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METABOLISMO 1
Vitamina A
Introdução
Doenças relacionadas à deficiência de vitamina A e seus benefícios são descritas ao
longo da história. Foi observado pelos pesquisadores Hopkins e Stepp que um fator
estimulante do crescimento podia ser extraído do leite, esse foi um importante passo
que, consequentemente, levou à identificação da vitamina A. A presença desse fator
promotor de crescimento foi descrita também na gema do ovo, manteiga e óleo de
fígado.
A estrutura química da vitamina A (retinoides e carotenoides) foi determinada entre
os anos 1940 e 1950, estudos sobre sua função biológica e a síntese comercial dessa
vitamina foram rapidamente desenvolvidos.
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O retinol é um álcool primário que contém um anel β-ionona com cadeia lateral insaturada, é
encontrado em tecidos animais como éster retinila com ácidos graxos de cadeia longa. O retinal
é o aldeído derivado da oxidação do retinol. O retinal e o retinol podem ser facilmente inter-
convertidos. O ácido retinoico é o ácido derivado da oxidação do retinal. Este ácido não pode
ser reduzido no organismo e, assim, não pode originar retinal ou retinol.
A concentração dessa vitamina é maior no fígado, principal órgão armazenador do corpo, no
qual o retinol e seus ésteres são as principais formas presentes. O termo retinóides refere-se à
classe de compostos que inclui retinol e seus derivados químicos, com quatro unidades de
isoprenoides. Vários retinóides análogos exibem propriedades farmacológicas úteis. Além disso,
o acetato de retinil e o palmitato de retinil são utilizados em sua forma sintética, para a
fortificação de alimentos.
Os carotenoides contribuem significativamente para a atividade da vitamina A em alimentos
tanto de origem animal como vegetal. De aproximadamente 600 carotenóides conhecidos, cerca
de 50 apresentam alguma atividade de pró-vitamina A (são convertidos em vitamina A in vivo,
de forma parcial). Alimentos de origem vegetal contêm β-caroteno, que pode ser clivado
oxidativamente no intestino em duas moléculas de retinal.
Para que um composto apresente atividades de vitamina A ou pró-vitamina A, ele deve
apresentar algumas semelhanças estruturais com o retinol, como: (1) ter ao menos um anel β-
ionona intacto e não oxigenado e (2) ter uma cadeia lateral isoprenoide com terminação de uma
função de álcool, aldeído ou carboxila (Figura 1).
Os carotenoides com atividade de vitamina A são considerados pró-vitamínicos até que
passem por clivagem enzimática oxidativa da ligação central C15-C15´ na mucosa intestinal,
para a liberação de duas moléculas ativas de retinol (Figura 2).
Entre os carotenoides o β-caroteno apresenta maior atividade pró-vitamínica A. Embora haja
a possibilidade de duas moléculas de vitamina A serem produzidas a partir de cada molécula de
β-caroteno, a ineficiência desse processo contribui para o fato de que o β-caroteno exibe apenas
50% da atividade de vitamina A. Esse foi o fundamento da convicção inicial de que a relação
das atividades de vitamina A do retinol e do β-caroteno são de 1:2, com base na massa. É
variável entre as diferentes espécies animais e seres humanos no que diz respeito à eficiência da
utilização dos carotenoides e ao grau de absorção das moléculas de carotenoide na forma
intacta. Na maioria dos animais, absorção da vitamina A varia de 70 a 90%, mas a eficiência na
absorção de carotenoides adicionados à dieta é de 40 a 60%, dependendo do carotenoide.
Carotenoides nos cloroplastos das plantas, no entanto, são pobremente absorvidos ( menos de
10%) devido à baixa digestibilidade do cloroplasto e deficiente liberação do carotenoide.
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Figura 1. Moléculas do retinol, retinal e ácido retinóico.
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degradação da vitamina A, quer por oxidação direta quer por efeitos indiretos dos radicais
livres.
Perdas de atividades de vitamina A em retinoides e carotenoides dos alimentos ocorrem
principalmente por reações que envolvem a cadeia isoprenoide lateral insaturada, tanto por
autoxidação como por isomerização geométrica.
Análises por cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC) revelam que muitos
alimentos contêm uma mistura de all-trans e cis isômeros de retinoides e carotenoides, o
enlatamento convencional de frutas e vegetais é suficiente para a indução de isomerização e
consequente perda de atividade de vitamina A. Além das isomerizações térmicas, a conversão
das formas all-trans de retinoides e carotenoides em diversos isômeros cis pode ser induzida por
exposição à luz, ácidos, solventes clorados (p. ex. clorofórmio) e iodo diluído.
A degradação oxidativa da vitamina A e carotenoides em alimentos pode ocorrer por
peroxidação direta ou por ação indireta de radicais livres, produzidos durante a oxidação de
ácidos graxos.
Quanto a sua biodisponibilidade, os retinoides são absorvidos com eficiência, exceto em
condições em que há comprometimento da mucosa intestinal ou outras condições que cursem
com má absorção de gordura. O acetato e o palmitato de retinil são utilizados de forma tão
eficaz como o retinol não esteridicado. Dietas que contêm materiais hidrofóbicos não
absorvíveis, tais como substitutos de gordura, podem contribuir para a má absorção de vitamina
A.
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dos radicais livres. Para o retinol e ésteres retinílicos, contudo, o ataque de radicais livres ocorre
principalmente nas posições C14 e C15.
A oxidação do β-caroteno envolve a formação do 5,6-epóxido, o qual pode isomerizar para
5,8-epóxido (mutacromo). Oxidações induzidas por meio fotoquímico geram mutacromos como
produto primário de degradação.
A fragmentação do β-caroteno para compostos de massa molecular menor pode ocorrer
durante tratamentos com alta temperatura. A fragmentação também ocorre durante a oxidação
de retinoides.
Funções da vitamina A
Os retinoides são essenciais para a visão, reprodução, crescimento e a manutenção dos
tecidos epiteliais. O ácido retinóico, derivado da oxidação do retinol da dieta, medeia a maioria
das ações dos retinóides, exceto para a visão, que depende do retinal, o derivado aldeídico do
retinol.
No ciclo visual a vitamina A é componente dos pigmentos visuais das células cones e
bastonetes. A rodopsina, o pigmento visual dos bastonetes na retina, consiste em 11-cis-retinal
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ligado especificamente à proteína opsina. Quando a rodopsina é exposta à luz, ocorre uma série
de isomerizações fotoquímicas, as quais resultam no desbotamento do pigmento visual e a
liberação de todo-trans-retinal e opsina. Esse processo origina um impulso nervoso, que é
transmitido pelo nervo óptico para o encéfalo. A regeneração da rodopsina necessita da
isomerização do todo-trans-retinal, formando novamente o 11-cis-retinal. O trans-retinal, após
ser liberado da rodopsina, é isomerizado a 11-cis-retinal, que se combina espontaneamente com
a opsina, para formar a rodopsina, completando o ciclo.
No crescimento e diferenciação celular, todo-trans-retinol se associa, no citosol da célula, a
proteínas ligadoras específicas de retinol, e resulta em um complexo que se torna para
subsequentes processos. Por exemplo, todo-trans-retinol pode ser oxidado e isomerizado a 13-
cis ácido retinoico, com subsequentes ligações a proteínas citosólicas ligadoras específicas de
ácido retinoico, o que interferirá em fatores transcricionais de proteínas reguladoras e
diferenciação celular.
Derivados da vitamina A controlam a expressão de várias proteínas importantes à formação
de muco e integridade do citoesqueleto, como a queratina e transglutaminase, e a ciclicidade
celular.
Deficiência de vitamina A
A deficiência prolongada leva à perda irreversível do número de células visuais. A
deficiência grave leva à xeroftalmia, o ressecamento patológico da conjuntiva e da córnea. Se
não for tratada, a xeroftalmia resulta em ulceração da córnea e, por fim, cegueira devido à
formação de tecido de cicatrização opaco. A xeroftalmia é observada em espécies animais,
como bovinos e suínos. A vitamina A, administrada como retinol ou ésteres de retinila, é
utilizada para o tratamento de pacientes deficientes dessa vitamina. Em humanos, a cegueira
noturna é um dos principais sinais de deficiência em vitamina A. O limiar visual aumenta,
dificultando a visão em ambientes com pouca luminosidade.
Em bovinos e suínos, a carência da vitamina A pode causar também queratinização
epitelial. Em resposta a níveis baixos de retinoides, as células perdem sua forma colunar, se
tornam chatas e escamosas, logo aumentam seu conteúdo citosólico de queratina. Na derme,
esse processo resulta uma sobrecamada escamosa. Essa superfície leva à perda da
funcionalidade da célula epitelial. Nos pulmões, a ausência da secreção mucosa facilita o
estabelecimento de infecções. No intestino, a queratinização induz à perda de função prematura
dos enterócitos e mal-absorção.
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Além disso, a carência de vitamina A resulta em uma diminuição na taxa de crescimento e
no desenvolvimento ósseo em animais jovens, somando-se a isso, em aves essa deficiência pode
levar a aumento da taxa de mortalidade.
Condições patológicas que influenciam a obtenção de vitamina A pelo indivíduo incluem a
má absorção ( insuficiência pancreática e colestase), fibrose cística, doenças hepáticas e doenças
renais.
Distribuição da vitamina A
Os retinóides e os carotenoides pró-vitamínicos A são muito lipofílicos, em decorrência
de suas estruturas apolares. Em consequência disso, eles se associam a componentes lipídicos,
organelas específicas ou proteínas transportadoras nos alimentos e nas células vivas. Em muitos
sistemas alimentares, os retinoides e os carotenoides são encontrados em associação a gotículas
de lipídeos ou micelas dispersas, em meios aquosos. As ligações duplas conjugadas do sistema
dos retinoides proporcionam uma absorção forte e características no espectro ultravioleta,
enquanto o acréscimo de ligações duplas conjugadas ao sistema de carotenoides causa mais
absorção no espectro visível e na cor amarelo-laranja desses compostos. Os isômeros all-trans
apresentam grande atividade de vitamina A, sendo as formas de ocorrência natural
predominante nos retinoides e nos carotenoides nos alimentos. Sua conversão em isômeros cis
(durante o tratamento térmico) causa perda de atividade de vitamina A.
Na natureza, a vitamina A está presente, em grande quantidade, como ésteres lipídicos nos
tecidos animais como no fígado e no rim, também é encontrada na nata, manteiga e gema de
ovo. Frutas, plantas e vegetais amarelos e verde-escuros são boas fontes dietéticas de carotenos.
Animais herbívoros obtêm vitamina A a partir do betacaroteno de plantas, que ocorre associado
aos cloroplastos, complexos a outras proteínas e lipídeos. O potencial de pró-vitamina A em
plantas é melhor preservado quando pastagens são conservadas sob forma de feno, porém há
declínio quando a armazenagem é realizada na ausência de oxigênio. Grãos, com algumas
exceções (ex. milho amarelo), são menores fontes de pró-vitamina A. Dentre os grãos de
leguminosas, os grãos-de-bico são umas melhores fontes carotenoides. A fonte mais rica desse
elemento é o óleo de palma vermelha, o qual contém 500 μg/mL de α- e β-carotenos. Em torno
de 7 mL/dia de óleo de palma vermelha pode facilmente preencher as necessidades nutricionais
de animais em crescimento e crianças.
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animais de 20-50 kg de peso corporal, sintomas como náusea, vômito, aumento de pressão do
fluido espinhal e fragilidade muscular. Há relato da administração de uma dose letal de vitamina
A (100 mg) a macacos jovens, com consequências como convulsões, coma e falha respiratória.
A toxicidade crônica pode ser induzida por doses 10 vezes acima do recomendado. Essa dose
pode levar à alopecia, ataxia, dores ósseas e musculares e prurido. Embora gatos tenham alta
tolerância a doses excessivas de vitamina A, ocorre hipervitaminose A em animais que possuam
dieta baseada em fígado. Gatos afetados apresentam exibem deformação no esqueleto,
particularmente, exostose de vértebras cervicais. Vitamina A é também um poderoso
teratogênico. Uma dose excessiva única (50- a 100 mg), durante a gestação, para animais que
pesem entre 20 e 50 kg, pode resultar em mal formação fetal.
Ao contrário dos retinoides, os carotenoides geralmente na são tóxicos, e muitos animais os
ingerem rotineiramente sem efeitos deletérios.
Vitamina D
Introdução
Em 1921, Sir Edward Mellanby reportou a indução de raquitismo em cães através da
manipulação da dieta. Ele descobriu que a doença podia ser revertida com óleo de fígado de
bacalhau. McCollum, em 1922, reportou que o fator curativo do óleo de fígado de bacalhau não
era a vitamina A, mas sim outra substância lipossolúvel. Essa substância, mais tarde, foi
identificada como vitamina D.
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contêm apenas pequenas quantidades deste composto, o que não permite adequada síntese de
vitamina D, logo esse animais dependem quase que exclusivamente da dieta.
Ergocalciferol Colecalciferol
Metabolismo da vitamina D
Inicialmente, a vitamina D foi identificada como um cofator para reações que serviam para
manter os níveis de cálcio e fósforo. Investigações durante os anos de 1960 e 1970 levaram à
sequência de eventos do metabolismo da vitamina D.
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O ergocaciferol e o colecalciferol não são biologicamente ativos, mas são convertidas in
vivo na forma ativa da vitamina D por reações sequenciais de hidroxilação. A primeira reação
ocorre na posição 25 e é catalisada por uma hidroxilase específica, no fígado. O produto da
reação, 25-hidroxicolecalciferol (25-OH-D3), é a forma predominante da vitamina D no plasma
e a principal forma de armazenamento da vitamina. Essa forma é posteriormente hidroxilada na
posição 1 pela 25-hidroxicolecalciferol-1-hidroxilase específica, encontrada principalmente no
rim, resultando na formação de 1,25-diOH-D3 (vitamina D3 ou calcitriol). Essa hidroxilase,
assim como a 25-hidroxilase, no fígado utiliza citrocomo 450, oxigênio molecular e NADPH.
Uma hidroxilase, a 25-OH-D 24-hidroxilase, é responsável por catalisar a produção de 24,25-
(OH)2D3, ativada em estado de hipercalcemia. No entanto, sua atividade é controversa. Há
evidências de que essa forma é requerida para algumas respostas biológicas atribuídas à
vitamina D. Alguns pesquisadores constataram que a eclosão é marcadamente aumentada se
ambas 1,25-(OH)2D3 e 24,25-(OH)2D3 forem administradas em ovos embrionados provindos de
galinhas com raquitismo (deficiência de vitamina D).
O 1,25-diOH-D3 é o mais potente metabólito da vitamina D. Sua formação regulada pelos
níveis plasmáticos de íons fosfato e cálcio . A atividade 25-hidroxicolecalciferol-1-hidroxilase
aumenta diretamente em função de baixo fosfato plasmático, ou indiretamente por diminuição
do cálcio no plasma, que dispara a liberação do hormônio paratireoidiano (PTH). A
hipocalcemia causada por deficiência de cálcio na dieta resulta em níveis elevados de 1,25-
diOH-D3 no plasma. A atividade de 1-hidroxilase é diminuída por excesso de 1,25-diOH-D3.
Funções da vitamina D
As vitaminas D são um grupo de esteroides que apresentam funções semelhantes às dos
hormônios. Como os hormônios esteroides, o produto, a molécula ativa 1,25-
diidroxicolecalciferol (1,25-diOH-D3), regula a expressão gênica interagindo com receptores
proteicos nucleares específicos.
O 1,25-diOH-D3 estimula a absorção intestinal de cálcio e fosfato. Os dois lugares de maior
ação do calcitriol em relação a homeostase do cálcio são os ossos, onde age rapidamente nos
osteoblastos em conjunto à resposta do PTH à hipocalcemia, e intestino, onde a resposta é mais
por um período mais longo. Essa molécula entra na célula intestinal e liga-se a um receptor
citosólico. O complexo 1,25-diOH-D3-receptor move-se para o núcleo, onde interage
seletivamente com o DNA celular. A captação de cálcio será aumentada por haver maior síntese
de uma proteína ligadora de cálcio específica, a calbindina. Mecanismo típico dos hormônios
esteroides. A calbindina influencia o movimento do cálcio através das células intestinais, a
ligação do cálcio a essa proteína permite que os níveis desse mineral se elevem no meio
intracelular. O colecalciferol também estimula a produção de ATPases dependentes cálcio e
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sódio, que facilitam o movimento vetorial de cálcio para fora da célula intestinal e para dentro
da circulação.
Além disso, a vitamina D3 é indiretamente requerida para a mineralização óssea durante o
crescimento do esqueleto. Receptores de vitamina D, nos ossos, estão localizados nos
osteoblastos, eles controlam a síntese e secreção de proteínas específicas nos osteoblastos, como
a osteocalcina, osteopontina, colágeno e fosfatase alcalina.
Os receptores de vitamina D são encontrados em um grande número de células, desde células
do músculo esquelético até células importantes para a imunidade e funções fagocíticas, como os
macrófagos.
Distribuição da vitamina D
A vitamina D é encontrada em maiores quantidades em peixes, particularmente, em peixes
de água salgada, como o salmão, as sardinhas e óleos de fígado de peixe. Muitas plantas contêm
derivados hidroxilados do ergosterol, alguns deles com potente atividade de vitamina D.
Indicações clínicas
A deficiência de vitamina D causa a desmineralização dos ossos, resultando em raquitismo
nos filhotes e em osteomalacia nos adultos. O raquitismo caracteriza-se pela formação contínua
de matriz de colágeno nos ossos, mas com mineralização incompleta, resultando em ossos
flexíveis e maleáveis. Os ossos se apresentam frágeis, com possibilidades decorrentes de
fraturas até espontâneas, além de terem seu crescimento alterado, principalmente observável nos
ossos longos como o fêmur, tíbia, úmero e costelas, e mesmo nos ossos do crânio. Os ossos
longos das extremidades, como aqueles das pernas, tendem a se arquearem ocasionando defeitos
de aprumo (postura) desses animais, devido à fragilidade com consequente flexibilidade maior
desses próprios ossos. Por ser de ocorrência na fase do crescimento, tais defeitos de aprumo são
praticamente insanáveis na vida adulta. Na osteomalácia, a desmineralização de ossos
preexistentes aumenta a suscetibilidade a fraturas.
O raquitismo renal (osteodistrofia renal) resulta de insuficiência renal crônica e, portanto, da
diminuição na capacidade de produzir a forma ativa da vitamina D. A administração de 1,25-
diOH-colecalciferol é uma terapia de reposição eficiente.
No hipoparatireoidismo a ausência do hormônio paratireóideo causa a hipocalcemia e
hiperfosfatemia. Esses pacientes podem ser tratados com qualquer forma de vitamina D,
juntamente com o hormônio paratireoideo.
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Toxicidade e requerimento da vitamina D
A maioria dos animais requer 5 μg ou menos de vitamina D por 1000 Kcal da dieta. Quando
a ingestão excede 5 a 10 vezes essa quantia, há o risco de toxicidade. Caracterizado por
hipercalcemia e calcificação de tecidos moles particularmente nos vasos sanguíneos dos
pulmões, rins e coração. Doses muito altas da vitamina (100 vezes o requerimento) podem
resultar em balanço negativo de cálcio, porque a resorção óssea é acelerada. Algumas plantas
(Solanum malacoxulon, Cestrum diurnum e Trisetum flavescens) contêm compostos com
atividade de vitamina D (formas glicosadas de dihidroxivitamina D), e o consumo dessas
plantas por animais herbívoros pode levar à toxicidade e causar calcinose manifestada por
deposição de cálcio nos tecidos moles.
A vitamina D é a mais tóxica de todas as vitaminas. Como as demais vitaminas
lipossolúveis, a vitamina D pode ser armazenada no organismo, sendo apenas vagarosamente
metabolizada. Doses altas (100.000 UI por semana ou meses) podem causar perda de apetite,
náuseas, sede e estupor.
Vitamina K
Introdução
Em 1929, Henrik Dan reportou o que foi a primeira ideia sobre o papel essencial do
colesterol na dieta de frangos. Ele notou que as aves alimentadas com dietas em que foram
utilizados solventes apolares para remover esteróis, desenvolveram hemorragias musculares e
esse sangue parecia coágulos. Estes estudos foram estendidos por MacFarland, que observou
que defeitos de coagulação em aves alimentadas com dietas baseadas em extrato lipídico de
peixe ou farinha de carne. MacFarland mostrou que esse defeito não podia ser revertido com o
uso de outras vitaminas conhecidas, como consequência, a doença hemorrágica em frangos foi
associada com um novo fator, designado de vitamina K. Mais tarde, foi demonstrado que a
doença hemorrágica em frangos podia ser revertida com extrato de alfafa. Em 1940, se tornou
claro que substâncias sintetizadas por bactérias também possuíam atividade de vitamina K.
Informações também se tornaram disponíveis a respeito de um composto em trevo e gramíneas
estragados que pareciam ser causa de desordens hemorrágicas em bovinos e serviam como
antagonista da vitamina K.
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Funções da vitamina K
A vitamina K existe em diversas formas, por exemplo, nas plantas como fitoquinona
(vitamina K1) e nas bactérias da flora intestinal como menaquinona (vitamina K2). Para a
terapia, está disponível um derivado sintético da vitamina K, a menadiona.
O principal papel da vitamina K é a modificação pós-traducional de vários fatores de
coagulação sanguínea, em que essa vitamina serve como coenzima na carboxilação de certos
resíduos de ácido glutâmico presentes nessas proteínas.
A vitamina K é necessária para a síntese hepática de protrombina e dos fatores de coagulação
sanguínea II, VII, IX e X. Essas proteínas são sintetizadas como moléculas precursoras inativas.
A formação dos fatores de coagulação requer carboxilação de resíduos de ácido glutâmico, que
é dependente de vitamina K. Com isso, forma-se um fator de coagulação maduro, que contém γ-
carboxiglutamato (Gla) e é capaz de subsequente ativação. Essa vitamina serve como um
cofator para carboxilases microssomais que são responsáveis pela formação de GLA. A reação
requer O2, CO2 e a vitamina K. Apenas a forma reduzida da vitamina K serve como cofator,
logo o sistema de reduções é necessário para a regeneração da vitamina, e uma das formas
intermediárias é a vitamina K epóxido. Desse modo, torna-se aparente que muitos antagonistas
da vitamina K funcionam como inibidores das enzimas redutases importantes para a
regeneração da vitamina K. A formação de GLA é sensível à inibição por dicumarol,
anticoagulante de ocorrência natural nas células de trevo cheiroso em deterioração, e por
warfarina, análogo sintético da vitamina K. A warfarina inibe a formação da protrombina ativa,
é um potente rodenticida e uma droga anticoagulante para tratar pacientes em risco por
coagulação excessiva, como pacientes cirúrgicos e trombose.
Os resíduos da GLA da protrombina são bons quelantes de íons cálcio, carregados
positivamente, devido à presença de dois grupos carboxilato adjacentes, negativamente
carregados. O complexo prototrombina-cálcio é então capaz de ligar-se a fosfolipídeos
essenciais para a coagulação sanguínea, na superfície das plaquetas. A ligação às plaquetas
aumenta a taxa de conversão proteolítica de protrombina em trombina. A protrombina é uma
enzima proteolítica que quebra liagações peptídicas na proteína sanguínea fibrinogênio para
convertê-la em fibrina, a proteína fibrosa insolúvel que mantém unidos os coágulos sanguíneos.
O GLA está também presente em outras proteínas, por exemplo, na osteocalcina dos ossos
nas proteínas envolvidas na degradação dos coágulos sanguíneos.
Indicações clínicas
A deficiência de vitamina K é incomum, pois quantidades adequadas são produzidas pelas
bactérias intestinais ou obtidas pela dieta sob a forma K2 (menaquinona). Se a população
bacteriana diminui, por exemplo, pelo uso de antibióticos, a quantidade de vitamina formada
endogenamente diminui e pode levar à hipoprotrombinemia em indivíduos subnutridos. Certas
cefalosporinas de segunda geração podem causar hipoprotrombinemia. Em função disso, seu
uso geralmente é associado à suplementação de vitamina K. A deficiência de vitamina K
costuma estar associada a síndromes de má absorção ou ao uso de anticoagulantes
farmacológicos.
Recém-nascidos possuem intestinos estéreis e, inicialmente, não possuem as bactérias que
sintetizam a vitamina K. Profilaticamente, a administração intramuscular de vitamina K pode
ser indicada contra doenças hemorrágicas.
Toxicidade da vitamina K
Poucos perigos são atribuídos à ingestão de vitamina K por longo tempo e em doses de 10-
100 mg por kg na dieta sob a forma filoquinona. Porém, a menadiona em doses de 10-100 μg
por kg na dieta podem agir como pró-oxidantes, e sua alta concentração na dieta pode produzir
hemólise. A administração prolongada pode produzir anemia hemolítica e icterícia em filhotes,
devido a efeitos tóxicos na membrana dos eritrócitos.
Filoquinona, assim como, a menadiona devem ser usadas parenteralmente para tratar animais
que ingeriram warfarina e outros anticoagulantes.
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Vitamina E
Introdução
Em 1920, Herbert Evans e Kathryn Bishop observaram que ratos desenvolviam problemas
reprodutivos, quando alimentados com dieta contendo gordura rançosa, a menos que fossem
suplementados com alface ou trigo. Mais tarde, foi descoberto que óleo de gérmen de trigo
continha um princípio ativo que parecia ser responsável por melhorar a performance
reprodutiva. O composto foi designado como vitamina E por Sure, e mais tarde como α-
tocoferol, do grego “tokos” que significa nascimento ou reprodução. Em 1940, um número de
compostos da família tocoferol foi identificado e purificado. Com a elucidação das estruturas do
tocoferol, estudos demonstraram que falha embrionária podia resultar da deficiência de vitamina
E. Pappenheimer, Olcott, e outros observaram que degeneração muscular também era comum
na deficiência dessa vitamina. Posteriormente, outros sinais e sintomas foram identificados,
incluindo diátese oxidativa, encefalomalácia em frangos, necrose hepática e anemia hemolítica
em outros animais com deficiência de vitamina E.
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Tocoferol
Tocotrienol
Tocol
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Funções e metabolismo da vitamina E
Os tocoferóis são os únicos, dentre as vitaminas, que agem primariamente como
antioxidantes, ou seja, eles não servem como cofatores e não estão envolvidos diretamente
como fatores específicos na regulação celular. Primariamente, essa vitamina protege os ácidos
graxos insaturados da camada fosfolipídica da membrana celular. A fração quinona dos
tocoferóis é capaz de desativar radicais livres, como os radicais de hidrogênio (H·), radicais
superóxido (O2·), radicais hidroxila (OH·) e outros radicais derivados de lipídeos (LOO·).
Membranas celulares contém vitamina E na concentração de 1 mg a cada 5-10 g de lipídeos
de membrana, uma concentração suficiente para retardar a oxidação dessas membranas.
Lipídeos de membrana estão constantemente envolvidos nos processos de turnover e reparação.
A vitamina E permite à célula tempo para regenerar a membrana lipídica de um dano através do
processo normal de turnover celular.
Os tocoferóis, antes de serem absorvidos, integram micelas no intestino. Seguindo a
absorção, a vitamina é transferida para a linfa associada aos quilomícrons e derivados intestinais
de VLDV, similar ao que ocorre com outras vitaminas lipossolúveis. A proteína transferidora de
fosfolipídeos, que acelera trocas e transferência de vitamina E entre lipoproteínas, mostra alta
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Distribuição e necessidades de vitamina E
Vários fatores podem influenciar a concentração de tocoferóis na célula. A vitamina E está
na última linha de defesa contra oxidação lipídica. Consequentemente, enzimas como
superóxido dismutases, catalase, glutation peroxidase e outros sistemas de defesa contra
oxidação podem moderar a necessidade por vitamina E. Alta ingestão de ácidos graxos poli-
insaturados aumenta o requerimento de vitamina E, devido a seu eventual depósito nas
membranas celulares e aumenta da suscetibilidade à oxidação. A principal fonte dietética de
tocoferol são óleos vegetais, ao passo que, o fígado e ovos contêm quantidades moderadas dessa
vitamina.
Deficiência de vitamina E
A deficiência de vitamina E está quase inteiramente restrita a prematuros. Quando observada
em adultos, normalmente está associada com defeitos na absorção ou no transporte de lipídeos.
Os sinais de deficiência de vitamina E incluem a sensibilidade dos eritrócitos a peróxidos e o
aparecimento de membranas celulares anormais.
Referências bibliográficas
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