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CENTRO DE ENSINO MÉDIO 02 DO GAMA

DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA Quinhentismo


PROFESSOR: CIRENIO SOARES

LITERATURA JESUÍTlCA E limitou-se:


INFORMATIVA a) à literatura jesuítico-religiosa;
b) à literatura informativa.
Logo que o Brasil foi descoberto, no século Características da literatura brasileira do
XVI, o tipo de colonização a que Portugal submeteu século XVI
a Colônia tornou difícil nosso desenvolvimento 1. A literatura jesuítica, representada princi-
literário imediato pelas seguintes razões: palmente pelas obras de José de Anchieta
1. Devido à inexistência de cidades e como a e Manuel da Nóbrega, é religiosa: era um
população, constituída de senhores e escravos, dos instrumentos de que os jesuítas
estava voltada apenas para a exploração agrícola da dispunham para a conversão dos índios.
Colônia, não havia público interessado em 2. Já a literatura informativa apresenta valor
manifestações artísticas, muito menos em literatura. documental, uma vez que fornecia à
2. Quando o Brasil foi dividido em capitanias, metrópole dados sobre a nossa terra.
a longa distância entre elas acentuava ainda mais o 3. No levantamento de tais dados, os autores,
isolamento cultural a que o regime de monopólio da muitas vezes, entusiasmavam-se com os
Coroa Portuguesa submetia o Brasil. aspectos pitorescos de nossa natureza,
3. Os nativos que viviam no Brasil, quando os exaltando, por exemplo, o abacaxi, fruta
portugueses aqui chegaram não tinham tradição desconhecida na Europa, naquela época.
literária; assim, nesse sentido, o único meio foi o Esse entusiasmo de nossos primeiros
transplante para o Brasil, da literatura que se fazia escritores, ao falarem engrandecendo nos-
em Portugal, na época do nosso descobrimento. sa terra, denomina-se de ufanismo.
Por isso, quando falamos nas primeiras
manifestações literárias brasileiras, o material a que AS PRINCIPAIS OBRAS INFORMATIVAS,
nos referimos tem muito pouco a ver com o que hoje ESCRITAS NO SÉCULO XVI SÃO:
chamamos literatura. O século XVI, no Brasil, não
assistiu ao surgimento de poemas e romances: • A Carta de Pero Vaz de Caminha;
assistiu, na realidade, ao aparecimento de obras • História da Província de Santa Cruz, a que
produzidas pelos jesuítas, cujo interesse pela vulgarmente chamamos Brasil - Pero de
catequese dos índios se manifestava em sua Magalhães Gândavo;
religiosidade e didatismo. • Tratado da Terra do Brasil - Pero de
Mas, ao lado desta literatura jesuítica, um Magalhães Gândavo;
outro tipo de produção literária começou a surgir: • Tratados da Terra e da Gente do Brasil -
como o Brasil era uma terra-nova, recém- Fernão Cardim;
descoberta, inúmeros viajantes para cá se dirigiam, • Tratado Descritivo do Brasil - Gabriel Soares
onde, a propósito das coisas vistas em viagem, de Souza.
escreviam livros sobre paisagens, plantas, animais
ou índios. A estas obras chamamos literatura Como podemos ver, as atividades literárias do
informativa, pois sua finalidade era apenas informar Brasil, no século XVI, estão bem longe daquilo que
Portugal sobre a nova Terra. consideramos literatura. Com exceção de alguns
Assim, podemos resumir o que dissemos, poemas religiosos de José de Anchieta, até hoje
afirmando que, no século XVI, a literatura brasileira apreciados, todas as outras obras são ou

Literatura Brasileira * 37
documentos informativos sobre o Brasil, ou a) sim.
instrumentos jesuíticos para a conversão do gentio. b) não.
Foi só no século seguinte que nossa literatura
se enriqueceu, produzindo prosadores do porte de 3. Pero Vaz de Caminha e Pero de Magalhães
Antônio Vieira e poetas do gabarito de Gregório de Gândavo são representantes da literatura:
Matos. a) informativa.
Vamos agora fixar bem as características da b) jesuítica.
literatura brasileira do século XVI, através do estudo
de um texto extraído do livro Presença da Literatura 4. Gabriel Soares de Souza escreveu uma obra que
Brasileira, de A. Cândido e A. Castello. se encaixa na literatura jesuítica no Brasil do
“A crônica histórica e informativa que se século XVI?
intensifica em Portugal no momento das grandes a) sim.
navegações, conquistas e descobertas ultramarinas b) não.
testemunhando a aventura geográfica dos portu-
gueses, os seus ideais de expansão da cristandade, 5. As obras produzidas no Brasil do século XVI
assume um sentido épico e humanístico que se apresentam características literárias semelhantes
estende ao Brasil e logo adquire entre nós algumas às encontradas na literatura contemporânea?
características peculiares; à curiosidade geográfica e a) sim.
humana e ao desejo de conquista e domínio b) não.
correspondem, inicialmente, o deslumbramento pe-
rante a paisagem exótica e exuberante, testemu- 6. O “deslumbramento diante da paisagem exótica e
nhado pelos cronistas portugueses que escreveram exuberante” de que fala o texto proposto tem
sobre o Brasil - Pero Vaz de Caminha, Pero de relação:
Magalhães Gândavo, Gabriel Soares de Souza -, a) com a literatura jesuítica.
assim, como os ideais de catequese atestados pela b) com o ufanismo.
literatura informativa e pedagógica dos jesuítas, c) com as poesias do padre José de Anchieta.
como o padre Manuel da Nóbrega e sobretudo o
padre José de Anchieta, caso à parte, singular no 7. A “literatura pedagógica” de que fala o texto tem
nosso século XVI”. relação com:
a) a literatura jesuítica.
b) a crônica portuguesa das grandes navega-
Depois de ler atentamente o texto proposto e ções.
refletir sobre ele, relacionando as informações que c) o ufanismo.
encerra com o que já vimos inicialmente, procure
responder às questões que se seguem:

RESUMA O ASSUNTO
1. A literatura informativa que apareceu no Brasil do
século XVI já havia aparecido em ____________
_______________________________________ I - Literatura Brasileira do século XVI:

___________________ temunhando as grandes


a) Literatura Jesuítica
_______________________________________
função:
e os __________________________________ .
_________________________________________________

_________________________________________________

2. A expansão geográfica de Portugal no século XVI _________________________________________________

estava desvinculada da expansão do cristia- _________________________________________________

nismo? _________________________________________________

38 * Literatura Brasileira
representantes:
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________

b) Literatura Informativa
função:
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________

obras/autores:

_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________

Literatura Brasileira * 39
Barroco

1. Contexto históriCo - implicaria a perda da humanidade soberana


Pensamento FilosóFiCo conquistada pelo homem renascentista. Confrontam-
se, por isso, duas formas opostas: antropocentrismo
O Renascimento (século XVI) valoriza o e teocentrismo.
homem. Tentando atingir a síntese, o homem da época
Impregnado de ideias novas, adquiridas pelo procura conciliar esses dois elementos.
conhecimento dos textos gregos e latinos, o homem
renascentista encara a vida de forma diferente da até
então pensada. Teocentrismo
Um cem-número de acontecimentos, tanto x Tensão
políticos como sociais: a descoberta da pólvora, a Antropocentrismo
invenção da imprensa, que coloca o livro na mão de
muitos (o que não ocorria antes), veio dar ao homem
uma nova perspectiva da vida, que se torna
confiante, passando a perguntar, a pensar, a Dessa tentativa, resulta a tensão que marca a
responder. maneira de pensar, as concepções sociais, políticas
Essa nova mentalidade, valorizadora do e artísticas da época.
homem, do intelecto, contrapõe-se à visão do mundo Ao novo estilo de época que reflete essa
predominante na Idade Média em que imperava uma tensão dá-se o nome de Barroco ou Seiscentismo.
concepção teocêntrica e espiritualista. Na Idade Interiormente, o homem barroco percebe os
Média, o homem subordina-se a Deus; já no desejos e atitudes contraditórias que se debatem
Renascimento, torna-se quase pagão. dentro dele. Alertado pela Contrarreforma, sente,
Reagindo contra esse paganismo e contra o mais do que nunca, o drama de possuir um corpo
classicismo renascentista que se funda na crença de mortal. Tal estado de espírito, por sua vez, gera
que não há conflito entre a ordem divina e a ordem manifestações de tensões, angústias e incertezas,
humana, entre a alma e o corpo, entre a razão e a manifestações que vão caracterizar um compor-
natureza, entre a fé e a razão; surgem o Calvinismo, tamento melancólico, instável.
o Luteranismo, a Contrarreforma que corroem os Literariamente toda essa gama de situações
fundamentos dessa crença, apresentando o homem provindas das dúvidas, angústias e incertezas,
como ser miserável, corrupto, redimível através de caracteriza o Barroco.
um ato da graça de Deus; defendendo a existência
de uma dupla moral; opondo o corpo ao espírito,
acentuando a efemeridade da vida, descobrindo no 2. literatura
homem e no universo, a incoerência, o conflito, a
contradição. CARACTERÍSTICAS:
Essa reação antirrenascentista fará com que o
homem se veja colocado entre dois polos: de um a) Contraste: contraposição de temas, de as-
lado os valores do humanismo, que a custo suntos, de motivos e de elementos
conseguirá alcançar; de outro, o espiritualismo expressivos, tais como a oposição
medieval. entre a vida terrena e a vida eterna,
O retorno à visão medieval de mundo espiritualidade e materialidade, etc.

Literatura Brasileira * 41
b) O culto da solidão: o poeta é um ser especial, e) Verbalismo: Uso exagerado de imagens, de
que se isola num mundo figuras de sintaxe, de metáforas e
particular. floreios literários.

“(...)
- METÁFORA: é empregada como recurso que
o lugar de glória, adonde estou penando; procura concretizar, através dos sentimentos, a
casa da Morte, adonde estou vivendo!” emoção, a sensação, a percepção da realidade.
(Gregório de Matos)
“Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda ligeireza
O Barroco literário apresenta dois estilos: o
E imprime em toda a flor sua pisada.”
Cultismo (ou Gongorismo) e o Conceptismo (ou
(Gregório de Matos)
Conceitismo).

- ANTÍTESE: reflete a contradição do homem


c) Cultismo: É o jogo de palavras, o uso abusivo
barroco, seu dualismo. A unidade aparente do
de metáforas e hipérboles. Cor-
mundo esconde outra face: as coisas que têm
responde ao excesso de detalhes das
aparência da essência.
artes plásticas. Manifesta-se sobre-
tudo na poesia. “Ardor em firme coração nascido!
Pranto por belos olhos derramado!
SONETO Incêndio em mares de água disfarçado!
Rio de neve em fogo convertido.”
“O todo sem a parte não é todo; (Gregório de Matos)
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte, - GRADAÇÃO:
Não se diga que é parte, sendo o todo.
“Oh não aguardes que a madura idade
Em todo o Sacramento está Deus todo, Te converta essa flor, essa beleza,
E todo assiste inteiro em qualquer parte, Em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada.”
E feito em partes todo em toda a parte, (Gregório de Matos)
Em qualquer parte sempre fica todo.

O braço de Jesus não seja parte, - HIPÉRBOLE: que traduz ideia de gran-
Pois que feito Jesus em partes todo, diosidade, de pompa.
Assiste cada parte em sua parte. “Mil anos há que busco a minha estrela
Não se sabendo parte deste todo, E os Fados dizem que ma têm guardada.”
Um braço que lhe acharam, sendo parte, (Francisco Rodrigues Lobo)

Nos disse as partes todas deste todo.”


- PROSOPOPEIA: personificação de seres
(Gregório de Matos)
inanimados, para dinamizar a realidade.

“Agora que se cala o surdo vento


d) Conceptismo: É o jogo de ideias. Manifesta-se E o rio enternecido com meu pranto
sobretudo na prosa. Detém seu vagaroso movimento.”
(Francisco Rodrigues Lobo)

“Para um homem se ver a si mesmo, são


- INVERSÃO:
necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem
espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se “Se apartada do corpo a doce vida,
tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por Domina em seu lugar a dura morte,
falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há De que nasce tardar-me a morte
mister olhos”. Se ausente d’alma estou, que me dá a vida?”
(Padre Vieira) (Violante do Céu)

42 * Literatura Brasileira
f) Religiosidade: repetida frequência de assuntos Arrependido estou de coração,
envolvendo toda uma proble- de coração vos busco, dai-me os braços,
mática religiosa da época; Abraços, que me rendem vossa luz.

“Pequei, Senhor: mas não porque hei pecado, Luz, que claro me mostra a salvação,
Da vossa alta Piedade me despido, A salvação pretendo em tais abraços,
Porque quanto mais tenho delinquido, Misericórdia, amor, Jesus, Jesus!”
Vos tenho a perdoar mais empenhado.” (Gregório de Matos)
(Gregório de Matos)

i) A estética do feio: o artista barroco em vez de,


g) Sensualismo: contraposição à característica como o renascentista, formalizar o belo,
anterior; ênfase dada aos as- o equilibrado, o ideal, retrata através da
pectos táteis, visuais, sensitivos, sátira e da caricatura o lado feio,
tanto em relação à natureza macabro, grotesco dos fatos e dos
como ao corpo humano; seres. Os defeitos físicos, as situações
indecorosas e sórdidas, os vícios
repulsivos constituem temas frequentes
“Discreta e formosíssima Maria,
da poesia barroca de caráter realista e
Enquanto estamos vendo a qualquer hora,
satírico. Como exemplo do barroco de
Em tuas faces a rosada Aurora,
veio satírico, no Brasil, temos Gregório
Em teus olhos, e boca, o Sol, e o dia:
de Matos. Exemplo de fragmento
Enquanto, com gentil descortesia, poético:
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora, “E nos frades há manqueiras?... Freiras
Quando vem passear-te pela fria: Em que ocupam os Serões?... Sermões
Goza, goza da flor da mocidade, Não se ocupam de disputas?.. Putas.
Que o tempo trota, e a toda ligeireza, Com palavras dissolutas
E imprime em toda a flor sua pisada. me concluo na verdade,
Oh não aguardes que a madura idade Que as lidas todas de um frade
Te converta em flor, essa beleza, São freiras, sermões e putas.”
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.”
(Gregório de Matos)
Os principais temas da literatura barroca
giram em torno da ideia de:
h) Pessimismo: nascido da oposição frontal feita a) sobrenatural;
entre o corpo e a alma, entre o eu b) morte;
e o mundo, entre o Catolicismo e c) fugacidade da vida e ilusão;
a Reforma; d) castigo;
e) heroísmo;
SONETO f) misticismo;
g) erotismo;
“Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,
h) cenas trágicas;
É verdade, meu Deus, que hei delinquido,
i) apelo à religião, ao céu;
Delinquido vos tenho, e ofendido,
j) arrependimento;
Ofendido vos tem minha maldade.
I) sedução do mundo.
Maldade, que encaminha à vaidade,
Vaidade, que todo me há vencido,
Vencido quero ver-me e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade,

Literatura Brasileira * 43
O BARROCO NO BRASIL Poema Sacro

A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR


Barroco ou Seiscentismo são as duas
“Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
denominações do período literário que caracterizou
Da vossa alta Piedade me despido;
as obras produzidas no Brasil entre 1601 (quando
Porque quanto mais tenho delinquido,
Bento Teixeira publicou Prosopopeia) e 1768
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
(quando Cláudio Manuel da Costa publicou seus
Se basta a vos irar tanto pecado,
poemas sob o título de Obras Poéticas).
A abrandar-vos sobeja um só gemido;
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
PRINCIPAIS AUTORES
Vos tem para o perdão lisonjeado.

GREGÓRIO DE MATOS (1636 - 1695) Se uma Ovelha perdida já cobrada,


Nasceu na Bahia, em 1636 e pertenceu a uma Glória tal e prazer tão repentino
família abonada. Cursou Direito em Coimbra e viveu Vos deu, como afirmais na Sacra História,

em Portugal de 1653 a 1681, quando regressou ao Eu sou, Senhor, a Ovelha desgarrada;


Brasil, levando vida boêmia e desregrada. Começou Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
a compor versos e sátiras, caçoando de todos, Perder na vossa Ovelha, a vossa glória.”
merecendo o apelido de “boca do inferno”. Foi
exilado para Angola, de onde voltou em 1695, Esse texto representa muito bem a poesia
fixando-se em Recife, onde morreu no ano seguinte. sacra de Gregório de Matos: a menção de Cristo,
Sua produção poética se constitui de poemas desde o título do poema, indica a religiosidade,
sacros, líricos e satíricos. É mais conhecido como reforçada pela forma respeitosa de tratamento (2ª
pessoa do plural) e pelo vocativo “Senhor” no pri-
poeta satírico, mas é na coletânea lírica que estão
meiro verso. A espiritualidade do poema é ainda
as melhores poesias. Revela acentuada influência
testada pela menção à parábola bíblica do pastor
dos poetas espanhóis Quevedo e Gôngora.
que mais se alegra com a recuperação de uma
Os poemas sacros apresentam o pecado
ovelha perdida do que com as 99 que estão seguras
como vício inerente ao homem. Os pecadores estão
no redil. Entretanto, se tais elementos emprestam
sempre à procura da salvação da alma, através do
religiosidade ao poema, é preciso lembrar que o
perdão de Deus.
Barroco é um período dual: ao lado do espiritualismo
As sátiras constituem uma crítica à sociedade
religioso surge sempre o humanismo terreno. Esta
da época. Revestem-se de tom agressivo e última linha, no poema em questão, é responsável
contundente. A injúria fere as autoridades da colônia pela presença quase acintosa do ser humano (o
e a indiferença atinge a classe inferior. Sua poeta) que, por assim dizer, “Exige” que Cristo o
linguagem é livre, espontânea, chegando, às vezes, salve. Esta inversão de posições - ora Deus, ora o
ao baixo calão. Da crítica ferina, não escapa homem, ocupa o centro de preocupações do poeta -
ninguém: corte, clero, povo, brasileiro ou português, se revela na antítese entre a atitude de arrependi-
o intelectual “branco” ou as mulatas da terra. mento contrito, evidenciado no “pequei” do primeiro
A obra lírica apresenta duas vertentes: a verso, e o emprego do imperativo “Cobrai-a” do
amorosa e a filosófica. penúltimo verso.
A vertente lírico-amorosa é fortemente mar-
Poema Lírico-amoroso
cada pelo dualismo amoroso carne/espírito, que leva
normalmente a um sentimento de culpa no plano OS AFETOS E LÁGRIMAS DERRAMADAS NA
espiritual. A mulher, muitas vezes, é a personificação AUSÊNCIA DA DAMA A QUEM QUERIA BEM
do próprio pecado, da perdição espiritual. “Ardor em firme coração nascido!
Na vertente lírico-filosófica, destacam-se Pranto por belos olhos derramado!
textos que se referem ao desconcerto do mundo e Incêndio em mares d’água disfarçado!
às funções humanas. Rio de Neve em fogo convertido!

44 * Literatura Brasileira
Tu, que um peito abrasas escondido; Mas no Sol, e na luz, falta a firmeza,
Tu, que em um rosto corres desatado; Na formosura, não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Quando fogo em cristais aprisionado;
Quando cristal em chamas derretido. Começa o mundo enfim pela ignorância,
Pois tem qualquer dos bens por natureza
Se és fogo, como passas brandamente? A firmeza somente na inconstância.”
Se és neve, como queimas com porfia?
Observe que nesse texto predomina a
Mas ai, que andou Amor em ti prudente.
consciência da transitoriedade da vida e do tempo.
Pois para temperar a tirania,
Como quis, que aqui fosse a neve ardente, Poema Satírico
Permitiu parecesse a chama fria.”
“A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha;
Fala do sentimento do poeta que confessa os
Não sabem governar sua cozinha,
aspectos contraditórios do amor que o domina. Mais
E podem governar o mundo inteiro.
uma vez encontramos a mesma fusão entre
elementos de caráter contraditório: buscando definir Em cada porta um frequentado olheiro,
o amor que sente, o poeta compara-o a elementos Que a vida do vizinho, e da vizinha
opostos, pois, ao mesmo tempo em que o amor é Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
“incêndio”, é, também, “rio de neve”. O gosto pela Para a levar à Praça e ao Terreiro.
aproximação dos contrários é levado ao extremo no Muitos Mulatos desavergonhados,
momento em que imagens, fisicamente ina- Trazidos pelos pés os homens nobres,
proximáveis, fundem os dois conceitos: enquanto Posta nas palmas toda a picardia.
“incêndio”, o amor é disfarçado em “mares” d’água, Estupendas usuras nos mercados,
enquanto “rio de neve” o amor se converte em “fogo”. Todos, os que não furtam, muito pobres,
E estas duas metáforas - a do fogo e da água - E eis aqui a cidade da Bahia.”
continuam a alicerçar todo o soneto: na segunda
estrofe, a ideia de “fogo” reaparece em “abrasas”, Esse texto faz uma crítica aos governantes, às
“fogo” e “chama”, as de “água” em “correr” e “cristal”. pessoas que se preocupam com a vida alheia e aos
Já aqui percebemos que, além da oposição térmica mulatos da cidade da Bahia naquele tempo.
- quente-frio - as metáforas de Gregório de Matos
apresentam também oposição no sentido: enquanto PADRE ANTôNIO VIEIRA (1608 -1697)
o cristal é duro e estático, o fogo é dinâmico, Vieira nasceu em Lisboa, em 1608 e morreu
movimentado. E assim o poema prossegue até seu na Bahia em 1697. Veio para o Brasil em 1615,
final, quando, no último terceto, a oposição entre os entrou na Companhia de Jesus e cedo começou a
elementos é total, na medida em que se manifesta destacar-se como orador. Em 1641, um ano depois
numa estrutura de substantivo-adjetivo: neve ardente de Portugal libertar-se do jugo espanhol, foi para
e chama fria. O estilo é cultista. O virtuosismo de seu Lisboa, encarregado de saudar o rei Dom João IV.
talento desdobra infinitas variações para a antítese Saiu-se tão bem da missão, que foi nomeado pelo
básica fogo/água. rei orador da Corte. Impressionado com os dotes de
oratória do Jesuíta e sua habilidade política, Dom
Poema Lírico-filosófico
João IV encarregou-o de várias missões diplomá-
À INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO ticas no exterior. Regressando a Lisboa, Vieira
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, entregou-se à defesa dos cristãos novos (judeus
Depois da luz, se segue a noite escura, convertidos ao Cristianismo). Em virtude disso,
Em tristes sombras morre a formosura,
passou a ser perseguido pela Inquisição até que, em
Em contínuas tristezas, a alegria.
1652, voltou para o Brasil, fixou-se no Maranhão e
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
dedicou-se à catequese; mas, em 1661, foi expulso
Se formosa a luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura? daqui, por lutar contra a escravização dos índios.
Como o gosto da pena assim se fia? Regressou a Portugal, mas foi novamente perse-

Literatura Brasileira * 45
guido: às acusações anteriores soma-se agora a de que façam na terra, o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a
sebastianista (pregador da crença na volta de D. corrupção, mas quando se vê a terra tão corrupta como está a
Sebastião, rei português desaparecido na batalha de nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou
Alcácer-Quibir, em 1578). Vieira viaja então para qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não
Roma, alcançando o perdão do Papa. Regressa salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina, ou
depois ao Brasil, onde morre em 1697. porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, sendo
verdadeira a doutrina, que Ihes dão, a não querem receber; ou
Sua produção em prosa constitui-se de:
é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma coisa, e
Sermões, Cartas e Obras proféticas, em que Vieira
fazem outra, ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes
defende o sebastianismo.
querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que eles
Embora a atividade epistolar (escrita de
dizem; ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam
cartas) tenha sido considerável, a parte mais
a si, e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os
importante da sua obra é sem dúvida Os Sermões.
ouvintes em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não
Grande número de sermões escritos por ele tratam
é tudo isso verdade? Ainda mal”.
de temas importantes para a sociedade brasileira e
portuguesa. Vieira foi aquilo que, modernamente,
O texto acima foi extraído do “Sermão de
chamamos um homem “engajado”, ou seja, seus
Santo Antônio”, pronunciado pelo Padre Vieira em
escritos sempre tomaram partido a propósito das
São Luís do Maranhão, em 1564, em pleno
várias questões que, durante sua vida, agitaram
florescimento do período barroco.
Portugal ou o Brasil. Como exemplo destas
1. A própria natureza do texto - é um sermão - já
campanhas, podemos citar a defesa dos índios
nos anuncia a religiosidade que, como já vimos,
contra a escravização, a defesa dos judeus
caracteriza o barroco ibérico e brasileiro.
convertidos, perseguidos pela Inquisição, o incentivo
à luta contra os holandeses. São bastante 2. A religiosidade, portanto, emana deste texto de
característicos, nos sermões do Padre Vieira, os Vieira como a de G. de Matos que já vimos.
recursos de comunicação com o auditório que o Entretanto, embora unidos pela religiosidade,
estava ouvindo. Vieira adequava-se aos mais esta se manifesta diferente em cada um deles.
diferentes tipos de público - desde colonos semi- No soneto há um caráter sensorial e emotivo da
analfabetos até eruditos pregadores - usando religiosidade ali evidenciada. No sermão, a
sempre a técnica de diálogo com seus ouvintes: religiosidade não é emotiva, não é despertada
descrevia as cenas de modo bem real, concretizava, com o concurso de elementos sensoriais: o
frequentemente, a alusão a temas abstratos e sentimento religioso se manifesta através de um

metafísicos, recorria a citações bíblicas. Um dos raciocínio constante, através do qual Vieira

recursos de que se valia Vieira para assegurar a pretende convencer os ouvintes (e os leitores) de

comunicabilidade com seu auditório era a subdivisão sua verdade religiosa.

dos assuntos em itens. Cada um desses era objeto 3. Este caráter racional do texto de Vieira fica bem
de meticulosa comprovação por parte do orador. Isto, claro se observarmos que ele começa com uma
sem dúvida, dava a seus sermões uma aparência de citação de Cristo, gastando todo o resto do
irrefutável lógica, uma vez que, na discussão dos parágrafo na explicação desta citação. E, no
pormenores e subdivisões do tema, o ouvinte perdia intuito de explicar, surgem inúmeros “porquês”
a noção do conjunto. (orações subordinadas adverbiais causais) que
Seguidor dos clássicos, o Padre Vieira se bem demonstram o esforço do autor em
utilizou, em seu sermões, de uma linguagem fundamentar logicamente suas afirmações
escorreita, empregando um número pequeno de através de raciocínios constantes.
trocadilhos, evitando assim os excessos cultistas.
4. O esforço da fundamentação lógica se manifesta,
de certa maneira, nos constantes empregos de
SERMÃO DE SANTO ANTôNIO (EXTRATO)
“ou”. Podemos dizer que, neste parágrafo, o
“Vós, diz Cristo Senhor Nosso, falando com os pregado- Padre Vieira não deixa a seu ouvinte margem
res, sois o sal da terra: e chama-Ihes sal da terra, porque quer para que ele escape ao seu raciocínio:

46 * Literatura Brasileira
“OU” o sal não salga, OU a terra não se deixa se portanto, na exortação que faz. Além disso,
salgar; “OU” os pregadores não pregam a percebemos também o realismo descritivo do
verdadeira doutrina OU os ouvintes não a querem jesuíta, quando descreve as consequências da
receber; “OU” os pregadores dizem uma coisa e temida invasão: as cenas são rudemente
fazem outra, OU os ouvintes querem antes imitar apresentadas aos olhos dos ouvintes, tornando-se
o que eles fazem, que fazer o que dizem; “OU” mais acentuadas em sua dimensão de horror pela
os pregadores se pregam a si, OU os ouvintes repetição constante de “chorarão”, ao início de cada
servem a seus apetites. frase. (A esta repetição de uma palavra, no início de
várias frases, chamamos anáfora).
5. Observando a simetria das construções
empregadas por Vieira, podemos verificar que ela
SERMÃO DA SEXAGÉSIMA
se aproxima bastante da simetria que apontamos
em G. de Matos, ou seja, o caráter lúdico da
Vieira analisa a ineficiência dos pregadores e
literatura barroca se manifesta tanto nas obras
teoriza a respeito da arte de pregar.
cultistas como nas conceitistas.
“Há de formar o pregador uma só matéria, há de
6. Como última característica da literatura barroca
defini-Ia para que se conheça, há de dividi-Ia para que se
presente neste texto, encontramos o esforço por
distinga, há de prová-Ia com a escritura, há de declará-Ia
tornar-se acessível aos ouvintes. A citação
com a razão, há de confirmá-Ia com o exemplo, há de
bíblica, segundo a qual os pregadores são “o sal
ampliá-Ia com as causas, com os efeitos, com as
da terra” é, evidentemente, metafórica, isto é, da
circunstâncias que se hão de seguir, com os
mesma maneira que o sal preserva os alimentos inconvenientes que se hão de evitar; há de responder às
da deterioração, cabe aos pregadores salvar a dúvidas, há de satisfazer às dificuldades, há de impugnar
terra da degradação. Assim, através de um e refutar com toda força de eloquência a argumentos
exemplo concreto (o sal, responsável pela contrários, e depois disso há de colher, há de apertar, há
conservação dos alimentos), Vieira fala de um de concluir, há de persuadir, há de acabar”.
conceito abstrato (os pregadores, a quem cabe
salvar a terra do pecado). Vemos a importância que ocupa, em sua
teoria da oratória, a subdivisão do tema em itens e a
SERMÃO PELO BOM SUCESSO DAS planificação cuidadosa das várias etapas do sermão.
ARMAS DE PORTUGAL CONTRA AS DE
HOLANDA (EXTRATO)
RESUMA O ASSUNTO
“Finjamos, pois (o que até fingido e imaginado faz
horror) finjamos que vêm a Bahia e o resto do Brasil às I - Barroco ou _______________________________________

mãos dos Holandeses. O que é que há de suceder em tal 1. O que determina o aparecimento do Barroco é:
caso? Entrarão por esta cidade com fúria de vencedores
_________________________________________________
e de hereges; não perdoarão o estado, o sexo nem a
_________________________________________________
idade; com o fio dos mesmos alfanges medirão ao todo: _________________________________________________
chorarão as mulheres, vendo que não se guarda decoro
a sua modéstia; chorarão os velhos, vendo que não se 2. Características:
a) contraste
guarda cortesia as suas cãs; chorarão os nobres, vendo
_________________________________________________
que não se guarda cortesia a sua qualidade; chorarão os
_________________________________________________
religiosos e veneráveis sacerdotes, vendo que até as
_________________________________________________
coroas sagradas os não defendem; chorarão finalmente
todos e entre todos, mais lastimosamente, os inocentes...”
b) verbalismo

Podemos perceber claramente o diálogo com _________________________________________________


_________________________________________________
os ouvintes, quando Vieira se utiliza da primeira
_________________________________________________
pessoa do plural (finjamos: nós finjamos), incluindo-

Literatura Brasileira * 47
c) religiosidade
b) conceptismo
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________

d) pessimismo
4. Temática
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
________________________________________________

e) culto da solidão

5. Início:
_________________________________________________
_________________________________________________ data ____________________________________________
_________________________________________________ obra ____________________________________________
autor_____________________________________________

3. Estilos

a) cultismo

_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________

Quadro Sinóptico

Autores Obras Características

Gregório de Matos

Padre Antônio Vieira

48 * Literatura Brasileira
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 6. No Brasil, o Barroco está ligado:
a) Ao Jesuitismo;
b) Aos dominicanos;
1.
c) Exclusivamente aos leigos;
“Bote a sua casaca de veludo
d) Ao Padre Anchieta;
E seja capitão sequer dois dias,
e) Nenhuma delas.
Conversa à porta de Domingos Dias
Que pega fidalguia mais que tudo.
7. Assinale a alternativa que contiver o fato histórico que teve
Seja um magano, um pícaro, um cornudo repercussões na literatura barroca portuguesa e brasileira:
Vá a palácio, e após das cortesias a) Tratado de Madri;
Perca quanto ganhar nas mercancias b) Grandes descobrimentos ;
Em que perca o alheio, esteja mudo.” c) Contrarreforma;
d) Expulsão dos Jesuítas;
Estes dois quartetos são de Gregório de Matos. Classifique- e) Nenhuma delas.
os em relação à obra do autor.
8. As origens do movimento barroco encontram-se:
_________________________________________________ a) Em Portugal;
_________________________________________________ b) Na França;
c) Na Espanha;
_________________________________________________ d) Na Alemanha;
e) Nenhuma das alternativas.
2.
“Entre (ó Floralva) assombros repetidos 9. Podemos dizer que:
E é pena com que vivo ausente, a) O Barroco rompeu com a tradição teocêntrica da Idade
Que palavras a voz não me consente; Média Portuguesa.
E só para sentir, me dá sentidos. b) Na base do Barroco português e brasileiro encontramos
uma tentativa de fusão do teocentrismo com o antropo-
Nos prantos e nos ais enternecidos, centrismo.
Dizer não pode o peito o mal que sente; c) A literatura barroca é desequilibrada, de mau gosto e
Pois vai confusa a queixa na corrente; confusa.
E mal articulada nos gemidos.” d) Cultismo e conceitismo são diferentes estilos encontráveis
tanto na obra de Vieira como em Gregório de Matos.
Estes dois quartetos pertencem a um soneto:
a) lírico-amoroso; 10. Vieira foi expulso do Brasil:
b) lírico-religioso;
a) Por lutar contra a escravidão dos índios;
c) satírico;
b) Por ser aliado dos holandeses invasores;
d) épico.
c) Por ter defendido os cristãos novos;
d) Por ser sebastianista;
3. Assinale a alternativa correta: e) Nenhuma é correta.
a) A obra de Vieira é desligada do momento histórico em que
viveu o jesuíta. 11. O apelido de Gregório de Matos era:
b) Na obra de Vieira destacam-se os temas místicos e a) a Águia de Haia;
contemplativos. b) Poeta dos Escravos;
c) Homem de seu tempo, Vieira tratou, em seus Sermões, de c) Poeta da Dor;
quase todos os temas de sua época. d) Boca do Inferno.
d) Vieira é o maior poeta barroco brasileiro.

4. A linguagem de Vieira pode ser definida como: Explique o motivo: _________________________________

a) Tipicamente barroca: prolixa e cheia de trocadilhos; ________________________________________________


b) Poética e mística;
c) Clássica e escorreita;
d) Incorreta e pobre. 12.
Sermão da Sexagésima
5.
“Será por ventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um
“Nasce o sol, e não dura mais que um dia.
estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão
Depois da luz, se segue a noite escura,
encontrado a toda arte e a toda natureza?
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria”. (...)
(Gregório de Matos) O pregador há de ser como quem semeia, e não como quem
ladrilha ou azuleja. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas,
a) Aponte características barrocas no excerto: como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras.
Se de uma parte está branco, de outra há de estar negro; se
_________________________________________________ de uma parte está dia, de outra há de estar noite? Se de uma
_________________________________________________ parte dizem luz, da outra hão de dizer sombra; se de uma
parte dizem desceu, da outra hão de dizer subiu. Basta que
_________________________________________________ não havemos de ver num sermão duas palavras em paz.
Todos hão de estar sempre em fronteira com o seu contrário?

b) Que visão do mundo é aí veiculada? (...)


Mas dir-me-eis: Padre, os pregadores de hoje pregam do
_________________________________________________ Evangelho, não pregam das Sagradas Escrituras? Pois como
_________________________________________________ não pregam a palavra de Deus? - Esse é o mal. Pregam
palavras de Deus, não pregam a Palavra de Deus.”
_________________________________________________
Literatura Brasileira * 49
a) Que estilo de linguagem está criticando Vieira? De que
imagem se utiliza para criticá-Ia?

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

b) Que figura de linguagem, bastante utilizada por poetas barro-


cos, é desvalorizada?

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

c) Vieira consegue desvincular-se do estilo que critica? Explique.

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

d) Podemos afirmar em relação à concepção de Vieira que


“métodos díspares atingem o mesmo objetivo”? Por quê?

_________________________________________________

_________________________________________________

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50 * Literatura Brasileira

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