Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
S
ou estrangeiro em meu próprio texto, e confesso que não sinto
firme em que acreditava pisar? De onde eles vêm? Que risco é esse que
preciso aceitar?
1
Frase dita pelo professor Luiz Orlandi numa conversa informal
2
Título de um poema de Wally Salomão in Algaravias pg.21.
4
E
stamos acostumados a nos apoiar em formas de pensar que
surpresas que podemos provar diante das idéias que nos surgem como
A
dmiro, cada vez mais, roupas que nos transmitem a sensação de
das rupturas que sinalizam, nos atirando sem cerimônia numa existência
em frangalhos.
O
texto da tese veste-se de inacabamentos, pauta-se por
Bem-vindo à vida
tremor que vai se comunicando aos corpos que nele pisam empenhados
Era preciso dar atenção a este chão que em sua inumana hospitalidade
S
ombra apenas remota de uma unidade psicológica, um alguém
outros trajes, mas não lhe passou pela cabeça que estas forças já se
Portando apenas uma leve bagagem de mão, deixou para trás um rosto,
Estimulações
M
ichel Foucault se perguntava: por que um pintor trabalharia, se
não fosse para ser transformado por sua pintura? E por que
para que os insights insistam e que com eles você possa compor
de fabular”3.
3
Deleuze/Conversações,p.157
1
1
A
idéia de fragmento arrasta consigo o incômodo da incompletude.
Para alguns, talvez seja frustrante enredar-se numa viagem desse tipo.
Infinitos são os fios que vão arrebentando ao longo das vias expressas
1
2
experiências que nos são vitais, porque não nos deixam mais retornar
singular existência.
4
Roland Barthes por Roland Barthes, p.158.
1
3
U
m corpo, uma engrenagem de sensações que intrigam textos o
tempo todo. E esses textos que vão sendo produzidos são muito
ruidosos, exatamente porque operam vozes que discordam entre si. São
invenção.
5
Manoel de Barros, O livro das Ingnorãças , pg. 15
6
apud Ludovic Janvier Beckett pg. 96
1
4
E
screver tateando, suspendendo a avidez. Experimentar ir
“Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas leituras não era a
que não só trai, mas rouba, aspirador de idéias que estão por toda a
A
lém de trair e roubar, ele monta a coreografia de sua traição.
blocos de brutais sensações que vão germinando por sua estrada. Ele
torce para que esteja à “altura dos acontecimentos” que estão por vir.
7
Manoel de Barros, O livro das Ingnorãças pg. 18
1
5
U
m corpo abriga sons para serem ouvidos. Nele transitam
Das vizinhanças
P
ensamentos traçam um caminho de vento. São buliçosos como as
los, que eles levantam o vôo mais alto, nos intimam a seguir suas
açambarcada por fluxos vitais que perambulam por aí sem nome próprio
P
ensar não é se alinhar com o que já se conhece. É justamente o
nunca podemos contar com uma cama elástica que ampare as quedas.
A
vida e seu cortejo de astúcias expõe o pensamento a uma dose
uma forma familiar? Quem sabe pedir emprestado a voz do poema com
indisciplinadas.
É ele quem nos estimula a existir de outro jeito, essa vigorosa máquina
P
ode parecer estranho falar do poema, contêiner de
escreve. É que interessa bem menos seu nome do que o fluxo de vida
8
Manoel de Barros, Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo, p.29.
9
Remissão a Flaubert, via tradução de Augusto de Campos. “Formas estereotipadas
que as pessoas pronunciam para parecer inteligentes e atualizadas”. Augusto de
Campos À Margem da Margem, pg. 22.
1
9
imprevisíveis.
vendável.
U
ma subjetividade poeta se expõe ao mundo e agüenta o tranco.
10
Waly Salomão Lábia, p.23
11
Waly Salomão Gigolô de Bibelôs, pg. 121
2
0
constelação de inventos.
metamorfose”.12
U
m poema também pode não passar de uma sopa rala que
lacrar a alma.
............................................................
poesia = casulo, casamata de obuses. “
( Waly Salomão – Tarifa de Embarque)
O
olhar míssil13 disparado pelo poema abate a lógica racional a que
mundo. E a pista por onde ele corre, é pista de decolagem, que nos
E a vida endógena que levamos vai pelos ares. A partir daí nada mais se
filme falado numa língua estranha, sem legendas. O chão racha sob
P
ensar a poesia como “plataforma de lançamento”14 das idéias.
por uma estereofonia que vai aos poucos sintonizando nossas regiões
13
Waly Salomão, Gigolô de Bibelôs, p.10
14
Waly Salomão Qual é do Parangolé. P.8
2
2
E
ncontrei na poesia de Waly Salomão um “intercessor” 15. É com
se.
compreendê-la, traí-la.
S
e alguém me perguntasse se a poesia salva, impede que alguém
15
Gilles Deleuze Conversações pp. 151 e ss.
16
Waly Salomão Lábia, p.47
17
Gilles Deleuze, Diálogos,p.75
2
3
H
ouve um tempo em que se atravessava espelhos. Havia uma
dessa prisão.18
E
stou de pé em meu quarto, diante de um grande espelho oval.
Espelhos.
2
5
aquelas que possam ter maior aceitação social, que não atritem com os
“aquilo”, aliás não só nós mesmos, mas tudo que existe à nossa volta, o
quaisquer variáveis.
Se, por acaso, nos defrontamos com algumas diferenças, formas cujo
T
em gente que quebra espelhos e aspira o azar, quem sabe um
fúria à urgência dessa nova vida, intensivamente frágil. Não lhe passa
U
m homem, parado diante de uma câmera anuncia que vai nos
19
Guattari, Caosmose,p.118
20
Refiro-me a um curta-metragem de Carlos Nader, de 1998, cujo título é homônimo.
2
7
interior.
N
a ocasião em que assisti a exibição desse vídeo, ele me causou
vai nos revelar sua identidade, sua intimidade, seu eu, e acaba por se
dar conta de que está à procura de uma substância que não reside em
Alguém aceso.
É
um sonho. Nada se pode esperar dele, a não ser sua brutal
desarticulação.
Acordo sobressaltada.
espelho, sem espelho. Ele agora não passa de uma cavidade fosca, um
Colapso.
quero me multiplicar.
I
ntuir a urgência de se fabular um procedimento de investigação da
nascimento.
3
0
B
rotar pelo meio é opor-se a um destino que progride em direção a
desembarcar em terra firme, aos berros, sem saber no que isso vai dar,
A
través de um longo túnel, espreme-se um corpo. Arrasta-se,
que você cumpra à risca o ritual que o leva à outra extremidade. Há,
uma rota de fuga. Deseja estrear no mundo pelo meio. Por guia, apenas
significações modelares.
A
memória móvel rastreia os espaços da infância. Plana sobre uma
21
Expressão ouvida em uma palestra de Waly Salomão. Fez-me imaginar logo uma
espécie de razão contrabandista, acompanhada de sua sacola de sensações
clandestinas. Razão empenhada no sentir, capaz de flertar com as forças
desestabilizadoras da vida, afrouxando o paranóico papel que lhe coube: o de
intérprete e disciplinador dessas forças. Um tipo de razão que iria se infiltrando
sorrateiramente, mais receptiva e afirmativa. Uma razão muito singular, que
ambicionaria se desformar.
3
2
I
numeráveis serão sempre os estilos de existir e registrá-los em suas
captar seja apenas os nós mais visíveis dessa escorregadia trama, suas
N
ossa devoção pelos espaços limpos, civilizados, esteticamente
vez.
A
casa quarentena, isolada, isolante, lado a lado com uma outra, a
provendo a todos com uma espécie de manto que aninha sem sufocar.
Manto que não acaba nunca de ficar pronto, porque as linhas vão se
singular.
N
a casa de pai e mãe eu era órfão. E fugia de lá pelas rachaduras
passagem. Foi por ali que passei a vazar todas as noites, tramando
P
assei a ancorar minha casa em descampados incivilizados. Se me
22
Denise Sant’Anna, Corpos de Passagem,p.95
3
6
V
olte, o seu lugar é aqui nesta casa, entre nós, neste aconchego
H
ouve um momento em que a casa começou a se desfigurar
C
ontinuo a vazar discretamente pelas rachaduras de meu quarto,
nenhum monitorável.
3
7
E
u nunca estive à procura de um território, mas de estados de
Estados de Emergência
U
ma vida vulnerável, enrodilhada de sensações. Que tipo de
isso.
Instaurar Mundos
A
voz-corpo do poeta, encarnada pela garganta, emite uma
O
tom é forte e nítido, cristalinidade da vogal a que amplifica e
refrão.
local qualquer, que renasce numa cidade ainda maior, e que se percebe
“(...) eu nasci num canto qualquer duma cidade pequena. (...) depois
nasci numa cidade maior. (...) e fui virando uma pessoa que vai
24
Waly Salomão Gigolô de Bibelôs, pg. 121
25
Waly Salomão Gigolô de Bibelôs, pg. 141
4
1
A
o sabor de suas gradativas expansões, o poeta vai se constituindo
Lê-se um poema que se faz circular sem fixar um rosto. Talvez escreva
possíveis.
4
2
Estojo de possíveis
A
concha do ouvido bem cedo desperta no feto. E uma avalanche
26
Verso de Carlos Drummond de Andrade
4
3
U
m insistente falatório ronda a cabeça do poeta e o convoca a
que possuído, dispara em alto e bom som que rompeu de vez com esse
É preciso ser arrojado para se querer tornar em tudo o que não se é.27 É
H
avia uma promessa de texto. E por mais que eu tentasse me
alarmada.
P
rocuro refúgio num conto de Clarice Lispector, “As águas do mar”,
tateiam sua vastidão silenciosa. Apenas um cão transita livre pela areia,
paradoxalmente.
U
m sujeito é um receptáculo de formas, urna de devires,
mundo.
só. Viver é bem mais que isso. É lembrar-se obstinadamente que toda
C
omeço a perceber que buscar um estado de escritura é dar-se
de si.
que meu corpo desconheceu sua alma e minha alma pensou alarmada
e no meio dessa esquisitice toda uma outra não me dava trégua. percebi
que eu carregava a tiracolo uma coisa cheia de utensílios, que supus ser
para meu uso diário. e eu não sabia nada sobre a procedência daquele
troço. tudo cabia ali, eu só não entendia como dispor de todos aqueles
inqualificáveis.
mas logo outra forma, que me pareceu mais elástica, mais carinhosa, se
30
Lucio Agra (manuscrito cedido pelo autor)
4
9
e não foi para isso que nascemos? narinas ferozmente abertas respiram
ignoto.
O vivo vibra
R
econquistar o ritmo de uma matéria amortecida, flácida,
N
ão mais procurar na infância um marco, um sítio histórico
B
rincar com essa infância é esburacar sua temporalidade e
história em nada pessoal, que ressoa em tudo que vibra, está vivo. É
N
arrar o esforço da forma-homem arruinada, rebaixada em força,
D
esejar a brutal incompreensão das coisas, desligando-se de um
único.
U
m corpo, enclausurado num amontoado de protocolos de
fabulação.
5
2
U
ma criança aprisionada numa redoma de signos, que vigiam sua
astúcia.
Involuir para desfazer os nós, para liberar de vez aquela carcaça que
Atento aos signos que vão lhe saudando pelo caminho, lhe azucrinam
modos de existir.
5
3
D
esgrudar das idéias saídas de um acervo de prescrições, que, à
Então mergulhar numa criação autoral, cada vez mais povoada por uma
criação.
A
inda que nos sentindo fortalecidos, intuímos pelo corpo que as
uma saída à francesa, nos fingimos de mortos. Porém, sem corpo nem
Ponto de Ebulição
Cena Primeira:
Uns passos regulares observam atentos por onde pisam para não cair.
Cena Segunda:
5
5
de pé, cai de novo. Agora rasteja. Contrai o rosto numa careta, vira um
bicho qualquer.
A
subjetividade em estado de petrificação. Uns, parecem nada
família humana."31
31
Waly Salomão, Tarifa de embarque, pg. 30/31
5
6
32
Waly Salomão, Tarifa de embarque, pg. 17
5
7
U
m banco de dados existe para nos disponibilizar informações. Ele
M
olda-se em nós uma milionária subjetividade bem disciplinada.
vivemos.
5
8
D
esordenar os dados armazenados num hard disk qualquer e
T
raficar essas informações, com elas criar pólos de experimento.
D
elirar um barranco de dados. Imaginar-se equilibrando-se numa
limpeza de área.
C
ultivamos parcimoniosamente uma idéia de estilo. Nasce-se com
Que significa dizer que alguém tem estilo? O contrário de ter uma
identidade best-seller.
formas prontas.
nesse encosto que grudou em nós. É liberar dos retratos a pose que
grampeou a alma.
Ter estilo é saber-se fluxo que permanece fluxo: intenso, cósmico, capaz
cosangüinidades.
O Rosto em Erosão
U
m corpo aprende cedo a ter um rosto e nele reconhece sua
cada qual à sua maneira nos provendo, diretamente pelo rosto, olho no
vidas.
D
eserta-se o rosto para que o sujeito converta-se em atrator de
A
identidade que procuramos localizar no rosto está se
se.
U
m rosto inabordável. Quantos imprecisos anos teria? Era apenas
V
ocê olha para ele e não vê nada. Como abordá-lo então?
33
Waly Salomão, Gigolô de Bibelôs, p.141
6
3
U
m rosto existe para ser desvendado. Há sempre uma expectativa
de que ele fixe uma forma, amolde feições, seja formulável. Para
modo de dizê-lo.
atrevimento, um arrebatamento.
F
oi quando inadvertidamente me virei na direção do espelho e
vi, não era mais aquela forma compacta com que convivia. Tinha se
O
rosto humano existe para ser atravessado por projetos
O
lhar bem de perto, de preferência com uma poderosa lente de
34
Véra Mantero in Elipse, Gazeta Improvável, pp. 3-4.
6
5
A
infatigável “esfera de produção de si mesmo”35, em que viver é
saber que talvez não seja possível encontrar em parte alguma uma
35
Waly Salomão, Gigolô de Bibelôs, p.121.
6
6
F
rancis Bacon, um pintor irlandês contemporâneo, não se julgava
Mas por que? O que é ser criativo? O que implicaria essa auto-
nomeação?
nossa missão é garimpar nossos tesouros ocultos. Mas onde foi que os
discurso.
por vários eus, que, por incompreensão nossa, não permitimos que se
mapa mais fiel de nós mesmos, que irmane todos esses personagens
sucedidos?
C
riar, transitar pela existência de posse de um projeto ético-
consumir.
experiências.
I
nventar é movimentar-se no território radical do inesperado, que
invenção, mesmo porque a vida não pode ser encurralada num manual
P
ara Hélio Oiticica, o que importava era “declanchar estados de
37
Waly Salomão, Algaravias, p.21
7
1
“ O Hábito Anestesia”
N
o breve conto do escritor Ítalo Calvino, “O Raio”38, um sujeito é
O que mais o intrigava era o fato de não ter percebido isso tudo antes.
38
In Italo Calvino, Um general na biblioteca, pp. 16-17
39
Idem
40
Idem
7
2
entrincheirar-se naquela outra existência que lhe era tão familiar parecia
ser impossível.
O
s estado febris da infância. O corpo ardendo em temperaturas
nesse torpor.
isolamento.
F
ebre não é doença, age como um transe, rito de passagem a outro
significados.
chamuscado.
41
Apropriação do verso de Manoel de Barros: “(...) Sabastião despencou do seu
normal”. ( Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo, pp. 21-22)
7
4
G
ente de nossa espécie jamais sentiu dor. Ninguém, nunca, se
minuciosamente.
editada da vida. Uma vida sem vento, “o vento é ira, ira é a vida” 42. Um
para extirpá-la.
42
Clarice Lispector, Onde estivestes de Noite,p.99
7
5
Entenda, “a mulher, que sou eu, só quer alegria” 43. A mulher que eu sou
vulnerabilidade.
T
emos aprendido a frear a perplexidade diante das coisas, despistar
invenção, porque talvez seja arriscado demais lhe dar algum crédito,
pode nos arremessar num beco sem saída, que nos force a abrir uma
podem até passar por novidade. Habitamos uma floresta de signos que
43
Clarice Lispector op.cit., p.98)
44
Idem
7
6
espanto e encantamento.
A
verdade da razão, gerida por estabilidades e totalidades
D
ificilmente ouviríamos estáticos a canção Pista de Dança, com
voz do poeta alardeando a vertigem que nos promete essa rave poética.
Neste chão, transtornados pelo som e pela letra, pisamos bambos e nos
enrijecida vida.
Ele nos expõe a correntes de ar que não vão mais nos deixar em paz.
U
m outro chão, também este desafiador de prumos estáveis, se
seguro.
rodopios escultóricos, nos pregam uma bela peça visual. Tudo à nossa
Parc.
Um pequeno desvio
O
s pés irrequietos das crianças procuram terrenos estranhos para
À
medida que vamos nos aproximamos dessa escultura cinética, nos
alinhadas no chão. Diante dessa luzes, disposto num outro plano, vemos
com pequenas frestas entre eles, o que os torna independentes uns dos
E
stas duas superfícies instáveis, ambos, experimentos cinéticos,
pista de pouso sempre acidentado. São convites para buscar outro chão
S
obre nossa cabeça um céu tranqüilo a nos proteger, sob nossos
terra móvel, que não avança para lugar nenhum estabelecido, vai à
deriva. E ainda que nos assuste muito existir assim sem um ponto de
45
Marcelo Gleiser in Mais – Folha de São Paulo, 8/4/2001
46
Waly Salomão, Tarifa de Embarque, p.10
8
5
imaginários Trad. Carmen Vera Cirne Lima. Porto Alegre: Ed. Globo,
1982.
10.Deleuze, Gilles. Crítica e Clínica. Trad. Peter Pál Pelbart. São Paulo:
11. Deleuze, Gilles e Parnet Claire. Diálogos. Trad. Eloisa Araújo Ribeiro.
Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. São Paulo: Editora 34, 1998.
17. Janvier, Ludovic Beckett Trad. Léo Schlafman Rio: José Olympio,
1988
Letras, 1999.
1989.
1983.
8
9
2000.
Liberdade, 2001.
31. Santos, Laymert Garcia dos. Tempo de Ensaio. São Paulo: Cia das
Letras, 1989.
33. Santos, Roberto Corrêa dos. Tais Superfícies. Rio de Janeiro: Otti
Editor, 1998.
34. Vianna Klauss e Carvalho, Marco Antonio de. A dança. São Paulo:
Apêndice
Waly Salomão – Textos
TESTE SONORO*
RELEVO ZERO
ANAMNÉSIA
SALIVA PRIMA
ANAMNÉSIA
*
Gigolô de Bibelôs, pg. 141
9
1
PISTA DE DANÇA**
Quando criança
me assoprou no ouvido um motorista que os bons não se curvam
e
eu
confuso
aqui nesta pista de dança
perco o tino
espio a vertigem
do chão que gira
tal qual
parafuso
e o tapete tira
debaixo dos meus pés
giro
piro
nesta pista de dança
curva que rodopia
sinto que perco um pino
não sei localizar se na cabeça
mimetizo
a dança das estrelas
Ê Ê Ê tumbalelê
é o jongo do cateretê
é o samba
é o mambo
é o tangolomango
é o batestaca
é o jungle
é o tecno
é o etno
é o etno
é o tecno
é o jungle
é o batestaca
é o tangolomango
é o mambo
é o samba
é o jongo do cateretê
Ê Ê Ê tumbalelê