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CLIO História – Prof.

º Almir Ribeiro

soldado romano, e mesmo os aliados gauleses de


O Mundo Bárbaro Roma não se consideravam súditos. Enquanto César
conduzia suas legiões até as Ilhas Britânicas – outro
Do ponto de vista da História ocidental, o Império ato mais político do que efetivo, pois a autoridade
Romano constituía, em sua época de apogeu, um romana só chegaria ao sul da Inglaterra depois de
centro mundial de civilização. Mas, fora de suas quase um século, no governo do imperador Cláudio
fronteiras, outros povos criaram culturas originais, (41/54) – os gauleses preparavam a resposta ao
alcançando uma desenvolvida organização social. A “conquistador das Gálias”.
esses povos, que não falavam latim e não estavam Em 52 a.C. o líder arvernense Vercingetórix uniu
sob o domínio do império, os romanos chamavam numa rebelião praticamente todas as tribos da Gália
‘'bárbaros’’. central, ameaçando esmagar as legiões.
Audaciosamente, César dividiu suas forças,
A ROMANIZAÇÃO DAS TRIBOS GAULESAS expondo-as ainda mais, e levou a guerra ao
No século V a.C., tribos gaulesas ocuparam todo o Auvergne, território de Vercingetórix, recuperando a
norte da Itália, chegando até Bolonha e atingindo o iniciativa.
litoral do Adriático. Em 390 a.C., seus guerreiros Nos encontros seguintes, o líder gaulês evitou os
saquearam a cidade de Roma, retirando-se após o combates em campo aberto, fustigando os romanos
pagamento de um resgate. O contato entre gauleses com surtidas de cavalaria e com a “tática de terra
e romanos, na maioria das vezes hostil, terminaria arrasada”. Mas a disciplina das legiões terminou por
por estender as instituições romanas por toda a triunfar e, cercados na fortaleza de Alésia, os
Europa ocidental. rebeldes foram obrigados a se render. Após decisão
da assembléia dos chefes gauleses, Vercingetórix
Aquém e além dos Alpes ofereceu-se aos romanos e, simbolicamente, depôs
Na verdade, o território das tribos gaulesas era suas armas aos pés de Júlio César. Seria conduzido
então muito mais extenso que as áreas onde a Roma e morto depois de exibido aos romanos
vigoravam as leis romanas. As terras ao norte do rio como presa de guerra, por ocasião do triunfo
Pó, do lado italiano dos Alpes, correspondiam à concedido a César.
Gália Cisalpina (aquém dos Alpes). Do outro lado da
cordilheira, na França meridional, situava-se a Gália Dividir para reinar
Transalpina (além dos Alpes). O restante do Seguindo seu preceito político tradicional Divide et
território francês constituía a Gália propriamente impera – divida seus adversários para controlá-los
dita, e sobre as tribos que a dominavam sabia-se com maior facilidade –, os romanos dividiram a
muito pouco. Algumas, relataria César em De Bello Gália em quatro regiões administrativas. Na
Gallico, proibiam o acesso de mercadores, para não realidade, cada uma delas correspondia às áreas já
enfraquecer suas virtudes guerreiras com o ocupadas pelos quatro principais grupamentos de
consumo de vinho e objetos de luxo (e com a tribos gaulesas. A divisão limitou-se a manter as
difusão de idéias) de povos mais requintados. diferenças regionais, aprofundando-as onde era
O universo cultural dos gauleses e outros grupos possível.
celtas transpunha o canal da Mancha, mas esses Embora os usos e os costumes dos gauleses
grupos das Ilhas Britânicas eram ainda mais variassem de uma tribo para outra, havia um
“bárbaros” que seus primos da Gália. No início do aspecto, além do idioma celta, que favorecia a
século II da era cristã, os senados municipais e manutenção de sua identidade cultural. Esse
outras instituições romanas dominariam todo esse aspecto era a liderança dos druidas nas
espaço, do sul do Mediterrâneo até a Muralha de comunidades gaulesas. Contra eles Roma foi
Adriano, entre a Inglaterra e a Escócia. implacável.
Os druidas eram bem mais do que sacerdotes:
A CONQUISTA DAS GÁLIAS eram os depositários da herança cultural celta,
A expansão romana nos territórios gauleses teve transmitindo os costumes de geração a geração. A
início em 223 a.C., quando Caio Flamínio iniciou a anulação de seu poder político-religioso foi um golpe
conquista da Gália Cisalpina. Um século depois (121 fatal para a sobrevivência das instituições
a.C.), os territórios da Europa meridional tradicionais. A organização política dos gauleses foi
constituíam a província romana da Gália modificada, transformando os líderes das
Transalpina, e a colônia de Narbona, fundada em comunidades regionais em burocratas do império. A
118 a.C., criava uma base para a expansão romana lei romana foi imposta em todo o território, e os
pelo Mediterrâneo ocidental. governadores nomeados diretamente pelo
A conquista da Gália propriamente dita ocorreu no imperador – além dos novos magistrados –
período de 58 a.C. a 50 a.C., depois que Júlio César, passaram a responder pela manutenção da ordem.
governador da Gália Cisalpina e da Gália Seria ilusório pensar que esse processo de
Transalpina, tornou-se uma espécie de árbitro nos romanização da Gália não tenha encontrado
freqüentes conflitos entre as tribos do restante do resistência. Sobretudo em seu período inicial,
território. César aproveitou-se da situação para muitas revoltas tiveram de ser sufocadas pelas
proclamar a anexação de toda a Gália, do Atlântico legiões, às vezes com grande violência.
ocidental até o rio Reno! No ano 68, uma rebelião liderada por Gaius Julius
A “conquista” visava, fundamentalmente, a Vindex eclodiu na província lugdunense
reforçar a posição política de César junto à opinião (centralizada em Lugdunum, sede do governo
pública romana. As tribos do sudoeste, por imperial, hoje a cidade de Lyon). Indignadas com os
exemplo, jamais haviam visto um magistrado ou um
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desmandos do imperador Nero, as populações locais conseguiam pronunciá-lo exatamente como os


decidiram lutar pela independência de toda a Gália, romanos. Cortavam o final de algumas palavras,
mas foram violentamente reprimidas. anasalavam o som de outras. Na verdade, formava-
No ano seguinte Gaius Julius Civilis comandou se uma nova língua. Criavam-se as bases do francês
nova rebelião, desta vez dirigida contra as forças do moderno, uma língua “neolatina”. Essa mesma
imperador Vitélio, na ocasião voltado para a disputa transformação se processou em outras províncias
pelo poder com Vespasiano. O líder gaulês chegou a onde os romanos impuseram o uso do latim.
proclamar um “império” gálico, mas foi igualmente Primeiro surgiu uma língua intermediária, o latim
derrotado. vulgar. Enfim acabaram se consolidando as línguas
neolatinas, faladas tanto na França como em
A elite galo-romana Portugal, na Espanha, na Itália e na Romênia.
Esse antagonismo aos romanos diminuiu
gradativamente, e os gauleses que dispunham de A PROVÍNCIA MODELO
alguma influência na ordem antiga – alguns chefes Sob o domínio romano, a aparência dos gauleses
militares de prestígio, proprietários de terras, pouco se modificou. Os homens continuaram a
comerciantes – perceberam as vantagens que deixar crescer os cabelos e a usar grandes bigodes
poderiam obter fazendo uma aliança com os e fartas barbas. A túnica e a toga romanas eram
conquistadores. Em troca da fidelidade ao império, reservadas às festividades públicas; nas demais
receberam proteção, oportunidade de ocasiões preferiam suas vestes tradicionais: casacos
enriquecimento e, finalmente, o poder político, largos e calças em tecidos de cores vivas. As
complementado posteriormente com a concessão da concessões nesse setor partiram dos próprios
cidadania romana. Formou-se desse modo, na Gália, romanos que viviam na província, que perceberam
uma nova classe dirigente. que as calças gaulesas eram extremamente práticas
Na verdade, essa classe dirigente começara a para o inverno e acabaram incorporando-as a seu
surgir antes mesmo da conquista da Gália: sua vestuário.
emergência havia sido, também, um fator decisivo Em contrapartida, os centros urbanos tiveram seu
para a vitória de César. Segundo o historiador aspecto totalmente “romanizado”, ganhando
Guglielmo Ferrero, autor de Grandeza e Decadência anfiteatros, bibliotecas, termas, monumentos e
de Roma, a crise gaulesa era semelhante àquela templos semelhantes aos das cidades italianas.
que abalara a Itália meio século depois dos Graco.
“A velha nobreza proprietária, que formara uma O desenvolvimento econômico
espécie de classe média política e guerreira, e o Os templos para o culto aos imperadores foram
pequeno proprietário livre enchiam-se de dívidas e erguidos em todas as províncias do Império Romano
desapareciam. Surgia em lugar deles, poderosa e a partir do governo de Augusto. Foram
rica, a plutocracia da usura, das guerras (...), sobre especialmente numerosos na Gália, conquistada por
a qual pretendia César apoiar o governo romano.” Júlio César, tio (e pai adotivo) do primeiro
Apesar do desinteresse de algumas tribos pelo imperador. Mas tudo leva a crer que os gauleses se
comércio, apontado por César, as transações dedicavam a esses cultos por pragmatismo político.
mercantis generalizavam-se entre as nações À medida que em Roma se sucediam no poder
gaulesas, chegando até as Ilhas Britânicas. As imperadores megalomaníacos e incapazes, que
cidades se multiplicavam e nelas surgiam o tráfico precipitavam a decadência da península Itálica, os
de escravos, as atividades artesanais, a extração de laboriosos gauleses substituíam as estátuas nos
metais preciosos. Mas tudo isso ocorria no âmbito altares e passavam a queimar incenso diante da
de uma sociedade formalmente fiel aos costumes imagem do novo imperador. Depois voltavam a suas
celtas tradicionais. Conforme Ferrero, “país bárbaro atividades, que fizeram da Gália uma das regiões
a caminho da civilização, e por isso mesmo cheio de mais prósperas de todo o império.
contradições, a Gália não soube fazer nem a Foi essa prosperidade, beneficiada pelas
guerrilha terrível e persistente dos bárbaros, nem a instituições do Direito romano, que serviu de
guerra sábia e metódica dos povos civilizados”. A suporte para a romanização. As densas florestas
derrota de Vercingetórix em Alésia seria explicada foram cortadas por quase 2 000 km de estradas,
por essa “incoerência característica da sociedade que, somando-se aos rios navegáveis, facilitaram a
gaulesa”. circulação de mercadorias e favoreceram o comércio
A nova classe dirigente, de mercadores e dos produtos gauleses com o resto do mundo
plutocratas, impulsionou a romanização e ocupou as romano e não romano. Grande parte das florestas
várias magistraturas. Eram de sua competência os foi derrubada e o solo foi preparado para o uso
problemas específicos da província, encaminhados agrícola. A Gália Narbonense destacou-se por sua
em reuniões anuais realizadas em Lugdunum. O vastíssima cultura de trigo.
governador romano reconhecia essa autoridade e Desenvolveu-se também a tecnologia de
encarregava-se apenas das questões diretamente produção. Segundo o historiador romano Plínio, os
relacionadas ao império, entre as quais, gauleses inventaram uma ceifadeira mecânica, além
naturalmente, o recolhimento dos impostos devidos do arado com rodas, muito mais funcional que o
a Roma. arado romano, sem rodas. A produção era
diversificada e as colheitas excepcionais.
AS LÍNGUAS NEOLATINAS Prosperaram também as atividades industriais. A
Na Gália romana, por imposição do dominador, o Gália especializou-se na produção de vinhos de alta
latim tornou-se a língua oficial. Mas os gauleses não qualidade, tradição que se mantém até os dias de
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hoje. A fabricação de cerâmica atingiu elevado nível que fora eleito chefe absoluto pela assembléia de
artístico; seus objetos eram disputados em toda a nobres e arimani, investido de plenos poderes
Europa. Os tecidos de lã, produzidos especialmente enquanto durassem as hostilidades.
na região de Lugdunum, eram apreciadíssimos. O
artesanato em vidro atingiu alto grau de A Assembléia dos Guerreiros
refinamento. Os povos germânicos nunca constituíram um
O sucesso das atividades econômicas enriqueceu Estado unificado. Cada sippe era uma unidade
progressivamente os patrícios galo-romanos, que, independente e dominava um determinado
numa época em que a falta de segurança território, permanecendo ali por um tempo variável.
caracterizava as cidades imperiais, puderam O principal organismo de governo era a Thing ou
aumentar e fortificar suas vil(ac, transformando-as Ding: a Assembléia dos Guerreiros. Composta pelos
em pequenas unidades autônomas de produção nobres e arimani, a assembléia reunia-se
relativamente seguras. Quando as tribos germânicas periodicamente ao ar livre, à sombra de um grande
invadiram a porção ocidental do Império Romano, carvalho ou de alguma outra árvore considerada
as villae e mansi (propriedades fortificadas) sagrada. A assembléia devia tomar todas as
puderam sobreviver a sua fúria destruidora. decisões de caráter básico: quando se deslocar em
busca de um território mais fértil; quando
VIZINHOS PERIGOSOS: AS TRIBOS estabelecer relações comerciais com outros povos;
GERMÂNICAS de que modo organizar os trabalhos coletivos; como
Esses “bárbaros” que devastaram a Gália e a regrar a vida cotidiana. Funcionava também como
Itália, com a mesma eficácia, eram os germanos, tribunal, aplicando as leis tradicionais. Quando se
tribos nômades que dominavam a Europa central e tratava de tomar decisões de maior importância, era
oriental. Os gauleses os temiam muito antes da convocada a assembléia denominada “Campo de
conquista de César, e os romanos, depois de Maio”. Nessas ocasiões eram planejados os futuros
perderem algumas legiões ao tentar dominar suas empreendimentos militares e eleitos os reis, os
florestas sombrias, adotaram uma estratégia chefes militares e os duques, cargos que, com o
defensiva e procuraram contê-los mediante a passar do tempo, se tornaram hereditários.
construção de milhares de quilômetros de fronteiras
fortificadas, do Reno ao Danúbio. A religião dos germanos
O rei e os duques desempenhavam também a
A guerra como vocação função de sacerdote. Interpretavam a vontade dos
Em alemão antigo Ger significa lança e Mann quer deuses, realizavam sacrifícios de animais e
dizer homem. Germano, portanto, seria “o homem oferendas de primícias (primeiros frutos dos campos
da lança”, “o lanceiro”, “o guerreiro”. e dos bosques), dirigindo anualmente as festas
Embora essa interpretação da palavra “germano” sagradas. Havia três divindades especialmente
seja controvertida, pois muitos estudiosos veneradas: a deusa-mãe Nerthus (ou Freja, ou
reivindicam a dominância da origem latina Hertha), que simbolizava a fecundidade da terra,
(germanus = irmão), a designação de guerreiros é dos rebanhos e das mulheres dos guerreiros; Wotan
muito apropriada para os povos que viviam há 2 ou Odin, deus da guerra e senhor dos mortos nas
000 anos junto às fronteiras setentrionais do batalhas; e Thor ou Donar, deus do trovão, amigo
Império Romano. dos homens e dos artesãos em especial (sua arma
Para os germanos, a guerra era a única ocupação simbólica era um martelo mágico). Mas havia
digna de um homem livre. E os guerreiros livres também divindades menores, “espíritos” das
constituíam o segmento mais alto de sua sociedade. florestas, das árvores, das fontes e de algumas
Regularmente, durante o verão, empreendiam pedras.
incursões pelos territórios vizinhos para realizar
saques. No inverno, tempo de paz, as tribos Áreas de influência germânica
dedicavam-se ao artesanato, ao comércio ou à As populações germânicas tinham origem indo-
criação de animais “nobres” como os cavalos. européia e se estabeleceram no centro-sul da
Agricultura e criação de gado eram tarefas Europa a partir do terceiro milênio antes da era
reservadas aos aldi (escravos semilivres), aos leti cristã. Ampliando gradativamente os territórios do- '
(membros de outras tribos germânicas dominadas) minados, dividiram-se em três grupos principais. Os
ou aos escravos propriamente ditos (prisioneiros de “germanos setentrionais” rumaram em direção da
guerra de origem não germânica). Escandinávia, dando origem aos atuais
dinamarqueses, suecos e noruegueses. Os
Olho por olho, dente por dente “germanos orientais” migraram para as terras a
A unidade social que determinava o sistema de leste do rio Elba, chegando até o litoral do mar
parentesco entre os guerreiros livres, os arimani, Negro.
chamava-se sippe, que quer dizer família, estirpe. Os “germanos ocidentais” ocuparam a faixa de
Uma ofensa a um dos membros da sippe era terra limitada a leste pelo rio Vístula e a oeste pelo
assumida por todo o grupo. “Olho por olho, dente Reno e pelo Danúbio. Diversas vezes tentaram
por dente, sangue por sangue” – vingar uma ofensa alcançar a Gália e outras regiões meridionais
era dever sagrado. Paralelamente, as sippe ocupadas pelos romanos. Os combates foram
funcionavam como unidades de combate. Durante a inevitáveis.
batalha, a sippe avançava numa formação em
cunha. A ponta da cunha era ocupada pelo guerreiro Relações com os romanos
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No entanto, romanos e germanos não se instável de sua história. Revoltas de nobres e


relacionavam apenas na guerra. Havia uma certa famílias poderosas abalaram as províncias. Seus
regularidade em suas transações comerciais, inimigos tradicionais, os nômades hunos, infligiram-
quando os germanos trocavam objetos de ferro, lhes derrotas humilhantes. Finalmente um
peles, couros, animais e escravos por trigo e vinho descendente de um ramo lateral da família Han
produzidos no Império Romano. Suas relações tomou o poder.
aprofundaram-se quando algumas populações Era o imperador Liu-Hsiu, fundador da dinastia
germânicas da fronteira se tornaram confederadas, dos Han orientais. A China voltou a comerciar com
isto é, aliados militares dos romanos. Enfim, quando todo o Oriente a partir do porto de Nan-Hai
a retidão e a capacidade militar dos guerreiros (Cantão). As sedas chinesas eram apreciadas até no
germanos se tornaram famosas no Império Império Romano, vendidas por mercadores persas e
Romano, os imperadores passaram a exigir que sua hindus.
guarda especial fosse formada exclusivamente por Nos anos seguintes, os exércitos chineses
soldados germânicos. estenderam o império até o Turquestão e o golfo
Pérsico. Internamente, os ensinamentos de Buda se
OS CAVALEIROS DAS ESTEPES propagaram entre o povo; a religião budista
A leste do território das tribos germânicas, nas instalou-se para ficar. Mas, em 220, um novo
estepes da Rússia meridional – uma região que se período de revoltas e instabilidade se iniciou com a
estendia do mar Negro às fronteiras do Império queda da dinastia Han oriental.
Chinês –, viviam numerosíssimos povos nômades.
Da maioria não se conhecem sequer os nomes, e
nenhum deles chegou a construir uma unidade
política; eram aglomerados de tribos de pastores
que se deslocavam em hordas, conduzindo seus
rebanhos, utilizando carroças para o transporte e
acampando sob barracas de peles.
Notabilizaram-se como guerreiros. Eram exímios
arqueiros e dispunham de uma cavalaria
extremamente organizada, que lhes possibilitava
manobras ágeis e rápidas retiradas.
Os hunos foram os mais famosos dos guerreiros
das estepes. O historiador latino Amiano Marcelino
faz deles uma descrição impressionante: “São
fortes, robustos, com o pescoço grosso e aspecto
monstruoso (...). Em suas migrações, o gado e as
famílias os seguem em carros; é aí que as mulheres
fiam, cosem, dão à luz os filhos e os criam (...). Os
homens permanecem pregados nos cavalos, sobre
os quais fazem tudo: reúnem-se em assembléia,
compram e vendem...”.
Quando esses cavaleiros começaram a pressionar
seus vizinhos germânicos, estes se precipitaram
sobre o império, nas chamadas invasões bárbaras. *

OS SENHORES DO ORIENTE
No ano de 166 – assim relatam as Crônicas
chinesas – apresentaram-se à corte dos soberanos
Han alguns bárbaros chegados por mar, de um
longínquo reino do Ocidente. Esse reino, disseram
eles, era governado pelo soberano An-Tun e tinha
como capital uma cidade chamada Ro-ma, que
pretendia governar os quatro cantos do mundo.
O imperador não castigou os estrangeiros pela
afirmação pretensiosa: ao contrário, concedeu-lhes
o direito de comércio e encheu-os de presentes.
Esse episódio ocorreu, efetivamente, durante o
reinado do imperador Marco Aurélio Antonino, filho
adotivo e sucessor de Antonino Pio. E testemunha a
ausência praticamente completa de contatos entre
dois grandes pólos de civilização da Antiguidade, o
Império Romano e o Império Chinês.
No ano 9 da era cristã, na China, caiu a dinastia
dos imperadores Han acidentais. O Império Chinês,
que até então vivera em relativa tranqüilidade,
comerciando suas mercadorias com os povos mais
distantes, passou a viver um período tumultuado e

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