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00 história: Uma nova proposta de abordagem da história da arquitetura brasileira | vitruvius

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141.00 história ano 12, fev. 2012

Uma nova proposta de abordagem da história da arquitetura


brasileira
Carlos Alberto Cerqueira Lemos

141.00 história
sinopses
como citar

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original: português

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141

141.01 crítica
A lógica na arquitetura
Bruno Roberto Padovano

141.02 artes plásticas


Igreja de Gesú, Roma
Estranhas paisagens
Foto Victor Hugo Mori
Marta Bogéa

Cremos tenha sido o crítico de arte e ensaísta argentino Damián Bayón o 141.03 cinema
primeiro a escrever sobre as condições em que ocorreu a produção Coriolano, nosso
artística do Novo Mundo face à experiência milenar europeia (1). No Velho contemporâneo
Continente, em suas variadas regiões, a arquitetura, como as demais artes Shakespeare pelas
em geral, se desenvolveu num continuum onde, com muita precisão, a lentes de Ralph Fiennes
produção de bens se compartimenta em definidos períodos, cada qual com Slavoj Žižek
suas características locais singulares. Isso permite aos historiadores e 141.04 design
críticos distinguir com exatidão os artefatos daqui e dali; a sucessão de Cabeça, mãos e alma
eventos significativos, cuja cronologia e locus demarcam etapas de um Reflexões sobre design
caminho lentamente percorrido pelo homem sensível às coisas da estética. e artesanato na América
A eles, é fácil percorrer a seqüência dos estilos e das técnicas no Latina
universo europeu. Adélia Borges

Na América, ao contrário, como nos disse Bayón, em aula na Faculdade de 141.05 arte e cultura
Arquitetura e Urbanismo da USP, todos os gostos e estilos desaguaram O Ca’ d’Oro nas góticas
misturados de roldão na produção artística do mundo americano, cujos águas de Veneza
artífices ignoravam candidamente o que fosse antecedente ou conseqüente Adson Cristiano Bozzi
naquela barafunda de estilemas trazidos sem maiores explicações. Os Ramatis Lima
primeiros agentes culturais aqui arribados, tenham sido engenheiros 141.06 obra de
militares, ou arquitetos inseridos no corpo das ordens religiosas, ou arquiteto
mestres de risco reinóis avulsos, todos eles, com diferenciadas Hans Broos
informações ou experiências, trouxeram em suas bagagens as lições de seus Singularidades do
mestres e, outrossim, esmaecidas pela distância, as recomendações dos pensamento e da obra de
tratadistas do renascimento e do maneirismo enquanto guardavam em suas um mestre
saudades as aparências das antigas capelas, igrejas e mosteiros românicos Karine Daufenbach
de suas velhas aldeias rurais, de Braga, do Porto ou de Lisboa. E já
cerca de duzentos anos após Cabral, se alastrou pelo litoral canavieiro o 141.07
barroco introduzido no Reino pelos arquitetos e escultores italianos. The Old Story of a
Depois, ainda, com data marcada, encerrando o tempo colonial, chegou-nos ‘New’ Imperative
o neoclássico francês pelas providências do corpo diplomático da corte Sustainability and
fugida justamente de Napoleão, em 1808. Foi o estilo oficial do nosso Informal Housing within
Império. Architectural Discourse
Christine Taylor Klein
Essa a circunstância brasileira onde, no cenário edificatório anterior a 141.08
dom João VI, na maioria das ocasiões, uma manifestação estilística Urbanidade e a
qualquer, uma modinatura específica, um agenciamento ou um partido qualidade da cidade
arquitetônico determinado dificilmente poderão indicar sozinhos, sem o Douglas Aguiar
auxílio de documentos, a época de sua ocorrência ou mesmo situar uma
construção numa cronologia qualquer. Aquele mesmo citado rei, como
veremos, mal chegado ao Rio, por exemplo, inaugurou a igreja de Santa
Cruz dos Militares, magnífico exemplar maneirista calcado na Gesú de
Roma. Os estilos aqui chegaram verdadeiramente em tempo real de seu
percurso cronológico só a partir dos franceses da chamada Missão.

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Vista da Igreja de Santa Cruz dos Militares, Rio de Janeiro RJ. Aquarela de
Richard Bates, século 19 [Wikimedia Commons]

Entre nós, aqueles acima citados agentes culturais, atuando nos


principais centros econômicos do litoral, sobretudo na costa açucareira
nordestina, tiveram suas influências absorvidas empiricamente pelos
construtores locais através da observação e cópia de obras destinadas ao
Governo, à Igreja, à classe dominante agrária ou aos comerciantes
enricados. Os exemplares arquitetônicos sucessivos, cada vez mais
afastados dos modelos originais, acabaram propiciando “contaminações” e
despoliciamentos das normas estilísticas sugerindo um singular ecletismo
precursor daquele histórico do século XIX.

Essa disseminação aleatória de estilos ou de maneiras de fazer, ao longo


do tempo, acompanhada de uma diluição das normas acadêmicas e dos
aspectos “eruditos” fez surgir uma arquitetura de alto interesse, onde o
lado antropológico não pode ser olvidado porque tem presença marcante
explicando justamente aquela “circunstância americana” relativa à
arquitetura onde o esquecimento das regras propicia obras de recriação do
maior valor. De fato, essa constatação nos fez lembrar da reação de um
certo editor italiano ao título de uma obra a ele oferecida falando em
“arte no Brasil”, exigindo que a publicação somente tratasse de “l’arte
del Brasile”, porque naqueles dias comemorativos dos 500 anos da
descoberta da América, o que realmente interessava aos estudiosos
europeus era conhecer a contribuição original do artista brasileiro
pertencente a uma distinta sociedade miscigenada na qual também índios e
negros tiveram atuação relevante (2).

De fato, nas comemorações à volta do feito de Colombo, o que despertava


curiosidade era justamente aquilo que o artista apartado na América
devolvia ao europeu a partir do seu isolamento digerindo os preceitos
ibéricos arribados com as caravelas. O que deveria ser mostrado a todos
seriam, por exemplo, adaptações ao meio ambiente, ao clima, à nova
sociedade mestiça a partir da inventividade do autóctone que sabia coisas
da Europa só por ouvir dizer.

Com efeito, de início, muitos fatos aconteceram modificando a arquitetura


trazida pelos recém-chegados. Vieram ao Brasil as pessoas mais variadas,
do norte ou do sul lusitano, sabendo procedimentos os mais diversos, ou
não conhecendo nada de mais, de modo que nunca houve um consenso sobre
como agir coletivamente no quadro das construções naquele ambiente falto
dos materiais mais comezinhos na pátria distante. Aqui, tão somente
haviam de aproveitar dos recursos do meio ambiente e se utilizar do saber
fazer dos índios até a definição dos sincretismos inevitáveis e do uso
dos demorados e sucessivos meios vindos da pátria distante. Foi um começo
difícil.

No processo cultural brasileiro aconteceram situações singulares que


definiram e qualificaram a arquitetura nacional desde os tempos de
Colônia até hoje. Deste modo, assim pensamos, temos que identificá-las e
acompanhar suas existências pelo tempo afora no vasto Brasil. Numa
metodologia de abordagem dessa produção “americana” chamemos essas
situações singulares de “conjunturas”, a nosso ver, em número de quatro,
a saber: Primeira Conjuntura, a relativa ao meio ambiente; Segunda
Conjuntura, a própria da nova sociedade; Terceira Conjuntura, a
proporcionada pelas regras, ordenações do reino, constituições, códigos,
posturas municipais e breves papais referentes às atuações da Igreja no
Brasil colonial; Quarta Conjuntura, em síntese, seria aquela à volta dos
procedimentos referentes às atividades dos arquitetos e construtores face
às três conjunturas anteriores, quando, também, estará presente a
intenção plástica. Enfim, nesta Quarta Conjuntura estaria definido o
partido arquitetônico, que é a consequência formal, tangível ou visível
daqueles condicionantes e determinantes atrás arrolados.

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Certamente podemos relacionar variadas ocorrências peculiares de cada uma
daquelas conjunturas numa tentativa de buscar a viabilidade dessa ideia
de substituir o modo atual de dividir nossa história da arquitetura em
períodos ligados a ciclos econômicos ou a determinadas políticas
administrativas. Essa aproximação via conjunturas, assim julgamos,
permite sejam estudadas e analisadas concomitantemente as obras
arquitetônicas desde os tempos de muito antigamente até hoje em todas as
ilhas culturais participantes do multifacetado arquipélago da civilização
brasileira.

Ruínas do forno circular da Caieira dos Jesuítas, Cubatão SP


Foto Victor Hugo Mori

Resumindo, nesta Primeira Conjuntura, vemos que, desde o início, os


variados materiais disponíveis na natureza necessariamente não
propiciaram, em todo o território, um só tipo de construção. Expliquemos:
no litoral havia rochas e calhaus em abundância e fácil obtenção de cal,
tirada dos sambaquis e das conchas do mar. Daí, sem titubeios, essa
escolha do muro contínuo de pedra entaipada sobre o chão de areia
incompressível. Em São Paulo, por exemplo, no planalto, ao contrário,
pouca pedra, cal muito cara penosamente importada das caieiras jesuíticas
de Cubatão, que exportavam somente o que sobrasse da solicitação santista
ou vicentina. E quanto à madeira, dificuldades de transporte para os
campos de Piratininga. Disso tudo resultou a natural adoção da taipa de
pilão, a exclusiva técnica dos paulistas, usada continuamente no mundo
bandeirante por três séculos e meio. Em Minas Gerais, por sua vez, por
motivos vários, as construções em geral, fora as igrejas importantes
levantadas em substituição às modestas capelas iniciais, eram de taipa de
mão, algumas de excelente fatura, mormente aquela de carpintaria
aprendida na reconstrução de Lisboa depois do terremoto de 1755.

Parede de taipa de pilão do Sítio Solidão, Guararema SP


Foto Victor Hugo Mori

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No sul, as grandes florestas entremeadas de araucárias, ao serem
devastadas pelos colonos alemães e italianos, já no século XIX, sugeriram
as construções inteiramente de tábuas, inclusive as coberturas de
plaquinhas lembrando a distante ardósia. Num segundo estágio, os tedescos
aperfeiçoaram aqui a arquitetura de enxaimel, que veio a caracterizar a
produção daquela operosa população chegada nos tempos ainda de D. Pedro
II.

Hoje, a grandeza continental do Brasil e a disforme distribuição de


recursos em paisagens variadíssimas justificam a permanência, em diversos
locais, dessa natural seleção de modos de fazer, vinda dos tempos de
Colônia. Somente nos grandes centros é que vige a tecnologia moderna, com
o império do concreto armado e com o emprego de material importado.

A questão das condições meteorológicas também está presente na primeira


situação e sua importância foi fundamental nas determinações
arquitetônicas. Já de início, todos os europeus chegaram a uma
constatação: em seus lugares de origem, o rigor do clima a ser enfrentado
era o do inverno gelado e, para tanto, acendia-se o fogo, que, por sinal,
também era usado para cozer os alimentos. Daí, desde os romanos, a pedra
do lar, do trafogueiro no âmago da moradia, recebendo a fogueira
aquecedora da família reunida; outrossim em seuslugares de arribada na
Colônia, quase que não havia a sucessão das estações, sempre a
temperatura era amena fora dos dias quentes do verão que custava a passar
e, porisso, sempre que possível, os fogões e panelas fora de casa.Em
muitos lares, mais de uma cozinha; a de dentro só para os alimentos de
cozimento rápido, para aquecer a sopa e ferver a água do mate, do chá de
congonha em São Paulo. Cozinhas dispersas,quase que ao ar livre. A
contribuição efetiva da casa européia à morada brasileira foi a
permanência do dormitório sob a cumeeira do telhado e da cama que,
lentamente foi expulsando a rede de dormir dos índios. Dissotudo, por
exemplo, a impossibilidade da mera transposição da casa integral açoriana
com seu fogão central para as colônias dos ilhéus em Santa Catarina e Rio
Grande do Sul. Aqui a situação era outra. Aqui, a casa, em vez de ser
aquecida por dentro, deveria ser refrescada por fora.

Cozinha no interior da sede da Fazenda Esperança, Paraibuna SP


Foto Victor Hugo Mori

Essa afirmativa é veraz e responsável pelo alpendre doméstico. Realmente,


na Europa e, portanto na Península Ibérica, as casas nunca foram
alpendradas. Esse tipo de cobertura existiu na Espanha e em Portugal
unicamente nas capelas rurais em conseqüência da antiqüíssima
determinação canônica, que impedia a presença de pessoas não batizadas no
templo e, para eles, foi então reservado um lugar abrigado fora da nave,
onde ficava a pia batismal. Seria esse alpendre uma versão popular
ibérica da galilé das basílicas da Igreja de Roma (3).Versão popular
repetida à exaustão no Brasil, comopodemos ver naspinturas e gravuras,
notadamente nos trabalhos de Franz Post, no Pernambuco holandês do
séculoXVII e ler nas atas da Câmara de SãoPaulo daquele mesmo século. No
núcleo bandeirante das duas primeiras centúrias todas as igrejas urbanas
eram alpendradas (4). Resta-nos apenas a pequena igreja de São Miguel, de
1622. Sem dúvida, o alpendre sombreador das paredes mestras da moradia
brasileira veio-nos da Índia, precisamente do bangalô, a construção rural
com a totalidade do telhado prolongado para fora da edificação destinado
a fazer sombra, não só às paredes, mas também, para proteger do sol seus
moradores aproveitando a brisa refrescante. A notícia do alpendre chegou-
nos trazida pela carreira das Índias, cujos navios, em suas aguadas nos
portos do Rio e Salvador, igualmente deixavam marfins, porcelanas
esmaltadas, lacas, jacas, mangas e carambolas.

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Alpendre na capela de São Miguel, São Paulo SP


Foto Victor Hugo Mori

Alpendre na capela de Montserrat, Salvador BA


Foto Victor Hugo Mori

A nosso ver, esse alpendre volteando a casa copiado dos bangalôs(nada a


ver com o bungalow americano)indianos ficou circunscrito às construções
rurais do século XVIII e XIX da atual região litorânea fluminense, nas
sedes dos antigos engenhos de açúcar e residências solarengas à volta do
Rio de Janeiro. Talvez também tenha aparecido aqui e ali em algum engenho
baiano, mas sem se tornar um modismo regional. Depois dessas citadas
ocorrências, o alpendre firmou-se na arquitetura rural brasileira em
geral, só na frente da construção, como área de intermediação entre o
público e o privado, com o esquecimento de sua função primeira de
moderador da temperatura interna da casa. Transformou-se em zona de
receber e de acesso à capela sempre presente. Em São Paulo, ao contrário,
a arquitetura domiciliar vernácula do mundo bandeirante repudiou o
alpendre porque era conveniente que a grossa parede de taipa de suas
moradas guardasse o calor da osculação solar para aquecer as dependências
à noite. O alpendre à volta da construção só apareceu em São Paulo com o
café, levado por famílias baianas fugidas da seca, que assolou a Chapada
Diamantina nas últimas décadas do século XIX (5). Hoje, é moda
inconteste.

O calor também foi o responsável pelas treliças das janelas e muxarabis,


sobretudo das casas urbanas, herdeiras diretas da arquitetura
árabe/berbere vigente em terras do sul português por cerca de seiscentos
anos. Essas rótulas e balcões gradeados apareceram pelo país todo havendo
em São Paulo, Minas, Rio, Pernambuco ou Maranhão exemplos magníficos
desse recurso amenizador da canícula, pois permitia a passagem permanente
da brisa pelos interiores da casa. Aliás,certo especialista em etimologia
de expressões árabes disse-nos certa vez que muxarabi significa
exatamente “local onde é refrescado o pote de água”, função que justifica
o balanço daquele balcão treliçado para ser cruzado lateralmente pelo
vento que sopra pela rua afora. Uma questão de física aplicada: a
evaporação da umidade da superfície da cerâmica molhada faz a temperatura
cair e a água se resfriar. É bom que se diga, somente agora com a mais
avançada tecnologia é que nossa arquitetura moderna conseguiu edifícios
climatizados de modo a driblar satisfatoriamente os rigores do calor
tropical, soluções caras, no entanto, e exclusividade dos ricos. Enquanto
isso, os pobres e remediados têm que se contentar com as inventividades
ligadas à física e o curioso é que alguns recursos interessantes, como os
quebra-sóis, inspirados por Le Corbusier, saíram de moda, como se fosse

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pecado usá-los no lugar do ar condicionado e dos vidros espelhados e
protetores dos raios ultravioletas da vida. E hoje nos esquecemos dos
esforços quase que desesperados de Oswaldo Bratke para chegar a soluções
baratas e viáveis de problemas de ventilação, isolamento térmico e
iluminação natural de casas, sobretudo as operárias, nas instalações da
Serra do Navio, no Amapá, por volta de 1949/50. O pior de tudo, ao que
parece, é que suas experiências e lições foram de pouco alcance, se não
olvidadas (6).

Muxarabi e treliçados, Diamantina MG


Foto Victor Hugo Mori

Muxarabi e treliçados, Diamantina MG


Foto Victor Hugo Mori

A Segunda Conjuntura refere-se primordialmente, na arquitetura, aos


programas de necessidades relativos às construções em geral e respectivos
desdobramentos mercê de sua permanente evolução advinda do progresso e da
mudança de hábitos manifestados ao longo do tempo, sobretudo nos anos
seguintes à Revolução Industrial. Na nova sociedade instalada na Colônia,
a partir de 1808, novos usos e costumes foram adaptados aos novos
cenários, sugerindo agenciamentos de singulares partidos arquitetônicos.
Foi na roça, entretanto, desde os primeiros dias, que as condições de
vida plasmaram as formas dos complexos rurais.

Nos ermos das distantes propriedades agrícolas instaladas em enormes


sesmarias e nos sítios formados em terras simplesmente apossadas, o dia-
a-dia, além de monótono, era falto de notícias frescas, as “novidades”
ali chegadas há muito já haviam ocorrido. Daí, bem-vindos os forasteiros.
Os maus caminhos, raros os carroçáveis, tornavam as viagens muito
demoradas e de obrigatórios pernoites. Os pousos de tropas nas estradas
do interior foram programas surgidos apenas no século XVIII para
facilitar o transporte de gêneros aos arraiais mineiros; para levar o
açúcar ituano a Santos e, na época do imperador jovem, para transportar o
café até os barcos ancorados serra-abaixo, do Rio de Janeiro para o sul.
Mas, nos tempos da produção só de subsistência e de diminuta circulação
de mercadorias, como dissemos, as viagens a pé (viajar à paulista, uma

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pessoa atrás da outra, como os índios) e a cavalo eram realmente
vagarosas e a hospitalidade nas fazendas manifestou-se naturalmente como
uma obrigação e não como virtude ou mera cortesia. É claro que tais
hóspedes viajores variavam de categoria social. Raramente surgia o
escoteiro estranho a caminho de seu destino – viajava-se em comitivas,
havia os escravos e índios “administrados” carregadores de bagagens
variadas acompanhando seus senhores brancos ou mamelucos significativos
no estamento dos mandões. Os subalternos dormiam no chão embaixo das
árvores, sob alguma coberta da sapé. Os iguais ao dono da casa em
dependências ao pé da moradia ou acopladas à própria construção,
conquanto independentes “da mais família”, como escreveu o padre Manuel
da Fonseca em sua biografia do jesuíta Belchiorde Pontes (7). Por outro
lado, um breve papal proibia terminantemente o exercício das práticas
sacras como a missa, o casamento ou o batizado promiscuamente em
dependências domiciliares. Daí, a razão de serem as capelas coloniais
independentes, sem acesso direto ao interior da residência. O dormitório
para receber pessoas de fora e a capela independente, então vieram a ser,
nos tempos de Colônia, dois elementos básicos do programa da casa rural,
não só paulista de serra-acima, mas verdadeiramente nacional, quem sabe,
americano. Assim, ficou definida uma área construída dedicada à
intermediação entre o público e o privado quase sempre determinada por um
alpendre de distribuição chamado pelo Brasil afora de “pretório”,
“corredor”, “varanda”, ou “copiar”. Alpendre térreo ou elevado, ao longo
do pavimento assobradado. Note-se que tal agenciamento deu-se, também,
nas regiões a beira-mar ou próximas do litoral, nos engenhos de açúcar do
nordeste, onde os caminhos foram substituídos pelos cursos d’água
navegáveis que levavam a produção aos portos de embarque.

Fazenda Pau d’Alho, São José do Barreiro SP; a meio caminho entre o Rio de
Janeiro e São Paulo, abrigou D. Pedro na viagem da Independência
Foto Victor Hugo Mori

Nas fazendas, a presença da mão-de-obra negra escrava foi fundamental


para dar continuidade ao fracionamento do programa em várias construções
satélites no quintal da morada principal desde os primeiros dias. Pelos
motivos do clima, do regime de trabalho, pelo cardápio e pela guarida aos
de fora, o programa de necessidades da casa roceira, de início,
determinava outrossim a mencionada zona de contato entre o público e o
privado (hóspede / capela) separada radicalmente do citado quintal, isto
é, das mulheres, mucamas e das crianças. Mulheres reclusas, inclusive nas
cidades, liberadas de sair à rua só com destino às missas, sempre
embuçadas por compridos xales arrodeando toda a cabeça como no mundo
muçulmano do Algarve e Andaluzia. Mulheres que espionavam as visitas
pelas frestas das portas. O mundo das mulheres era o quintal murado de
taipa ou cercado por grossos paus fincados no chão; o mundo confinado das
construções satélites; do moinho; do monjolo; do telheiro do fabrico de
farinha; do rancho do fogão para derreter o toicinho; para fazer o sabão
de cinzas e de desidratar o caldo da cana até transformá-lo em melado e,
depois, em rapadura. Quintal das “árvores de espinho” (cítricas em geral)
dos marmeleiros, das parreiras, jabuticabeiras, bananeiras; dos talhões
de cana para o açúcar da casa; do mandiocal para a farinha cotidiana e
mais canteiros para as couves, amendoim, batatas várias, “toda sorte de
carazes”, como disse Anchieta nos primeiros dias de São Paulo. Vasto
quintal dos chiqueiros e das galinhas. Das roupas corando ao sol. Enfim,
estão aí, as descrições dos “bens de raiz” nos inventários dos primeiros
séculos mostrando toda a dispersão das pequenas construções pelo quintal,
cada qual com sua função, ao contrário do que acontecia no reino
distante. A habitação unifamiliar do fazendeiro totalmente isolada dentro
do complexo agrícola é uma constante do Brasil colonial. Somente dos
finais do século XVIII em diante é que vemos reinóis recém-chegados,
sobretudo em Minas, Goiás e litoral do Rio a Santos, instalando engenhos
de açúcar anexados às suas moradias. Eram eles ainda simplesmente isentos
da cultura americana. Tudo como nos montes alentejanos.

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Fábrica e residência anexa no Engenho d’Agua, Ilha Bela SP


Foto Victor Hugo Mori

Somente a presença do escravo é que poderia justificar o programa dos


grandes sobrados urbanos do litoral, mormente aqueles nordestinos e, de
modo especial, os do Recife. Lúcio Costa, em um de seus memoráveis
textos, nos sugeriu e imaginamos que o negro escravo, dentro de casa,
fosse elevador carregando pelas escadas íngremes de altos degraus pessoas
achacadas, água vinda dos chafarizes, gêneros alimentícios, lenha para os
fogões instalados no último pavimento, às vezes, no quarto andar; era
esgoto, levando os barris repletos de excrementos senhoriais a serem
despejados no rio ou até no mar; era ventilador abanando os brancos
suarentos e subindo vidraças pesadas; enfim o negro-guindaste fazia a
casa funcionar.

Sobrados, Recife PE
Foto Victor Hugo Mori

Ainda na Conjuntura Segunda, podemos, na modernidade, vislumbrar


longínquos reflexos do tempo da escravatura condicionadora de programas
se atentarmos à presença da chamada “edícula” nos quintais das
residências urbanas das classes rica e média até hoje dependentes da mão-
de-obra da empregada doméstica. Comuníssimas nas grandes cidades até os
dias da Segunda Guerra Mundial e até agora planejadas nas cidades do
interior, essas dependências englobando quarto de empregada, banheiro,
lavanderia, quarto de passar ou garagem constituem uma exclusividade, ao
que parece, somente brasileira ao segregar essas funções “subalternas”.
Esse isolamento daquelas instalações de serviço logo manifestou-se
outrossim nos primeiros edifícios de apartamentos fazendo surgir em suas
plantas uma clara distinção de circulações, a dos familiares moradores
titulares e a dos empregados, faxineiros e entregadores de encomendas.
Até os elevadores eram separados e com acessos distintos. Ampla pesquisa
em bibliografia estrangeira comprova essa outra exclusividade brasileira
que, somente há poucos anos, tende a desaparecer, por variados motivos
que não precisam ser aqui relembrados (8).

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Único exemplar do séc. XIX de edifício de apartamento que subsiste parcialmente


na R. Floriano Peixoto em São Paulo, projetado por Giulio Micheli em 1896. Na
planta aparece o quarto da criada, o WC e as alcovas com aberturas para o “poço
de ventilação"

A Terceira Conjuntura refere-se a breves papalinos, determinações


canônicas; às posturas, resoluções ou normas das câmaras municipais; aos
códigos sanitários estaduais a até às ordens ou resoluções
constitucionais. Quanto às determinações de caráter religioso, já
lembramos aqui o caso da exigência de isolamento das capelas particulares
em relação à área habitacional das sedes das propriedades rurais.
Ordenações do Vaticano também tiveram reflexo nos espaços urbanos desde o
momento em que passaram a exigir distâncias mínimas entre os conventos
das variadas ordens religiosas, o que explica a trama viária de muitas
cidades do Novo Mundo, como o caso do celebrado “triângulo” formado pelas
ruas centrais históricas de São Paulo devido à localização final dos
franciscanos, antes instalados na Rua Direita, em sua ermida pioneira,
hoje igreja de Santo Antônio (9). Nos dias de Colônia, as câmaras
municipais, principalmente em Minas, timidamente procuraram normalizar as
construções procurando uniformizar os frontispícios das casas, tentando
uma “harmonia” impeditiva de personalismos; tentaram equalizar os
afastamentos e alturas das portas e janelas das construções encarreiradas
nos alinhamentos das ruas, até mesmo nas ladeiras, fato que causou muita
controvérsia e desobediências várias. Queriam inclusive continuidade dos
espigões em construções distintas, coisa de fato desejável naqueles
tempos de técnica construtiva muito limitada nos desvios de águas
pluviais.

Foi nos primeiros momentos da República positivista, no entanto, que as


construções em geral passaram a ser policiadas pelo Estado através de
leis e códigos disciplinadores não só do modus faciendi das obras mas
também como usá-las mormente atentando às questões da higiene. Pela
primeira vez, no Brasil, a lei entrava dentro das casas dizendo como elas
deveriam ser, contrariando os direitos sagrados de propriedade
equacionados pela Revolução Francesa (10). Agora, as áreas mínimas e os
pés-direitos dos cômodos teriam suas dimensões regulamentadas. Todas as
dependências deveriam ser providas de janelas garantidoras do ar e da luz
natural. Adeus às alcovas escuras e abafadas. Pisos e paredes ladrilhados
nas cozinhas e banheiros. E assim por diante. Os palacetes do ecletismo
republicano, então, inauguraram a postura envaidecedora e semostradora
garantida pelo isolamento total no centro do lote e pelas quatro fachadas
igualmente ajaezadas de ornamentação espantosa. E tudo dentro da lei.
Leis nem sempre benquistas, principalmente quando pretendem regular
gabaritos e taxas de ocupação. A história de nossa arquitetura moderna
sempre está a mostrar periodicamente solicitações ou providências
destinadas a abrandar os rigores da legislação, cujos autores às vezes
estariam pouco atentos aos alcances financeiros embutidos entre os
artigos e parágrafos bem intencionados. Leis ultrapassadas, quiçá
incômodas. Essa história nunca poderá ser contada com clareza porque
nossa arquitetura nestes tempos não depende só dos arquitetos mas também
de empreendedores, cujos modos de agir nem sempre estão dentro da
ortodoxia desejada quando vislumbram perdas ou ganhos significativos.
Isso tudo para não falarmos da corrupção pura e simples que não precisa,
pelo contrário, de revogação de prescrição legal alguma. E as cidades
crescem à mercê dos caprichos do capitalismo.

A Quarta e última Conjuntura reúne as questões do saber fazer, os


problemas da arte de construir, as intenções estetizantes e a adoção de
estilos pelo Brasil afora, ontem e agora na modernidade. Evidentemente,
os praticantes ou profissionais nela envolvidos em suas atuações, de modo
necessário, têm que se louvar nos recursos e orientações vigentes, depois
de vistas as determinações ou condições expressas nas Conjunturas
anteriores. Disso tudo, resultará aquilo que chamamos de partido
arquitetônico, isto é, a formalização definitiva do bem arquitetônico.

Nesta Conjuntura Quarta, ao longo do tempo, podemos perceber algumas


linhas de conduta ou melhor, ações coletivas dirigidas por
posicionamentos comuns face a estilos; a determinadas soluções,
agenciamentos ou a modos de satisfazer certos programas, que podem levar
à identificação de soluções paravernaculares regionais no universo
cultural brasileiro. Algumas dessas correntes poderão ser exemplificadas
rapidamente.

A primeira delas, talvez a mais importante em nossa arquitetura colonial,


foi a sob responsabilidade dos engenheiros militares atuantes sobretudo
na costa brasileira. Como indica a sua denominação vieram aqueles
profissionais edificar fortificações e, é bom que se diga, tais obras
eram pretensamente defensivas mas, primordialmente, tinham a função de
demarcar a posse portuguesa do território brasileiro. Naqueles dias da

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recente descoberta das armas de fogo, as construções militares estavam  a
atender uma nova determinação: nada de torres ou elevações, agora,
muralhas baixas confundindo-se com o horizonte, deixando de ser alvos
fáceis. Uma nova tecnologia construtiva surgiu e logo os engenheiros
italianos se especializaram para seguir as condições impostas pela
chamada pirobalística. Foi nos tempos dos Felipes de Espanha, que
reinaram em Portugal no período de 1580 a 1640. Nessa ocasião, toda a
defesa dos portos e das divisas foi reformulada com o total abandono dos
castelos e torres medievais por serem inúteis. Tiburcio Spanocchi,
celebrado engenheiro militar italiano, com outros conterrâneos, foi o
orientador dos fortificadores ibéricos. Assim, os engenheiros militares
portugueses, não só foram introduzidos às modernas concepções
fortificatórias, às novas técnicas construtivas, comotambém conheceram o
estilo maneirista, a nova linguagem dos italianos, que antecedeu ao
barroco. Estilo aplicado nas construções do interior das fortalezas e em
obras militares em geral, que passou a ser considerado indissociável da
atuação profissional. A arquitetura dos soldados portugueses nãoconheceu
o barroco, foi diretamente das lições dos tratadistas como Vignola para o
neoclássico histórico, que começou a reger o gosto arquitetônico do
Brasil imperial mercê da atuação da Missão Francesa. Exemplo
significativo desses alto na História da Arte está na igreja de Santa
Cruz dos Militares, no Rio de Janeiro, projetada no último quartel do
século XVIII pelo brigadeiro José Custódio de Sá e Faria francamente
inspirada na Gesù de Roma, que teve como último arquiteto Giacomo Della
Porta. Foi inaugurada no início do século seguinte por D. João VI, já nos
dias da aceitação do neoclássico de Napoleão. Na mesma época, em São
Paulo onde imperava a taipa de pilão, técnica pobre de poucos recursos, o
engenheiro militar João da Costa Ferreira, ao projetar o quartel de
milícias da cidade, pespegou no eixo de simetria da fachada um
frontãozinho triangular, único estilema de seu repertório maneirista
permitido pela terra socada entre taipais. Pequeno frontão que levou
alguns desavisados a chamá-lo de proto-neoclássico quando, na verdade,
ainda tinha vínculos com o renascimento (11).

Forte das Cinco Pontas, Recife PE


Foto Victor Hugo Mori

Palácio neoclássico do Itamarati, Rio de Janeiro RJ


Foto Victor Hugo Mori

Os engenheiros militares, no isolamento da Colônia, naturalmente foram


impelidos a prestar auxílio à população ajudando a construir os edifícios
definitivos em substituição aos primitivos exemplares sincréticos
levantados com materiais e técnicas emprestadas dos habitantes locais,
sobretudo conventos e igrejas. Nesta hora não podemos nos esquecer de
Francisco Frias de Mesquita, o operoso militar do século XVII, que
projetou e construiu, além de fortalezas, igrejas e conventos pelo
litoral do país, de São Luís do Maranhão até o Rio de Janeiro passando
pelo Rio Grande do Norte e Salvador. Obra de maior significado na
arquitetura religiosa de Francisco de Frias, como também era conhecido, é
o mosteiro e igreja de São Bento, no Rio. A partir dele e de

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recomendações que deixou sobre novas técnicas construtivas é longa a
história de sucessivos engenheiros militares ajudando aos colonos
levantar paredes, cobri-las e pintá-las com maestria. Devido a isso, por
exemplo, em São Paulo, o engenheiro militar João da Costa Ferreira foi
elogiado pelo governador-general Bernardo José de Lorena, que mencionou
ter sido ele amado pelo povo devido à sua atuação ensinando a todos como
construir bem com as disponibilidades locais. Não só foram importantes no
saber fazer, também os engenheiros militares influíram no gosto, e
participaram da difusão de estilemas do maneirismo. O brigadeiro José
Fernandes Pinto Alpoim, homem do conde de Bobadela, no Rio, por exemplo,
é considerado o difusor das vergas de arco abatido nas janelas e portas
nos meados do século XVIII a partir de seu projeto do Palácio dos
Governadores de Ouro Preto. Enfim, cabe àqueles técnicos o mérito de
disseminarem pelo Brasil uma só arquitetura, de Porto Alegre a Belém
dando a razão ao engenheiro francês Louis Léger Vauthier, no Recife, em
meados do século XIX, quando proferiu um chute veraz: “Quem viu uma caza
brasileira, viu todas” (12).

Palácio dos Governadores, Ouro Preto MG


Foto Victor Hugo Mori

Igualmente aos engenheiros militares, religiosos travestidos de


arquitetos também deram a sua contribuição levantando obras assemelhadas
constituindo um rol de exemplares magníficos distribuídos pelo Brasil,
mormente no Nordeste. É o caso dos mosteiros e templos franciscanos
portando galilés, cuja obra prima é o Convento de Santo Antonio, de João
Pessoa.

O uso da madeira nas estruturas autônomas, na impossibilidade do emprego


por variados motivos dos muros contínuos de pedras, tijolos ou mesmo de
taipa de pilão, fez surgir nessa Conjuntura Quarta construções de
bastante interesse arquitetônico e antropológico. É o caso das casas
palafitas da Bacia Amazônica; das construções de taipa de mão; das
moradias de tábuas dos poloneses do Paraná; das casas ditas de enxaimel
dos alemães de Santa Catarina e das construções da colônia japonesa do
Vale do Ribeira, em São Paulo.

Residência da família Fukusawa, Registro SP


Foto Victor Hugo Mori

Dentre os exemplos acima citados, certamente, a taipa de mão participando


de estruturas autônomas de madeira é a modalidade que mais variações
construtivas apresentou ao longo do tempo pelas múltiplas regiões do
país. No entanto, tais alternativas podem ser divididas em dois grandes
grupos: as surgidas antes do terremoto de Lisboa, em 1755, e as
aperfeiçoadas a partir daquele cataclisma. Expliquemos. As construções de
grande envergadura de madeira lavrada não eram o forte da arquitetura
portuguesa e conseqüentemente os paramentos de taipa de mão não
apresentavam nenhum requinte memorável e, diga-se de passagem, o
ferramental disponível para o manuseio de madeirame era bastante

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primitivo. Toda essa vulgaridade técnica foi passada à Colônia na bagagem
dos emigrantes lusos. Foi na reconstrução da capital do Reino que se
tomou conhecimento das estruturas “eruditas” dos países nórdicos da
Europa e de lá é que chegaram a Lisboa os carpinteiros para ensinar o uso
de estruturas então imaginadas para minorar ou evitar os desmoronamentos
das construções em outros prováveis terremotos. Assim, os engenheiros
militares e seus carpinteiros aprenderam novas maneiras de lidar com a
madeira usando novas ferramentas e novas sambladuras. Na segunda metade
do século XVIII, os governadores-generais das variadas capitanias e seus
séquitos de técnicos puderam trazer à Colônia novidades como essa da nova
arquitetura de madeira junto a outras inovações nascidas nos primórdios
da Revolução Industrial. Esse novo sistema construtivo recebeu aqui o
nome de “pau-a-pique”, justamente por possuir paus roliços verticais
cravados ao mesmo tempo nos baldrames e nos frechais, enfiados em furos
idênticos e largos possíveis graças aos recentestrados, os sucessores das
verrumas de diminuto diâmetro. Essa foi a carpintaria levada para Minas
Gerais e para as fazendas de café de São Paulo, não sendo entre nós, no
entanto, correta a denominação portuguesa “gaiola” por não ser a armação
destinada a enfrentar terremotos.

Parede de pau-a-pique, São Luiz do Paraitinga SP


Foto Victor Hugo Mori

Por falar em estruturas autônomas, o contraponto dos muros contínuos,


nesta conjuntura quarta, há muito o que dizer sobre o concreto armado.
Ele chegou-nos como novidade depois de bem instalado o ecletismo
arquitetônico sempre apoiado nas alvenarias, sobretudo de tijolos. Em
SãoPaulo, em 1907, o arquiteto Victor Dubugras projeta pequena estação de
estrada de ferro em Mairinque usando concreto entremeado a vergalhões de
ferro em tetos abobadados com nervuras aparentes chamando a solução de
“concreto armado” e com tal nome foi seu trabalho criticado e elogiado na
revista da Escola Politécnica daquele ano.Já há algum tempo essa
denominação se referia à presença de peças metálicas, até de arames,
justapostos a argamassas variadas, como hoje existem as “argamassas
armadas” de grande sucesso. Na verdade, o que agora conhecemos por
concreto armado foi regulamentado e praticado com rigor científico, na
capital paulista, pelo engenheiro-arquiteto Hippolyto Gustavo Pujol Jr.,
professor da Escola Politécnica, em cujo laboratório de ensaios de
materiais de construção fez o primeiro acompanhamento de obra, aliás,
projeto de sua autoria, na Rua Direita, em 1912 (13). De início, o
concreto armado não teve a oportunidade de se popularizar com rapidez
devido, principalmente, às dificuldades de obtenção de aço e cimento
importados. Aqui, a demanda do calcáreo apropriado era muitíssimo maior
que a incipiente produção nacional, que, na verdade, somente a partir da
segunda metade dos anos 1920 foi capaz de satisfazer às necessidades do
mercado em expansão desde o armistício de 1918, quando foram retomadas as
obras em geral, sobretudo as ferroviárias com os seus túneis e viadutos.
A nossa produção de cimento antecedeu cerca de duas décadas a primeira
grande siderúrgica, a de Volta Redonda, conseguida graças a Getúlio
Vargas em suas tratativas políticas com o governo americano no fim da
Segunda Guerra Mundial em 1945. Desta data em diante, o concreto armado
deslanchou entre nós quando assumimos um saber fazer excepcional, graças
ao qual nossa arquitetura moderna se tornou referência mundial.

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Estação Ferroviária, Mairinque SP


Foto Victor Hugo Mori

Desde os tempos iniciais, das pioneiras feitorias e das atividades dos


donatários, até hoje, muitas águas passaram sob várias pontes e nesta
Quarta Conjuntura relativa às operações, aos procedimentos, às atuações
dos arquitetos temos que levar em conta que a globalização lentamente
está a esmaecer o multicolorido panorama cultural mundial, fazendo
desbotar os caracteres regionais tendendo a tornar todo o ecúmeno numa só
paisagem cinzenta. No Brasil, nas grandes cidades e nas metrópoles, como
São Paulo, vemos que programas de necessidades em geral, que as técnicas
construtivas e que as apreciações estéticas já estão definitivamente
atreladas às soluções universais gestadas nos ditos países ricos. Assim,
essa nossa ideia de abordar a história da arquitetura brasileira através
das quatro conjunturas agora alvitradas parece que seja factível somente
até o fim de nosso tempo colonial, pois a partir de 1822, da Missão
Francesa e do seguinte ecletismo desenfreado trazido pelos imigrantes,
donos de novas técnicas e portadores de novos materiais, teve início o
processo de universalização de nossas condutas. Isso é verdade, mas não
podemos nos esquecer, no entanto, que a enormidade do tamanho do nosso
país continua acolhendo regiões ou nichos, como gostam de dizer, em que
as condições permanecem as mesmas do passado. Seja como for, julgamos que
a brasilidade ainda existe nas atuações individuais de certos arquitetos,
em cuja bagagem mental perduram herdados ou adquiridos resquícios da
tradição nacional ou vestígios de nosso passado americano. Arquitetos
talentosos em cuja obra se estampa a criação singular, eminentemente
pessoal e única, na qual, no entanto, é percebida a nossa nacionalidade.
Se Oscar Niemeyer fosse um arquiteto japonês jamais teria concebido a
obra-prima que é a igreja de São Francisco de Assis da Pampulha. Este é
um simples exemplo para encerrarmos esta mensagem e todos estão
convidados a descobrir o Brasil no vasto repertório de nossa arquitetura
moderna.

Igreja da Pampulha, Belo Horizonte MG


Foto Victor Hugo Mori

Comentários sobre as imagens

1. Casa do Padre Inácio, Cotia, São Paulo

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Casa do Padre Inácio, Cotia SP, c. 1753


Foto Victor Hugo Mori

Esta residência de c. 1753, construída pelo padre Rafael de Barros,


mostra bem como está envolvida com as conjunturas mencionadas no texto
desta comunicação:

a) suas paredes de taipa de pilão já nasceram diretamente de valas


abertas no próprio solo, ao contrário da prática ibérica que sempre
exigiu baldrames de pedra ou de tijolos. Tal fato deu-se devido sobretudo
à falta de cal no Planalto. Essa adaptação acabou exigindo terrenos
planos em nível onde as águas pluviais estariam impedidas de provocar
erosões danosas.

b) sua cobertura de quatro águas estruturalmente é definida por quatro


grandes vigas de madeira que, apoiadas nos frechais das paredes da sala
quadrada, encontram-se no vértice da pirâmide onde trabalham a
compressão; estando prevista, inclusive, flambagem de gosto oriental. Ao
que sabemos, não houve naqueles tempos modelos ibéricos semelhantes. No
sul de Portugal, por exemplo, os telhados de quatro águas eram (e ainda
são) destinados a cobrir apenas pequenos cômodos providos de abóbadas de
tijolos, em cujos rins apoiavam-se as delgadas e curtas peças de madeiras
livres de qualquer tipo de esforço a não ser suportar o peso das telhas.

Foto Victor Hugo Mori

c) sua planta, da qual resulta um frontispício de coincidente simetria


paladiana, é sem dúvida singular : uma grande sala semi-obscura arrodeada
de camarinhas que hoje passam por dormitórios. Na verdade não sabemos com
exatidão qual teria sido o programa norteador daquela casa, como das
demais habitações bandeiristas.

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d) do referido programa, no entanto, identificamos dois determinantes


próprios das condições locais, responsáveis pela existência da varanda
central, naquela época denominada “corredor”, na verdade, um vestíbulo
direcionador dos passos. Tal dependência dava acesso à capela e ao quarto
de hóspedes, dois itens programáticos exclusivos da solidão do mundo
colonial de serra-acima.

2. Palácios e capelas

Daquelas antigas determinações canônicas exigindo separação das capelas


domésticas das acomodações residenciais naturalmente surgiu nas moradas
solarengas o partido arquitetônico localizando o pequeno templo algo
afastado da construção principal, mas a ela visualmente comprometido
através da pérgula, passagem coberta ou, então, plataforma elevada. Essa
constatação está presente na casa do século XVIII do bispo do Rio de
Janeiro. Tal solução comparece também no projeto do Palácio da Alvorada,
em Brasília, onde Oscar Niemeyer coloca a capelinha no mesmo piso elevado
da residência presidencial criando um relacionamento harmonioso
indissolúvel. Nos tempos de Juscelino Kubitschek não havia naturalmente
aquelas determinações canônicas e nem os futuros presidentes iriam exigir
tal construção religiosa. Pensamos que essa composição arquitetônica
nasceu simplesmente de um impulso do subconsciente desejoso de firmação
nacionalista assumindo um partido próprio de nosso passado; sem querer, a
busca e garantia de uma identidade brasileira, como o nome da cidade.

Palácio da Alvorada, Brasília DF. Arquiteto Oscar Niemeyer, 1957


Foto Victor Hugo Mori

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Chácara do bispo do Rio de Janeiro. Aquarela de Thomas Ender, 1817

notas

NE
O presente texto foi apresentado em conferência no 1º Seminário Latinoamericano
Arquitetura e Documentação, organizado pela Universidade Federal de Minas
Gerais e pelo Centro de Documentación de Arquitectura Latino-americana –
Cedodal, ocorrido em Belo Horizonte, em 2008. Publicação original: LEMOS,
Carlos Alberto Cerqueira. Uma nova proposta de abordagem da história da
arquitetura brasileira. In CASTRIOTA, Leonardo. Arquitetura e documentação –
novas perspectivas para a história da arquitetura. São Paulo, Annablume/IEDS,
2011, p. 275-292. A edição das imagens é de Victor Hugo Mori, também autos das
fotos e desenhos.

1
Dentre outras obras deste autor, ver em especial: BAYÓN, Damián. Sociedad y
arquitectura colonial sudamericana. Barcelona, Gustavo Gili, 1974.

2
Depoimento de Pietro Maria Bardi a respeito da edição de L’arte del Brasile,
Arnaldo Mondadori Editore, Milano, 1982; publicação baseada na obra Arte no
Brasil distribuídaemfascículospelaEditoraAbrilcomtextos de José Roberto
TeixeiraLeite e Carlos A. C. Lemos.

3
Ver: SAIA, Luís. O alpendre nas capelas brasileiras. Revista do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, n. 3, Rio de Janeiro, 1939; LEMOS, Carlos A. C.
Capelas alpendradas de São Paulo. In LEMOS, Carlos A. C. Notas sobre a
arquitetura tradicional de São Paulo. 3. edição.São Paulo, FAU USP, 1992.

4
Sobre o assunto: LEMOS, Carlos A. C. Organização urbana e arquitetura em São
Paulo dos tempos coloniais. In: História da Cidade de São Paulo – a cidade
colonial. Volume 1.São Paulo, Paz eTerra, 2004, p. 145.

5
A respeito do alpendre domiciliar, ver : LEMOS, Carlos A. C. Casa paulista.São
Paulo, Edusp, 1999, p. 23 e 220.

6
Bratke contou-nos seus problemas no Amapá, inclusive da rejeição inicial por
parte dos operários de suas casas consideradas inabitáveis devido ao calor ali
reinante. Demorou muito para que chegasse a soluções satisfatórias. A respeito:
SEGAWA, Hugo; DOURADO, Guilherme Mazza. Oswaldo Arthur Bratke.São Paulo, Pro-
Editores, 1997.

7
FONSECA, Manuel da. Vida do venerável padre Belchior de Pontes, da Companhia de
Jesus da Província do Brasil. São Paulo, Melhoramentos, s.d.

8
LEMOS, Carlos A. C. Cozinhas, etc. 2. edição.São Paulo, Perspectiva, 1978, p.
153.

9
Vernossotrabalho citado nanota 4 e,também, otextofundamental “Subsídiospara
oestudo dainfluência dalegislação naordenação e naarquitetura dascidades
brasileiras”,teseparaobtenção decátedra naEscolaPolitécnica da USP,em 1966, de
autoria de Francisco de PaulaDias de Andrade.

10
A respeito da legislação republicana, ver: LEMOS, Carlos A. C. A República
ensina a morar (melhor).São Paulo, Hucitec, 1999.

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11
LEMOS, Carlos A. C. No Brasil, a coexistência do maneirismo e do barroco até o
advento do neoclássico histórico. In: ÁVILA, Affonso. Barroco, teoria e
análise,São Paulo, Perspectiva, 1997, p. 233.

12
VAUTHIER, Louis Léger. Casas de Residência no Brasil. Revista do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, n. 7,Rio deJaneiro, 1943.

13
CARAM, André Luís Balsante. Pujol, concreto e arte.São Paulo,Banco do Brasil,
2001, p. 126.

sobre o autor

Carlos Alberto Cerqueira Lemos é formado em arquitetura pela FAU Mackenzie,


atualmente é professor titular de pós-graduação no departamento de História da
Arquitetura e Estética do Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
USP. Desenvolveu atividades ligadas ao projeto de edifícios e de urbanizações,
à docência e à pesquisa histórica. É autor de diversos livros, tais como:
Cozinhas etc. (Perspectiva, 1976); A casa paulista (Edusp, 1999).

comentários

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Luiz Puech
um texto brilhante!
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Luiz Philippe Torelly


Texto indispensável para os querem iniciar-se no conhecimento da
História da Arquitetura no Brasil. Como contribuição a um
aprofundamento teórico de de como a arquitetura surgiu entre nós, como
meciona o autor nas iniciais, recomendo a leitura do texto"As idéias fora
de lugar", in "Ao vencedor as batatas" de Roberto Schwarz, publicado
pela Editora 34. Parabéns!
Curtir · Responder · 12 · 6 a

Gilberto Belleza
Um ótimo texto do Professor Carlos Lemos sobre a história da
arquitetura brasileira
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Mauro David Artur Bondi


Parabéns ao professor Lemos, uma fonte inesgotável sobre a arquitetura
brasileira
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Nivaldo Andrade
Texto muito interessante! Acho que há um erro nas imagens: Diamantina
fica em MG, a não ser que haja outra cidade homônima em SP.
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Licio Lobo
Muito legal..para quem se interessa pior arquitetura vale a pena ler.
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Tania Miotto
Uma verdadeira aula de arquitetura do Professor Lemos, onde tive o
prazer de conhecê-lo no frescor do alpendre da Capela de São Miguel
Arcanjo, por quem hoje os sinos dobram . Já dizia John Donne, “Nenhum
homem é uma ilha isolada...”. Há aqueles que são pontes neste
arquipélago brasileiro descrito.
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Vera Lucia Thaddeu


Belo texto e magníficas imagens!
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Marcos Virgílio da Silva


Excelente texto do prof. Carlos Lemos, uma ótima introdução à história
da arquitetura brasileira.
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Andrea Ballan
Texto indispensável para todos, conhecer um pouco da História da
Arquitetura Brasileira nos faz mais patriotas. Parabéns Prof.Carlos
Lemos.
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Vitruvius
Recebemos a seguinte mensagem de Cecilia Rodrigues dos Santos:

"Abilio, sou do grupo dos “sem facebook”, convicta, mas, de vez em


quando, para não ficar muito à margem, me manifesto através do já
velho sistema e-mail.
Como agora... faço questão de agradecer publicamente ao professor
Lemos por mais esta excelente contribuição ao estudo da arquitetura
brasileira... como também ao Victor e a você, Abilio, pelas ilustrações e
pela edição... Obrigada. Abraços"
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Regina Pinheiro
Para ler...
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Felipe Carvalho
Uma aula sobre a história da Arquitetura Brasileira, muito bom.
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Rodrigo Reis
Ótimo texto, muito interessante, recomendo a todos, especialmente na
minha amiga historiadora que adora enveredar pela arquitetura Dandara
Renault...
Curtir · Responder · 1·6a

Priscilla Melli
mto bom!!!
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Maria Luiza Zanatta


Parabéns mestre!!!Ao ler este texto a gente se recorda suas"
maravilhosas aulas"!
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Fabio Brandão
xou
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Ruth Montanheiro Paolino


muito esclarecedor!
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Maria Domingas
adoro coisa antigas muito lindo
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Interiores Márcia Soares Nascto


A arte arquitetar .........
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