnçAdo trindAde, A
Humanização do Direito Internacional, Belo Horizonte, ed. Humanização do Direito Internacional, op. cit., pp. 8-16.
del rey, 2006, p. 21.
8 Vide Corte idH, Condição Jurídica e os Direitos
3 Association internationale Vitoria-Suarez, dos Migrantes Indocumentados, 2003, Voto concordante do
Vitoria et Suarez – Contribution des Théologiens au Droit juiz A. A. CAnçAdo trindAde no parecer n. 18,
International Moderne, éd. Pédone, Paris, 1939, pp. 169- par. 44 e 46.
170; LAUterPACHt (H.), “the Grotian tradition in
international Law”, 23 British Yearbook of International 9 A. A. CAnçAdo trindAde, El Derecho
Law, 1946, pp. 1-53; et V. P. GUGGenHeiM, “Contribution Internacional de los Derechos Humanos en el siglo XXI, editorial
à l’histoire des sources du droit des gens , 94 Recueil des Jurídica de Chile, 2001, pp. 416-429; A. A. CAnçAdo
Cours de l’Académie de Droit International de La Haye, 1958, trindAde, El ejercicio de la función judicial internacional –
pp. 21-25. Memorias de la Corte Interamericana de Derechos Humanos, Belo

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17 PAULA WOJCIKIEWICZ ALMEIDA : 389

Horizonte, ed. del rey, 2011, pp. 73-83 e 127-132; A. A. Alegre, Brésil, éd. S. A. Fabris, 2002, p. 524, § 187; A.
CAnCAdo trindAde, Évolution du droit international au A. CAnCAdo trindAde, Évolution du droit international
droit des gens – l’accès des individus à la justice internationale : le au droit des gens - l’accès des individus à la justice
regard d’un juge, Paris, ed. Pedone, 2008, pp. 126-129. internationale, le regard d’un juge, op. cit., p. 117; A. A.
CAnCAdo trindAde, “el nuevo reglamento de la
10 Vide A. A. CAnçAdo trindAde, A Corte interamericana de derechos Humanos (2000) y
Humanização do Direito Internacional, op. cit., pp. 175-193. Su Proyección Hacia el Futuro: La emancipación del Ser
Humano como Sujeto del derecho internacional de los
11 Ibid, pp. 30-96; A. A. CAnçAdo trindAde, derechos Humanos”, 28 Curso de Derecho Internacional,
O Direito Internacional em um mundo em transformação, rio Comitê Jurídico interamericano – oAS (2001), pp. 33-
de Janeiro, ed. renovar, 2002, pp. 19-76. 92; A. A. CAnçAdo trindAde, El Acceso Directo
del Individuo a los Tribunales Internacionales de Derechos
12 Corte idH, Haitianos e Dominicanos de Origem Humanos, Bilbao, Universidad de deusto, 2001, pp. 9-
Haitiana na República Dominicana, Medidas Provisórias de 104; A. A. CAnçAdo trindAde, “Vers la consolidation
Proteção, 2000, Voto concordante do juiz A. A. de la capacité juridique internationale des pétitionnaires
CAnçAdo trindAde, par. 12; Corte idH, Bámaca dans le système interaméricain des droits de la
Velasquez versus Guatemala, 25 de novembro de 2000, personne”, 14 Revue québécoise de Droit International,
explicação de Voto do juiz A. A. CAnçAdo trindAde 2001, n. 2, pp. 207-239; A. A. CAnçAdo trindAde,
na sentença sobre o mérito, par. 28 e 16. “A emancipação do Ser Humano como Sujeito do
direito internacional e os Limites da razão de estado”,
13 Corte idH, Condição Jurídica e os Direitos dos in 6/7 Revista da Faculdade de Direito da Universidade do
Migrantes Indocumentados, 2003, Voto concordante do juiz Estado do Rio de Janeiro (1998-1999), pp. 427-428 e 432-
A. A. CAnçAdo trindAde no parecer n. 18, pars. 433; A. A. CAnçAdo trindAde, “el derecho de
23-25 e 28-30. Petición individual ante la Jurisdicción internacional”,
48 Revista de la Facultad de Derecho de México, UnAM,
14 Vide A. A. CAnçAdo trindAde, “Las 1998, pp. 131-151.
Cláusulas Pétreas de Protección internacional del Ser
Humano: el Acceso directo de los individuos a la Justicia 18 A. A. CAnçAdo trindAde, Tratado de
a nivel internacional y la intangibilidad de la Jurisdicción Direito Internacional dos Direitos Humanos, op. cit., pp. 523-
obligatoria de los tribunales internacionales de derechos 524; A. A. CAnCAdo trindAde, Évolution du droit
Humanos”, in El Sistema Interamericano de Protección de los international au droit des gens – l’accès des individus à la justice
Derechos Humanos en el Umbral del Siglo XXI – Memoria del internationale : le regard d’un juge, op. cit., pp. 116-119.
Seminario (nov. 1999), vol. i, 2ª ed., San José de Costa
rica, Corte interamericana de derechos Humanos, 2003, 19 Segundo Cançado trindade, “without the
pp. 3-68. right of individual petition, and the consequent Access
to justice at international level, the rights set forth in
15 Vide Corte idH, Direito à Informação sobre a human rights treaties would be reduced to a little more
Assistência Consular no âmbito das Garantias do Devido than dead letter” (p. 237). Vide também Corte idH,
Processo Legal, 1999, Voto concordante do juiz A. A. Castillo Petruzzi e Outros versus Peru (objeções
CAnçAdo trindAde no parecer n. 16, par. 3-4. Preliminares), julgamento de 04.09.1998, série C, n.
41, opinião concorrente do juiz A. A. CAnçAdo
16 Para mais detalhes, vide A. A. CAnçAdo trindAde, p. 62, par. 35; A. A. CAnçAdo
trindAde, A Humanização do Direito Internacional, op. cit., trindAde, A Humanização do Direito Internacional, op.
pp. 129-156; A. A. CAnçAdo trindAde, El Derecho cit., pp. 109-118.
Internacional de los Derechos Humanos en el siglo XXI, op. cit.,
pp. 319-376; A. A. CAnçAdo trindAde, El ejercicio de 20 Vide A. A. CAnçAdo trindAde,
la función judicial internacional – Memorias de la Corte “Complementarity between State responsibility and
Interamericana de Derechos Humanos, op. cit., pp. 109-126; A. individual responsibility for Grave Violations of Human
A. CAnCAdo trindAde, Évolution du droit international rights: the Crime of State revisited”, in International
au droit des gens – l’accès des individus à la justice Responsibility Today – Essays in Memory of O. Schachter (ed.
internationale : le regard d’un juge, op. cit., pp. 26-61; A. A. M. ragazzi), Leiden, M. nijhoff, 2005, pp. 253-269.
CAnçAdo trindAde, O Direito Internacional em um
mundo em transformação, rio de Janeiro, ed. renovar, 2002, 21 A. A. CAnçAdo trindAde, A Humanização do
pp. 550-584. Direito Internacional, op. cit., pp. 281-352; A. A. CAnçAdo
trindAde, El Derecho Internacional de los Derechos Humanos
17 A. A. CAnCAdo trindAde, Tratado de en el siglo XXI, op. cit., pp. 185-267; A. A. CAnçAdo
Direito Internacional dos Direitos Humanos, tome iii, Porto trindAde, El ejercicio de la función judicial internacional –

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390 : RESENHA DA OBRA INTERNATIONAL LAW FOR HUMANKIND: TOWARDS A NEW JUS GENTIUM

Memorias de la Corte Interamericana de Derechos Humanos, op. 26 C.i.J., acórdão de 3 de fevereiro de 2012,
cit., pp. 185-196. Immunités juridictionnelles de l’État (Allemagne c. Italie;
Grèce (Intervenant)), opinião dissidente do juiz A. A.
22 A. A. CAnçAdo trindAde, A Humanização CAnçAdo trindAde, p. 82, par. 289.
do Direito Internacional, op. cit., pp. 226-277; A. A. CAnçAdo
trindAde, O Direito Internacional em um mundo em 27 C.i.J., acórdão de 3 de fevereiro de 2012,
transformação, op. cit., pp. 749-789. Immunités juridictionnelles de l’État (Allemagne c. Italie;
Grèce (Intervenant)), opinião dissidente do juiz A. A.
23 Vide A. A. CAnçAdo trindAde, “the CAnçAdo trindAde, p. 84, par. 299.
relevance of international Adjudication revisited:
reflections on the need and Quest for international 28 Vide Corten (o.), “La thèse de la
Compulsory Jurisdiction”, in Towards World Constitutionalism déformalisation du droit international et ses limites  :
– Issues in the Legal Ordering of the World Community (eds. l’exemple de la jurisprudence de la Cour internationale
r. St. J. Macdonald e d.M. Johnston), Leiden, nijhoff, de Justice”, L’Observateur des Nations Unies, 2011-i, vol.
2005, pp. 515-542. 30, pp. 75-98.

24 Vide A. A. CAnçAdo trindAde, “the 29 nesse sentido, afirma o juiz M. Bennouna que
Merits of Coordination of international Courts on Human “le monde du juriste n’est pas un monde aseptisé,
rights”, 2 Journal of International Criminal Justice, oxford, comme le serait celui d’un pur mathématicien, opérant
2004, pp. 309-312; A. A. CAnçAdo trindAde, “La dans sa tour d’ivoire, il est en prise avec les réalités
perspective transatlantique: La contribution de l’œuvre sociales en amont et en aval de la norme”. Continua
des Cours internationales des droits de l’homme au afirmando que o papel da Corte internacional de Justiça
développement du droit public international”, in La “n’est pas seulement de développer une argumentation
Convention européenne des droits de l’homme à 50 ans – Bulletin formelle mais de rendre la justice, en veillant à ce que
d’information sur les droits de l’homme, n. 50 (numéro ses arrêts soient perçus comme tels” (BennoUnA
spécial), Strasbourg, Conseil de l’europe, 2000, pp. 8-9. (M.), “Le formalisme juridique: pour quoi faire  ? ”,
L’Observateur des Nations Unies, 2011-i, vol. 30, pp. 8 e 9).
25 C.i.J., acórdão de 3 de fevereiro de 2012,
Immunités juridictionnelles de l’État (Allemagne c. Italie; 30 Vide igualmente CAnçAdo trindAde (A.
Grèce (Intervenant)), opinião dissidente do juiz A. A. A.), Direito das Organizações Internacionais, 4ª edição, ed.
CAnçAdo trindAde, p. 3, par. 2. del rey, Belo Horizonte, 2009, p. XXV.

Paula Wojcikiewicz Almeida


Praia de Botafogo, n. 190, 13º andar DOUTORA EM DIREITO INTERNACIONAL E EUROPEU PELA UNIVERSITÉ
Botafogo – 22250–040 DE PARIS 1 PANTHÉON-SORBONNE (SUMMA CUM LAUDE)
Rio de Janeiro – RJ – Brasil DOUTORA EM DIREITO INTERNACIONAL
paula.almeida@fgv.br E INTEGRAÇÃO ECONÔMICA PELA UERJ
MESTRE EM DIREITO PÚBLICO INTERNACIONAL
E EUROPEU PELA UNIVERSITÉ DE PARIS XI

PROFESSORA DE DIREITO INTERNACIONAL DA FGV DIREITO RIO


E PESQUISADORA DO CENTRO DE JUSTIÇA E SOCIEDADE
DA FGV DIREITO RIO

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