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ISBN 978-85-7846-455-4

VISÕES DEFORMADAS NA CONSTRUÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO

Bianca Cristina dos Santos


Universidade Estadual de Maringá (UEM)
bianca.csantos32@gmail.com.br
Eixo 1: Formação e Ação Docente

Resumo: Era de se esperar que profissionais licenciados com formação nas áreas
científicas fossem aptos para promover a transmissão de uma imagem adequada
quanto ao que é a construção do conhecimento científico. Entretanto, observa-se, a
partir de numerosos estudos, que a produção dos conhecimentos científicos está
deixando a desejar à medida que os experimentos e a busca pelos resultados a
partir de métodos empíricos se distanciam dos objetivos do “ensinar ciências”. O que
se vê, principalmente nas universidades, é apenas uma apresentação dos
conhecimentos já elaborados, não dando a oportunidade de exploração das
atividades na perspectiva de um ensino investigativo. Posto isso, o presente trabalho
objetiva uma discussão quanto à importância de saber mais sobre as visões
deformadas dos professores sobre o trabalho científico para que seja possível então,
promover uma conscientização e modificação em relação às próprias concepções
acerca da natureza da ciência e da construção do trabalho científico.

Palavras-chave: Ensino, Ciências, Trabalho científico.

Introdução
O que se percebe a partir de observações e estudo sobre o assunto
é que, uma educação pautada apenas na transmissão de conhecimentos dá origem
a investigações que evidenciam concepções inadequadas e, partir disso, também se
percebe que a estratégia pedagógica acaba adquirindo sentido apenas em função
da opção epistemológica de seu autor.
A partir disso, é preciso pensar na necessidade de estabelecer uma
visão do que poderia ser considerada uma visão aceitável do trabalho científico
mesmo que seja difícil estabelecer um modelo único para os métodos científicos.
Para tanto, o texto está organizado em dois tempos articulados:
inventar um consenso sobre o que deveria ser inventado e considerar o que há em
comum entre as diversas perspectivas e teses epistemológicas, baseando-se na
pesquisa realizada por Pérez (et al, 2001).

Metodologia

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A fim de identificar as deformações relativas ao trabalho científico na
imagem proporcionada pelo ensino da ciência, Pérez (et al, 2001) desenvolveu
diferentes atividades com grupos de professores de formações inicial e continuada.
Para isso, foram utilizadas duas estratégias: na primeira, grupos de docentes em
situação de investigação deveriam analisar criticamente as concepções deles
mesmos acerca do trabalho científico. A este respeito, os autores citam que

Sem dúvida, a nossa hipótese - e a nossa aposta - foi que, ao criar-


se uma situação de investigação coletiva e cooperativa, nós,
professores, pudéssemos distanciar-nos criticamente das nossas
concepções e práticas habituais, frutos de uma influência do meio
que não tínhamos ainda tido ocasião de analisar ou valorizar.
(PÉREZ et al, 2001, p. 128).

Desta maneira, os autores buscam aproximar a imagem mais


adequada do trabalho científico a partir das considerações sobre as deformações
apontadas ao mesmo tempo em que trata explicitamente de não repetir as mesmas
deformações.
Para elencar as deformações, os autores apresentam, brevemente,
alguns pontos que tendem a afastar a construção do conhecimento científico. São
eles:
A Concepção empíricoindutivista e ateórica. Tal concepção deixa de
levar em consideração as hipóteses como norteadoras das investigações.
A Visão rígida (algorítmica, exata, infalível,...). Tal deformação é
identificada na literatura e apresenta o “método-científico” como um conjunto de
etapas a seguir mecanicamente.
A Visão aproplemática, ahistórica, dogmática e fechada). Tal
deformação tende a transmitir conhecimentos já elaborados, sem levar em
consideração uma problemática capaz de desenrolar o conhecimento e fazer com
que os alunos compreendam melhor e façam uso daquilo que está sendo ensinado.
Visão exclusivamente analítica. Tal deformação apresenta o
conhecimento de forma parcelada e limitada sem a construção de pontes entre um
conhecimento e outro.
Quanto à visão acumulativa de crescimento linear, o
desenvolvimento científico aparece como fruto de um crescimento linear, puramente
acumulativo. Tal visão é uma interpretação simplificada da evolução dos
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conhecimentos científicos pois não leva em consideração as confrontações entre
uma teoria e outra, logo, também não considera a complexidade nos processos de
mudança.
A Visão individualista e elitista é uma das visões deformadas mais
assinaladas pelos grupos de professores. Tal visão, muitas vezes, insiste na ideia de
que o trabalho científico só pode ser dominado por pessoas especialmente dotadas,
isto é, uma minoria. O que acaba por gerar expectativas negativas aos alunos que,
desta maneira, tendem a acreditar que são incapazes de produzir novas ideias.
Quanto à imagem socialmente neutra da ciência, em tal concepção,
tende-se a esquecer das complexas relações entre ciência, tecnologia e sociedade,
ciando uma imagem deformada dos cientistas como pessoas alheias às
necessidades de fazer opções, de serem, de fato, pessoas.

Considerações finais
A partir dos possíveis debates que se colocam com base na
natureza do trabalho científico,

[...] uma certa perplexidades entre professores e investigadores em


Didática das Ciências leva a questionar se faz sentido falar de uma
concepção correta de ciência e se vale, pois, a pena incluir a filosofia
da ciência nos programas de formação de professores (PÉREZ, et al,
2001, p. 135).

Isso porque os dados têm sentido em si mesmos e precisam ser


interpretados de acordo com um sistema teórico, cabendo destacar, também, o
papel atribuído pela investigação ao pensamento divergente.

É necessário chamar aqui a atenção para as interpretações


simplistas dos resultados das experiências e para um possível
“reducionismo experimentalista”: não basta um tratamento
experimental para refutar ou comprovar - nem sequer
provisoriamente uma hipótese; trata-se, sobretudo da existência, ou
não, de coerência global com o corpo de conhecimentos vigente
(PÉREZ, et al, 2001, p. 137).

Sendo assim, o processo científico deve ter por finalidade o


estabelecimento de generalizações que possam ser aplicáveis à natureza, pois, as
ações científicas recarem, diretamente sobre o mundo físico e social, por isso, a

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ciência deve estar ligada à realidade. E é, na realidade, de fato, que o ensino deve
se desenvolver, pautando-se nos conhecimentos prévios e nas vivências dos alunos.

REFERÊNCIAS

PÉREZ, Daniel Gil. MONTORO, Isabel Fernández. ALÍS, Jaime Carrascosa.


CACHAPUZ, António. PRAIA, João. Para uma visão não deformada do trabalho
científico. Ciência e Educação, v.7, n.2, p.125-153, 2001.

CACHAPUZ, Antônio Francisco Carrelhas. O Ensino das Ciências para a Excelência


das Aprendizagens. In: CARVALHO, Ana Maria Pessoa de (Org.). Novas
Metodologias em Educação. Porto: Porto, p. 349-385, 1995.

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