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DO CONTRATO SOCIAL1

1. PROBLEMA

Quero indagar se pode existir, na ordem civil, alguma regra de administração


legítima e segura, tomando os homens como são e as leis como podem ser.
Esforçar-me-ei sempre, nessa procura, para unir o que o direito permite ao que o
interesse prescreve, a fim de que não fique separadas a justiça e a utilidade. (51)

2. OBJETIVO/ DESENVOLVIMENTO

O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor
dos demais, não deixa de ser mais escravo do que ele. Como adveio tal mudança?
Ignoro-o. Que poderá legitimá-la? Creio poder resolver esta questão. (53)

Rousseau pretende entender como foi possível, entre outras coisas, o


homem deixar a sua liberdade natural para se submeter a uma liberdade
cível. Esta que sempre o deixará preso às amarras sociais. Por isso, a
procura de Rousseau em encontrar o que pôde levar a tal legitimação.
Rousseau não admite que a sociedade tenha iniciado pelo direito do mais
forte, para ele a força,

É um poder físico; não imagino que moralidade possa resultar de seus efeitos.
Ceder à força constitui ato de necessidade, não de vontade; quanto muito, ato de
prudência. Em que sentido poderá representar um dever? (59)

Fica claro no exposto acima que a força de maneira nenhuma se tornar


um dever. As pessoas obedecem aos mais fortes para protegerem suas
vidas e, em muitos casos no momento que o mais forte perde sua força,
acaba a obediência daquele. Por isso Rousseau admite que a força não faz
o direito e que só se é obrigado a obedecer aos poderes legítimos2.

2.0 PACTO SOCIAL

Ora, como os homens não podem engendrar novas forças, mas somente unir e
orientar as já existentes, não têm eles outro meio de conservar-se senão formando,
por agregação, um conjunto de forças, que possa sobrepujar a resistência,
impelindo-as para um só móvel, levando-as a operar em concerto. (69)

Os homens chegam a tal ponto que veem-se obrigados a juntarem as forças no


intuito de protegerem suas vidas. O pacto social nasce do desejo de

1
ROUSSEAU, Nova Cultural, São Paulo, 2005.
2
ROUSSEAU, 2005, p.60
conservação e, todos em um gesto somam suas forças. Para Rousseau isto só
pode nascer do concurso de muitos, pois, sendo a força e a liberdade de cada
indivíduo os instrumentos primordiais de sua conservação, eles encontraram
uma forma de associação que defendesse e protegesse as pessoas e seus bens3.
Nesta associação onde cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si
mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes. (ROUSSEAU, 2005, p. 70)

O soberano, sendo formado tão só pelos particulares que o compõem, não visa
nem pode visar a interesse contrário ao deles, e, consequentemente, o poder
soberano não necessita de nenhuma garantia em face de seus súditos, por ser
impossível ao corpo desejar prejudicar a todos os seus membros, e veremos, logo a
seguir, que não pode também prejudicar a nenhum deles em particular. O
soberano, somente por sê-lo, é sempre aquilo que deve ser. (74)

O soberano é formado por todos e por isso, não pode deliberar ações que
prejudiquem a algum dos seus membros. Rousseau nos permite entender uma
nova forma de poder, ele nos oferece uma concepção onde todos são
responsáveis pelo governo. Não existe uma pessoa que domine, mas todos por
meio da vontade geral participam ininterruptamente do corpo político. Mas
como isso pode acontecer? Como a vontade geral age?

VONTADE GERAL

A primeira e a mais importante consequência decorrente dos princípios até aqui


estabelecidos é que só a vontade geral pode dirigir as forças do Estado de acordo
com a finalidade de sua instituição, que é o bem comum, porque, se a oposição dos
interesses particulares tornou necessário o estabelecimento das sociedades, foi o
acordo desses mesmos interesses que o possibilitou. (85)

O objetivo principal da vontade geral é o bem comum, ela, não pode dirigir-se à
apenas alguns membros do pacto. Neste sentido a vontade geral é aquilo de
comum que existe em todas as vontades individuais, ou seja, é o substrato
coletivo das consciências4. Portanto, o que há de comum nos vários interesses é
que possibilita o aparecimento da vontade geral que de modo algum deve ser
confundido com a vontade particular.

Se não é, com efeito, impossível que uma vontade particular concorde com a
vontade geral em certo ponto, é pelo menos impossível que tal acordo se
estabeleça duradouro e constante, pois a vontade particular tende pela sua
natureza às predileções e a vontade geral à igualdade. (86)

3
Cf. ROUSSEAU, 2005, p.69
4
Cf. Nota de Lourival Gomes Machado. P.85.
Enquanto a vontade particular visa interesses particulares a vontade geral,
segundo Rousseau, tende sempre à utilidade pública. A vontade Geral também
não deve ser confundida com a vontade de todos. Esta o seu interesse é privado
e não passa da soma das vontades particulares. Por outro lado, a vontade de
todos5 visa o interesse comum e não pode ser manipulada por ninguém.

Governo
Que será, pois, o governo? É um corpo intermediário estabelecido entre os súditos
e o soberano para sua mútua correspondência, encarregado da execução das leis e
da manutenção da liberdade, tanto civil quanto política. (136)

Rousseau não atribui ao governo um poder absoluto. O governo é responsável


por manter a liberdade e zelar para que as leis se cumpram, de modo algum o
governante poderá ser superior as leis, pois não passa, segundo Rousseau,
como simples funcionário do soberano, exercendo em seu nome o poder de
que ele o fez depositário, e que pode limitar, modificar e retomar quando lhe
aprouver6.

Rompimento do pacto e do Estado

Para Rousseau, o governo pode se degenerar de dois modos distintos, a


saber: quando ele se contrai, ou quando o Estado se dissolve7. Deste modo, o
governo se contrai segundo Rousseau, quando ele passa do grande para o
pequeno número, ou seja, da democracia para a aristocracia e da aristocracia
para a realeza. Já a dissolução do estado pode acontecer de dois modos,

Primeiro, quando o príncipe não mais administra o Estado de acordo com as leis e
usurpa o poder soberano. Dá-se, então uma mudança notável que consiste em
contrair-se não o Governo, mas o Estado se dissolve, que se forma outro dentro
dele, composto unicamente de membros do governo, o qual, em relação ao resto
do povo, não passa de senhor e tirano. (175)

Rousseau é muito preciso e admite que no momento que o príncipe passa a


administrar o Estado de acordo com suas leis e não com o consentimento do
povo, por meio da vontade geral o Estado se extingue. Passa, portanto, a ter
outro estado dentro dele e o povo de soberano se torna escravo. Mas, a partir
do momento que o governo lesa a soberania,

Rompe-se o pacto social e todos os simples cidadãos, repostos de direito em sua


liberdade natural, estão forçados, mas não obrigados a obedecer. (175)

5
Cf. ROUSSESU, 2005, p.91
6
Cf. ROUSSEAU, 2005, p. 137
7
Cf. ROUSSEAU, 2005, p.173
Rousseau entende que o povo também tem o direito de abdicar ao governo à
medida que este os engana. O outro modo de dissolução do estado acontece
quando os membros do Governo tomam o poder isoladamente, e fica este
dividido produzindo desordem no Estado. Têm-se então, por assim dizer, tantos
príncipes quantos magistrados, e o Estado, não menos dividido do que o
Governo, perece ou muda de forma. (ROUSSEAU, 2005, p.175)
O governo, para Rousseau, não é instituído por um contrato mas uma lei
que,

Os depositários do poder executivo não são absolutamente os senhores do povo,


mas seus funcionários; que ele pode nomeá-los ou destituí-los quando lhe
aprouver; que para eles não cabe absolutamente contratar, mas obedecer; e que,
incumbindo-se das funções que o Estado lhes impõe, não fazem senão
desempenhar seu dever de cidadãos, sem ter de modo algum o direito de discutir
as condições. (195)

Tribunato

Esse corpo, que chmarei de tribunato, é o conservador das leis e do poder


legislativo. Serve, algumas vezes, para proteger o soberano contra o Governo,
como em Roma faziam os tribunos do povo; outras vezes, para sustentar o Governo
contra o povo, como atualmente em Veneza faz o Conselho dos Dez, e, outras
vezes ainda, para manter o equilíbrio de um lado e de outro, como os éforos o
faziam em Esparta. (221)

O tribunato para Rousseau servia como um equilíbrio entre o povo e o príncipe.


Os tribunos não estavam ligados nem ao poder legislativo nem ao poder
executivo.

2.1 DA ESCRAVIDÃO

Rousseau acredita que a liberdade é constitutiva do homem e,

Renunciar à liberdade é renunciar à qualidade de homem, aos direitos da


humanidade, e até aos próprios deveres. Não há recompensa possível para quem a
tudo renuncia. Tal renúncia não se compadece com a natureza do homem, e
destituir-se voluntariamente de toda e qualquer liberdade equivale a excluir a
moralidade de suas ações. (62)

Uma das ideias centrais aqui apresentadas é de que todos os homens


nascem livres e iguais, as diferenças são apenas físicas. Rousseau é contra
Aristóteles quando este diz que uns nascem livres e outros escravos, se
há, pois, escravos pela natureza, é porque houve escravos contra a
natureza. Para Rousseau, foi a força que fizera os primeiros escravos e sua
perpetuação ocorreu por causa da covardia humana8. Nesse sentido,
nenhum outro homem pode ter autoridade natural sobre seus
semelhantes, para formar então, um direito onde todos possam obedecer
só por meio da autoridade legítima que cada um pode oferecer. Rousseau
também não admite que da guerra possa gerar a escravidão. Para ele,

Os homens em absoluto não são naturalmente inimigos. É a relação entre as coisas


e não a relação entre os homens que gera a guerra, e, não podendo o estado de
guerra originar-se de simples relações pessoais, mas unicamente das relações reais,
não pode existir a guerra particular ou de homem para homem, nem no estado de
natureza, no qual não há propriedade constante, nem no estado social em que
tudo se encontra sob a autoridade das leis. (63)

A guerra, por sua vez, não pode ser entre particulares, mas entre estados.
Rousseau admite que enquanto estiverem estados em guerra pode-se
matar, mas assim que a guerra acaba ninguém mais terá o direito de tirar
a vida do outrem9. Cessada a guerra os homens deixam de ser inimigos e
voltam a serem simples homens. Assim, adverte Rousseau, que seja qual
for o modo de encarar as coisas, nulo é o direito de escravidão não só por
ser ilegítimo, mas por ser absurdo e nada significar10. Para ele, as palavras
escravidão e direito são contraditórias e se excluem mutuamente.

2.1 DA LEI

Pelo pacto social demos existência e vida ao corpo político. Trata-se, agora, de lhe
dar, pela legislação, movimento e vontade, porque o ato primitivo, pelo qual esse
corpo se forma e se une, nada determina ainda daquilo que deverá fazer para
conservar-se. (105)

Vê-se logo que não se deve mais perguntar a quem cabe fazer as leis, pois são atos
da vontade geral, nem se o príncipe está acima das leis, visto que é injusto consigo
mesmo, ou como se pode ser livre e estar sujeito às leis, desde que estas não
passam de registros de nossas vontades. (107)

2.2 DA RELIGIÃO CIVIL

A religião considerada em relação a sociedade, que é geral ou particular, pode


também dividir-se em duas espécies, a saber: a religião do homem e a do cidadão.
A primeira, sem templos, altares e ritos, limitada ao culto puramente interior do
Deus supremo e aos deveres eterno da moral, é a religião pura e simples do
evangelho, o verdadeiro teísmo e aquilo que pode ser chamado de direito divino

8
Cf. ROUSSEAU, 2005, p.57
9
Cf. ROUSSEAU, 2005, p.64
10
Cf.ROUSSEAU, 2005, P.65
civil ou positivo. A outra , inscrita num só país, dá-lhe seus deuses, seus padroeiros
próprios e tutelares, tem seus dogmas, seus ritos, seu culto exterior prescrito por
lei. (237)

Há uma terceira espécie de religião, mais estranha, que, dando ao homem duas
legislações, dois chefes, duas pátrias, o submete a deveres contraditórios e o
impede de poder ao mesmo tempo ser devoto e cidadão, tal é a religião dos lamas,
a dos japoneses e a do cristianismo romano. Pode-se chamar, a esta, religião do
padre. Dela resulta uma espécie de direito misto e insociável que não tem nome.
(237)

A melhor religião para o estado é a do cidadão, pois, une o culto divino ao amor
as leis e faz da pátria objeto de adoração dos cidadãos, servir ao Estado é servir
ao deus tutelar. Segundo Rousseau, é uma espécie de teocracia, na qual não se
deve de modo algum ter outro pontífice que não o príncipe, nem outros padres
além dos magistrados11. A terceira é a mais má de todas, pois, rompe a
unidade social e põe o homem em contradição consigo mesmo. A primeira, a
religião do homem ou do cristianismo, para Rousseau, não existe nenhuma
relação com o corpo político. Longe de ligar os corações dos cidadãos ao
Estado, desprende-os, como de todas as coisas da terra. (ROUSSEAU, 2005,
p.238). Para Rousseau, o cristianismo é uma religião espiritual, preocupa-se
mais com as coisas do céu do que com as terrenas, pois este mundo não
pertence a pátria cristã.

Deve existir da parte do soberano um respeito pelas religiões e as mesmas


devem respeitar as outras. Rousseau é a favor da tolerância religiosa, mas que a
religião não deve de modo algum interferir no estado. Pensando nisso, o
Genebrino acredita que o estado deve ter os seus dogmas que devem ser
anunciados sem muitas explicações, tais são os dogmas:

A existência da Divindade poderosa, inteligente, benfazeja, previdente e provisora;


a vida futura; a felicidade dos justos; o castigo dos maus; a santidade do contrato
social e das leis – eis os dogmas positivos. Quanto aos dogmas negativos, limito-os
a um só: a intolerância , que pertence aos cultos que excluímos. (241).

11
Cf. ROUSSEAU, 2005, p. 237

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