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Ronaldo Auad Moreira
Ana Mae Barbosa2, desde os anos 1970, tem se dedicado à inserção de uma
postura contrária ao ensino de artes visuais como técnica (ensino determinado
por normas rígidas) e ao ensino de artes visuais como atividade (o fazer pelo
fazer, o esvaziamento total de conteúdo, o fazer sem sentido, sem
pensamento). Tal postura compreende o ensino de artes visuais como
conhecimento (SILVA E ARAÚJO, s.d).
Nos anos 1980, Ana Mae deu início à elaboração da Abordagem triangular.
Entre 1987 e 1993, no Museu de Arte Contemporânea da USP, essa
abordagem que inter-relaciona o ler, o contextualizar e o produzir, foi posta em
desenvolvimento e se apresentou como possibilidade de um ensino de artes
visuais como conhecimento.
1
Artista visual, semioticista, professor e pesquisador do Instituto de Ciências Humanas e Letras
da UNIFAL-MG, onde leciona Fundamentos e Metodologias do Ensino de Arte e Semiótica
Peirceana.
2
Professora e pesquisadora, principal nome da área do ensino contemporâneo de Arte no
Brasil.
2
imagens que passam por nós de modo veloz, sem que possamos apreender
com profundidade os seus conteúdos.
leituras precárias, não norteadas pela consciência de que para reler é preciso,
antes, ler (MOREIRA, inédito).
alunos realizam trabalhos a partir dos efeitos neles produzidos pela obra
analisada.
Essa nova geração, adepta dos jogos eletrônicos e da multimídia, possui uma
competência para imersões − norteadas por caminhos multilineares − em
busca de diversão, informação e conhecimento.
É importante dizer que o roteiro para essas leituras foi elaborado pelo autor do
presente texto durante o processo de orientação do trabalho de conclusão de
curso realizado pela aluna Juliana Marques Diniz (DINIZ, 2015), no âmbito da
licenciatura em Pedagogia da UNIFAL-MG. Tal elaboração se deu a partir dos
problemas identificados e vivenciados pela aluna durante a fase de estágio da
referida graduação.
A aplicação que será aqui apresentada deverá ser adaptada ao vocabulário das
crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Isso não quer dizer que não
se possa estimular a expansão desse vocabulário.
Experiência Fenomenológica
Primeira fase
O que eu vejo?
A educadora Juliana Marques Diniz relata que, uma vez, quando estagiária,
pode aplicar essa atividade de descrição em uma classe do primeiro ano do
Ensino Fundamental.
Transcrevo aqui a descrição, de uma criança dessa classe, da imagem de
Monet: “Quando olho para ela vejo o verde da grama, as flores vermelhas,
árvores de vários tamanhos, uma casa no fundo, o céu azul cheio de nuvens
brancas, pessoas à frente (uma criança e uma mulher) e mais duas pessoas ao
fundo no canto esquerdo. Ela é uma figura bonita que mostra a natureza”.
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Segunda fase
Acesso em 17/07/2014.
Acesso em 17/07/2014
Acesso em 16/04/2014
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Em síntese, devemos sempre ler uma linguagem das artes visuais sem
dispensar nenhuma das etapas anteriormente expostas, ou seja, deve-se
enfatizar o seu poder de sugestão ou de semelhança; o seu poder de ser algo
que estabeleça uma conexão direta com a realidade nela representada; o seu
poder de só ser decodificada quando houver uma familiaridade, de parte do
intérprete, com os símbolos nela determinados.
De qualquer modo, a análise de uma linguagem das artes visuais - seja ela
predominantemente abstrata, figurativa, simbólica ou uma mistura onde, em
menor ou maior grau, uma dessas instâncias seja posta em relevo - só se
efetivará com a compreensão dos aspectos estéticos, culturais e sociais que a
fizeram surgir, pois sabemos que não há nenhuma linguagem isolada, ou seja,
que toda linguagem é um particular vinculado a um contexto geral.
Terceira fase
Experiência Fenomenológica
Primeira fase:
O que eu vejo?
Segunda fase
O que está em pauta nesta segunda fase de leitura é, portanto, o poder de auto
referência e de referência da linguagem analisada. Em seguida, exponho
alguns casos que contemplam esses aspectos:
Em síntese, devemos sempre ler uma linguagem das artes visuais sem
dispensar nenhuma das etapas anteriormente expostas, ou seja, deve-se
enfatizar sempre o seu poder de sugestão ou de semelhança; o seu poder de
ser algo que estabeleça uma conexão direta com a realidade nela
representada; o seu poder de só ser decodificada quando houver uma
familiaridade, de parte do intérprete, com os símbolos nela determinados.
De qualquer modo, a análise de uma linguagem das artes visuais - seja ela
predominantemente abstrata, figurativa, simbólica ou uma mistura onde, em
menor ou maior grau, uma dessas instâncias seja posta em relevo - só se
efetivará quando da compreensão dos aspectos estéticos, culturais e sociais
que a fizeram surgir, pois sabemos que não há nenhuma linguagem isolada, ou
seja, que toda linguagem é um particular vinculado a um contexto geral.
Terceira fase
Referências bibliográficas
BARBOSA, Ana Mae. Teoria e prática da Educação Artística. São Paulo: Cultrix, 1975.
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 2007.
OTT, Robert William. Ensinando crítica nos museus. In: BARBOSA, Ana Mae (Org.).
Arte-Educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 2008. p. 111 – 141.
SANTAELLA, Lúcia. Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.