Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Muitas vezes não se consegue arcar com de explicar. O desafio, então, pode ser
os custos desse processo. Resulta assim um estímulo à leitura.
que se popularizam os anacronismos. No primeiro capítulo (“Como real-
Casos que fogem da visão moderna pre- mente os países ricos se tornaram ri-
dominante são tratados como aberrações cos”), Chang apresenta seu caso. Incomo-
ou viram anedotas sobre antepassados dado com a pressão hoje existente sobre
pouco esclarecidos ou estrambóticos. países em desenvolvimento para segui-
Diante de tais percalços, o livro é útil ao rem “boas políticas” e adotarem “boas
agrupar de forma razoavelmente organi- instituições” para promover seu desen-
zada certos eventos da história instituci- volvimento, Chang questiona se os paí-
onal de vários países hoje desenvolvidos. ses hoje ricos se utilizaram dos mesmos
Chang (2002) tenta melhorar nosso co- “bons” elementos para chegar onde che-
nhecimento factual sobre o quanto dife- garam. Em termos metodológicos, ele se
rem o que eles fizeram ao longo de seu diz inspirado em Friedrich List e na abor-
desenvolvimento, principalmente ao lon- dagem da Escola Histórica Alemã. Se-
go dos séculos XVIII e XIX, e o que hoje gundo Chang (2002, p. 6):
eles e os organismos internacionais que
Esta abordagem, se aplicada de forma
patrocinam pregam para os países não apropriada, não se limita a coletar e cata-
desenvolvidos. logar fatos históricos na esperança de que
Não menos importante, Chang algum padrão virá à tona naturalmente.
também ilustra com alguma fartura quão De outro modo, ela envolve a busca por
variadas foram as estratégias de desen- padrões históricos persistentes, a elabora-
volvimento implementadas por cada um ção de teorias para explicá-los e a aplica-
daqueles países. Isso é um encorajamen- ção de tais teorias a problemas contem-
to a quem no mínimo desconfia das pos- porâneos, ao mesmo tempo em que leva em
sibilidades do modelo único oferecido conta mudanças nos contextos tecnológico,
pelo Consenso de Washington em suas institucional e político.
etapas de ajuste macroeconômico e re- No segundo capítulo (“Políticas
forma institucional. Para quem tem con- para o desenvolvimento econômico: po-
fiança no Consenso ou não pôde fazer líticas industrial, comercial e tecnológica
aquela revisão menos linear da história, o em perspectiva histórica”), Chang expõe
livro vai trazer algumas situações difíceis as políticas ativistas de diversos países ri-
ção, até 150 anos para serem adotadas pe- se discute o papel do Estado e dos mer-
la maioria dos países agora desenvolvidos. cados nas economias modernas.
O quarto e último capítulo (“Lições Mais amplamente, o livro serve
para o presente”) resume a ópera – óbvia ao debate contemporâneo de política
para alguns, desconhecida para outros: econômica. Para o contexto brasileiro,
que vive a implementação das “boas po-
As políticas usadas para chegar onde eles
líticas” e das “boas instituições” sem
[os países agora desenvolvidos] estão agora
– ou seja, políticas industrial, comercial e
sentir o cheiro do crescimento econô-
tecnológica ativas – são precisamente as mico obtido com as “más políticas” e
que eles dizem que os países em desenvol- “más instituições” do passado não tão
vimento não devem usar por causa de seus distante, o livro fornece um catálogo de
efeitos negativos sobre o desenvolvimento contrapesos.
econômico (Chang, 2002, p. 127).
Ou seja, os países desenvolvidos
estão “chutando a escada”.
Chang optou por abrangência em
lugar de profundidade. Não há uma in-
vestigação exaustiva do processo de de-
senvolvimento de cada um dos países es-
tudados, mas uma busca de evidências
mais específicas. Além disso, o livro tal-
vez não tenha a sofisticação acadêmica
que muitos certamente gostariam de ver.
Há, porém, outras possibilidades para o
seu uso proveitoso. O livro pode servir
de base para subseqüentes pesquisas que
se aprofundem em cada caso. Alunos de
pós-graduação em história e desenvolvi-
mento econômico, por exemplo, podem se
interessar em preencher as lacunas exis-
tentes. A esse respeito, talvez seja provei-
toso complementar o livro com a leitura
de outro artigo (Chang, 2002a), no qual
Referências bibliográficas