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EXMO.(A) SR.(A) DR.(A) JUIZ (A) TITULAR DA MM.

_____ VARA DO TRABALHO DE SUA CIDADE/XX.

FULANA DE TAL, brasileira, solteira,


auxiliar de produção I, nascida em 21/08/1991,
portadora da Cédula de Identidade nº XXXXXXXX-AA
SSP/AM, legalmente inscrita no CPF sob o nº YYY.
YYY. YYY-YY, residente e domiciliada nesta cidade
de XXX, Estado do XXX na Rua XXXXX, nº 000, Bairro
XX – CEP XX.000-000, por seu advogado e procurador
infra-firmado, conforme incluso instrumento, com
endereço constante do cabeçalho (no PJE inserir o
endereço aqui, já que o sistema não comporta
cabeçalho e rodapé e o endereço do advogado é
requisito da ação), onde recebe notificações,
respeitosamente, comparece perante V. Exa. com a
finalidade de propor, com fulcro nos arts. 334,
inciso II do Dec. 3.048/99, art. 129 da
Lei 8.213/91,arts. 186 c/c 927, 389, 391, 398, 402
, 405, 406, 407, 932 inciso III, 933, 942, 944, 94
9 e 950 do Código Civil Brasileiro vigente,
incisos V e X, do art. 5º, inciso XXVII do e caput
do art. 7º, inciso VI do art. 114, todos
da Constituição Federal, a presente...

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DOENÇA PROFISSIONAL


COM NTEP
...contra I

NDÚSTRIAS ELÉTRICAS LTDA, inscrita


no CNPJ sob o nº 00.000.000/0000-00, com
estabelecimento nesta capital na Rua das
Indústrias, nº xx, Distrito Industrial – CEP
00.000-000, pelas razões de fato e de direito que
passa a expor:

1. DO CONTRATO DE TRABALHO

A reclamante trabalha para a


reclamada desde 18/03/2011, exercendo a função
de AUXILIAR DE PRODUÇÃO I, mediante o pagamento
último de R$ 742,00 mensais.

2. DA DOENÇA DO TRABALHO ADQUIRIDA PELA RECLAMANTE

A autora labora na montagem de peças


de confecção de “chicote”, que são fornecidas para
a empresa Tal. A linha em que a reclamante
trabalha não é de esteira, sendo certo que a
autora precisa empurrar a peça para outro
funcionário manualmente em questão de segundos
para manter o ritmo juntamente com o restante dos
que estão na esteira.

Inserir o quanto possível detalhes


do processo produtivo.
Deste modo, a autora, no exercício
das suas atividades laborais de AUXILIAR DE
PRODUÇÃO I, comumente era submetida a posições
forçadas, gestos repetitivos, posturas inadequadas
e levantamento de peso, que em nada contribuíam
com o conforto ergonômico obrigatórios nas
atividades laborais, conforme disposto na NR-17
que trata da Ergonomia, item 17.1:
“17.1 - Esta Norma Regulamentadora visa
estabelecer parâmetros que permitam a adaptação
das condições de trabalho às características
psico-fisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.”. Grifos nossos.

Ora Excelência, conforme visto anteriormente, a


Norma Regulamentadora nº. 17 prescreve que o
trabalho é que deve ser adaptado aos
trabalhadores, e não, como no caso vertente, que
estes é que tenham que se submeter às condições
agressivas em que o trabalho é exercido.

Como se admitir que o labor realizado pela autora


nas dependências da Ré, onde se expunha
diariamente a riscos efetivos de acidente e de
adoecimento, atende ao desiderato da NR-17 que
é “proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente” aos trabalhadores.
Diante desse contexto, ainda na vigência do pacto
laboral a autora começou a acusar fortes dores na
região dos punhos, vindo a descobrir, que era
portadora de SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO NO PUNHO
DIREITO (COM NTEP), conforme exames anexos.
Registre-se, por oportuno, que a natureza da lesão
que acomete a obreira é legalmente definida como
doença do trabalho, de acordo com o inciso II do
art. 20 da Lei 8.213/91:
“Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos
termos do artigo anterior, as seguintes entidades
mórbidas:
(…)
II - doença do trabalho, assim entendida a
adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele
se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I”.

No que tange à relação referida no dispositivo


transcrito, não podemos olvidar do que dispõe o §
2º do mesmo art. 20 em comento:

“§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a


doença não incluída na relação prevista nos
incisos I e II deste artigo resultou das condições
especiais em que o trabalho é executado e com ele
se relaciona diretamente, a Previdência Social
deve considerá-la acidente do trabalho”.

Em se tratando de doença do trabalho, o dia do


acidente deve ser aferido pela regra do art. 23 da
Lei 8.213/91, assim vazado:
“Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no
caso de doençaprofissional ou do trabalho, a data
do início da incapacidade laborativa para o
exercício da atividade habitual, ou o dia da
segregação compulsória, ou o dia em que for
realizado o diagnóstico, valendo para este efeito
o que ocorrer primeiro”.

A documentação médica carreada aos autos dá conta


de que a obreira foi realmente acometida
por doença profissional com NTEP, bem como, por
outro lado faz prova inequívoca de que a Reclamada
não a encaminhou para a Previdência Social,
conforme previsto no art. 22 da Lei 8.213/91, in
verbis:
“Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente do
trabalho à Previdência Social até o 1º (primeiro)
dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de
morte, de imediato, à autoridade competente, sob
pena de multa variável entre o limite mínimo e o
limite máximo do salário-de-contribuição,
sucessivamente aumentada nas reincidências,
aplicada e cobrada pela Previdência Social”.

Ora, em se tratando de doença profissional ou do


trabalho, ainda que seja uma simples suspeita de
sua ocorrência, a notificação ao INSS é
obrigatória, nos termos do art. 169 da CLT:
“Art. 169. Será obrigatória a notificação das
doenças profissionais e das produzidas em virtude
de condições especiais de trabalho, comprovadas ou
objeto de suspeita, de conformidade com as
instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho.”
Aliás, Excelência, constitui crime a omissão da
notificação, conforme disposto no
art. 269 do Código Penal:
“Omissão de notificação de doença
Art. 269. Deixar o médico de denunciar à
autoridade pública doença cuja notificação é
compulsória:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa.”

Considerando-se, porém, que a percepção do auxílio


doença acidentário que habilita o trabalhador a
gozar da estabilidade de um ano após a alta
médica, foi obstada em face do ardil engendrado
pela Ré, passa a requerer a obreira a incidência
do art. 129 do Código Civil:
“Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos
efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for
maliciosamente obstado pela parte a quem
desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não
verificada a condição maliciosamente levada a
efeito por aquele a quem aproveita o seu
implemento.”.

Considerando-se o tema em debate, não podemos


prescindir da valiosa lição do Eminente Jurista e
Magistrado do Trabalho da 3ª Região, Dr. SEBASTIÃO
GERALDO DE OLIVEIRA[1], para quem:

“A não emissão da CAT pelo empregador, apesar de


dificultar, não impede o enquadramento do evento
como acidente do trabalho. Segundo o
art. 129do Código Civil de 2002, reputa-se
verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a
condição cujo implemento for maliciosamente
obstado pela parte a quem desfavorecer.
Verificando-se pelas provas dos autos que ocorreu
a hipótese legalmente classificada como acidente
do trabalho, são reconhecidos pela sentença todos
os efeitos jurídicos, como se a CAT tivesse sido
regularmente emitida.”.

Registre-se, por fim, que o CNAE – CLASSIFICAÇÃO


NACIONAL DE ATIVIDADES ECONÔMICAS da reclamada (nº
29.45-0-00 - Fabricação de material elétrico e
eletrônico para veículos automotores, exceto
baterias), constante do CNPJ anexo, previsto no
anexo V do Decreto 3048/99 consta da Lista C do
anexo II, do mesmo Decreto 3048/99, fazendo
aflorar o NTEP – Nexo Técnico Epidemiológico da
doença SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO NO PUNHO DIREITO
(COM NTEP), no caso vertente, senão vejamos:
“LISTA C (Incluído pelo Decreto nº 6.957, de 2009)
Nota:
1 - São indicados intervalos de CID-10 em que se
reconhece Nexo Técnico Epidemiológico, na forma do
§ 3o do art. 337, entre a entidade mórbida e as
classes de CNAE indicadas, nelas incluídas todas
as subclasses cujos quatro dígitos iniciais sejam
comuns.
Registre-se, aliás, que a jurisprudência, em casos
de reconhecimento do nexo técnico pelo INSS,
arremata:

“ACIDENTE DE TRABALHO – NEXO CAUSAL –


RECONHECIMENTO DO INSS – EFEITOS – A conclusão do
INSS é suficiente a caracterizar o nexo causal
entre o labor e a doença desenvolvida, uma vez ser
ele o órgão competente para avaliação nesse
sentido. Reconhecida a doença como acidente de
trabalho, e demonstrado nos autos que as condições
a que submetida a autora no desempenho de suas
atividades foram fundamentais ao seu surgimento
e/ou desenvolvimento, deve ser responsabilizada a
empregadora quanto aos danos patrimoniais e morais
decorrentes do evento.“(TRT 12ª R. – RO-V 00229-
2005-008-12-00-2 – 3ª T. – Rel. Juiz Gerson Paulo
Taboada Conrado – J. 20.10.2005)

Noutro giro, a Doutrina de igual modo corrobora o


entendimento ora esposado, através de José Affonso
Dallegrave Neto, no artigo “Nexo Técnico
Epidemiológico e seus efeitos sobre a ação
trabalhista indenizatória”, senão vejamos:
“Para que o trabalhador acidentado ou portador de
doença ocupacional usufruísse da estabilidade no
emprego prevista no art. 118 da Lei 8213/91 (1) e
dos benefícios previdenciários próprios do
acidente do trabalho era necessária a emissão da
CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho) por
parte da empresa. Do contrário caberia a ele
próprio o ônus de comprovar que seu sinistro tinha
nexo causal com o trabalho desenvolvido.
Antes da alteração trazida pelo Decreto
n. 6042/07, a redação original do art. 337 do
Decreto 3.048/99 (Regulamento da Previdência
Social - RPS), ao estabelecer que cabia ao médico
do INSS declarar se a doença era ocupacional ou
não, partia de uma visão individual do caso
particular. Assim, a conclusão resultava tão
somente do cruzamento do di da doença (CID-
Classificação Internacional de Doença) com a
ocupação do trabalhador na empresa. A essa técnica
chamava-se Nexo Técnico Previdenciário – NTP.
Caso a empresa emitisse a CAT, o INSS declarava o
NTP e presumia que a doença era ocupacional.
Contudo, se a emissão da CAT não fosse pela
empresa, mas pelo próprio trabalhador ou seu
sindicato de classe, o médico perito a desprezava
e a doença era considerada como dissociada do
trabalho. A Previdência Social concedia, então,
apenas o benefício do auxílio-doença. Nesse caso,
caberia ao trabalhador o ônus de provar o nexo da
sua doença com o trabalho exercido e requerer a
conversão do benefício do auxílio-doença (código
B-31) em auxílio-doença acidentário (B-91).
Com o advento da MP 316/06, posteriormente
convertida na Lei 11.430/2006, o legislador
introduziu significativa modificação no sistema de
prova do acidente do trabalho ao criar o Nexo
Técnico Epidemiológico - NTEP. Para tanto o
legislador inseriu novo artigo à Lei 8213/91, in
verbis:
„Art. 21-A: A perícia médica do INSS considerará
caracterizada a natureza acidentária da
incapacidade quando constatar ocorrência de nexo
técnico epidemiológico entre o trabalho e o
agravo, decorrente da relação entre a atividade da
empresa e a entidade mórbida motivadora da
incapacidade elencada na Classificação
Internacional de Doenças - CID, em conformidade
com o que dispuser o regulamento (2).
§ 1º A perícia médica do INSS deixará de aplicar o
disposto neste artigo quando demonstrada a
inexistência do nexo de que trata o caput deste
artigo.
§ 2º A empresa poderá requerer a não aplicação do
nexo técnico epidemiológico, de cuja decisão
caberá recurso com efeito suspensivo, da empresa
ou do segurado, ao Conselho de Recursos da
Previdência Social.‟
Doravante, a abordagem passa de um viés individual
para uma abordagem coletiva, vez que o critério
para definir o nexo causal da doença ocupacional
passa a levar em conta dados estatísticos
epidemiológicos. A expressão “epidemiologia”
significa aqui o estudo interdisciplinar dos
fatores que influenciam na proliferação de doenças
e sua distribuição sobre determinada população.
Verifica-se, portanto, que o novo NTEP aplica-se
apenas para fixar o nexo causal das doenças
ocupacionais, sendo impertinente para os chamados
acidentes típicos.
A propósito dessa nova técnica, o Conselheiro
Nacional de Saúde, Paulo Albuquerque de Oliveira
observa:
“Entende-se que a abordagem coletiva da
epidemiologia clínica supera a abordagem
individual da clínica médica, em matéria de saúde
do trabalhador, porque erra menos e erra menos
porque tende a anular os vieses, uma vez que se
enxerga numa tomada só, ao invés de um, todos os
casos registrados no INSS de milhões de
trabalhadores e empresa e milhares de médicos”(3).
O novo NTEP – Nexo Técnico Epidemiológico parte da
seguinte fórmula:
NTEP = NTP + Evidências Epidemiológicas
Como visto acima, o NTP (Nexo Técnico
Previdenciário) resulta do cruzamento do
diagnóstico médico enquadrado na CID
(Classificação Internacional de Doença) com a
ocupação do trabalhador na empresa. Já o NTEP é
mais amplo, pois considera inicialmente o NTP
(diagnóstico individual - CID) e o dimensiona a
partir de sua incidência estatística dentro da
Classificação Nacional de Atividade - CNAE.
É o caso típico dos “episódios depressivos e
transtornos de humor”, CID F-30 a F-39, em
atividades realizadas em “Centro Mèdico de
Internação”, CNAE 8610-1, onde o NTEP encontra-se
presente em face do risco potencial da atividade,
conforme demonstram as estatísticas das
notificações acidentárias e a expressa previsão da
Lista B do Anexo II do Decreto 6042/2007.
A propósito transcreva-se o art. 2º. § 3º da IN
INSS/PRES n. 16/2007:
“Considera-se estabelecido nexo entre o trabalho e
o agravo sempre que se verificar a ocorrência de
nexo técnico epidemiológico entre o ramo de
atividade econômica da empresa, expressa pela
Classificação Nacional de Atividade Econômica -
CNAE, e a entidade mórbida motivadora da
incapacidade, relacionada na Classificação
Internacional de Doenças, em conformidade com o
disposto na Lista B do Anexo II do RPS.”
Registre-se que nessa aludida Lista B há previsões
curiosas (4) de NTEP como, por exemplo, aquela que
estabelece para as doenças da faixa intermediária
da CID F-1- a F-19, “doenças mentais e
comportamentais devido ao uso de álcool, maconha,
cocaína e outras drogas”, o NTEP com a atividade
de extração de ferro prevista no CNAE 0710-3.
A aludida Lista B do Anexo II da RPS é meramente
exemplificativa. A cada dois anos será publicada a
relação oficial atinente ao NTEP, presumindo como
doença ocupacional cada vez que a moléstia
diagnosticada (CID) tenha incidência estatística
epidemiológica em relação à atividade empresarial
(CNAE).
O NTEP é uma presunção legal (art. 212, IV, CC),
do tipo relativa (juris tantum), vez que admite
prova em sentido contrário. Na prática significa
que há inversão do ônus da prova em prol da
vítima; medida jurídica acertada seja porque o
trabalhador é hipossuficiente, seja porque é o
empregador quem detém aptidão para produzir a
prova de inexistência do nexo causal.
Conforme será visto adiante, na órbita judicial
trabalhista, uma vez caracterizado o NTEP a doença
é declarada ocupacional; vale dizer: há nexo
causal entre a moléstia e a execução do trabalho
na empregadora. Assim, perante a Justiça do
Trabalho a doença ocupacional decorrente de NTEP
se equipara ao acidente do trabalho. Para o
empregador se alijar da indenização terá que
demonstrar a culpa exclusiva do empregado, fato de
terceiro ou força maior (5), vez que a presunção
relativa favorecerá sempre a vítima.
1 - Da impugnação pela parte interessada
A empresa poderá requerer ao INSS a não aplicação
do nexo técnico epidemiológico ao caso concreto
mediante a demonstração de inexistência de
correspondente nexo causal entre o trabalho e o
agravo (6). Tal requerimento poderá ser
apresentado no prazo de quinze dias da data para a
entrega, na forma do inciso IV do art. 225, da
GFIP que registre a movimentação do trabalhador,
sob pena de não conhecimento da alegação em
instância administrativa. Em sendo impossível o
atendimento, motivado pelo não conhecimento
tempestivo do diagnóstico do agravo, o
requerimento poderá ser apresentado no prazo de
quinze dias da data em que a empresa tomar ciência
da decisão da perícia médica do INSS (7).
Juntamente com o requerimento, a empresa formulará
as suas alegações e apresentará as provas que
possuir. A documentação poderá trazer, entre
outros meios de prova, evidências técnicas
circunstanciadas e contemporâneas à exposição do
segurado. O INSS informará ao trabalhador sobre a
contestação da empresa, para, querendo, impugná-la
e apresentar suas provas (cf. §§ 10, 11 e 12 do
art. 337 do Decreto 3048/99).
A existência de nexo entre o trabalho e o agravo
não implica o reconhecimento automático da
incapacidade para o trabalho, que deverá ser
definida pela perícia médica. O médico perito do
INSS é o único profissional credenciado à
elaboração do diagnóstico e o correspondente
enquadramento da CID. Além do Nexo Causal, o
perito deverá reconhecer a incapacidade da vítima
(dano material), conforme dispõe o art. 3º e seu
parágrafo único da IN INSS/PRES n. 16/07.
Em situações especiais acima explicitadas o perito
poderá fixar o Nexo Causal de forma diversa do
NTEP seja em prol da empresa ou do trabalhador
(8).
Conforme dispõem os § 4º e 5º da IN INSS/PRES n.
16/2007, a inexistência de nexo técnico
epidemiológico não elide o nexo causal entre o
trabalho e o agravo, cabendo à perícia médica a
caracterização técnica do acidente do trabalho
fundamentadamente, sendo obrigatório o registro e
a análise do relatório do médico assistente, além
dos exames complementares que eventualmente o
acompanhem. Nessa hipótese, a perícia médica
poderá, se necessário, solicitar as demonstrações
ambientais da empresa, efetuar pesquisa ou
realizar vistoria do local de trabalho ou
solicitar diretamente do empregador o PPP - Perfil
Profissiográfico Previdenciário.
Da mesma forma, nos termos do § 6º do art. 2º da
aludida Instrução Normativa, a perícia médica do
INSS poderá deixar de aplicar o nexo técnico
epidemiológico mediante decisão fundamentada,
quando dispuser de informações ou elementos
circunstanciados e contemporâneos ao exercício da
atividade que evidenciem a inexistência do nexo
causal entre o agravo e o trabalho.
2 - Repercussão do NTEP nas ações trabalhistas
acidentárias
Geralmente a caracterização de acidente do
trabalho por parte do médico perito do INSS para
fins de liberação de benefícios previdenciários é
suficiente para também caracterizar o nexo causal
entre o trabalho executado pelo Reclamante e a
doença desenvolvida em sede de ação trabalhista
indenizatória.
“ACIDENTE DE TRABALHO – NEXO CAUSAL –
RECONHECIMENTO DO INSS – EFEITOS – A conclusão do
INSS é suficiente a caracterizar o nexo causal
entre o labor e a doença desenvolvida, uma vez ser
ele o órgão competente para avaliação nesse
sentido. Reconhecida a doença como acidente de
trabalho, e demonstrado nos autos que as condições
a que submetida a autora no desempenho de suas
atividades foram fundamentais ao seu surgimento
e/ou desenvolvimento, deve ser responsabilizada a
empregadora quanto aos danos patrimoniais e morais
decorrentes do evento.”.
(TRT 12ª R. – RO-V 00229-2005-008-12-00-2 – 3ª T.
– Rel. Juiz Gerson Paulo Taboada Conrado – J.
20.10.2005)

O mesmo efeito transcendente ocorrerá quando o


médico perito da Previdência Social se utilizar do
critério técnico do Nexo Técnico Epidemiológico.
Assim, em que pese a presunção legal do NTEP ser
dirigido ao médico perito do INSS, não há dúvida
de que a caracterização de acidente do trabalho,
nesta instância previdenciária, irradia efeitos de
presunção relativa nas ações trabalhistas de
indenização acidentária.
Nessa direção assinala Sidnei Machado:
“Embora o nexo técnico epidemiológico seja
dirigido à Previdência Social, a caracterização do
acidente de trabalho pelo critério da presunção,
repercutirá na prova do acidente de trabalho para
fins de reparação de dano pelo regime da reparação
civil. Uma vez admitida pela Previdência Social
que a doença caracterizadora do acidente foi
desencadeada pelas condições ambientais de
trabalho de risco, certamente que os elementos de
convicção da Previdência Social servirão como
prova da efetiva ocorrência do acidente de
trabalho (nexo causal) e, em algumas situações, da
culpa do empregador”(9).
Destarte, caso o perito da Previdência Social
estabeleça o nexo causal entre o trabalho e o
agravo pela verificação de nexo técnico
epidemiológio (NTEP), o acidente do trabalho
restará presumido (juris tantum), inclusive para
fins de ação trabalhista indenizatória. Não se
ignore que o conceito legal de acidente do
trabalho, previsto na Lei 8213/91, aplica-se tanto
para fins previdenciários quanto civis e
trabalhistas:
“Art. 19: Acidente do trabalho é o que ocorre pelo
exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo
exercício do trabalho dos segurados referidos no
inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.”
Em novembro de 2007 a I Jornada de Direito do
Trabalho promovida pela Anamatra e com o apoio do
TST aprovou escorreito verbete sobre o tema:
Súmula 42: “Presume-se a ocorrência de acidente do
trabalho, mesmo sem a emissão da CAT – Comunicação
de Acidente de Trabalho, quando houver nexo
técnico epidemiológico conforme art. 21-A da Lei
8.213/1991”.
É, pois, o caso típico da Tenossinovite e
Tendinite (inflamação no tendão), CID M-65, em
atividade de “digitação de dados para
processamento”, CNAE 6311-9/00, onde o NTEP
encontra-se presente em face do risco potencial da
atividade, conforme demonstram as estatísticas das
notificações acidentárias e a expressa previsão da
Lista B do Anexo II do Decreto 6042/2007.
Com base nesse critério epidemiológico e de
incidência estatística da Previdência Social, os
pretórios trabalhistas vêm reconhecendo o nexo
causal do acidente do trabalho para fins de
responsabilidade civil:
“DOENÇA PROFISSIONAL – TENDINITE – ATIVIDADE
BRAÇAL – RISCOS INERENTES À FUNÇÃO – NEXO CAUSAL –
PRESUNÇÃO E ÔNUS DA PROVA – 1. Se a atividade
cotidianamente desenvolvida pelo empregado era de
natureza braçal, alcançando variados movimentos de
forte impacto, é de se reconhecer exposição a
riscos de lesionamento dos tendões e articulações,
sendo nesse sentido o Decreto nº 3.048/99 (anexo
II, item X), que inclui como fatores de risco da
síndrome do impacto e da tendinite biciptal, não
apenas os movimentos repetitivos, mas também o -
ritmo de trabalho penoso - E as - vibrações
localizadas. 2. Por outro lado, em havendo
compatibilidade entre a lesão apresentada pelo
trabalhador e os riscos da atividade por ele
desenvolvida, o nexo causal é presumido,
competindo ao empregador provar que a doença foi
adquirida em razão de outras atividades ou
fatores. 3. Recurso improvido, decisão unânime.”
(TRT 24ª R. – RO 0273/2004-031-24-00-3 – Rel. Juiz
Amaury Rodrigues Pinto Júnior – DOMS 02.09.2005)
Em igual sentido decidiu o TRT paranaense em Ação
Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público do
Trabalho:
1. Ação civil pública ajuizada pelo MPT com o
objetivo de atribuir à instituição financeira
obrigações de fazer relacionadas à emissão de CAT
em caso de suspeita de LER/DORT. Tutela inibitória
de caráter genérico, envolvendo a proteção de
interesses coletivos decorrentes de normas
imperativas de proteção à saúde, de fruição de
benefício previdenciário e de tratamento não
discriminatório, que se caracterizam como
interesses sociais indisponíveis dos
trabalhadores, legitimando, portanto, a atuação do
MPT (arts. 127 e 129, III, CF). Ademais, possível
a atuação ministerial inclusive para tutela de
interesses individuais homogêneos
(arts. 127 e 129, IX, da CF c/c
arts. 1º e 90 do CPC e art. 21 da LACP).
Precedente do E. STF (RExt 213.015-0).
2. Em caso de suspeita de LER/DORT, é obrigatória
a emissão de CAT pela instituição bancária, pois a
competência para aferir a existência de nexo
técnico entre a doença e o labor é do órgão
previdenciário (art. 169 da CLTc/c art. 337 do
Dec. 3.048/99 e item 8 da IN 98/2003 do INSS).
3. Presume-se o nexo técnico epidemiológico entre
as doenças e as atividades econômicas elencadas no
Regulamento da Previdência, sendo do empregador o
ônus da prova quanto à não caracterização da
doença ocupacional (inovação legislativa
decorrente da MP 316, de 11.08.06, convertida na
Lei 11.430/06 que acrescentou o artigo 21-A à
Lei 8.213/91 e da nova redação dada ao
artigo 337 do Dec. 3.048/99 pelo Dec. 6.042/2007).
4. Previsão regulamentar de reconhecimento
objetivo de nexo causal entre a maioria das
doenças classificadas como LER/DORT e a atividade
laboral em bancos múltiplos (art. 337, § 1º, do
Dec. 3.048/99 - Lista B do Anexo II).
5. Abrangência nacional da decisão da ação civil
pública (artigo 103 do CDC).
6. Indenização no valor de R$500.000,00 pelo dano
moral coletivo configurado a ser revertida ao FAT.
(TRT-PR-98905-2004-007-09-00-9-ACO-07300-2008, 5ª.
Turma, Rel. Rubens Edgard Tiemann, DJPR em 11-03-
2008)
Não há dúvida de que a presença de NTEP entre o
ramo da atividade econômica (CNAE) e a entidade
mórbida motivadora da incapacidade relacionada na
CID constitui-se em um critério eficaz para fins
de enquadramento na hipótese do parágrafo único do
art. 927 do Código Civil.
Trata-se de método objetivo, científico e com
guarida legal (art. 21-A, Lei 8213/91). Logo,
pode-se dizer que em todos os casos em que se
presumir que a doença seja ocupacional pela adoção
do NTEP, estar-se-á diante de “atividade normal de
risco”, aplicando-se a responsabilidade civil do
empregador independente de investigação de culpa
patronal. Nada mais razoável se considerarmos que
esse critério se fundamenta em estatísticas
epidemiológicas.
Nessas circunstâncias, o empregador somente se
desobrigará da indenização se comprovar de forma
robusta que aquela doença ocupacional, a despeito
de estar relacionada com o trabalho, foi adquirida
por culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro ou
força maior. Mencione-se, como exemplo, o caso de
PAIR (perda auditiva induzida por ruído) provocado
por dolo do empregado que dissimula o uso adequado
do equipamento de proteção individual (EPI). Um
caso emblemático ocorreu com um trabalhador que
laborava em pátio de aeroporto e que,
propositadamente, perfurou o protetor auricular
(EPI) a fim de elidir o efeito abafador dos ruídos
externos para poder se comunicar com colega de
trabalho. Não há dúvida de que nessa hipótese o
julgador deverá excluir a responsabilidade civil
do empregador ou reduzir o valor da indenização
por culpa concorrente de que trata o
art. 945 do Código Civil.”[2]

Resta por fim delinear, Excelência, que a atitude


perniciosa da Reclamada de não enviar a reclamante
para o INSS, através da CAT de abertura a fim de
que a mesma gozasse dos benefícios previdenciários
na condição de trabalhadora acometida por doença
do trabalho, terminou por produzir efeitos
sobremaneira devastadores na sua vida, pois, a
mesma encontra-se laborando nas mesmas condições
em que ocorreu o seu adoecimento podendo vir a
agravar a sua lesão, entretanto, sem o manto
da estabilidade acidentária, não tendo a quem
recorrer no momento, senão ao Poder Judiciário,
visando garantir os seus direitos
constitucionalmente assegurados.
3. DO DIREITO VIOLADO:
Preclaro Magistrado, a Ré concorreu decisivamente
para a ocorrência do infortúnio com a autora, o
que de plano atrai o dever de indenizar,
preconizado no Código Civil, o qual aplicável
subsidiariamente à espécie, nos termos
do parágrafo único do art. 8º da CLT.
3.1. DO DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS
REGULAMENTADORAS:
Em matéria de infortunística é cediço o
entendimento de que a responsabilidade civil do
empregador deriva, na maioria dos casos, do
descumprimento dos preceitos elementares de
segurança e medicina do trabalho compilados nas
Normas Regulamentadoras relativas à Segurança e
Medicina do Trabalho, aprovadas pela Portaria MTB
Nº 3.214, de 08 de Junho de 1978, cuja previsão
legal é expressa no Capítulo V, Título II,
da Consolidação das Leis do Trabalho, alterado
pela Lei nº 6.514/77.
Diante do exposto, fica requerido seja a ré
compelida a comprovar o fiel cumprimento de uma a
uma das Normas Regulamentadoras, notadamente, as
que tenham relevância para o deslinde da questão
proposta, as quais são adiante alinhadas, sendo ao
final requisitados documentos de porte obrigatório
pela Ré, através dos quais pretende a Autor
comprovar que esta nada fez para protegê-lo das
condições adversas em que o seu trabalho era
desenvolvido.

Passemos assim a descrição dos preceitos


constantes Lei 6.514/77 e da Portaria nº 3.214 de
08.06.78, que aprovou as NORMAS REGULAMENTADORAS e
que foram desrespeitados com veemência pela Ré:
§ NR-1 – DISPOSIÇÕES GERAIS: itens 1.1, 1.2 e1.7
c/c Art. 19, § 1º e 3º da Lei nº 8.213 de
24.07.91;
§ NR 2 – INSPEÇÃO PRÉVIA: itens 2.1, 2.2, 2.4 e
2.6;
§ NR 4 – SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE
SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO: itens 4.1 e
4.2;
§ NR 5 – CIPA: itens 5.2, 5.6, 5.10, 5.16, 5.17,
5.23, 5.25 e 5.27;
§ NR 6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL –
EPI: itens 6.1, 6.2 e 6.3, 6.5 e 6.6;
§ NR 7 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE
OCUPACIONAL: itens 7.1, 7.3, 7.4.1, 7.4.4, 7.4.5.
E 7.4.5.1;
§ NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS
AMBIENTAIS – PPRA: itens 9.1, 9.4, 9.3.3;
§ NR 17 – ERGONOMIA: itens 17.1, 17.1.1, 17.1.2;
§ NR 26 – SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA: comprovar o
cumprimento integral.
Entende o patrono subscritor que está plenamente
caracterizado o nexo causal e a falta de
procedimento da empresa para evitar a ocorrência
de evento tão danoso à vida da autora.
O contrato de trabalho contém implicitamente
cláusula assecuratória das condições de segurança
e saúde do trabalhador, de modo que a sua
inexistência caracteriza inadimplemento da
obrigação contratual, ensejadora da ação civil
reparatória.

Nessas circunstâncias, o desencadeamento da


incapacidade laborativa da autora, ocorreu não
pelo risco da atividade para a qual a mesma foi
contratada, mas por inexecução de uma obrigação
que compete ao empregador, caracterizando um ato
ilícito de natureza contratual.

4. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO:


O requerente busca a tutela jurisdicional do
Estado para ver ressarcidos o seu patrimônio ideal
e material, com fundamento para a cumulação de
pedidos na Súmula 37 do STJ, e ainda nos
Arts. 186 c/c 927, 402, 949 e 950 do CC e incisos
V e X do Art. 5º c/c art. 225 da C. F.
O pedido adiante formulado embasa-se precipuamente
nos fundamentos da Doutrina, de Direito e da
legislação vigente.

A responsabilidade era subjetiva a partir


da Constituição Federal de 1988, pois, não mais se
exigia a prova da culpa grave do empregador ou de
seus prepostos, bastando a culpa simples nos
termos do artigo 7º, inciso XXVIII, entretanto,
tal aspecto não excluiu a responsabilidade
objetiva nas hipóteses já consagradas pela lei,
doutrina e jurisprudência, tema, aliás, que já foi
bastante discutido na presente ação, e cujos
requerimentos (inversão do ônus da prova e
responsabilização objetiva) espera-se sejam
deferidos por V. Ex.ª.
Não podemos ainda olvidar da sábia lição
que PONTES DE MIRANDA nos deixou, ao prescrever
que "quem cria o perigo, ainda que não tenha
culpa, tem o dever de eliminá-lo".
5. DO PEDIDO:
Com fundamento nos artigos 186 c/c 927, 398, 402,
927 a 954 do Código CivilBrasileiro, artigos 19,
22, 121 e 127 da Lei nº. 8.213 de 14.07.91,
Súmulas nºs 229 e 341 do Supremo Tribunal Federal,
Portaria 3.214 de 08.06.78, incisos V e X do
art. 5º, inciso XXVIII do art. 7º e art. 225, da
C. F., requer a condenação da Ré nas seguintes
verbas:
5.1. DOS LUCROS CESSANTES -
art. 402 c/c 949 do Código Civil:
“Art. 402. Salvo as exceções expressamente
previstas em lei, as perdas e danos devidas ao
credor abrangem, além do que ele efetivamente
perdeu, o que razoavelmente deixou de
lucrar.”.“Art. 949. No caso de lesão ou outra
ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido
das despesas do tratamento e dos lucros cessantes
até ao fim da convalescença, além de algum outro
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.”.
Requer-se o pagamento da indenização pela
incapacidade PARCIAL e PERMANENTE da vítima para
exercer o seu ofício, a título de lucros
cessantes, eis que a obreira, ao sofrer redução de
sua capacidade laborativa, sofre efetivamente
redução nos seus ganhos futuros, eis que não mais
poderá voltar a exercer o seu mister, podendo em
hipótese remotíssima readaptar-se em outra função,
mas mesmo assim, produzindo menos e demandando
maior esforço do que antes necessitava, sem contar
a sua idade, grau de instrução e experiência na
atividade habitual para a qual se inabilitou.

A autora ao adquirir a incapacidade laborativa nas


dependências e sob a subordinação da empresa Ré,
indubitavelmente não poderá mais exercer o seu
ofício habitual, o que de plano representa real e
efetiva diminuição do seu patrimônio, ao passo que
deverá submeter-se a reabilitação profissional
para o fim de aferir a remota possibilidade de
ainda vir a exercer alguma atividade laborativa.

Por esses fatos indiscutíveis, deve a empresa Ré


arcar com os lucros cessantes até o final da
convalescença, no valor integral dos seus
vencimentos, tomando-se por base como termo final
de tal indenização a consolidação das lesões ou o
diagnóstico que firmar a incapacidade definitiva,
valendo para tanto o que ocorrer primeiro.
Após verificada a condição terminativa do
pagamento do pleito de lucros cessantes, por se
tratar na presente lide de incapacidade parcial e
permanente, requer a autora a sua conversão
em pensão nos moldes do art. 950 do Código Civil,
conforme abalizada lição do Eminente Jurista e
Magistrado Dr. Sebastião Geraldo de Oliveira[3],
assim vazada:
“Depois da convalescença ou da consolidação das
lesões, decidindo-se pela incapacidade para o
trabalho, o valor que era devido pelo empregador
como reparação dos lucros cessantes passa a ser
pago a título de pensão vitalícia.” P. 248.
(…)
“Também na invalidez parcial a indenização
abrangerá todas as despesas de tratamento e lucros
cessantes até a data da alta médica, quando o
acidentado estará apto a retornar ao trabalho,
mesmo com as limitações parciais sofridas. Observa
Carlos Roberto Gonçalves que „o pagamento dos
lucros cessantes deve ser feito de modo integral
até a obtenção da alta médica, ou seja, até que a
vítima esteja em condições de retornar ao trabalho
normal. Daí por diante, corresponderá a uma
porcentagem do salário que deveria receber
normalmente, proporcional à redução de sua
capacidade laborativa.
“Depois da alta, a indenização dos lucros
cessantes passará a ser paga a título de pensão
vitalícia, porém, com a redução fixada em razão da
parcial incapacidade.” P. 254.
Considerando-se a dificuldade em aferir-se a data
da convalescença, a autora deduz a referida
pretensão de forma ilíquida. No que tange à pensão
referenciada, passemos, pois a quantificá-la:

5.2. da pensão prevista no art. 950 do CC:


“Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual
o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de
trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da
convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou
da depreciação que ele sofreu.”.
PUGNA a obreira pelo pagamento da Pensão, por
arbitramento, em razão da sua incapacidade parcial
e permanente para exercer seu ofício habitual.
Releva salientar, que a autora resolveu eleger
como termo a quo para os cálculos da referida
pensão o mês do ajuizamento da
ação (outubro/2013).
Quanto ao termo ad quem, entende o patrono
subscritor que deve ser considerada a expectativa
de sobrevida provável da autora, o que no caso nos
remete à tábua de vida do IBGE, comumente usada
pelos pretórios para o fim de quantificar a
sobrevida provável nos casos de indenização por
morte ou incapacidade, e que foi especificamente
elaborada com o fim de regulamentar o
art. 29 da LBPS (Lei 8.213/91), conforme previsto
no Decreto 3.266/99, que regra em seus
arts. 1º e 2º que:
“Art. 1º. Para efeito do disposto no § 7º do
art. 29 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991,
com a redação dada pela Lei nº 9.876, de 26 de
novembro de 1999, a expectativa de sobrevida do
segurado na idade da aposentadoria será obtida a
partir da tábua completa de mortalidade para o
total da população brasileira, construída pela
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, considerando-se a média
nacional única para ambos os sexos.
Art. 2º. Compete ao IBGE publicar, anualmente, no
primeiro dia útil de dezembro, no Diário Oficial
da União, a tábua completa de mortalidade para o
total da população brasileira referente ao ano
anterior”.

Diante desse diapasão, devemos considerar que a


autora nasceu em 21/08/1991, estando, portanto, no
mês do ajuizamento da ação (outubro/2013), com 22
anos de idade completos.
A última tábua de vida divulgada pelo IBGE em
dezembro/2011, cuja fotocópia segue em anexo, nos
informa que para os 22 anos de idadecompletos, o
indivíduo possui uma expectativa de sobrevida de
51,1 anos, assim, esse é o limite máximo para a
indenização pleiteada.
Destarte, a autora requer seja a reclamada
compelida a pagar a PENSÃO PELA INCAPACIDADE
PARCIAL E PERMANENTE, no valor equivalente a 50%
da maior renda mensal apurada (R$ 371,00),
conforme parâmetros anteriormente informados,
multiplicada pela quantidade de meses de
expectativa de sobrevida, no caso 613,2 meses
(51,1 anos x 12 meses = 613,2 meses), sem prejuízo
dos juros moratórios, legais e da correção
monetária devidos.
 “PODE-SE TAMBÉM ADOTAR A TABELA SUSEP QUE
ENUMERA PERCENTUAIS DE INCAPACIDADE POR LESÃO
EM QUALQUER PARTE DO CORPO”
Não podemos olvidar que o parâmetro aqui eleito é
simplesmente para efeito de noção do valor efetivo
da parcela por ocasião da sua liquidação, eis que
se considerando que a PENSÃO é subseqüente aos
lucros cessantes, o seu quantum tanto pode ser
maior como pode ser menor, dada a natureza de
grandezas INVERSAMENTE PROPORCIONAIS de ambas.
Feitas estas considerações, requer a autora o
pagamento da PENSÃO POR INCAPACIDADE PARCIAL E
PERMANENTE, no valor de R$ 227.497,20 (duzentos e
vinte e sete mil, quatrocentos e noventa e sete
reais e vinte centavos), decorrentes do produto
dos 613,2 meses de expectativa de sobrevida,
conforme tabela IBGE, pelo percentual de 50% da
remuneração (R$ 371,00), devendo a indenização ser
corrigida no tempo, nos termos da Súmula 464 do
STF, sendo que as prestações vencidas até o
efetivo pagamento deverão ser acrescidas de
correção monetária e juros legais -
arts. 398 caput c/c parágrafo únicodo
art. 950 do Código Civil.
5.3. DAS DESPESAS COM TRATAMENTO MÉDICO -
art. 949 do CC:
“Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à
saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até
ao fim da convalescença, além de algum outro
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.”.

Fica requerido, ainda, o pagamento das despesas


com tratamento médico da autora enquanto for
necessário, para minimizar as consequências do
acidente do trabalho - art. 949 - C. Civil 2002,
inclusive com a sua inserção nos planos de saúde
da empresa Ré.
Observe-se que a autora, desde seus 22 anos de
idade se encontra impossibilitada para exercer a
sua profissão, o que lhe acarreta inquietude
quanto aos seus parcos rendimentos, bem como, os
gastos efetuados com tratamento médico e
hospitalar para minimizar o problema da
incapacidade adquirida.
Dessa forma, deve a Ré arcar mensal ou anualmente
com todo o tratamento médico, hospitalar e
medicamentos, sem prejuízo da indenização
pleiteada e pelo período e tempo necessários para
atenuar ou minimizar as consequências e sequelas
deixadas pelo evento danoso de que a autora foi
vítima ao laborar no estabelecimento da empresa.
Dada a complexidade para a fixação do quantum da
parcela em questão, requer a autora seja a mesma
liquidada por arbitramento.
5.4. DOS DANOS MORAIS - artS. 186 e 927 do C. C. E
incisos v e x do art. 5º da c. F.:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186
e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o


dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.” Grifamos.
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
“V - é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
“X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;”
A autora requer, por fim, uma indenização por
danos morais, representados pela vergonha,
angústia, sofrimentos e sensação de inferioridade
em seus mais íntimos sentimentos, frente a seus
familiares, amigos e sociedade, o que maculou
gravemente sua honra e imagem, por ter deixado de
trabalhar tão precocemente em razão da
incapacidade adquirida.

Considerando-se a dificuldade cada vez maior de


quantificar o dano moral, o patrono subscritor
requer que no caso de deferimento da parcela ora
postulada, seja admitido como teto máximo para a
indenização o valor equivalente aquele postulado
para fins de pensão por incapacidade (art. 950),
ou seja, R$ 227.497,20 (duzentos e vinte e sete
mil, quatrocentos e noventa e sete reais e vinte
centavos), decorrentes do produto dos 613,2 meses
de expectativa de sobrevida, conforme tabela IBGE,
pelo percentual de 50% da remuneração (R$
371,00), devendo a indenização ser corrigida no
tempo, nos termos da Súmula 464 do STF, sendo que
as prestações vencidas até o efetivo pagamento
deverão ser acrescidas de correção monetária e
juros legais - arts. 398 e caput c/c parágrafo
único do art. 950 do Código Civil.
5.5. SÍNTESE DO PEDIDO LÍQUIDO:

5.6. DO PEDIDO ILÍQUIDO:


Isto posto, requer a condenação da Ré, ainda, no
pagamento:

 Gratuidade da justiça, nos termos da lei;

 Despesas com tratamento médico, por


arbitramento;

 ·Lucros cessantes;

 Despesas de processo e demais cominações


legais;Constituição de capital, na forma do
art. 602 do CPC, de aplicação subsidiária;
 Juros de mora desde a prática do evento danoso
na forma do art. 398 do CC “Nas obrigações
provenientes de ato ilícito, considera-se o
devedor em mora, desde que o praticou”;
 Juros legais na forma do art. 406 do CC: “Art.
406. Quando os juros moratórios não forem
convencionados, ou o forem sem taxa estipulada,
ou quando provierem de determinação da lei,
serão fixados segundo a taxa que estiver em
vigor para a mora do pagamento de impostos
devidos à Fazenda Nacional.”, à base de 1%,
conforme Enunciado Aprovado na Jornada de
Direito Civil do - CEJ da CJF (11 a
15.09.2002) “a taxa de juros moratórios a que
se refere o art. 406 é a do art. 161, § 1º,
do Código Tributário Nacional, ou seja, 1% (um
por cento) ao mês. A utilização da taxa SELIC
como índice de apuração dos juros legais não é
juridicamente segura, porque impede o prévio
conhecimento dos juros; não é operacional,
porque seu uso será inviável sempre que se
calcularem somente juros ou somente correção
monetária; é incompatível com a regra do
art. 591 do novo Código Civil, que permite
apenas a capitalização anual dos juros, e pode
ser incompatível com o art. 192, § 3º,
da Constituição Federal, se resultarem juros
reais superiores a 12% (doze por cento) ao
ano”. (Grifamos);
 Correção monetária;

 Honorários advocatícios no percentual de 20%


(vinte) sobre o valor da condenação e mais um
ano das prestações vincendasmormente diante da
inovação trazida pelo art. 389 do CC e SÚMULAS
STF Nº 234 “São devidos honorários de advogado
em ação de acidente do trabalho julgada
procedente.” e SÚMULA STF Nº 450 “São devidos
honorários de advogado sempre que vencedor o
beneficiário de justiça gratuita.”.
ex positis, requer a autora com o devido respeito
à V. Ex.ª, que a indenização a seu favor seja
calculada sobre sua última remuneração devidamente
atualizada na forma requerida nos itens acima, ou
devidamente arbitrada por artigos, ou outro tipo
de cálculo que V. Ex.ª houver por bem de
determinar, como de direito e Justiça.
6. DO REQUERIMENTO DAS PROVAS:
A autora requer com fundamento no artigo 630, §
3º e 4º da Consolidação das Leis Trabalhistas, na
Lei nº. 8.213 de 24.07.91, Portaria nº. 3.214 de
08.06.78 e nos artigos 355 e 359 do Código de
Processo Civil Brasileiro, a apresentação de
documentos pela Ré, que deverá trazer aos autos
com sua defesa, sob pena de confissão quanto à
matéria de fato:
a) A apresentação de todos os atestados de saúde
ocupacional, exames médicos e fichas de registro
da autora, NR – 7, item 7.1.5.2;
b) PCMSO referente a todo o período laborado –
item 7.1.1. Da NR 7;
c) PCMAT referente a todo o período laborado –
item 18.3. Da NR 18;
d) Controle periódico dos riscos ambientais
previstos na NR-9 item 9.4.1, ou seja, o PPRA
(Programa de Prevenção de Riscos Ambientais)
referente a todo período laborado;
e) Comunicação do acidente de trabalho previsto na
NR-5 item 5.16 - letra h, l, m, anexos I e II;
f) Instrução aos seus empregados: treinamento
através de ordens de serviços, CLT 157, II e NR-1,
item 1.7. B;
g) A teor do que dispõe a Lei nº 8.213 de
24.07.91, Artigo 19, § 1º, que trata dos meios de
proteção à segurança da autora, e Artigo 19, § 3º,
que regra caber ao empregador informar os riscos
da operação ao empregado, seja a Ré compelida a
provar que se desincumbiu desse ônus;
h) Todas as Atas de Reunião (ordinárias e
extraordinárias) da CIPA, referentes a todo o
período laborado pela autora, para que se possa
analisar se as atribuições da CIPA foram
integralmente cumpridas notadamente as elencadas
no item 5.16 da NR-5;
i) Por força do que dispõe a NR-4, item 4.1, as
empresas têm a obrigação de manter serviços de
engenharia e medicina do trabalho, logo, em face
dessa determinação, requer o patrono, seja a Ré
compelida a trazer para os autos documentos
comprobatórios de que mantém os referidos
serviços, assim como, comprovar a utilização
destes serviços em prol dos trabalhadores que
laboravam no setor da autora;
j) Ainda por força do que dispõe a NR-6,
notadamente no inciso II do item 6.3, seja Ré
compelida a trazer o recibo de entrega do EPI que
deveria ser utilizado pela autora, os quais devem
ser entregues mediante contra-recibo;
k) Certificado de Aprovação de Instalações - CAI,
item 2.2 NR-2.
Os documentos requeridos pela autora são de porte
obrigatório da Ré, por força de lei, com os quais
aquele pretende demonstrar ao ínclito Juízo que
esta nada fez para protegê-lo das condições
adversas de trabalho, requerimento esse
fundamentado nos artigos 355 e 359 do Código de
Processo Civil, sob pena de confissão.
7. DOS REQUERIMENTOS FINAIS:
Nestas condições, requer ainda, digne-se V. Ex.ª
em ordenar a CITAÇÃO da Ré para, querendo,
apresentar sua contestação no prazo legal, sob
pena de revelia e confissão, trazendo aos autos os
documentos solicitados, sob as respectivas
penalidades legais, para que ao fim seja esta ação
julgada TOTALMENTE PROCEDENTE com a condenação da
reclamada nas verbas já especificadas
anteriormente, acrescidos de correção monetária e
juros legais de mora, bem como custas e demais
despesas de estilo.
Protesta-se provar todo o alegado por meio de
provas não vedadas em direito, especialmente pelo
depoimento pessoal do representante legal da Ré,
oitiva das testemunhas, perícias, constatações, e
juntada de novos documentos que se fizerem
necessários para contraprova no decorrer do
processo.

Dá-se a presente causa, para efeito de alçada, o


valor de R$ 454.994,40.
N. Termos,

P. Deferimento.

Sua Cidade/XX, XX de XX de XXXX.

Documentos anexos:
· Procuração;

· Contrato de honorários;

· Documentos pessoais;

· CNPJ da Reclamada;

· Laudos;

· Tábua de Mortalidade do IBGE.


[1] Indenizações por Acidente do Trabalho ou
Doença Ocupacional. LTR. 1ª ed. SP -2005. P 65.

[2] Extraído do
site: http://www.fazer.com.br/layouts/abrat/defaul
t2.asp?cod_materia=2529
[3] Op. Cit.

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