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O documento discute psicomotricidade, que envolve intervenção corporal para melhorar a capacidade de adaptação considerando as interações entre motricidade, emoções e cognição. A psicomotricidade pode ser aplicada em contextos de perturbações do desenvolvimento e da aprendizagem, estimulando funções cognitivas, linguísticas, sócio-afetivas e motoras através de atividades e melhorando a autoestima. Um caso exemplifica como a psicomotricidade pode ajudar uma criança com dificuldades na escola.
O documento discute psicomotricidade, que envolve intervenção corporal para melhorar a capacidade de adaptação considerando as interações entre motricidade, emoções e cognição. A psicomotricidade pode ser aplicada em contextos de perturbações do desenvolvimento e da aprendizagem, estimulando funções cognitivas, linguísticas, sócio-afetivas e motoras através de atividades e melhorando a autoestima. Um caso exemplifica como a psicomotricidade pode ajudar uma criança com dificuldades na escola.
O documento discute psicomotricidade, que envolve intervenção corporal para melhorar a capacidade de adaptação considerando as interações entre motricidade, emoções e cognição. A psicomotricidade pode ser aplicada em contextos de perturbações do desenvolvimento e da aprendizagem, estimulando funções cognitivas, linguísticas, sócio-afetivas e motoras através de atividades e melhorando a autoestima. Um caso exemplifica como a psicomotricidade pode ajudar uma criança com dificuldades na escola.
A Psicomotricidade, como forma de intervenção de mediação corporal, constitui
um recurso pedagógico e terapêutico em situações onde a capacidade de adaptação está comprometida, considerando que as potencialidades motoras, emocionais, mentais do indivíduo estão em constante interacção e integração.
A Psicomotricidade, como amplo campo de intervenção, privilegia experiências
corporais com incidência corporal, relacional e cognitiva.
A quem se aplica?
As práticas psicomotoras podem desenvolver-se em contextos de acção
diferenciados, em função da origem, história e caracterização do sujeito, nas suas possibilidades e dificuldades, e do contexto de intervenção (Fonseca e Martins, 2001).
No nosso caso, temos aplicado a Psicomotricidade no contexto das
perturbações do desenvolvimento e da aprendizagem.
Como actua?
A interacção com os materiais, no brincar que também se propõe ser a
actividade psicomotora, permite, de uma forma mais óbvia, ganhos a nível psicomotor, mas também esconde a estimulação de várias capacidades a nível cognitivo, linguístico e sócio-afectivo.
a. Ao nível das funções cognitivas e executivas
Em termos das funções cognitivas e executivas, a interacção com os materiais
e a mediatização da acção pelo técnico, consistem num permanente estímulo do raciocínio lógico, da abstracção, do estabelecimento de relações entre as acções, da resolução de tarefas-problema, da percepção, da memória e da atenção, da capacidade de pensar a sua acção antes de a realizar e de antecipar as consequências do seu comportamento motor e/ou as suas dificuldades. b. Ao nível das funções linguísticas
Em termos das funções linguísticas, além de se estimular a aquisição de
conceitos muito básicos (cor, forma, tamanho, textura, velocidade, posição, ordem, etc), a criança é incentivada a usar a sua linguagem interior como mediadora entre o pensamento e a sua acção, desta forma, regulando e adaptando o seu comportamento às necessidades da situação.
c. Ao nível sócio-afectivo e emocional
A interacção com o técnico, num contexto informal, permite o surgimento de
temáticas de interesse para a criança. Muitas vezes, ao ser dada à criança a oportunidade de projectar as suas angústias, frustrações e preocupações (por exemplo, quando assume uma personagem de uma história a ser dramatizada ou no brincar com as marionetas), estamos a contribuir para a exteriorização e a resolução, muitas vezes inconsciente, desse mal-estar. Para além disso, a relação com os materiais origina muitas oportunidades de aprendizagem de competências sociais.
Quando as tarefas, especificamente planeadas para ter em um nível óptimo de
dificuldade (ou seja, nem demasiadamente fáceis, nam demasiadamente difíceis) são resolvidas com sucesso, verificamos que a criança aumenta a sua auto-confiança e a sua auto-estima e anima-se a realizar um esforço maior para conseguir ir além do que se julga capaz.
d. Ao nível das funções psicomotoras e motoras
Em muitas crianças, encontramos um perfil psicomotor pouco funcional que
exige uma intervenção específica. Na presença de problemas ao nível da tonicidade, do equilíbrio, da lateralidade, da somatognosia, da estruturação espacio-temporal ou da praxia grosseira (global) ou fina, são propostas tarefas que visam desenvolver estas áreas que se apresentam global ou especificamente fracas, numa lógica de que as experiências significativas que temos com o nosso corpo, por se encontrarem num eixo muito básico do desenvolvimento humano, podem servir de base para o desenvolvimento do nosso pensamento e para a modificação do nosso próprio comportamento.
A nível motor, os problemas de coordenação, flexibilidade, velocidade ou força,
podem ser ultrapassados ou, pelo menos, melhorados, através da realização de várias tarefas motoras. Quais são os resultados?
Em termos práticos, a intervenção a nível psicomotor por nós desenvolvida
desde 1997, tem-se revelado uma forma importante de intervenção pedagógico-terapêutica, na medida em que é organizadora, não só do comportamento, mas do próprio pensamento, uma vez que, o facto de aprender e conseguir organizar-se externamente, em interacção com os diversos materiais presentes no ginásio / sala terapêutica, auxilia-a a organizar o seu interior, de uma forma consciente ou inconsciente.
Temos verificado melhorias a todos os níveis acima citados, associado a um
aumento da auto-estima.
O exemplo de um caso
O João é uma criança de 8 anos que frequenta o 2º ano de escolaridade.
Apresenta imaturidade psicomotora, compromisso linguístico e, eventualmente, até cognitivo. A professora queixa-se que o João "está sempre na lua" e, muitas vezes, não percebe as tarefas/instruções que lhe pede. Parece ter "bicho carpinteiro". Presentemente, está a atravessar um período de grandes dificuldades e frustração na aquisição da leitura e escrita. Além de uma intervenção específica com a criança, a família também necessita de estratégias que permitam ajudar a lidar com este problema.
O objectivo geral da intervenção é promover o desenvolvimento global do
João, nas suas vertentes psicomotora, cognitiva, linguística e sócio- comportamental.
Após uma cuidada avaliação da criança, é elaborado um Plano Reeducativo
Individualizado (PRI) que apresenta orientações de intervenção a nível individual, a nível familiar e a nível escolar, sendo o técnico responsável pela sua aplicação e articulação entre os vectores CRIANÇA-FAMÍLIA-ESCOLA- MÉDICO.
Assim, em termos individuais, optar-se-ia por uma intervenção em contexto
de ginásio, implementando a realização de circuitos, esquemas, dramatizações e relaxação; em contexto de gabinete, a realização de diversas tarefas de estimulação cognitiva e linguística, recorrendo a jogis de naturezas diversas (puzzles, encaixes, correspondências, completamentos, jogos de palavras, como exemplos) e actividades de consciencialização fonológica, ligada a actividades de leitura e escrita, usando texto e tema significativos para a criança e criando, por exemplo, histórias e guiões de dramatização passíveis de serem teatralizados no ginásio. Neste contexto, a organização das actividades a desenvolver podem ser descritas oralmente, antes da sua realização, ou até por escrito, com objectivos de desenvolvimento linguístico e não só tendo em vista o desenvolvimento psicomotor. Sem um planeamento cuidado, contudo flexível, das sessões. Corre-se o risco de desperdiçar tempo e de não se ter a clara e concreta noção dos ganhos que se vão conquistando ao longo do tempo.
O contacto permanente e a discussão das situações-problema vividas pela
criança com outros técnicos tem-se revelado fundamental. Assim, é imprescindível recolher informação também junto dos professores do ensino regular, do director de turma, do professor da ginástica ou natação (particularmente importantes nos casos de crianças com suspeita de défice de atenção, descoordenação motora e/ou problemas de comportamento), os explicadores, psicólogos, terapeutas ou outros técnicos que conheçam a criança e possam fornecer dados relevantes.
Bibliografia:
Fonseca, V. e Martins, R. (2001). Progressos em Psicomotricidade. Edições