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Resenha

“Kicking away the


ladder:
development strategy
in historical perspective”
Huáscar Fialho Pessali
Ha-Joon Chang Professor do Departamento de Economia
Universidade Federal do Paraná

Na era da informação, estamos sempre Embora historiadores e economis-


desinformados. Ou, como disse Simon tas ligados à área de desenvolvimento
(1971, p. 40), “a riqueza de informação cria econômico possam não encontrar muitas
uma penúria de atenção”. Temos que ser cada novidades no livro, seu mérito não está
vez mais seletivos sobre o que parece me- em levantar grandes descobertas ou criar
recer nossa consideração. Em paralelo, te- vanguarda teórica. Ele é oportuno, po-
mos dificuldade em interpretar a história rém, para lidar com o problema de desin-
com um aparato intelectual que não esteja formação mencionado e buscar atingir
influenciado pelas agendas e interesses outro público, menos especializado, e ne-
mais imediatos do nosso presente. Esses le causar algum desconforto. Por esse ân-
fatores influenciam o quanto podemos gulo o livro pode ser mais positivamente
aprender com o passado. apreciado e seus problemas conceituais,
Em Kicking away the ladder, Chang teóricos, de utilização e comparação de
(2002, p. 140 ) clama que: dados e, às vezes pequenos deslizes de
consistência contem com maior paciên-
os fatos históricos sobre as experiências de
desenvolvimento dos países desenvolvidos
cia do leitor.
deveriam ser mais amplamente divulgados. A história precisa de constante re-
Isto não é só uma questão de fazer jus à visão. O tempo e o crescimento das ciên-
história, mas também de permitir aos paí- cias, porém, impõem às novas gerações
ses em desenvolvimento que estejam melhor um esforço cada vez maior de atualiza-
informados para escolher políticas e institu- ção (exceção feita aos que detêm visão es-
ições que lhes sejam mais apropriadas. tritamente positivista do conhecimento).

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Muitas vezes não se consegue arcar com de explicar. O desafio, então, pode ser
os custos desse processo. Resulta assim um estímulo à leitura.
que se popularizam os anacronismos. No primeiro capítulo (“Como real-
Casos que fogem da visão moderna pre- mente os países ricos se tornaram ri-
dominante são tratados como aberrações cos”), Chang apresenta seu caso. Incomo-
ou viram anedotas sobre antepassados dado com a pressão hoje existente sobre
pouco esclarecidos ou estrambóticos. países em desenvolvimento para segui-
Diante de tais percalços, o livro é útil ao rem “boas políticas” e adotarem “boas
agrupar de forma razoavelmente organi- instituições” para promover seu desen-
zada certos eventos da história instituci- volvimento, Chang questiona se os paí-
onal de vários países hoje desenvolvidos. ses hoje ricos se utilizaram dos mesmos
Chang (2002) tenta melhorar nosso co- “bons” elementos para chegar onde che-
nhecimento factual sobre o quanto dife- garam. Em termos metodológicos, ele se
rem o que eles fizeram ao longo de seu diz inspirado em Friedrich List e na abor-
desenvolvimento, principalmente ao lon- dagem da Escola Histórica Alemã. Se-
go dos séculos XVIII e XIX, e o que hoje gundo Chang (2002, p. 6):
eles e os organismos internacionais que
Esta abordagem, se aplicada de forma
patrocinam pregam para os países não apropriada, não se limita a coletar e cata-
desenvolvidos. logar fatos históricos na esperança de que
Não menos importante, Chang algum padrão virá à tona naturalmente.
também ilustra com alguma fartura quão De outro modo, ela envolve a busca por
variadas foram as estratégias de desen- padrões históricos persistentes, a elabora-
volvimento implementadas por cada um ção de teorias para explicá-los e a aplica-
daqueles países. Isso é um encorajamen- ção de tais teorias a problemas contem-
to a quem no mínimo desconfia das pos- porâneos, ao mesmo tempo em que leva em
sibilidades do modelo único oferecido conta mudanças nos contextos tecnológico,
pelo Consenso de Washington em suas institucional e político.
etapas de ajuste macroeconômico e re- No segundo capítulo (“Políticas
forma institucional. Para quem tem con- para o desenvolvimento econômico: po-
fiança no Consenso ou não pôde fazer líticas industrial, comercial e tecnológica
aquela revisão menos linear da história, o em perspectiva histórica”), Chang expõe
livro vai trazer algumas situações difíceis as políticas ativistas de diversos países ri-

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cos ao longo da história, em especial suas d. as práticas de governança corpo-


políticas de proteção tarifária. Não deixa rativa – a sociedade anônima, a
de ser curioso saber que Henry Carey, existência e a praticabilidade de
conselheiro do presidente norte-ameri- leis de falência, sistemas de audi-
cano Abraham Lincoln, classificava a toria e de transparência de infor-
idéia de livre comércio como “parte do sis- mações financeiras, e regulação
tema imperialista britânico que consignava aos de concorrência);
EUA um papel de exportador de produtos pri- e. as instituições financeiras (o siste-
mários” Chang (2002, p. 32). Chang con- ma bancário e sua regulação, ban-
clui que os países em desenvolvimento cos centrais, regulação dos mer-
têm sido menos protecionistas do que cados de títulos e instituições de
foram os países ricos enquanto “subiam finanças públicas);
a escada”. f. as instituições relacionadas ao tra-
No terceiro capítulo (“Instituições balho e ao bem-estar social (pro-
e desenvolvimento econômico: ‘boa go- visão pública de previdência so-
vernança’ em perspectiva histórica”), há cial, regulação do trabalho infan-
o mesmo tipo de investigação, agora vol- til e adulto);
tada para questões mais institucionais. g. as mudanças dentro do novo con-
Os tópicos discutidos revelam sérias de- texto de industrialização.
ficiências nos países ricos para que certas
instituições modernas viessem a ser im- Chang reúne ali grande coleção de
plementadas. Na maioria das vezes, tais sobressaltos. O presidente norte-ameri-
instituições só se estabeleceram após um cano Theodore Roosevelt, por exemplo,
extenso período de enriquecimento (para certa vez lamentou que os deputados de
o qual pouco ou nada contribuíram). Nova Iorque vendessem abertamente os
Alguns dos tópicos investigados são: seus votos, afirmando que eles “tinham a
a. a democracia como pré-condição mesma idéia sobre a vida pública e o serviço pú-
ao desenvolvimento; blico que um abutre tem de uma ovelha morta”
b. a existência e as práticas da buro- Chang (2002, p. 76). Só em 1907 a Suíça
cracia estatal e de um sistema ju- introduziu uma lei de patentes digna do
diciário; nome, e só em 1938 os EUA baniram o
c. os regimes de direito de proprieda- trabalho infantil. Instituições como o
de (principalmente intelectual); Banco Central levaram, após sua concep-

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ção, até 150 anos para serem adotadas pe- se discute o papel do Estado e dos mer-
la maioria dos países agora desenvolvidos. cados nas economias modernas.
O quarto e último capítulo (“Lições Mais amplamente, o livro serve
para o presente”) resume a ópera – óbvia ao debate contemporâneo de política
para alguns, desconhecida para outros: econômica. Para o contexto brasileiro,
que vive a implementação das “boas po-
As políticas usadas para chegar onde eles
líticas” e das “boas instituições” sem
[os países agora desenvolvidos] estão agora
– ou seja, políticas industrial, comercial e
sentir o cheiro do crescimento econô-
tecnológica ativas – são precisamente as mico obtido com as “más políticas” e
que eles dizem que os países em desenvol- “más instituições” do passado não tão
vimento não devem usar por causa de seus distante, o livro fornece um catálogo de
efeitos negativos sobre o desenvolvimento contrapesos.
econômico (Chang, 2002, p. 127).
Ou seja, os países desenvolvidos
estão “chutando a escada”.
Chang optou por abrangência em
lugar de profundidade. Não há uma in-
vestigação exaustiva do processo de de-
senvolvimento de cada um dos países es-
tudados, mas uma busca de evidências
mais específicas. Além disso, o livro tal-
vez não tenha a sofisticação acadêmica
que muitos certamente gostariam de ver.
Há, porém, outras possibilidades para o
seu uso proveitoso. O livro pode servir
de base para subseqüentes pesquisas que
se aprofundem em cada caso. Alunos de
pós-graduação em história e desenvolvi-
mento econômico, por exemplo, podem se
interessar em preencher as lacunas exis-
tentes. A esse respeito, talvez seja provei-
toso complementar o livro com a leitura
de outro artigo (Chang, 2002a), no qual

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Referências bibliográficas

CHANG, Ha-Joon. Kicking away


the ladder : development strategy in
historical perspective. Londres:
Anthem Press, 2002.
CHANG, Ha-Joon. Breaking the
mould: an institutionalist political
economy alternative to the
neo-liberal theory of the market and
the state. Cambridge Journal of
Economics, v. 26, p. 539-559, 2002a.
SIMON, Herbert. Designing
organizations for an
information-rich world. In:
GREENBERGER, M. (Ed.).
Computers, communications, and the
public interest. Baltimore: Johns
Hopkins University Press, 1971.
p. 37-52.

E-mail de contato do autor:


pessali@hotmail.com

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