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RESUMO
O objetivo deste artigo foi investigar como os (as) docentes concebem
a sexualidade infantil, bem como se incluem esta temática em sua
prática pedagógica. Para tanto, foram realizadas seis observações em
uma creche comunitária, mais precisamente em duas turmas: uma
contendo alunos de 3 a 4 anos e outra com alunos de 4 a 5 anos, e
entrevista individual com as professoras das respectivas turmas. O
resultado deste trabalho apresenta que a dificuldade que as professoras
têm em abordar orientação sexual (OS) na escola, se dá, entre outras
coisas, pela confusão que elas fazem entre sexo e sexualidade e pela
falta de uma formação adequada, resultando assim na insegurança em
lidar com este tema com as crianças.
1.INTRODUÇÃO
Embora a temática sexualidade esteja presente nos meios de
comunicação, nas discussões sociais, nas músicas, na literatura, ela
ainda é, muitas vezes, tratada como algo proibido e inaceitável,
especialmente, quando se trata do desenvolvimento da sexualidade
infantil e suas expressões no espaço escolar.
A cultura tem forte influência no desenvolvimento da sexualidade dos
indivíduos e a maneira como uma sociedade concebe e lida com ela se
revela, por exemplo, no modo como os adultos reagem frente aos
primeiros contatos exploratórios que as crianças fazem em seu corpo e
que, em geral, é revestido de medo, culpa ou susto.
objetivo.
É importante salientar que a passagem de uma fase para outra não
significa o desaparecimento total da anterior, ou seja, em vários
momentos da vida as pessoas podem apresentar as marcas de uma
determinada fase.
O Pai da Psicanálise atribuiu ao âmbito educacional a responsabilidade
de uma moral sexual repressiva, já que as crianças da época
apresentavam noções de pudor, vergonha, pecado e inibição
resultados das excessivas restrições pelas quais passavam. Para ele, as
crianças deveriam receber informações sobre questões sexuais,
sempre que demonstrassem interesse pelo assunto, pois não é negando-
as que farão com que elas permaneçam puras, ao contrário, são os
adultos que criam o mistério ao redor dos assuntos sexuais.
Os adultos costumam ficar embaraçados quando as crianças, por
exemplo, perguntam como os bebês entram na barriga da mãe. Para
responderem esse tipo de pergunta, antes de se deixarem influenciar
pelas regras sociais comuns, eles deveriam ter consciência de que as
crianças só querem satisfazer suas curiosidades.
Conforme Silva (2002), o Brasil é um dos países que está
desenvolvendo trabalhos referentes às experiências na área da
sexualidade humana dentro da escola. Essas mudanças mostram-se
representadas e são apoiadas, por exemplo, na inclusão da Orientação
Sexual (OS) na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),
como tema transversal a ser levado para dentro da sala de aula, como
se observa nessa passagem do referido documento:
O papel da escola é abordar os diversos pontos de vista, valores e
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O papel da escola é abordar os diversos pontos de vista, valores e
crenças existentes na sociedade para auxiliar o aluno a encontrar um
ponto de autoreferência por meio da reflexão (...). O trabalho de
orientação sexual na escola é entendido como problematizar, levantar
questionamentos e ampliar o leque de conhecimentos e de opções
para que o aluno, ele próprio, escolha seu caminho. (BRASIL, 1997, p.
121)
Os PCNs também deixam claro que a orientação sexual na escola não
substitui, nem concorre com a função da família, mas antes a
complementa.
O Ministério da Educação apresenta que o acesso a OS é um direito de
todo (a) cidadão (ã), crianças e adolescentes presentes na escola
brasileira, cabendo assim, aos (as) educadores (as) construírem uma
maneira pela qual estas opções devem ser inclusas no dia-a-dia do
trabalho pedagógico dos (as) alunos (as) e professores (as).
Embora as autoridades educacionais brasileiras tenham se sensibilizado
sobre a importância desta temática na escola, incluindo nos PCNs a OS,
quando isto diz respeito à Educação Infantil e Fundamental, torna-se
bastante polêmica, pois muitos docentes conservam, ainda hoje, um
3. METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada em campo, através de um estudo de caso, que
“é a seleção de um objeto de pesquisa restrito, com o objetivo de
aprofundar-lhe os aspectos característicos” (SANTOS, 2002, p.31), e
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aprofundar-lhe os aspectos característicos” (SANTOS, 2002, p.31), e
com utilização das seguintes técnicas de coleta de dados: observação,
entrevista e análise documental.
3.1. As Observações em sala de aula
Com o objetivo de se obter um melhor conhecimento da prática
educativa das professoras e para compreensão de qual significado elas
“Em casa não. Assim, escolar sim. (...) Na adolescência, mas em casa
de maneira nenhuma. (...) Perguntei para minha mãe como era que
uma menina se transformava em moça. Minha mãe arrudiou, arrudiou,
arrudiou e nada. Fiquei sabendo porque chegou o momento e pronto.
Ou chegar, assim, e se envolver com um homem como é que a gente
deve se prevenir como é que deve reagir, nunca. Eu nunca tive essa
orientação em casa. Na minha casa não. Foi aprendido na escola, no
decorrer do tempo, com as experiências como no trabalho.”
(Professora A – turma de 3 a 4 anos).
Elas apresentam que sexualidade está mais para sexo, o ato em si;
apesar de uma delas também reconhecer que há uma descoberta
individual por parte das crianças, que existe a curiosidade em primeiro
reconhecer seu próprio corpo para poder perceber o do outro.
“As capacitações que a gente tem aqui é sobre mais educação... mas
fala sobre a sexualidade infantil. (...) a gente tem uma psicóloga, aliás,
ela está até afastada. Aí ela sempre orienta a gente sobre isso (...) Mas
assim, capacitação profunda (...) de puxar o assunto pra gente ta
dentro, não. Mas tocam no assunto assim: pra gente tomar cuidado, pra
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dentro, não. Mas tocam no assunto assim: pra gente tomar cuidado, pra
tá olhando, porque a criança descobre a sexualidade muito cedo,
muito cedo com os amigos. Amiguinhos né, que eles descobrem
pegando... Menino pega no pênis, pega pra vê o que é, como é, não
sei o quê. Curiosidade. É assim que eles vão descobrindo.” (Professora
M – turma 4 a 5 anos).
“(...) pelo menos quando eu fiz, assim na sala, a gente ta, tem aula
de... com a psicóloga. Tem tudo isso, mas assim, elas não direcionam
diretamente à criança se acontecer alguma situação, digamos, pra
gente conseguir contornar. (...) É... experiência própria. (...) A gente
procurava sempre tirar dúvidas com a psicóloga que tinha aqui (...) Aí
“Tenho um aluno. (...) Tem uma boneca na sala, (...) ele pega a
boneca, abraça, beija tanto, beija tanto. (...) Tavam debaixo da mesa
hoje (...) ‘Minha namorada, tia’. (...) Parece que foi hoje. (...) Outro
aluno estava trocando de roupa e uma menina, chegou e pegou no
pinto dele. Aí ele disse: ‘Oh tia! ela tá pegando no meu pinto’. Eu não
tinha nem visto, aí disse a ela: o que é isso em? Que coisa mais feia,
pegando no pinto do amiguinho! Aí ela ficou toda desconfiada.”
(Professora M – Turma 4 a 5 anos).
“Não faça isso! Isso não pode fazer não! Aí eles dizem assim: ‘Por que
tia?’ Aí eu não tenho resposta. Mas eu digo, é porque é feio. Às vezes
eu digo, por nada! Porque não pode! Porque é assim... a gente tem
que ter uma capacitação pra ta preparada, pra gente ter esse tipo de
resposta né. Às vezes eu digo até... olha não pode não, isso é feio,
não pode não, ta certo? Aí eles não fazem.” (Professora M – Turma 4 a
5 anos).
“Acho que desde que ta na barriga né? (...) Acho que tudo parte do
princípio... acho que não tem, digamos, uma idade “x”. (...) Acho que
é assim, quando ta maiorzinho, ta falando, surge a pergunta.”
(Professora A – Turma 3 a 4 anos)
“(...) Quando eu vejo uma criança fazendo algo, acho que é alguma
coisa que ela tá vendo e quer passar que ela já aprendeu. Não é uma
coisa que vem dela. Um desejo, não. Eu sinto que é uma coisa que ela
ta vendo ou em casa, ou na televisão mesmo.” (Professora A – Turma 3
a 4 anos)
As crianças hoje vivem num mundo sem barreiras: Tv, revistas, tudo
colabora para despertar o interesse e a curiosidade delas em relação à
sexualidade/sexo. Através de conversas informais durante as
observações, a professora da turma de 3 a 4 anos comentou que, às
vezes, até dentro de casa, o “estímulo” surge; os pais que não se
preocupam em ter relações sexuais antes de se assegurarem de que os
(as) filhos (as) não estão vendo e, no entanto, quando as crianças
apresentam certos comportamentos, eles se enchem de preconceitos e
condenam as demonstrações/repetições das mesmas, brigam com elas,
dizem que é feio, errado e não explicam. Esquecem que a sexualidade
também é um processo de aprendizagem que se configura tanto no
âmbito familiar quanto escolar.
“Eu acho legal. Assim, agora assim, sabendo colocar pra aquela faixa
etária né. Sabendo... é... colocar de uma maneira que eles entendam,
que não choque muito. Por exemplo: eu não posso falar com uma
criança da maneira que eu falo pra você sobre sexo. Eu acho legal,
porque desde o início eles vão aprendendo. Chegar a idade maior já
tão bem... né... mais espertinhos do que eu na idade deles.”
(Professora A – Turma 3 a 4 anos)
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com a pesquisa realizada, além da dificuldade que existe
em encontrar material didático adequado que aborde o assunto, o que
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em encontrar material didático adequado que aborde o assunto, o que
mais faz falta é uma preparação sobre este tema desde o processo de
formação inicial para se atuar na educação infantil, até um
acompanhamento para a prática no dia-a-dia, ou seja, as professoras
sentem falta de uma formação continuada, de um desenvolvimento
profissional na área.
ANEXO
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