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º Almir Ribeiro
hoje. A fabricação de cerâmica atingiu elevado nível que fora eleito chefe absoluto pela assembléia de
artístico; seus objetos eram disputados em toda a nobres e arimani, investido de plenos poderes
Europa. Os tecidos de lã, produzidos especialmente enquanto durassem as hostilidades.
na região de Lugdunum, eram apreciadíssimos. O
artesanato em vidro atingiu alto grau de A Assembléia dos Guerreiros
refinamento. Os povos germânicos nunca constituíram um
O sucesso das atividades econômicas enriqueceu Estado unificado. Cada sippe era uma unidade
progressivamente os patrícios galo-romanos, que, independente e dominava um determinado
numa época em que a falta de segurança território, permanecendo ali por um tempo variável.
caracterizava as cidades imperiais, puderam O principal organismo de governo era a Thing ou
aumentar e fortificar suas vil(ac, transformando-as Ding: a Assembléia dos Guerreiros. Composta pelos
em pequenas unidades autônomas de produção nobres e arimani, a assembléia reunia-se
relativamente seguras. Quando as tribos germânicas periodicamente ao ar livre, à sombra de um grande
invadiram a porção ocidental do Império Romano, carvalho ou de alguma outra árvore considerada
as villae e mansi (propriedades fortificadas) sagrada. A assembléia devia tomar todas as
puderam sobreviver a sua fúria destruidora. decisões de caráter básico: quando se deslocar em
busca de um território mais fértil; quando
VIZINHOS PERIGOSOS: AS TRIBOS estabelecer relações comerciais com outros povos;
GERMÂNICAS de que modo organizar os trabalhos coletivos; como
Esses “bárbaros” que devastaram a Gália e a regrar a vida cotidiana. Funcionava também como
Itália, com a mesma eficácia, eram os germanos, tribunal, aplicando as leis tradicionais. Quando se
tribos nômades que dominavam a Europa central e tratava de tomar decisões de maior importância, era
oriental. Os gauleses os temiam muito antes da convocada a assembléia denominada “Campo de
conquista de César, e os romanos, depois de Maio”. Nessas ocasiões eram planejados os futuros
perderem algumas legiões ao tentar dominar suas empreendimentos militares e eleitos os reis, os
florestas sombrias, adotaram uma estratégia chefes militares e os duques, cargos que, com o
defensiva e procuraram contê-los mediante a passar do tempo, se tornaram hereditários.
construção de milhares de quilômetros de fronteiras
fortificadas, do Reno ao Danúbio. A religião dos germanos
O rei e os duques desempenhavam também a
A guerra como vocação função de sacerdote. Interpretavam a vontade dos
Em alemão antigo Ger significa lança e Mann quer deuses, realizavam sacrifícios de animais e
dizer homem. Germano, portanto, seria “o homem oferendas de primícias (primeiros frutos dos campos
da lança”, “o lanceiro”, “o guerreiro”. e dos bosques), dirigindo anualmente as festas
Embora essa interpretação da palavra “germano” sagradas. Havia três divindades especialmente
seja controvertida, pois muitos estudiosos veneradas: a deusa-mãe Nerthus (ou Freja, ou
reivindicam a dominância da origem latina Hertha), que simbolizava a fecundidade da terra,
(germanus = irmão), a designação de guerreiros é dos rebanhos e das mulheres dos guerreiros; Wotan
muito apropriada para os povos que viviam há 2 ou Odin, deus da guerra e senhor dos mortos nas
000 anos junto às fronteiras setentrionais do batalhas; e Thor ou Donar, deus do trovão, amigo
Império Romano. dos homens e dos artesãos em especial (sua arma
Para os germanos, a guerra era a única ocupação simbólica era um martelo mágico). Mas havia
digna de um homem livre. E os guerreiros livres também divindades menores, “espíritos” das
constituíam o segmento mais alto de sua sociedade. florestas, das árvores, das fontes e de algumas
Regularmente, durante o verão, empreendiam pedras.
incursões pelos territórios vizinhos para realizar
saques. No inverno, tempo de paz, as tribos Áreas de influência germânica
dedicavam-se ao artesanato, ao comércio ou à As populações germânicas tinham origem indo-
criação de animais “nobres” como os cavalos. européia e se estabeleceram no centro-sul da
Agricultura e criação de gado eram tarefas Europa a partir do terceiro milênio antes da era
reservadas aos aldi (escravos semilivres), aos leti cristã. Ampliando gradativamente os territórios do- '
(membros de outras tribos germânicas dominadas) minados, dividiram-se em três grupos principais. Os
ou aos escravos propriamente ditos (prisioneiros de “germanos setentrionais” rumaram em direção da
guerra de origem não germânica). Escandinávia, dando origem aos atuais
dinamarqueses, suecos e noruegueses. Os
Olho por olho, dente por dente “germanos orientais” migraram para as terras a
A unidade social que determinava o sistema de leste do rio Elba, chegando até o litoral do mar
parentesco entre os guerreiros livres, os arimani, Negro.
chamava-se sippe, que quer dizer família, estirpe. Os “germanos ocidentais” ocuparam a faixa de
Uma ofensa a um dos membros da sippe era terra limitada a leste pelo rio Vístula e a oeste pelo
assumida por todo o grupo. “Olho por olho, dente Reno e pelo Danúbio. Diversas vezes tentaram
por dente, sangue por sangue” – vingar uma ofensa alcançar a Gália e outras regiões meridionais
era dever sagrado. Paralelamente, as sippe ocupadas pelos romanos. Os combates foram
funcionavam como unidades de combate. Durante a inevitáveis.
batalha, a sippe avançava numa formação em
cunha. A ponta da cunha era ocupada pelo guerreiro Relações com os romanos
CLIO História – Prof.º Almir Ribeiro
OS SENHORES DO ORIENTE
No ano de 166 – assim relatam as Crônicas
chinesas – apresentaram-se à corte dos soberanos
Han alguns bárbaros chegados por mar, de um
longínquo reino do Ocidente. Esse reino, disseram
eles, era governado pelo soberano An-Tun e tinha
como capital uma cidade chamada Ro-ma, que
pretendia governar os quatro cantos do mundo.
O imperador não castigou os estrangeiros pela
afirmação pretensiosa: ao contrário, concedeu-lhes
o direito de comércio e encheu-os de presentes.
Esse episódio ocorreu, efetivamente, durante o
reinado do imperador Marco Aurélio Antonino, filho
adotivo e sucessor de Antonino Pio. E testemunha a
ausência praticamente completa de contatos entre
dois grandes pólos de civilização da Antiguidade, o
Império Romano e o Império Chinês.
No ano 9 da era cristã, na China, caiu a dinastia
dos imperadores Han acidentais. O Império Chinês,
que até então vivera em relativa tranqüilidade,
comerciando suas mercadorias com os povos mais
distantes, passou a viver um período tumultuado e