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1. PROBLEMA
2. OBJETIVO/ DESENVOLVIMENTO
O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor
dos demais, não deixa de ser mais escravo do que ele. Como adveio tal mudança?
Ignoro-o. Que poderá legitimá-la? Creio poder resolver esta questão. (53)
É um poder físico; não imagino que moralidade possa resultar de seus efeitos.
Ceder à força constitui ato de necessidade, não de vontade; quanto muito, ato de
prudência. Em que sentido poderá representar um dever? (59)
Ora, como os homens não podem engendrar novas forças, mas somente unir e
orientar as já existentes, não têm eles outro meio de conservar-se senão formando,
por agregação, um conjunto de forças, que possa sobrepujar a resistência,
impelindo-as para um só móvel, levando-as a operar em concerto. (69)
1
ROUSSEAU, Nova Cultural, São Paulo, 2005.
2
ROUSSEAU, 2005, p.60
conservação e, todos em um gesto somam suas forças. Para Rousseau isto só
pode nascer do concurso de muitos, pois, sendo a força e a liberdade de cada
indivíduo os instrumentos primordiais de sua conservação, eles encontraram
uma forma de associação que defendesse e protegesse as pessoas e seus bens3.
Nesta associação onde cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si
mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes. (ROUSSEAU, 2005, p. 70)
O soberano, sendo formado tão só pelos particulares que o compõem, não visa
nem pode visar a interesse contrário ao deles, e, consequentemente, o poder
soberano não necessita de nenhuma garantia em face de seus súditos, por ser
impossível ao corpo desejar prejudicar a todos os seus membros, e veremos, logo a
seguir, que não pode também prejudicar a nenhum deles em particular. O
soberano, somente por sê-lo, é sempre aquilo que deve ser. (74)
O soberano é formado por todos e por isso, não pode deliberar ações que
prejudiquem a algum dos seus membros. Rousseau nos permite entender uma
nova forma de poder, ele nos oferece uma concepção onde todos são
responsáveis pelo governo. Não existe uma pessoa que domine, mas todos por
meio da vontade geral participam ininterruptamente do corpo político. Mas
como isso pode acontecer? Como a vontade geral age?
VONTADE GERAL
O objetivo principal da vontade geral é o bem comum, ela, não pode dirigir-se à
apenas alguns membros do pacto. Neste sentido a vontade geral é aquilo de
comum que existe em todas as vontades individuais, ou seja, é o substrato
coletivo das consciências4. Portanto, o que há de comum nos vários interesses é
que possibilita o aparecimento da vontade geral que de modo algum deve ser
confundido com a vontade particular.
Se não é, com efeito, impossível que uma vontade particular concorde com a
vontade geral em certo ponto, é pelo menos impossível que tal acordo se
estabeleça duradouro e constante, pois a vontade particular tende pela sua
natureza às predileções e a vontade geral à igualdade. (86)
3
Cf. ROUSSEAU, 2005, p.69
4
Cf. Nota de Lourival Gomes Machado. P.85.
Enquanto a vontade particular visa interesses particulares a vontade geral,
segundo Rousseau, tende sempre à utilidade pública. A vontade Geral também
não deve ser confundida com a vontade de todos. Esta o seu interesse é privado
e não passa da soma das vontades particulares. Por outro lado, a vontade de
todos5 visa o interesse comum e não pode ser manipulada por ninguém.
Governo
Que será, pois, o governo? É um corpo intermediário estabelecido entre os súditos
e o soberano para sua mútua correspondência, encarregado da execução das leis e
da manutenção da liberdade, tanto civil quanto política. (136)
Primeiro, quando o príncipe não mais administra o Estado de acordo com as leis e
usurpa o poder soberano. Dá-se, então uma mudança notável que consiste em
contrair-se não o Governo, mas o Estado se dissolve, que se forma outro dentro
dele, composto unicamente de membros do governo, o qual, em relação ao resto
do povo, não passa de senhor e tirano. (175)
5
Cf. ROUSSESU, 2005, p.91
6
Cf. ROUSSEAU, 2005, p. 137
7
Cf. ROUSSEAU, 2005, p.173
Rousseau entende que o povo também tem o direito de abdicar ao governo à
medida que este os engana. O outro modo de dissolução do estado acontece
quando os membros do Governo tomam o poder isoladamente, e fica este
dividido produzindo desordem no Estado. Têm-se então, por assim dizer, tantos
príncipes quantos magistrados, e o Estado, não menos dividido do que o
Governo, perece ou muda de forma. (ROUSSEAU, 2005, p.175)
O governo, para Rousseau, não é instituído por um contrato mas uma lei
que,
Tribunato
2.1 DA ESCRAVIDÃO
A guerra, por sua vez, não pode ser entre particulares, mas entre estados.
Rousseau admite que enquanto estiverem estados em guerra pode-se
matar, mas assim que a guerra acaba ninguém mais terá o direito de tirar
a vida do outrem9. Cessada a guerra os homens deixam de ser inimigos e
voltam a serem simples homens. Assim, adverte Rousseau, que seja qual
for o modo de encarar as coisas, nulo é o direito de escravidão não só por
ser ilegítimo, mas por ser absurdo e nada significar10. Para ele, as palavras
escravidão e direito são contraditórias e se excluem mutuamente.
2.1 DA LEI
Pelo pacto social demos existência e vida ao corpo político. Trata-se, agora, de lhe
dar, pela legislação, movimento e vontade, porque o ato primitivo, pelo qual esse
corpo se forma e se une, nada determina ainda daquilo que deverá fazer para
conservar-se. (105)
Vê-se logo que não se deve mais perguntar a quem cabe fazer as leis, pois são atos
da vontade geral, nem se o príncipe está acima das leis, visto que é injusto consigo
mesmo, ou como se pode ser livre e estar sujeito às leis, desde que estas não
passam de registros de nossas vontades. (107)
8
Cf. ROUSSEAU, 2005, p.57
9
Cf. ROUSSEAU, 2005, p.64
10
Cf.ROUSSEAU, 2005, P.65
civil ou positivo. A outra , inscrita num só país, dá-lhe seus deuses, seus padroeiros
próprios e tutelares, tem seus dogmas, seus ritos, seu culto exterior prescrito por
lei. (237)
Há uma terceira espécie de religião, mais estranha, que, dando ao homem duas
legislações, dois chefes, duas pátrias, o submete a deveres contraditórios e o
impede de poder ao mesmo tempo ser devoto e cidadão, tal é a religião dos lamas,
a dos japoneses e a do cristianismo romano. Pode-se chamar, a esta, religião do
padre. Dela resulta uma espécie de direito misto e insociável que não tem nome.
(237)
A melhor religião para o estado é a do cidadão, pois, une o culto divino ao amor
as leis e faz da pátria objeto de adoração dos cidadãos, servir ao Estado é servir
ao deus tutelar. Segundo Rousseau, é uma espécie de teocracia, na qual não se
deve de modo algum ter outro pontífice que não o príncipe, nem outros padres
além dos magistrados11. A terceira é a mais má de todas, pois, rompe a
unidade social e põe o homem em contradição consigo mesmo. A primeira, a
religião do homem ou do cristianismo, para Rousseau, não existe nenhuma
relação com o corpo político. Longe de ligar os corações dos cidadãos ao
Estado, desprende-os, como de todas as coisas da terra. (ROUSSEAU, 2005,
p.238). Para Rousseau, o cristianismo é uma religião espiritual, preocupa-se
mais com as coisas do céu do que com as terrenas, pois este mundo não
pertence a pátria cristã.
11
Cf. ROUSSEAU, 2005, p. 237