Sei sulla pagina 1di 182

Universidade do Sul de Santa Catarina

Gestão Ambiental Industrial


Disciplina na modalidade a distância

Palhoça
UnisulVirtual
2011

gestao_industrial_ambiental.indb 1 11/7/2011 10:54:46


Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educação Superior a Distância
Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual
Reitor Coordenadores Graduação Marilene de Fátima Capeleto Patrícia de Souza Amorim Karine Augusta Zanoni
Ailton Nazareno Soares Aloísio José Rodrigues Patricia A. Pereira de Carvalho Poliana Simao Marcia Luz de Oliveira
Ana Luísa Mülbert Paulo Lisboa Cordeiro Schenon Souza Preto Mayara Pereira Rosa
Vice-Reitor Ana Paula R.Pacheco Paulo Mauricio Silveira Bubalo Luciana Tomadão Borguetti
Sebastião Salésio Heerdt Artur Beck Neto Rosângela Mara Siegel Gerência de Desenho e
Bernardino José da Silva Simone Torres de Oliveira Desenvolvimento de Materiais Assuntos Jurídicos
Chefe de Gabinete da Reitoria Charles Odair Cesconetto da Silva Vanessa Pereira Santos Metzker Didáticos Bruno Lucion Roso
Willian Corrêa Máximo Dilsa Mondardo Vanilda Liordina Heerdt Márcia Loch (Gerente) Sheila Cristina Martins
Diva Marília Flemming Marketing Estratégico
Pró-Reitor de Ensino e Horácio Dutra Mello Gestão Documental Desenho Educacional
Lamuniê Souza (Coord.) Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Rafael Bavaresco Bongiolo
Pró-Reitor de Pesquisa, Itamar Pedro Bevilaqua
Pós-Graduação e Inovação Jairo Afonso Henkes Clair Maria Cardoso Silvana Souza da Cruz (Coord. Pós/Ext.) Portal e Comunicação
Daniel Lucas de Medeiros Aline Cassol Daga Catia Melissa Silveira Rodrigues
Mauri Luiz Heerdt Janaína Baeta Neves
Aline Pimentel
Jorge Alexandre Nogared Cardoso Jaliza Thizon de Bona Andreia Drewes
Pró-Reitora de Administração José Carlos da Silva Junior Guilherme Henrique Koerich Carmelita Schulze Luiz Felipe Buchmann Figueiredo
Acadêmica José Gabriel da Silva Josiane Leal Daniela Siqueira de Menezes Rafael Pessi
Marília Locks Fernandes Delma Cristiane Morari
Miriam de Fátima Bora Rosa José Humberto Dias de Toledo
Eliete de Oliveira Costa
Joseane Borges de Miranda Gerência de Produção
Pró-Reitor de Desenvolvimento Luiz G. Buchmann Figueiredo Gerência Administrativa e Eloísa Machado Seemann Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)
e Inovação Institucional Marciel Evangelista Catâneo Financeira Flavia Lumi Matuzawa Francini Ferreira Dias
Renato André Luz (Gerente) Geovania Japiassu Martins
Valter Alves Schmitz Neto Maria Cristina Schweitzer Veit
Ana Luise Wehrle Isabel Zoldan da Veiga Rambo Design Visual
Maria da Graça Poyer
Diretora do Campus Mauro Faccioni Filho Anderson Zandré Prudêncio João Marcos de Souza Alves Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)
Universitário de Tubarão Moacir Fogaça Daniel Contessa Lisboa Leandro Romanó Bamberg Alberto Regis Elias
Milene Pacheco Kindermann Nélio Herzmann Naiara Jeremias da Rocha Lygia Pereira Alex Sandro Xavier
Onei Tadeu Dutra Rafael Bourdot Back Lis Airê Fogolari Anne Cristyne Pereira
Diretor do Campus Universitário Patrícia Fontanella Thais Helena Bonetti Luiz Henrique Milani Queriquelli Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro
da Grande Florianópolis Roberto Iunskovski Valmir Venício Inácio Marcelo Tavares de Souza Campos Daiana Ferreira Cassanego
Hércules Nunes de Araújo Rose Clér Estivalete Beche Mariana Aparecida dos Santos Davi Pieper
Gerência de Ensino, Pesquisa e Marina Melhado Gomes da Silva Diogo Rafael da Silva
Secretária-Geral de Ensino Vice-Coordenadores Graduação Extensão Marina Cabeda Egger Moellwald Edison Rodrigo Valim
Adriana Santos Rammê Janaína Baeta Neves (Gerente) Mirian Elizabet Hahmeyer Collares Elpo Fernanda Fernandes
Solange Antunes de Souza Aracelli Araldi Pâmella Rocha Flores da Silva
Bernardino José da Silva Frederico Trilha
Diretora do Campus Catia Melissa Silveira Rodrigues Rafael da Cunha Lara Jordana Paula Schulka
Elaboração de Projeto Roberta de Fátima Martins Marcelo Neri da Silva
Universitário UnisulVirtual Horácio Dutra Mello Carolina Hoeller da Silva Boing
Jucimara Roesler Jardel Mendes Vieira Roseli Aparecida Rocha Moterle Nelson Rosa
Vanderlei Brasil Sabrina Bleicher Oberdan Porto Leal Piantino
Joel Irineu Lohn Francielle Arruda Rampelotte
Equipe UnisulVirtual José Carlos Noronha de Oliveira Verônica Ribas Cúrcio
José Gabriel da Silva Multimídia
Reconhecimento de Curso Acessibilidade Sérgio Giron (Coord.)
Diretor Adjunto José Humberto Dias de Toledo Maria de Fátima Martins
Luciana Manfroi Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Dandara Lemos Reynaldo
Moacir Heerdt Letícia Regiane Da Silva Tobal Cleber Magri
Rogério Santos da Costa Extensão
Secretaria Executiva e Cerimonial Rosa Beatriz Madruga Pinheiro Maria Cristina Veit (Coord.) Mariella Gloria Rodrigues Fernando Gustav Soares Lima
Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Sergio Sell Vanesa Montagna Josué Lange
Marcelo Fraiberg Machado Pesquisa
Tatiana Lee Marques Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Avaliação da aprendizagem Conferência (e-OLA)
Tenille Catarina Valnei Carlos Denardin Claudia Gabriela Dreher Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)
Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem)
Assessoria de Assuntos Sâmia Mônica Fortunato (Adjunta) Jaqueline Cardozo Polla Bruno Augusto Zunino
Internacionais Pós-Graduação Nágila Cristina Hinckel Gabriel Barbosa
Coordenadores Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Sabrina Paula Soares Scaranto
Murilo Matos Mendonça Aloísio José Rodrigues Produção Industrial
Anelise Leal Vieira Cubas Thayanny Aparecida B. da Conceição
Assessoria de Relação com Poder Biblioteca Marcelo Bittencourt (Coord.)
Público e Forças Armadas Bernardino José da Silva Salete Cecília e Souza (Coord.) Gerência de Logística
Adenir Siqueira Viana Carmen Maria Cipriani Pandini Paula Sanhudo da Silva Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Gerência Serviço de Atenção
Walter Félix Cardoso Junior Daniela Ernani Monteiro Will Marília Ignacio de Espíndola Integral ao Acadêmico
Giovani de Paula Renan Felipe Cascaes Logísitca de Materiais Maria Isabel Aragon (Gerente)
Assessoria DAD - Disciplinas a Karla Leonora Dayse Nunes Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Ana Paula Batista Detóni
Distância Letícia Cristina Bizarro Barbosa Gestão Docente e Discente Abraao do Nascimento Germano André Luiz Portes
Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Luiz Otávio Botelho Lento Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Bruna Maciel Carolina Dias Damasceno
Carlos Alberto Areias Roberto Iunskovski Fernando Sardão da Silva Cleide Inácio Goulart Seeman
Cláudia Berh V. da Silva Rodrigo Nunes Lunardelli Capacitação e Assessoria ao Fylippy Margino dos Santos Denise Fernandes
Conceição Aparecida Kindermann Rogério Santos da Costa Docente Guilherme Lentz Francielle Fernandes
Luiz Fernando Meneghel Thiago Coelho Soares Alessandra de Oliveira (Assessoria) Marlon Eliseu Pereira Holdrin Milet Brandão
Renata Souza de A. Subtil Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher Adriana Silveira Pablo Varela da Silveira Jenniffer Camargo
Alexandre Wagner da Rocha Rubens Amorim
Assessoria de Inovação e Jessica da Silva Bruchado
Gerência Administração Elaine Cristiane Surian (Capacitação) Yslann David Melo Cordeiro Jonatas Collaço de Souza
Qualidade de EAD Acadêmica Elizete De Marco
Denia Falcão de Bittencourt (Coord.) Juliana Cardoso da Silva
Angelita Marçal Flores (Gerente) Fabiana Pereira Avaliações Presenciais
Andrea Ouriques Balbinot Juliana Elen Tizian
Fernanda Farias Iris de Souza Barros Graciele M. Lindenmayr (Coord.)
Carmen Maria Cipriani Pandini Kamilla Rosa
Juliana Cardoso Esmeraldino Ana Paula de Andrade
Secretaria de Ensino a Distância Mariana Souza
Maria Lina Moratelli Prado Angelica Cristina Gollo
Assessoria de Tecnologia Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Simone Zigunovas
Marilene Fátima Capeleto
Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Cristilaine Medeiros Maurício dos Santos Augusto
Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Daiana Cristina Bortolotti
Felipe Fernandes Adenir Soares Júnior Tutoria e Suporte Maycon de Sousa Candido
Felipe Jacson de Freitas Delano Pinheiro Gomes Monique Napoli Ribeiro
Alessandro Alves da Silva Anderson da Silveira (Núcleo Comunicação) Edson Martins Rosa Junior
Jefferson Amorin Oliveira Andréa Luci Mandira Claudia N. Nascimento (Núcleo Norte- Priscilla Geovana Pagani
Phelipe Luiz Winter da Silva Fernando Steimbach Sabrina Mari Kawano Gonçalves
Cristina Mara Schauffert Nordeste)
Fernando Oliveira Santos
Priscila da Silva Djeime Sammer Bortolotti Maria Eugênia F. Celeghin (Núcleo Pólos) Scheila Cristina Martins
Rodrigo Battistotti Pimpão Lisdeise Nunes Felipe Taize Muller
Douglas Silveira Andreza Talles Cascais Marcelo Ramos
Tamara Bruna Ferreira da Silva Evilym Melo Livramento Daniela Cassol Peres Tatiane Crestani Trentin
Marcio Ventura
Fabiano Silva Michels Débora Cristina Silveira Osni Jose Seidler Junior
Coordenação Cursos Fabricio Botelho Espíndola Ednéia Araujo Alberto (Núcleo Sudeste) Thais Bortolotti
Coordenadores de UNA Felipe Wronski Henrique Francine Cardoso da Silva
Diva Marília Flemming Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Janaina Conceição (Núcleo Sul) Gerência de Marketing
Marciel Evangelista Catâneo Indyanara Ramos Joice de Castro Peres Eliza B. Dallanhol Locks (Gerente)
Roberto Iunskovski Janaina Conceição Karla F. Wisniewski Desengrini
Jorge Luiz Vilhar Malaquias Kelin Buss Relacionamento com o Mercado
Auxiliares de Coordenação Juliana Broering Martins Liana Ferreira Alvaro José Souto
Ana Denise Goularte de Souza Luana Borges da Silva Luiz Antônio Pires
Camile Martinelli Silveira Luana Tarsila Hellmann Maria Aparecida Teixeira Relacionamento com Polos
Fabiana Lange Patricio Luíza Koing  Zumblick Mayara de Oliveira Bastos Presenciais
Tânia Regina Goularte Waltemann Maria José Rossetti Michael Mattar Alex Fabiano Wehrle (Coord.)
Jeferson Pandolfo

gestao_industrial_ambiental.indb 2 11/7/2011 10:54:46


Terezinha Damian Antônio

Gestão Ambiental Industrial


Livro didático

Design instrucional
Cristina Klipp de Oliveira

1ª edição revista

Palhoça
UnisulVirtual
2011

gestao_industrial_ambiental.indb 3 11/7/2011 10:54:46


Copyright © UnisulVirtual 2011
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Edição – Livro Didático


Professor Conteudista
Terezinha Damian Antônio

Design Instrucional
Cristina Klipp de Oliveira

Assistente Acadêmico
Aline Cassol Daga (1ª ed. rev.)

Projeto Gráfico e Capa


Equipe UnisulVirtual

Diagramação e Ilustração
Anne Cristyne Pereira
Davi Pieper (1ª ed. rev.)

Revisão Ortográfica
B2B

628.5
A64 Antônio, Terezinha Damian
Gestão ambiental industrial : livro didático / Terezinha Damian Antônio
; design instrucional Cristina Klipp de Oliveira ; [assistente acadêmico Aline
Cassol Daga]. – 1. ed. rev. – Palhoça : UnisulVirtual, 2011.
182 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.

1. Controle de poluição – Indústria. 2. Indústria – Política ambiental. I.


Oliveira, Cristina Klipp de. II. Daga, Aline Cassol. III. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

gestao_industrial_ambiental.indb 4 11/7/2011 10:54:46


Sumário

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Palavras da professora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

UNIDADE 1 – Planejamento e organização industrial. . . . . . . . . . . . . . . . . . 17


UNIDADE 2 – A questão ambiental nas indústrias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
UNIDADE 3 – Práticas de gestão ambiental nas indústrias . . . . . . . . . . . . . 83
UNIDADE 4 – Concepção ambiental de produtos, serviços
e processos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127

Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167


Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
Sobre a professora conteudista. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 175
Biblioteca Virtual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181

gestao_industrial_ambiental.indb 5 11/7/2011 10:54:46


gestao_industrial_ambiental.indb 6 11/7/2011 10:54:46
Apresentação

Este livro didático corresponde à disciplina Gestão Ambiental


Industrial.

O material foi elaborado com vistas a uma aprendizagem


autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e
relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem
didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância,
proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a
um aprendizado contextualizado e eficaz.

Lembre que, nesta disciplina, a indicação “a distância” caracteriza


somente a modalidade de ensino por que você optou para a sua
formação, pois sua caminhada será acompanhada e monitorada
constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual e, na
relação de aprendizagem, professores e instituição estarão
conectados com você.

Então, sempre que sentir necessidade entre em contato. Você tem


à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como:
telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem, que
é o canal mais recomendado, pois tudo que for enviado e recebido
fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa
equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender,
pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.

Bom estudo e sucesso!

Equipe UnisulVirtual.

gestao_industrial_ambiental.indb 7 11/7/2011 10:54:46


gestao_industrial_ambiental.indb 8 11/7/2011 10:54:46
Palavras da professora

Caro (a) estudante,

Seja bem-vindo(a) à disciplina Gestão Ambiental Industrial!

Essa disciplina tem por objetivo incorporar a variável


meio ambiente no planejamento industrial. Para tanto,
pretende-se que você conheça as rotinas e procedimentos
os quais possibilitam à organização planejar e administrar
adequadamente as relações entre suas atividades e o meio
ambiente em que está inserida.

Neste sentido, você vai aprender sobre as funções


administrativas de uma indústria, principalmente, a função
planejamento e a função organização, como também, os
principais aspectos ambientais que devem ser considerados no
planejamento industrial.

Você também vai compreender que as preocupações com as


questões ambientais estão cada vez mais presentes em todos
os âmbitos da sociedade e que, por isso, o tratamento dos
problemas ambientais nas indústrias não é somente uma
questão voltada ao cumprimento de normas, mas uma questão
de sobrevivência e competitividade das organizações no
mercado consumidor.

Você vai conhecer os principais métodos, instrumentos,


programas e sistemas que possibilitam às organizações
inserir, de forma estratégica, a variável meio ambiente no
planejamento industrial.

Você vai saber a respeito de tudo isso e muito mais nesta


disciplina.

Bom estudo!

Professora Terezinha Damian Antônio

gestao_industrial_ambiental.indb 9 11/7/2011 10:54:46


gestao_industrial_ambiental.indb 10 11/7/2011 10:54:46
Plano de estudo

O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da


disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o
contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva


em conta instrumentos que se articulam e se complementam,
portanto, a construção de competências se dá sobre a
articulação de metodologias e por meio das diversas formas de
ação/mediação.

São elementos desse processo:

„„ O livro didático.
„„ O Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA).
„„ As atividades de avaliação (a distância, presenciais e
de autoavaliação).
„„ O Sistema Tutorial.

Ementa
Teoria do planejamento industrial. Organização industrial.
Layout. Considerações ambientais na planificação da
Indústria de produtos e serviços. Concepção ambiental de
produtos e serviços (design ambiental). Análise de ciclo de
vida. Ecoprodutos. Qualidade total e qualidade ambiental.
Minimização de resíduos.

gestao_industrial_ambiental.indb 11 11/7/2011 10:54:46


Universidade do Sul de Santa Catarina

Objetivos

Geral:
A disciplina tem como principal finalidade possibilitar ao aluno
uma visão sobre os principais fatores que influenciam na gestão
ambiental industrial.

Específicos:

„„ Identificar as funções administrativas organizacionais.

„„ Aprender sobre o conceito e os tipos de indústria, a teoria


do planejamento e o controle da produção.

„„ Conhecer a influência das indústrias no meio ambiente


e a legislação que afeta diretamente as atividades
industriais.

„„ Conceituar qualidade total, qualidade ambiental, gestão


ambiental, ecoprodutos, ecodesign, mercados verdes,
certificação e rotulagem ambiental.

„„ Destacar as abordagens, os modelos e os instrumentos


de gestão ambiental nas indústrias, bem como as formas
de incorporação da gestão ambiental no planejamento
estratégico, na estrutura organizacional e nas atividades e
rotinas da indústria.

„„ Identificar as etapas de implantação de um sistema de


gerenciamento ambiental.

„„ Analisar o ciclo de vida dos produtos e serviços.

„„ Identificar formas de gerenciamento do consumo de água


e de energia; da qualidade do ar e de minimização dos
resíduos.

12

gestao_industrial_ambiental.indb 12 11/7/2011 10:54:46


Gestão Ambiental Industrial

Carga Horária
A carga horária total da disciplina é de 60 horas-aula.

Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.

Unidades de estudo: 4

Unidade 1 - Planejamento e organização industrial (14 h/a)


Esta unidade apresenta as funções administrativas
organizacionais, bem como o conceito e os tipos de indústrias,
além de mostrar a teoria do planejamento e controle da produção
e a importância do planejamento do layout na organização das
áreas de trabalho das indústrias.

Unidade 2 - A questão ambiental nas indústrias (14 h/a)


Nesta unidade, você vai conhecer os normativos sobre o meio
ambiente que afetam diretamente as atividades industriais,
como também vai entender a influência das indústrias no meio
ambiente e as mudanças no ambiente de negócios, além de
aprender os conceitos de qualidade total, qualidade ambiental e
gestão ambiental, a relação entre estes conceitos e as abordagens
para a gestão ambiental utilizadas pelas indústrias.

13

gestao_industrial_ambiental.indb 13 11/7/2011 10:54:46


Universidade do Sul de Santa Catarina

Unidade 3 - Práticas de gestão ambiental nas indústrias (14 h/a)


Esta unidade destaca as formas de incorporação da gestão
ambiental no planejamento estratégico, na estrutura
organizacional e nas atividades e rotinas da indústria, como
também apresenta os modelos, instrumentos e sistemas de gestão
ambiental nas indústrias.

Unidade 4 - Concepção ambiental de produtos, serviços e processos (14 h/a)


Através desta unidade, você poderá conceituar ecoprodutos,
ecodesign e mercados verdes; analisar o ciclo de vida dos produtos
e serviços; aprender sobre certificação e rotulagem ambiental,
como também, identificar formas de gerenciamento do consumo
de água e de energia; da qualidade do ar e de minimização dos
resíduos.

Agenda de atividades/ Cronograma

„„ Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar


periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos
depende da priorização do tempo para a leitura, da realização
de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus
colegas e professor.

„„ Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir


as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado
no EVA.

„„ Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas


ao desenvolvimento da disciplina.

14

gestao_industrial_ambiental.indb 14 11/7/2011 10:54:46


Gestão Ambiental Industrial

Atividades obrigatórias

Demais atividades (registro pessoal)

15

gestao_industrial_ambiental.indb 15 11/7/2011 10:54:46


gestao_industrial_ambiental.indb 16 11/7/2011 10:54:46
1
unidade 1

Planejamento e organização
industrial

Objetivos de aprendizagem
„„ Identificar as funções administrativas organizacionais.

„„ Conceituar organizações, indústria e seus tipos.

„„ Aprender sobre a teoria do planejamento e controle da


produção.

„„ Entender o que significa layout e sua importância.

Seções de estudo
Seção 1 As organizações e as funções administrativas

Seção 2 Conceito e tipos de indústrias

Seção 3 Planejamento e controle da produção

Seção 4 Layout industrial

gestao_industrial_ambiental.indb 17 11/7/2011 10:54:47


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, você vai aprender que as organizações trazem
muitos benefícios para os seus integrantes e para a sociedade.
Entretanto o alcance de seus objetivos depende do bom
desempenho das funções administrativas.

Existem vários tipos de organizações, dentre os quais estão as


indústrias.

Essas organizações produtivas devem planejar e controlar


a produção e organizar as áreas de trabalho da forma mais
adequada possível, de modo a atingir os seus objetivos sem
agredir o meio ambiente.

Seção 1 - As organizações e as funções administrativas


As organizações podem ser entendidas como sistemas
organizacionais constituídos por duas ou mais pessoas, que
trabalham juntas, de modo estruturado, para alcançar objetivos
comuns.

Como sistemas, as organizações possuem recursos humanos


e materiais empenhados, coordenadamente, em atividades
orientadas para resultados, ligados por métodos de informação e
influenciados por variáveis as quais estão presentes no ambiente
em que se inserem, conforme Lacombe (2003).

Algumas organizações têm por objetivo alcançar lucro,


pois constituem uma atividade econômica de produção e
comercialização de bens e serviços. Essas organizações são
chamadas de empresas, que podem atuar no ramo do comércio,
da indústria ou da prestação de serviços.

Inúmeros são os benefícios que as organizações produzem para os


seus integrantes e para a sociedade, que, segundo Pacheco (2008),
consistem em realizar os objetivos com menor esforço; satisfazer
as necessidades de bens e serviços do mercado consumidor;
aumentar o bem estar social; e ampliar habilidades humanas.

18

gestao_industrial_ambiental.indb 18 11/7/2011 10:54:47


Gestão Ambiental Industrial

Entretanto, ao elaborar seus planos, a organização o faz,


considerando o ambiente em que está inserida e, em muitos casos,
procurando atuar sobre esse ambiente de modo a modificá-lo a
seu favor.

O ambiente que circunda a organização pode ser dividido em


ambiente geral ou macroambiente e ambiente operacional ou
microambiente.

O macroambiente abrange os aspectos demográficos, científicos,


tecnológicos, ecológicos, físicos, políticos, econômicos, sociais
e culturais. Esses aspectos interagem permanentemente com a
organização, e esta procura influenciá-lo, mas sua capacidade
para isso é relativamente limitada.

Dentre os fatores que compõem o macroambiente, Lacombe


(2003, p. 21) destaca os seguintes:

Científicos e tecnológicos: conhecimentos acumulados


pela humanidade, que influenciam na maneira de realizar
as tarefas e operações.
Políticos: padrões de organização e funcionamento do
estado e da sociedade civil e dos seus mecanismos de
interação e regulação (inclusive a opinião pública).
Econômicos: organização do sistema econômico; política
econômica; produto nacional bruto e per capita; perfis de
distribuição de riqueza; taxas inflacionárias e níveis de
emprego, entre outros.
Institucionais: contextos de normas legais que
regulamentam comportamentos individuais e coletivos.
Sociais: tradições culturais, valores, ideologias, pressões
sociais e mitos, entre outros.
Demográficos: crescimento demográfico, densidade
demográfica, distribuição espacial, composição etária e
étnica, entre outros.
Ecológicos: meio ambiente físico e natural que circunda o
sistema organizacional.

Unidade 1 19

gestao_industrial_ambiental.indb 19 11/7/2011 10:54:47


Universidade do Sul de Santa Catarina

Atuando diretamente sobre a organização está o ambiente


operacional, também chamado de microambiente, que contém
fatores os quais interagem forte e permanentemente com o
sistema organizacional.

O microambiente corresponde a sistemas próximos à organização


e interagem com ela de maneira forte e permanente. Abrange
os fornecedores de insumos, os consumidores, os concorrentes e
os órgãos governamentais ou regulamentadores, influenciando e
sendo influenciado pelas organizações.

Dentre os fatores que compõem o microambiente, Lacombe


(2003, p. 21) destaca os seguintes:

Consumidores: usuários dos produtos e serviços da


organização.
Fornecedores: supridores de recursos: capital, mão-de-
obra, materiais, equipamentos, serviços e informações,
entre outros.
Concorrentes: produzem bens ou serviços iguais,
semelhantes ou sucedâneos, visando aos mesmos
consumidores ou usuários; competem pelos mesmos
recursos junto aos mesmos fornecedores.
Regulamentadores: entidades que impõem
controles, limites e restrições à ação da organização:
governo, meios de comunicação de massa, sindicatos,
associações empresariais e de classe e organizações não
governamentais, por exemplo.

Assim sendo, atuando no ambiente em que estão inseridas,


as organizações podem ser consideradas como sistemas
organizacionais constituídos por duas ou mais pessoas, que se
agrupam visando alcançar um objetivo comum.

Entretanto o alcance dos seus objetivos depende do desempenho


das funções administrativas, que são as seguintes, segundo
Lacombe (2003): planejamento, organização, direção e controle.

20

gestao_industrial_ambiental.indb 20 11/7/2011 10:54:47


Gestão Ambiental Industrial

A função planejamento
O planejamento consiste na aplicação sistemática contínua e
prospectiva da melhor inteligência disponível à programação dos
trabalhos e soluções de problemas, segundo Oliveira (2007).

Trata-se de uma atividade universal do homem, que é capaz


de agir pensando e refletindo sobre o que está ocorrendo e no
rumo que pode dar às coisas, construindo desse modo seu futuro
coletivo e individual.

É na teoria da administração que surgiu o planejamento como


uma função do administrador, levado pela necessidade de dar
maior atenção à organização, quando foi preciso procurar
antecipar-se ao mercado como um todo.

Henry Fayol (29/07/1941 a 19/11/1925), clássico da


administração, foi um dos primeiros a abordar o planejamento,
ao afirmar que administrar é prever e planejar, é organizar,
coordenar e controlar. A partir da administração planejada,
passou-se a utilizar, no começo do século XX, a previsão e
controle na produção industrial.

Toda atividade de planejamento resulta de decisões presentes,


tomadas a partir do exame do impacto das mesmas no futuro.
Por isso o objetivo do planejamento pode ser definido como o
desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas,
as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as
implicações futuras de decisões presentes.

O planejamento permite identificar dificuldades e pontos de


estrangulamento e prever alternativas para superá-los; estabelecer
sequência das atividades, possibilitando a execução das atividades
do dia, da semana, do mês do ano; adequar atividades ao tempo
disponível, recursos existentes, capacidade de ação, para o melhor
resultado.

Considerando-se os níveis hierárquicos de uma organização,


podem-se desenvolver três tipos de planejamento: estratégico,
tático e operacional, segundo Oliveira (2007).

O planejamento estratégico é o processo administrativo que


proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a
melhor direção a ser seguida pela organização.

Unidade 1 21

gestao_industrial_ambiental.indb 21 11/7/2011 10:54:47


Universidade do Sul de Santa Catarina

Está relacionado com objetivos de longo prazo e com estratégias


e ações como um todo e fica sob a responsabilidade dos
níveis mais altos da administração. Sendo assim, pressupõe o
envolvimento de todos os integrantes da organização e prevê um
diagnóstico da situação e a definição da missão, visão, valores,
negócios, objetivos e estratégias.

O planejamento tático tem por objetivo otimizar determinada


área de resultado ou parte da organização. Assim, relaciona-se
com objetivos de médio prazo, e as ações afetam apenas parte da
organização.

O planejamento operacional pode ser considerado como o


detalhamento das ações previstas no planejamento, apresentando
os recursos necessários para o seu desenvolvimento e
implantação; os procedimentos básicos a serem adotados; os
resultados esperados; os prazos estabelecidos; e os responsáveis
pela execução.

Está, desta forma, relacionado com os objetivos de curto prazo, e


as estratégias e ação estão ligadas ao nível hierárquico mais baixo.

Assim sendo, o processo de planejar envolve um modo de pensar,


que pressupõe indagações e questionamentos sobre, segundo
Pacheco (2008):

„„ o que fazer: significa identificar necessidades, a partir do


conhecimento do ambiente interno e externo em que a
organização está inserida;
„„ por que fazer: consiste em determinar as prioridades, o
que permite estabelecer a ordem de busca dos objetivos;
„„ quando fazer: compreende o estabelecimento de
metas, que possibilita definir, claramente, os prazos de
implantação ou elaborar o cronograma de atividades;
„„ como fazer: abrange a definição das estratégias e ações
que permitem alcançar cada objetivo proposto no
planejamento;
„„ quem fará: engloba os responsáveis pelo desenvolvimento
de cada uma das ações, dos objetivos e do plano como
um todo;

22

gestao_industrial_ambiental.indb 22 11/7/2011 10:54:47


Gestão Ambiental Industrial

„„ qual o custo: consiste em definir o custo total do


planejamento desenvolvido, a partir do delineamento
dos recursos humanos, materiais e financeiros que serão
necessários para cada uma das ações.
O planejamento também define como deve ser executado,
monitorado, avaliado e controlado. Algumas dessas atividades
são desempenhadas pelas demais funções administrativas.

A função organização
Não basta planejar, é preciso estruturar a organização de modo
que o planejado possa ser colocado em prática.

Organizar corresponde à arte de empregar com


eficiência todos os recursos disponíveis, a fim de
alcançar um determinado objetivo.

A função organização consiste na coordenação racional das


atividades de certo número de pessoas que desejam alcançar
um objetivo comum e explícito, mediante a divisão das funções
e do trabalho e por meio da hierarquização da autoridade e da
responsabilidade.

Assim, toda organização precisa definir seus objetivos e


identificar as atividades necessárias para alcançá-los. Essas
atividades podem ser classificadas em três níveis, segundo
Lacombe (2003): nível de direção, nível gerencial e nível de
execução.

As atividades desenvolvidas no nível de direção estão


diretamente vinculadas aos objetivos, estratégias e interações com
o ambiente externo. Como exemplos, podem ser apresentadas
as seguintes atividades de direção, segundo Lacombe (2003):
formulação das políticas organizacionais, aprovação do orçamento
geral, elaboração do planejamento estratégico, entre outras.

As atividades gerenciais constituem a essência da administração


e se caracterizam pelos esforços para obter resultados por meio
de terceiros. Como exemplos, podem ser citadas as seguintes
atividades, conforme Lacombe (2003): comando das atividades
de operação especializada, como finanças, marketing, recursos
humanos e manutenção.

Unidade 1 23

gestao_industrial_ambiental.indb 23 11/7/2011 10:54:47


Universidade do Sul de Santa Catarina

As atividades de execução ou operacionais estão no nível


hierárquico mais baixo da organização, em que é executada a
maior parte das atividades.

Depois de definidas quais são as atividades da organização, é


necessário agrupá-las de forma lógica em áreas ou departamentos.
Esse agrupamento é efetuado de acordo com os critérios de
departamentalização.

O termo departamentalização significa a forma de


agrupar as atividades de uma organização.

Assim, os departamentos decorrem dos critérios adotados, que


podem ser divididos, segundo Lacombe (2003) em: funcional,
produto ou serviço, clientela, processo.

„„ Departamentalização funcional, que consiste em agrupar,


num mesmo departamento ou área, as atividades afins,
ou de mesma natureza ou especialidade -- como, por
exemplo, as atividades relacionadas à comercialização em
um departamento; as atividades relacionadas à produção,
em outro.
„„ Departamentalização por produto ou serviço, que
agrupa num mesmo departamento todas as atividades
diretamente relacionadas a determinado produto ou
serviço, independente da sua natureza ou especialidade,
como é o caso de se ter o departamento de lâmpadas,
o departamento de transformadores, departamento de
aparelhos domésticos, vinculados à diretoria de produção.
„„ Departamentalização por clientela, que consiste no
agrupamento de atividades com o objetivo de servir
a determinado grupo de pessoas, clientes externos
ou internos, bastante utilizado nas áreas em que a
organização se relaciona externamente, especialmente em
vendas.
„„ Departamentalização por processo, comum nas
áreas de produção, consiste em agrupar num mesmo
departamento todas as pessoas que utilizam um mesmo

24

gestao_industrial_ambiental.indb 24 11/7/2011 10:54:47


Gestão Ambiental Industrial

tipo de equipamento, ou técnica, ou que operam num


mesmo processo, como, por exemplo, departamento de
tornos, departamento de fresas, departamento de plainas.
Embora existam estes critérios de departamentalização específicos,
é comum ocorrer o uso de critérios mistos, o que permite dividir
um departamento em unidades menores, usando mais de um
critério. É preciso ficar claro que não há uma única solução correta,
mas várias alternativas que devem ser adequadas a cada situação.

Por isso a estrutura organizacional depende das estratégias e das


tecnologias, bem como das variáveis do ambiente externo em que a
indústria está inserida.

A estrutura organizacional é o conjunto ordenado


de responsabilidades, autoridades, comunicações
e decisões das unidades organizacionais de uma
indústria.

A representação gráfica de uma estrutura organizacional é chamada


de organograma, segundo Oliveira (2002 apud PACHECO, 2007).

E, assim, podemos concluir que organizar é o processo de


identificar e agrupar logicamente as atividades da organização,
de modo que os recursos disponíveis sejam aplicados eficiente
e eficazmente, a fim de que a organização e seus funcionários
realizem seus objetivos mútuos.

As funções: direção e controle


A função direção consiste em coordenar e direcionar as atividades
dos integrantes da organização, implementando o que foi planejado
e organizado.

A função controle consiste em avaliar o que foi planejado e, se for


necessário, alterar o que foi planejado, para que os objetivos possam
ser eficazmente atingidos.

Unidade 1 25

gestao_industrial_ambiental.indb 25 11/7/2011 10:54:47


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 2 - Conceito e tipos de indústrias


Existem muitos tipos de organizações. Com base em suas
atividades, as organizações podem ser classificadas em setor
primário, setor secundário e setor terciário.

O setor primário é o conjunto de atividades econômicas


que produzem matéria-prima. Isto implica geralmente a
transformação de recursos naturais em produtos primários.

Muitos produtos do setor primário são considerados como


matérias-primas levadas para outras indústrias, a fim de se
transformarem em produtos industrializados. Os negócios
importantes neste setor incluem agricultura, agronegócio, a
pesca, a silvicultura e toda a mineração e indústrias pedreiras. O
setor primário compreende as seguintes atividades: agricultura,
pecuária, extrativismo, caça, pesca e mineração.

O setor secundário é o setor da economia que transforma


produtos naturais produzidos pelo setor primário em produtos
de consumo ou em máquinas industriais, produtos a serem
utilizados por outros estabelecimentos do setor secundário.
Geralmente apresenta porcentagens bastante relevantes nas
sociedades desenvolvidas.

Podemos afirmar que a matéria-prima é transformada em


produto manufaturado nesse setor. A indústria e a construção
civil são atividades desse setor.

O setor terciário da economia envolve a prestação de serviços


às indústrias, bem como aos consumidores finais. Os serviços
podem envolver o transporte, distribuição e venda de mercadorias
do produtor para um consumidor, o que pode acontecer no
comércio atacadista ou varejista, ou podem envolver a prestação
de um serviço, como o entretenimento.

Os produtos podem ser transformados no processo de


prestação de um serviço, como acontece no restaurante ou em
equipamentos da indústria de reparação. No entanto o foco
é sobre as pessoas interagindo com as pessoas, mais do que a
transformação de bens físicos.

26

gestao_industrial_ambiental.indb 26 11/7/2011 10:54:47


Gestão Ambiental Industrial

A indústria é uma unidade econômica de produção de


bens destinados ao mercado consumidor.

Uma indústria pode ser entendida como um organismo. Como


organismo vivo, a indústria recebe influência do ambiente em
que está inserida e a exerce do mesmo modo. Assim, tende a
apresentar dificuldades de adaptação, quando esse ambiente
evolui rapidamente.

Toda indústria apresenta uma estrutura organizacional composta,


geralmente, por funções gerenciais básicas e funções acessórias.

São funções gerenciais básicas, por exemplo, a Gerência de


Vendas, responsável pela política de preços e comercialização,
venda dos produtos e atendimento aos clientes; a Gerência de
Produção, responsável pela quantificação das necessidades de
abastecimento e a programação, acompanhamento e controle
da produção; a Gerência Financeira, responsável pelo controle
orçamentário, investimentos e fluxo de caixa; a Gerência
Administrativa, responsável pelo comando, coordenação e
controle dos diversos departamentos da indústria.

As funções acessórias estão ligadas diretamente ao sistema


produtivo e desempenham funções auxiliares de planejamento
ou de serviço, tais como, Engenharia Industrial; Planejamento
e Controle da Produção; Departamento de Compras; Controle
de Qualidade; Recursos Humanos; Manutenção; Desenho
Industrial; Controle de Custos; Pesquisa de Mercado.

Desta forma, a indústria é o conjunto de processos técnicos para


a transformação de um produto primário, a matéria-prima, em
outro, elaborado.

Classificação das indústrias


As indústrias podem ser classificadas de diversas formas, segundo
Portalimpacto (2009).

Unidade 1 27

gestao_industrial_ambiental.indb 27 11/7/2011 10:54:47


Universidade do Sul de Santa Catarina

Conforme a origem de seu capital, as indústrias podem ser


privadas, aquelas que têm por objetivo a obtenção de lucros
para dividi-los entre seus sócios, proprietários ou acionistas,
ou  reinvesti-los; ou públicas, que são aquelas controladas pelo
Estado, que possui a maior parte do capital.

Conforme o bem produzido, aparecem as indústrias de bens de


produção ou indústrias de base; as indústrias de bens de capital
ou intermediárias; as indústrias de bens de consumo.

Indústrias de bens de produção


As indústrias de bens de produção ou indústrias de base
compreendem toda indústria que trabalha com matéria-prima
bruta, transformando-a em matéria-prima para outras indústrias;
transformam grande quantidade de matéria-prima e, por isto,
costumam ficar localizadas próximas a portos, ferrovias e
fontes de matéria-prima, de modo a facilitar o seu recebimento
e melhorar o escoamento da produção. São exemplos, as
siderúrgicas, as metalúrgicas, as petroquímicas e as indústrias de
cimento.

Nesse tipo de indústria, a atividade desenvolvida


transforma a matéria-prima que foi retirada da
natureza de forma bruta, além de fornecer máquinas,
equipamentos e outros instrumentos a diferentes
tipos de indústrias, como aquelas do ramo da
siderúrgica, mineração, química entre outras.

Enquadram-se ainda nessa classificação aquelas que produzem


materiais destinados à infraestrutura, oferecendo suprimentos
para o transporte, energia, saneamento e habitação.

As indústrias de bens de produção são conhecidas também por


indústrias de base, porque fornecem condições para a proliferação
de outras indústrias, e indústrias pesadas, que transformam
grandes quantidades de matéria-prima. Essas indústrias
produzem bens para outras indústrias, gastam muita energia e
transformam grandes quantidades de matérias-primas.

28

gestao_industrial_ambiental.indb 28 11/7/2011 10:54:47


Gestão Ambiental Industrial

As indústrias petroquímicas, metalúrgicas, siderúrgicas


e as de cimento são alguns exemplos. Entre elas,
destacam-se a siderúrgica alemã Mannesmann, a
petroquímica francesa Rhodia, a norte-americana
Du Pont e Companhia Siderúrgica Nacional, em
Volta Redonda, Rio de Janeiro. As indústrias de base
estão instaladas, geralmente, próximo aos locais
fornecedores de matérias-primas e dependem de boa
rede de transportes.

Indústrias de bens de capital


As indústrias de bens intermediários ou de bens de capital
transformam matéria-prima bruta em outro tipo de matéria-
prima e são aquelas que produzem máquinas para outras
indústrias, como, por exemplo, as fábricas de tornos; a principal
função dessas indústrias é equipar indústrias de todos os tipos;
produzem máquinas, ferramentas, autopeças e outros bens;
localizam-se próximo aos centros de consumo.

São as que produzem máquinas, equipamentos, ferramentas ou


autopeças para outras indústrias, como, por exemplo, a indústria
de componentes eletrônicos e a de motores para carros ou aviões.
Estão, geralmente, instaladas nos maiores centros urbanos
industriais.

As indústrias de bens de consumo produzem


produtos voltados ao grande mercado consumidor,
como, por exemplo, a indústria têxtil e a indústria
alimentar; estão mais ligadas ao mercado consumidor
e à oferta de mão de obra, por isso estão mais
dispersas espacialmente.

Indústrias de bens de consumo


As indústrias de bens de consumo atuam em atividades as quais
visam abastecer o mercado que atende o consumidor final. As
mercadorias concebidas nesse tipo de indústria são oriundas
das indústrias de bens de produção e também da agricultura.
Estas são localizadas próximo aos centros urbanos a fim de
proporcionar maior acesso aos consumidores.

Unidade 1 29

gestao_industrial_ambiental.indb 29 11/7/2011 10:54:47


Universidade do Sul de Santa Catarina

As indústrias de bens de consumo estão divididas em duráveis,


não duráveis, semiduráveis e derivados.

„„ Indústrias de bens duráveis: atuam na produção de


mercadorias de grande vida útil; nessa categoria
está a indústria automobilística e eletroeletrônica;
responsável por produtos de longa durabilidade, tais
como: eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, móveis e
automóveis.
„„ Indústria de bens não duráveis: são aquelas que
produzem produtos cuja durabilidade não é tão
aproveitada; atua na produção de bens de consumo
perecíveis, exemplo: a indústria alimentícia, vestuário e
todos aqueles que envolvem extinção, como alimentos,
bebidas, vestuário, calçados.
„„ Indústria de semiduráveis, responsável por produtos de
durabilidade média, como roupas e celulares;
„„ Indústria de derivados, que são as que empregam
matéria-prima já beneficiada ou semiacabada, como por
exemplo, a indústria de cosméticos.
Conforme a tecnologia empregada, as indústrias podem ser
dinâmicas ou tradicionais.

A indústria dinâmica compreende as indústrias química,


eletrônica, petroquímica e da aviação; necessitam de muito
capital pois usam tecnologia de ponta, porém precisam de mão
de obra reduzida, mas qualificada. São exemplos: a indústria da
informática, a espacial, a aeronáutica.

A indústria tradicional é mais presa aos antigos fatores


locacionais, que requerem muita mão de obra, não
necessariamente qualificada, e empregam métodos da primeira
e segunda fases da Revolução Industrial, como as indústrias de
alimentos e as têxteis.

As indústrias não estão distribuídas da mesma maneira em todas


as regiões do mundo. Neste sentido, são fatores da localização
industrial o capital, fontes de energia, matéria-prima, transporte,
comunicação, água, incentivos fiscais.

30

gestao_industrial_ambiental.indb 30 11/7/2011 10:54:48


Gestão Ambiental Industrial

Esses fatores variam de acordo com o tipo de indústria e têm


mudado no decorrer dos anos, uma vez que a tecnologia torna a
atividade industrial cada vez menos dependente dos fatores de
localização.

Geralmente, as indústrias se estabelecem em áreas que oferecem


condições econômicas favoráveis; com tradição industrial;
onde existem outras indústrias fornecedoras de produtos ou
serviços; onde as comunicações, transporte e energia são
adequados; próximas a mercados consumidores; ou ainda em
áreas onde os poderes públicos proporcionam benefícios fiscais ou
financeiros.

As indústrias tendem a se concentrar geograficamente ao longo


dos grandes eixos de comunicação e dos espaços urbanos bem
conectados.

No Brasil, as principais regiões industriais estão concentradas


na região Sudeste, no triângulo formado pelas regiões
metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Outras áreas podem ser chamadas de periféricas: áreas
metropolitanas de Curitiba, Porto Alegre, Recife e Salvador;
Zona Franca de Manaus, Goiânia (GO), Campo Grande (MS) e
Vale do Itajaí (SC).

Assim, no final dessa apresentação sobre os conceitos e os


tipos de indústria, concluímos que, essencialmente, indústria
significa atividades humanas que realizam a transformação
de matéria-prima em algum produto o qual pode, ou não, ser
comercializado. Existem muitos tipos de indústrias decorrentes
do critério de classificação escolhido.

Unidade 1 31

gestao_industrial_ambiental.indb 31 11/7/2011 10:54:48


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 3 - Planejamento e controle da produção


As indústrias geralmente são estudadas como um sistema que
transforma entradas ou insumos em saídas ou produtos úteis aos
clientes. Esse sistema é chamado de sistema produtivo.

Para um sistema produtivo transformar insumos em


produtos, é necessário ser pensado em termos de
prazos, em que planos são feitos, em que ações são
disparadas com base nestes planos, de forma que,
transcorridos estes prazos, os eventos planejados
pelas organizações se tornem realidade.

Para organizar a montagem dos dados


e a tomada de decisões com relação
a estas atividades escalonadas no
tempo, as indústrias criam um setor
ou departamento de apoio à produção,
conhecido como Departamento de
Planejamento e Controle da Produção
(PCP).

Esse departamento é responsável pela


coordenação e aplicação dos recursos
pro dutivos de forma a atender da melhor
maneira possível aos planos estabelecidos
nos diversos níveis do planejamento.

De forma geral, pode-se dividir o


horizonte de planejamento em três níveis:
o longo, o médio e o curto prazo. Neste
sentido, as atividades do PCP são exercidas nos três
níveis hierárquicos, sendo formulados os seguintes documentos,
segundo Tubino (2007):

„„ Planejamento Estratégico da Produção, desenvolvido em


longo prazo, no nível estratégico, gerando um Plano de
Produção;
„„ Planejamento-mestre da Produção, em médio prazo, no
nível tático;

32

gestao_industrial_ambiental.indb 32 11/7/2011 10:54:48


Gestão Ambiental Industrial

„„ Programação da Produção e o Acompanhamento


e Controle da Produção, em curto prazo, no nível
operacional.
O Planejamento Estratégico da Produção consiste em
estabelecer um Plano de Produção para determinado período
(longo prazo), segundo as estimativas de vendas de longo prazo e
a disponibilidade de recursos financeiros e produtivos.

Essa estimativa serve para prever os tipos e quantidades de


produtos que se espera vender no horizonte de planejamento
estabelecido. Assim, em longo prazo, são definidas as políticas
estratégicas da indústria, cuja função é, com base na previsão de
vendas, visualizar com que capacidade de produção o sistema
deverá trabalhar para atender a seus clientes.

O Planejamento-mestre da Produção consiste em estabelecer


um Plano-mestre de Produção de produtos finais, detalhado a
médio prazo, período a período, a partir do Plano de Produção,
com base nas previsões de vendas de médio prazo ou nos pedidos
em carteira já confirmados.

Em médio prazo, com o sistema produtivo já estruturado,


buscam-se táticas para operar de forma mais eficiente este sistema
montado, planejando o uso desta capacidade instalada para
atender às previsões de vendas de médio prazo e/ou os pedidos
em carteira já negociados com os clientes.

A Programação da Produção estabelece, em curto prazo, quanto


e quando comprar, fabricar ou montar cada item necessário
à composição dos produtos finais, administrando estoques,
sequenciando, emitindo e liberando as ordens de compras,
fabricação e montagem. No curto prazo, com o sistema montado
e a tática de operação definida, o sistema produtivo irá produzir
os bens e / ou serviços e entregá-los aos clientes.

O Acompanhamento e Controle da Produção busca garantir


que o programa de produção emitido seja executado a contento,
através da coleta e análise dos dados. Quanto mais rápido forem
identificados os problemas, mais efetivas serão as medidas
corretivas visando o cumprimento do programa de produção.
Também se preocupa em coletar dados para apoiar outros setores

Unidade 1 33

gestao_industrial_ambiental.indb 33 11/7/2011 10:54:48


Universidade do Sul de Santa Catarina

do sistema produtivo, tais como, índices de defeitos, horas/


máquinas e horas/homens consumidas, consumo de materiais,
índices de quebras de máquinas.

Essas funções executadas pelo PCP podem ser operacionalizadas


através de sistemas de informações gerenciais integrados,
adquiridos na forma de pacotes comerciais de software.

Apesar de as atividades desenvolvidas pelo PCP serem


basicamente essas quatro citadas, o grau de complexidade de cada
uma delas dependerá do tipo de sistema produtivo dentro do qual
o PCP está agindo.

Os sistemas produtivos podem ser classificados de acordo com


o grau de padronização dos produtos e o volume de produção
demandado pelo mercado, podendo, então, consistir em sistemas
contínuos, em massa, em lotes, sob encomenda, de acordo com
Tubino (2007).

Um automóvel pode ser feito em um processo de


produção em massa, em fábricas para 100.000 carros/
ano, ou em processos de produção repetitivos em
lotes, em fábricas para 6.000 carros/ano ou menos, ou,
ainda, de forma artesanal em oficinas sob encomenda,
produzindo poucos carros exclusivos por mês,
segundo Tubino (2007).

Os sistemas de produção contínuos são empregados


quando existe alta uniformidade na produção, fazendo com
que os produtos e os processos produtivos sejam totalmente
interdependentes, o que favorece a sua automatização e não
permite serem identificados individualmente. Como exemplos,
apresentam-se as linhas de montagem, fabricação de produtos
químicos e refinação de petróleo, ou seja, produtos que são
mantidos em linha por um longo tempo e sem modificação.

Os sistemas de produção em massa são aqueles empregados na


produção em grande escala de produtos altamente padronizados;
entretanto estes produtos não são passíveis de automatização
em processos contínuos, exigindo participação de mão de obra
especializada na transformação do produto.

34

gestao_industrial_ambiental.indb 34 11/7/2011 10:54:48


Gestão Ambiental Industrial

Podem-se classificar dentro dos sistemas de produção em massa,


as indústrias que estão na ponta das cadeias produtivas, com
suas linhas de montagem, como é o caso das montadoras de
automóveis, eletrodomésticos, grandes confecções têxteis, abate
e beneficiamento de aves, suínos, gado; e, a prestação de serviços
em grande escala, como transporte aéreo, editoração de jornais e
revistas.

Os sistemas de produção repetitivos em lote são caracterizados


pela produção de um volume médio de bens padronizados em
lotes, sendo que cada lote segue uma série de operações que
necessitam ser programadas à medida que as operações anteriores
forem sendo realizadas. Neste caso, o sistema produtivo deve ser
relativamente flexível, visando atender diferentes pedidos dos
clientes e flutuações da demanda.

Como exemplo, podemos citar o caso das fornecedoras da cadeia


automobilística, cadeia de eletrodomésticos, empresas do ramo
metal mecânico, cadeia têxtil, oficinas de reparo para aparelhos
eletrônicos, laboratórios de análise químicas e restaurantes,
segundo Tubino (2007).

Os sistemas de produção sob encomenda têm como finalidade a


montagem de um sistema produtivo voltado para o atendimento
de necessidades específicas dos clientes. O produto tem uma data
definida negociada com o cliente para ser fabricado e, uma vez
concluído, o sistema produtivo se volta para um novo projeto. Os
produtos são concebidos em estreita ligação com os clientes.

Como exemplo, a encomenda de um motor elétrico de grande


porte para trabalhar em uma usina hidrelétrica está atrelada a
prazos de conclusão do projeto da usina; ou, ainda, a encomenda
de uma matriz para a estamparia de uma fábrica de automóveis
tem como data-limite o lançamento de um novo carro no
mercado, conforme Tubino (2007).

As indústrias, de uma forma ou de outra, direcionam suas


atividades para o rumo em que elas acham que o seu negócio
andará. Essa direção, geralmente, é traçada a partir de previsões,
sendo a previsão da demanda a principal delas.

Unidade 1 35

gestao_industrial_ambiental.indb 35 11/7/2011 10:54:48


Universidade do Sul de Santa Catarina

A previsão da demanda é a base para o planejamento


estratégico da produção, vendas e finanças de
qualquer indústria. Essas previsões têm papel muito
importante nos processos de planejamento dos
sistemas de produção, pois permitem antever o futuro
e planejar adequadamente as ações, segundo Tubino
(2007).

Assim sendo, as previsões são usadas pelo PCP em dois


momentos: primeiro, para planejar o sistema produtivo; segundo,
para planejar o uso deste sistema produtivo.

No primeiro caso, previsões agregadas de longo prazo são usadas


para elaborar estrategicamente o plano de produção, definindo
qual família de produtos oferecer ao mercado, de que instalações
e equipamentos dispor, em que nível de atividade trabalhar, qual
qualificação da mão de obra buscar.

No segundo caso, previsões detalhadas de médio e curto prazo


são empregadas para o planejamento-mestre e programação
da produção no sentido de utilizar os recursos disponíveis,
envolvendo a definição de planos de produção e armazenagem,
planos de compras e reposição dos estoques, planos de cargas de
mão de obra e sequenciamento da produção.

Neste sentido, a previsão da demanda é a principal informação


empregada pelo PCP na elaboração de suas atividades, e afeta,
de forma direta, o desempenho esperado de suas funções de
planejamento e controle do sistema produtivo.

Seção 4 - Layout industrial


A tarefa de organizar as áreas de trabalho nas indústrias é
muito importante, pois um erro no arranjo das máquinas e
equipamentos pode levar a sérios problemas na utilização dos
locais, pode originar a demolição de estruturas, paredes e, até
mesmo, edifícios e, consequentemente, causar custos elevados.

36

gestao_industrial_ambiental.indb 36 11/7/2011 10:54:49


Gestão Ambiental Industrial

Essa tarefa de organizar as áreas de trabalho é


denominada planejamento de layout.

Os primeiros layouts surgiram quando o homem executava o seu


trabalho, ou mesmo, quando o arquiteto planejava a construção.

Com a chegada da revolução industrial, os proprietários das


fábricas chegaram à conclusão de que seria mais econômico
estudar a organização das suas fábricas. Assim sendo, começaram
pela mecanização do equipamento.

Com a especialização da mão de obra, o manuseio dos materiais


entre cada operação ganhou uma maior atenção. Hoje em dia,
chega-se à conclusão de que os primeiros layouts não estavam
completos, sendo que o conceito de layout ideal continua em
permanente mudança.

Layout é um termo inglês que significa configuração


de instalação.

O layout gráfico pode ser conceituado como um esboço que


mostra a distribuição física, tamanhos e pesos de elementos como
textos ou figuras num determinado espaço, os quais podem ser
alterados ou reformulados. O layout logístico se refere ao arranjo
de máquinas e equipamentos até a obtenção do melhor desenho.

Existem vários tipos de layouts e cada um deles se adequa


a determinadas características, sendo uns mais vantajosos
que outros. Cada um deles está adequado a determinadas
características, quantidades, diversidade e movimentações dos
materiais dentro da indústria, de acordo com Camarotto (1998).

No layout posicional, o material permanece parado, enquanto


os operadores, equipamentos e todos os outros materiais se
movimentam à sua volta. É usado quando os produtos são
volumosos e são fabricados em quantidades reduzidas.

Unidade 1 37

gestao_industrial_ambiental.indb 37 11/7/2011 10:54:49


Universidade do Sul de Santa Catarina

Como vantagens, este tipo de layout apresenta a reduzida


movimentação do material; oportunidades de trabalho e maior
flexibilidade; adaptação às mudanças do produto e do volume de
produção.

Entretanto apresenta desvantagens, tais como: maior


movimentação dos operadores e do equipamento; exigência de
grande habilidade dos operadores e dos supervisores; aumento do
espaço de trabalho.

O layout funcional consiste em agrupar todas as operações


cujo tipo de processo de produção seja semelhante,
independentemente do produto processado, sendo usado quando
os produtos são pouco volumosos.

Este tipo de layout apresenta condições para melhor


utilização das máquinas; maior flexibilidade na operação
com os equipamentos; redução do tratamento dos materiais;
possibilidades de variação das tarefas em cada posto de trabalho;
supervisão especializada.

Por outro lado, este tipo de layout requer maior competência nas
tarefas exigidas; há um aumento no tratamento do material; e,
ainda, o controle da produção é mais difícil.

O layout linear caracteriza-se pelo sequenciamento dos


equipamentos por operações, que ficam fixos, enquanto os
materiais se movem pelos vários equipamentos.

Como vantagens, este tipo de layout apresenta reduzido


manuseamento do material; os operadores não necessitam de
muitos conhecimentos profissionais; o controle da produção é
simples.

Contudo, há limitações neste tipo de layout: se uma máquina


parar, toda a linha de produção para; o posto de trabalho mais
lento marca o ritmo da linha de produção; requer um supervisor;
e, mais, é necessário investir em equipamento de alta qualidade.

O layout em grupo caracteriza-se por agrupar todas as operações


na mesma célula de máquinas, sendo que, neste procedimento, os
produtos são feitos em pequenas quantidades.

38

gestao_industrial_ambiental.indb 38 11/7/2011 10:54:49


Gestão Ambiental Industrial

Como vantagens, este tipo de layout permite agrupar produtos, o


que proporciona uma maior utilização das máquinas; os fluxos de
linha são suaves e as distâncias percorridas são mínimas; melhor
ambiente de trabalho.

Entretanto este tipo de layout apresenta limitações, tais como:


requer um supervisor; os operadores necessitam de maior habilidade
nas operaçõs; há dependência crítica no fluxo de controle da
produção; e, redução da possibilidade de utilizar equipamento para
fins especiais.

O planejamento do layout leva em conta diversos fatores que podem


influenciar, de forma negativa, o fluxo nas estações de trabalho,
nos departamentos e entre os departamentos, tais como, materiais,
maquinaria, pessoas, movimento, espera, serviço, construção,
mudança. Assim, é necessário estudar os padrões de fluxo, para
determinar os tipos de layout, segundo Camarotto (1998).

Nas estações de trabalho, o fluxo de trabalho deve ser: simultâneo,


o movimento das mãos, dos pés e dos braços começam e acabam ao
mesmo tempo; simétrico, a coordenação dos movimentos está no
centro do corpo; e natural, o movimento deve ser contínuo, rítmico
e habitual.

Dentro dos departamentos, o fluxo de trabalho segue o fluxo do


produto, em que cada operador trabalha na sua estação de trabalho.

O fluxo entre departamentos combina fluxos padrão, começando no


ponto de entrada, na recepção do departamento, e acaba no ponto
de saída, na expedição do departamento.

O planejamento do fluxo é uma combinação entre


os padrões de fluxo com adequados corredores
para, assim, haver um movimento progressivo entre
os departamentos. É um processo de planejamento
hierárquico, em que, no topo, está o fluxo efetivo
entre os departamentos; na base, está o fluxo efetivo
dentro das estações de trabalho; e, no meio, está o
fluxo efetivo dentro dos departamentos.

A medição do fluxo é um dos fatores mais importantes na


disposição dos departamentos e, para tal, é necessário estabelecer
medidas de fluxo.

Unidade 1 39

gestao_industrial_ambiental.indb 39 11/7/2011 10:54:49


Universidade do Sul de Santa Catarina

A produção moderna reduziu o espaço necessário na produção


e nas áreas de armazenagem, pois os produtos são entregues
em pequenas quantidades, as áreas de armazenagem foram
descentralizadas, são utilizados menos inventários, os layouts são
cada vez mais eficientes e as indústrias mais pequenas.

A produtividade de uma indústria caracteriza-se pela


produtividade de cada posto de trabalho. Assim, cada posto de
trabalho deve possuir o espaço necessário para o equipamento, os
materiais e os operadores.

O espaço destinado ao equipamento é espaço destinado à


movimentação dos materiais, à manutenção das máquinas e à
instalação de serviços. O espaço destinado aos materiais consiste
em receber e armazenar, processar, armazenar e distribuir,
armazenar e eliminar os desperdícios de todo o material. Quanto
ao espaço destinado aos operadores, deve incluir, para além do
operador, o espaço para a sua entrada e saída, bem como o espaço
para o tratamento do material.

Assim que o espaço para os postos de trabalho individuais for


determinado, é possível estabelecer o espaço necessário para
cada departamento. No entanto o espaço do departamento não
é simplesmente calculado a partir da soma de todas as áreas dos
postos de trabalho individuais: para tal, é necessário ter em conta
as áreas de armazenagem, os operadores, a manutenção dos
equipamentos, entre outros.

Os corredores devem estar localizados de forma a proporcionar


um fluxo eficiente de equipamentos, operadores, entre outros.
Primeiro deve ser estabelecido o layout do departamento e, só
depois, devem-se considerar os corredores.

O desenvolvimento de um layout necessita de procedimentos


específicos, os quais facilitam o seu desenvolvimento. Para se
obter um layout de instalações industriais, é necessário seguir um
conjunto de procedimentos, que independem do tipo de instalação,
do tipo de processo de produção ou do tamanho da fábrica.

Neste sentido, devem ser considerados os seguintes aspectos,


segundo Camarotto (1998), entre outros: obter e analisar os
dados básicos, projetar o processo produtivo, planejar o padrão
de fluxo de materiais; verificar o manuseio de materiais, planejar
os postos de trabalho individuais, determinar os requisitos de
espaço, construir e acompanhar a implantação do layout.
40

gestao_industrial_ambiental.indb 40 11/7/2011 10:54:49


Gestão Ambiental Industrial

Síntese
Na unidade 1, você aprendeu que, para alcançar seus objetivos,
as organizações podem ser consideradas como sistemas sociais
formados por duas ou mais pessoas que se juntam para alcançar
um objetivo. Entretanto dependem do desempenho das funções
administrativas: planejamento, organização, direção e controle.

As organizações podem ser classificadas quanto à origem e


aplicação de seus recursos, em setor primário, setor secundário e
setor terciário.

As indústrias pertencem ao setor secundário e podem ser


caracterizadas como uma unidade econômica que produz bens e
serviços destinados ao mercado consumidor.

Geralmente são estudadas como um sistema que transforma


entradas ou insumos em saídas ou produtos úteis aos clientes, que
se pode chamar de sistema produtivo.

Além de planejar e controlar a produção, as indústrias precisam


planejar o layout, que consiste em organizar as áreas de trabalho
do sistema produtivo.

Atividades de autoavaliação
Para praticar os conhecimentos apropriados nesta unidade, realize as
atividades propostas.
1. Comente a seguinte afirmação: Planejamento é olhar para frente;
controlar é olhar para trás.

Unidade 1 41

gestao_industrial_ambiental.indb 41 11/7/2011 10:54:49


Universidade do Sul de Santa Catarina

2. Sobre planejamento estratégico, aponte: objetivo do planejamento,


características, quem toma parte na sua elaboração. Você pode
complementar a sua pesquisa utilizando artigos sobre o planejamento
estratégico da internet.

3. A seguinte afirmação é falsa ou verdadeira? Justifique a sua resposta:


‘Não se devem usar critérios de departamentalização diferentes na
mesma estrutura organizacional. Assim, uma vez feita a opção por um
critério, deve-se dar prioridade ao seu uso em toda a estrutura.’

4. Qual a importância do planejamento e controle da produção em uma


organização produtiva?

42

gestao_industrial_ambiental.indb 42 11/7/2011 10:54:49


Gestão Ambiental Industrial

5. Escolha uma indústria que você conheça e lhe ofereça acesso fácil para
conversar com o gestor ou outra pessoa a qual conheça a gerência da
organização. Solicite-lhe, então, para responder às seguintes questões:
„„ Identifique e descreva as principais vantagens do tipo de
planejamento adotado pela organização e as estratégias que
pretende implantar.
„„ Avalie o tipo de estrutura organizacional e descreva o critério de
departamentalização utilizado.
„„ Pergunte como é o processo de implementação do planejamento na
organização e quem participa desse processo.
„„ Pergunte ao gestor qual é a importância da tomada de decisão para
a função direção.
„„ Pergunte ao gestor como se dá o processo de controle da
organização.

Saiba mais
Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, você
poderá:

Pesquisar as seguintes obras:

LACOMBE, Francisco José Masset. Administração: princípios


e tendências. São Paulo: Saraiva, 2003.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento


estratégico: conceitos, metodologia e práticas. São Paulo: Atlas,
2007.

TUBINO, Dalvio Ferrari. Planejamento e controle da


produção: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2007.

Unidade 1 43

gestao_industrial_ambiental.indb 43 11/7/2011 10:54:49


Universidade do Sul de Santa Catarina

Ler os artigos:

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

É cada vez maior o número de empresas que, diante da complexidade


no cenário empresarial e de tantas turbulências e incertezas, estão
buscando ferramentas e técnicas para que as auxiliem no processo
gerencial. O Planejamento Estratégico é uma dessas ferramentas. Ao
contrário do que alguns pensam, esta contempla as características das
pequenas e médias empresas. Nas empresas competitivas verificamos
que uma importante condição para sua sobrevivência está ligada
à clara definição de seus objetivos e ao traçado antecipado dos
possíveis caminhos a serem percorridos para atingi-los.
Mas, o que vem a ser Planejamento? Planejamento é a destinação
de recursos avaliados visando atingir determinados objetivos a
curto, médio e longo prazos num ambiente altamente competitivo e
dinâmico. Faz-se necessária a participação das lideranças e uma visão
generalizada da empresa em relação aos ambientes em que atua.
Por que devemos planejar? Para que saibamos para onde devemos
caminhar. Se não soubermos para onde ir, não iremos para lugar
nenhum. Seremos dragados e jogados para fora do mercado.
E qual a metodologia a aplicar? Existem diversas. O método que
ora apresentamos está baseado em estudos e aplicação prática que
viemos realizando e aperfeiçoando ao longo dos anos e consiste nas
seguintes etapas:
1. Sensibilização da equipe que irá elaborar e implementar o P.E.,
mostrando-lhes a necessidade, as vantagens e o papel de cada um.
2. Definição da Missão, ou seja, a razão de ser da empresa. Por que
existimos? Quem somos? Qual a nossa função na sociedade?
3. Identificação dos fatores chaves para o sucesso. Estes são os
principais fatores que podem influenciar o desempenho da empresa e
dos quais depende o sucesso do planejamento estratégico.
4. Diagnóstico estratégico ou auditoria de posição. É a avaliação real
da posição da empresa. Nesta etapa deverão ser considerados os
aspectos internos e externos com dados consistentes e verdadeiros.
Vale ressaltar que estes não poderão ser “maquiados”, “fabricados de
última hora” ou “sonegados”, pois será a partir dessa coleta e posterior
análise a base para as etapas seguintes.
Inicialmente deve-se fazer o levantamento de dados internos da
empresa como sendo: sua trajetória, seu modelo de gestão, sua
estrutura e ambiente organizacional, seus resultados nas áreas
comercial e financeira advindos das estratégias e operacionalização,

44

gestao_industrial_ambiental.indb 44 11/7/2011 10:54:49


Gestão Ambiental Industrial

da sua qualificação técnica e evolução, e dos seus processos


produtivos.
Feitas a coleta e análise desses dados, serão identificados seus pontos
fortes e pontos fracos. Os pontos fortes serão, posteriormente,
bastante explorados e terão o reforço de outros que serão
desenvolvidos. Os pontos fracos deverão receber tratamentos para
que sejam minimizados ou eliminados. Para a coleta e análise de
dados do ambiente externo devemos focar os fatores relacionados
aos fornecedores, distribuidores (se for o caso), concorrentes,
consumidores e clientes e as variáveis que impactam, ou poderão
vir a impactar, a empresa a exemplo da economia e da política, da
legislação pertinente, ciência e tecnologia, aspectos climáticos,
cultura, demografia, ecologia, etc.
5. Definição de objetivos. Nesta fase deverão ser listados os objetivos
a serem alcançados. Estes deverão ser qualitativos e quantificados,
realísticos e desafiadores quando se referirem em termos de vendas,
participação de mercado, lucro, etc., dentro do período previsto do
planejamento.
6. Elaboração das estratégias. Esta é a fase em que deverão ser
consideradas todas as etapas anteriores, caso contrário não haverá
consonância. Visar sempre proporcionar aos clientes mais valor que o
oferecido pela concorrência.
7. Planos de ação. Implementam as estratégias através de instruções
claras estabelecendo-se o que, como, quando, quem será o
responsável, quanto custará e o cronograma a ser seguido.
8. Controle. Deverá ser frequente para conferir se as ações
estão sendo executadas. Esta é a fase em que são medidos os
desempenhos, checados os orçamentos, obtidas e analisadas as
informações de cada responsável, apresentação de medidas para
correção de rumo, caso seja necessário.
A estruturação do processo de planejamento estratégico será
eficiente, eficaz e efetiva para uma empresa, se der o suporte
necessário para a sua tomada de decisões. Enfatizamos que a
agilidade frequente e contínua da empresa, em sintonia com as
variáveis do seu ambiente, será a melhor forma de se minimizar
a probabilidade de que as mudanças se constituam em surpresa.
A flexibilidade do processo permitirá beneficiarem-se de
oportunidades, existentes ou futuras, e prevenirem-se de ameaças
reais ou potenciais.

Fonte: MIRANDA FILHO, Nildo Leite. Planejamento estratégico para pequenas e médias
empresas. Disponível em: <http://www.guiarh.com.br/p47.html>. Acesso em: 03 abr. 2009.

Unidade 1 45

gestao_industrial_ambiental.indb 45 11/7/2011 10:54:50


Universidade do Sul de Santa Catarina

FATORES CHAVES DE SUCESSO PARA ORGANIZAÇÕES


PRODUTIVAS
Fatores chaves de sucesso são atributos que uma organização deve
possuir para ter sucesso em suas atividades, devendo, assim, ser
considerada a sua variável crítica, que é um fator interno ou externo
da organização, cujo comportamento tem um efeito positivo ou
negativo em um ou mais fatores de sucesso.
A organização deve alcançar um desempenho no mínimo satisfatório
em relação aos fatores chaves do sucesso, sendo o principal, a
satisfação do cliente. A variável crítica deve ser considerada sob dois
ângulos: a interna, que considera a própria organização; e a externa,
que leva em consideração o ambiente em que a organização está
inserida.
O efeito positivo da variável crítica resulta em bom atendimento, boa
qualidade dos produtos e uma eficiente assistência aos clientes.
Dentre os principais fatores chaves de sucesso nas organizações,
podemos identificar os seguintes:
- Inovação e liderança no uso de tecnologia.
- Forte desenvolvimento dos produtos.
- Qualidade nos produtos elaborados.
- Marketing efetivo.
Tais identificações devem levar em consideração a análise interna
e externa da organização. A análise externa tem como finalidade
estudar a relação entre a organização e o seu ambiente em termos
de oportunidades e ameaças, em decorrência da competitividade.
Oportunidades são as situações do meio ambiente que a empresa
poderá aproveitar de forma mais eficaz que seus concorrentes.
Ameaças são as situações do meio ambiente que colocam uma
organização em risco. Para se efetuar uma análise externa, deve ser
considerada uma metodologia básica, que evidencia os clientes,
os mercados, a competição, as tendências do meio ambiente e as
oportunidades e ameaças. Quanto aos clientes, devem ser analisados
de forma a identificar os atuais e os potenciais, qual o segmento dos
mesmos e as necessidades não satisfeitas.
O estudo do mercado deve evidenciar a diferenciação, a tendência
da demanda, o ciclo de vida e as fontes de sucesso dos produtos.
Toda organização participante de processo competitivo deve
levar em consideração a atualidade do mercado e o seu potencial
neste contexto, pois as tendências do meio ambiente são flexíveis
e dependentes da economia, da política, da tecnologia e do nível

46

gestao_industrial_ambiental.indb 46 11/7/2011 10:54:50


Gestão Ambiental Industrial

sociocultural dos consumidores, sendo possível desta forma, a


identificação das oportunidades e ameaças.
Segundo o modelo de Porter (1989), a lucratividade de uma
organização é determinada por cinco forças competitivas:
- O poder de negociação com os fornecedores.
- O poder de negociação com os clientes.
- Ameaça de produtos similares a baixo custo.
- Ameaça de entrada de novo concorrente no mercado.
- Intensidade da rivalidade entre os concorrentes.
A análise interna tem por finalidade a identificação dos pontos
fortes e pontos fracos dentro da própria organização, em relação
aos fatores críticos de sucesso. Pontos fortes são características
competitivas da organização, que a coloca, estrategicamente, em
vantagem com relação ao setor ou ramo em que atua. Pontos fracos
são características da organização, que a tornam vulnerável, face a
ameaças do ambiente.
Na análise interna, como na análise externa das organizações
produtivas, existe uma metodologia básica, assim identificada:
sistema de marketing, sistema de produção, sistema operacional,
recursos humanos e políticas organizacionais.
O sistema de marketing: é que representa as forças de venda dos
produtos atuais e futuros, fazendo com que consumidores tenham
conhecimento sobre tais produtos, trabalhando também com a
política de preços.
O sistema de produção: é que evidencia o custo do produto,
utilizando a melhor tecnologia para alcançar um produto de
qualidade.
O sistema organizacional: é a posição de como a organização está
estruturada, levando em consideração os sistemas de informações
confiáveis, os sistemas de planejamento e a habilidade da gerência de
produção.
Os recursos humanos: é que identificam o estilo de condução, bem
como a motivação do pessoal comprometido na organização.
As políticas organizacionais são regras que vão orientar o
comportamento e o procedimento interno e externo das
organizações, tendo como características principais, a flexibilidade,
a abrangência, a coordenação e a ética, podendo ser dividida em
políticas gerais e políticas específicas.

Unidade 1 47

gestao_industrial_ambiental.indb 47 11/7/2011 10:54:50


Universidade do Sul de Santa Catarina

Exemplos de políticas gerais:


- o critério básico para qualquer decisão é a relação
rentabilidade/custo.
- a busca do consenso na tomada de decisão é prioritário.
Exemplo de políticas específicas:
- Remunerar os funcionários com salários compatíveis com o
mercado de trabalho e com as funções exercidas.
Considerando, então, que as organizações produtivas estão
cada vez mais dependentes do ambiente externo, os gerentes
de produção devem ter como principal objetivo a ser atingido,
a satisfação do cliente, estabelecendo metas através de um
planejamento estratégico eficiente que envolva a organização
como um todo, utilizando os fatores chaves de sucesso, dentro
de uma estrutura sustentável.
No atual mercado global, a qualidade dos profissionais
envolvidos com a produção é sem dúvida uma ferramenta
indispensável para as empresas que desejam manter-se
competitivas, pois estes profissionais têm a obrigação de
transferir informações eficientes, contribuindo para que os
consumidores destes produtos de qualidade possam usufruir de
tal característica.

Fonte: BRONDANI, Gilberto; SANTOS, Laura Angélica Meneghini dos. Fatores chaves de
sucesso para organizações produtivas. In: O planejamento estratégico nas organizações
produtivas. XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Ouro Preto, MG,
21 a 24 de out de 2003. p. 4-5. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/
ENEGEP2003_TR0702_0665.pdf>. Acesso: em 20 fev. 2009.

48

gestao_industrial_ambiental.indb 48 11/7/2011 10:54:50


2
unidade 2

A questão ambiental nas


indústrias

Objetivos de aprendizagem
„„ Identificar os principais normativos sobre o meio
ambiente que afetam diretamente as atividades
industriais.
„„ Entender a influência das indústrias no meio ambiente e
as mudanças no ambiente de negócios.
„„ Conceituar qualidade total e qualidade ambiental e a
relação entre os conceitos.

„„ Conceituar gestão ambiental e as abordagens para a


gestão ambiental nas indústrias.

Seções de estudo
Seção 1 Legislação e normas ambientais para as indústrias

Seção 2 A influência das indústrias no meio ambiente

Seção 3 Relação entre qualidade total e qualidade


ambiental

Seção 4 Abordagens para a gestão ambiental nas indústrias

gestao_industrial_ambiental.indb 49 11/7/2011 10:54:50


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, você vai saber que as indústrias representam
impacto ambiental negativo em função dos efluentes líquidos e
gasosos e dos resíduos sólidos e ruído que jogam na natureza.
Por isso, existem leis que regulamentam as atividades industriais,
como também normas que visam diminuir a agressão ao meio
ambiente.

Você vai ver que, no processo de tomada de decisões e


organização estratégica, poucas indústrias reconhecem a
necessidade de proteger, valorizar e renovar os recursos naturais,
tão importantes para a sua sobrevivência.

Seção 1 - Legislação e normas ambientais para as


indústrias
Como você já aprendeu, no mundo existem leis ambientais muito
antigas e, no Brasil, existem diversos mecanismos legais que
contribuem para a preservação ambiental.

A legislação ambiental brasileira foi marcada por impor o


tratamento dos resíduos no final do processo produtivo, o
que, num primeiro momento, foi entendido pelas indústrias
mais como um entrave, pois envolvia um aumento de custos
e a ampliação de procedimentos administrativos de controle e
acompanhamento da legislação.

Fazem parte da legislação ambiental brasileira, muitos decretos,


leis e regulamentos emitidos a partir de 1981. Estes normativos
definem obrigações, responsabilidades e atribuições, tanto dos
empreendedores quanto do Poder Público em todos os níveis.

Dependendo do tipo de normativo, pode ser emitido pelo Poder


Executivo, Poder Legislativo, Ministério do Meio Ambiente,
Secretarias Estaduais e Municipais do Meio Ambiente e Órgãos
Colegiados.

50

gestao_industrial_ambiental.indb 50 11/7/2011 10:54:50


Gestão Ambiental Industrial

Alguns destes normativos afetam a atuação agressiva das


indústrias no meio ambiente, como podemos ver a seguir.

A Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabeleceu a Política


Nacional de Meio Ambiente, com princípios e objetivos bem
definidos, e instituiu instrumentos de Política Ambiental, que
inibem a ação predatória das atividades humanas, segundo
Moura (2004).

A Lei 7.347, de 24 de julho de 1985, definiu um instrumento


processual para defender o cidadão em relação a ações lesivas de
outros sobre o meio ambiente. As multas administrativas eram
de valor muito baixo, o que não coibia as ações do poluidor, pois
o lucro obtido com a atividade cobria qualquer multa ao infrator,
conforme Moura (2004).

Essa lei deu legitimidade ao Ministério Público, União e


Estados, para ingressarem em Juízo em defesa da preservação
ambiental e, junto com a Constituição Federal de 1988, reforçou
as ações contra os poluidores.

Outros normativos que compõem o Direito Ambiental e que


afetam as indústrias de forma mais direta estabelecem, de acordo
com Moura (2004):

„„ os procedimentos gerais para a realização das Análises de


Impactos Ambientais e regras para o licenciamento para
construção ou ampliação de atividades potencialmente
causadoras de degradação do meio ambiente, de acordo
com o Decreto Federal 99.274/1990, que alterou o
Decreto Federal 88.351/1983;
„„ as exigências quanto à elaboração de inventários de seus
resíduos e as regras especiais para obras de grande porte
relacionadas à geração de energia elétrica, conforme a
Resolução n. 6/1988, do CONOMA;
„„ as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas
áreas críticas de poluição, segundo a Lei 6.803/1980;
„„ as sanções penais e administrativas derivadas de condutas
e atividades lesivas ao meio ambiente, conforme a Lei
9.605/1998.

Unidade 2 51

gestao_industrial_ambiental.indb 51 11/7/2011 10:54:50


Universidade do Sul de Santa Catarina

A legislação brasileira atribui ao gerador do resíduo uma


responsabilidade ilimitada no tempo, até que este seja destruído.
Qualquer consequência do resíduo, como indenizações a vítimas,
recuperação de áreas ou correções, será de responsabilidade
do gerador. Mesmo quando um resíduo é enviado a um aterro
industrial, continua uma participação da responsabilidade do
gerador, até o prazo de 20 anos, após a desativação do aterro.

Além disso, o proprietário da indústria responde pelos atos


de seus empregados, como também, o poluidor é obrigado,
independentemente de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por sua
atividade.

Um vazamento em um oleoduto é de
responsabilidade das indústrias que exploram a
atividade, independente do acidente ter causa
desconhecida ou imprevisível, ou ter sido causado
por uma obra de uma construtora de estrada que
perfurou o duto.

A Lei 9.605/1998 (1998 apud Moura, 2004) também


chamada de Lei de Crimes Ambientais prevê penas tanto para
as pessoas jurídicas quanto para as pessoas físicas, podendo
ser multas; suspensão total ou parcial de atividades; proibição
de contratar com o Poder Público; prestação de serviços à
comunidade; e perda de bens e valores; penas privativas da
liberdade; prestação pecuniária; entre outras.

Essa lei também prevê ser suspensa a punição a infratores, se


for apresentado laudo que comprove a recuperação do dano
ambiental, como também, fazer funcionar estabelecimentos,
obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou
autorização dos órgãos ambientais, entre outras inovações,
segundo Moura (2004).

O licenciamento previsto na Lei da Política Nacional do Meio


Ambiente contempla a consulta prévia e três tipos de licenças,
segundo Moura (2004):

„„ consulta prévia,
„„ licença prévia,

52

gestao_industrial_ambiental.indb 52 11/7/2011 10:54:50


Gestão Ambiental Industrial

„„ licença de instalação e
„„ licença de operação ou funcionamento.
A consulta prévia é uma solicitação feita à Secretaria do Meio
Ambiente do Estado pelo empreendedor, para que o órgão
ambiental avalie a possibilidade de implantar o empreendimento
no local pretendido, decidindo sobre a necessidade, ou não, da
apresentação de estudos de impacto ambiental.

A licença prévia é expedida na fase de planejamento de


atividade, contendo os requisitos básicos que devem ser
obedecidos nas fases de instalação e operação.

A licença de instalação é expedida, autorizando o início da


implantação da atividade conforme as especificações constantes
do projeto ambiental aprovado.

A licença de operação ou funcionamento é emitida,


autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade
licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle
de poluição, de acordo com o previsto nas licenças prévia e de
instalação, fornecidas pela Secretaria do Meio Ambiente.

Os impactos ambientais decorrem de mudanças no


meio ambiente, como resultado das atividades das
indústrias.

O impacto ambiental pode ser entendido como qualquer


alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por atividades que afetam a saúde, a segurança
e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas;
as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade
dos recursos ambientais, segundo o CONAMA (apud Moura,
2004).

Os principais problemas ambientais atuais podem ser divididos


em três categorias, segundo Moura (2003):

Unidade 2 53

gestao_industrial_ambiental.indb 53 11/7/2011 10:54:50


Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ os problemas globais que são aqueles que afetam toda


a humanidade, ou cuja amplitude de consequências
influencia as condições de vida na Terra, tais como, a
destruição da camada de ozônio e das florestas;
„„ os problemas regionais que afetam uma região geográfica
definida, como os locais de despejo de resíduos sólidos e
a chuva ácida;
„„ os problemas locais que afetam o local de instalação
da indústria e sua vizinhança imediata, tais como, a
exposição de trabalhadores a produtos químicos tóxicos e
os riscos de pesticidas para trabalhadores do campo.
A Avaliação do Impacto Ambiental (AIA) é uma técnica de
identificação de riscos e um instrumento de prevenção de danos
ambientais, pois conduz a um processo formal cuidadoso de
verificações e análises da viabilidade ambiental, com o objetivo
de melhor identificar o potencial de riscos dos empreendimentos,
conforme Moura (2004).

Trata-se de um instrumento de planejamento, constituído


por atividades técnico-científicas realizadas com o objetivo de
identificar, prever e interpretar as repercussões e consequências
sobre o meio ambiente das ações humanos previstas no projeto,
avaliando se esses empreendimentos são aceitáveis sob o ponto
de vista do meio ambiente: e, ainda, comunicar as conclusões da
análise ao proponente do projeto, ao órgão ambiental e ao público
em geral, segundo Moura (2004).

As atividades de identificação, previsão e interpretação dos


impactos ambientais são realizadas através do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e a atividade de comunicação é realizada pelo
Relatório de Impactos sobre o Meio Ambiente (RIMA), segundo
Moura (2004).

De forma geral, a legislação ambiental visa monitorar e avaliar


os níveis dos principais poluentes gerados na atividade industrial.
Caso se verifique que os níveis são superiores aos permitidos
na legislação, a indústria é obrigada a tomar medidas corretivas
assim como a suportar os custos da degradação ambiental.

54

gestao_industrial_ambiental.indb 54 11/7/2011 10:54:51


Gestão Ambiental Industrial

Além da regulamentação obrigatória, existem as normas de


caráter privado, elaboradas voluntariamente por alguma entidade
credenciada.

Essas normas apresentam consenso entre as opiniões técnicas


dos diferentes participantes e visam padronizar peças, materiais,
procedimentos gerenciais, como também, são utilizadas na
atividade de certificação. Entretanto sua aplicação na indústria é
voluntária, segundo Moura (2004).

“Certificação é uma atividade formal realizada para atestar que


uma determinada organização, ou parte dela, ou determinados
produtos, estão em conformidade com alguma norma específica”,
segundo Moura (2004, p. 311).

No Brasil, diversos órgãos governamentais estão envolvidos nesta


atividade, tais como, segundo Moura (2004):

„„ o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização,


Qualidade Industrial (SINMETRO), órgão do Serviço
Público Federal;
„„ o Conselho Nacional de Normalização (CONMETRO),
órgão executor do SINMETRO e responsável pelo
estabelecimento das políticas e diretrizes ambientais;
„„ o Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), órgão
credenciador que realiza a habilitação dos organismos
certificadores;
„„ a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
órgão normalizador e único autorizado a emitir normas
técnicas;
„„ o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA),
composto por órgãos e instituições ambientais das
três esferas do governo, tais como, federal, estadual e
municipal, além de representantes de diversas entidades,
com atuação através do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) e o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente (IBAMA);

Unidade 2 55

gestao_industrial_ambiental.indb 55 11/7/2011 10:54:51


Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ o CONAMA é um órgão consultivo e normativo,


encarregado de fixar as resoluções que regem todas as
atividades relacionadas ao meio ambiente;
„„ o IBAMA é o órgão responsável pela execução
da política federal no tocante ao meio ambiente e
encarregado de fiscalizar e multar os infratores;
„„ Secretaria Municipal do Meio Ambiente, ligada
à Prefeitura nos municípios com mais recursos e
capacidade técnica.
No plano internacional, a organização principal de normalização
é a International Organization for Standardization, fundada em
1947 e com sede em Genebra, referenciada como ISO, da qual
participam 110 organismos nacionais. Para fazer parte da ISO, é
preciso que o país tenha um órgão normalizador, sendo que, no
Brasil, esse órgão é a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).

Também se destacam os seguintes organismos certificadores:


Bureau Veritas Quality International (BVQI), American Bureau of
Shipping Quality Evaluations e o Det Norske Veritas.

Na área ambiental, com base nas recomendações do Strategic


Advisory Group on Environment (SAGE), foi instalado em 1993,
pela ISO, um Comitê Técnico para a elaboração de uma série
de normas sobre gestão ambiental e suas ferramentas para as
empresas: trata-se do ISO/TC-207, que trabalha na elaboração
das normas da série ISO 14.000.

As normas ISO 14000 fornecem uma estrutura de gerenciamento


dos impactos ambientais através de um conjunto de normas
técnicas relacionadas aos métodos e análises que permitem
certificar certo produto, quando produzido, distribuído e
descartado.

Dessa forma, enquanto a norma ISO 9000 busca a qualidade


total, em que o processo do produto é acompanhado passo
a passo até a entrega deste ao cliente, as normas ISO 14000
fornecem os seguintes benefícios às empresas, conforme Fontana
e Aguiar (2001):

56

gestao_industrial_ambiental.indb 56 11/7/2011 10:54:51


Gestão Ambiental Industrial

„„ estrutura para gerenciar os eventuais impactos ambientais


causados pela atuação empresarial, relacionados aos
resíduos de embalagem no meio ambiente;
„„ medidas de recomendação referentes à redução da
quantidade de materiais utilizados, à reciclagem das
embalagens e à minimização de volumes de resíduos que
vão para os aterros.
A série ISO 14.000 dá orientação para a obtenção dos
Certificados de Gestão Ambiental. Além disso, apresenta
grandes novidades em termos de processamento e qualificação
dos produtos, indica princípios gerais para auditoria ambiental e
cria o selo verde, como instrumento de garantia de adaptação dos
produtos potencialmente danosos ao meio ambiente.

As indústrias que receberem a certificação ambiental têm


vantagens, como, por exemplo: menos desperdício de
matéria prima; maior qualidade dos produtos; confiabilidade
mercadológica; maior credibilidade nas licitações; melhores
oportunidades de negócios; maior competitividade; menor
impacto ambiental; mais oportunidade de empréstimos
incentivadores.

Nesse sentido, a adoção pelo mercado mundial da série ISO


14000 trouxe benefícios às indústrias que se sujeitarem as suas
exigências, pois possibilita orientar quanto ao caminho certo
do desenvolvimento sustentável com o mínimo de prejuízo
ambiental, aliando desenvolvimento e preservação.

No Brasil, muitas indústrias obtiveram a certificação ambiental,


adequando seus parques industriais de forma a produzir com o
menor impacto ambiental possível.

De acordo com Moura (2004, p. 65), são previstas as seguintes


normas para a série ISO 14.000, conforme quadro 2.1:

Unidade 2 57

gestao_industrial_ambiental.indb 57 11/7/2011 10:54:51


Universidade do Sul de Santa Catarina

Número ISO Título


14.000 Sistema de gestão ambiental – Diretrizes gerais.
Sistemas de gestão ambiental – Especificação e diretrizes para uso (NBR ISO
14.001 14.0001, emitida em out/96).
Sistemas de gestão ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas
14.004 e técnicas de apoio (NBR ISO 14.004, emitida em out/96).
Diretrizes para auditoria ambiental – Princípios gerais (NBR ISO 14.010,
14.010 emitida em nov/96).
Diretrizes para a auditoria ambiental – Procedimentos de auditoria –
Auditoria de sistemas de gestão ambiental (NBR ISO 14.011, emitida em
14.011 nov/96). Norma substituída pela ISO 19.011, que unifica os procedimentos
de auditoria da ISO 9.000 e ISO 14.001.
Diretrizes para auditoria ambiental – Critérios de qualificação para
14.012 auditores ambientais (NBR 14.012, emitida em nov/96).
Diretrizes para auditoria ambiental – Diretrizes para a realização de
14.014 avaliações iniciais.
Diretrizes para auditoria ambiental – Guia para avaliação de locais e
14.015 instalações.
14.020 Rotulagem ambiental – Princípios básicos.
Rotulagem ambiental – Definições para aplicação específica e
14.021 autodeclarações.
14.022 Rotulagem ambiental – simbologia para os rótulos.
14.023 Rotulagem ambiental – Metodologias para testes e verificações.
14.024 Rotulagem ambiental – Procedimentos e critérios para certificação.
14.031 Avaliação de desempenho ambiental.
14.032 Avaliação de desempenho ambiental de sistemas operacionais.
14.040 Análise do ciclo de vida – Princípios gerais.
14.041 Análise do ciclo de vida – Inventário.
14.042 Análise do ciclo de vida – Análise dos impactos.
14.043 Análise do ciclo de vida – Usos e aplicações.
14.050 Gestão ambiental – Termos e definições – Vocabulário.

ISO Guide 64 Guia de inclusão dos aspectos ambientais nas normas para produto.

Quadro 2.1 - Normas para a série ISO 14.000.


Fonte: Moura (2004, p. 65).

A primeira norma da série é a ISO 14.001, que fixa as


especificações para a certificação e avaliação de um sistema
de gestão ambiental de uma organização. As normas citadas
encontram-se em diferentes estágios de prontificação, sendo que
a maioria delas já foi emitida.
58

gestao_industrial_ambiental.indb 58 11/7/2011 10:54:51


Gestão Ambiental Industrial

Seção 2 - A influência das indústrias no meio ambiente


A atividade industrial tornou-se marco
de desenvolvimento após a
Revolução Industrial, mas, além
do progresso, trouxe consigo
algo que se transformou em
preocupação: os resíduos de
produção, pois as atividades
industriais são responsáveis
por uma expressiva parcela
dos impactos globais do meio
ambiente.

Em um processo produtivo,
a matéria-prima entra na
indústria e sofre alterações até
se transformar no produto acabado. Durante este processo, são
consumidos insumos e gerados resíduos, de onde se conclui que
qualquer processo produtivo requer recursos e gera resíduos,
conforme Barbieri (2007).

O ambiente conota as condições que rodeiam uma indústria. É a


localização ou o meio para as suas atividades. As indústrias são
instituições que operam num meio físico. Por isso, o seu ambiente
pertinente deveria ser conceituado como uma biosfera econômica
que inclui não só os fatores econômicos, sociais e políticos, mas
também elementos biológicos e atmosféricos, segundo Smith
(1993).

Para a indústria, a preocupação com o meio ambiente


passa pelo fato de que os recursos naturais são
limitados, portanto seu uso deve ser feito de maneira
sustentável. As indústrias buscam matérias-primas e
insumos no meio ambiente.

Entretanto é preciso lembrar que não é possível continuar


extraindo, inadvertidamente, matérias-primas e insumos, assim
como continuar gerando resíduos de qualquer forma, pois está
cada vez mais difícil encontrar um destino final aos resíduos.

Unidade 2 59

gestao_industrial_ambiental.indb 59 11/7/2011 10:54:51


Universidade do Sul de Santa Catarina

Além disso, não existem muitos lugares disponíveis para aterros


nas grandes cidades, além do fato desta não ser a melhor forma
de destino, pois o resíduo continua existindo e a responsabilidade
do gerador não cessa.

Dias (2006 apud Segreto; Araújo, 2007) salienta que


as indústrias são as responsáveis principais pelo esgotamento e
pelas alterações ocorridas nos recursos naturais, de onde obtêm
os insumos que serão utilizados para obtenção de bens a serem
utilizados pelas pessoas.

E a indústria representa um impacto ambiental negativo, em


função dos efluentes líquidos e gasosos, dos resíduos sólidos
e do ruído. Por isso, as indústrias precisam dedicar particular
atenção não só ao aspecto do controle das emissões com
medidas corretivas, mas também à introdução de tecnologias de
preservação do meio ambiente.

No processo de tomada de decisões e organização estratégica,


poucas indústrias reconhecem a necessidade de proteger, valorizar
e renovar os recursos naturais, tão importantes para a sua
sobrevivência.

O ambiente é visto como uma pista para a competição entre as


indústrias pelos recursos, o que implica relações antagônicas entre
as organizações e os seus ambientes.

São exemplos destas disputas, a destruição das


florestas tropicais devido ao corte indiscriminado de
árvores pelas indústrias da madeira e do papel, assim
como, o aquecimento global causado pela emissão de
poluentes químicos das centrais de energia.

Estas ocorrências nos levam a considerar as indústrias como


sistemas de produção e de destruição, segundo Smith (1993).

Além dos efeitos negativos das atividades industriais, elevam os


problemas ambientais fatores, como o risco financeiro proveniente
da incerteza quanto ao futuro, possibilidades de inflação, como
também, a inadequada orientação técnica, o uso de equipamentos
de controle de poluição e segurança e design tecnológico.

60

gestao_industrial_ambiental.indb 60 11/7/2011 10:54:51


Gestão Ambiental Industrial

O papel de vilãs do meio ambiente que vêm desempenhando


as indústrias tem sua razão de ser, pois são poucas as que se
preocupam e tornam os seus processos produtivos mais eficientes
ecologicamente.

E, mesmo quando o fazem, a iniciativa é tomada mais como uma


resposta a uma exigência dos órgãos governamentais do que por
assumirem uma postura de responsabilidade social ambiental.

A ideia que prevalece é a seguinte: qualquer providência que


venha a ser tomada em relação à variável ambiental traz consigo
o aumento de despesas e o consequente acréscimo dos custos do
processo produtivo.

Entretanto, embora algumas indústrias vejam a legislação como


um fator gerador de mais despesas em seu processo, outras
percebem uma oportunidade de melhorar seus rendimentos na
otimização de seu processo produtivo, reduções na utilização de
insumos ou reaproveitamento ou venda de materiais que seriam
descartados.

Essas novas oportunidades decorrem da conscientização


ambiental da sociedade civil, dos consumidores, dos clientes e
das pessoas; da atuação das grandes indústrias; e da criação dos
órgãos governamentais responsáveis pelo meio ambiente.

A conscientização ambiental ao longo da segunda


metade do século XX ocorreu paralelamente ao
aumento das denúncias sobre os problemas de
contaminação do meio ambiente.

O processo desencadeado gerou um grande número de normas e


regulamentos internacionais que foram reproduzidos nos estados
nacionais e, ao mesmo tempo, inúmeros órgãos responsáveis
surgiram, para acompanhar a aplicação desses instrumentos
legais, como secretarias, departamentos, segundo Dias (2006a
apud Segreto; Araújo, 2007).

As legislações ambientais e os critérios de certificação da ISO


14000 se tornaram cada vez mais rígidas, fazendo com que as
indústrias tivessem que adaptar seus processos industriais.

Unidade 2 61

gestao_industrial_ambiental.indb 61 11/7/2011 10:54:51


Universidade do Sul de Santa Catarina

A sociedade civil, de sua parte, organizou-se rapidamente,


surgindo um número incontável de organizações não
governamentais com atuação ambiental, as quais passaram a
atuar em temas pontuais relacionados com o meio ambiente.

Também os consumidores passaram a exigir um novo


posicionamento das indústrias em relação às questões ambientais.
O grande desafio da humanidade, agora, é promover o
desenvolvimento sustentável de forma rápida e eficiente.

As pessoas perceberam que a preservação do meio ambiente


significa também a preservação da própria vida. Esta consciência
coletiva vem crescendo dia a dia, transformando culturas,
quebrando velhos paradigmas e obrigando todos a darem sua
colaboração por uma justa causa à saúde do planeta, segundo
Weber (1999 apud Segreto; Araújo, 2007).

As grandes indústrias estão pressionando cada vez mais os seus


fornecedores e prestadores de serviços, para que os mesmos
passem a ter uma preocupação ambiental. Aquelas que possuem
matrizes localizadas nos países desenvolvidos sofrem fortes
pressões de suas populações, que apresentam grandes exigências
ambientais no consumo.

Além disso, em virtude da forte competitividade do comércio


internacional, as indústrias procuram aumentar seus lucros,
diminuindo custos, e a questão ambiental tem sido uma das
formas de proporcionar competitividade no novo contexto da
economia mundial.

As indústrias começaram a perceber que consumidores e clientes


estão dispostos a pagar mais por produtos ecologicamente
corretos, e mais, deixar de comprar aqueles que contribuíram
para a degradação do meio ambiente. Como exemplos, cita-se
o caso das indústrias de leite de Minas Gerais que passaram a
utilizar o soro resultante da produção de queijo, na fabricação
de bebidas lácteas, o que antes era destinado aos animais ou
jogado nos rios; e, no segmento das tintas, cresce os sistemas base
d’água, que substituem a produção com solventes.

Para tanto, as indústrias precisam ser criativas e possuir


condições internas para transformar as restrições e ameaças
ambientais em oportunidades de negócios. Os empresários

62

gestao_industrial_ambiental.indb 62 11/7/2011 10:54:51


Gestão Ambiental Industrial

devem demonstrar capacidade de identificar, cultivar e explorar


as competências essenciais que tornam o crescimento possível e
sustentável, o que necessariamente implica repensar objetivos e
valores da organização.

No entanto o importante papel desempenhado pelas indústrias é


inegável e imprescindível, e, somente com o avanço da adoção de
sistemas de gestão, tem-se uma perspectiva a perseguir para um
desenvolvimento sustentável.

As indústrias que fazem um compromisso com o meio ambiente


demonstram confiança e apostam no futuro, buscando uma
nova perspectiva em que os cuidados ambientais deixam de
ser obstáculos à atividade da indústria e se tornam garantia de
que ela se firmará no mercado, com maiores oportunidades de
negócios.

Nesse sentido, as indústrias devem estar cada vez mais preparadas


para receber, processar e reelaborar as informações ambientais
que recebem, e, posteriormente, transmitir e decodificar os
significados sobre o meio ambiente e a ecologia no desempenho
de seus múltiplos papéis dentro e fora da organização.

Desta forma, a atividade econômica industrial não deve


orientar-se somente por uma lógica de resultados, mas também
pelo significado que esta adquire na sociedade como um todo.

A atuação industrial deve ser pautada na responsabilidade social


que se concretiza no respeito aos direitos humanos, na melhoria
da qualidade de vida da comunidade e da sociedade mais geral e
na preservação do meio ambiente natural, conforme Dias (2006b
apud Segreto; Araújo, 2007).

O papel das indústrias deve ser o de um agente de transformação


e de desenvolvimento nas comunidades, participando ativamente
dos processos sociais e ecológicos que estão no seu entorno e
procurando obter legitimidade social pelo exemplo, e não mais
unicamente pela sua capacidade de produzir.

Unidade 2 63

gestao_industrial_ambiental.indb 63 11/7/2011 10:54:51


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 3 - Relação entre qualidade total e qualidade


ambiental
O conceito de qualidade deve ser entendido a partir de um
conjunto de referenciais considerados em determinado momento,
uma vez que o processo gerencial das empresas também sofre
alterações em função das mudanças do mercado.

A palavra qualidade não é um termo técnico exclusivo, mas


uma palavra de domínio público, o que significa que não pode
ser definida de qualquer forma, porque é um termo bastante
conhecido.

A gestão da qualidade total alcança todos os setores, áreas


e funções da organização. Nesse sentido, envolve ações de
planejamento, controle e aprimoramento contínuo de cada
processo, visando implantar e implementar um ambiente no qual
as relações entre fornecedor e cliente sejam de satisfação mútua.

Juran (1997 apud Paladini, 2004) define a gestão


da qualidade total como sendo uma extensão do
planejamento dos negócios empresariais que inclui o
planejamento da qualidade. O autor criou a sigla TQM
(Total Quality Management), que pode ser traduzida
por Gestão da Qualidade Total.

As atividades usuais da TQM são típicas do planejamento


estratégico dos negócios de uma organização, mas podem ser
aplicadas à administração para a qualidade, segundo Juran (apud
PALADINI, 2004, p.36), tais como:

ƒƒ Estabelecer objetivos abrangentes;


ƒƒ Determinar as ações necessárias para alcançá-los;
ƒƒ Atribuir responsabilidades bem definidas pelo
cumprimento de tais ações;
ƒƒ Fornecer recursos necessários para o adequado
cumprimento dessas responsabilidades;
ƒƒ Viabilizar o treinamento necessário para cada ação
prevista;

64

gestao_industrial_ambiental.indb 64 11/7/2011 10:54:51


Gestão Ambiental Industrial

ƒƒ Estabelecer meios para avaliar o desempenho do


processo de implantação em face dos objetivos;
ƒƒ Estruturar um processo de análise periódica dos
objetivos;
ƒƒ Criar um sistema de reconhecimento que analise o
confronto entre os objetivos fixados e o desempenho das
pessoas em face dele.

Dessa forma, o elemento básico da gestão da qualidade total


(TQM) é o planejamento estratégico da qualidade, o que
possibilita a criação de uma ação estratégica da qualidade, que
envolve a definição clara de responsabilidades em vários níveis, a
criação de recursos exclusivos e o posicionamento do esforço pela
qualidade entre as grandes metas da organização.

Além do produto, serviço ou método, a qualidade também deve


estar presente no processo produtivo. Assim sendo, é necessário
não somente ser eficiente, fazendo certas as coisas, mas é preciso
que as organizações sejam eficazes, fazendo as coisas certas da
maneira correta.

A gestão da qualidade no processo tem como


premissa gerar qualidade a partir das operações do
processo produtivo.

O processo produtivo das indústrias envolve o consumo de


recursos que serão transformados em produtos e serviços, e o
posicionamento estratégico pode ser focado na prática de baixos
preços, na qualidade ou na produtividade.

Se a indústria deseja aumentar o volume produzido, precisa


aumentar o consumo dos recursos necessários à sua execução.
Da mesma forma, ao reduzir o volume de produtos e serviços,
também diminui o consumo dos recursos devidos. Então, existe
uma relação entre volume produzido e os recursos necessários à
execução deste mesmo volume, o que se chama de produtividade.

Produtividade significa capacidade de obter a melhor relação


entre volume produzido e recursos consumidos. Para transformar
os ganhos de produtividade em resultados, é preciso conhecer
as características do mercado, para decidir sobre o aumento da
produção ou a redução dos custos.

Unidade 2 65

gestao_industrial_ambiental.indb 65 11/7/2011 10:54:51


Universidade do Sul de Santa Catarina

Se o mercado apresenta uma demanda grande ou crescente, os


ganhos de produtividade são obtidos a partir do aumento da
oferta, mantendo-se ou reduzindo-se os recursos necessários à
sua execução. Caso contrário, se o mercado apresenta demanda
pequena ou decrescente, os ganhos de produtividade serão
obtidos através da redução dos recursos necessários, além da
diminuição ou manutenção da oferta de produtos e serviços.

O ambiente macroempresarial sempre esteve submetido às


pressões de clientes, fornecedores, concorrentes e governo. Isto
direciona o foco gerencial das organizações para conseguir
colocar no mercado produtos e serviços de qualidade, a um
preço competitivo e em quantidades que atendam a demanda.
Por isso o objetivo será otimizar o uso de recursos e aumentar a
lucratividade.

Para ser lucrativa, a organização precisa obter a melhor utilização


de seus recursos humanos, financeiros e materiais. Por isso
existe uma interligação entre qualidade e produtividade. A
produtividade só é obtida, se os processos tiverem qualidade
em seus insumos e operações, e, assim, a qualidade com
produtividade gera competitividade.

Dessa forma, a produtividade não pode comprometer a qualidade


do que está sendo produzido ou do serviço que está sendo
ofertado, pois, ao contrário, a organização pode obter resultados
negativos, como produção em quantidades maiores do que o
mercado pode absorver; produtos e serviços que os clientes não
estão dispostos a adquirir; grandes quantidades de estoques,
muito retorno de produtos defeituosos, aumento da reclamação
dos clientes e custos de assistência técnica.

A produtividade não deve se entendida somente como a razão


entre resultados e recursos, mas, sim, de uma forma mais ampla,
levando em conta todas as variáveis existentes nos processos, com
foco nas necessidades de todas as partes interessadas no negócio e
busca de melhorias e resultados relevantes para todos.

A busca pelo aumento da produtividade deve ser feita com base


no aumento da qualidade dos produtos e serviços em todo seu
ciclo de vida, o que implica projeto e estudo dos elementos

66

gestao_industrial_ambiental.indb 66 11/7/2011 10:54:51


Gestão Ambiental Industrial

necessários à fabricação do produto ou à oferta do serviço, como


também, a seleção e qualificação dos fornecedores e o cuidado
com a entrega, pós-venda e assistência técnica.

Em termos de meio ambiente, as indústrias também podem


praticar uma administração baseada no conceito da qualidade
total, incluindo as preocupações com as questões ambientais,
e criar um diferencial competitivo em relação à concorrência,
dentro de uma abordagem estratégica.

Essa prática permitirá à indústria desempenhar as atividades


melhor que as concorrentes, através da melhor utilização dos
insumos; redução de defeitos nos produtos; produção mais rápida;
melhoria da imagem institucional; aumento da produtividade;
melhor relacionamento com os órgãos públicos e organizações da
sociedade em geral; melhores condições de acesso aos mercados
internacionais; e facilidade para cumprir os padrões ambientais,
segundo North (1992 apud BARBIERI, 2007).

A qualidade ambiental inclui os elementos da qualidade total,


tais como, foco no cliente, qualidade como uma dimensão
estratégica, processos como unidade de análise, participação
de todos, trabalho em equipe, parcerias com os clientes e
fornecedores e melhoria contínua.

Entretanto muitas vezes o conceito da qualidade ambiental


associa-se, por oposição, ao conceito de poluição, o que significa
que um ambiente poluído tem má qualidade, enquanto que um
ambiente com qualidade é essencialmente não poluído.

Nesse sentido, a qualidade ambiental é medida, em termos


quantitativos, pelo afastamento em relação a níveis de
concentração de determinadas substancias poluentes no meio.
Isto indica que a qualidade ambiental consiste numa medida da
aptidão do ambiente para satisfazer as necessidades do homem e
garantir o equilíbrio do ecossistema.

Para que as indústrias obtenham a qualidade ambiental, é


preciso que empresários e administradores considerem o meio
ambiente em suas decisões e adotem concepções administrativas
e tecnológicas que contribuem para ampliar desenvolvimento
sustentável.

Unidade 2 67

gestao_industrial_ambiental.indb 67 11/7/2011 10:54:52


Universidade do Sul de Santa Catarina

O desenvolvimento sustentável é aquele que atende


às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade das gerações futuras de atenderem as
suas próprias necessidades.

Neste sentido, a obtenção da qualidade ambiental é resultado de


uma série de fatores, que, em conjunto, compõem um sistema.
Esses fatores são os seguintes, de acordo com Moura (2004):

„„ política ambiental, originária da alta direção, que define


uma linha de conduta para toda a indústria;
„„ planejamento adequado, definido a partir de um
diagnóstico da situação ambiental da indústria, com a
identificação dos impactos, atribuição de prioridades,
definição de metas e preparação de um plano de ação;
„„ educação ambiental, como formação de pessoas nos
conceitos mais importantes da Ciência Ambiental,
obtenção de um padrão elevado de motivação, formação
técnica de pessoal e realização de atividades profissionais
voltadas para as questões ambientais;
„„ modo de trabalho e trabalho contínuo, como
consequência de uma boa estruturação de procedimentos
e instruções de trabalho, cujos resultados decorrem de
persistência e dedicação pela busca da melhoria contínua;
„„ verificações e acompanhamento de todos os passos
programados, com monitoramento constante das
variáveis dos processos industriais e dos processos de
auditorias sistemáticas e organizadas.
A implementação de práticas ambientais corretas é importante
e necessária para as indústrias, porque traz muitos benefícios e
competitividade. Por isso muitas organizações estão adotando
mais um módulo de gestão: a gestão ambiental.

68

gestao_industrial_ambiental.indb 68 11/7/2011 10:54:52


Gestão Ambiental Industrial

O processo de gestão ambiental implica um processo


contínuo de análise formado de decisão, organização,
controle das atividades de desenvolvimento, bem
como avaliação dos resultados para melhorar a
formulação de políticas e sua implementação para o
futuro, segundo Morandi e Gil (1999 apud SEGRETO e
ARAÚJO, 1997).

A gestão ambiental estabelece um procedimento de atuação


o qual procura evitar que uma determinada estratégia possa
comprometer o resultado de outra ou das demais.

Do ponto de vista industrial, gestão ambiental é a expressão


utilizada para se denominar a gestão industrial que se orienta
para evitar, na medida do possível, problemas para o meio
ambiente. A gestão ambiental é o principal instrumento para se
obter um desenvolvimento industrial sustentável, segundo Dias
(2006b apud SEGRETO e ARAÚJO, 2007).

A gestão ambiental, segundo Barbieri (2007, p.153), são “ [...] as


diferentes atividades administrativas e operacionais realizadas
pela indústria para abordar problemas ambientais decorrentes de
sua atuação ou para evitar que eles ocorram no futuro”.

A gestão ambiental também se caracteriza como processo que


envolve um conjunto de atores, de forma interdisciplinar, gerando
sinergia de diversas áreas de conhecimento e com educação de
todos os cidadãos, nos mais diversos segmentos da sociedade,
segundo Jacobi (2003 apud SEGRETO e ARAÚJO, 2007).

Assim sendo, a gestão ambiental envolve planejamento


e organização, requer decisões nos níveis mais altos da
administração, mas orienta a indústria a alcançar metas
ambientais específicas, assim como acontece com a gestão de
qualidade, podendo se tornar um importante instrumento da
indústria nas relações com os clientes, de acordo com Nilsson
(1998 apud CORAZZA, 2003).

Por isso, para aumentar a habilidade das indústrias na gestão


ambiental, é preciso, segundo Smith (1993), reconsiderar os
valores e objetivos tradicionais e desenvolver novos conceitos para

Unidade 2 69

gestao_industrial_ambiental.indb 69 11/7/2011 10:54:52


Universidade do Sul de Santa Catarina

a relação indústria e ambiente; organizar cargos administrativos


para o ambiente com o mesmo suporte que as demais funções
organizacionais.

Seção 4 - Abordagens para a gestão ambiental nas


indústrias
As indústrias potencialmente poluidoras passaram a se adaptar
às novas exigências do mercado, provocadas pelo crescimento
da preocupação mundial em se conseguir o desenvolvimento
sustentável e o consequente aumento do poder de pressão do
consumidor em relação às questões ambientais.

Neste sentido, as indústrias podem tratar de modos diferentes os


problemas ambientais decorrentes das suas atividades produtivas.
Essas diversas abordagens podem ser consideradas como fases de
um processo de implementação gradativa de práticas de gestão
ambiental.

Assim sendo, segundo Barbieri (2007), as indústrias podem


tratar as questões ambientais a partir de abordagens voltadas
para o controle da poluição, a prevenção da poluição ou para a
incorporação desses problemas nas estratégias da organização.

Controle da poluição
Essa abordagem é caracterizada pelo estabelecimento de práticas
para impedir os efeitos decorrentes da poluição gerada por um
dado processo produtivo. Esse controle pode ser realizado através
de ações localizadas e pouco articuladas entre si.

As ações ambientais da indústria resultam de uma


postura reativa, que volta sua atenção sobre os efeitos
negativos de seus produtos e processos produtivos
mediante soluções pontuais.

70

gestao_industrial_ambiental.indb 70 11/7/2011 10:54:52


Gestão Ambiental Industrial

A gestão ambiental reativa não é espontânea e decorre da


adaptação da indústria às pressões legais e da sociedade para não
agredir o meio ambiente; além disso, a dimensão ambiental é
compreendida como um fator gerador de custos extras e elemento
de entrave à expansão dos negócios; o controle ambiental ocorre
para evitar a poluição e as atividades ambientais coincidem com a
determinação de uma área funcional isolada.

Geralmente, o controle da poluição visa atender às exigências


legais e às pressões sociais. As soluções tecnológicas típicas dessa
abordagem procuram controlar a poluição sem alterar o processo
produtivo e os produtos, podendo ser de dois tipos: tecnologia de
remediação e tecnologia de controle no final do processo.

A tecnologia de remediação (end-of-pipe control) procura resolver


um problema ambiental que já ocorreu, como, por exemplo, as
tecnologias desenvolvidas para descontaminar o solo degradado
por algum tipo de poluente ou para recuperar o petróleo
derramado no mar e limpar as praias.

Esse tipo de tecnologia visa capturar e tratar a poluição antes que


seja lançada no meio ambiente, adicionando novos equipamentos
e instalações nos pontos de descarga dos poluentes.

Como exemplos de aplicação da tecnologia de remediação,


apresentam-se, segundo Barbieri (2007): estações de tratamento
de efluentes, filtros e incineradores.

Esse tipo de tecnologia também pode envolver mais de um tipo


de tecnologia, como por exemplo, no caso de um incinerador
de resíduos sólidos perigosos, o qual gera gases que precisam
ser lavados e as cinzas resultantes devem ser acondicionadas e
dispostas em aterros industriais.

Entretanto nem sempre as soluções tecnológicas eliminam os


problemas definitivamente, pois, muitas vezes, os poluentes
permanecem no meio ambiente sob novas formas.

Do ponto de vista industrial, essa abordagem significa elevação


dos custos de produção que não agregam valor ao produto e que
dificilmente podem ser reduzidos face às exigências legais. Por
isso, em muitos casos, essa preocupação decorre da necessidade
de atender a legislação ambiental.

Unidade 2 71

gestao_industrial_ambiental.indb 71 11/7/2011 10:54:52


Universidade do Sul de Santa Catarina

Do ponto de vista ambiental, as soluções voltadas exclusivamente


para o controle da poluição são fundamentais, mas insuficientes,
porque são voltadas apenas para um lado do problema, a poluição.

O ideal é que o fator econômico e o fator ambiental caminhem


juntos dentro das indústrias, como ocorre na reciclagem de
materiais, que traz economia de recursos para as indústrias e
contribui para a redução de resíduos para o meio ambiente.

Prevenção da poluição
Trata-se de uma abordagem pela qual a indústria procura atuar
sobre os produtos e processos produtivos para prevenir a geração
de poluição, empreendendo ações que visam a uma produção
mais eficiente e mais poupadora de materiais e energia em
diferentes fases do processo de produção e comercialização.

A prevenção da poluição requer mudanças em processos e


produtos para reduzir ou eliminar os rejeitos na fonte, ou seja,
antes que eles sejam produzidos e lançados ao meio ambiente.
Assim, os rejeitos são capturados, tratados e dispostos por meio
de tecnologias de controle da poluição do tipo end-of-pip.

A prevenção da poluição aumenta a produtividade industrial, pois


a redução de poluentes na fonte significa recursos poupados, o
que permite produzir mais bens e serviços com menos insumos.
Além disso, combina duas preocupações ambientais, segundo
Barbieri (2007): uso sustentável dos recursos e controle da
poluição.

Os instrumentos típicos para o uso sustentável dos recursos


podem ser sintetizados pelas atividades conhecidas como 4Rs, de
acordo com Barbieri (2007): redução de poluição na fonte, reuso,
reciclagem e recuperação energética, aplicados nesta ordem de
prioridade.

Reduzir é sempre a primeira opção, independentemente das


quantidades e características dos poluentes, sendo que reduzir
na fonte significa diminuir o peso ou o volume dos resíduos
gerados, bem como modificar suas características. Isso implica,
geralmente, reprojetar os produtos para que produzam o mínimo
de resíduos.

72

gestao_industrial_ambiental.indb 72 11/7/2011 10:54:52


Gestão Ambiental Industrial

Como exemplos, destacam-se: a modificação de equipamentos,


substituição de materiais, conservação de energia, planos de
manutenção preventiva, gestão de estoque.

Reusar internamente significa utilizar os resíduos da mesma


forma que foram produzidos no próprio estabelecimento que os
gerou.

Como exemplos, destacam-se: retrabalhar as peças com defeitos,


reaproveitar os restos de matérias-primas, usar a água servida
para esfriar algum equipamento antes de tratá-la, usar tambores
e outras embalagens para estocar resíduos. Entretanto essas
providências não podem prejudicar a qualidade dos produtos
transportados.

Reciclar internamente é tratar os resíduos para torná-los


novamente aproveitáveis na própria fonte produtora, como o
tratamento da água residuária antes de sua reutilização.

Reciclar externamente consiste em tratar os resíduos de uma


unidade produtiva para serem utilizados em outras.

Embora benéfica ao meio ambiente na medida em que reduz as


necessidades de matérias-primas originais, a reciclagem também
gera problemas ambientais, porque nem todo resíduo pode ser
reusado ou reciclado interna ou externamente.

Recuperar energia é a atividade que permite reaproveitar o


potencial calorífico dos resíduos para geração de energia, caso seja
possível.

Assim, plásticos, papel e papelão contaminados e degradados,


certos resíduos resultantes do processamento de matérias-primas
orgânicas podem ser recuperados como fonte de energia primária.

Contudo a prevenção da poluição não elimina completamente a


abordagem de controle da poluição, mas reduz sua necessidade.
A prática de prevenção pode ser iniciada numa parte do processo
produtivo que não exija investimentos elevados e gere muitos
desperdícios.

Unidade 2 73

gestao_industrial_ambiental.indb 73 11/7/2011 10:54:52


Universidade do Sul de Santa Catarina

Abordagem estratégica
Essa abordagem é utilizada como forma de buscar vantagem
competitiva pelas indústrias. Neste caso, as organizações
procuram aproveitar oportunidades mercadológicas e neutralizar
ameaças decorrentes de questões ambientais existentes ou que
poderão surgir futuramente.

O aumento do número de consumidores os quais preferem


comprar produtos e serviços que respeitem o meio ambiente
tem sido um dos fatores que incentivam as indústrias a tratar as
questões ambientais de maneira estratégica.

O foco central da estratégia industrial é o ambiente de negócios


onde está inserida, com vista a criar um diferencial competitivo
em relação à concorrência. A indústria procura desempenhar
as atividades melhor que as indústrias concorrentes, utilizando
melhor os insumos, reduzindo defeitos nos produtos, produzindo
com mais rapidez e usando práticas de prevenção da poluição.

A abordagem estratégica das questões ambientais


possibilita os seguintes benefícios às indústrias:
melhoria da imagem institucional; aumento da
produtividade; melhor relacionamento com os órgãos
públicos e organizações sociais; melhores condições
de acesso aos mercados internacionais; e facilidade
para cumprir os padrões ambientais, segundo North
(1992 apud BARBIERI, 2007).

Nesse sentido, conforme Barbieri (2007), a abordagem ambiental


estratégica significa tratar sistematicamente as questões
ambientais, para assegurar valores aos componentes do ambiente
de negócios da indústria que os diferenciem dos seus concorrentes
e contribuam para o alcance de vantagens competitivas
sustentáveis.

74

gestao_industrial_ambiental.indb 74 11/7/2011 10:54:52


Gestão Ambiental Industrial

Síntese
Na unidade 2, você aprendeu que a legislação ambiental
brasileira é constituída por decretos, leis e regulamentos e outros
normativos que afetam as indústrias de forma mais direta,
estabelecem os procedimentos gerais para a realização das

Análises de Impactos Ambientais e regras para o licenciamento;


as exigências para obras de grande porte relacionadas à geração
de energia elétrica; as diretrizes básicas para o zoneamento
industrial; as sanções penais e administrativas.

Além da regulamentação definida pelos poderes públicos,


de cumprimento obrigatório, existem as normas ISO 14000,
que fornecem uma estrutura de gerenciamento dos impactos
ambientais, através de um conjunto de normas técnicas
relacionadas aos métodos e análises os quais permitem certificar
certo produto quando produzido, distribuído e descartado.

Você também viu que a atividade industrial tornou-se marco


de desenvolvimento após a Revolução Industrial, mas, além
do progresso, trouxe consigo algo que se transformou em
preocupação: os resíduos de produção, pois as atividades
industriais são responsáveis por uma expressiva parcela dos
impactos globais do meio ambiente.

Entretanto, movidas pelas exigências do mercado, as indústrias


começaram a perceber que consumidores e clientes estão
dispostos a pagar mais por produtos ecologicamente corretos,
e mais, deixar de comprar aqueles que contribuíram para a
degradação do planeta.

Em termos de meio ambiente, as indústrias também podem


praticar uma administração baseada no conceito da qualidade
total, incluindo as preocupações com as questões ambientais
e criar um diferencial competitivo em relação à concorrência,
dentro de uma abordagem estratégica para a indústria.

As indústrias podem tratar de modos diferentes os problemas


ambientais decorrentes das suas atividades produtivas, podendo
desenvolver diferentes tipos de abordagens.

Unidade 2 75

gestao_industrial_ambiental.indb 75 11/7/2011 10:54:52


Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação

Para praticar os conhecimentos apropriados nesta unidade, realize as


atividades propostas.
1. A aplicação do princípio do poluidor pagador nem sempre consegue
produzir o efeito desejado. Que efeitos são estes e em que situações
esse princípio deixa a desejar?

2. Destaque a principal característica de cada uma das abordagens de


gestão ambiental apresentadas nesta unidade.

76

gestao_industrial_ambiental.indb 76 11/7/2011 10:54:52


Gestão Ambiental Industrial

3. Apresente as diferenças e semelhanças mais significativas entre a


gestão da qualidade total e a gestão da qualidade ambiental. Apresente
exemplos.

4. Quais são as diferenças entre reuso e reciclagem? Apresente exemplos.

5. Faça uma visita ao site <www.iso.ch> da ISO e obtenha mais


informações sobre ela, seus objetivos, seus comitês, e, principalmente,
sobre o Comitê Técnico 207. Identifique como são criadas as normas ISO
e verifique a fase de desenvolvimento das normas a cargo desse comitê.

Unidade 2 77

gestao_industrial_ambiental.indb 77 11/7/2011 10:54:52


Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais
Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, você
poderá:

Pesquisar as seguintes obras:

BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial:


conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2007.

FONTANA, Adriane Monteiro; AGUIAR, Edson Martins.


Logística, transportes e adequação ambiental. In: CAIXETA
FILHO, J.C; MARTINS, Ricardo Silveira (org). Gestão
logística do transporte de cargas. São Paulo: Atlas, 2001.

MOURA, Luiz Antônio Abdalla de. Qualidade e gestão


ambiental. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004.

PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da qualidade: teoria e


prática. São Paulo: Atlas, 2004.

Ler os seguintes artigos:

78

gestao_industrial_ambiental.indb 78 11/7/2011 10:54:52


Gestão Ambiental Industrial

Resíduos: “É preciso inverter a pirâmide – Reduzir a geração”!

Se observarmos as diversas estatísticas, com relação à disposição dos


resíduos sólidos, nos deparamos com uma situação alarmante, visto que
75% das cidades brasileiras dispõem seus resíduos sólidos em lixões. Esta
situação traz diversos comprometimentos ao meio ambiente e à saúde
da população. Podemos citar problemas como: surgimento de focos de
vetores transmissores de doenças, mau cheiro, possível contaminação do
solo e corpos d’água, além da inevitável destruição da paisagem urbana
das cidades, principalmente.
Como agravante, deve ser mencionada a presença de catadores nestes
locais, colocando em risco não apenas a sua integridade física e de saúde
mas também submetendo-se a uma condição de marginalidade social
e econômica, que, muitas vezes, se confunde com o próprio conceito de
lixo, situação esta que deve ser repudiada e melhor administrada pelos
governantes.
Diante destes fatos é fundamental que governo e sociedade assumam
novas atitudes, visando gerenciar de modo mais adequado a grande
quantidade e diversidade de resíduos que são produzidos diariamente
nas indústrias e residências. Portanto é preciso inverter a pirâmide, o que
significa colocar em prática a desejável política dos “4 Rs” (Reduzir, Reusar,
Reciclar e Recuperar) e não continuar produzindo e gerando mais resíduos,
deixando que “alguém”assuma a responsabilidade de tratar e dispô-los
adequadamente.
Para isso, é preciso modificar atitudes, por exemplo: usar o papel dos
dois lados; imprimir somente o que é necessário; otimizar o tamanho do
papel ao real espaço da mensagem; usar embalagens recicláveis (papel ou
papelão); adotar práticas de reciclagem e reuso, como levar sacolas para
as compras em vez de sempre usar embalagens novas; separar resíduos
“sujos” de resíduos “limpos” que impedem ou dificultam a reciclagem;
utilizar frutas e legumes com cascas ou incorporá-las ao solo; separar
resíduos perigosos, como pilhas, lâmpadas, medicamentos, material de
limpeza, tinta de cabelo e outros produtos químicos igualmente danosos
ao meio ambiente e à saúde humana.
Todas estas práticas não só reduzirão o volume de resíduos gerados
diariamente, mas também permitirão o exercício de reuso, culminando
num melhor gerenciamento dos resíduos. São atitudes simples e viáveis
que poderemos incorporar cada vez mais, a fim de proteger o ar, o solo
e a água, trazendo como consequências melhores condições de saúde
humana, qualidade de vida e saúde ambiental.

Fonte: TOCCHETTO, Marta Regina Lopes; PEREIRA, Lauro Charlet. Resíduos: “É preciso inverter a
pirâmide – Reduzir a geração”! AGRONLINE, 28 Mar 2005. Disponível em: <http://www.agronline.
com.br/artigos/artigo.php?id=214&pg=1&n=2>. Acesso em: 20 fev 2009.

Unidade 2 79

gestao_industrial_ambiental.indb 79 11/7/2011 10:54:52


Universidade do Sul de Santa Catarina

A RELAÇÃO ENTRE A GESTÃO DA QUALIDADE E A GESTÃO


AMBIENTAL - ISO 9.000 E ISO 14.000
A ISO 9.000 representou uma resposta à forte demanda pela
qualidade total nos anos 80 ocorrida nos meios empresariais e foi
uma das estratégias utilizadas para a superação da crise do regime de
acumulação do fordismo, seja devido aos potenciais incrementos de
produtividade com a sua implantação, seja pela redução dos custos
da não qualidade.
Aliada a esta questão, a qualidade total também passou a ser
referência em função da prosperidade da indústria japonesa, que
imputou os créditos obtidos em relação à sua alta produtividade a
esta forma de administrar.
Como uma reação dos países ricos do ocidente, incorporando
e reconfigurando os preceitos da qualidade total, surgiram as
normas ISO série 9.000. Na Europa, liderada pela França, Alemanha
e Inglaterra e também com o consenso dos EUA, articulou-se a
formalização desta norma internacional de garantia da qualidade
total que funcionou fundamentalmente como uma barreira contra
produtos fornecidos por países periféricos.
Por consequência, estes países, ao menos por um período de tempo
de adaptação, estiveram excluídos da possibilidade de fornecer
produtos para algumas corporações multinacionais sediadas na
Europa e Estados Unidos, que passaram a exigir como um dos pré-
requisitos para a importação de produtos a certificação das empresas
de seus sistemas da qualidade, conforme preconizava a ISO série
9.000.
Há uma dimensão presente nesta política também de gerar uma
articulação mais eficaz de confiabilidade, considerando a cadeia
produtiva, ao normalizar a relação cliente fornecedor.
A ponta da cadeia produtiva da indústria automotiva, por exemplo,
representada pelos interesses das montadoras, passou a ter
uma sistemática mais efetiva de garantia da qualidade de seus
fornecedores, e a repassar seus custos relacionados à inspeção e
controle de peças e sistemas.
Anteriormente, a responsabilidade pelo cumprimento dos parâmetros
especificados no produto era atribuição do setor de recebimento
das empresas montadoras, que verificava, aplicando princípios
estatísticos, as peças que iriam ser utilizadas na montagem do
produto final.
Com a adoção do sistema da qualidade assegurada, esta
responsabilidade passou a ser delegada à empresa fornecedora,
que se comprometeu a manter sua fabricação dentro das tolerâncias

80

gestao_industrial_ambiental.indb 80 11/7/2011 10:54:53


Gestão Ambiental Industrial

especificadas pela montadora, adotando as ferramentas do controle


estatístico de processo, para conseguir garantir a qualidade constante,
conforme definido nas especificações da empresa cliente.
O que se iniciou com as indústrias de tecnologia avançada nos países
centrais, aos poucos, foi se generalizando. As empresas exportadoras
instaladas no Brasil, na sua maior parte pertencentes a grandes
redes multinacionais, iniciaram sua adequação para implantação das
normas ISO série 9.000 na década de 80 do século passado, com êxito.
O rápido incremento do número de empresas certificadas no Brasil
deu-se, em parte, por haver um efetivo reconhecimento do apelo
comercial que representava a certificação, além da exigência das
empresas centrais das grandes cadeias produtivas sob suas redes
fornecedoras.
Apesar da origem similar, os objetivos formais das normas ISO
9.000 e ISO 14.000 se diferenciam substancialmente. Enquanto
a sistematização ISO 9.000 tem como objetivo formal a gestão
da qualidade desde a concepção, processo, inspeção e serviços
associados aos produtos, a norma ISO 14.000 tem como objetivo a
sistematização da gestão ambiental das organizações. Esta mudança
de enfoque é a marca de especificidade da ISO série 14.000.
Um dos elementos indutores a esta padronização internacional e ao
interesse referente à gestão ambiental por parte do meio empresarial,
nos anos noventa, foi o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT
- General Agreement on Tariffs and Trade), incluído na organização
Mundial de Comércio desde 1995.
Este acordo, negociado na Rodada do Uruguai, enfocou a necessidade
de se reduzirem as barreiras não-tarifárias ao comércio, considerando
que a proliferação de normas nacionais e regionais seria um
empecilho ao livre comércio de bens e serviços.
Isso representa um impulso à normalização, que passa a ser a base
necessária para a contestação de legislações e regulamentações
rigorosas estabelecidas por nações específicas, que passam a ser
avaliadas em comparação à norma ISO.
Estas regras do GATT implicam uma série de desdobramentos,
reforçando o papel das normas ISO. Se, por um lado, companhias
certificadas podem obter uma vantagem no acesso aos mercados
internacionais, por outro os autores chamam a atenção sobre a
preocupação com as organizações credenciadas para certificar
as empresas, e as pressões a que estariam submetidas. Estariam
sujeitas a estas pressões não só as certificadoras, como também as
organizações de normalização nacionais.

Unidade 2 81

gestao_industrial_ambiental.indb 81 11/7/2011 10:54:53


Universidade do Sul de Santa Catarina

Esta modernização, que aparece de forma ampla, solta e


modificadora da estrutura, é considerada como o renascimento
de uma subjetividade política que teria surpreendido o mundo. Os
espaços políticos passaram a ser ocupados com grupos de iniciativa
dos cidadãos, que, desde a década de 80, passaram a tomar a cena
em diferentes partes do mundo, ao discutirem e pressionarem o
poder estabelecido no tocante à questão ecológica.
Esta constatação reafirma o que se identifica como uma das tônicas
da dinâmica que se estabeleceu no Brasil em relação à obtenção do
certificado ISO 14001, em que as empresas de maior risco ambiental,
e mais agressoras ao meio ambiente por apresentarem maior grau de
risco, buscam se sobressair nesta postura ‘ambientalmente correta’.
Por exemplo, as indústrias dos setores químico e petroquímico
desenvolvem um programa denominado Atuação Responsável
(Responsable Care), que estabelece exigências relacionadas à gestão
ambiental e de segurança das suas plantas industriais.
Este programa, assim como as certificações ISO 9000 e ISO 14000,
tem em comum o caráter eminentemente comercial voltado à
consolidação da imagem da organização frente ao mercado global e
aos seus stakeholders.
Neste sentido, a busca pela certificação ambiental e a disseminação
do uso de seus conceitos, como stakeholders, estão em consonância
com o esforço por parte das grandes empresas multinacionais
de estabelecimento e certificação da sistemática de sua gestão
ambiental conforme os padrões internacionais da ISO 14001.
Neste contexto, é reafirmado o fato de que os organismos
certificadores e os acreditadores (os primeiros emitem os certificados
para as empresas, e os segundos credenciam os primeiros)
encontram-se sob forte pressão. No caso brasileiro, a entidade
acreditadora, que é responsável pelo credenciamento das empresas
certificadoras, é o INMETRO, que as habilita e acompanha.
Entretanto o próprio INMETRO atua como entidade certificadora,
com uma equipe de auditores que realiza auditorias de terceira parte
e certifica outras organizações. Este passa a se constituir um desvio
da função intrínseca do INMETRO, de caráter regulador, ao exercer
concorrência com as demais certificadoras e, consequentemente, a ter
interesses conflitantes com estas entidades.

Fonte: HARRES, Elaine Martos. A relação entre a gestão da qualidade e a gestão ambiental
- ISO 9.000 E ISO 14.000. In: Gestão ambiental industrial: perspectivas, possibilidades
e limitações. Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de
Doutor Curso de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Universidade Federal
do Paraná. Curitiba, 2004, p. 72-76. Disponível em <http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/
bitstream/1884/3073/1/elaine%20m%20harres.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2009.

82

gestao_industrial_ambiental.indb 82 11/7/2011 10:54:53


3
unidade 3

Práticas de gestão ambiental


nas indústrias

Objetivos de aprendizagem
„„ Identificar as formas de incorporação de gestão
ambiental nas atividades administrativas e rotinas da
indústria e na estrutura organizacional.
„„ Identificar modelos e instrumentos de gestão ambiental
nas indústrias.
„„ Destacar as etapas de implantação de um sistema de
gerenciamento ambiental.

Seções de estudo
Seção 1 Planejamento e integração da gestão ambiental

Seção 2 Incorporação da gestão ambiental nas atividades


da indústria
Seção 3 Modelos e instrumentos de gestão ambiental

Seção 4 Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA)

gestao_industrial_ambiental.indb 83 11/7/2011 10:54:53


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, você vai ver que existem algumas práticas de
gestão ambiental que as indústrias podem adotar como estratégia
de atuação no mercado competitivo onde estão inseridas.

Dessa forma, em termos de meio ambiente, as indústrias podem


praticar uma administração baseada no conceito da qualidade
total, incluindo as preocupações com as questões ambientais.

Você vai aprender, então, as formas de incorporação da gestão


ambiental no planejamento, na estrutura organizacional e nas
diversas áreas da organização, como também os modelos e
os instrumentos que podem ser adotados pelas indústrias, e,
ainda, as ações para implantação do Sistema de Gerenciamento
Ambiental.

Essas práticas vão possibilitar que as organizações produtivas


obtenham melhores resultados com menos recursos.

A repercussão da questão ambiental dentro da indústria e sua


importância crescente ocorreram a partir do momento em que a
indústria passa a considerar essa atividade como oportunidade de
redução de custos, e não como uma área que aumenta despesas.

A variável ecológica passou a impactar a estratégia da indústria.


No contexto nacional, essa influência externa caracteriza-se
pelas exigências da legislação ambiental. Progressivamente
estabelecidas, as normas de atuação vão repercutir internamente
nas indústrias interessadas em equacionar seus problemas
ambientais.

As ações externas acabaram interiorizando-se nas indústrias, com


repercussão no planejamento e na estrutura organizacional, em
um segundo instante.

Essas modificações materializaram-se tanto no nível formal, com


a inclusão de funções, atividades, autoridade e responsabilidades
específicas em relação à variável ecológica, como em nível
informal, disseminando, entre todos os integrantes da indústria,
a ideia de que a responsabilidade ambiental decorre do
comprometimento formal de toda a equipe.

84

gestao_industrial_ambiental.indb 84 11/7/2011 10:54:53


Gestão Ambiental Industrial

Seção 1 - Planejamento e integração da gestão


ambiental
As indústrias estão cada vez mais dependentes do ambiente
externo. Por isso os gestores devem buscar a satisfação do cliente
através do estabelecimento de um planejamento estratégico
eficiente que envolva a organização como um todo, dentro de
uma estrutura sustentável.

Neste sentido, para que a causa ambiental da empresa atinja seus


objetivos, a atividade de meio ambiente na indústria deve ser
incorporada ao planejamento estratégico e integrada à estrutura
organizacional, para potencializar ao máximo sua atuação junto
a todas as áreas da organização, buscando responsável e perfeita
sintonia de interesses e integração profissional.

As contribuições decorrentes da integração da gestão ambiental


ao planejamento estratégico da indústria podem ser agrupadas
em três esferas: produtiva, da inovação e estratégica, segundo
Groenewegen e Vergragt (1991 apud Corazza, 2003).

„„ Na esfera produtiva, a gestão ambiental intervém, por


um lado, no controle do respeito às normas; por outro, na
elaboração e na implementação de ações ambientais.
„„ Na esfera da inovação, de um lado, acompanha os
dispositivos legais e as avaliações ecotoxicológicas de
produtos e emissões a serem respeitados; de outro, auxilia
na definição de projetos de desenvolvimento.
„„ Na esfera estratégica, fornece avaliações sobre os
potenciais de desenvolvimento e sobre as restrições
ambientais emergentes.
Além das contribuições, Faucheux et al (1997 apud CORAZZA,
2003) identifica dois conjuntos de razões estratégicas que
explicam a integração da gestão ambiental ao planejamento
estratégico das indústrias: as defensivas e as proativas.

Nas estratégias defensivas, o meio ambiente é encarado como


uma restrição suplementar às atividades da indústria; a integração
da gestão ambiental corresponde apenas à internalização
coercitiva dos custos externos; entrar em conformidade com a

Unidade 3 85

gestao_industrial_ambiental.indb 85 11/7/2011 10:54:53


Universidade do Sul de Santa Catarina

regulamentação vigente é a tônica deste tipo de integração, que


corresponde à situação da gestão ambiental nas indústrias antes
da década de 80.

Nas estratégias proativas, o meio ambiente é encarado como


elemento de competitividade extracustos; a introdução da gestão
ambiental nas indústrias se faz com o objetivo inicial de prevenir
o impacto ambiental e de antecipação com respeito à evolução da
regulamentação voltada à prospecção e desenvolvimento de novas
oportunidades de negócio e de competitividade assegurada pelos
investimentos na área ambiental.

Para incorporar a gestão ambiental ao planejamento


estratégico da indústria, é preciso avaliar o ambiente
externo, a fim de identificar as questões ecológicas,
as oportunidades e os riscos existentes na legislação
ambiental, no nível de consciência dos consumidores
e da sociedade como um todo, no que está sendo
feito pela indústria, no comportamento dos
concorrentes e no avanço tecnológico nesse campo.

Realizada a análise do ambiente externo, a indústria deve avaliar


o ambiente interno, destacando pontos fortes e pontos fracos,
visando adequá-los aos objetivos estabelecidos.

Desta forma, poderá formalizar uma estratégia ambiental


consistente, que conte com o apoio de todos os integrantes
da organização e com os recursos necessários para sua
implementação e disseminação em todos os níveis hierárquicos.

No planejamento operacional, as indústrias devem começar


adotando as seguintes ações, e nesta ordem, segundo Winter
(1971 apud DONAIRE, 2004):

„„ inicialmente, tomar as medidas de defesa do ambiente


estabelecidas por lei;
„„ definir as ações que resultam em benefícios para a
indústria, tais como, redução de custos e de riscos de
responsabilidade;
„„ implementar medidas benéficas ao meio ambiente que
não tragam nenhum retorno financeiro, mas que sirvam
para manter a questão ambiental como uma cultura
permanente na organização.

86

gestao_industrial_ambiental.indb 86 11/7/2011 10:54:53


Gestão Ambiental Industrial

„„ implementar ações que possam ser revertidas em


benefício para a comunidade e para a sociedade.
Na avaliação de novas plantas, de modificação das instalações
e nos processos industriais, as questões ambientais devem ser
avaliadas em todas as fases do projeto.

Em alguns casos, podem ser exigidos estudos especiais, entre


os quais se inclui o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), obrigatórios para o
licenciamento de atividades consideradas modificadoras do meio
ambiente.

Assim sendo, estabelecida a interiorização da atividade ambiental


no planejamento estratégico da indústria em suas diversas áreas
da organização, devem ser realizadas as mudanças na estrutura
organizacional e no inter-relacionamento entre as diversas áreas
funcionais.

Essas mudanças podem ocorrer tanto a curto quanto em longo


prazo e poderão repercutir tanto no nível formal, atingindo o
sistema de atividades, autoridade e de comunicação da indústria,
como no nível informal, alcançando as relações de poder, a
conscientização do pessoal e as relações com a comunidade,
segundo Donaire (2004).

A estrutura organizacional é o conjunto ordenado


de responsabilidades, autoridades, comunicações
e decisões das unidades administrativas de uma
indústria.

O cargo de responsável pelo meio ambiente começou a aparecer


na estrutura organizacional das indústrias, a partir dos anos
70 e, a partir de meados dos anos 90, deu-se início a uma nova
etapa, caracterizada por elementos mais abrangentes em termos
ambientais.

Essas características, segundo Groenewegen e Vergragt (1991


apud Corazza, 2003) incluem:

„„ introdução gradativa da sustentabilidade;


„„ códigos de conduta;

Unidade 3 87

gestao_industrial_ambiental.indb 87 11/7/2011 10:54:53


Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ acordos voluntários;
„„ conselhos de meio ambiente;
„„ interação entre as esferas pública e privada na formulação
da política ambiental; e
„„ maior envolvimento da sociedade civil organizada.
Entretanto deve-se considerar que cada indústria é portadora
de rotinas específicas, cujo processo de desenvolvimento implica
processos de aprendizagem.

Desse modo, a forma de integração da gestão ambiental na


estrutura organizacional deve ser adequada ao modelo de
configuração estrutural da indústria. E essa integração pode ser
pontual ou matricial, conforme Llerena (1996 apud Corazza
, 2003).

A integração pontual da gestão ambiental na estrutura


organizacional é caracterizada pela criação da função ou cargo e/
ou departamento ambiental, como ocorre em indústrias como a
Du Pont, IBM, ICI, Bayer, Ciba.

Na Du Pont, a gestão ambiental foi confiada a um


Conselho Superior de Meio Ambiente, que agrupa os
principais vice-presidentes das divisões. Este Conselho
define as linhas da política ambiental do grupo,
sendo auxiliado por uma equipe especializada, a qual
supervisiona o desempenho e analisa a evolução dos
problemas ambientais e as descobertas científicas.

Cabe ressaltar que a simples criação do cargo e/ou departamento


de gestão ambiental, sem a incorporação geral da dimensão
ambiental pelas demais atividades da indústria, pode ser pouco
efetiva para o desempenho ambiental.

A criação deste cargo/departamento pode ser interpretada como


um primeiro passo na evolução do processo de integração da
gestão ambiental.

88

gestao_industrial_ambiental.indb 88 11/7/2011 10:54:53


Gestão Ambiental Industrial

O perfil do gestor ambiental, segundo Donaire (2004, p. 86),


deve compreender um conjunto de habilidades classificadas em
quatro categorias:

Habilidade técnica: para poder avaliar as diferentes


alternativas, em relação a insumos, processos e
produtos, considerando-os sob o aspecto ambiental e seu
relacionamento com os conceitos de custos e de tempo.
Habilidade administrativa: relacionada com o
desempenho das tarefas do processo administrativo:
planejar, organizar, dirigir e controlar, pois caberá a ele a
responsabilidade de executar a política de meio ambiente
ditada pela organização.
Habilidade política: para sensibilizar os demais
administradores da indústria, que lhe podem dar
apoio e respaldo organizacional no engajamento da
temática ambiental, propagando e consolidando a idéia
de que sua atividade, antes de ser uma despesa a mais
para a organização, é uma grande oportunidade para
a prospecção de novas formas de redução de custos e
melhoria de lucros.
Habilidade de relacionamento humano: para conseguir
a colaboração e o engajamento de todos os funcionários
para a causa ambiental da indústria, pois o sucesso desse
empreendimento está intimamente ligado à participação
coletiva e à incorporação desta variável à cultura da
organização.

O ideal seria a incorporação da gestão ambiental por todas as


atividades da indústria, o que requer a partilha de informações e
a coordenação dessas diferentes atividades.

Com esta finalidade, algumas indústrias da indústria química,


tais como, ICI, Bayer e Ciba, paralelamente à estrutura pontual,
criaram programas de treinamento de pessoal, visando coordenar
horizontalmente as diferentes atividades.

Estes programas podem ser compreendidos como mecanismos


facilitadores da integração matricial, segundo Faucheux et al.
(1997 apud Corazza, 2003).

Unidade 3 89

gestao_industrial_ambiental.indb 89 11/7/2011 10:54:53


Universidade do Sul de Santa Catarina

A integração matricial da gestão ambiental consiste


em incluir todas as áreas da indústria indispensáveis ao
planejamento, execução, revisão e desenvolvimento da
política ambiental, segundo Dyllick (apud CORAZZA,
2003).

Nesse sentido, requer que os membros da indústria, em cada uma


de suas áreas de competência, percebam as informações sobre
as consequências dessas atividades para a qualidade ambiental
e desenvolvam novos conhecimentos em relação às atividades
tradicionais.

Esses novos conhecimentos podem conduzir à criação e ao


aproveitamento de oportunidades de desenvolvimento e de
crescimento para a própria indústria e pressupõe mudanças na
estrutura organizacional, não só em termos da criação do novo
cargo e/ou departamento, mas na incorporação de novas funções
e tarefas, como também na reformulação das atividades e rotinas
segundo Ferraz et al (1995 apud Corazza, 2003).

Seção 2 - Incorporação da gestão ambiental nas


atividades da indústria
O tratamento ideal das questões ambientais dentro da indústria
pode ocorrer através da incorporação da gestão ambiental por
todas as atividades e rotinas das várias áreas da organização. Essa
prática requer a partilha de informações e a coordenação das
diversas ações realizadas na indústria.

Dessa forma, a gestão ambiental pode ser incorporada nas áreas


de marketing, suprimento, pesquisa e desenvolvimento (P & D),
produção, recursos humanos e finanças, de forma diferenciada,
em virtude de sua maior ou menor ligação funcional com a área
ambiental, segundo Donaire (2004).

90

gestao_industrial_ambiental.indb 90 11/7/2011 10:54:53


Gestão Ambiental Industrial

Na área de marketing, a crescente conscientização ambiental da


sociedade e dos consumidores tem levado as indústrias a avaliar
as oportunidades do mercado. Os consumidores estão dispostos a
pagar preços mais elevados para produtos que, comprovadamente,
contribuem para a preservação do meio ambiente. Como
exemplo, podemos citar os seguintes anúncios de produtos
ecológicos:

A Agroessência é uma empresa que há anos atua na


comercialização de produtos utilizados na agricultura
orgânica, os quais foram adaptados para utilização em
meio urbano no controle de pragas de ambiente como
baratas, formigas e outras, com excelentes resultados.
Portanto, somos uma empresa pioneira no mercado na
prestação de serviço no controle de pragas ambientes sem
utilização de inseticidas sintéticos. (AGROESSÊNCIA,
2009).

A ONG Trilhos do Jequitiba em parceria com o Projeto


Recicle, oferece produtos para o lar e empresas a partir
de matéria-prima obtida através da reciclagem de copos
plásticos descartáveis. Aquele copo que você, caro
leitor, no qual tomou água, suco, café, nós coletamos
e transformamos em baldes, bacias, maletas, réguas,
canetas e muitos outros. Toda a verba adquirida é
destinada para projetos sociais em várias cidades. Entre
em contato conosco, teremos o maior prazer em enviar o
nosso projeto. (COMWEB CLASSIFICADOS, 2009).

Esta área desenvolve as atividades que permitem levar produtos


e serviços ao consumidor final. Por isso é necessário avaliar os
produtos atuais da indústria, incluindo suas embalagens, uso
excessivo, utilização de papéis não reciclados, tintas tóxicas, bem
como a possibilidade de lançamento de produtos voltados ao
mercado verde.

Neste sentido, essa área deve estabelecer, juntamente


com a área ambiental, uma estratégia capaz de avaliar
os produtos atuais e os segmentos mais suscetíveis
em relação às questões ambientais, considerando a
promoção, o preço e a distribuição do produto.

Unidade 3 91

gestao_industrial_ambiental.indb 91 11/7/2011 10:54:54


Universidade do Sul de Santa Catarina

As decisões da indústria em relação à concepção e


desenvolvimento de produtos devem possibilitar melhorias em
seus atributos ambientais, considerando aspectos de produção,
uso, embalagens, distribuição e descarte.

Essas variáveis permitem garantir a competitividade e a


preservação da imagem organizacional e da responsabilidade
social da indústria.

Na área de suprimento, é indispensável o acompanhamento


dos fornecedores, para assegurar a melhoria do desempenho
ambiental dos insumos, pois é a área de suprimentos que garante
à indústria ser capaz de produzir e distribuir bens de forma
econômica.

Nesse sentido, a indústria deve desenvolver e acompanhar uma


política de constante melhoria ambiental nos insumos fornecidos,
junto aos fornecedores, como também, melhorar o sistema
de armazenagem, reaproveitar resíduos e reciclar materiais,
substituir substâncias tóxicas e perigosas e usar adequadamente
os meios de transportes, segundo Donaire (2004).

Como exemplos, apresentam-se as ações realizadas


pela IBM, que reorganizou estas atividades a fim de
melhorar seu desempenho ambiental, incluindo a
compra de papel reciclado e de produtos de maior
durabilidade e de melhor qualidade, o que resultou na
redução de 25% na utilização de recursos.

Na área de P&D, as atividades visam adaptar os bens e serviços


oferecidos pela organização às necessidades do mercado. Essas
necessidades incluem a avaliação da performance técnica do
processo e do produto e o desempenho em termos ambientais,
principalmente aqueles sujeitos à legislação ambiental.

Assim sendo, a área de P&D deve incorporar as questões


relacionadas à qualidade ambiental em sentido amplo, uma
vez que as decisões tomadas durante a fase de desenvolvimento
do produto podem trazer comprometimentos futuros ao meio
ambiente, como também às questões de custo, prazo e qualidade.

92

gestao_industrial_ambiental.indb 92 11/7/2011 10:54:54


Gestão Ambiental Industrial

As atividades dessa área compreendem os esforços de pesquisa


e desenvolvimento de processos e de produtos, além da
transferência de tecnologias através de licenciamento ou outras
formas de intercâmbio tecnológico.

As inovações podem ser de produto ou de processo, de acordo


com Porter & Van Der Linde (1995 apud CORAZZA, 2003).

As inovações de produto ocorrem quando o produto em questão


tem não apenas o seu desempenho ambiental melhorado mas
também apresenta melhorias em outros critérios.

Como exemplos, apresentam-se melhor desempenho


técnico, melhor qualidade, mais segurança, redução
de custos pela substituição de materiais ou pelo uso
de menos embalagens, melhor preço de revenda ou
maior possibilidade de reaproveitamento, devido a
facilidades de reciclagem ou de desmanche, e redução
de custos para sua disposição final.

As inovações de processo ocorrem quando, ao lado da redução


da poluição, o novo processo leva a melhor produtividade
dos recursos; economia de materiais, melhor utilização de
subprodutos; menor consumo de energia durante a produção;
redução de estoques de materiais e dos custos associados;
conversão de resíduos em subprodutos com valor agregado; e
maior segurança no ambiente de trabalho.

Como exemplo de gestão ambiental nas atividades


de P&D, Faucheux et al. (1997 apud CORAZZA,
2003), relatam o caso da Siemens, que expandiu sua
participação no mercado quando desenvolveu uma
nova geração de máquinas de lavar que economizam
40% de eletricidade, 50% de água e 50% de tempo.

Na área de produção, pelas suas características, as atividades


possuem o maior envolvimento com a questão ambiental.

A tecnologia de produção e de operação inclui todas as


instalações e maquinarias usadas para a transformação e
processamento de matérias-primas e produtos semiacabados

Unidade 3 93

gestao_industrial_ambiental.indb 93 11/7/2011 10:54:54


Universidade do Sul de Santa Catarina

e, geralmente, tem papel determinante em relação às emissões


das unidades industriais, pois os desejados produtos finais do
processo produtivo estão associados com resíduos e a poluição.

Por isso a área de meio ambiente, junto à função de produção,


deverá empenhar-se para que o processo produtivo, em todas
as suas fases, apresente menos consumo de energia, minimize a
quantidade de resíduos, economize insumos, obedeça aos padrões
de emissão e controle o fluxo de efluentes.

Embora os possíveis impactos ambientais nesta área variem


segundo o setor industrial, há um conjunto de indicadores
ambientais gerais considerados como ponto de partida para uma
análise do desempenho ambiental da produção.

Esses indicadores dizem respeito à qualidade do ar e da


água, quantidade de energia e de água consumidas, geração e
disposição de resíduos, possibilidade de reciclagem, condições
de iluminação, ventilação, barulho, poeira, calor, vibração,
temperatura, odores, substâncias tóxicas.

Como exemplo da integração da gestão ambiental na


produção, Faucheux et al.(1997 apud CORAZZA, 2003)
apresenta a cervejaria alemã Holsten Brauerei, que
reduziu, em 10 anos, a utilização de água em 52%, pela
adaptação de novos processos de produção e pela
reutilização das águas residuais.

Na área de recursos humanos, as atividades contemplam o


conjunto de condições que caracterizam as relações de trabalho,
envolvendo os diversos aspectos que influenciam a produtividade,
qualificação e flexibilidade de mão de obra.

O desempenho de uma indústria está fortemente associado à


qualidade de seus recursos humanos, que podem prejudicar ou
favorecer a implantação da gestão ambiental. Por isso a indústria
deve desenvolver programas de treinamento na área ambiental,
para que os funcionários percebam a questão ambiental como
importante para o processo de tomada de decisão.

94

gestao_industrial_ambiental.indb 94 11/7/2011 10:54:54


Gestão Ambiental Industrial

Todos os funcionários da indústria,


do mais alto escalão ao mais baixo
nível hierárquico, devem estar
comprometidos com a filosofia da
valorização ambiental. Tal questão
está diretamente ligada a políticas
adequadas e a um intenso programa
de conscientização e educação
ambiental de todos, de acordo com
Drucker (1974 apud Segreto;
Araújo, 2007).

Como exemplo de gestão


ambiental em recursos humanos,
Faucheux et al. (1997 apud
CORAZZA, 2003) apresenta os
seguintes casos:

„„ o grupo Elf-Aquitaine, o qual implantou um programa


de formação interna de agentes responsáveis pelo meio
ambiente, sendo que os chefes de unidades organizaram
estágios de formação para melhorar o desempenho
ambiental de cada divisão da indústria;
„„ a fabricante alemã de móveis Femira GmbH, a qual
implementou pequenos grupos de trabalho sobre diferentes
temas ambientais que se relacionam à atividade da
indústria, vindo a aumentar, deste modo, a motivação dos
funcionários para a melhoria do desempenho ambiental.
É necessário considerar, portanto, que a integração da gestão
ambiental nas distintas atividades requer e gera ao mesmo tempo
uma enorme quantidade de informações, das quais os profissionais
têm necessidade para executar suas tarefas.

Entretanto as informações geradas em uma área de competência


podem ser de utilidade para os profissionais de outra área.

Para que não haja duplicação de esforços, as informações e os


conhecimentos gerados, quando se incorpora a gestão ambiental
nas distintas áreas de competência de uma indústria, não podem
permanecer isolados, dentro dessas respectivas áreas, mas circular
entre elas, de modo a serem partilhados pelos profissionais.

Unidade 3 95

gestao_industrial_ambiental.indb 95 11/7/2011 10:54:54


Universidade do Sul de Santa Catarina

O desempenho de qualquer organização está


associado à qualidade de seus recursos humanos,
e os resultados esperados em qualquer mudança
na estrutura organizacional dependem do
comprometimento da equipe.

Neste sentido, a área de recursos humanos deve desenvolver junto


à área ambiental um programa de conscientização e treinamento
para as questões ambientais.

Na área de finanças, os resultados financeiros das questões


ambientais são configurados no médio e longo prazo. Entretanto
os investimentos prévios com prevenção evitam problemas
futuros e são sempre menores do que aqueles que podem resultar
e que podem colocar em risco a sobrevivência da indústria.

A área de finanças deve trabalhar junto com a área de meio


ambiente no sentido de avaliar a questão ambiental em termos
financeiros, segundo Donaire (2004).

Essa avaliação pode ser realizada através do desenvolvimento


de esquemas especiais para avaliação de indicadores financeiros
ambientais, que possam estabelecer índices capazes de comparar
as unidades produzidas com energia consumida, resíduos
produzidos, materiais consumidos, água consumida, além da
inclusão de problemas ambientais futuros, bem como, o uso
de recursos e investimentos ambientais com benefícios fiscais
específicos.

Nesse sentido, o papel da contabilidade e dos relatórios anuais


previstos na regulamentação ambiental é de relacionar as despesas
efetuadas pela indústria em relação à poluição e degradação
ambiental, bem como as implicações financeiras resultantes da
preservação ambiental.

Tendo conhecido as principais alterações que podem ser feitas


nas atividades e rotinas das diversas áreas da indústria para
incorporar a gestão ambiental, é possível reconhecer que,
conforme avança esta incorporação, todas as suas áreas de
competência passam a se envolver.

96

gestao_industrial_ambiental.indb 96 11/7/2011 10:54:54


Gestão Ambiental Industrial

Seção 3 - Modelos e instrumentos de gestão ambiental


As questões ambientais também podem ser tratadas na indústria
através da aplicação de modelos e instrumentos de gestão
ambiental.

Os modelos de gestão ambiental orientam as decisões sobre


como, quando, onde e com quem abordar os problemas
ambientais e de que modo elas se relacionam com as demais
questões de gestão empresarial.

Esses modelos dependem do tipo de abordagem adotado pela


indústria. Neste sentido, podem ser criados modelos próprios ou
utilizados diversos modelos genéricos de gestão ambiental.

Os principais modelos descritos por Barbieri (2007) são os


seguintes: administração da qualidade ambiental total, atuação
responsável, ecoeficiência, produção mais limpa e projeto para o
meio ambiente.

Existem também diversos instrumentos de gestão ambiental,


que consistem em ferramentas informacionais que auxiliam a
operacionalização da gestão ambiental.

Os instrumentos de gestão ambiental permitem integrar os


conhecimentos compartimentados nas áreas de competência onde
foram gerados, fazendo com que eles sejam partilhados pelas
diversas atividades e rotinas da organização.

Dentre os instrumentos mais utilizados, destacam-se


os seguintes, de acordo com Faucheux et al. (1997 apud
Corazza, 2003): contabilidade ambiental; análise de ciclo de
vida; ecoauditoria e relatório ambiental.

A seguir, você vai aprender as características destes modelos e


instrumentos de gestão ambiental adotados pelas indústrias.

Unidade 3 97

gestao_industrial_ambiental.indb 97 11/7/2011 10:54:54


Universidade do Sul de Santa Catarina

Administração da Qualidade Ambiental Total


O conceito de Total Quality Environmental Management
(TQEM) foi criado pelo Global Environmental Management
Initiative (GEMI), uma Organização Não Governamental
constituída em 1990 por 21 grandes empresas multinacionais,
como IBM, Kodak, AT&T e Coca-Cola.

Trata-se da ampliação do conceito de Administração da


Qualidade Total (Total Quality Management – TQM), entendido
como uma concepção de administração que envolve todos os
integrantes da organização e seus fornecedores num esforço
contínuo para produzir e comercializar bens e serviços que
atendam às expectativas dos consumidores.

A Administração Total da Qualidade Ambiental (TQEM)


propõe um meio pelo qual a indústria que já pratica
uma administração baseada no conceito da qualidade
total possa transitar para o conceito da qualidade
ambiental total.

Desta forma, a Administração Total da Qualidade Ambiental


apresenta os mesmos elementos básicos do TQM, como também,
vale-se das mesmas ferramentas típicas da qualidade, tais como,
benchmarking, diagramas de causa e efeito, gráfico de Pareto,
diagramas de fluxos de processos e o ciclo do PDCA.

Assim, resumindo, se a qualidade no TQM é definida como


a produção de bens e serviços que atendam ou superem as
expectativas dos clientes, a qualidade ambiental no TQEM é a
superação das expectativas dos clientes internos e externos em
termos ambientais.

Atuação Responsável
Trata-se de um acordo voluntário privado unilateral, criado pela
Canadian Chemical Producers Association em resposta à perda de
confiança do público em relação à indústria química e à ameaça

98

gestao_industrial_ambiental.indb 98 11/7/2011 10:54:54


Gestão Ambiental Industrial

de uma regulamentação mais rigorosa. Este acordo, denominado


Responsible Care, criado em meados da década de 1980, é adotado
atualmente em cerca de 40 países.

A Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM) é a


responsável pela implementação desse programa no Brasil, onde é
chamado de Atuação Responsável. Ao ser implantado em 1992,
era um programa de adesão voluntária, mas, a partir de 1998,
tornou-se obrigatório para todas as empresas associadas.

O programa Atuação Responsável baseia-se, principalmente,


segundo Barbieri (2007), em princípios diretivos, códigos e
práticas gerenciais.

Os princípios diretivos formam um código de conduta


que orientam as ações da indústria nas áreas da saúde,
segurança e meio ambiente, recomendando uma
abordagem de prevenção da poluição.

Para implementar esses princípios diretivos, o programa


estabelece códigos de práticas gerenciais relativos aos processos
de produção, distribuição e utilização dos produtos da indústria,
que devem ser incorporados nos seus programas internos.

E, para adotar esse programa, a indústria e a Associação assinam


um acordo pelo qual ambas assumem compromissos recíprocos.

Ecoeficiência
Ecoeficiência é um modelo de gestão ambiental empresarial
introduzido em 1992 pelo Business Council for Sustainable
Development atualmente World Business Council for Sustainable
Development. Trata-se de uma proposta que permite às empresas,
governos, famílias e também às indústrias reduzir a poluição e o
uso de recursos nas atividades.

As ações praticadas na Ecoeficiência apresentam os seguintes


objetivos, de acordo com Barbieri (2007):

Unidade 3 99

gestao_industrial_ambiental.indb 99 11/7/2011 10:54:54


Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ minimizar a intensidade de materiais e energia nos


produtos e serviços e a dispersão de qualquer tipo de
material tóxico;
„„ maximizar o uso sustentável dos recursos renováveis;
„„ aumentar a reciclabilidade dos materiais, a durabilidade
dos produtos e a intensidade dos serviços nos produtos.
A Ecoeficiência baseia-se na ideia de que a redução de materiais
e energia por unidade de produto ou serviço aumenta a
competitividade da indústria e diminui as pressões sobre o meio
ambiente, seja como fonte de recursos, seja como depósito de
resíduos.

Produção Mais Limpa


Produção Mais Limpa (cleaner production) é uma estratégia
ambiental preventiva aplicada a processos, produtos e serviços
para minimizar os impactos sobre o meio ambiente. Esse
modelo de produção vem sendo desenvolvido pela Organização
das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial desde a
década de 1980, visando instrumentalizar os conceitos e objetivos
do desenvolvimento sustentável.

Além deste conceito, a Organização das Nações Unidas para o


Desenvolvimento Industrial (apud Barbieri, 2007, p. 135)
formulou também o conceito de Desenvolvimento Industrial
Ecologicamente Sustentável, traduzido nas seguintes termos:
“modalidades de industrialização que promovem as vantagens
econômicas e sociais das gerações presentes e futuras sem
comprometer os processos ecológicos básicos.”

Esse desenvolvimento propõe usar com eficiência os recursos não


renováveis e conservar os renováveis e não esgotar a capacidade
do meio ambiente de assimilação dos resíduos.

Assim, a estratégia Produção Mais Limpa é uma abordagem


de proteção ambiental ampla, que considera todas as fases do
processo produtivo ou ciclo de vida do produto, visando prevenir
e minimizar os riscos para os seres humanos e para o ambiente, a
curto e longo prazo.

100

gestao_industrial_ambiental.indb 100 11/7/2011 10:54:54


Gestão Ambiental Industrial

Essa abordagem requer ações para minimizar o consumo de


energia e matéria-prima e a geração de resíduos e emissões.
Envolve produtos e processos e estabelece uma hierarquia de
prioridades de acordo com a seguinte sequência: prevenção,
redução, reuso e reciclagem, tratamento com recuperação de
materiais e energia, tratamento e disposição final.

Os conceitos de Produção Mais Limpa, segundo Moura (2004),


são empregados por indústrias que buscam qualidade, através de:

„„ prevenção da geração de resíduos, principalmente, os


perigosos e tóxicos;
„„ uso racional de água e energia;
„„ uso sustentável de recursos naturais;
„„ emprego de práticas e possibilidades de reutilização,
recuperação e reciclagem de materiais, melhor projeto
visando o aumento da vida útil, melhor manutenção dos
equipamentos;
„„ destino final da forma mais adequada e correta, dentro
da melhor tecnologia disponível e adequada a cada tipo
de resíduos;
„„ incineração de resíduos sem geração de energia ou
disposição em aterro industrial.
Assim, a Produção Mais Limpa significa a aplicação contínua
de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada
aos processos e produtos, visando aumentar a eficiência no uso
de matérias-primas, água e energia através da não geração,
minimização ou reciclagem de resíduos gerados, de acordo com
Barbieri (2007).

Projeto para o Meio Ambiente ou Ecodesign


Projeto para o Meio Ambiente (Design for Environment), também
denominado Ecodesign, é um modelo de gestão centrado na
fase de concepção dos produtos e seus respectivos processos
produtivos, distribuição e utilização.

Unidade 3 101

gestao_industrial_ambiental.indb 101 11/7/2011 10:54:54


Universidade do Sul de Santa Catarina

Esse modelo procura integrar um conjunto de atividades e


disciplinas que sempre foram tratadas separadamente, tanto em
termos operacionais como estratégicos, tais como, conforme
Barbieri (2007): saúde e segurança dos trabalhadores e dos
consumidores, conservação de recursos, prevenção de acidentes e
gestão de resíduos.

A integração dessas funções é importante para o desenvolvimento


de ecoprodutos.

O Ecodesign baseia-se em inovações de produtos


e processos que reduzam a poluição em todas as
fases do ciclo de vida. Inovações desse tipo exigem
a participação de todos os setores da indústria, bem
como dos fornecedores e outros atores da cadeia de
distribuição.

O modelo exige novos arranjos organizacionais para reduzir ou


solucionar conflitos entre os diferentes segmentos da indústria,
tais como, as áreas de produção, compras, marketing e pesquisa.
A ideia é atacar os problemas ambientais na fase de projeto,
pois as dificuldades e os custos para efetuar modificações são
maiores. Por isso este modelo prepara a organização para realizar
inovações de modo sistemático, eliminando os problemas antes
que eles apareçam.

São objetivos desse modelo, segundo Barbieri (2007):

„„ aumentar a quantidade de material reciclado no produto,


„„ reduzir o consumo de energia para o cliente,
„„ facilitar a manutenção e
„„ favorecer a separação de materiais pós-uso.
Além dos modelos que orientam a atuação da indústria em
relação às questões ambientais, as organizações produtivas podem
adotar instrumentos de gestão ambiental, como os que são
apresentados a seguir.

102

gestao_industrial_ambiental.indb 102 11/7/2011 10:54:54


Gestão Ambiental Industrial

Contabilidade Ambiental (CA)


A contabilidade ambiental (CA) tem como causa, as
implicações econômicas geradas pelas questões ambientais. Por
isso muitas indústrias já vêm contabilizando estes fatores nos seus
balanços contábeis.

Segundo Corazza (2003), a contabilidade ambiental pode ser de


dois tipos.

„„ O primeiro consiste no registro dos custos envolvidos na


solução dos problemas ambientais, depois destes terem
sido gerados, contabilizando, por exemplo, os custos nos
quais a indústria deve incorrer, a fim de adotar medidas
de despoluição.
„„ O segundo tipo consiste na monetização das
consequências das atividades da indústria sobre o meio
ambiente.

Análise de Ciclo de Vida (ACV)


A análise de ciclo de vida (ACV) é um instrumento de gestão
ambiental aplicável a bens e serviços.

O ciclo de vida que interessa à gestão ambiental refere-se


aos aspectos ambientais de bens ou serviços em todos os seus
estágios, desde a origem dos recursos no meio ambiente, até
a disposição final dos resíduos de materiais e energia após
o uso, passando por todas as etapas intermediárias, como
beneficiamento e transportes, estocagens, segundo Barbieri
(2007).

A ACV mede os fluxos materiais e/ou energéticos relativos a todo


o ciclo de vida de um produto, envolvendo a avaliação de seu
impacto sobre o meio ambiente.

Unidade 3 103

gestao_industrial_ambiental.indb 103 11/7/2011 10:54:54


Universidade do Sul de Santa Catarina

Ecoauditoria (EA) ou Auditoria Ambiental


A Ecoauditoria (EA) ou auditoria ambiental é uma técnica de
exame e controle das instalações e dos processos de produção.
Consiste em avaliar as informações necessárias para o alcance dos
objetivos ambientais propostos pela indústria; controlar o sistema
de gestão ambiental que fornece as informações e estabelece os
objetivos de melhoria; e verificar o método empregado, a fim de
levar em conta todas as informações coletadas.

Há dois tipos de Ecoauditorias: a interna e a externa, de acordo


com Faucheux et al.(1997 apud CORAZZA, 2003):

„„ a auditoria interna é um processo sistemático e


documentado, feito pela própria indústria e dirigido
à alta administração, que tem por finalidade avaliar
objetivamente se o sistema de gestão ambiental está
em conformidade com os objetivos e os critérios
estabelecidos em sua política ambiental;
„„ a auditoria ambiental externa é um processo de avaliação
do desempenho ambiental e da integridade do sistema
de gestão ambiental de uma organização, conduzido
por terceiros, como por exemplo, uma instituição de
certificação ambiental.

Relatório Ambiental (RA)


O relatório ambiental (RA) é um documento publicado pela
indústria, normalmente decorrente de uma Ecoauditoria.

Cabe ressaltar que, ao lado das necessárias iniciativas internas


da indústria, seu envolvimento com questões ambientais apenas
pode ser validado externamente, por um sistema independente
de avaliação por terceiros, donde se depreende a relevância da
análise das formas de articulação externa.

A incorporação da gestão ambiental tem-se evidenciado tanto


como fator catalisador quanto resultado da evolução das relações
entre as indústrias e seus parceiros e outros grupos interessados
da sociedade.

104

gestao_industrial_ambiental.indb 104 11/7/2011 10:54:54


Gestão Ambiental Industrial

Seção 4 - Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA)


A implantação de um sistema de gerenciamento ambiental é
uma das melhores formas para conseguir obter melhorias de
desempenho ambiental em uma organização.

“Sistema é um conjunto de partes inter-relacionadas


e sistema de gestão ambiental é um conjunto de
atividades administrativas e operacionais inter-
relacionadas para abordar os problemas ambientais
atuais ou para evitar o seu surgimento”. (BARBIERI,
2007, p. 153).

Dessa forma, um sistema de gestão ambiental implica a


formulação de diretrizes, determinação de objetivos, coordenação
de atividades e avaliação de resultados. Além disso, envolve
diferentes segmentos da organização para tratar dos problemas
ambientais de maneira integrada com as demais atividades.

Qualquer Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) requer


um conjunto de elementos comuns que independem do porte, da
estrutura ou do setor de atuação organizacional.

Dependendo do porte da organização, pode ser suficiente a


criação de um setor específico voltado para os aspectos ambientais
dos produtos, serviços e processos industriais, mas pode ser
recomendável a implantação de um sistema de gerenciamento
ambiental.

O Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) compreende três


conjuntos de atividades básicas, segundo Moura (2004): análise
da situação atual da organização; estabelecimento de objetivos e
metas ambientais; definição de métodos.

A análise da situação atual da organização é a fase de


diagnóstico do problema. Neste sentido, tem por objetivo
verificar o momento em que se encontra a indústria em relação
ao seu desempenho no tocante aos produtos, serviços e processos.
Essa atividade implica avaliar os requisitos da legislação e
os principais impactos ambientais causados pelas atividades
industriais.

Unidade 3 105

gestao_industrial_ambiental.indb 105 11/7/2011 10:54:54


Universidade do Sul de Santa Catarina

Desta forma, a norma ISO 14001 define que a organização


deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os
aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que
possam por ela ser controlados e sobre os quais se presume que
ela tenha influência, a fim de determinar aqueles que tenham
ou possam ter impacto significativo sobre o meio ambiente. Os
aspectos relacionados a esses impactos devem ser considerados na
definição dos objetivos ambientais da indústria.

Os impactos que ficam restritos aos limites da propriedade, e são


especificados nas leis e normas de segurança do trabalho, não
devem ser incluídos na listagem dos aspectos ambientais previstos
no SGA.

O quadro 3.1 apresenta exemplos de aspectos e impactos


ambientais, segundo Barbieri (2007, p. 173).

Exemplos de: Aspectos ambientais Impactos ambientais


Atividade Operação de caldeira Consumo de óleo de Esgotamento de recursos
aquecimento. naturais não renováveis.
Emissão de dióxido de enxofre; Poluição do ar.
dióxido de carbono e óxido Impactos respiratórios
nitroso. sobre os residentes locais.
Aquecimento global e Impacto de chuva ácida em
mudança climática. água superficial.
Lançamento de água aquecida. Mudança na qualidade da
água.
Produto Cartucho de tinta de Uso de matérias-primas. Conservação de recurso.
impressora reutilizável
Vida final do produto Geração de resíduos sólidos. Uso do solo.
Recuperação e reutilização de Conservação de recursos
componentes. naturais.
Serviço Manutenção de frota Emissão de óxidos de Cumprimento dos objetivos
nitrogênio. da qualidade do ar.
Geração de resíduos de óleo. Poluição do solo.

Quadro 3.1 - Exemplos de aspectos e impactos ambientais.


Fonte: Barbieri (2007, p. 173).

O estabelecimento de objetivos consiste em definir as metas


globais de desempenho, originárias da política ambiental e da
avaliação de efeitos e impactos significativos, estabelecidos pela
indústria.

106

gestao_industrial_ambiental.indb 106 11/7/2011 10:54:55


Gestão Ambiental Industrial

As metas ambientais são os requisitos detalhados


de desempenho, quantificados sempre que possível,
aplicáveis à indústria ou parte dela, originários
dos objetivos ambientais e que necessitam ser
implementados para atingir esses objetivos.

Assim, são definidos os recursos físicos, materiais e humanos


necessários e, a partir de diretrizes vindas da Política Ambiental,
determina-se onde a indústria quer chegar em termos de
melhorias e em que período de tempo.

É importante também identificar os indicadores de desempenho


ambiental que possibilitam medir os resultados de forma objetiva,
assegurando o cumprimento das metas.

Destacam-se alguns indicadores que podem ser


utilizados, segundo Moura (2004): quantidade de
emissões de gases nas chaminés; quantidade de
resíduos produzidos por kg de produto acabado;
percentual de resíduos recuperados ou reciclados;
quantidade de energia utilizada por unidade de
produto acabado; quantidade de material perigoso
utilizado no processo produtivo; valor de multas
recebidas no ano, por problemas ambientais;
percentagem de fornecedores e subcontratados com
certificação ISO 14001.

Essa norma prevê que a indústria estabeleça e mantenha objetivos


e metas ambientais documentados em cada nível e função
pertinentes da organização.

Após serem definidos os objetivos e metas, a etapa seguinte


consiste em planejar a implementação das diretrizes, realizando
as modificações necessárias nos processos industriais que
permitam atingir as metas, ou seja, definir com precisão
o trabalho a ser realizado, os funcionários requeridos e as
responsabilidades de cada um, os recursos necessários e o prazo
de execução.

Unidade 3 107

gestao_industrial_ambiental.indb 107 11/7/2011 10:54:55


Universidade do Sul de Santa Catarina

A definição de métodos significa, então, escolher o modo de


trabalho, ou seja, como chegar aos resultados pretendidos para
que se consiga atingir as metas. A implementação e operação
de um SGA consistem, na realidade, na aplicação de conceitos
e técnicas de Administração particularizada para as questões
ambientais.

O uso de ferramentas e sistemas gerenciais da administração


assegura o sucesso da implantação do SGA. Entre as
ferramentas, podemos citar:

„„ PDCA, para garantir o sucesso da implantação do


sistema de gerenciamento ambiental;
„„ diagrama de causa e efeito, para auxiliar na identificação
de causas dos problemas;
„„ sistemas gerenciais da organização, que devem estar
integradas à administração ambiental.
A ferramenta gerencial que resume toda a implantação do
processo do Sistema de Gerenciamento Ambiental é o ciclo
PDCA, composto por quatro grandes passos: Plan (Planejar);
Do (Realizar); Check (Verificar); Action (Atuar para corrigir),
conforme representação gráfica mostrada na figura 3.1.

Figura 3.1 - Representação gráfica do ciclo PDCA.


Fonte: Moura, 2004.

A primeira fase do ciclo – PLAN (Planejar) engloba o


estabelecimento da política ambiental da organização e a
elaboração do plano de implementação do SGA.

108

gestao_industrial_ambiental.indb 108 11/7/2011 10:54:55


Gestão Ambiental Industrial

O estabelecimento da política ambiental organizacional consiste


em um conjunto de intenções da alta direção sobre determinado
assunto, das quais irão decorrer várias medidas e procedimentos
que orientam as condutas gerenciais. A política ambiental
deve ser realista e possível de ser atingida, como também, deve
ser apropriada para a indústria. Esta atividade possibilita o
comprometimento da organização, ou seja, o envolvimento da
alta direção e das várias áreas organizacionais com as questões
ambientais.

A elaboração do plano de implementação do SGA compreende a


identificação dos aspectos e impactos ambientais e dos requisitos
legais e corporativos, bem como, o estabelecimento de objetivos
e metas. Para tanto, é necessário realizar o diagnóstico e o
planejamento estratégico com enfoque ambiental, de modo a
definir as oportunidades e ameaças para a organização.

O plano deve ser compatível com a política ambiental, pois o


planejamento elaborado deve permitir que as metas fixadas pela
política ambiental sejam cumpridas e, mais, deve identificar
prioridades; prever a implantação de uma estrutura funcional e o
cumprimento de normas ambientais, além de definir registros e a
abordagem de desenvolvimento sustentável.

A atribuição de prioridades consiste em indicar o que é mais


importante alcançar, onde colocar os recursos disponíveis com
vistas a melhorar o desempenho ambiental.

A implantação de uma estrutura funcional voltada para o


gerenciamento ambiental, dependendo do porte da indústria,
poderá ser uma área com responsabilidade direta.

O cumprimento de normas ambientais possibilita orientação


sobre como proceder na implantação de um SGA, como também,
estabelece formas de administrar o plano, podendo a indústria,
neste caso, optar pelas normas da ISO 14001.

Os registros da situação atual da indústria têm por objetivo


provar no futuro as melhorias proporcionadas pelas modificações
do processo existente, podendo ser registrados os casos de
incidentes e acidentes ocorridos, as repercussões havidas dentro e
fora da organização, as dificuldades e os custos esperados.

Unidade 3 109

gestao_industrial_ambiental.indb 109 11/7/2011 10:54:55


Universidade do Sul de Santa Catarina

A abordagem de desenvolvimento sustentável consiste em


considerar a preservação e reposição de recursos esgotáveis,
conforme o conceito de desenvolvimento sustentável, evitando os
processos e usos predatórios de recursos naturais, cada vez mais
escassos e valiosos.

O plano de gestão ambiental pode contemplar programas,


subprogramas e projetos.

A segunda fase do ciclo – DO (Realizar) consiste na


implementação e operacionalização das ações e medidas
planejadas na fase anterior, tais como, alocação de recursos,
definição da estrutura e responsabilidades, conscientização e
treinamento, comunicações, documentação, procedimentos de
respostas às emergências e programas de gestão específicos de
gestão ambiental.

A alocação de recursos físicos, materiais, humanos e financeiros


deve ser atribuída na quantidade necessária e planejada, para que
não haja perda de trabalho, de estudos e projetos, tempo utilizado
em reuniões, o que representa despesas sem retorno para a
indústria.

A definição da estrutura organizacional e das responsabilidades


deve possibilitar a implantação e o gerenciamento da execução
do sistema de gestão ambiental e o cumprimento dos requisitos
da norma ISO 14001, se for adotada, bem como o relatório
do andamento do programa e da avaliação do desempenho do
sistema de gestão, para a alta direção.

A realização de treinamentos formais com o pessoal da indústria


é importante para a conscientização adequada quanto à
importância da questão ambiental para o sucesso dos objetivos da
indústria.

Os treinamentos devem proporcionar conhecimentos sobre as


funções e responsabilidades de cada um no processo; os aspectos
e impactos ambientais decorrentes das atividades da organização;
as penalidades e os riscos decorrentes do não cumprimento
dos procedimentos especificados; os benefícios resultantes
para a indústria e seus componentes decorrentes de um bom
desempenho ambiental.

110

gestao_industrial_ambiental.indb 110 11/7/2011 10:54:55


Gestão Ambiental Industrial

O sistema de gestão ambiental define que sejam estabelecidos


e mantidos procedimentos para a comunicação interna entre
as várias áreas, como também, em relação ao recebimento,
documentação e resposta às comunicações pertinentes das
partes externas interessadas, e, principalmente, em relação às
comunicações com as autoridades públicas para planejar as ações
requeridas em situações relevantes e de emergência.

Os relatórios que forem preparados para divulgação pública, com


o objetivo de demonstrar que a indústria busca uma melhoria
de desempenho ambiental, devem ser escritos em linguagem
simples, acessível e de fácil compreensão, e conter os dados gerais
da organização.

Além disso, devem apresentar a política ambiental; os principais


objetivos; os programas de gestão ambiental; as metas e as
intenções de melhoramento contínuo; declaração e demonstração
do cumprimento dos requisitos legais, normas corporativas e
ambientais; dados sobre conservação de recursos, como, água,
energia, matéria-prima.

A documentação serve para descrever os principais elementos do


SGA, através do registro da política ambiental, objetivos e metas,
programas, funções e responsabilidades. Esses documentos
devem seguir os padrões de documentos da indústria para
facilitar a integração do sistema à administração e à política geral
da organização.

Os principais documentos são os seguintes, de acordo com


Moura (2004):

„„ Manual de Gestão Ambiental,


„„ Procedimentos,
„„ Instruções de Trabalho e
„„ Rotinas Operacionais.
O Manual de Gestão Ambiental inclui informações sobre o
processo, organogramas, padrões internos e procedimentos
operacionais, padrões para registros e planos de emergência.

Unidade 3 111

gestao_industrial_ambiental.indb 111 11/7/2011 10:54:55


Universidade do Sul de Santa Catarina

Os Procedimentos, Instruções de Trabalho e Rotinas


Operacionais servem para evitar a improvisação, sendo que os
procedimentos devem ser implantados, por exemplo, para indicar
ações aos operadores, de modo a evitar desvios que possam causar
problemas ambientais, ações para os empreiteiros, procedimentos
para contratação de pessoas e serviços e gerenciamento de
registros.

Os procedimentos de avaliação de efeitos ambientais, por


exemplo, dependem de cada caso: de produtos, servem para
avaliar o ciclo de vida do produto; de processos, para avaliar as
emissões de efluentes, rejeitos, consumo de recursos e riscos; de
projetos, para avaliar os impactos ambientais e futura degradação;
de instalações em serviços, para avaliar o cumprimento das leis,
procedimentos internos, requisitos de órgãos ambientais; para
aquisições, avaliar fornecedores, matérias-primas e passivos
ambientais, de acordo com Moura (2004).

As indústrias também devem estabelecer e manter


procedimentos para indicar as ações a serem tomadas
em acidentes e situações de emergência, bem como
prevenir e mitigar os impactos ambientais associados.

Os programas específicos devem estar relacionados aos processos


da indústria e devem utilizar os conceitos de desenvolvimento
sustentável e tecnologias limpas, o que implica aplicar uma
estratégia ambiental de forma contínua aos produtos, serviços e
processos da indústria, reduzindo riscos ao meio ambiente e ao
ser humano. Esses programas devem focar a gestão do consumo
da água e da energia, a qualidade do ar e o gerenciamento do lixo
e a minimização dos resíduos.

A terceira fase do ciclo – CHECK (Verificar) é importante para


comparar se os objetivos e metas foram efetivamente atingidos
na fase de execução do plano e consiste nas atividades de
monitoramento e controle operacional, segundo Moura (2004).

O monitoramento é o acompanhamento contínuo do processo,


tanto gerencial quanto técnico, de modo a que a organização
disponha a todo instante de um conhecimento completo sobre o
desempenho de seu sistema de gestão ambiental.

112

gestao_industrial_ambiental.indb 112 11/7/2011 10:54:55


Gestão Ambiental Industrial

O controle consiste em realizar ações para que as atividades


e operações sejam efetuadas de acordo com um padrão
estabelecido, fazendo-se os ajustes necessários quando o sistema
começa a se afastar do padrão.

Para tanto, é necessário o estabelecimento de indicadores de


desempenho, que devem ser concebidos para assegurar que o
nível de desempenho ambiental esteja de acordo com a política,
objetivos e metas, e, ainda, devem permitir uma verificação
constante do cumprimento dos requisitos e metas estabelecidos,
como por exemplo, verificar as atividades relativas à prevenção da
poluição e conservação de recursos, controle diário da produção e
melhoria contínua.

Os controles são utilizados também na identificação de


não conformidades, que são os aspectos e valores que não
se encontram de acordo com as leis, normas aplicadas,
procedimentos e regulamentos estabelecidos na organização.

O processo de tratamento de não conformidades pode acontecer


por meio de ações corretivas e deve incluir uma análise de
eficácia dessas ações. É necessário investigar as causas que
geraram uma não conformidade, de modo a atuar para que seja
evitada no futuro. Esse trabalho pode ser realizado através de
um diagrama de causa e efeito. A causa poderá ser tratada como
uma ação corretiva, enquanto que as causas menores, como ações
preventivas.

Os registros ambientais são constituídos por todos os documentos


e dados coletados durante todo o processo de implantação e
operação do SGA, incluindo os documentos de planejamento,
treinamento, medições, comunicações e relatórios de autorias.

Segundo a norma ISO 14001, é recomendável que os registros


ambientais incluam os requisitos legais e regulamentares;
licenças; aspectos e impactos ambientais; atividade de
treinamento ambiental; dados de monitoramento; detalhes
de não conformidades, incidentes, reclamações e ações de
acompanhamento; identificação de produtos; informações
de fornecedores e prestadores de serviços; análises críticas e
auditorias ambientais. Além disso, também devem ser registradas
as queixas, ações legais, multas; pesos ou volumes de resíduos
produzidos e resultados de inspeções.

Unidade 3 113

gestao_industrial_ambiental.indb 113 11/7/2011 10:54:55


Universidade do Sul de Santa Catarina

A auditoria ambiental é um processo sistemático e documentado


de verificação, realizado com o objetivo de obter e avaliar,
objetivamente, evidências de auditoria que definam se as
atividades, eventos, sistemas de gestão e condições ambientais
especificados, ou as informações relacionadas a estes estão em
conformidade com os critérios de auditoria, e para comunicar os
resultados deste processo ao cliente, segundo a norma ISO 14001
(apud MOURA, 2004).

A quarta fase do ciclo – ACTION (Atuar para corrigir)


abrange a atividade de revisão do Sistema de Gerenciamento
Ambiental. Trata-se de uma fase de reflexão sobre os resultados
obtidos e definição da estratégia para uma nova rodada do ciclo
PDCA.

As revisões serão possibilitadas pelos registros de todos os


passos, sucessos e fracassos, principalmente, dos relatórios das
auditorias ambientais, que realizam as avaliações de uma maneira
sistemática, técnica e isenta.

Por isso, devem ser periódicas, e elaboradas em épocas pré-


determinadas e programadas. Devem se reavaliar a política
ambiental, os objetivos e metas, as modificações da legislação,
os eventuais acidentes e incidentes, os relacionamentos e desejos
das partes interessadas e as mudanças tecnológicas que tenham
ocorrido com relação aos produtos, serviços e processos.

Com base nos relatórios de auditorias, principalmente, deve


ser feita a discussão sobre a postura estratégica da organização
em face das questões ambientais, definindo-se os novos rumos,
podendo haver a necessidade de revisão da política, dos objetivos
e metas.

Síntese
Nesta unidade 3, você aprendeu que existem muitas práticas
as quais podem ser adotadas de forma estratégica pelas
indústrias e que essa responsabilidade ambiental decorre do
comprometimento formal de toda a equipe.

114

gestao_industrial_ambiental.indb 114 11/7/2011 10:54:55


Gestão Ambiental Industrial

O tratamento das questões ambientais dentro da indústria pode


ocorrer nas atividades e rotinas das diversas áreas da organização,
como também, na estrutura organizacional, nas atividades de
gestão, inovação, produção e recursos humanos.

As indústrias também podem adotar modelos de gestão


ambiental, tais como, a administração da qualidade ambiental,
a atuação responsável, a ecoeficiência, a produção mais limpa, o
projeto para o meio ambiente.

Os instrumentos de gestão ambiental que são ferramentas


informacionais auxiliam a operacionalização da gestão ambiental
industrial, de modo que esta gestão possa ser integrada de forma
matricial por todas as suas atividades e rotinas.

As indústrias podem também implantar um sistema de


gestão ambiental, que consiste em um conjunto de atividades
administrativas e operacionais inter-relacionadas para abordar os
problemas ambientais atuais ou para evitar o seu surgimento.

A ferramenta gerencial que resume toda a implantação do


processo do Sistema de Gerenciamento Ambiental é o ciclo
PDCA, composto por quatro grandes passos: Plan (Planejar); Do
(Realizar); Check (Verificar); Action (Atuar para corrigir).

Atividades de autoavaliação
Para praticar os conhecimentos apropriados nesta unidade, realize as
atividades propostas. Você deverá ler os enunciados e responder às
questões seguintes:
1. Apresente as diferenças e semelhanças mais significativas entre os
seguintes modelos: TQEM, Produção Mais Limpa, Ecoeficiência, Projeto
para o meio ambiente. Depois responda à seguinte pergunta: há mais
semelhanças ou mais diferenças entre eles?

Unidade 3 115

gestao_industrial_ambiental.indb 115 11/7/2011 10:54:55


Universidade do Sul de Santa Catarina

2. Destaque as formas de integração da gestão ambiental nas atividades e


rotinas da indústria e na estrutura organizacional.

3. A identificação de aspectos ambientais é um requisito da norma ISO


14001. O quadro 3.1, extraído da ISO 14004, apresenta exemplos de
aspectos e seus respectivos impactos ambientais. Amplie esse quadro
com exemplos de outros aspectos relacionados com atividades,
produtos e serviços de uma organização que você conhece.

116

gestao_industrial_ambiental.indb 116 11/7/2011 10:54:55


Gestão Ambiental Industrial

4. Faça uma pesquisa na internet sobre:


„„ os tipos de Certificação e de Organismos de Certificação
Credenciados, obtenha a lista dos Organismos de Cerificação de
Sistemas de Gerenciamento Ambiental e procure informações sobre
alguns deles, como país e origem, vinculações internacionais e
clientes;
„„ contabilidade ambiental e auditoria ambiental. Destaque três
diferenças entre estes conceitos e faça uma comparação detalhada.

5. Apresente um resumo das principais ações realizadas em um Sistema de


Gerenciamento Ambiental.

Unidade 3 117

gestao_industrial_ambiental.indb 117 11/7/2011 10:54:55


Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais
Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, você
poderá:

Pesquisar as seguintes obras:

BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial:


conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2007.

DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na indústria. São Paulo:


Atlas, 2004.

FONTANA, Adriane Monteiro; AGUIAR, Edson Martins.


Logística, transportes e adequação ambiental. In CAIXETA
FILHO, J.C; MARTINS, Ricardo Silveira (org). Gestão
logística do transporte de cargas. São Paulo: Atlas, 2001.

MOURA, Luiz Antônio Abdalla de. Qualidade e gestão


ambiental. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004.

Ler os artigos

Os códigos gerenciais da Associação Brasileira da Indústria


Química
1. segurança de processos, com o objetivo de garantir que não
ocorram acidentes nas instalações industriais, identificando as
fontes de risco para atuar preventivamente;
2. saúde e segurança do trabalhador, para garantir melhores
condições de trabalho tanto para os trabalhadores próprios
quanto para terceiros:
3. proteção ambiental, com o objetivo de gerenciar os
processos de produção da forma mais eficiente possível,
procurando reduzir a geração de efluentes, emissões e resíduos;
4. transporte e distribuição, para otimizar todas as etapas
de distribuição, visando reduzir os riscos das atividades de
transporte e melhorar as ações em respostas aos acidentes no
transporte de produtos químicos;
5. diálogo com a comunidade, preparação e atendimento a
emergências, que objetiva manter canais de comunicação com

118

gestao_industrial_ambiental.indb 118 11/7/2011 10:54:55


Gestão Ambiental Industrial

os trabalhadores, vizinhos e outras comunidades e atuar em casos


de emergências;
6. gerenciamento do produto, para que as questões relativas à
saúde, à segurança e ao meio ambiente sejam consideradas em
todas as fases de desenvolvimento, produção, manuseio, utilização
e descarte de produtos químicos.

Os princípios diretivos da Associação Brasileira da Indústria


Química
Assumir o gerenciamento ambiental como expressão de alta
prioridade empresarial, por meio de um processo de melhoria
contínua em busca da excelência.
Promover, em todos os níveis hierárquico, o senso de
responsabilidade individual em relação ao meio ambiente,
à segurança e à saúde ocupacional, bem como o senso de
preservação de todas as fontes potenciais de risco associadas a suas
operações, produtos e locais de trabalho.
Ouvir as preocupações da comunidade e responder às dúvidas
sobre seus produtos e as suas operações.
Colaborar com órgãos governamentais e não-governamentais
na elaboração e no aperfeiçoamento de legislação adequada
à salvaguarda da comunidade, de locais de trabalho e meio
ambiente.
Promover a pesquisa e o desenvolvimento de novos processos e
produtos ambientalmente compatíveis.
Avaliar previamente o impacto ambiental de novas atividades,
processos e produtos e monitorar os efeitos ambientais de suas
operações.
Buscar continuamente a redução de resíduos, efluentes e emissões
para o ambiente oriundos das suas operações.
Cooperar para a solução dos impactos negativos ao meio ambiente
decorrentes da disposição de produtos ocorrida no passado.
Transmitir às autoridades, aos funcionários, aos clientes e à
comunidade informações adequadas quanto aos riscos à saúde,
à segurança e ao meio ambiente de seus produtos e operações e
recomendar medidas de proteção e de emergência.
Orientar fornecedores, transportadores, distribuidores,
consumidores e o público que transportem, armazenem, usem,
reciclem e descartem os seus produtos com segurança.

Unidade 3 119

gestao_industrial_ambiental.indb 119 11/7/2011 10:54:56


Universidade do Sul de Santa Catarina

Exigir que os contratados, trabalhando nas instalações da


empresa, obedeçam aos padrões adotados pela contratante em
matéria de segurança, saúde ocupacional e meio ambiente.
Promover os princípios e práticas da Atuação Responsável,
compartilhando experiências e oferecendo assistência a outras
empresas para produção, manuseio, transporte, uso e disposição
de produtos.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA apud BARBIERI, José Carlos.


Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva,
2007, p.130-132.

Ações para minimizar os impactos ambientais em diversos


setores da cadeia de abastecimento
A maioria dos resíduos é constituída por embalagens, como
também bens duráveis que atualmente são descartáveis, como
por exemplo, as fraldas descartáveis. Campanhas incentivam o
uso de produtos menos poluentes, como aqueles que não usam
embalagens de papel, como por exemplo, os tubos de pasta
de dentes, que, além de preservar o meio ambiente, implica
redução de custo do produto.
Dentre as estratégias mais utilizadas na cadeia de abastecimento
para responder às questões ambientais estão a reciclagem de
materiais, a redução de consumo e o reuso de materiais, que
permitem reduzir, reciclar, reutilizar.
Algumas ações, nesse sentido, podem ser tomadas para
minimizar os impactos ambientais em diversos setores da cadeia
de abastecimento, como citam Fontana e Aguiar (2001)*:
- Ações voltadas para a consolidação de cargas, análise
do melhor modo de transporte a ser usado, utilização de
contêineres reutilizáveis padronizados, layout dos depósitos são
ações responsáveis ambientalmente em relação às atividades de
recebimento, estocagem e movimentação de matérias primas.
- Ações voltadas ao tipo de embalagem a ser utilizado são ações
responsáveis ambientalmente em relação às atividades de
transformação da matéria-prima em produto acabado.
- Ações voltadas para a localização estratégica do depósito,
consolidação dos depósitos em um centro de distribuição

120

gestao_industrial_ambiental.indb 120 11/7/2011 10:54:56


Gestão Ambiental Industrial

correspondem às ações responsáveis ambientalmente em relação às


atividades de distribuição física.
Os resíduos sólidos estão se transformando em um grande problema
para as aglomerações urbanas, uma vez que os investimentos
são altos. A logística pode ter grande importância no processo
de destinação de resíduos, em combinação com recursos como
reciclagem, podendo minimizar o uso dos aterros e incineradores de
resíduos.
A definição de um sistema de coleta e entrega de resíduos tende a
reduzir o custo de transporte e a poluição ambiental. O tipo de coleta
pode ser classificado de diversas maneiras; a coleta pode ser feita nas
residências ou o material pode ser trazido pelos consumidores até um
ponto predefinido, o que pode reduzir os custos do sistema.
A seleção dos materiais está diretamente ligada à maneira como eles
foram separados. Quanto mais separados os materiais, mais simples
se torna a seleção, porém o custo de transportes aumenta na mesma
proporção. Quanto maior o número de frações a serem coletadas,
mais complexo torna-se o sistema.
Existe uma certificação especial, no caso de embalagem de resíduos
perigosos, disposição e transporte, sendo recomendadas algumas
alternativas que minimizam o armazenamento desses resíduos.
Segundo Fontana e Aguiar (2001)* essas são algumas das alternativas:
- utilização de contêineres e paletes reciclados ou retornáveis;
- definição do melhor método de manuseio e guarda de resíduos
recicláveis;
- uso de métodos de controle de níveis de inventário.
As indústrias geram quantidades significativas de resíduos que
podem ser reciclados, tais como, caixas de papelão, paletes e diversos
produtos para embalar e transportar materiais.
Os materiais separados dos resíduos domiciliares também podem ser
utilizados como material virgem para refabricação e reprocessamento,
como base para produção de compostos e outros produtos obtidos
por conversão química ou biológica.
A reciclagem evita sua deposição final em aterros e pode representar
uma receita para as empresas, uma vez que podem ser utilizados para
diversos fins. A utilização de produtos reciclados apresenta vantagens
em termos de economia: o vidro produzido inteiramente de sucata
economiza cerca de 15 a 20% da energia necessária para a produção
do mesmo material com matéria-prima virgem.

Unidade 3 121

gestao_industrial_ambiental.indb 121 11/7/2011 10:54:56


Universidade do Sul de Santa Catarina

A reutilização e reciclagem de produtos e materiais já ocorre desde


a época em que os refrigerantes eram envasados em garrafas
retornáveis. A redução de resíduos traz a idéia de eliminação dos
produtos do tipo one-way ou descartáveis. Nesse sentido, cabe
avaliar os aspectos que envolvem a questão da reutilização, segundo
Fontana e Aguiar (2001, p. 226)*:
- motivação do reuso, se é ecológica ou econômica;
- tipo de itens a serem retornados, se são embalagens, bens de
consumo, ou peças de substituição;
- forma de reuso, se será um reuso direto, uma reparação, uma
reciclagem ou ainda uma remanufaturação, entre outros;
- atores envolvidos.
A questão do retorno dos produtos está ligada à forma de integração
entre os canais reversos e os canais diretos. Nesse sentido, algumas
metodologias são recomendadas por Fontana e Aguiar (2001, p. 226)
para solução de certos problemas quanto à logística reversa:
- modelagem separada para o fluxo reverso: o fato de o canal reverso
possuir uma estrutura baseada em muitas fontes para poucos pontos
de demanda e a incerteza da quantidade dos materiais obtidos são
determinantes na escolha de uma rede adequada de distribuição;
- para resíduos sólidos domésticos, um modelo de alocação-
locação multiobjetivo pode ser utilizado para planejar o sistema de
gerenciamento de resíduos;
- para dimensionar um processo de reciclagem de areia dos resíduos
de construção civil.
* FONTANA, Adriane Monteiro; AGUIAR, Edson Martins. Logística,
transportes e adequação ambiental. In CAIXETA FILHO, J.C; MARTINS,
Ricardo Silveira (org). Gestão logística do transporte de cargas. São
Paulo: Atlas, 2001.

Fonte: ANTONIO, Terezinha Damian. Gestão de transportes: livro didático. Palhoça:


UnisulVirtual, 2009, p. 38-41.

122

gestao_industrial_ambiental.indb 122 11/7/2011 10:54:56


Gestão Ambiental Industrial

Qualidade ambiental e ecoeficiência: nova postura


O setor industrial, estigmatizado como um dos principais
responsáveis pela grave situação ambiental do planeta e também
pelas crescentes exigências legais, com relação aos resíduos gerados,
tem reagido pró-ativamente, a partir da implantação de estratégias
de gestão como: produção limpa, certificação ambiental, redução de
resíduos tóxicos, reciclagem e reuso, principalmente.
Além disso, as indústrias necessitam tornar-se ecoeficientes e mais
competitivas, pois resíduo significa perda de matéria-prima, falta de
eficiência e aumento de custos de produção. Diante disso, passaram
a preocupar-se com a introdução do conceito de prevenção, ou seja,
reduzir cada vez mais a geração na origem, abandonando a postura
essencialmente reativa.
Os processos de revestimento metálico provocam alto
impacto ambiental em função da presença de metais pesados,
principalmente o cromo, níquel, zinco e cádmio, além de cianeto,
ácidos e álcalis, nos efluentes líquidos e, consequentemente, no lodo
proveniente dos tratamentos. Consomem, ainda, grandes volumes
de água nas etapas de lavagens e de recobrimento, e também
energia, devido ao aquecimento de diversas soluções durante o
processo e no próprio tratamento dos resíduos.
Diante da nova ordem que se estabelece, a gestão ambiental passou
a ter importante papel no que tange à redução da geração destes
resíduos, possibilitando assim conciliar a ampliação dos ganhos
econômicos com a conservação do meio ambiente.
Em uma pesquisa, cujo objetivo foi detectar a situação da gestão
ambiental nas maiores galvânicas do Rio Grande do Sul, constatou-se
uma grande variação de ações, pois encontraram-se desde indústrias
com total ausência de setor responsável pelas questões ambientais,
passando pelas que se preocupam apenas em cumprir os parâmetros
estabelecidos pela legislação, até as que interferem no mercado com
a introdução de produtos mais limpos ou mais sustentáveis.
Como exemplo de boa conduta, cita-se uma indústria de Caxias do
Sul que estabeleceu parceria com renomados estilistas, os quais se
propõem a usar nas suas criações produtos alternativos, ou seja,
produzidos com matéria-prima menos tóxica e consequentemente
gerando resíduos mais facilmente tratáveis com baixíssima ação
impactante.
Outro exemplo foi uma indústria de Parobé que reveste os próprios
detalhes decorativos para os calçados que produz. Para reduzir os
impactos do setor de tratamento de superfície, a primeira atitude foi
substituir a matéria-prima das peças a serem revestidas, passando de
metal para plástico, evitando assim a etapa de decapagem ácida, que

Unidade 3 123

gestao_industrial_ambiental.indb 123 11/7/2011 10:54:56


Universidade do Sul de Santa Catarina

é danosa à saúde humana e ao meio ambiente, eliminando também


os processos com cianeto, que são altamente tóxicos, por processo
sem cianeto.
Esta indústria encontra-se atualmente em um bom patamar de
responsabilidade ambiental, pois, além da busca pela certificação
ISO 14001, passou a preocupar-se com os resíduos gerados, não só
na questão quantitativa, mas também qualitativa. Visa também o
desenvolvimento de novos produtos, fabricados totalmente a partir
dos seus resíduos, promovendo a redução dos grandes passivos
ambientais de resíduos perigosos, característicos das indústrias
calçadistas.
Estas experiências demonstram que a introdução da variável
ambiental no sistema de gestão de indústrias de alto impacto
ambiental torna-as mais ecoeficientes, propiciando inúmeras
vantagens, tais como: aumento de rendimento das matérias-primas,
redução da geração de resíduos perigosos, diminuição dos custos
de produção, tratamento e disposição, além de ganhos substanciais
quanto à saúde do meio ambiente e da população.

Fonte: TOCCHETTO, Marta Regina Lopes; PEREIRA, Lauro Charlet. Qualidade ambiental
e ecoeficiência: nova postura AGRONLINE, 28 Mar 2005. Disponível em: <http://www.
agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=213>. Acesso em: 20 fev. 2009.

Sistema de gestão e proteção ambiental

Os problemas ecológicos têm caráter universal, atingindo a todos,


independente da sua classe social. Ainda que muitas vezes os
impactos sejam sentidos com maior peso pelas classes pobres,
problemas como poluição da água e do ar, rompimento da
camada de ozônio e contaminação de alimentos, por exemplo, não
distinguem grupos sociais.
Nas duas últimas décadas, essas questões têm exercido uma maior
influência nos custos econômicos, e a proteção do meio ambiente
tem se tornado um importante campo de atuação para governos,
indústrias, grupos sociais e indivíduos. A produção sustentável e o
desenvolvimento de produto são desafios das indústrias no século
21, à luz da crescente pressão ambiental. As operações industriais,
neste mesmo período, experimentaram mudanças radicais com
implicações significativas, principalmente com a introdução das
normas de gestão pela qualidade ambiental, a exemplo da série ISO
14000.

124

gestao_industrial_ambiental.indb 124 11/7/2011 10:54:57


Gestão Ambiental Industrial

Os custos da poluição têm se elevado drasticamente, como


mostrados nos grandes acidentes de Bhopal e Exxon Valdez, cujos
custos totais para remediação dos impactos ultrapassaram bilhões
de dólares. Por outro lado, pequenos acidentes também ocasionam
prejuízos à comunidade e às indústrias, sobretudo se estes ocorrem
frequentemente. Mesmo emissões relativamente pequenas, quando
em excesso, podem ter custos bastante grandes para as indústrias,
decorrentes de taxas e multas aplicadas.
O capitalismo econômico incentivou a proliferação de áreas para
aterros, o aumento de áreas degradadas e o crescente descarte
de esgotos nos corpos hídricos. A evolução para um mundo com
cidades silenciosas, com fábricas sem a geração de resíduos e com a
qualidade de vida mais elevada estimula a busca de alternativas que
possibilitem equilibrar a atividade produtiva e econômica, dentro da
dimensão ambiental.
As indústrias, cuja atividade industrial é de alto impacto ambiental,
constituem-se em crescente preocupação da sociedade e dos
órgãos reguladores ambientais, devido ao elevado grau de
risco à saúde das populações e de poluição ambiental. Antes da
intensa fase regulatória mundial, as indústrias concentravam suas
preocupações, exclusivamente, com a produção e os lucros. Ações
para proteger o meio ambiente, neste período, eram insignificantes.
Esta despreocupação foi responsável pela ocorrência de
comprometimentos ambientais irreversíveis.
Diversos estudos demonstram que a legislação, além de ser um
importante instrumento de controle e fiscalização das atividades
industriais, contribui para a melhoria da gestão das indústrias,
inclusive para a implantação de medidas que resultam em proteção
ambiental. O controle da atividade humana e a proteção dos
ambientes naturais são regidos por leis, decretos e normas técnicas.
As legislações têm como objetivo assegurar a qualidade do meio
ambiente, bem como garantir a proteção da saúde das populações.
A indústria que passa a preocupar-se com as questões ambientais
assume a sua interferência sobre o meio ambiente e, ao mesmo
tempo, busca formas para minimizar os efeitos da poluição. Uma
nova postura passa a ser adotada com relação aos processos
executados, até então não levada em conta, ou seja: “como os
processos afetam o meio ambiente?” A ordem passa a ser: mudar
o processo para acabar com o resíduo; agir nas fontes geradoras;
minimizar a emissão; valorizar o resíduo para reaproveitá-lo e, só em
último caso, tratá-lo e descartá-lo.
A implantação de um sistema de gestão ambiental (SGA) é a
resposta dada pelas indústrias para controlar os impactos causados,
isto é, representa uma mudança organizacional, motivada pela

Unidade 3 125

gestao_industrial_ambiental.indb 125 11/7/2011 10:54:57


Universidade do Sul de Santa Catarina

internalização ambiental e externalização de práticas que integram


o meio ambiente e a produção. Dentre os inúmeros benefícios
alcançados destacam-se alguns, como: a melhoria da imagem
perante os diversos atores que interagem com o empreendimento
(stakeholders); redução dos custos ambientais; menores riscos
de infrações e multas; aumento de produtividade; melhoria
da competitividade e surgimento de alternativas tecnológicas
inovadoras.
Ao implantar um SGA, a indústria adquire uma visão estratégica
em relação ao meio ambiente, passando a percebê-lo como
oportunidade de desenvolvimento e crescimento. Ao mesmo
tempo, deve ser ressaltado que estratégias sustentáveis asseguram
a proteção ambiental, tanto do local de trabalho quanto dos
operadores, além de contribuir para a eliminação ou minimização de
impactos ambientais.

Fonte: TOCCHETTO, Marta Regina Lopes; PEREIRA, Lauro Charlet. Sistema de gestão e
proteção ambiental. AGRONLINE, 28 mar. 2005. Disponível em: <http://www.agronline.
com.br/artigos/artigo.php?id=214&pg=1&n=2. Acesso em 20 Fev 2009>.

126

gestao_industrial_ambiental.indb 126 11/7/2011 10:54:57


4
unidade 4

Concepção ambiental de
produtos, serviços e processos

Objetivos de aprendizagem
„„ Analisar o ciclo de vida dos produtos.

„„ Conceituar ecoprodutos, ecodesign e mercados verdes.

„„ Aprender sobre certificação e rotulagem ambiental.

„„ Identificar formas de gerenciamento do consumo de


água e de energia; da qualidade do ar e de minimização
dos resíduos.

Seções de estudo
Seção 1 Ciclo de vida do produto e ecodesign

Seção 2 Ecoprodutos e mercados verdes

Seção 3 Certificação e rotulagem ambiental

Seção 4 Gerenciamento da água, energia, ar e resíduos

gestao_industrial_ambiental.indb 127 11/7/2011 10:54:57


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, você vai aprender que as indústrias vêm
concentrando esforços para pesquisar novas formas de minimizar
seus impactos sobre o meio ambiente.

Deste modo, a gestão ambiental passou a ser abordada de forma


estratégica nas indústrias, através da eliminação de desperdícios,
economia energética, redução de insumos, eliminação de agentes
tóxicos, controle de afluentes, entre outros aspectos.

A abordagem do ciclo de vida do produto; conceitos, como,


ecodesign, ecoprodutos e mercados verdes; certificação e rotulagem
ambiental; gerenciamento do consumo de água e de energia,
gestão da qualidade do ar e dos resíduos sólidos passaram a ser
preocupações permanentes para as indústrias e estratégias de
competitividade.

Tudo isso, é o que você vai aprender nesta unidade.

Seção 1 - Ciclo de vida do produto e ecodesign


A sociedade cada vez mais se preocupa com a exaustão dos
recursos naturais e com a degradação ambiental. Muitas
indústrias têm respondido a essas preocupações elaborando
produtos e utilizando processos cada vez mais ecológicos.

O desempenho ambiental dos produtos e processos tem se


tornado uma questão-chave para o sucesso. Por essa razão, de
uma forma crescente, as indústrias vêm concentrando esforços
para pesquisar novas formas de minimizar os impactos sobre o
meio ambiente.

O gerenciamento de resíduos e o desenvolvimento de produtos


apresentam uma mudança de abordagem, sendo que de um lado,
apresenta-se a visão tradicional, e de outro a abordagem ideal.

Na visão tradicional, os projetos eram desenvolvidos sem


a preocupação de seu destino final. Já na visão ideal o
desenvolvimento desses projetos inclui as questões de uso
eficiente e minimização de recursos e o destino final dos
produtos.

128

gestao_industrial_ambiental.indb 128 11/7/2011 10:54:57


Gestão Industrial Ambiental

Assim, as fases do ciclo de vida de um produto, na visão


tradicional das indústrias, normalmente consideradas nos
sistemas de qualidade passam a ser revistas com a inserção das
questões ambientais em todas as suas atividades.

Isso aumentou a importância do uso de metodologias,


preocupadas cada vez mais com o desenvolvimento sustentável.

A partir da institucionalização da ISO 14.000, foi estabelecida


uma visão sistêmica aos sistemas de gestão ambiental (SGA),
utilizando-se uma série de procedimentos e conceitos de
integração entre os ambientes internos e externos ao ambiente
produtivo.

Deste modo, a gestão ambiental passou a ser abordada de forma


estratégica, levando as indústrias à eliminação de desperdícios,
economia energética, redução de insumos, eliminação de agentes
tóxicos e controle de afluentes.

Destaca-se a partir desses fatores, a importância da análise do


ciclo de vida do produto, que analisa desde o nascimento do
produto, ou seja, desde a extração de matérias-primas até a sua
destinação final, tanto na forma de coprodutos como de rejeitos, e
as consequências ao meio ambiente que sua vida acarreta.

A abordagem do ciclo de vida de um produto consiste em


considerar o conjunto de etapas necessárias para realizar as
fases que dizem respeito à elaboração, ao uso e à eliminação do
produto.

A abordagem do ciclo de vida de um produto consiste


em considerar o conjunto de etapas necessárias para
realizar as fases que dizem respeito à elaboração, ao
uso e à eliminação do produto.

Assim, essa análise inicia na extração e fabricação das matérias-


primas que entram na composição do produto e vai até o fim da
vida do produto e os diferentes procedimentos necessários a sua
eliminação.

Unidade 4 129

gestao_industrial_ambiental.indb 129 11/7/2011 10:54:57


Universidade do Sul de Santa Catarina

O ciclo de vida de um produto é geralmente segmentado em


cinco fases distintas, conforme Dias (2007):

„„ Fase de extração e de fabricação das matérias-primas,


que compreende as etapas de extração e tratamento das
matérias-primas e fabricação de materiais e de produtos
intermediários;
„„ Fabricação do produto, que abrange todos os
procedimentos de fabricação de peças e componentes
do produto e inclui os diferentes fornecedores que
contribuem na fabricação do produto;
„„ Utilização do produto pelo cliente, que engloba o
consumo de energia para usar o produto, a manutenção,
a reparação, a utilização de produtos consumidos
necessários para o bom funcionamento do produto;
„„ Fim de vida do produto, que consiste nos meios
de eliminação do produto utilizado, podendo ser,
reciclagem, incineração ou descarga;
„„ Fase de transporte, que compreende o conjunto de meios
de transporte necessários para realizar o ciclo de vida
completo do produto, como, transporte das matérias-
primas, abastecimento pelos fornecedores, envio aos
clientes e coleta dos produtos em fim de vida.
Conforme Romm (1996 apud Ferreira, 2008), a análise do
ciclo de vida está no centro de uma abordagem sistêmica, com a
finalidade de tornar uma indústria ecologicamente correta. Isto
se dá por meio da eficiência energética e otimização das matérias-
primas utilizadas, ao longo da vida útil do produto.

A avaliação do ciclo de vida auxilia na tomada de decisões de


caráter estratégico, proporciona ganhos no controle dos processos,
otimiza processos produtivos e auxilia na escolha de matéria-
prima adequada, segundo Bandeira (2003 apud FERREIRA,
2008).

Porém, a avaliação do ciclo de vida pode se tornar mais complexa


ao ser utilizada para analisar produtos com elevado número
de componentes e variáveis, como por exemplo, automóveis e
aeronaves (DUARTE, 1997; GUNGOR e GUPTA, 1998 apud
FERREIRA, 2008).

130

gestao_industrial_ambiental.indb 130 11/7/2011 10:54:57


Gestão Industrial Ambiental

Desta forma, o produto, quer na forma de objeto ou de serviço, é


o resultado de um conjunto de processos, incluindo os processos
envolvidos na utilização do produto que o faz existir. Por isso,
o momento de concepção do produto é importante, porque
exerce influência direta sobre os processos produtivos. Além
disso, os produtos têm responsabilidade em termos de impactos
ambientais.

Sendo assim, a análise do ciclo de vida é uma ferramenta


essencial para a implementação dos conceitos do ecodesign, pois
permite a avaliação de um produto considerando os impactos
ambientais desde a extração de matéria-prima até o final da vida
útil deste produto.

O conceito do ecodesign leva a indústria a incorporar as variáveis


ambientais em todas as fases do processo produtivo e incluir a
atuação no processo de pós-venda e descarte do produto pelo
consumidor.

Ao incorporar componente ambiental na fabricação dos produtos,


serviços e processos, as indústrias demonstram preocupações
no sentido de minimizar os impactos ambientais totais gerados
ao longo de todo o seu ciclo de vida, além das preocupações
tradicionais.

Segundo a definição oficial do International Council


of Societies of Industrial Design (ICSID) (2000 apud
FERREIRA, 2008), o design é uma atividade voltada para
o desenvolvimento de produtos seriados com função
utilitária e valorizados na medida em que apresenta
soluções originais, qualidade estética e resolvem a
função a que são destinados.

Desse modo, o conceito de design tradicional é orientado no


sentido de facilitar a fabricação do produto e da satisfação das
necessidades dos consumidores com o menor custo.

O ecodesign procura identificar as implicações ecológicas das


características do produto e do processo produtivo, visando
prevenir a contaminação e buscando a recuperação através da
reutilização e/ou reciclagem ao final de seu ciclo de vida.

Unidade 4 131

gestao_industrial_ambiental.indb 131 11/7/2011 10:54:57


Universidade do Sul de Santa Catarina

Do ponto de vista da prevenção à contaminação, podem-se obter


resultados positivos modificando tanto o processo produtivo,
como os atributos do produto. A fabricação de um produto
ecológico deve ser realizada causando um mínimo de impacto
ambiental.

Por isso o ecodesign se orienta no sentido de avaliar a utilização da


matéria-prima e da energia requeridas no processo e, por outro
lado, avaliar a contaminação e os resíduos que serão gerados
durante a fabricação.

Em relação à recuperação no final do ciclo de vida do produto,


parte-se do pressuposto de que a geração de resíduos é inevitável
em todo o processo produtivo, em que pesem os esforços para se
evitar a contaminação.

Com base nessa constatação, busca-se uma forma de agregar


valor ao produto no final de seu ciclo de vida útil. Do ponto de
vista ecológico, deve-se procurar obter a situação ideal de que seu
ciclo de vida seja o mais circular possível, ou seja, que os resíduos
sejam incorporados de novo ao processo produtivo como matéria-
prima.

Assim sendo, o conceito de ecodesign também deve


incluir os conceitos de desenvolvimento sustentável e
redução de resíduos e emissões, além da abordagem
do ciclo de vida.

O desenvolvimento sustentável visa atender as necessidades atuais


sem impedir as gerações futuras de atenderem suas necessidades.
Assim, o desenvolvimento sustentável tem uma visão mais ampla

132

gestao_industrial_ambiental.indb 132 11/7/2011 10:54:58


Gestão Industrial Ambiental

do meio ambiente, incluindo também, fatores políticos e sociais


que interferem na qualidade de vida e na preservação do meio
ambiente.

São exemplos destes fatores: crescimento populacional,


necessidade de aumentar a produção de alimentos, dívidas dos
países de terceiro mundo, pobreza e estagnação dos recursos
naturais, de acordo com Brezet e Van Hemel (1996 apud
FERREIRA, 2008).

O principal objetivo do ecodesign é a criação de produtos


ecoeficientes, sem comprometer seus custos, qualidade e
restrições de tempo para a fabricação.

Desta maneira, para serem alcançados os objetivos das indústrias,


com relação aos compromissos ambientais assumidos, é
necessário que sejam adotadas algumas práticas durante o projeto
de um produto, segundo Venke (2002 apud FERREIRA, 2008).

O gerenciamento ambiental deve gerar mudanças nos processos


e nos produtos, sendo assim, as funções que afetam a qualidade
devem ser vistas e repensadas para reduzir os impactos
ambientais. Isso faz parte do processo de busca pela melhoria
contínua. (BELLO, 1998 apud FERREIRA, 2008).

A utilização de matérias-primas e processos que causem menor


impacto ambiental são variáveis importantes para o ecodesign.
Além disso, a questão ecológica reflete diretamente nos custos,
uma vez que considera o tempo gasto nas operações, material
utilizado e redução de energia de produção.

Outro ponto importante a destacar são as pressões do mercado,


representadas por consumidores que preferem produtos fabricados
por processos e produtos ambientalmente adequados. No entanto,
o ecodesign deve ser encarado como uma oportunidade que leve a
adoção de atitudes pró-ativas em relação ao mercado.

Desta forma, o conceito de ecodesign acabará por estimular o


senso de responsabilidade social da indústria, fazendo com que
aconteça a busca por um melhor nível de qualidade e redução dos
custos dos produtos, refletindo inclusive na melhoria da imagem
da indústria perante a opinião pública.

Unidade 4 133

gestao_industrial_ambiental.indb 133 11/7/2011 10:54:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 2 - Ecoprodutos e mercados verdes


A necessidade de um bom relacionamento entre a indústria e seu
ambiente externo está forçando as organizações a se adequar às
novas exigências legais, sociais e mercadológicas.

A conscientização dos problemas ambientais que a poluição


crescente vem trazendo tem feito com que as pessoas fiquem mais
exigentes, quanto a qualidade dos produtos que adquire. Cresce o
número de consumidores que exigem regras ambientais corretas
na produção, nos serviços e nos processos.

Por isso, as indústrias estão sendo forçadas a mudar os objetivos e


as estratégias, para buscar o aprimoramento de produtos, serviços
e processos, adaptando-os a nova realidade do mercado global e
ecologicamente correto, para atender o mercado consumidor.

O ato de consumo está diretamente relacionado aos bens e


serviços que atendem às motivações e necessidades das pessoas.
Por isso, o produto é desenvolvido para satisfazer as expectativas
dos consumidores e pode ser caracterizado como aquilo que pode
ser oferecido a um mercado para sua apreciação, aquisição, uso ou
consumo.

Os produtos que são levados ao mercado incluem


bens físicos, como, livros, computadores e televisores;
serviços, como, corte de cabelo e fornecimento de
energia elétrica; pessoas, como, Antônio Fagundes e
Rita Lee; locais, como, Porto Seguro e Copacabana;
organizações, como, Associação dos Pais e Amigos
dos Excepcionais; ideias, como planejamento familiar
e segurança na direção de automóveis, segundo Dias
(2007).

Para muitos desses produtos, pode-se agregar o adjetivo


ecológico, quando cumprir as mesmas funções dos produtos
equivalentes, mas causar um prejuízo menor ao meio ambiente ao
longo de todo o ciclo de vida, incluindo as matérias primas que
o compõem, os processos produtivos envolvidos, sua utilização
pelos consumidores, os resíduos gerados por sua distribuição e a
reutilização ou eliminação.

134

gestao_industrial_ambiental.indb 134 11/7/2011 10:54:58


Gestão Industrial Ambiental

O produto ecológico ou produto verde ou ecoproduto é, portanto,


aquele que desempenha a mesma função do produto equivalente,
porém causa um dano inferior ao meio ambiente, durante todo o seu
ciclo de vida.

Produto ecológico é todo artigo que, artesanal, manufaturado ou


industrializado, de uso pessoal, alimentar, residencial, comercial,
agrícola e industrial, seja não poluente, não tóxico, notadamente
benéfico ao meio ambiente e à saúde, contribuindo para o
desenvolvimento de um modelo econômico e social sustentável.

Deve-se analisar, em relação às características do produto, se sua


composição é reciclável e se agride ou não o meio ambiente, como
também, em relação à embalagem, se o material pode ser reciclado.
O dano ao meio ambiente é um cálculo que envolve a análise do
ciclo de vida do produto.

Existem muitos produtos no mercado que podem ser caracterizados


como ecológicos, tais como, segundo Dias (2007, p. 119):

ƒƒ produtos feitos de bens reciclados;


ƒƒ produtos que podem ser reciclados ou reutilizados;
ƒƒ produtos eficientes, que economizam água, energia ou
gasolina, economizam investimento e reduzem o impacto
ambiental;
ƒƒ produtos com embalagens ambientalmente responsáveis;
ƒƒ produtos orgânicos, aqueles produzidos sem a utilização de
agrotóxicos, sem desperdício de energia e que preservam o
meio ambiente;
ƒƒ serviços que alugam ou emprestam produtos;
ƒƒ produtos certificados, que atingem ou excedem critérios
ambientalmente responsáveis.

Unidade 4 135

gestao_industrial_ambiental.indb 135 11/7/2011 10:54:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

O desenvolvimento de produtos ecológicos apresenta algumas


diferenças em relação aos produtos habituais, o que, segundo
Dias (2007) implica em deixar de usar produtos, serviços e
processos prejudiciais ao meio ambiente.

Nesse sentido, por exemplo, a gestão de produtos não deve


se preocupar apenas com a função técnica e comercial das
embalagens e vasilhames, mas também, com a função ambiental.

A função técnica das embalagens e vasilhames consiste na


proteção, conservação, transporte e armazenamento do produto;
enquanto que a função comercial compreende a informação e a
publicidade.

A função ambiental impõe que as funções técnicas e comerciais


causem o menor impacto possível ao meio ambiente e inclui
as informações ao consumidor sobre a qualidade ambiental do
produto.

Assim, muitos produtos deverão sofrer alterações na forma em


que foram concebidos, podendo ser necessárias, adaptações,
substituições ou eliminações, sob ameaça de serem superados pela
concorrência ou proibidos por lei.

Os atributos ecológicos do produto constituem a soma dos


atributos específicos do produto, como, duração, facilidade de
reciclagem, com os atributos específicos do processo de produção,
como, consumo de energia e água, geração de resíduos.

As decisões a serem tomadas sobre o produto devem ser


direcionadas a projetar um bem ou serviço de forma tal que haja
uma redução do consumo dos recursos empregados e da geração
de resíduos ao longo de todo o ciclo de vida.

As ações que poderão ser realizadas para disponibilizar o produto


ecológico, segundo Dias (2007) envolvem criação, melhoria ou
eliminação de produtos:

„„ criação de novos produtos, que poderão ser direcionados


a novos mercados;
„„ melhoria dos produtos existentes, através da modificação
dos produtos, tornando-os menos prejudiciais ao meio
ambiente;

136

gestao_industrial_ambiental.indb 136 11/7/2011 10:54:58


Gestão Industrial Ambiental

„„ eliminação dos produtos, nos casos, em que em curto


prazo, não sejam mais rentáveis, em função das
exigências ecológicas, por parte dos consumidores,
organizações e órgãos governamentais.
Cada vez mais, consumidores no mundo todo procuram os
produtos ecológicos. Esses consumidores potenciais constituem o
mercado verde.

O mercado consiste em todos os consumidores potenciais


que compartilham de uma necessidade ou desejo específico,
dispostos e habilitados para fazer uma troca que satisfaça essas
expectativas.

O mercado verde é aquele cujos consumidores procuram


produtos ecológicos, constituindo-se num dos mercados de
maior potencial neste século. Entretanto, esse é um mercado
ainda pouco explorado no Brasil e América do Sul, embora já
seja uma realidade na União Europeia e Oceania, onde a força
e consciência ambiental dos consumidores já fazem parte da
cidadania daqueles povos.

No Brasil, quando se fala em produto ecológico, quase sempre


vem à mente a ideia de artefatos elaborados artesanalmente
com matérias-primas naturais ou, em âmbito industrial, de
equipamentos e sistemas para controle de emissão de poluentes,
tratamento de efluentes e resíduos industriais.

Conheça na sequência alguns produtos para os mercados verdes,


conforme Dias (2007).

Alimentos ecológicos e os produtos naturais


Café e açúcar que são produzidos sem a utilização de agrotóxicos
e sob condições controladas por certificação são considerados
produtos ecológicos.

Além dos alimentos orgânicos, também são produtos ecológicos,


roupas de algodão orgânico, de juta (fibra vegetal) e couro vegetal
(emborrachado de látex imitando o couro); cosméticos não
testados em animais; produtos de limpeza biológicos, inseticidas
biológicos, roupas de PET reciclado, adesivos à base de óleos

Unidade 4 137

gestao_industrial_ambiental.indb 137 11/7/2011 10:54:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

vegetais, tintas à base de silicato de potássio ou caseína de leite,


plásticos biodegradáveis, chapas de plástico reciclado, telhas
recicladas, combustível vegetal, biodiesel, biogás, tijolos de solo-
cimento e muito outros, que podem ser incorporados ao cotidiano
de qualquer cidadão.

Produtos resultantes do uso sustentável da biodiversidade


Neste grupo, se enquadram como produtos ecológicos, os
produtos florestais, como as plantas medicinais, ervas, pigmentos,
tintas naturais, resinas e madeira; e os produtos não florestais,
como, mel, palmito, azeites naturais.

Projetos de infraestrutura sustentável


Este grupo de projetos abrange os setores de energia, água e
saneamento básico, recolhimento e tratamento de resíduos sólidos
e transporte.

O segmento da construção civil conta com grande potencial,


sendo capaz de absorver inúmeras inovações e resíduos
disponíveis na forma de novos materiais.

Também o segmento de saneamento, uma vez que a carência


no tratamento de água e esgoto poderia ser resolvida pelo setor
privado através do fornecimento de miniestações de tratamento,
que permitiriam que a água fosse reutilizada no próprio local.

Mercados de tecnologias limpas e de serviços ambientais ou


ecológicos
Incluem os mercados de combustível verde, como o biodiesel,
e os mercados de reciclagem, como também os segmentos
de mecanismos de Produção Mais Limpa, o segmento de
ecoturismo, educação ambiental e atividades de consultoria e
assessoria ambiental.

138

gestao_industrial_ambiental.indb 138 11/7/2011 10:54:58


Gestão Industrial Ambiental

Como exemplos, destacam-se: o uso de matérias-primas naturais


renováveis, obtidas de maneira sustentável ou por biotecnologia
não transgênica, bem como a reciclagem de matérias-primas
sintéticas por processos tecnológicos limpos, sem a emissão de
poluentes e sem o uso de insumos agressivos.

Também são exemplos desse grupo de produtos: equipamentos


energeticamente eficientes, não poluentes, que utilizem
tecnologias limpas ou renováveis, como sistemas de energia
eólica, solar, para conversão de biomassa em energia e
microusinas, também são sustentáveis, uma vez que são capazes
de atender a demanda por energia, sem esgotar os recursos
naturais ou alterar drasticamente a geografia dos ecossistemas.

Produtos de componente ecológico


Abrangem os produtos que competem no mercado com produtos
semelhantes e que se diferenciam por incluir componente
ambiental, tanto no produto quanto no processo produtivo.

O produto ecológico é capaz de despertar a consciência ecossocial


da comunidade e educar ambientalmente quem o produz e quem
o consome.

O Brasil é o país mais rico do mundo em matérias-primas


naturais renováveis, mais de 20% da biodiversidade mundial, tem
um lixo abundante e ainda pouco aproveitado, cerca de 250 mil
toneladas/dia, além de milhões de toneladas de resíduos agrícolas
e industriais sem qualquer uso.

O Brasil reúne todas as condições para ser um verdadeiro celeiro


de ecoprodutos e materiais reciclados, gerando emprego e levando
cidadania a milhões de pessoas, tornando-se um modelo de
sustentabilidade para outras nações.

Com incentivos e política adequada, esses produtos poderiam


ser exportados para os mercados europeu e australiano, tais
como acontece com ecoprodutos alimentícios, como a soja e açaí
orgânicos. Assim, com uma política específica, o Brasil poderia

Unidade 4 139

gestao_industrial_ambiental.indb 139 11/7/2011 10:54:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

tornar-se um pólo de ecoprodutos, exportando bens de consumo,


gerando divisas e retirando milhões de toneladas de resíduos que
contaminam o meio ambiente.

O próprio mercado interno brasileiro dispõe de consideráveis


nichos de consumo e poder aquisitivo para ecoprodutos, como
nas áreas de energia elétrica, com o uso de fontes geradoras de
energia limpa, como a solar e eólica.

Na União Europeia, os parâmetros para classificação de um


produto considerado ecológico são amplamente conhecidos, mas,
no Brasil, o tema ainda é pouco conhecido, segundo Araújo
(2009) em função de alguns fatores relacionados à legislação,
certificação, imagem do produto e divulgação do mercado verde.

Inexistência de legislação para o setor


A ausência de normalização e/ou legislação para o setor de
ecoprodutos prejudica a divulgação desse mercado, uma vez que
permite que a desconfiança se instale entre os consumidores, os
quais não têm qualquer referência de confiabilidade.

Além disso, inibe empresários e investidores de migrar de um


produto convencional para um ecológico, como também, não
estimula a competitividade, sendo que, na maioria dos casos, o
custo do produto é superior aos similares tradicionais.

Poucos segmentos com certificação


Na Europa, há mais de oito selos ecológicos no continente,
sendo que o mais antigo e de maior credibilidade é o Anjo Azul
alemão.

No Brasil, há apenas dois segmentos que contam com


certificação, ambos para produtos de origem vegetal: um é o da
agricultura orgânica, cuja instituição mais renomada é o Instituto
Biodinâmico (IDB), que certifica produtos orgânicos nas áreas
agrícola e pecuária; e o outro é o madeireiro, certificado através

140

gestao_industrial_ambiental.indb 140 11/7/2011 10:54:58


Gestão Industrial Ambiental

do Conselho de Manejo Florestal (FSC – Forest Stewardship


Council), que certifica florestas plantadas com plano de manejo
sustentável.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) está


desenvolvendo um selo ecológico nacional.

O selo ecológico passou a ser um incentivo e estímulo a um


compromisso ambiental dos fabricantes, como também motivou
o consumidor a ter uma postura mais consciente da problemática
em questão, passando a selecionar produtos menos danosos.

Certificação equivocada
Considerar indústrias certificadas pelas normas ISO 14001 como
sendo fabricantes de produtos ecológicos ou como sendo elas
mesmas “ecológicas” por deterem essa certificação é um equívoco
que gera confusão no mercado.

Na verdade, as normas ambientais vigentes não garantem que


uma indústria não seja poluidora, mas sim que a mesma busca
soluções para seus resíduos e documenta todas as ações que
possam interferir com o meio ambiente.

Imagem do produto ecológico associada a artesanato


Para grande parte dos consumidores, a imagem do produto
ecológico ainda está associada a artesanato com matérias-primas
naturais, quase sempre com custo elevado e produção escassa.
Por isso é necessário mostrar as vantagens dos ecoprodutos, como
preço, qualidade, durabilidade e constância na fabricação do
produto.

Unidade 4 141

gestao_industrial_ambiental.indb 141 11/7/2011 10:54:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

Ausência de marketing adequado para o produto ecológico


As próprias indústrias que fabricam produtos ecológicos e
reciclados ainda não realizam um marketing adequado a partir
desse diferencial. No entanto já há centenas desses produtos
espalhados pelo mercado, sem que seu valor seja devidamente
reconhecido.

Por todas essas razões, as indústrias buscam formas para


diminuir o impacto ambiental causado pelos seus produtos,
serviços e processos, como também, maneiras para informar o
mercado consumidor sobre suas preocupações com as questões
ambientais.

São consideradas indústrias verdes aquelas que têm


suas atividades especializadas e direcionadas à criação
e desenvolvimento de processos programas, serviços e
equipamentos voltados para as questões ambientais, que visam
diminuir ou eliminar a poluição.

Neste sentido, a certificação e a rotulagem ambiental têm


contribuído para o alcance desses objetivos.

Seção 3 - Certificação e rotulagem ambiental


A certificação é uma atividade formal destinada a atestar que
uma indústria, parte dela, ou seus produtos e serviços estão em
conformidade com determinada norma.

O rótulo é a forma mais direta de comunicação da organização


com o consumidor de seu produto ou serviço. Desta forma, a
rotulagem complementa a publicidade da indústria, além de
conter dados obrigatórios por força de lei e regulamentos.

O consumidor é mais bem informado, conhece os seus direitos,


valoriza o seu dinheiro e procura qualidade para o produto e
preço adequado; relaciona o produto com o meio ambiente,
tentando entender quais os impactos ou modificações aquele

142

gestao_industrial_ambiental.indb 142 11/7/2011 10:54:58


Gestão Industrial Ambiental

produto introduz no meio ambiente; e avalia e considera se


a indústria apenas cumpre a legislação ambiental ou se tem
preocupações com o ciclo de vida do produto.

Como a comunicação final com o consumidor é feita pelo rótulo,


muitas indústrias passaram a realçar as vantagens ambientais do
produto no rótulo, nascendo os rótulos ambientais.

Os rótulos ambientais visam informar os consumidores


sobre as características benéficas ao meio ambiente
presentes em produtos ou serviços específicos, como,
por exemplo, biodegradabilidade, retornabilidade, uso
de material reciclado ou eficiência energética, segundo
Barbieri (2007).

Para que um produto receba o rótulo ambiental, todos os


processos produtivos devem ser ambientalmente adequados.
A indústria deve planejar o produto em todo seu ciclo de vida.
Essas medidas afetam não apenas a indústria, mas também seus
fornecedores e consumidores, e todos os elos da cadeia produtiva.

A certificação pode ser utilizada de forma estratégica pelas


organizações, pois contribui para a inserção da marca em novos
nichos de mercado, como também, permite atender as demandas
de mercados que adotam critérios de exigência em relação às
questões ambientais.

As certificações e rotulagens ambientais são conferidas por


organizações independentes, externas, que asseguram a qualidade
ambiental do produto e dos processos produtivos a ele associados.

Embora existam vários tipos de rótulos ambientais adaptados


a cada setor produtivo, alguns princípios são comuns a todos,
segundo Dias (2007):

„„ devem ser verificáveis a qualquer momento, para se evitar


fraude;
„„ são concedidos por organizações independentes e de
idoneidade reconhecida;
„„ não criam barreiras comerciais;

Unidade 4 143

gestao_industrial_ambiental.indb 143 11/7/2011 10:54:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ devem recorrer à ciência como método de verificação das


condições ecológicas;
„„ consideram o ciclo de vida completo do produto ou
serviço;
„„ estimulam a melhoria do produto ou serviço.
O rótulo ambiental não especifica uma exigência ou padrão
mínimo para um produto, mas tenta premiar com liderança
ambiental os produtos que não prejudiquem o meio ambiente.
Por isso é voluntário, sendo que a preferência do consumidor
e os mecanismos de mercados são usados para incentivar a
disponibilização de produtos que tenham um menor impacto
ambiental.

A  ISO lançou a série 14000, que visa implementar a qualidade


ambiental nos produtos e serviços e diminuir o impacto negativo
ao ambiente na produção, comercialização e utilização dos
produtos, fornecendo subsídios para a certificação de produtos
corretamente ambientais, os quais poderão ser reconhecidos pelo
sistema de rotulagem ambiental.

A norma técnica NBR ISO 14020 define os critérios a serem


adotados nos rótulos ambientais, e constitui um conjunto
de critérios estabelecidos pela Organização Internacional de
Normalização (ISO) para avaliar os esquemas de rotulagem
ambiental.

De acordo com a classificação da ISO, existem três tipos


voluntários de esquemas de rótulos ambientais, segundo Dias
(2007): Tipo I – Rótulos ambientais certificados; Tipo II –
Autodeclarações; Tipo III – Declarações ambientais do produto.

Tipo I – Rótulos ambientais certificados: NBR ISO 14024


Esta norma define os princípios e procedimentos para o
desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental,
incluindo a seleção de categorias, critérios ambientais e

144

gestao_industrial_ambiental.indb 144 11/7/2011 10:54:58


Gestão Industrial Ambiental

características funcionais dos produtos, e para avaliar e


demonstrar sua conformidade. Também prevê os procedimentos
para a concessão do rótulo.

De acordo com a norma, os rótulos ambientais certificados


do Tipo I são programas voluntários que concedem rótulos,
refletindo uma preferência ambiental global de um produto
dentro de uma categoria particular, baseados em considerações do
ciclo de vida.

Os critérios são estabelecidos por uma parte independente, e sua


credibilidade e transparência são asseguradas por certificação de
uma terceira parte envolvida no processo.

Alguns rótulos ambientais do Tipo I são chamados de selos


verdes. Estes selos foram criados por entidades que fizeram uma
avaliação do produto, considerando o ciclo de vida em todas
as suas fases, desde a extração da matéria-prima até as fases de
produção, uso e descarte final.

O primeiro selo verde foi criado


na Holanda, em 1972, porém foi o
selo alemão Blauer Angel, ou Anjo
Azul, de 1978, quem realmente
projetou esse tipo de atividade.

O quadro 4.1 apresenta alguns


selos ambientais do Tipo I,
conforme Dias (2007, p. 129).

A Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) criou
um rótulo ambiental chamado de
Certificado do Rótulo Ecológico
ABNT – Qualidade Ambiental,
cujo símbolo é um colibri.
Este certificado atesta que um
produto está em conformidade
com critérios ambientais de
excelência estabelecidos para uma
determinada categoria de produtos. Quadro 4.1 - Selos ambientais do Tipo I.
Fonte: Dias (2007, p. 129).

Unidade 4 145

gestao_industrial_ambiental.indb 145 11/7/2011 10:54:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

Tipo II – Autodeclarações: NBR ISO 14021


Esta norma especifica os requisitos para autodeclarações ambientais,
incluindo textos, símbolos e gráficos, no que se refere aos produtos.
Além disso, descreve termos selecionados, usados em declarações
ambientais, fornece qualificações para seu uso e apresenta uma
metodologia de avaliação e verificação geral para autodeclarações
ambientais e para as declarações selecionadas dessa norma.

As autodeclarações do Tipo II são feitas pelos produtores,


importadores ou distribuidores, de modo a comunicar informação
sobre aspectos ambientais dos seus produtos e serviços. Geralmente,
esses produtos exibem declarações ambientais, tais como: amigo do
ambiente, livre de CFC, reciclado.

As declarações do Tipo II não são certificadas por uma terceira


parte independente, não são predeterminadas, nem os critérios
usados correspondem àqueles que são geralmente utilizados.
Desta forma, a exatidão, a credibilidade e a confiabilidade dessas
autodeclarações são questionáveis em relação às declarações
ambientais do Tipo I e III.

Entretanto as autodeclarações dos produtos têm uma vantagem


sobre as do Tipo I e III, pois são mais econômicas, uma vez que não
envolvem custos de certificação ou validação. Têm sido utilizadas
pelas organizações que desejam melhorar o desempenho ambiental
de seus produtos e serviços, para atrair consumidores e fortalecer a
marca.

O quadro 4.2 apresenta alguns selos utilizados em autodeclarações


no Brasil, segundo Dias (2007, p. 130).

Quadro 4.2 - Selos ambientais do Tipo II.


Fonte: Dias (2007, p. 130).
146

gestao_industrial_ambiental.indb 146 11/7/2011 10:54:59


Gestão Industrial Ambiental

Tipo III – Declarações ambientais do produto: NBR ISO 14025


Esta norma está em fase final de elaboração e deve especificar os
requisitos para a certificação e rotulagem com vista à avaliação do
ciclo de vida do produto.

Os rótulos do Tipo III trazem informações sobre dados ambientais


de produtos, quantificados de acordo com um conjunto de critérios
previamente selecionados e baseados na avaliação do ciclo de vida.

São rótulos concedidos e licenciados por entidades de terceira


parte. A sua concessão não está baseada no alcance ou superação
dos critérios, mas os atributos ambientais do produto ou serviço
concernentes a esses critérios devem ser comunicados de forma
tal que facilitem ao consumidor compará-los com outros produtos
similares.

O selo norte americano Energy Star e o brasileiro Procel são


exemplos desse tipo de rótulo.

Sendo assim, as certificações e rotulagens ambientais estão se


constituindo cada vez mais em garantia de que os atributos
ambientais declarados sejam reais.

Seção 4 - Gerenciamento da água, energia, ar e resíduos


A água, o ar e a energia têm sido objetos de preocupação e
discussão nos últimos anos, tendo em vista a necessidade de se
reduzir o consumo de água e de energia, como também, de se
conhecer o que está sendo jogado na atmosfera e onde estão sendo
colocados os resíduos.

Neste sentido, cabe ressaltar a importância da gestão do consumo


da água e da energia, bem como da qualidade do ar, além das
formas de tratamento e disposição final dos resíduos ao longo de
toda a cadeia produtiva.

Unidade 4 147

gestao_industrial_ambiental.indb 147 11/7/2011 10:54:59


Universidade do Sul de Santa Catarina

Em relação ao consumo e poluição das águas, na atividade


industrial os maiores usuários de água são as usinas de açúcar e
álcool, bem como as indústrias químicas, as indústrias de papel e
celulose, metalúrgica, indústrias de alimentos e bebidas, indústria
têxtil, cervejarias e abatedouros.

As indústrias devem buscar soluções que conduzam ao


uso racional da água, que pode ser alcançado através
de medidas específicas, tais como, a identificação de
vazamentos e reaproveitamentos.

Neste sentido, muitas organizações estão procurando modificar


processos e fazer um uso mais racional da água, através de reuso,
situação em que a água que sai de um determinado processo é
usada em outro, sem nenhum tratamento; ou reciclagem, quando
a água que resulta de um processo industrial é tratada para ser
reaproveitada em outro ou no mesmo processo.

A água utilizada em algumas etapas do processo produtivo


pode, quase sempre, ser empregada para outros fins, antes de
ser descartada. Por exemplo, segundo Moura (2004), em uma
organização farmacêutica, a água usada para lavagens de frascos
novos (antes da embalagem de remédios) pode ser usada, depois,
para a lavagem de pisos, descargas de sanitários ou para molhar o
gramado.

Além de diminuir o consumo da água, as indústrias também


devem adotar medidas para reduzir a poluição das águas,
provocada, principalmente, pelo despejo de matéria-orgânica
através de esgotos domésticos ou resultados de processos
industriais em laticínios, abatedouros de suínos e de frangos.

Os sistemas de tratamento mais conhecidos envolvem processos


físicos, como a remoção de sólidos grosseiros através de grades
e peneiras; processos químicos, como oxidação e precipitação
química; ou processos biológicos, como filtros biológicos,
segundo Moura (2004).

148

gestao_industrial_ambiental.indb 148 11/7/2011 10:54:59


Gestão Industrial Ambiental

Em relação ao consumo de energia, no Brasil, mais da metade


da energia elétrica produzida é utilizada pelas indústrias e, dentro
da indústria, a maior parte é utilizada para acionar motores
elétricos.

Desta forma, as indústrias devem adotar planos específicos de


uso racional de energia ou de economia de energia, o que não
significa manter ambientes mal-iluminados, deixar de usar
refrigeração ou aquecimento.

Esses planos têm por objetivo modificar processos para evitar


desperdícios, realizar ajustes de máquinas para melhorar a sua
eficiência energética, melhorar os processos arquitetônicos para
utilizar iluminação natural, por exemplo, de acordo com Moura
(2004).

Além disso, a substituição de lâmpadas por modelos mais


eficientes e de grande durabilidade e dos reatores de lâmpadas
fluorescentes pelos reatores eletrônicos, como também, a geração
própria de energia elétrica nos casos das grandes indústrias e o
uso de gás natural.

Em relação à qualidade do ar, as indústrias fazem emissões


gasosas, tais como gás carbônico, dióxido de enxofre e óxidos de
nitrogênio, que, em contato com a umidade do ar, formam ácido
sulfúrico e ácido nítrico.

Esses gases resultam da queima de combustíveis fósseis e são


responsáveis, em grande parte, pelo aquecimento global da Terra.

Misturados com a água da chuva, formam a chuva ácida, que


prejudica as plantas, causa a morte de peixes e provoca problemas
respiratórios às pessoas e aos animais.

As indústrias devem implantar tecnologias capazes de reduzir


as emissões gasosas, principalmente aquelas que possibilitem
melhorias no processo produtivo, uso de matérias-primas que
produzam menos resíduos gasosos e filtragem dos gases de
exaustão, antes de saírem da chaminé.

Em relação aos resíduos, o grande problema consiste em dar


destino ao lixo. Até os anos 70, aceitava-se o descarte nos
oceanos, sendo que essa prática atualmente é proibida por
convenções e tratados internacionais.

Unidade 4 149

gestao_industrial_ambiental.indb 149 11/7/2011 10:54:59


Universidade do Sul de Santa Catarina

Os resíduos gasosos produzidos pelas indústrias precisam


passar por lavadores de gases, para remover contaminantes mais
nocivos ao meio ambiente, precipitadores eletrostáticos, filtros ou
outros equipamentos, antes de serem descartados na atmosfera
através de chaminés, em condições aceitas pela legislação. Desse
processo, resultam materiais sólidos e efluentes líquidos.

Os líquidos precisam ser tratados para que atinjam a composição


química e condições de serem descartados para cursos d’água,
que também geram resíduos sólidos. As indústrias precisam
também dar destino aos resíduos sólidos.

O método tradicional de destinação dos resíduos sólidos consiste,


na maioria das vezes, na incineração ou em sua colocação em
lixões, aterros sanitários ou industriais.

Entretanto estas medidas não constituem as melhores soluções,


pois tanto os lixões quanto os aterros geram efeitos negativos à
sociedade.

Os lixões contaminam o solo e os lençóis de água no subsolo,


favorecem a proliferação de vetores de doenças, estimulam a
existência de catadores em condições subumanas, geram poluição
visual e liberação de odores.

Os aterros sanitários e industriais carecem de áreas específicas


para a sua localização, uma vez que as áreas próximas às cidades
estão escassas e supervalorizadas e, longe das cidades, aumentam
o custo de transporte e encarecem o serviço.

Por isso, o problema dos resíduos sólidos precisa ser gerenciado


de forma integrada e adequada. Neste sentido, dentre as
melhores soluções destacam-se a reciclagem, a compostagem e os
programas que visam à minimização da geração de resíduos.

Os resíduos significam desperdício. Assim sendo, as indústrias


devem avaliar a possibilidade de modificar os processos
industriais ou de substituir a matéria-prima por outra de melhor
desempenho quanto à geração de resíduos.

O tratamento e a disposição de resíduos constituem-se, de forma


geral, em atividades complexas e caras, razões para se procurar a
minimização de sua geração e redução de seus impactos sobre o
meio ambiente.

150

gestao_industrial_ambiental.indb 150 11/7/2011 10:54:59


Gestão Industrial Ambiental

A tendência moderna nas indústrias é analisar resíduos e cuidar


deles na fonte e ao longo de toda a cadeia produtiva, não somente
ao final dessa cadeia.

Os procedimentos para redução devem prever as atividades de


todos os envolvidos na organização, tais como, segundo Moura
(2004): caracterizar os resíduos gerados; modificar processos
com estímulos à introdução de novas tecnologias; promover um
controle rigoroso de qualidade das matérias-primas empregadas;
tomar precauções com o armazenamento e transporte; estudar a
quantidade mínima de matérias-primas a serem estocadas, dentre
outras.

Assim, cada produto ou cada processo possui suas peculiaridades,


devendo-se analisar cada caso.

Outra forma de minimizar os resíduos seria o seu


reaproveitamento, que está ligado à ideia de valorização, ou seja,
obter ganhos com materiais que seriam descartados. Assim,
devem ser reutilizadas embalagens industriais, tais como,
engradados de madeira, grandes caixas de papelão, bombonas
para líquidos e tambores. A reutilização reduz os volumes e
espaços utilizados dos aterros.

Além disso, a recuperação de materiais, água e energia também


visam o reprocessamento, o que consiste na extração de algumas
substâncias que têm valor mais alto, contidas nos resíduos, por
processos físicos, químicos ou biológicos.

Como exemplos, destacam-se o aproveitamento de


restos e pedaços de metais decorrentes dos processos
de corte de chapas; a recuperação da prata nos filmes
de raios X e recuperação de óleos lubrificantes. No caso
dos óleos lubrificantes, quando não houver interesse
em reciclá-los, podem ser usados como combustível,
por exemplo, em fornos de cimento.

A compostagem também é uma forma de recuperação que


consiste em proporcionar condições para que os organismos
decompositores atuem sobre a matéria orgânica, ou seja, é um
processo biológico que leva 60 dias.

Unidade 4 151

gestao_industrial_ambiental.indb 151 11/7/2011 10:54:59


Universidade do Sul de Santa Catarina

É adequada para materiais com quantidade elevada de matéria


orgânica e elevado conteúdo de nutrientes, que, após o processo,
permite que os nutrientes retornem ao solo, fechando-se o ciclo.

As indústrias processadoras de alimentos produzem resíduos,


tais como, restos de polpa de frutas, soro e sobras de laticínios, os
quais podem ser reaproveitados através da compostagem.

A reciclagem é uma forma particular do reaproveitamento


de matérias-primas, tais como, papel, plásticos, pneus e latas
de alumínio e de aço, em que é produzida nova quantidade
de materiais a partir de sobras e materiais usados, os quais
são captados no mercado, reprocessados e, novamente,
comercializados, conforme Moura (2004).

No caso do alumínio, obtém-se uma economia de energia de


aproximadamente 95%; no caso do papel, a economia é de 60%;
no caso do vidro reciclado, a economia é de 30%.

Assim sendo, para realizar o gerenciamento dos resíduos, as


indústrias precisam conhecer a qualidade e a quantidade do
lixo gerado, de modo a analisar a viabilidade de reutilização,
reciclagem, avaliação de possibilidades de incineração e
disposição em aterros, como também, avaliar o seu impacto
ambiental, em cada uma das formas de destino escolhidas.

Esta análise permite definir a composição do lixo e avaliar os


impactos ambientais que cada alternativa pode provocar. O
objetivo do gerenciamento do lixo é adicionar valor para reduzir
o seu valor negativo.

Para alcançar esse objetivo, podem ser adotados diferentes


procedimentos, dentre os quais, destacam-se, os seguintes,
segundo Moura (2004):

„„ substituir materiais descartáveis por materiais mais


duráveis ou reutilizáveis;
„„ aumentar a eficiência no uso de materiais, como papel,
vidro, plástico, metais;
„„ criar mercados locais ou regionais para os principais
produtos do lixo, como papel, vidro e metal.

152

gestao_industrial_ambiental.indb 152 11/7/2011 10:54:59


Gestão Industrial Ambiental

Algumas indústrias mantêm grande quantidade de resíduos


armazenados em tambores em sua propriedade, o que pode
representar riscos de acidentes e de contaminação do pessoal,
além de custos com o controle e a armazenagem. Assim,
é melhor que estes resíduos sejam transferidos para locais
preparados, como são os aterros, ou encaminhados para a
incineração.

Antes da disposição final dos resíduos, são recomendáveis outros


tratamentos, tais como, segundo Moura (2004):

„„ processamento físico, químico ou biológico, para torná-lo


menos perigoso;
„„ secagem e desidratação de resíduos, para reduzir o
volume dos resíduos a serem destinados a aterros, e
também os custos de transporte;
„„ incineração, realizada em incinerador licenciado por
órgão ambiental, com filtragem e tratamento dos gases
gerados.
A disposição refere-se ao destino final dos resíduos, com sua
colocação em locais adequados tais como aterros sanitários, bacias
de sedimentação, depósitos de tambores em locais especiais como
minas e poços, para conter os efeitos prejudiciais dos resíduos,
monitorando esses locais, ou optando por sua incineração.

Existem procedimentos especiais de construção de aterros


sanitários, como também, técnicas para a sua operação e controle.

Unidade 4 153

gestao_industrial_ambiental.indb 153 11/7/2011 10:54:59


Universidade do Sul de Santa Catarina

Síntese

Nesta unidade 4, você aprendeu os principais conceitos e


programas relacionados à concepção ambiental de produtos e
serviços: abordagem do ciclo de vida do produto, ecoprodutos,
ecodesign, mercados verdes, certificação e rotulagem ambiental e
as atividades específicas de gerenciamento do uso da água e da
energia, da qualidade do ar e minimização dos resíduos.

A abordagem do ciclo de vida de um produto consiste em


considerar o conjunto de etapas necessárias para realizar as
fases que dizem respeito à elaboração, ao uso e à eliminação do
produto, desde a extração e fabricação das matérias-primas até o
fim da vida do produto e os diferentes procedimentos necessários
à sua eliminação.

O ecodesign procura identificar as implicações ecológicas das


características do produto e do processo produtivo, visando
prevenir a contaminação e buscando a recuperação através da
reutilização e/ou reciclagem ao final de seu ciclo de vida.

O ecoproduto é aquele que cumpre as mesmas funções dos


produtos equivalentes, mas que causa um dano ao meio ambiente
inferior, durante todo o seu ciclo de vida.

O mercado verde é aquele cujos consumidores procuram produtos


ecológicos ou ecoprodutos, constituindo-se num dos mercados de
maior potencial neste século.

A certificação é uma atividade formal destinada a atestar que


uma indústria, parte dela, ou seus produtos e serviços estão em
conformidade com determinada norma.

Os rótulos ambientais visam informar os consumidores sobre as


características benéficas ao meio ambiente presentes em produtos
ou serviços específicos.

Para melhorar o desempenho das atividades industriais


sem agredir o meio ambiente, ressalta-se a importância do
gerenciamento do consumo da água e da energia, bem como da
qualidade do ar, além das formas de tratamento e disposição final
dos resíduos.

154

gestao_industrial_ambiental.indb 154 11/7/2011 10:54:59


Gestão Industrial Ambiental

Atividades de autoavaliação

Para praticar os conhecimentos apropriados nesta unidade, realize as


atividades propostas. Você deverá ler os enunciados e responder às
questões seguintes:
1. Quais são os objetivos da avaliação do ciclo de vida do produto e qual a
razão da sua normalização pela ISO?

2. Faça um resumo sobre os tipos de rótulos ambientais apresentados


nesta unidade.

3. Qual a relação entre ecodesign e ecoprodutos?

Unidade 4 155

gestao_industrial_ambiental.indb 155 11/7/2011 10:54:59


Universidade do Sul de Santa Catarina

4. Faça uma pesquisa sobre mercados verdes, destacando conceito, tipos


de produtos, tipos de consumidores, região geográfica.

5. Você vive num lugar onde a quantidade de energia existente excede


muito a demanda de energia pelos seus habitantes. Assim, não se
prevê nenhum problema de escassez por muitos anos. Nessa situação,
que argumentos você usaria para sustentar uma campanha contra o
desperdício de energia em uma indústria?

156

gestao_industrial_ambiental.indb 156 11/7/2011 10:54:59


Gestão Industrial Ambiental

Saiba mais
Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, você
poderá:

Pesquisar as seguintes obras:

BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial:


conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2007.

DIAS, Reinaldo. Marketing ambiental: ética, responsabilidade


social e competitividade nos negócios. São Paulo: Atlas, 2007.

Ler o artigo:

COMPETITIVIDADE DAS ORGANIZAÇÕES SOB A ÓTICA


INTERATIVA DE CADEIAS PRODUTIVAS SUSTENTÁVEIS E
ECODESIGN
1. INTRODUÇÃO
Diante do novo paradigma ambiental cunhado ainda no final
do século XX, as empresas vêm sendo instaladas de maneira
a reduzirem os impactos sobre o meio ambiente em toda
sua cadeia produtiva. A aceitação ambiental de um produto
é a marca do novo século, e questões como reciclabilidade,
menor consumo global de energia passaram a fazer parte das
estratégias das empresas e a integrar o projeto de produtos
desde o design e seleção dos materiais, ainda na fase chamada
de pré-projeto.
A expressão ecodesign é a forma sucinta desses princípios e
baseia-se em projetar ou conceber produtos de forma mais
ecológica possível. O ecodesign assegura que um produto
seja proveniente do uso mais consciente de energia, de água
e matérias-primas, reciclagem de resíduos de processos de
produção e de produtos em fim de vida. A prática de ecodesign
torna-se essencial para aquelas empresas que reconheceram
que a responsabilidade ambiental é de vital importância para o
sucesso no longo prazo, pois promove vantagem como redução
dos custos, menor geração de resíduos, gera inovações em
produtos e atrai novos consumidores.
A evolução das técnicas produtivas é perceptível, devido
principalmente à escassez dos recursos energéticos do contexto
atual. A partir da crise do petróleo, ocorrida nos anos 70, os

Unidade 4 157

gestao_industrial_ambiental.indb 157 11/7/2011 10:54:59


Universidade do Sul de Santa Catarina

processos de produção se obrigaram a tornarem-se mais


eficientes, por imposição do cenário da época. No decorrer do
tempo foram sendo realizadas outras mudanças nas práticas dos
processos, o que acabou levando a uma melhoria nos métodos
de organização, na qualidade dos produtos e serviços oferecidos,
passando então a proporcionar vantagens competitivas às
empresas.
Percebe-se, assim, que, com o atual processo de globalização,
ocorre uma demanda cada vez maior por produtos diferenciados,
com valor agregado e diversificado. Consideram-se ainda
aspectos importantes, a qualidade e custo de produção do
produto, fazendo com que as empresas percebam a importância
da figura do projetista na concepção de produtos com essas
características.
Todas essas questões, entre outras, criaram uma nova
consciência ambiental que se tornou um dos princípios
fundamentais do homem moderno. Assim, de acordo com Brezet
e Van Hemel (1996), a adoção do ecodesign significa considerar
os impactos sobre o meio ambiente em todas as decisões de
projeto, despendendo a esse assunto a mesma importância
atribuída a outros valores industriais tradicionais, tais como o
lucro, a qualidade, a estética ou a ergonomia do produto. Em
alguns casos, pode ser vantajoso que o meio ambiente supere
esses valores industriais tradicionais, uma vez que o ecodesign
também implica benefícios econômicos significativos.
Com isso, as empresas são motivadas a implementar o ecodesign
devido a estímulos internos e externos. Dentre os estímulos
externos destacam-se as pressões do governo e as pressões do
mercado. As pressões do governo manifestam-se principalmente
pela introdução de legislações ambientais cada vez mais rígidas
(OLIVEIRA, 1999). Desta maneira, cabe destacar que a obtenção
de ganhos competitivos está relacionada a constantes revisões
nos posicionamentos estratégicos das empresas, determinando
novas ações comportamentais, visando a melhoria de
desempenho em novos cenários.
Atualmente, essas ações ultrapassaram os limites produtivos
internos para se integrarem ao ambiente de negócios,
determinando, assim, novos paradigmas aos sistemas
tecnológicos. Neste novo cenário o poder competitivo de uma
empresa está associado à maneira como ela estabelece suas
ligações produtivas, seja com fornecedores ou clientes. Na
realidade, estes vínculos transformam mecanismos fabris em
sistemas integrados, onde ocorrem diversas forças, que atuarão
sobre as estruturas produtivas e formas de atuação do mercado
(CERQUEIRA, 2008).

158

gestao_industrial_ambiental.indb 158 11/7/2011 10:54:59


Gestão Industrial Ambiental

Assim, a análise de cadeias produtivas contribui para o


planejamento estratégico que as empresas devem realizar para
se manterem no mercado, pois se constitui num sistema de
interdependência, que se caracteriza pelo fluxo da produção,
acúmulo de conhecimentos e valores em diversos níveis, levando
em consideração a oferta e a demanda.
Com isso, o surgimento do conceito de desenvolvimento
sustentável, que se tornou rapidamente uma unanimidade em
todos os segmentos da sociedade, ocasionou o aprofundamento
da discussão sobre seu real significado teórico e prático. Diante
deste contexto, esta pesquisa tem o objetivo de esclarecer
como o desenvolvimento sustentável pode ser definido e
operacionalizado para que seja utilizado como ferramenta para
ajustar os rumos que a sociedade vem tomando em relação a sua
interação com o meio ambiente natural.
Metodologicamente foi realizada uma abordagem descritiva
para o desenvolvimento do trabalho com uma pesquisa
bibliográfica, de caráter exploratório, que visa prover o
pesquisador de um conhecimento maior sobre o problema de
pesquisa.
Os dados foram coletados através de levantamento bibliográfico
e levantamento em pesquisas já realizadas acerca do assunto em
publicações específicas da área. As técnicas de análise dos dados
utilizados foram tratadas de forma qualitativa.

2. ECODESIGN INSERIDO NO CONTEXTO DA CADEIA


PRODUTIVA
Segundo a definição oficial do International Council of Societies of
Industrial Design (ICSID, 2000), o design é uma atividade voltada
para o desenvolvimento de produtos seriados com função
utilitária e valorizados na medida em que apresenta soluções
originais, qualidade estética e resolvem a função a que são
destinados.
No Brasil, a definição de design consta no projeto de lei Nº.
1.965, do ano de 1996, que regulamenta a profissão de projetista
no país e tem a seguinte redação: “O design é uma atividade
especializada de caráter técnico-científico, criativo e artístico,
com vistas à concepção e desenvolvimento de projetos, de
objetos e mensagens visuais que equacionem sistematicamente
dados ergonômicos, tecnológicos, econômicos, sociais, culturais
e estéticos, que atendam concretamente às necessidades
humanas”.

Unidade 4 159

gestao_industrial_ambiental.indb 159 11/7/2011 10:55:00


Universidade do Sul de Santa Catarina

Esses conceitos mencionados servem como uma breve


abordagem inicial para um melhor entendimento e
compreensão do conceito de ecodesign, que pode ser mais bem
entendido a partir da discussão de três outros conceitos chaves: o
desenvolvimento sustentável, a redução de resíduos e emissões
e a abordagem do ciclo de vida.
O princípio básico do desenvolvimento sustentável é o de
atender as necessidades atuais sem impedir as gerações futuras
de atenderem suas necessidades. Assim, o desenvolvimento
sustentável tem uma visão mais ampla do meio ambiente,
incluindo, também, fatores políticos e sociais que interferem na
qualidade de vida e na preservação do meio ambiente.
São exemplos destes fatores: crescimento populacional,
necessidade de aumentar a produção de alimentos, dívidas dos
países de terceiro mundo, pobreza e estagnação dos recursos
naturais (BREZET e VAN HEMEL, 1996).
Entende-se, então, que o principal objetivo do ecodesign é a
criação de produtos ecoeficientes, sem comprometer seus
custos, qualidade e restrições de tempo para a fabricação. O
conceito de ecoeficiência remete a práticas ambientalmente
responsáveis, que devem ser concordantes com as políticas
estratégicas da empresa.
Desta maneira, para serem alcançados os objetivos das
empresas, com relação aos compromissos ambientais assumidos,
é necessário que sejam adotadas algumas práticas durante o
projeto de um produto (VENKE, 2002).
As práticas de ecodesign são definidas por Fiksel (1996) como
uma base para a implementação dos conceitos de ecodesign nas
empresas: recuperação de materiais e componentes, facilidade
de acesso aos componentes, projetos voltados à simplicidade,
redução de matérias-primas na fonte, sensibilidade, não
utilização de materiais contaminantes, recuperação de resíduos,
incineração de resíduos, redução do uso de energia na produção,
dispositivos de redução do consumo de energia, redução do uso
de energia de distribuição, uso de formas de energia renováveis
e produtos multifuncionais.
Também a utilização específica de materiais reciclados, de
materiais renováveis, produtos com maior durabilidade,
recuperação de embalagens, não utilização de substâncias
perigosas, utilização de substâncias à base de água, utilização de
produtos biodegradáveis e prevenção de acidentes.

160

gestao_industrial_ambiental.indb 160 11/7/2011 10:55:00


Gestão Industrial Ambiental

3. A ANÁLISE DO CICLO DE VIDA E PROJETO DE PRODUTO


A análise do ciclo de vida é uma ferramenta essencial para a
implementação dos conceitos do ecodesign, pois permite a
avaliação de um produto considerando os impactos ambientais
desde a extração de matéria-prima até o final da vida útil deste
produto.
Conforme Romm (1996), a análise do ciclo de vida está no
centro de uma abordagem sistêmica, com a finalidade de tornar
uma empresa ecologicamente correta. Isto se dá por meio da
eficiência energética e otimização das matérias-primas utilizadas
ao longo da vida útil do produto.
Deste modo, a avaliação do ciclo de vida de um produto
contempla desde o seu nascimento, ou seja, a extração de
matérias-primas até a sua destinação final, tanto na forma de
co-produtos como de rejeitos, e as consequências ao meio
ambiente que sua vida acarreta.
Ainda conforme Bandeira (2003) avaliação do ciclo de vida auxilia
na tomada de decisões de caráter estratégico, proporciona
ganhos no controle dos processos, otimiza processos produtivos,
compara alternativas dentro e fora empresa, permite o
armazenamento de informações, auxilia na escolha de matéria-
prima adequada, entre outros.
Porém, a avaliação do ciclo de vida torna-se complexa ao
ser utilizada para analisar produtos com elevado número de
componentes e variáveis, pois os fatores a serem considerados
aumentam, como por exemplo, automóveis, aeronaves, etc.
(DUARTE, 1997; GUNGOR e GUPTA, 1998).
Apesar da importância da avaliação do ciclo de vida, a mesma
apresenta “controvérsias dos limites propostos para a análise,
dificuldade de capturar as constantes mudanças tecnológicas
e do mercado, e o custo para aquisição dos dados para análise”
(FISKEL, 1996).

4. CADEIAS PRODUTIVAS
Sendo um dos principais estudos da administração de materiais,
a cadeia produtiva ou cadeia de suprimentos corresponde a um
sistema de relacionamento interempresarial que interfere nas
ações estratégicas das empresas. Essas estruturas têm como
função associar ativos através da agregação de valores em
bens materiais ou serviços, se constituindo em um sistema de
produção interligado.

Unidade 4 161

gestao_industrial_ambiental.indb 161 11/7/2011 10:55:00


Universidade do Sul de Santa Catarina

Vários autores comentam as relações existentes e a maneira de


se constituirem vínculos estratégicos em cadeias produtivas. O
processo produtivo está baseado na constituição de sistemas
de suprimentos, correspondendo aos fluxos de produtos e
serviços – oferta; e um contra-fluxo de projetos e informações
– demanda, onde fornecedores se apresentam em níveis
hierárquicos diferentes (ARNOLD, 1999).
A busca pelo aumento da eficiência, face às constantes
transformações de cunho social, estabelece novas diretrizes às
estruturas produtivas, ocasionando interferências em questões
internas e externas: eliminação, adequação ou incorporação de
tecnologias; melhor focalização dos negócios; alterações nos
ciclos de vida dos produtos; entre outras (CERQUEIRA, 2008).
As estruturas produtivas são provenientes da realidade
econômica, destacando a existência de duas formas de
organização – o cluster (no Brasil denominado de Arranjo
Produtivo Local – APL) e as cadeias produtivas. As cadeias
estão voltadas para a produção em escala e os clusters estão
fundamentados em situações específicas de produção,
normalmente descontínuas, em escopo e com alta flexibilização.
A constituição de vínculos produtivos estará condicionada
por uma gama de fatores (perfil de produtos, ritmo produtivo,
sazonalidade, padrão e demanda de mercado, oferta de
matérias-primas) que contribuem para o desenvolvimento social
(FURTADO et al., 2003). Há necessidade de relações de base
social, cultural, político-econômica, para favorecer a constituição
de vínculos produtivos (BRITO, 2004).

5. A RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL PERANTE A


SOCIEDADE
Quando os bens de consumo são investigados, sob um ponto de
vista antropológico, nota-se que os objetos construídos por um
determinado grupo social dizem respeito à cultura. O conjunto
de artefatos produzidos e utilizados por um determinado grupo
social é chamado de cultura material (CASTRO, 2007).
Os bens de consumo são instâncias da cultura material. São
oportunidades para a expressão do esquema estabelecido pela
cultura. Como outras espécies de cultura material, eles permitem
a discriminação pública, visual, de categorias culturalmente
específicas, codificando-as sob a forma de um conjunto de
distinções materiais por meio dos bens (MCCRACKEN, 2003).

162

gestao_industrial_ambiental.indb 162 11/7/2011 10:55:00


Gestão Industrial Ambiental

Nesse contexto, a sociedade cada vez mais se preocupa com a


exaustão dos recursos naturais e com a degradação ambiental.
Muitas empresas têm respondido a essas preocupações
elaborando produtos e utilizando processos cada vez mais
“verdes”. O desempenho ambiental dos produtos e processos
tem se tornado uma questão-chave para o sucesso.
Por essa razão, de uma forma crescente, as empresas vêm
concentrando esforços para pesquisar novas formas de
minimizar seus impactos sobre o meio ambiente. A partir disto,
faz-se necessário a idéia de reflexão de que o desenvolvimento
de novos produtos deve seguir a idéia de que o consumidor
está se tornando cada vez mais exigente em relação às questões
ambientais. Portanto, para as empresas se manterem no
mercado e ainda tornarem-se competitivas, faz-se necessária a
adaptação de seus produtos a esse contexto.
Nota-se a mudança no sentido da abordagem do
desenvolvimento dos produtos. Na visão tradicional, os projetos
eram desenvolvidos sem a preocupação de seu destino final.
A incorporação da visão ideal ao desenvolvimento desses
projetos fez com que as questões de uso eficiente e
minimização de recursos usados, bem como o destino final
dado aos produtos, fossem levados em consideração ainda na
concepção do projeto. Isso aumentou a importância do uso de
metodologias projetuais, preocupadas cada vez mais com o
desenvolvimento sustentável, como a análise do ciclo de vida.
Quanto aos aspectos relacionados à sustentabilidade
socioambiental que, de certo modo, se arrastavam desde inícios
do século XIX, só passaram a ter notoriedade a partir da década
de 90, quando o mundo industrializado percebeu que grande
parte da humanidade não apresentava condições mínimas de
subsistência ou que não tinha acesso às conquistas tecnológicas.
Até mesmo países desenvolvidos começam a estabelecer
a necessidade de integração de grupos sociais aos avanços
tecnológicos (CERQUEIRA, 2008).
Uma das causas desta falta de integração social está na própria
perda de capacidade de relacionamento de grupos com seu
meio. A partir de inúmeros casos analisados, Caetano et al.
(2007) alinham uma série de fatores que contribuíram para
esse distanciamento, como por exemplo: exclusão territorial,
concentração urbana, perda do poder cultural, assim como
nas mudanças dos paradigmas tecnológicos. Logo, a falta de
inserção social está relacionada diretamente à perda de relação
com o meio ambiente natural e/ou artificial, condicionando
o bem estar resultante do desenvolvimento tecnológico a

Unidade 4 163

gestao_industrial_ambiental.indb 163 11/7/2011 10:55:00


Universidade do Sul de Santa Catarina

uma pequena parcela social, seja do ponto de vista macro ou


microeconômico (CAETANO et al., 2007).
A partir da institucionalização da ISO 14.000, se estabelece
uma visão sistêmica aos sistemas de gestão ambiental (SGA),
utilizando-se de uma série de procedimentos e conceitos de
integração entre os ambientes internos e externos ao ambiente
produtivo. Deste modo, um dos fatores de inserção em
cadeias produtivas passou a ser a gestão ambiental, através da
eliminação de desperdícios, economia energética, redução de
insumos, eliminação de agentes tóxicos, controle de afluentes,
entre outros aspectos.
Destaca-se a partir desses fatores, a importância da análise do
ciclo de vida, que avalia desde o nascimento do produto, ou
seja, desde a extração de matérias-primas até a sua destinação
final, tanto na forma de co-produtos como de rejeitos, e as
consequências ao meio ambiente que sua vida acarreta. Assim,
as fases do ciclo de vida de um produto, na visão tradicional
das empresas, normalmente consideradas nos sistemas de
qualidade (composta de: definição, projeto preliminar, projeto
final - detalhes, produção piloto, produção, e de uso), passam a
ser revistas com a inserção das questões ambientais em todas as
suas atividades.
O gerenciamento ambiental deve gerar mudanças nos processos
e nos produtos, sendo que os produtos não devem mais ser
planejados em termos “do berço ao túmulo” e sim “do berço ao
berço”. Em outras palavras, as conhecidas funções que afetam
a qualidade - o estudo de mercado, o desenvolvimento de
produto, a engenharia de produção (manufatura), compras
(insumos), mercado e serviços - devem ser vistas e repensadas
para reduzir os impactos ambientais. Isso faz parte do processo
de busca pela melhoria contínua (BELLO, 1998).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatou-se a importância da utilização de matérias-primas e
processos que causem menor impacto ambiental, porém estas
ainda não utilizam todos os recursos disponíveis. Cabe destacar
a grande importância para o ecodesign da correta escolha
de matérias-primas, que causem menos agressões ao meio
ambiente.
Deste modo, essa questão ecológica irá refletir diretamente nos
custos, uma vez que considera o tempo gasto nas operações,
material utilizado e redução de energia de produção. Outro
ponto importante a destacar são as pressões do mercado,

164

gestao_industrial_ambiental.indb 164 11/7/2011 10:55:01


Gestão Industrial Ambiental

representadas por consumidores que preferem produtos


fabricados por processos e produtos ambientalmente
adequados.
No entanto, o ecodesign deve ser encarado como uma
oportunidade que leve a adoção de atitudes pró-ativas em
relação ao mercado. Assim, acabará por estimular o senso de
responsabilidade social da empresa, fazendo com que aconteça
a busca por um melhor nível de qualidade e redução dos custos
dos produtos, refletindo inclusive na melhoria da imagem da
empresa perante a opinião pública.
Desta forma, devem-se adotar programas e ações no
âmbito interno e externo, que sejam capazes de determinar
competências em todos os níveis de uma organização. A
formação de cadeias produtivas e a percepção de novos
conceitos socioambientais são a base para a definição de
estratégias competitivas.
Com isso, as relações nas cadeias produtivas não serão limitadas
pelo fluxo de materiais, produtos ou serviços, e sim ao conjunto
das atividades que consolidam um comportamento de produção
integrado, fundamentado nas relações entre os ativos tangíveis
e intangíveis e nas interações de cooperação com o ambiente e a
comunidade como forma de gerar o bem estar social, econômico
e ambiental.

7. REFERÊNCIAS
BANDEIRA, A. P. V. Aplicação do ecodesign em empresa mineira
e a percepção dos funcionários: um estudo de caso. Dissertação
(Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção) –
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, 2003.
BELLO, C. V. V. Uma proposta para o desenvolvimento sustentável,
com enfoque na qualidade ambiental voltada ao setor industrial.
Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC,
1998.
BREZET, H.; VAN HEMEL, C. Ecodesign: a promising approach to
sustainable production and consumption. 1996
CASTRO, G. V. Eco-design e consumo: cultura material e
o significado do valor sócio-ambiental. In: 4º Congresso
Internacional de Pesquisa em Design, Rio de Janeiro – RJ. Anais...
Rio de Janeiro, 2007. DUARTE, M. D. Caracterização da rotulagem
ambiental de produtos. Dissertação (Programa de Pós-Graduação

Unidade 4 165

gestao_industrial_ambiental.indb 165 11/7/2011 10:55:01


Universidade do Sul de Santa Catarina

em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa


Catarina – UFSC, 1997.
FIKSEL, J. Design for environment: creating eco-efficient products
and processes. New York: McGraw-Hill, 1996.
GUNGOR, A.; GUPTA, S. M. Issues in environmentally conscious
manufacturing and product recovery: a survey. Computers and
industrial Engineering, 1998.
ICSID, International Council of Societies of Industrial Design.
Industrial Design. Disponível em: <http://www.icsid.org/
iddefinition.html>. Acesso em 16 jan. de 2008.
LERIPIO, A. A. Cadeias Produtivas Sustentáveis. Mini-Curso: Cadeias
Produtivas Sustentáveis. Itajaí, 2008. MACCRACKEN, G. Cultura &
Consumo: novas abordagens ao caráter simbólico dos bens e das
atividades de consumo. Rio de Janeiro: Mauad, 2003.
OLIVEIRA, F. B. Implementação e prática da gestão ambiental:
discussão e estudo de caso. Dissertação (Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção). Universidade Federal
do Rio Grande do Sul – UFRGS, 1999. ROMM, J. Um passo além da
qualidade: como aumentar seus lucros e produtividade através da
administração ecológica. São Paulo: Futura, 1996.
TAKAHASHI, F.; MORAIS, F. Avaliação do ciclo de vida dos produtos:
uma ferramenta de controle ambiental. In: 2º ENCONTRO DE
ENGENHARIA E TECNOLOGIA DOS CAMPOS GERAIS, Ponta
Grossa – PR. Ponta Grossa, 2006.
VENKE, C. S. A. Situação do ecodesign em empresas moveleiras da
região de Bento Gonçalves, RS: análise da postura e das práticas
ambientais. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em
Administração) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul –
UFRGS, 2002.

Fonte: FERREIRA, Alexandre Rodrigues; JOÃO, Daniel de Moraes; GODOY, Leoni Pentiado
Godoy. Competitividade das organizações sob a ótica interativa de cadeias produtivas
sustentáveis e ecodesign. IV Congresso Nacional de Excelência em gestão. 31 de
Julho a 02 de Agosto de 2008. Disponível em: <http://www.vcneg.org/documentos/
anais_cneg4/T7_0044_0275.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2009.

166

gestao_industrial_ambiental.indb 166 11/7/2011 10:55:01


Para concluir o estudo

Ao longo desta disciplina, você aprendeu que existem


vários tipos de organizações, cujos objetivos são
alcançados a partir do desempenho das funções
administrativas. Consistem em planejamento,
organização, direção e controle.

As organizações podem ser classificadas quanto à origem


e aplicação de seus recursos, em setor primário, setor
secundário e setor terciário.

As indústrias pertencem ao setor secundário e,


geralmente, são estudadas como um sistema que
transforma entradas ou insumos em saídas ou produtos
úteis aos clientes, e que se pode chamar de sistema
produtivo.

Em função de suas atividades, as indústrias são as


organizações que causam maior impacto negativo no
meio ambiente, seja decorrente do uso de recursos
naturais, seja da poluição resultante de processos
produtivos, distribuição e utilização dos bens produzidos
pela organização.

A legislação ambiental brasileira, constituída por


decretos, leis e regulamentos e outros normativos que
afetam as indústrias de forma mais direta, visa alcançar
as ações que degradam o meio ambiente e são de
cumprimento obrigatório.

As normas ISO 14000 fornecem uma estrutura de


gerenciamento dos impactos ambientais.

Movidas pelas exigências do mercado, as indústrias


começaram a perceber que consumidores e clientes estão
dispostos a pagar mais por produtos ecologicamente
corretos, e ainda, deixar de comprar aqueles que
contribuíram para a degradação do planeta.

gestao_industrial_ambiental.indb 167 11/7/2011 10:55:01


Universidade do Sul de Santa Catarina

Por isso, em termos de meio ambiente, as indústrias também


podem praticar uma administração baseada no conceito da
qualidade total, incluindo as preocupações com as questões
ambientais, e criar um diferencial competitivo em relação à
concorrência, dentro de uma abordagem estratégica para a
indústria.

As indústrias podem tratar de modos diferentes os problemas


ambientais decorrentes das suas atividades produtivas, e
desenvolver diferentes tipos de abordagens.

Existem muitas práticas que podem ser adotadas de forma


estratégica pelas indústrias, e essa responsabilidade ambiental
decorre do comprometimento formal de toda a equipe.

Neste sentido, o tratamento das questões ambientais dentro da


indústria pode ocorrer nas atividades e rotinas das diversas áreas
da organização e na estrutura organizacional, nas atividades de
gestão, inovação, produção e recursos humanos. Além disso,
também pode adotar modelos, instrumentos e sistemas de gestão
ambiental.

Você também aprendeu os principais conceitos relacionados à


concepção ambiental de produtos, serviços e processos, tais como,
abordagem do ciclo de vida do produto, ecoprodutos, ecodesign,
mercados verdes e certificação e rotulagem ambiental.

Viu também as principais atividades para o gerenciamento do


consumo de água e energia, qualidade do ar e minimização de
resíduos.

O estudo desta disciplina termina por aqui. Você, entretanto,


deve aprofundá-lo, pois, com certeza, poderá contribuir,
apresentando ideias e sugestões que ensejem melhorar a gestão
ambiental nas indústrias.

Sucesso e boa sorte.

168

gestao_industrial_ambiental.indb 168 11/7/2011 10:55:01


Referências

AGROESSÊNCIA. A agricultura levada a sério. Disponível em:


<http://www.agroessencia.com.br/>. Acesso em: 08 maio 2009.
ANTONIO, Terezinha Damian. Gestão de transportes: livro
didático. Palhoça: UnisulVirtual, 2009, p. 38-41.
ARAUJO, Márcio. Produtos ecológicos para uma sociedade
sustentável. Instituto para o Desenvolvimento da Habitação
Ecológica (IDHEA). Disponível em: <www.idhea.com.br>. Acesso
em: 20 fev. 2009.
BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial:
conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2007.
BLACK, J. T. O projeto da fábrica com futuro. Porto Alegre:
Bookman, 1998
BRONDANI, Gilberto; SANTOS, Laura Angélica Meneghini dos.
O planejamento estratégico nas organizações produtivas. XXIII
Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Ouro Preto,
MG, 21 a 24 de out. de 2003. Disponível em: <http://www.abepro.
org.br/biblioteca/ENEGEP2003_TR0702_0665.pdf>. Acesso em: 20
fev. 2009.
CALLENBACH, Ernest; CAPRA, Fritjof; GOLDMAN, Lenore.
Gerenciamento ecológico: guia do Instituto Elmwood de
auditoria ecológica e negócios sustentáveis. 2. ed. São Paulo:
Cultrix, 1998.
CAMAROTTO, João Alberto. Estudo das relações entre o
projeto do edifício industrial e a gestão da produção. São
Paulo: Faculdade de arquitetura e urbanismo, 1998.
COMWEB CLASSIFICADOS. Produtos ecológicos feitos a partir
da reciclagem de copos plásticos. Trilhos do Jequitibá. 28 de
março de 2009. Disponível em: <http://www.comweb.com.br/25/
posts/2_Compra_Venda/2_Arte_Cole_es_Antig_idades/3315_
PRODUTOS_ECOLOGICOS_FEITOS_APARTIR_DA_RECICLAGEM_
DE_COPOS_PLASTICOS.html>. Acesso em: 08 maio 2009.
CORAZZA, Rosana Icassatti. Gestão ambiental e mudanças da
estrutura organizacional. RAE-eletrônica, v. 2, n. 2, jul-dez/2003.
Disponível em: <http://www.rae.com.br/eletronica/index.cfm?Fus
eAction=Artigo&ID=1392&Secao=ORGANIZA&Volume=2&numer
o=2&Ano=2003>. Acesso em: 26 fev. 2009.

gestao_industrial_ambiental.indb 169 11/7/2011 10:55:01


Universidade do Sul de Santa Catarina

DIAS, Reinaldo. Marketing ambiental: ética, responsabilidade social e


competitividade nos negócios. São Paulo: Atlas, 2007.
DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na indústria. São Paulo: Atlas, 2004.
______. Gestão ambiental na empresa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
FERREIRA, Alexandre Rodrigues; JOÃO, Daniel de Moraes; GODOY, Leoni
Pentiado Godoy. Competitividade das organizações sob a ótica interativa
de cadeias produtivas sustentáveis e ecodesign. IV Congresso Nacional
de Excelência em gestão. 31 de Julho a 02 de Agosto de 2008. Disponível
em: <http://www.vcneg.org/documentos/anais_cneg4/T7_0044_0275.
pdf>. Acesso em: 26 fev. 2009.
FONTANA, Adriane Monteiro; AGUIAR, Edson Martins. Logística,
transportes e adequação ambiental. In: CAIXETA FILHO, J.C; MARTINS,
Ricardo Silveira (org). Gestão logística do transporte de cargas. São
Paulo: Atlas, 2001.
HARRES, Elaine Martos. Gestão ambiental industrial: perspectivas,
possibilidades e limitações. Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do grau de Doutor Curso de Doutorado em Meio Ambiente
e Desenvolvimento Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2004.
Disponível em: <http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/1884/3073/1/
elaine%20m%20harres.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2009.
LACOMBE, Francisco José Masset. Administração: princípios e tendências.
São Paulo: Saraiva, 2003.
MIRANDA FILHO, Nildo Leite Miranda Filho. Planejamento estratégico
para pequenas e médias empresas. Disponível em: <http://www.guiarh.
com.br/p47.html>. Acesso em: 03 abr. 2009.
MOURA, Luiz Antônio Abdalla de. Qualidade e gestão ambiental. São
Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento estratégico:
conceitos, metodologia e práticas. São Paulo: Atlas, 2007.
PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da qualidade: teoria e prática. São
Paulo: Atlas, 2004.
PACHECO, Ana Paula Reusing. Gestão estratégica I: livro didático. Palhoça:
UnisulVirtual, 2008.
PORTAL IMPACTO. Os métodos de organização, produção e do
trabalho Industrial. Disponível em: <http://www.portalimpacto.com.r/s/0
0000Franco1ANOAula12OCapitalismoeoMeioTecnicoCientificoInformacion
alContinuacao.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2009.
SEGRETO, Daniel; ARAUJO, Geraldino Carneiro de. Gestão ambiental e
conscientização das organizações. Associação Amigos da Natureza da
Alta Paulista. Periódico eletrônico. Fórum ambiental da Alta Paulista. Vol. 3,

170

gestao_industrial_ambiental.indb 170 11/7/2011 10:55:01


Gestão Ambiental Industrial

2007. Disponível em: <http://www.amigosdanatureza.org.br/noticias/358/


trabalhos/206.concientizacao.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2009.
SMITH, Denis. As indústrias e o ambiente: implicações do novo
ambientalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1993.
TOCCHETTO, Marta Regina Lopes; PEREIRA, Lauro Charlet. Resíduos: “É
preciso inverter a pirâmide – reduzir a geração”! AGRONLINE, 28 mar.
2005. Disponível em: <http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.
php?id=214&pg=1&n=2>. Acesso em: 20 fev. 2009.
______. Qualidade ambiental e ecoeficiência: nova postura.
AGRONLINE, 28 mar. 2005. Disponível em:<http://www.agronline.com.br/
artigos/artigo.php?id=213>. Acesso em: 20 fev. 2009.
______. Sistema de gestão e proteção ambiental. AGRONLINE, 28
mar. 2005. Disponível em: <http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.
php?id=214&pg=1&n=2>. Acesso em: 20 fev. 2009.
TUBINO, Dalvio Ferrari. Planejamento e controle da produção: teoria e
prática. São Paulo: Atlas, 2007.

171

gestao_industrial_ambiental.indb 171 11/7/2011 10:55:01


gestao_industrial_ambiental.indb 172 11/7/2011 10:55:01
Sobre a professora conteudista

Terezinha Damian Antônio é graduada em Serviço


Social e Direito pela Universidade do Sul de Santa
Catarina, especialista em Gestão Organizacional pela
Fundação Getúlio Vargas, especialista em Comércio
Exterior pela Universidade Católica de Brasília e mestre
em Administração pela Universidade do Sul de Santa
Catarina.

Atualmente é professora das disciplinas Direito


Comercial III e IV no curso de Direito, campus de
Araranguá; Gestão Estratégica de Marketing III no
curso de Marketing, campus de Tubarão; Gestão
Estratégica de Negócios Internacionais I e II no curso
de Relações Internacionais, campus Tubarão; Direito
Comercial e Contratos Internacionais, Gerenciamento
da Cadeia de Abastecimento, Gestão de Vendas, Gestão
de Vendas e Atendimento ao Cliente e Pesquisa de
Marketing no Ensino a Distância da UNISUL.

É coordenadora dos Estágios Supervisionados do curso


de Relações Internacionais da Unisul, campus Tubarão.

É professora conteudista das disciplinas Direito


Comercial e Contratos Internacionais, Gestão da
Cadeia de Abastecimento, Gestão da Inovação em
Micro e Pequenas Indústrias, Gestão da Qualidade e
Produtividade, Gestão de Compras na Área Pública
e Privada, Gestão de Transportes, Gestão de Vendas,
Gestão de Empresas Familiares, Gestão Estratégica
II e Pesquisa de Marketing no Ensino a Distância da
UNISUL.

Na Universidade do Sul de Santa Catarina, já lecionou as


disciplinas Ciência Política, Direito Comercial, Gestão
de Organizações I, Gestão de Pessoas, Instituições de

gestao_industrial_ambiental.indb 173 11/7/2011 10:55:01


Universidade do Sul de Santa Catarina

Direito Público e Privado e Planejamento e Gestão de Programas


e Projetos Sociais, no curso de Administração, unidade de
Braço do Norte, no curso de Turismo e Içara e nos cursos de
Relações Internacionais e Serviço Social, campus de Tubarão.
Iniciou sua carreira profissional na universidade em março
de 2002, como professora das disciplinas Legislação Social
no curso de Administração da Unisul, campus Araranguá e
Içara e Instituições de Direito Público e Privado no curso de
Relações Internacionais da Unisul, campus Tubarão. Também
foi coordenadora de Estágio Supervisionado I e II do curso de
Ciências Econômicas no campus Tubarão.

Trabalhou na Caixa Econômica Federal, exercendo funções


operacionais e gerenciais em várias agências, com atuação voltada
para a área de captação de recursos financeiros, crédito e cobrança
bancária e títulos de crédito.

174

gestao_industrial_ambiental.indb 174 11/7/2011 10:55:02


Respostas e comentários das
atividades de autoavaliação

Unidade 1
1. O planejamento é uma atividade que visa desenvolver
processos, técnicas e atitudes administrativas, que
proporcionam uma situação viável para avaliar as
implicações futuras de decisões presentes, em função de
objetivos que facilitarão a tomada de decisão no futuro. Por
isso, implica olhar para frente. Controlar significa avaliar o
que foi planejado e, se for necessário, fazer alterações no
que foi feito, para que os objetivos possam ser eficazmente
atingidos. Por isso, esta atividade implica olhar para trás.
2. Você pode complementar a sua pesquisa, utilizando artigos
sobre o planejamento estratégico da internet. Você pode
pesquisar na internet, utilizando a palavra planejamento
estratégico, selecionar um artigo que tenha uma fonte de
uma universidade, por exemplo, fazer a leitura e depois
elaborar um texto sobre o assunto, destacando o objetivo do
planejamento, suas características e os participantes.
3. Esta afirmação é falsa. Departamentalização significa a forma
de agrupar as atividades em órgãos e estes em unidades
maiores, ou, principalmente, para dividir os órgãos em
unidades menores. Os departamentos decorrem dos critérios
adotados na departamentalização, entretanto é comum
ocorrer o uso de critérios mistos, o que permite dividir um
órgão em unidades menores usando mais de um critério.
É preciso ficar claro que não há uma única solução correta,
mas várias alternativas que devem ser adequadas para
cada situação, pois a estrutura organizacional depende das
estratégias e das tecnologias, bem como das variáveis do
ambiente externo em que a indústria está inserida.
4. As indústrias constituem um sistema que transforma
entradas ou insumos em saídas ou produtos úteis aos
clientes. Esse sistema é chamado de sistema produtivo. Para
que um sistema produtivo transforme insumos em produtos
(bens e serviços) ele precisa ser pensado em termos de
prazos, em que planos são feitos e ações são disparadas com

gestao_industrial_ambiental.indb 175 11/7/2011 10:55:02


Universidade do Sul de Santa Catarina

base nestes planos para que, transcorridos estes prazos, os eventos


planejados pelas organizações se tornem realidade.
5. Você deve visitar uma indústria e conversar com o gestor
sobre planejamento, seus tipos, vantagens, implantação do
processo, participantes; estrutura organizacional e critérios de
departamentalização; direção e controle da organização. Depois deve
elaborar um relatório sobre os resultados da entrevista, comparando o
que levantou com o conteúdo da unidade.

Unidade 2
1. Em princípio, é o poluidor quem deve pagar, mas ISO nem sempre
ocorre, porque depende de como os produtores e consumidores estão
estruturados. Em mercados próximos da concorrência perfeita, são
as indústrias que pagam. Em situações de oligopólio ou monopólio,
os consumidores podem pagar uma parte dessa taxa, porque as
indústrias repassam o valor cobrado para os preços. Além disso, em
muitos casos, as multas administrativas têm valor muito baixo, o que
não coíbe as ações do poluidor, pois o lucro obtido com a atividade
cobre qualquer multa ao infrator
2. A abordagem do controle da poluição é caracterizada pelo
estabelecimento de práticas para impedir os efeitos decorrentes da
poluição gerada por um dado processo produtivo. A abordagem da
prevenção da poluição é caracterizada pela atuação da indústria sobre
os produtos e processos produtivos, através de ações que possibilitem
uma produção mais eficiente e mais poupadora de materiais e energia
em diferentes fases do processo de produção e comercialização. A
abordagem estratégica é caracterizada pelas ações adotadas pela
indústria no sentido de aproveitar oportunidades mercadológicas e
neutralizar ameaças decorrentes de questões ambientais existentes ou
que poderão surgir futuramente.
3. A gestão da qualidade envolve ações de planejamento, controle e
aprimoramento contínuo de produtos, serviços e processos, visando
implantar e implementar um ambiente no qual as relações entre
fornecedor e cliente sejam de satisfação mútua. A gestão da qualidade
ambiental inclui os elementos da qualidade total, possibilitando à
indústria, por exemplo, desempenhar as atividades melhor que as
concorrentes, através da melhor utilização dos insumos; redução de
defeitos nos produtos; produção mais rápida; melhoria da imagem
institucional; aumento da produtividade; melhor relacionamento com
os órgãos públicos e organizações da sociedade em geral; melhores
condições de acesso aos mercados internacionais; e facilidade para
cumprir os padrões ambientais.
4. O reuso implica utilizar os resíduos da mesma forma que foram
produzidos, como por exemplo, retrabalhar peças com defeitos.

176

gestao_industrial_ambiental.indb 176 11/7/2011 10:55:02


A reciclagem implica tratar os resíduos para torná-los novamente
aproveitáveis na própria fonte produtora ou em outras unidades, como
por exemplo, o tratamento da água residuária antes de sua reutilização.
5. Você deve acessar o site e pesquisar os dados solicitados sobre o Comitê
Técnico 208 e as normas ISO.

Unidade 3
1. A TQEM é definida como a produção de bens e serviços que atendam
ou superem as expectativas dos clientes internos e externos em
termos ambientais. A Produção Mais Limpa é uma estratégia ambiental
preventiva, aplicada a processos, produtos e serviços, para minimizar
os impactos sobre o meio ambiente. A Ecoeficiência é uma proposta
que permite às empresas, governos, famílias e também às indústrias
reduzir a poluição e o uso de recursos nas atividades. O Projeto Para o
Meio Ambiente é um modelo de gestão centrado na fase de concepção
dos produtos e seus respectivos processos produtivos, distribuição e
utilização. Esses modelos apresentam mais semelhanças, porque todos
visam melhorar a qualidade ambiental, quer melhorando produtos,
serviços e processos, quer reduzindo a poluição, utilizando melhor os
recursos ou minimizando os impactos ambientais.
2. Planejamento: idealizar qual será a política a ser adotada em relação
às questões ambientais e estabelecer as estratégias apropriadas
para atingir os objetivos predeterminados. Produção: apresentar
menos consumo de energia, minimizar a quantidade de resíduos,
economizar insumos, obedecer aos padrões de emissão e controle
do fluxo de efluentes. Pesquisa e desenvolvimento: incorporar as
questões relacionadas à qualidade ambiental em sentido amplo, uma
vez que as decisões tomadas durante a fase de desenvolvimento do
produto podem trazer comprometimentos futuros ao meio ambiente,
como também às questões de custo, prazo e qualidade. Suprimentos:
desenvolver e acompanhar uma política de constante melhoria
ambiental nos insumos fornecidos, junto aos fornecedores, como
também, melhorar o sistema de armazenagem, reaproveitar resíduos
e reciclar materiais, substituir substâncias tóxicas e perigosas e usar
adequadamente os meios de transportes. Marketing: estabelecer
juntamente com a área ambiental uma estratégia capaz de avaliar
os produtos atuais e os segmentos mais suscetíveis em relação
às questões ambientais, considerando a promoção, o preço e a
distribuição do produto. Recursos Humanos: desenvolver junto à
área ambiental um programa de conscientização e treinamento para
as questões ambientais. Finanças: avaliar a questão ambiental em
termos financeiros e relacionar as despesas efetuadas pela indústria em
relação à poluição e degradação ambiental, bem como as implicações
financeiras resultantes da preservação ambiental.

gestao_industrial_ambiental.indb 177 11/7/2011 10:55:02


Universidade do Sul de Santa Catarina

3.

Exemplos de: Aspectos ambientais Impactos ambientais


Consumo de óleo de Esgotamento de recursos
aquecimento. naturais não renováveis.
Emissão de dióxido de Poluição do ar.
enxofre; dióxido de Impactos respiratórios
Atividade Operação de caldeira carbono e óxido nitroso. sobre os residentes locais.
Aquecimento global e Impacto de chuva ácida em
mudança climática. água superficial.
Lançamento de água Mudança na qualidade da
aquecida. água.
Cartucho de tinta
de impressora Uso de matérias-primas. Conservação de recurso.
reutilizável
Geração de resíduos
Produto Uso do solo.
sólidos.
Vida final do produto Recuperação e
Conservação de recursos
reutilização de
naturais.
componentes.
Emissão de óxidos de Cumprimento dos objetivos
nitrogênio. da qualidade do ar.
Serviço Manutenção de frota
Geração de resíduos de
Poluição do solo.
óleo.

Quadro: Exemplos de aspectos e impactos ambientais.


Fonte: Barieri (2007, p. 173).

4. Você deve pesquisar na internet artigos sobre Certificação e Órgãos


de certificação credenciados, como também sobre contabilidade e
auditoria ambiental e fazer um relatório, destacando as informações
sobre os tipos de certificação, o nome dos órgãos certificadores e país e
vinculações internacionais. Sobre contabilidade e auditoria destacar as
diferenças.
5. As principais ações são as seguintes: estabelecimento da política
ambiental da organização e elaboração do plano de implementação
do SGA; implementação e operacionalização das ações e medidas
planejadas na fase anterior; monitoramento e controle operacional;
revisão do Sistema de Gerenciamento Ambiental.

Unidade 4
1. A análise do ciclo de vida do produto apresenta os seguintes objetivos:
tornar uma indústria ecologicamente correta, o que ocorre, por meio
da eficiência energética e otimização das matérias-primas utilizadas, ao

178

gestao_industrial_ambiental.indb 178 11/7/2011 10:55:02


Gestão Ambiental Industrial

longo da vida útil do produto; auxiliar na tomada de decisões de caráter


estratégico; proporcionar ganhos no controle dos processos; otimizar
processos produtivos; comparar alternativas dentro e fora da indústria;
permitir o armazenamento de informações; auxiliar na escolha de
matéria-prima adequada; possibilitar a implementação dos conceitos
do ecodesign.
2. De acordo com a classificação da ISO, existem três tipos voluntários
de esquemas de rótulos ambientais: Tipo I – Rótulos ambientais
certificados; Tipo II – Autodeclarações; Tipo III – Declarações ambientais
do produto. Os rótulos do Tipo I são certificados pela NBR ISO 14024,
que define os princípios e procedimentos para o desenvolvimento de
programas de rotulagem ambiental, incluindo a seleção de categorias
de produtos, critérios ambientais dos produtos e características
funcionais dos produtos, e, mais, para avaliar e demonstrar sua
conformidade, além da previsão sobre os procedimentos para a
concessão do rótulo. Os rótulos do Tipo II são certificados pela NBR ISO
14021, que especifica os requisitos para autodeclarações ambientais,
incluindo textos, símbolos e gráficos, no que se refere aos produtos,
como também, descreve termos selecionados usados em declarações
ambientais, fornece qualificações para seu uso e apresenta uma
metodologia de avaliação e verificação geral para autodeclarações
ambientais e para as declarações selecionadas dessa norma. Os
rótulos do Tipo III são certificados pela NBR ISO 14025, que especifica
os requisitos para a certificação e rotulagem para a avaliação do ciclo
de vida do produto, sendo que esses rótulos trazem informações
sobre dados ambientais de produtos, quantificados de acordo com
um conjunto de critérios previamente selecionados e baseados na
avaliação do ciclo de vida, e, além disso, são concedidos e licenciados
por entidades de terceira parte.
3. O ecodesign facilita a fabricação do produto e a satisfação das
necessidades dos consumidores com o menor custo, identificando as
implicações ecológicas das características do produto e do processo
produtivo, com vista a prevenir a contaminação e buscar a recuperação
através da reutilização e/ou reciclagem ao final de seu ciclo de vida.
O ecoproduto é, portanto, aquele que cumpre as mesmas funções
dos produtos equivalentes, porém causa um dano ao meio ambiente
inferior, durante todo o seu ciclo de vida. Assim, o ecodesign possibilita
a produção de produtos ecológicos ou ecoprodutos.
4. Você deve pesquisar na internet, jornais, revistas sobre o assunto,
explicando o que são mercados verdes, quais os tipos de produtos
vendidos nestes mercados, quem costuma comprar estes produtos e
onde estão localizados esses consumidores.
5. A energia e, assim, a água, o ar e os resíduos são objetos de
preocupação e discussão nos últimos anos, em nível mundial. Por ISO,
mesmo que no meu lugar não haja problema de escassez, devem ser
implementadas medidas de educação ambiental.

179

gestao_industrial_ambiental.indb 179 11/7/2011 10:55:02


gestao_industrial_ambiental.indb 180 11/7/2011 10:55:02
Biblioteca Virtual

Veja a seguir os serviços oferecidos pela Biblioteca Virtual aos


alunos a distância:
„„ Pesquisa a publicações online
www.unisul.br/textocompleto

„„ Acesso a bases de dados assinadas


www. unisul.br/bdassinadas

„„ Acesso a bases de dados gratuitas selecionadas


www.unisul.br/bdgratuitas

„„ Acesso a jornais e revistas on-line


www. unisul.br/periodicos

„„ Empréstimo de livros
www. unisul.br/emprestimos

„„ Escaneamento de parte de obra*

Acesse a página da Biblioteca Virtual da Unisul, disponível no EVA


e explore seus recursos digitais.
Qualquer dúvida escreva para bv@unisul.br

* Se você optar por escaneamento de parte do livro, será lhe enviado o


sumário da obra para que você possa escolher quais capítulos deseja solicitar
a reprodução. Lembrando que para não ferir a Lei dos direitos autorais (Lei
9610/98) pode-se reproduzir até 10% do total de páginas do livro.

gestao_industrial_ambiental.indb 181 11/7/2011 10:55:02


gestao_industrial_ambiental.indb 182 11/7/2011 10:55:02

Potrebbero piacerti anche