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“A cartografia não é o que os cartógrafos nos contam que é”. (Brian Harley)
Indisciplinando o mapeamento
Nos últimos anos a cartografia tem escapado do controle das poderosas elites que
a têm dominado por várias centenas de anos. Provavelmente você já tenha notado isto a
partir da emergência dos aplicativos de mapeamento fantasticamente populares, entre
eles, o Google Earth. As elites – desde os especialistas em mapas, as grandes mapotecas
do ocidente, os governos locais e nacionais, as grandes empresas de SIG e de
mapeamento, e até as academias – têm sido confrontados por duas importantes tendências
que ameaçam minar a dominância desta elite.
Primeiramente, como o Google Earth já tem mostrado, os negócios relacionados
à produção de mapas, coleta de dados espaciais e mapeamento, têm escapado das mãos
dos especialistas. A habilidade de fazer um mapa agora está disponível a qualquer pessoa
que possua um computador pessoal e uma conexão de internet por banda larga. A mais
recente transição tecnológica da cartografia (Monmonier, 1985; Perkins, 2003) não é
somente uma questão tecnológica, mas, uma mistura de ferramentas colaborativas de
códigos abertos (open source), aplicativos de mapeamentos móveis e internet
geoespacial.
A segunda tendência, que também se tem sido observada, se refere à crítica
teórico-social sobre o mapeamento na era do pós-guerra. Durante os últimos 50 anos ou
mais, a cartografia e o SIG têm tido como principal ambição, se esforçarem em produzir
mapas como documentos científicos. A cartografia crítica, por outro lado, entende que o
ato de mapear está embutido nas relações específicas de poder. Isto é, o mapeamento está
envolvido em o que escolhemos para representar, como escolhemos representar objetos e
pessoas, e que decisões são tomadas com estas representações. Este é um processo
político, do qual tem aumentado o número de participantes. Se o significado de mapa é
reivindicado como conjunto específico de relações entre poder e conhecimento, então,
não apenas o estado e as elites, mas todos nós também poderíamos fazer afirmações
igualmente competitivas e poderosas sobre seu significado (Wood, 1992).
A cartografia crítica opera de baixo para cima, de maneira difusa, sem o controle
de cima para baixo, e não necessita de aprovação de especialistas para desenvolver-se. É
um movimento que está em andamento, independente de que esteja envolvida a
necessidade de aprovação ou não da disciplina acadêmica de cartografia (Wood, 2003).
É neste sentido que a cartografa está sendo libertada do confinamento da academia, e
tornando-se acessível a todas as pessoas.
3
O que é um mapa? Por que não podemos defini-lo, e porque isto não
importa?
A Produção do espaço
Referências
Bryan, J. (2009) - Where would we be without them? Knowledge, space and power in
indigenous politics. Futures 41:24-32.
Harley, J. B. (1992b) – Rereading the maps of the Columbian encounter. Annals of the
Association of American Geographers 82(3):522-542.
Monmonier M. (1991) – How to lie with maps. Chicago: University of Chicago Press.
Wood, D.; Krygier (2009) – Critical cartography. In: N. Thrift and R. Kitchen (eds.), The
international encyclopedia of human geography, New York and London: Elsevier.