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Sociologia

Material Teórico
Introdução à Sociologia e às Ciências Humanas

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Vivian Fiori

Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Introdução à Sociologia e
às Ciências Humanas

• Introdução
• A Construção do Conhecimento
• A Formação das Ciências Humanas e Sociais
• Os Meios de Produção e as Transformações Sociais

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Discutir a base teórica e metodológica das principais teorias socioló-
gicas que se empenham em explicar as estruturas, os processos e os
fenômenos sociais.
· Evidenciar alguns conceitos usados nas Ciências Humanas e
principalmente na Sociologia.
· Discutir algumas teorias e conceitos propostos por pensadores que
foram importantes para a Sociologia.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Introdução à Sociologia e às Ciências Humanas

Introdução
Nesta unidade, vamos tratar do conhecimento científico e do senso comum, bem
como discutiremos o processo de formação das Ciências Humanas, em especial,
da Sociologia.

Vamos iniciar o estudo introdutório à Sociologia, buscando a compreensão de


sua importância, por meio da análise da evolução histórica dessa ciência.

A Construção do Conhecimento
A seguir, discutiremos algumas diferentes concepções existentes, relacionadas
ao conceito de conhecimento.

Senso Comum
Ao longo da história humana, os grupos humanos – na sua mediação com a
natureza, com o meio no qual vivia e na relação com outros homens – construíram
formas de explicar a existência do planeta, do mundo, das coisas da natureza e de
sua própria existência.

Num primeiro momento, quando a relação com a natureza era maior, vivia-se
num meio denominado por Milton Santos (2006) de “meio natural”. Nesse período,
homens e mulheres dependiam mais da natureza, explicando sua existência por
meio de componentes sobrenaturais, de superstições, crenças e explicações míticas,
que podem ser denominadas de senso comum.

Tais explicações variavam conforme o grupo ou povo, e também foram sendo


modificados ao longo da história do mundo, de acordo com as mudanças na história
da humanidade e suas frações, grupos e povos.

O que é senso comum? Um conjunto de conhecimentos culturais populares


elaborados ao longo da história para explicar a existência do mundo, do planeta,
da humanidade, do universo, entre outros.

Essa visão de mundo era comum entre os primeiros povos e mesmo as pri-
meiras civilizações – caso da Grécia antiga, Egito, Mesopotâmia, Roma etc. –
nas quais predominavam as explicações sobrenaturais, como o uso da força dos
deuses, entes sobrenaturais, que teriam criado os fenômenos da natureza e a
própria humanidade.

Se chovia, era porque os deuses queriam, se havia seca, era uma repressão
divina, e por isso a explicação dos fenômenos naturais era obtida a partir de crenças
e superstições.

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Ao longo da história humana, mediante as relações do ser humano com a
natureza, em suas atividades de trabalho, nas interações intergrupais, socioculturais,
ou intragrupais, homens e mulheres foram adquirindo conhecimento em suas
vivências cotidianas. Esse saber é denominado de conhecimento popular, ou
senso comum.

Tal conhecimento passava de pais para filhos, de geração em geração, por meio
de conselhos, recomendações, normas, tabus, proibições e práticas socioculturais,
que variavam também conforme o lugar.

Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images

À medida que a sociedade foi se tornando mais complexa e as relações sociais


deixaram de ser mediadas apenas pela natureza, homens e mulheres foram
estabelecendo normas de convivência, definindo padrões de moral daquele
grupo, o que seria considerado aceitável socialmente e o que não seria, práticas e
convenções que ajudariam a fundamentar os costumes, a vida diária, as tradições
de cada grupo humano.

Com as sociedades mais complexas, o mundo foi passando de relações que


eram tribais e de clãs, mediadas por chefes, por estruturas sociais de forte laço de
proximidade, de família, de relação intragrupal, para situações de representativi-
dade por meio de pessoas mais distantes, de normas que não são mais oriundas
daquele grupo.

Este foi o caso da existência e constituição do Estado-Nação, que marca


definitivamente o chamado “mundo moderno” – com a criação de um Estado
delimitado, com soberania política, com normas específicas para os que lá habitam.

Agora, as normas não eram mais apenas da família, ou de um grupo sociocultural,


mas vinha do Estado, por meio de leis, que também são normas, agora escritas,
definidas pelas formas de poder de cada Estado.

O saber e conhecimento popular e do senso comum, no entanto, não


desapareceram. Mesmo atualmente, com um mundo cada vez mais articulado por
meio das redes sociais, ainda temos orientações, normas, formas de explicar o
mundo que são do senso comum.

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UNIDADE Introdução à Sociologia e às Ciências Humanas

Os meios de comunicação, as mídias televisivas, das redes sociais da internet,


dos jornais e revistas também se utilizam das formas de concepções populares,
tornando-se muitas vezes formadores de opinião, cujo embasamento é originário
deste chamado senso comum.

As formas de explicação pelo senso comum não devem ser caracterizadas como
menos importantes, pois é a partir dele que se desenvolve a possibilidade de buscar
entendimento sobre o cotidiano da vida, procurando discernir erros e acertos
do passado, na medida em que iam vivendo e produzindo explicações, tanto em
sociedades mais simples como nas mais complexas.

O saber das sociedades e comunidades que hoje chamamos de “tradicionais”


– caso das indígenas – é o conhecimento acumulado de muitas gerações, sobre
a natureza, o uso de plantas e da biodiversidade, que são fundamentais para a
existência dessa e de outras gerações. Esse conhecimento tradicional tem servido
também como base para o conhecimento científico, indústria farmacêutica,
alimentícia, entre outros.

Desse modo, não se trata de uma forma menos importante de saber, embora possa
ser contestado por outras maneiras de conhecimento. São notáveis, por exemplo,
os conhecimentos e práticas desenvolvidos por povos indígenas: conhecimentos,
domínios e práticas cobiçados pelas multinacionais, principalmente em
questões medicinais.

Reconhecendo que o senso comum é um saber qualitativamente diferenciado


do saber científico e acadêmico, devemos nos colocar, contudo, na disposição de
reconhecer os méritos que necessitam ser atribuídos ao senso comum, que muito
tem acrescentado à construção de novos saberes para a vida humana em sociedade.

Portanto, não se trata de negar no cotidiano o bom senso, o conhecimento


popular, pois dele depende a vida de milhões de pessoas sobre a Terra, desde aqueles
que não tiveram e continuam não tendo acesso à escola de qualidade e à convivência
social mínima, até aqueles que se julgam “portadores de verdades absolutas”.

Logo, não precisamos desconsiderar o conhecimento popular ou o definirmos


como menos importante. Há alguns casos em que tais saberes são transformados
também em conhecimento científico mediante pesquisas em laboratório e
confirmado pela ciência, muito depois de já conhecidos pelo saber popular. Quantas
vezes nos disseram que deveríamos tomar um chá de certa planta que faria bem
para um determinado problema? Isso é conhecimento cumulativo, passado por
várias gerações pela experiência, pela vivência empírica.

A empiria – experiência obtida pela vivência prática do cotidiano – ajuda-nos


a ter exemplos que, embora não sejam conduzidos pelo pensamento e normas
científicas, podem conduzir-nos à razão, ao bom senso, à verdade.

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Conhecimento Científico
O conhecimento científico, por outro lado, é mais cheio de formalidades, normas,
regras, procedimentos e maneiras de explicar as coisas, os objetos, os fatos, os
fenômenos buscando a verdade científica, mediante provas, teorias e hipóteses.

Trata-se de um produto da atividade humana que, ao refletir, questionar, pensar


sobre a existência das coisas, elaborou formas de explicação que foram sendo incor-
poradas por parte da sociedade, sobretudo mediante o processo de educação formal
a que tinham acesso principalmente nobres e burgueses num primeiro momento.

Com o advento da Ciência Moderna, principalmente a partir dos séculos XVIII-


XIX, houve avanços significativos no conhecimento científico, impulsionados pelos
processos de colonização e neocolonialismo que os europeus empreenderem pelo
mundo, que trouxe à tona lugares, culturas, natureza com características bastante
diferentes dos conhecidos até então pelos povos europeus.

Esse conhecimento empírico abriu possibilidades de se buscar explicações para


tais diferenças na natureza e no mundo. Tal período moderno, situado após a
Idade Média na Europa, fez com que tais explicações saíssem do senso comum e
do cunho das explicações religiosas que permearam a Europa Ocidental na Idade
Média – com a ascensão e consolidação do cristianismo católico romano.

Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images

Se antes, em grande medida, um Deus único era o responsável pelo o que


ocorria no mundo e na natureza, agora, havia a busca por outras explicações para
compreender tudo o que acontecia.

O que diferencia essa forma de conhecimento era o método – o caminho


escolhido para explicar a “verdade”. Sobre a concepção de mundo, por exemplo,
os procedimentos metodológicos precisariam ser perseguidos, com regras de
conduta para que o investigador, o pesquisador, o cientista pudesse comprovar a
veracidade de suas afirmações.

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UNIDADE Introdução à Sociologia e às Ciências Humanas

Esses procedimentos iriam variar conforme o objeto de análise da ciência,


conforme as transformações tecnológicas, conforme os métodos existentes.

Logo, o conhecimento científico também é mutável, ou seja, foi mudando


conforme as sociedades foram se sofisticando, bem como as próprias técnicas e
tecnologias puderam ajudar no aprimoramento do conhecimento de certas áreas
do conhecimento. O que seria, por exemplo, da Astronomia e da Física sem o
incremento das novas tecnologias? Ou mesmo da engenharia genética?

Mas se a Ciência Moderna se difundiu da Europa para o mundo tornando-se


universal, é fato que até hoje nem todos têm acesso ou explicam a realidade dos
homens, da natureza e dos fatos somente pelo viés científico.

A busca pela prova, mediante um método, com um conjunto de pressupostos,


de criação de leis gerais, de hipóteses que precisam ser comprovadas, está no
cerne do conhecimento científico.

A coleta de dados, a investigação por meio da observação, da descrição dos


fatos e da experiência foram muito comuns nos séculos XVIII e XIX e ajudaram a
consolidar o discurso científico.

É preciso considerar a importância do conhecimento científico teve e tem para a


humanidade, mas fazendo ressalvas, pois nem sempre os propósitos da investigação
foram usados para beneficiar a humanidade em geral. Desse modo, o conhecimento
científico não é melhor do que as outras formas de produção de conhecimento.

O método é imprescindível para a ciência. Trata-se da concepção teórica,


da visão de mundo que conduz o pensamento do pesquisador. A partir dele
buscam-se procedimentos metodológicos compatíveis com o método- caso da
experiência, da entrevista, da observação, do raciocínio lógico, da comparação,
entre outros procedimentos.

Contudo, existem outras formas de definir o conhecimento científico. A Ciência


moderna, que foi difundida pela Europa para praticamente todo o mundo, tornou-
se uma Ciência universal. Tal Ciência é formal e esse formalismo é, portanto,
exigido dentro do conhecimento científico por meio da elaboração de regras,
métodos, procedimentos, hipóteses e teorias.

Cada Ciência possui uma forma de compreender a realidade, cada Ciência


tem um objeto de estudo, ou seja, é a forma daquela Ciência buscar compreender
a realidade. Mas nunca se deve confundir a própria realidade com o modo de
tentar entendê-la.

O ser humano, por exemplo, é alvo de interesse de inúmeras ciências, caso da


Antropologia Cultural, da Sociologia, da Psicologia, da Ecologia, da Geografia,
mas todas estas têm objetos de estudos diferentes e podem também ter diferentes
métodos e procedimentos de pesquisa.

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A Formação das Ciências Humanas e Sociais
As chamadas Ciências Humanas e Sociais têm como premissa básica o estudo
do ser humano. Existem diferentes Ciências Humanas, entre elas, citamos:
· Sociologia – como o estudo da sociedade, considerando as relações sociais
ao longo do tempo, as normas sociais, as classes sociais, as formas de
organizações sociais, os conflitos sociais, as formas nas quais a sociedade
influencia o comportamento das pessoas, entre outras temáticas;
· Antropologia Cultural – estuda o homem enquanto ser cultural, em seus
hábitos, costumes, crenças e modos de vida;
· Ciência Política – estuda as formas de poder ao longo da história, o papel
do Estado, as formas de organização política, as formas de governo, a
autoridade, as relações internacionais;
· Geografia – estuda o espaço geográfico, o homem no espaço em suas
múltiplas relações;
· Economia – estuda as atividades produzidas pelo homem, relativas à produ-
ção e distribuição de bens e serviços. Tem como pesquisas estudos sobre ren-
da, políticas econômicas, planos econômicos, micro e macroeconomia etc.

A Sociologia é uma ciência que estuda a sociedade, as estruturas e processos


sociais, políticos, econômicos e culturais da sociedade. É uma ciência que se
originou principalmente nos séculos XVIII-XIX, quando na Europa a ascensão do
Estado Moderno e a sociedade foram se tornando mais complexas.

Já no período após a Idade Média europeia (século XV), denominado pelos


pesquisadores de Renascimento, houve uma busca de romper com a ordem
teológica do cristianismo católico na Europa Ocidental. A visão de que o homem
deveria ser o centro do mundo (antropocentrismo), a fé no indivíduo, na experiência
empírica para provar os fatos deu origem a um movimento que ficou conhecido
como Humanismo.

Podemos dizer que as origens das preocupações com a sociedade moderna


estão baseadas principalmente nesta concepção de mundo que permeou parte das
obras e do pensamento intelectual da época do séculos XVI-XVII.

As tentativas de explicações das relações sociais vigentes no período pós Idade


Média, e também da explicação da existência humana por meio da razão, procurando
se distanciar dos dogmas e das explicações religiosas deu a este período da história
europeia um novo momento, denominado pelos historiadores de Iluminismo. A fé
pautada na razão, buscando lançar “luzes” ao que antes pareceria encoberto por
explicações religiosas ou do senso comum.

A ciência moderna torna-se universal, a partir do modelo europeu de expansão


mediante os processos de colonialismo (séculos XVI-XVIII) e imperialismo
(principalmente após o século XIX), assim como o próprio conhecimento da
Sociologia e sua sistematização como ciência é difundido a partir da Europa.

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UNIDADE Introdução à Sociologia e às Ciências Humanas

Sob a égide da fé na ciência e na razão e que o progresso dependeria do


conhecimento científico, sobretudo, a partir do século XVIII, a ciência europeia
difunde-se pelo mundo.

O conjunto de ideais fundamentados num novo modo de compreender o mundo,


principalmente a partir das existências vividas pelos europeus, tanto das relações
sociais e políticas quanto pelo conhecimento da natureza, é fundado no que alguns
autores denominam de Iluminismo.

O período denominado por historiadores de Iluminismo foi um dos que ampliaram


o rompimento do conhecimento com a concepção teológica, das concepções
sobrenaturais, com críticas ao poder da igreja e também aos reis absolutistas.

Com um discurso que via na ciência a possibilidade de conhecer o mundo,


explicá-lo mediante o uso de regras, de um método, que segue uma lógica que
pode ser explicada com certo grau de precisão.

O Iluminismo foi um movimento intelectual do século XVIII que procurou


romper com as concepções e visões do mundo da época, impulsionando o avanço
do conhecimento científico na leitura do mundo e das relações humanas e sociais.

Figura 3 - Encyclopédie (1772), desenho de Charles-Nicolas Cochin que representa alguns símbolos do Iluminismo
Fonte: Wikimedia/commons

Tal movimento fundado na concepção de modernidade tem alguns expoentes


e entre eles destacamos: René Descartes, com sua obra “Discurso do método” de
1637; Montesquieu com o “Espírito das leis” em 1748; Jean Jacques Rousseau
com “Do contrato social” em 1762; Voltaire com “Cartas inglesas” em 1734.

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Alguns pensadores da época passaram a escrever obras que retratavam esta
nova concepção do mundo, visto a partir da opinião destes intelectuais europeus.
Citamos, por exemplo, o francês Voltaire (1694-1778), considerado um importante
Iluminista. Em suas obras, fez críticas às formas de conduta da nobreza e também
da Igreja Católica, pedindo reformas sociais.

Outro pensador desse período foi Jean Jacques Rousseau (1712-1778), em sua
obra “Contrato Social”, faz uma proposta de revisão das formas de existência da
sociedade em suas formas de vida e política, defendendo a liberdade do homem na
busca de uma sociedade que pudesse se basear nas formas antigas de democracia,
de consenso e de cidadania.

Como explica o sociólogo, Reinaldo Dias:


Um dos mais destacados iluministas foi Jean-Jacques Rousseau (1712-
1778) que tem entre suas obras O contrato social. Nesse livro, Rousseau
concebe as pessoas no estado de natureza como seres livres bons, e iguais
entre si, e que são as sociedades que as corrompem. Mas, como no estado
de natureza existem dificuldades para satisfazer todas as necessidades, os
indivíduos precisam associar a sua vontade a serviço de todos. Segundo
ele, essa é uma vontade geral, e a obedecê-la o indivíduo obedece a si
mesmo. O resultado institucional desse contrato é o estado democrático de
direito representativo onde o parlamento é um instrumento fundamental
da vontade geral que se expressa por meio da lei. (DIAS, 2014, p. 20)

Tais autores foram precursores na Europa Moderna (do Estado absolutista –


da burguesia nascente – do capitalismo) de estudos da organização da vida em
sociedade, o que ajudou nas formulações do que viria a ser a Sociologia.

Importante caracterizar o período entre os séculos XVIII-XIX na Europa. Vivia-se


um mundo de Revolução Industrial em parte da Europa, com muitas pessoas sendo
expropriadas do campo (com uso da mecanização nas atividades rurais) e vindo
morar na cidade para trabalhar em fábricas, morando quase sempre em cortiços.

Figura 4
Fonte: Wikimedia/commons

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Além da Revolução Industrial, houve também a Revolução Francesa (1789), que


depôs do poder a nobreza francesa, sendo considerada uma revolução burguesa.

A Revolução Francesa transformou a sociedade e serviu de exemplo para outros


países, nos quais a monarquia era a principal forma de organização político-social.
Desse modo, os parâmetros de organização social e política no mundo ocidental
pautaram-se em parte pela Revolução Francesa. A consolidação da burguesia, do
ideário capitalista, do individualismo, torna-se exemplos para o mundo.

Figura 5
Fonte: Wikimedia/commons

A modernidade vem com a mudança do paradigma cristão católico – com as


explicações religiosas para um mundo que, embora continue religioso pauta a vida
também pelo ganhar dinheiro, – pela luta pela sobrevivência nos moldes capitalistas.

Como comenta o sociólogo sobre a modernidade:


A Revolução Francesa representou a consolidação da Modernidade como
perspectiva histórica identificada com a industrialização. As características
desse novo período, ao qual se denominou Modernidade incluem: o
declínio das pequenas Comunidades; a expansão do individualismo; o
aumento da diversidade social; o predomínio de uma orientação para
o futuro (progresso); e o aumento da racionalização. Essa evolução do
pensamento humano, que levou à utilização da razão para o livre exame
da realidade, inclusive a social, juntamente com os problemas originados
pela Revolução Industrial foram as duas principais circunstâncias que
possibilitaram o surgimento da sociologia. Sua preocupação Inicial foi
organizada a sociedade. (DIAS, 2014, p. 21)

Tais transformações sociais, políticas e econômicas engendraram mudanças na


sociedade de países como Inglaterra e França, entre outros, trazendo à tona a
questão da sociedade como foco das discussões da época.

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O próprio capitalismo como processo gerou mudanças nas formas de trabalho,
nas formas de apropriação da terra, nas relações sociais, culminando na segunda
metade do século XIX e início do século XX, com protestos de trabalhadores que
tinham condições de vida e moradia insalubres e de trabalho bastante precário
transformaram a sociedade.

Os trabalhadores, por exemplo, que antes trabalhavam como artesãos, e


eram donos dos meios de produção, agora passavam também a ser assalariados,
trabalhando com máquinas e vendendo sua força de trabalho em fábricas.

Outro aspecto a ser destacado foram as mudanças técnicas no período que


ajudaram nessas transformações sociais – caso do advento da máquina a vapor,
da ferrovia, dos telégrafos, da energia elétrica, das máquinas que transformaram
as maneiras de produzir. Assim, o trabalho passou a ter um ritmo de trabalho que
é mediado pelo tempo, pela quantidade produzida, pelos usos de tecnologias e de
sistemas técnicos.

De pessoas que viviam principalmente no campo, passou-se a ter cidades


apinhadas de pobres operários em alguns lugares na Europa, num modo de vida
totalmente transformado em relação ao anterior. De camponeses a operários, da
agricultura à indústria, do modo de vida no campo à cidade.

Logo, todas essas situações tornaram-se temas interessantes para estudos


da Sociologia.

A Sociologia tornou-se a ciência que estuda a sociedade e de como os grupos


sociais e a sociedade afetam a vida das pessoas, tendo como foco as relações sociais.

De um lado, os homens vivendo criam, elaboram e mantêm relações sociais, de


outro, estas relações agem sobre as pessoas. Por exemplo, uma dada sociedade
cria normas sociais de comportamentos – do que é o certo a ser feito em certas
situações – normas de conduta sobre a vida cotidiana –, algumas se tornam leis, de
outro lado, estas mesmas leis moldam a vida daquela sociedade. O homem passa a
ser objeto de estudo e também sujeito da história e da sociedade que é produzida.

A Sociologia é considerada uma ciência sistematizada, sobretudo, nos séculos


XVIII-XIX, passou a ter vários pensadores e tornou-se ciência estudada no
Ensino Superior. Os termos e conceitos oriundos da Sociologia passaram a ser
usados indistintamente, tanto pelos cientistas sociais quanto também por parte
da população em geral, no caso de termos como: classes sociais, redes sociais,
sociedade, ideologia, burguesia, entre tantos outros.

Desse modo, a Sociologia vem contribuindo para a compreensão dos fenômenos


sociais, as formas de relações sociais existentes, tornando-se uma ciência social e
humana importante.

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UNIDADE Introdução à Sociologia e às Ciências Humanas

Os Meios de Produção e as
Transformações Sociais
A sociedade, ao longo da história, passou por inúmeras mudanças nas formas
de produzir, distribuir e consumir bens e serviços. As chamadas formas de produzir
e suas forças produtivas mais as relações existentes nesta produção são chamadas
de “modos de produção”.

A cada momento da história e em diferentes lugares do mundo, houve diferentes


modos de produção que alteraram o modo de vida em sociedade. Pelo modo de
produção e de seu sistema econômico, podemos evidenciar as características de
uma determinada sociedade. Ou seja, não importa somente o que se produz, mas
o modo como se produz, as formas de trabalho social, as condições e relações
sociais existentes.

O modo de produção não é alheio à sociedade de cada época, às formas de se


estruturar jurídico-politicamente, dos códigos sociais. Por exemplo, no modo de
produção escravista – havia uma repressão e discurso que aceitava a escravidão
como algo aparentemente “normal”, apoiado pelo regime social e político e até
mesmo religioso em alguns casos. Esta estrutura social e política legitimaram o
próprio modo de produção.

Marx e Engels são um dos autores que definiram o conceito de modos de


produção. Sobre isso, Marx afirma:
[...] na produção social da sua vida os homens contraem determinadas
relações necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção
que correspondem a uma determinada fase de desenvolvimento das suas
forças produtivas materiais. [...] O modo de produção da vida material
condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral [...] Ao
mudar a base econômica, revoluciona-se, mais ou menos rapidamente
toda a imensa superestrutura erigida sobre ela. (MARX, 2008, p. 201)

Logo, a cada mudança de um modo de produção, alteram-se as formas de vida,


de trabalho, de produção, ou seja, mudam a sociedade e suas relações.

Os pesquisadores sobre o tema definem alguns tipos de modos de produção que


existiram ou existem e que trouxeram características específicas às formas de vida
em sociedade. Destacamos, a seguir, alguns modos de produção:
·· Primitivo: tem relação com uma forma de produzir e de uma sociedade
que abrange todo o período inicial da história humana no qual o homem
tinha maior relação com a natureza. Neste caso, havia uma divisão social
de trabalho, mas, em geral, homens e mulheres trabalhavam em conjunto
e os frutos do trabalho e a propriedade eram de todos e, portanto, não
havia uma organização social mais complexa como Estado. Ainda existem
sociedades assim, vivendo de modo isolado e com maior contato com a

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natureza, caso de algumas sociedades indígenas que ainda foram pouco
alteradas pelo modo de produção atual.
· Escravista: os meios de produção e a forma de trabalho são realizados
pelo escravo, sendo que ele é propriedade de um senhor. O escravo,
portanto, era considerado um objeto, o instrumento e o próprio meio de
produção e os “senhores” eram proprietários de sua força de trabalho. Tal
modo de produção ocorreu, por exemplo, na Idade Antiga (Egito, Grécia,
Roma etc.) e também em países colonizados pelos europeus, na América,
a partir do século XVI principalmente.
· Feudal: é baseado na servidão. O servo trabalha para o senhor feudal
em troca de um lugar para morar. O poder político era descentralizado
em “feudos”, foi muito comum, durante o período da Idade Média, na
Europa Ocidental.
· Capitalista: trata-se de um modo de produção que se tornou universal,
sobretudo após o século XIX, no qual há a exploração do homem pelo
homem, constituindo duas classes sociais, a burguesia, que detém os meios
de produção, e os proletários, que são a força de trabalho explorada.

O modo capitalista de produção revolucionou as formas de acesso a terra, que


passou a ser privada, as formas de trabalho (assalariado) e as formas de produção
passaram a ter uma mediação cada vez maior das técnicas e tecnologias, formando
os sistemas técnicos.

Logo a sociedade passaria por inúmeras mudanças a partir do capitalismo – que


chegou mais claramente primeiro às cidades, com a industrialização, e depois se
tornou o modo de produção universal no campo e na cidade.

Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images

Esse é um trabalho que vai se tornando mais alienado, com normas mais
distantes da vida local, cada vez mais artificial. Se, no modo de produção primitivo,
as pessoas, por exemplo, sabiam o que produziam, tinham conhecimento sobre
todas as partes de seu trabalho, atualmente, cada um faz uma parte do trabalho e
é, inclusive, complicado definirmos nosso papel na divisão social do trabalho.

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É uma sociedade que concentra terras, capital, diversificadas formas de dinheiro


e na qual os que são explorados não conseguem acesso a terra e nem aos meios
de produção para sobreviver.

Como comenta Leonardo Boff:


[...] o núcleo desta sociedade não está construído sobre a vida, o bem
comum, a participação e a solidariedade entre os humanos. O seu eixo
estruturador está na economia de corte capitalista. Ela é um conjunto
de poderes e instrumentos de criação de riqueza - e aqui vem a sua
característica básica – mediante a depredação da natureza e a exploração
dos seres humanos. A economia é a economia do crescimento ilimitado,
no tempo mais rápido possível, com o mínimo de investimento e a máxima
rentabilidade. Quem conseguir se manter nessa dinâmica e obedecer a
essa lógica acumulará e será rico, mesmo à custa de um permanente
processo de exploração. (BOFF, 1999, p. 42)

Desse modo, os diferentes modos de produção alteraram os modos de vida da


sociedade ao longo da história e em diferentes lugares. Não podemos dizer que
todos os lugares do mundo passaram pelas mesmas situações e modo de produção,
nem tampouco que cada modo de produção sucedeu ao outro de forma progressiva
e linear.

Há, também, formas híbridas de viver, e nem todos que vivem atualmente par-
tilham o mesmo modo de vida. Podemos dizer sim que existem universalidades,
formas de vida e sociedades que são hegemônicas, mas nem todas são completa-
mente iguais.

Sempre há diferentes temporalidades – formas e tempos de vida que são


específicos, mesmo num mundo cada vez mais global.

Então, cabe à Sociologia desvendar esses processos e relações sociais, evidencia-


dos nas formas de trabalho, na urbanização, no processo de globalização, nas for-
mas de organização social e política. Tudo isso é mote para estudos da Sociologia.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
O que é Sociologia
MARTINS, C. B. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2000.

Filmes
O nome da Rosa
O nome da Rosa (1980, EUA, direção: Jean Jacques Annaud)

Leitura
Introdução à Sociologia
VIANA, N. Uma Introdução à Sociologia em Grande Estilo. Belo Horizonte: Autên-
tica, 2006.
Resenha disponível em:
https://goo.gl/Y3Tm52
Novas perspectivas para as Ciências Sociais no Brasil
PINTO FERREIRA, S. J. (Organizador). Novas perspectivas para as Ciências
Sociais no Brasil.
https://goo.gl/riuMwC

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UNIDADE Introdução à Sociologia e às Ciências Humanas

Referências
BOFF, L. Ética da Vida. Brasília: Letraviva, 1999.

DIAS, R. Sociologia clássica. São Paulo: Biblioteca Pearson, 2014. (e-book).

LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Metodologia científica. São Paulo: Atlas,


1982. P. 27.

MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. Trad. Florestan


Fernandes. São Paulo: Expressão Popular, 2008.

PAIXÃO, A. I. da. Sociologia geral. Curitiba: InterSaberes, 2012. (e-book).

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