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Técnicas de Medição e Orçamentos de Obras

– Orçamentação

Numa empresa de construção só é possível uma boa gestão conhecendo, de forma o mais apro-
ximada possível, os custos de cada obra. De facto, um dos aspectos essenciais da gestão é a
possibilidade de conhecimento e ajustamento do preço das obras, dentro de certos parâmetros
que terão em conta as necessidades, interesses ou disponibilidades da empresa.

Esta questão é de importância fulcral nas empreitadas de obras em que exista um concurso sujeito
às regras de mercado no qual ganha a empresa que apresenta a proposta mais vantajosa. Uma
proposta mais vantajosa, para ganhar o concurso, é necessariamente uma proposta competitiva
em termos financeiros.

O orçamento elaborado por uma empresa construtora, tendo como objectivo a obtenção do preço
pelo qual se propõe realizar uma dada empreitada, é um instrumento extremamente importante na
medida em que condiciona fortemente a angariação de obras e consequentemente os seus resul-
tados financeiros.

Na determinação do preço, este não poderá ser demasiado baixo de forma a não provocar prejuízo
à empresa, nem demasiado alto levando à perda do concurso em causa. O orçamento deve pois
espelhar o cálculo do somatório das despesas que as empresas prevêem ter com determinada
obra, acrescido de um dado lucro.

Usualmente as despesas (ou custos) acima referidas dividem-se, segundo a sua natureza, em:

- Custos Directos;
- Custos de Estaleiro;
- Custos Indirectos.

Ocorre no entanto frequentemente a situação em que uma empresa elabora os seus orçamentos e
propostas de forma incorrecta. Tal acontece porque:
- se limita a aplicar os preços de venda do mercado, não conhecendo as suas (próprias da
empresa) componentes de custos e margens de lucros;
- calcula os custos por defeito, considerando apenas os mais evidentes e esquecendo outros
(custos de equipamentos próprios, custos indirectos, etc.) levando a propostas muito bai-
xas ou a previsões de lucros que mais tarde (por vezes tarde demais ... ) se revelam fal-
sas.

O cálculo do custo de uma obra deve ser precedido de estudos preliminares que têm em vista a
análise e ponderação das condições particulares de execução da obra.

Entre outros, devem ser feitos os seguintes estudos preliminares:


- Estudo do processo de concurso;
- Levantamento das condições locais;
- Análise das disponibilidades de materiais, equipamentos e mão-de-obra;
- Listagem dos trabalhos de construção e dos processos construtivos a utilizar;
- Definição das subempreitadas e primeira abordagem à programação dos trabalhos;
- Primeira abordagem ao projecto do estaleiro.

Estudo do processo de concurso

O estudo do processo de concurso tem como objectivo recolher a informação geral relativa à obra
a orçamentar. Constitui tarefa fundamental a leitura atenta e análise das condições impostas pelas
especificações do caderno de encargos e restantes peças do processo de concurso. Este estudo
permitirá ter em conta a dimensão da obra.

Esta fase permitirá ainda avaliar coeficientes de rendimento para os trabalhos a realizar. De facto,
a produtividade (ideal) na realização dos vários trabalhos previstos pode ser afectada por uma
série de condições de entre as quais salientamos:
- diferentes quantidades de trabalhos a realizar podem conduzir a diferentes rendimentos de
mão-de-obra (o efeito de repetição das operações influencia o ritmo do trabalho, aumen-

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tando a produtividade até certos limites e possibilitando a obtenção de uma capacidade de


produção em pleno a ritmos constantes;
- as condições locais onde a obra é realizada;
- o equipamento e processo construtivo a utilizar;

Os valores de referência registados para os rendimentos de mão-de-obra (tempo necessário para


executar uma unidade de trabalho), traduzem um valor para situações ideais (coeficiente de ren-
dimento igual a 1,00). No caso de piores condições da obra ou pior eficiência de trabalho, os ren-
dimentos reais de uma dada obra serão maiores do que os registados, devendo-se atribuir um coe-
ficiente superior à unidade.

Assim este estudo preliminar da obra permite definir coeficientes de rendimento para as operações
de construção da obra, sendo possível considerar valores diferentes para cada operação de cons-
trução.

Técnicos com experiência são capazes de escolher criteriosamente esses valores.

Levantamento das condições locais

O levantamento das condições locais tem o objectivo de registar no local da obra informações refe-
rentes aos seguintes aspectos:
- terreno (localização geográfica, topografia, tipo);
- acessos (rodoviários, ferroviários e outros);
- instalações do estaleiro (local e área disponível);
- abastecimento de água (rede de distribuição, poços);
- energia eléctrica (redes existentes, geradores);
- esgotos (rede pública, fossas);
- comunicações (telefones, correios);
- mão-de-obra local;
- alojamento e alimentação de mão-de-obra deslocada;
- encargos com viagens (sede da empresa - obra);
- fornecedores locais de materiais de construção;
- equipamento disponível para aluguer;
- serviços (câmara municipal, serviços municipalizados, bancos);
- hospitais, postos de socorro, médicos, farmácias.

Análise das disponibilidades de materiais, equipamentos e mão-de-obra

A análise das disponibilidades de recursos permitirá verificar quais os equipamentos e a


mão-de-obra da empresa que convirá disponibilizar para utilização na obra.

As condições peculiares do mercado na zona, em termos de disponibilidade de subempreiteiros e


de fornecedores de materiais permitirá também a percepção da maior ou menor necessidade de
recorrer a esses recursos noutros locais.

Listagem dos trabalhos de construção e dos processos construtivos a utilizar

A listagem das operações de construção a realizar e a avaliação dos processos construtivos a


adoptar constituem elementos fundamentais para se proceder à preparação de uma proposta e
devem ser feitas através da colaboração entre várias direcções da empresa, nomeadamente técni-
ca, de produção e comercial.

Definição das subempreitadas e primeira abordagem à programação dos trabalhos

A definição das subempreitadas e a primeira abordagem à programação tem como objectivo a ela-
boração de um plano de trabalhos (ainda que incipiente) da obra com uma primeira definição tem-
poral e sequencial da execução de tarefas pelas várias equipas.
Primeira abordagem ao projecto do estaleiro

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A primeira abordagem ao projecto do estaleiro da obra permite o seu pré-dimensionamento com a


quantificação dos encargos previsíveis de montagem, desmontagem e manutenção.

1 – Custos

Analisemos os custos na base da elaboração de um orçamento.

Custos directos

Os custos directos são os custos imputáveis, sem margem de erro significativa, a cada uma das
actividades ou tarefas em que se divide a obra. A lista de actividades ou tarefas é o conjunto de
artigos ou itens que compõem a lista de medições.

Uma lista de medições deve contemplar os seguintes aspectos:


- deve estar dividida em capítulos, correspondentes a grandes grupos de naturezas de traba-
lho (por exemplo, fundações, carpintarias, pinturas, etc.);
- em cada capítulo devem ser separadas as actividades realizadas por diferentes categorias
profissionais (por exemplo, betão, cofragem, aço, etc.);
- estas últimas devem dividir-se por tarefas a que correspondam custos diferentes, quer por
questões dimensionais (alvenarias de tijolo de 7, de 11, de 15, por exemplo), de diferente
natureza ou qualidade dos recursos (rebocos com diferentes traços de argamassa) ou com
dificuldade variada (cofragens para betão à vista ou para revestir, betonagem de pilares ou
de lajes, etc.).

Podem, em geral, incluir-se nos custos directos 4 tipos de recursos:

- Mão-de-obra

São os custos constituídos pelas despesas com os salários do pessoal envolvido directamente na
produção, incluindo os respectivos encargos sociais previstos na lei ou da iniciativa da empresa.

Estão igualmente incluídos os custos com o transporte dessa mão-de-obra, o seu alojamento, etc.

- Materiais

São os custos que incluem não só o custo dos materiais em si mas também o seu transporte até
ao local da obra.

Incluem igualmente os encargos com o imposto sobre o valor acrescentado (IVA), desde que não
dedutível (o IVA é dedutível nas empreitadas e não dedutível na promoção imobiliária).

- Equipamento

O equipamento é igualmente considerado como custo directo caso seja utilizado directamente na
realização dos trabalhos e desde que seja possível avaliar, com algum rigor, a sua comparticipa-
ção em cada tarefa específica.

Equipamentos como por exemplo a grua, que contribui para a realização de inúmeros trabalhos e
cujo custo está mais associado à permanência em obra do que à sua produção, não devem ser
aqui considerados.

- Serviço de terceiros

São também custos directos o fornecimento de produtos ou a prestação de serviços por terceiros
(como é correntemente o caso das subempreitadas) na execução de determinadas actividades ou
tarefas e que podem consistir no fornecimento conjunto de qualquer dos três tipos de recursos já
referidos.
Custos de estaleiro

Incluem-se neste grupo as despesas que, podendo ser imputáveis a uma determinada obra, não

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são imputáveis separadamente a determinadas actividades ou tarefas específicas.

Devem, igualmente, incluir-se nos custos de estaleiro despesas que, embora atribuíveis a activida-
des bem definidas, sejam contabilizadas com mais rigor de forma global do que individualmente,
por actividade. É o caso por exemplo da grua anteriormente referida, ou dos custos relativos ao
aluguer de uma central de betão, atribuídos normalmente pela sua permanência em obra, inde-
pendentemente de produzir mais ou menos betão.

Na construção de edifícios, os custos de estaleiro podem, em geral ser discriminados da seguinte


forma:

Montagem de estaleiro
Plataformas, acessos e vedação (abertura ou melhoramento de acessos à obra, criação de
plataformas de trabalho e vedação da obra).

Infra-estruturas provisórias (despesas com o estabelecimento de redes de água, esgotos,


electricidade ou telefone, para o funcionamento e serviço do estaleiro).

Montagem de instalações de estaleiro (portaria, escritório, ferramentarias, dormitórios, refei-


tórios, instalações sanitárias, oficinas, telheiros para recolha de materiais, etc.) incluindo
transportes para a obra.

Montagem de equipamento (gruas, centrais de betão, britadora, etc.) incluindo transportes


para a obra.

Manutenção do estaleiro

Mão-de-obra do estaleiro, incluindo respectivos encargos, como:


- pessoal técnico e administrativo (director de obra, controladores, preparadores de obra,
apontador, etc., se, nos critérios da empresa, não forem imputáveis aos encargos gerais);
- apontadores;
- chefia (encarregados, capatazes);
- ferramenteiros;
- manobradores (do equipamento não directo como gruas, centrais, betoneiras, dumpers,
etc., e cujo custo não esteja incluído no respectivo aluguer);
- mecânicos e electricistas;
- pessoal específico para cargas, descargas, arrumações e limpezas do estaleiro;
- cozinheiros e ajudantes;
- guardas do estaleiro;
- enfermeiros, etc.;
- aluguer de equipamento;
- aluguer de instalações quando desmontáveis, como pré--fabricados, módulos, etc.;
- aluguer de equipamento produtivo como gruas, britadores, centrais de betão, geradores,
dumpers, guinchos, etc.;
- aluguer de equipamento ligeiro como vibradores, bombas, escadas, carros-de-mão, baldes,
etc.;
- aluguer de mobiliário de escritório, camas, mesas, cadeiras, fogões, frigoríficos, etc.;
- despesas gerais do estaleiro;
- consumos de água, electricidade e combustível do equipamento não directo;
- despesas com telecomunicações;
- seguros, taxas, impostos;
- outras despesas correntes.

Desmontagem do estaleiro

Desmontagem do equipamento e instalações do estaleiro e arranjo final da zona dos trabalhos.


Custos Indirectos

Os custos indirectos compreendem as despesas suportadas pela empresa e que não podem ser
imputadas directamente a qualquer das suas obras.

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Neles se enquadram os gastos com a sede da empresa de construção e outros departamentos da


empresa dotados de alguma autonomia, como por exemplo, os departamentos de obras que têm
também os seus próprios encargos de escritório e outros.

A criação de departamentos de obra (situação que se verifica pelo menos nas empresas de grande
dimensão) justifica-se, muitas vezes, devido à distribuição geográfica das obras que a empresa
possui em execução, pretendendo-se conferir uma melhor operacionalidade na realização dessas
obras, conseguida através, nomeadamente, da delegação de poderes de decisão.

Os custos indirectos dividem-se em custos industriais e custos de estrutura.

Custos industriais

Custos industriais são os que se encontram directamente associados à produção (industrial) da


empresa.

Compreendem:
- vencimentos (incluindo encargos) do pessoal técnico (engenheiros, arquitectos, medidores,
controladores, planeadores, etc.) quando não imputáveis aos custos do estaleiro (depen-
dendo do critério de empresa);
- vencimentos (incluindo encargos) do pessoal afecto ao serviço de admissão e gestão do
pessoal;
- custos de patentes e licenças;
- gastos com o estaleiro central da empresa (carpintaria, serralharia, parque de máquinas,
armazém, etc.) quando não imputáveis às obras.

Custos de estrutura

Custos industriais são os restantes, não directamente associados à produção (industrial) da


empresa.

Compreendem:
- vencimentos (incluindo encargos) do pessoal dirigente e administrativo da empresa;
- honorários de consultores especializados;
- gastos de exploração e conservação da sede social (amortização ou aluguer, água, electri-
cidade, telefone, limpeza, etc.);
- amortizações e conservações de mobiliário e equipamento da direcção e serviços centrais;
- consumo corrente (material de desenho, impressos, selos, jornais, revistas, etc.);
- amortizações e consumos de viaturas ao serviço da direcção e serviços centrais;
- seguros (quando não imputáveis aos custos directos ou de estaleiro);
- encargos financeiros;
- despesas de carácter comercial (contencioso, publicidade, despesas de representação,
etc.);
- contribuições, impostos e taxas.

2 – Quantificação

Custos Directos

Para melhor ilustrar a forma de quantificar os gastos previstos para determinada tarefa, irá utili-
zar-se, como exemplo, a actividade "cofragem normal em vigas".

A determinação do custo é, em regra, referido à unidade, de forma a poder aplicar-se a qualquer


quantidade de trabalho sempre que uma actividade idêntica surja em qualquer outro orçamento.

Pretende-se pois saber em quanto importa 1 m2 de cofragem normal para a execução de vigas de
betão

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Recursos

Para obter o custo directo ter-se-á de calcular o somatório das despesas relativas aos recursos
que são utilizados nesta actividade.

Em primeiro lugar há que definir o processo construtivo a utilizar, dependendo a solução a adoptar
de uma série de factores entre os quais:
- os meios existentes na empresa (poderá existir cofragem industrializada);
- a sua disponibilidade (mesmo que a empresa tenha determinada cofragem esta pode ser
necessária noutra obra);
- o seu custo (o recurso a subempreitada poderá revelar-se de menor custo);
- eventuais exigências de projecto (tipos de acabamento prescrito a nível de caderno de
encargos).

Suponhamos que, neste caso, a solução recaiu na compra de taipais tradicionais de madeira (exe-
cutados na carpintaria do estaleiro central ou no exterior), aplicados e desmoldados por pessoal da
empresa, com o auxílio de uma grua-torre.

Os recursos a utilizar serão:


- mão-de-obra:
- carpinteiro;
- servente.
- materiais:
- taipais de madeira;
- pregos;
- óleo descofrante.
- Equipamento:
- Prumos extensíveis (para escoramento).
- Serviço de terceiros (não pretendemos utilizá-los nesta actividade).

A grua-torre não foi considerada, pois está incluída nos custos de estaleiro. Apesar de exercer
directamente actividades produtivas, é tal a diversidade de trabalhos que executa que qualquer
parcela do seu custo dificilmente seria imputável a cada uma das actividades em que intervém.

Consumos/Rendimentos

O passo seguinte consiste em determinar:


- quantas horas de carpinteiro são precisas para cofrar 1 m2 de viga;
- quantas horas de servente;
- quantos metros quadrados de taipais;
- quantos quilos de pregos;
- quantos litros de óleo descofrante;
- quantos dias de colocação de prumos extensíveis são necessárias para esse mesmo tra-
balho.

A esta quantidade de recurso utilizada para realizar a unidade de actividade considerada chama-se
"consumo unitário", expressão inversa do "rendimento", que representa a quantidade de trabalho
realizada quando se consome uma unidade do recurso.

A obtenção de rendimentos de mão-de-obra constitui uma das tarefas mais difíceis para o orça-
mentista. Este facto resulta de que existe um sem-número de factores que podem influenciar
esses valores, desde a qualificação do pessoal, os processos construtivos, o acompanhamento e
controlo dos trabalhos, os meios auxiliares de equipamento, as condições atmosféricas, etc.

Existem várias tabelas publicadas que, em condições médias e normais de trabalho, poderão for-
necer elementos suficientemente aproximados. Citamos, a título de exemplo as "Informações
sobre Custos – Fichas de Rendimentos", do LNEC, da autoria de Costa Manso, Manuel Fonseca e
Carvalho Espada, cuja edição mais recente data de 1997, ou a obra "Rendimentos de Mão-de-obra
na Construção de Edifícios", de José Paz Branco.

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Para obtenção de valores mais rigorosos, e mais de acordo com as condições específicas de cada
empresa, recomenda-se que se faça o controlo de produtividade através do preenchimento das
chamadas «partes diárias». As "partes diárias" são impressos onde os encarregados das obras
indicam, diariamente, as horas gastas por cada operário em cada tarefa. A razão entre o somatório
de horas gastas num determinado período, para executar uma tarefa e a quantidade de trabalho
realizado constitui um valor base, que terá tanto mais credibilidade quanto mais vezes for aferido
em trabalhos congéneres. Nem sempre é necessário (ou mesmo aconselhável) efectuar esse con-
trolo de forma exaustiva mas, mesmo em pequenas empresas, deve proceder-se a um controlo
por amostragem.

Os consumos de materiais por sua vez, são normalmente mais fáceis de obter pois, na maioria dos
casos, são ditados por razões de ordem dimensional, e noutros constituem indicações de fabrican-
tes ou fornecedores.

Para os equipamentos existem, normalmente, indicações dos fabricantes, podendo, na sua falta,
ou para aferição, utilizar-se o método recomendado para a mão-de-obra.

No caso de trabalhos realizados por subempreiteiros o problema está mais facilitado, pois os pre-
ços apresentados são, em geral, relativos às quantidades unitárias das tarefas. Caso contrário,
cai-se numa das situações já analisadas.

Custos unitários dos recursos

- Mão-de-obra

Conforme se viu anteriormente, os custos de mão-de-obra deverão ser afectados de todos os


encargos sociais inerentes. O processo mais rápido para obter esta correcção é estabelecer uma
relação entre o montante anual despendido com um operário e o total de horas efectivas de traba-
lho produtivo no mesmo período.

Vejamos o exemplo de um carpinteiro de cofragens de 1ª cujo vencimento mensal base seja de


450,00 -C por mês, com um subsídio de refeição de 4,20 e. (0 Contrato Colectivo de Trabalho para
2001 estipula vencimentos base de 346,42 E: para um servente, 403,53 e para um 2º Oficial e
442,43 e para um 1.0 Oficial. Note-se igualmente que o valor do Salário Mínimo Nacional que
entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2002 é de 348,01 €)

- Total de horas de trabalho/ano = 52 semanas x 40 h/semana = 2080 h


nº médio de horas por dia de calendário = 2080 h/365 = 5,7 h
nº médio de horas por mês = 2080 h/12 = 173,3 h

- Horas a deduzir
Férias: 2080 h/12 = 173,3 h
Feriados: 15 dias x 11/12 meses x 5,7 h/dia = 78,4 h
Dispensas e faltas justificadas: 8 dias x 8 h/dia = 64,0 h
Inactividade devido ao mau tempo: 6 dias x 8 h/dia = 48,0 h
= 363,7 h

- Número de horas efectivas de trabalho = 2080 h - 364 h = 1716 h


nº médio anual de dias efectivos de trabalho = 1716/8 = 214,5 dias

- Encargos anuais
Vencimento base = 12 meses x 450,00 € = 5 400,00 €
Subsídio de férias = 450,00€
Subsídio de Natal ou 13.0 mês = 450,00€
Taxa social única = 23,75% x 14 meses x 450,00€ = 1496,25€
Subsídio de almoço = 214,5 dias x 4,20 € = 900,90 €
Segurança e saúde no trabalho = 5% x 5.400,00 = 270,00 €
Formação profissional = 2% x 5.400,00 € = 108,00€
Desgaste de ferramentas = 5% x 5.400,00 € = 270,O00€
= 9345,15€

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- Custo horário médio = 9345,15 €/ 1716 h = 5,45 €/h


- Custo horário nominal = 5.400.00 € / 2080 h = 2,60 €/h
- Encargos sociais = 5,45 €/h - 2,60 €/h = 2,85 €/h
- Percentagem de encargos sociais = 2,85 €/h / 2,60 €/h = 1,098 = 109,8%

O valor que foi calculado é aproximado, variando de empresa para empresa nas parcelas não fixas
ou obrigatórias.

Calculado o valor médio de encargos sociais para uma determinada empresa é mais simples o
cálculo dos custos horários de pessoal através da seguinte expressão:

Ch = Vb x (1 + ES) / 173,3 h/mês, em que

Ch = custo horário
Vb = vencimento mensal base
ES = encargos sociais

Desta forma, e adoptando a percentagem de encargos sociais calculada, o custo horário de um


servente com vencimento mensal de 350,00 €, seria:

Ch = 350,00 € x (1 + 1,098) / 173,3 h / mês = 4,24 €/h

- Materiais

Os custos de materiais são obtidos directamente, bastando normalmente afectar o seu preço base
do imposto sobre o valor acrescentado (quando não dedutível) eventualmente do seu custo de
transporte até à obra.

- Equipamento

No caso dos equipamentos podem colocar-se duas situações:


- se o equipamento é alugado ao exterior o seu custo é obtido directamente a partir do preço
do fornecedor;

- se o equipamento pertence à empresa é necessário calcular um custo correspondente a


um aluguer interno - não seria lógico que esse equipamento fosse suportado pela primeira
obra que o utilizasse, nem que as obras seguintes o utilizassem sem encargos.

Para o efeito, apresenta-se no capítulo seguinte um método para determinação desses custos.

- Serviço de terceiros

O custo unitário de serviço de terceiros é normalmente obtido directamente, pois costuma ser
sujeito a uma prévia consulta, em que o subempreiteiro indica o preço que pretende para executar
cada unidade de determinado trabalho.

Custos directos unitários

Nos pontos anteriores, viu-se como obter os consumos e preços unitários dos recursos. Chama-se
custo directo unitário de determinado trabalho ao somatório dos produtos dos consumos dos
recursos pelos respectivos preços unitários.

Voltando ao exemplo anterior (da cofragem) suponha-se que os consumos unitários eram os
seguintes:

Carpinteiro - 1,20 h/m2


Servente - 0,60 h/m2
Taipais de madeira - 0,20 m2/m2 (5 aplicações)
Pregos - 0,25 kg/m2
Óleo descofrante - 0,16 I/m2

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Prumos extensíveis - 20 dia / m2 (2 prumos / m2 durante 10 dias)

Admita-se que os custos unitários tinham os seguintes valores:

Carpinteiro - 5,45 €/h


Servente - 4,24 €/h
Taipais de madeira - 15,40 €/m2
Pregos - 1,05 €/kg
Óleo descofrante - 0,98 €/l
Prumos extensíveis - 0,04 €/dia

O custo directo unitário seria calculado do seguinte modo:

Recurso Consumo Custo Custo


/m2 Unitário /m2

Carpinteiro 1,20 h 5,24 €/h = 6,29 €


Servente 0,60 h 4,24 €/h = 2,54 €
Taipais de madeira 0,20 m2 15,40 €/m2 = 3,08 €
Pregos 0,25 kg 1,05 €/kg = 0,26 €
Óleo descofrante 0,16 litros 0,98 €/litro = 0,16 €
Prumos extensíveis 20,00 dias 0,04 €/dia = 0,80 €
Total = 13,13€

Teríamos então para custo unitário desta actividade (cofragem normal em vigas) 13,13 €/ml.

Obtidos os custos unitários de todos os trabalhos de uma obra, podem obter-se os custos directos
de todos os trabalhos multiplicando as quantidades desses trabalhos (fornecidas pelas medições)
pelos respectivos custos directos unitários.

Como vimos anteriormente, o custo directo total será obtido calculando o somatório dos custos
directos de todos os trabalhos.

Custos de Estaleiro

A obtenção dos custos de estaleiro é na sua estrutura em tudo semelhante à dos custos directos.

Apenas nas medições se verificam diferenças. As medições dos custos directos, ou acompanham
o projecto ou podem ser obtidas facilmente (de um modo concreto e exacto) a partir dele. As medi-
ções de custos de estaleiro são muito mais subjectivas, dependendo de uma grande quantidade de
trabalhos a realizar de difícil quantificação como a extensão de plataformas e acessos, a área de
instalações a montar, os meses de permanência uma grua em obra, etc.

Os elementos base de medição para a obtenção dos custos de estaleiro dependem pois da
empresa construtora, dos processos de construção, do equipamento disponível e do seu prazo de
utilização, etc. Por este motivo, apenas depois de executado o plano de estaleiro bem como a pro-
gramação da obra, se podem calcular com maior rigor os custos do estaleiro.

Os prazos para apresentação das propostas são normalmente curtos, pelo que se exige da equipa
encarregue do orçamento urna grande organização, disponibilidade, rigor, concentração e método
de trabalho, sob pena de não se entregar atempadamente a proposta e/ou se cometerem lapsos
orçamentais graves, que podem acarretar prejuízos irreversíveis à empresa.

Contudo, nem sempre nas (normalmente apertadas) fases do concurso é possível o conhecimento
destes elementos, pelo que alguns custos deverão ser calculados por estimativa, sendo a revisão
mais rigorosa do orçamento feita após a eventual adjudicação da obra.

A essa revisão chama-se "reorçamentação" e destina-se sobretudo a possibilitar a avaliação dos


meios humanos, materiais, financeiros e de equipamento a utilizar na obra, bem como para contro-
lar custos durante a sua realização. Nessa fase é muito importante o cálculo da percentagem rela-

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tiva entre os custos de estaleiro e custos directos, pois poderá ser utilizada como estimativa em
futuros orçamentos de obras com as mesmas características.

Em situações correntes de estaleiros de construção de edifícios, a percentagem de custos de esta-


leiro varia entre 5% e 25% dos custos directos. Esta percentagem varia sobretudo com dois facto-
res.

O primeiro factor tem a ver com a distância entre a obra e o estaleiro central da empresa. Quanto
maior for essa distância maiores serão os custos de estaleiro, pois tomará necessário:
- maior número de pessoal deslocado e portanto mais instalações sociais (camaratas, insta-
lações sanitárias, cozinha, refeitório);
- maior quantidade de equipamento em obra por impossibilidade de deslocação rápida;
- recurso a aluguer local de equipamento corrente, em detrimento de equipamento da própria
empresa.
- segundo factor tem a ver com o tipo de obra. Há a notar, por exemplo, que:
- obras de execução de contenções periféricas e, genericamente, de estruturas) necessitam
de equipamento pesado;
- obras de acabamentos não necessitam de equipamento pesado.

Custos Indirectos

Conforme já foi referido, os custos indirectos englobam os encargos gerais das empresas que não
podem ser imputados a uma obra específica. Daqui decorre de imediato a impossibilidade de, ao
orçamentar uma determinada obra, se calcularem com rigor os custos indirectos.

Para este efeito é habitual admitir-se uma determinada percentagem sobre a soma de custos
directos e de estaleiro Este valor é obtido estatisticamente calculando, periodicamente, os custos
indirectos da empresa (através da contabilidade por centros de custo) e o total dos custos directos
e de estaleiro de todas as obras da empresa durante o mesmo período.

Outra hipótese é a divisão do somatório dos custos indirectos pelo volume de facturação da
empresa

Geralmente, verifica-se na prática que a percentagem de custos indirectos de uma empresa em


relação ao total de custos directos e de estaleiro de todas as suas obras, não varia muito entre as
diversas amostragens.

Empresas com uma estrutura central ligeira (relativamente ao volume de facturação), terão valores
de custos indirectos na ordem dos 7%. Este valor não é susceptível de ser diminuído, pois é sem-
pre necessário manter um mínimo de funções especializadas (na sede da empresa) que permitam
a obtenção de empreitadas em concurso.

Empresas com uma estrutura pesada, em vias de afectar a competitividade da empresa, obterão
valores de cerca de 12%.

Lucro

Acabámos de ver que a previsão de custos de uma obra é obtida, numa primeira fase, pela adição
dos custos directos, de estaleiro e indirectos.

Contudo, quando as empresas se propõem realizar uma determinada obra não pretendem apenas
cobrir as despesas, mas também obter o merecido lucro com esse trabalho. Deste modo o orça-
mento só fica completo quando adicionada, à previsão de custos, a parcela relativa ao lucro.

A sua estimação é objecto de análise cuidada e deverá ter em conta, para além da margem de
lucro que se pretende obter na obra, o grau de confiança dos valores orçamentados (maior ou
menor rigor no cálculo dos custos) e o interesse da empresa na execução da obra. Este depende-
rá, por exemplo, da proximidade de outras obras que a empresa esteja a executar na zona onde se
situa a obra a concurso.

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Técnicas de Medição e Orçamentos de Obras

Outro factor importante é o das obras "em carteira" da empresa. Se o trabalho previsto para os
próximos tempos for escasso é natural que a empresa tente ganhar mais obras baixando o lucro,
de modo a cobrir custos fixos inerentes à sua manutenção em actividade.

Este factor é extremamente importante e normalmente é atribuído pelos quadros superiores da


empresa (gestores, administradores). Na realidade, num concurso para uma empreitada, uma
margem de lucro muito elevada pode originar um orçamento superior ao das outras empresas,
enquanto uma margem muito reduzida pode tornar uma obra deficitária, caso surja qualquer
imprevisto (é por isso que a "margem de lucro" também se pode designar de "margem de lucro e
imprevistos"), ou as despesas não tenham sido calculadas com rigor.

3 – Apresentação do orçamento

Suponha-se que, no orçamento de determinada obra, se obteve um total de


3 782 566,25 € relativamente a custos directos.

Os custos de estaleiro encontravam-se repartidos da seguinte forma:

- Montagem e desmontagem do estaleiro: 145 443,65 €


- Manutenção do estaleiro: 216 607,55 €
Sendo portanto o total dos custos de estaleiro 362 051,20 €

Se admitirmos que os custos indirectos da empresa em causa representam 10% temos, para total
de custos:

- Custos directos 3 782 566,25 €


- Custos de estaleiro 362 051,20 €
4 144 617,45 €
- Custos indirectos (10%) 414 461,75 €
- Custos totais 4 559 079,20 €

Se a empresa pretender atribuir uma margem de lucro de 15% teremos:

15% x 4 559 079,20 € = 683 861,88 €


Total 5 242 941,08 €

A este total, que é o preço pelo qual o empreiteiro se propõe realizar a empreitada, chama-se pre-
ço de venda, Pv.

Os cadernos de encargos contudo exigem normalmente (mesmo nas empreitadas em regime de


preço global) a decomposição deste preço numa lista de preços correspondentes aos trabalhos
directos da obra.

Essa lista de preços destina-se à avaliação correcta das situações mensais (facturação), além de
permitir a previsão de facturação (com base no programa de trabalhos) e facilitar a avaliação de
eventuais trabalhos a mais.

Evidentemente que ao empreiteiro não interessa indicar o modo como foi obtido o preço de venda.

Deste modo terá de aplicar-se, aos custos directos, um coeficiente de agravamento K que englobe
os custos de estaleiro (montagem, manutenção e desmontagem), os custos indirectos e a margem
de lucro e imprevistos. Este coeficiente é assim igual à razão entre o preço de venda e o total de
custos directos.

No exemplo acima teríamos então:

- Preço de venda 5 242 941,08 €


- Custos directos 3 782 566,25 €

Então, K = 5 242 941,08 €/ 3 782 566,25 € = 1,38608

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Técnicas de Medição e Orçamentos de Obras

Se a actividade "cofragem normal em vigas" fizesse parte desta empreitada teríamos que agravar
o seu custo directo unitário - 13,13 €/m2 - com o coeficiente K, obtendo desse modo o preço unitá-
rio de venda:

13,13 €/m2 x 1,38608 = 18,20 €/m2

Seria este o valor do preço de venda a submeter ao Dono da Obra.

Nas obras públicas, o procedimento teria de ser ligeiramente diferente. De facto, a legislação,
Regime jurídico das Empreitadas de Obras Públicas - Decreto-lei nº 59/99, de 2 de Março, exige
que os custos de montagem e desmontagem de estaleiro constem da lista de artigos a que o
empreiteiro tem de atribuir um preço unitário.

Deste modo, o coeficiente de agravamento K terá que aplicar-se aos custos directos e também ao
custo de montagem e desmontagem do estaleiro. O coeficiente de agravamento K englobará então
os custos de manutenção do estaleiro, os custos indirectos e a margem de lucro e imprevistos.

No exemplo acima teríamos então:

- Preço de venda 5 242 941,08 €


- Custos directos 3 782 566,25 €
- Custos de montagem e desmontagem do estaleiro 145 443,65€

Então, K = 5 242 941,08 € / (3 782 566,25 € + 145 443,65 €) = 1,33476

Se a actividade "cofragem normal em vigas" fizesse parte desta empreitada teríamos que agravar
o seu custo directo unitário - 13,13 €/m2 - com o coeficiente K, obtendo-se desse modo o preço
unitário de venda:

13,13 €/m2 x 1,33476 = 17,53 €/m2

Seria este o valor do preço de venda a submeter ao Dono da Obra.

Neste caso (obra pública) apareceria também, na lista dos preços unitários, o preço da montagem
e desmontagem do estaleiro com o valor de:

145 443,65 € x 1,33476 = 194 132,02 €

Em qualquer dos casos (obra particular ou obra pública), a apresentação do orçamento poderá
fazer-se através de uma lista de trabalhos (os artigos das medições, com a eventual inclusão da
montagem e desmontagem de estaleiro) onde se multiplicam as quantidades de cada artigo pelos
preços unitários de venda.

O total deverá ser semelhante ao obtido inicialmente, apenas com pequenas diferenças devidas
aos arredondamentos.

A distribuição uniforme dos custos (de estaleiro, indirectos, bem como da margem de lucro e
imprevistos) não é a única possibilidade existente. Há empresas que aplicam um coeficiente K
variável por razões de ordem estratégica.

Se, por exemplo, se aumentar o preço dos trabalhos iniciais e reduzir o dos trabalhos finais, man-
tendo obviamente o preço total, a empresa irá facturar mais cedo que relativamente à situação em
que se utilize um coeficiente K constante. Aumentar-se-á assim a liquidez da empresa durante a
fase inicial da execução da obra sem afectar o valor da proposta na fase (anterior) do concurso.

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Técnicas de Medição e Orçamentos de Obras

Cálculo dos custos de equipamento

Os custos de um equipamento são obtidos de forma substancialmente diferente dos analisádos


para o cálculo dos preços unitários de trabalhos em espécie para efeitos de orçamento com vista á
obtenção de valor de proposta de preço para empreitadas. Basicamente compreendem:

- custos de posse;
- custos de manobra;
- custos de conservação, reparação e combustível.

- Custos de posse

Os custos de posse - Cp - incluem:

- custos de amortização - A
- encargos relativos a juros - J
- seguros - S
- impostos - I
- recolha ou armazenagem - RA

Para cálculo de amortização de uma máquina é necessário primeiramente definir a sua vida útil -
Vu - ou seja, o período, em anos, passado o qual se prevê a sua substituição por uma máquina
nova, em virtude da sua falta de rentabilidade ou aumento de custos de manutenção.

Definido este valor e sendo - Va - o valor da aquisição da máquina e - Vr - o seu valor residual
estimado para o fim da sua vida útil, mas a preços da data de aquisição, a amortização anual num
sistema não inflacionário seria:

A = (Va - Vr) / Vu

Desta forma, no fim da sua vida útil, a máquina teria amortizado a quantia necessária para ser
substituída por uma nova.

Contudo, num sistema inflacionário, esta importância não chegaria para efectuar a troca da
máquina. Há, pois, que a rectificar a partir do 2º ano, face ao novo valor de aquisição e face ao
novo valor residual. Temos assim que no ano n a amortização será:

An = (Va-Vr)/Vu + (Van-Van-1) - (Vrn-Vrn-1)

Em que:

Van Valor de aquisição no ano n


Van-1 Valor de aquisição no ano anterior ao ano n
Vrn Valor residual previsto no ano n
Vrn-1 Valor residual previsto no ano anterior ao ano n

Assim, no fim da sua vida útil, está garantida a importância necessária pua proceder à troca do
equipamento.

Os encargos com juros são calculados aplicando anualmente ao capital investido no momento (a
diferença entre o valor de aquisição inicial e o somatório das amortizações já efectuada nos anos
anteriores) a taxa de juro - Tj - das operações bancárias em vigor.

Assim, os juros a considerar no ano a são:

Jn = Tjn x (Va-A1-A2-A3-…-An-1)

Por este processo os juros vão decrescendo anualmente, pelo que, por simplificação, em alguns
métodos prefere-se considerar um juro fixo ao longo da vida útil da máquina, correspondente ao
investimento médio.

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Técnicas de Medição e Orçamentos de Obras

Quanto aos seguros, impostos e despesas com a recolha do equipamento, a sua determinação é,
geralmente, directa. Temos assim os custos de posse Cp do ano n iguais a:

Cpn = An + Jn + Sn + In + RAn

Estes custos são invariáveis ao longo do mo e independentes das nem de trabalho da maquina.

- Custos de manobra

Os custos de manobra - Cm - referentes às despesas com a mão-de-obra de motoristas ou


maquinistas desde que afectos ao equipamento e contabilizáveis no seu custo, são determinados
pelos respectivos vencimentos, encargos sociais e despesas de deslocação e alojamento

- Custos de conservação corrente, reparação e combustível

Os custos de conservação, reparação e combustível - Ccre - são, em geral, proporcionais às horas


efectivas de trabalho.

As despesas com a conservação corrente revisões (óleos, lavagens, pneus, etc.) fazem
normalmente parte de indicações de fabricante ou seja facilmente estimáveis.

As despesas de reparação deverão ser obtidas por amostragem estatística a partir de máquinas
semelhantes.

Quanto ao consumo de combustível deve ser calculado de acordo com as especificações do


fabricante ou comparado com valores observados na prática.

. Cálculo do custo total

Verifica-se que podem ocorrer 3 tipos de situações:

- se máquina esta parada sem manobrar as despesas são apenas os custos de posse:
Cp;
- se máquina está parada com o manobrador à ordem (situação normal em casos de alta
especialização do manobrador ou do equipamento), os seus custos são iguais a: Cp + Cm;
- se a máquina está a trabalhar efectivamente os custos totais são, iguais a:
Cp + Cm + Ccrc

. Cálculo horário

Se se pretender determinar o custo horário, situação normal em equipamentos pesados e com


manobradores afectos (camiões, maquinas de movimentação de terras, etc.), deverá definir-se a
perspectiva de utilização da máquina.

Sendo:

a - o número de horas úteis anuais teoricamente possíveis;


b - o número anual de horas em que o manobrador estará afecto à máquina;
c - o número anual de horas de trabalho efectivo;
Chp - custo horário de posse = Cp/a
Chm - custo horário de manobra
Chcrc - custo horário de conservação, reparação e combustível

O custo total - CT - anual de um equipamento é igual a:

CT = a x Chp + b x Chm + c x Chcrc

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Técnicas de Medição e Orçamentos de Obras

Se as despesas da máquina forem debitadas apenas quando executa trabalho efectivo esse custo
horário passará a ser:

Ch = (a x Chp + b x Chm + c x Chcrc) / c = (a x Chp) / c + (b x Chm) / c + Chcrc

Se em vez desta situação, se pretender que a máquina seja paga sempre que está à ordem das
obras, quer esteja ou não parada mais com manobrador então o seu custo horário deverá ser

Ch = (a x Chp + b x Chm + c x Chcrc) / b = (a x Chp) / b + Chm + (c x Chcrc) / b

Os índices a, b e c devem ter estimados caso a caso, embora seja usual considerar como primeiro
valor, e à falta de outro:

c = 0,7 x a
b = 0,9 x a

Neste caso, os custos horários passariam a ter as expressões seguintes:

h = Chp / 0,70 + Chm x 0,90 / 0,70 + Chcrc, para trabalho efectivo

Ch = Chp / 0,90 + Chm + Chcrc x 0,70 / 0,90, para máquina à ordem

Naturalmente, este método é aplicável a situações simples em que não se considerem alguns dos
tipos de custos inerentes aos equipamentos. Seria, por exemplo, o caso de andaimes ou
equipamentos de escoramento em que se considerariam apenas custos de amortização, juros,
conservação e reparação.

Nestes casos é usual calcular custos diários em vez de horários, bastando, para tal, substituir nas
expressões os custos horários por custos diários.

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Técnicas de Medição e Orçamentos de Obras

Planeamento de Custos

1 - O planeamento dos tempos deve ser elaborado com interligação com o planeamento dos
custos.
A execução de um projecto está ligada ao binómio tempo-custo ou ainda
tempo de execução = f (meios a fornecer)
2 - O estudo dos custos requer a montagem de uma organização complexa com base numa
contabilidade analítica para obtenção dos dados indispensáveis.
3 – O custo de uma obra depende de 3 parcelas:
a) Custos Directos (CD) – custos inerentes á mão-de-obra directamente produtiva, aos materiais e
ás máquinas:

CD

tempo

b) Custos Indirectos (CI) – que incluem os:


- gastos gerais de estaleiro (pessoal não directamente produtivo, como dirigentes, guardas,
pessoal ligado á conservação e limpeza das instalações, etc.,

CE

Custo de
A
Instalação
tempo

- Gastos gerais da sede


pessoal administrativo e técnicos;
estudos;
instalações;
impressoras;
material de desenho e escritório;
água, luz, telefone, etc.;

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Técnicas de Medição e Orçamentos de Obras


CSede

tempo

- Gastos financeiros ligados a:


juros de empréstimos;
garantias bancárias;
utilização de patentes;
etc.;
- Contribuições e outras despesas:
c) Prémios pagos pelo cliente, no caso de conclusão antes dos prazos previstos, ou multas a
pagar, no caso contrário

s
ta
ul
M

tempo

i os
ém
Pr

4 – Representação gráfica correspondente á variação dos custos directos e indirectos


isoladamente e em conjunto:
Custo Total


Custo Indirecto

Custo Directo

mínimo

tempo

5 – Estudo do Custo por Tarefa


a) para cada tarefa pode traçar-se um gráfico relativamente aos custos directos de execução:

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Técnicas de Medição e Orçamentos de Obras

CA DA - Duração Acelerada
DN - Duração Normal
CA - Custo correspondente a DA
CN - Custo correspondente a DN
CN

DA DN tempo

reforço de equipamento insuficiente para


equipamento bom rendimento

O tempo de duração de uma actividade não é um dado fixo, dependerá do conjunto de meios
disponíveis (ou a fornecer):
b) Conclusões
i – a duração normal pode conduzir-nos a um prazo não conveniente;
ii – encurtando o tempo de duração de uma tarefa o seu custo será superior ao custo normal;
iii – encurtando o tempo de duração de uma tarefa só é viável até certo ponto a partir do qual
só aumentará o custo sem que se diminua o tempo de execução;
c) Cálculo do custo conveniente
i – conhecidos CA, DA, CN e DN pode substituir-se a curva teórica por uma recta que una os
dois pontos
CA − CN
p=
DN − DA
aumentando o custo por unidade de tempo
ii – conhecida a taxa (p) pode calcular-se o custo correspondente a diferentes durações;

6 – Estudo do Custo da Obra


a) O gráfico traçado anteriormente pode ser alterado em relação a uma obra para estudo do seu
custo mínimo
Custo Total


CE+CI
CD

Multa

Custo
Mínimo

Duração
Optima
tempo
prazo
DN

b) Método
i – calcular o custo do conjunto das tarefas na sua duração normal;
ii – calcular o custo do conjunto das tarefas na sua duração acelerada;
iii – se necessário, considerar também os custos de estaleiro e os custos indirectos;

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Técnicas de Medição e Orçamentos de Obras

iv – se o prazo for menor que a duração normal considerar a multa a pagar;


v – somar todos os custos;
vi – determinar o custo mínimo este custo não pode coincidir com a duração normal da obra;

Planeamento Financeiro

1- O planeamento financeiro tem em conta despesas e receitas com vista á previsão de equilíbrio
de tesouraria;
2 – A execução de uma obra obriga, por parte de quem a executa, ao envolvimento de um dado
capital durante um certo período de tempo que não coincide com o prazo de execução da
obra, ou seja:
a) as despesas iniciam-se antes desta começar com o estudo e a elaboração da proposta, e
no caso de a obra ser adjudicada com a realização dos trabalhos preliminares, aquisições
de novas máquinas, etc.;
b) as despesas só terminam com a recepção definitiva;
Por outro lado existe um certo desfasamento entre as despesas e as receitas (as cobranças
correspondentes).
Em resumo, as despesas só encontram compensação decorrido que seja um certo tempo.
Entretanto o executante tem um certo capital empatado.
3 – Em geral todo o capital de que se dispõe não chega para permitir uma mobilização de acordo
com as necessidades havendo que recorrer ao crédito. Logo será indispensável um
planeamento para se poder definir as condições em que deve ser feito.
4 – O planeamento financeiro baseia-se no planeamento dos tempos, valorizando em cada mês
despesas e receitas. Para isso as obras a efectuar são relativamente valorizadas, no que se
refere a despesas, pelos preços de custos e no que se refere a receitas pelos preços de
venda.
5 – Diagrama Financeiro

A - área relativa ao investimento


B - área relativa ao lucro

A
tempo

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