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BOSQUE ANCESTRAL
Espiritualidades da Terra
Uma das celebrações religiosas do celtas ibéricos de que mais dispomos de informações é a da
Primavera. Isso se deve ao registro da Ara de Marecos, encontrada na região de Pena el, Porto,
norte de Portugal, datada de aproximadamente 9 de abril do ano 147 da era comum (veja aqui a
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01/09/2018 Celebração da Primavera entre os Celtas Ibéricos – Bosque Ancestral
cha epigrá ca). A inscrição encontrada na ara cita o nome de algumas divindades indígenas e
suas respectivas oferendas, em uma oferta celebrativa aparentemente primaveril.
Ara de Marecos
Na inscrição, os religiosos registraram o sacrifício de uma vaca e um boi à deusa Nábia, em seu
aspecto soberano e elevado, caracterizado pelo epíteto Corona, assim como também a ofereceram
um cordeiro, mas dessa vez mencionando o nome da deusa sem nenhum epíteto (simplesmente
“Nábia“, e não mais “Nábia Corona“, como escrevem anteriormente). Essa dupla menção à deusa
Nábia na inscrição é bastante interessante e não pode passar despercebida. Ao rogarem por Nábia
Corona e lhe oferecerem uma vaca e um boi, os religiosos escreveram ainda que a deusa é a “Ótima
Virgem Conservatriz e Ninfa dos Danigos” (tradução de Marcílio Diniz), uma descrição que invoca
a face primaveril da deusa, isto é, de Nábia como a dama da Primavera que corre pelos bosques
silvestres despertando a natureza e todos os seres após o Inverno, mas que também se mostra como
elevada, coroada, soberana, do alto dos montes e montanhas (associada também ao céu e
fertilidade de origem celeste). Já a menção ao sacrifício de um cordeiro apenas para Nábia, sem a
adição de epítetos, parece ser uma reverência à deusa em sua totalidade, a divindade em si,
englobando todos os seus epítetos e diferentes atribuições; aqui, cabe lembrar, Nábia é descrita
como uma deusa triforme, e sua polifuncionalidade pode ser resumida pelas suas três faces, “Nábia
Corona”, “Guardiã da Tribo” e “Nábia das águas” (Barbosa, 2016).
Outra divindade mencionada na Ara de Marecos é Júpiter, deus supremo dos romanos. Como já
vimos em um outro texto, o sincretismo entre divindades célticas e romanas foi um processo
natural após a invasão romana no território ibérico. O deus celta galaico Reue, associado ao céu, ao
alto das montanhas, às chuvas, trovões e também aos rios, foi identi cado como Júpiter na
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interpretatio romana. Na inscrição, os religiosos registraram que foram sacri cados um cordeiro e
um vitelo (bezerro) ao deus. Uma outra divindade também é mencionada na inscrição, a deusa Lida
(ou Ida), possivelmente associada também à primavera, a qual o objeto ofertado foi uma coroa
(provavelmente de lores). A inscrição menciona ainda a data dos sacrifícios – V APR(ilis) – que
poderá fazer referência ou ao dia 5 de abril, ou ao quinto dia dos idos de abril (pelo calendário
romano), isto é, o dia 9 de abril. Ou seja, a oferta celebrativa não foi realizada exatamente na
ocasião do Equinócio de Primavera (que no hemisfério norte ocorre entre 21 e 23 de março), mas
alguns dias depois, o que poderá estar relacionado ao calendário lunar, observado pelos celtas
galaicos.
A relação de Nábia e Reue com a primavera no universo celta galaico parece perfeitamente cabível.
Ambos são deuses de muita importância na religião desses povos, com Nábia sendo como uma
“grande mãe”, e Reue sendo “o deus celeste”. Sendo assim, a deusa e o deus possuem participação
fundamental na fertilidade dos campos e pastos, sendo responsáveis por assegurar que as sementes
germinem, cresçam e tragam fartas colheitas para a tribo. Nábia foi ainda relacionada à deusa
Diana pelos romanos, devido ao seu aspecto de ninfa e protetora dos bosques e da natureza como
um todo. Além disso, uma das relações fundamentais atribuídas à deusa é a regência de rios e
ribeiras, o que faz dela também uma deusa nutridora e fertilizadora. Já Reue rege as águas celestes,
as tempestades que caem do céu para fertilizar a vida na Terra (mas que também provocam
inundações e demais catástrofes). Ambos, Reue e Nábia, são também relacionados ao alto das
montanhas e ao próprio céu, o que evidencia suas condições de elevados e soberanos. É possível,
inclusive, que formem uma espécie de casal divino, mas a falta de um corpo mitológico não nos
permite a rmar isso com precisão. O que me parece claro e evidente é a função das duas
divindades, conjuntamente, na renovação da natureza na Primavera.
© Dannyel de Castro
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