Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
PROFESSOR
Dr. Bruno Montanari Razza
ERGONOMIA
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Gerência de Produção de Conteúdo Juliano de Souza, Supervisão do Núcleo de
Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Contéudo Sandra Franchini e
Larissa Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Produção de Materiais Unicesumar,
Designer Educacional Ana Claudia Salvadego, Maria Fernanda Vasconcelos, Revisão Textual Daniela
Ferreira dos Santos e Pedro Afonso Barth, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.
2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas
Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
apresentação do material
ERGONOMIA
Dr. Bruno Montanari Razza
Caro(a) aluno(a), estamos iniciando nossos estudos na área de Ergonomia, uma disciplina
muito importante para diversas áreas do conhecimento, em especial design, moda, enge-
nharia, arquitetura, medicina do trabalho, fisioterapia e todas as áreas do conhecimento que
considerem a produção de produtos ou a adequação do trabalho ao ser humano.
O nome Ergonomia tem origem grega, com a junção dos termos ergos (trabalho) + nomia
(estudo). Por ser uma disciplina de cunho científico, está em constante evolução e o seu co-
nhecimento vem sendo adquirido com estudos, portanto, nem tudo é conhecido e há ainda
um campo vasto a ser pesquisado.
Uma característica da Ergonomia é a multidisciplinaridade, ou seja, ela interdepende de
estudos de psicologia, design, biomecânica, arquitetura, sociologia, antropometria, fisiolo-
gia, engenharias, fisioterapia, antropologia etc., para compor seu corpo de conhecimento.
A Ergonomia pode ser definida como uma disciplina que estuda a relação entre pessoas e
sistemas, do ponto de vista do desempenho, conforto, segurança e satisfação. Os sistemas
podem ser entendidos como qualquer produto, mobiliário, software, meio de transporte ou
maquinário que interagimos para realizar nossas atividades. E o objetivo da Ergonomia é
promover segurança, eficiência e conforto ao usuário durante o uso desses sistemas.
O nascimento da Ergonomia tem uma data precisa: 12 de julho de 1949. Nessa data, cien-
tistas e pesquisadores interessados em formalizar esse novo ramo de ciência interdisciplinar
se reuniram em um evento e cunharam o termo para designar o estudo do trabalho. Já no
ano seguinte foi fundada a primeira associação internacional de ergonomia, a Ergonomics
Research Society, com sede na Inglaterra. Mas para isso ter ocorrido, diversos fatores an-
tecedentes ocorreram dando o substrato necessário para a solidificação da área. Em 1700,
Bernardino Ramazzini, um médico italiano, publica o livro “As Doenças dos Trabalhadores”.
É o primeiro registro conhecido que associa doenças à condições inadequadas de trabalho.
Posteriormente, no século XIX, temos o trabalho de Frederick Winslow Taylor (1856-1915)
que publicou o livro “Princípios de Administração Científica em 1912. Taylor defendia que o
trabalho deveria ser cientificamente observado, sendo estabelecido um método correto para
a execução de cada tarefa. Os trabalhadores eram controlados e recebiam incentivos salariais
de acordo com a produção. O trabalho era dividido em pequenas frações simples e repetitivas.
No entanto, diferentemente dos princípios da Ergonomia, o objetivo de Taylor era aumentar
a produção à custa da saúde e satisfação do trabalhador. Assim, seus métodos traziam mo-
notonia, fadiga, aumento dos erros e acidentes, absenteísmo e baixa qualidade da produção.
Porém, mesmo assim, seu trabalho é importante para a Ergonomia, pois foi a primeira
tentativa de estudo sistematizado do trabalho.
As duas grandes Guerras Mundiais também influenciaram o surgimento da Ergonomia. O
desenvolvimento de grandes máquinas e veículos, para atuarem nesses conflitos armados,
demandou um maior estudo de adequação das máquinas ao seres humanos. Eram comuns
acidentes e quedas de aeronaves porque os pilotos e operadores confundiam os comandos, por
serem mal planejados ou inadequados ao tamanho das pessoas. Os custos humanos e materiais
fizeram com que houvesse um investimento no estudo da adequação da máquina ao homem.
No período pós-guerra, portanto, começaram a surgir associações de Ergonomia, publicações
especializadas, eventos, cursos e fóruns de discussão para o desenvolvimento da área, com
grande desenvolvimento nas áreas da antropometria, biomecânica, organização e segurança
ocupacional.
Uma nova revolução na Ergonomia ocorreu mais tarde, nos anos 1980, com o surgimento
dos computadores pessoais, impulsionando o nascimento da disciplina de usabilidade e
design centrado no usuário. Atualmente, a Ergonomia tem um amplo campo de atuação,
promovendo o projeto de produtos, ambientes, meios de transporte, máquinas e sistemas
mais eficientes, confortáveis e adequados aos seres humanos. Neste livro, iremos tratar as
principais áreas de atuação da Ergonomia.
Na unidade I, iniciaremos o estudo das dimensões corporais e de como é importante para o
projeto de produtos e ambientes. Como todos os produtos que utilizamos e os espaços que
ocupamos devem ser projetados a nossa medida, o conhecimento de antropometria e como
aplicá-la em projeto é muito importante.
Na unidade II, estudaremos a biomecânica ocupacional, uma área do conhecimento que
estuda os movimentos e postura corporal, dando parâmetros para o projeto de produtos e
postos de trabalho mais seguros, eficientes e confortáveis.
A unidade III é dedicada ao estudo dos fatores ambientais que nos afetam o tempo todo. Os
órgãos dos sentidos são os canais pelos quais percebemos o mundo a nossa volta. Quando
esses estímulos são inadequados, ou seja, muito fortes ou muito fracos, podem causar des-
conforto ou ineficiência no trabalho. Também é por meio dos canais sensoriais que captamos
as informações dos produtos, sistemas e meios de transporte.
Na unidade IV, aprenderemos um pouco mais como ocorre o processo de captação e pro-
cessamento de informações na mente humana e como podemos projetar os sistemas de
comunicação para que essa interface seja mais eficiente.
Por fim, na unidade V, estudaremos o projeto voltado as pessoas com deficiência, e como
adequar produtos e ambientes para serem mais inclusivos e, também, adentraremos na
usabilidade, considerando métodos de avaliação e projeto de interfaces.
sum ário
UNIDADE I UNIDADE IV
O TAMANHO DAS COISAS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E DE CONTROLE
14 Antropometria: o homem é a medida de 124 Fatores Humanos da Ergonomia Informacional
todas as coisas
130 Informações Visuais e Auditivas
22 Aplicação da Antropometria: para o
139 Mostradores
dimensionamento dos objetos e espaços
142 Controles
UNIDADE II
POSTURA E MOVIMENTO UNIDADE V
ERGONOMIA DOS PRODUTOS E SISTEMAS
44 O Sistema Musculoesquelético
160 Acessibilidade
50 Força, Fadiga e Repetitividade
166 Usabilidade
54 Principais posturas do Trabalho
172 Métodos de Usabilidade
60 Levantamento e Transporte de Carga
UNIDADE III
ERGONOMIA DO AMBIENTE
80 Iluminação
88 Temperatura e Umidade
94 Ruído
102 Vibração
O TAMANHO DAS COISAS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Antropometria: o homem é a medida de todas as coisas
• Aplicação da antropometria para o dimensionamento dos
objetos e espaços
Objetivos de Aprendizagem
• Estudar o que é antropometria, os tipos de medidas
antropométricas, porque é importante conhecer o
tamanho das pessoas para projetar objetos, veículos,
produtos e habitações e como são realizadas as pesquisas
em antropometria.
• Apresentar critérios de uso da antropometria para projetar
os mais diferentes produtos e ambientes.
unidade
I
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), nesta primeira unidade, trataremos de um as-
sunto muito importante para o design, arquitetura, engenharia,
moda e outras áreas, que é o dimensionamento dos produtos e
ambientes, ou seja, como sabemos qual o tamanho ideal para os
artigos que projetamos devem ter. A área do conhecimento que trabalha
com as medidas dos corpos humanos é a antropometria. É a partir desses
estudos que estabelecemos, dentre outras coisas, o padrão de como os
objetos deve ser dimensionados.
No entanto, a antropometria é uma área do conhecimento muito an-
tiga, pois mesmo que intuitivamente, o ser humano sempre usou os prin-
cípios de adequação a si mesmo no momento de fabricar seus objetos.
Os homens das cavernas, por exemplo, escolhiam pedras que cabiam em
suas mãos para formar suas ferramentas de corte; artesãos da Idade Mé-
dia fabricavam bancos mais ou menos em uma altura conveniente para
uma pessoa sentar.
Apesar disso, hoje em dia ainda é muito comum encontrarmos pro-
dutos que não são adequados ao ser humano, como cadeiras muito altas
e desconfortáveis, cabos de ferramentas pequenos ou grandes demais,
alças que não cabem nas mãos. Isso ocorre porque os conhecimentos de
antropometria não são tão facilmente aplicáveis no projeto de produto,
necessitando de um certo conhecimento para conseguirmos desenvolver
objetos mais adequados ao ser humano. Isso é mais importante ainda se
considerarmos o mundo globalizado e que um produto pode ser usado
por pessoas de tamanhos muito diferentes em qualquer lugar do mundo.
Nesta unidade, vamos entender um pouco mais sobre antropometria
e como os estudos de populações podem ser influenciados por inúmeros
fatores. Veremos também quais critérios, poderemos empregar para usar
o conhecimento do tamanho das pessoas para produzir produtos mais
adequados a uma maior variedade de usuários e, também, alguns crité-
rios de aplicação em exemplos de situações de trabalho específicos.
ERGONOMIA
Antropometria
O homem é a medida de todas as coisas
Você já se perguntou como sabemos que tamanho tado de PHEASANT, 1996). Ou seja, o objetivo dos
deve ter uma cadeira para ser considerada ideal? Ou estudos de antropometria é estabelecer padrões de
qual a dimensão correta de uma porta de avião? medidas do ser humano que possam ser utilizadas
Nesta unidade, conheceremos a disciplina que para as mais diversas aplicações.
trabalha com as medidas do corpo humano, chama- Pode servir também para estabelecer os padrões
da antropometria. É a partir de estudos de antropo- de normalidade para saúde, por exemplo, quando
metria que conseguimos dimensionar todos os espa- medimos a circunferência abdominal para inferir o
ços artificiais e objetos utilizados pelo ser humano. risco de infarto ou para saber se uma criança está
A antropometria pode ser entendida como o se desenvolvendo adequadamente. Para o design,
ramo das ciências humanas que estudam as medi- utilizamos a antropometria para projetar produtos,
das do corpo, particularmente com medições das di- ambientes e meios de transporte mais adequados ao
mensões corporais e sua forma de aplicação (adap- ser humano.
14
DESIGN
No entanto, as medições antropométricas não são sim- são maiores que as mulheres (com algumas exce-
ples de se obter. São inúmeros os fatores que influen- ções). Desde o nascimento, o gênero masculino já
ciam nas medidas das pessoas, fazendo que uns sejam é maior que o gênero feminino, em média (0,6 cm
mais altos, outros têm os braços mais compridos ou o e 0,2 kg a mais). Durante a infância, o crescimento
rosto mais largo, ou ainda os pés mais arredondados é homogêneo, ou seja, as diferenças nessa fase são
– e assim por diante –. Essa grande variação implica pequenas (GRANDJEAN, 1998).
que temos que medir muitas pessoas para conseguir As influências do gênero começam a se intensi-
que um estudo antropométrico tenha validade e seja ficar na pré-adolescência, que ocorre nas meninas
confiável para ser usado como norma (DANIELLOU, por volta dos 11 aos 13 anos e nos meninos por
2004). Essa é umas das principais razões para termos volta dos 12,5 anos e os 15,5 anos. O crescimento
tão poucos estudos antropométricos no Brasil. continua no máximo aos 20 ou 23 anos (GUÉRIN
et al, 2001).
FATORES DE INFLUÊNCIA Segundo Lacombe (2012) e Panero e Zelnik
DA ANTROPOMETRIA (1980), as principais diferenças anatômicas entre os
O primeiro critério que precisamos compreender gêneros são as seguintes:
para avançarmos nos estudos de antropometria é • Homens: ombros mais largos e tórax maior
o que faz com que sejamos tão diferentes uns dos (clavículas mais longas, escápulas mais lar-
outros em termos de tamanho e proporção. Exis- gas), bacia relativamente mais estreita, cabe-
tem diversos fatores que influenciarão a variabilida- ça maior, braços mais compridos, mãos e pés
maiores.
de antropométrica (ABRANTES, 2004; FALZON,
• Mulheres: ombros relativamente estreitos,
2007; IIDA, 2005). A seguir veremos cada um deles.
tórax menor e mais arredondado, bacia mais
larga e estatura menor. Apresentam mais
Gênero gordura subcutânea (nádegas, parte frontal
O primeiro critério que discutiremos é o gênero. do abdômen, parte frontal e lateral da coxa e
Você já deve ter notado que, em média, os homens glândulas mamárias).
15
ERGONOMIA
16
DESIGN
Figura 3: Evolução antropométrica ao longo da vida do ser humano. Pode-se notar que algumas medidas variam mais que outras.
Por exemplo, o tamanho da cabeça varia menos que o comprimento dos braços e pernas
Etnia
É notável as diferenças nos tamanhos e proporções A seguir, percebemos que a tabela 1 mostra que os
corporais entre povos de origens diferentes. Por vietnamitas são os que apresentam a menor estatura,
exemplo, sabemos que os alemães são em geral mais enquanto que os noruegueses e belgas têm as maiores
altos que os brasileiros e que os tailandeses são, em estaturas. A diferença das médias de estatura entre os
média, mais baixos (PANERO; ZELNIK, 1980). mais altos e mais baixos chega a quase 20 cm.
As variações extremas são encontradas na Áfri-
Tabela 1: Estatura e peso de alguns povos do mundo
ca: pigmeus da África Central (estatura média: 143, País Estatura (cm) Peso (kg)
8 cm para homens e 137, 2 cm para mulheres) e Vietnã 160,5 51,1
negros nilóticos no sul do Sudão (estatura média: Tailândia 163,4 56,3
182,9 cm para homens e 168,9 cm para mulheres) Coréia do Sul 164,0 60,3
(IIDA, 2005). América Latina (18 países) 166,4 63,4
Irã 166,8 61,6
Figura 4: A etnia é um fator importante para a variação antropométrica Japão 166,9 61,1
Índia 167,5 57,2
Turquia 169,3 64,6
Grécia 170,5 67,0
Itália 170,6 70,3
França 171,3 65,8
Austrália 173,0 68,5
Estados Unidos 174,5 72,2
Alemanha 174,9 72,3
Canadá 177,4 76,4
Noruega 177,5 70,1
Bélgica 179,9 68,6
Fonte: IIDA (2005, p. 108).
17
ERGONOMIA
SAIBA MAIS
Com variações antropométricas tão grandes
relacionadas à etnias diferentes, é de se pensar que
pode haver bastante dificuldade para multinacionais Os imigrantes podem ter suas medidas antro-
pométricas alteradas quando convivem em ou-
projetarem produtos que serão vendidos ao mundo
tra cultura. Isso não afeta a geração que migrou,
todo. Há, nesse caso, uma grande chance desses pro- mas seus filhos que nasceram no novo país,
dutos serem inadequados ao usuário. mesmo tendo os dois pais migrantes, apresen-
tam alterações antropométricas. Por exemplo:
Por exemplo, uma máquina projetada para 90%
os filhos de imigrantes indianos, chineses, me-
da população norte-americana, acomoda adequa- xicanos e japoneses, nascidos nos EUA, ficaram
damente também 90% dos alemães, pois suas medi- mais altos e mais pesados que seus pais.
das são semelhantes, mas só 65% dos italianos con- Nesse caso, não houve miscigenação genética,
seguiriam utilizá-la e apenas 10% dos vietnamitas mas sim uma influência do clima, alimentação,
novos hábitos, nova cultura, que influenciaram
(IIDA, 2005). o desenvolvimento das crianças. Entretanto,
as proporções permaneciam inalteradas, ou
seja, continuavam levando a carga genética dos
pais e tendo a aparência do povo de origem.
Clima
O clima também teve uma influência que evolu- Fonte: Grandjean (1998).
18
DESIGN
Genética e biótipos
Mesmo pessoas que fazem parte da mesma etnia e et al. (1940) identificou três biótipos básicos que usa-
estão sob o mesmo clima apresentam diferenças an- mos para caracterizar as proporções na antropome-
tropométricas, tanto em tamanho quanto em propor- tria, são eles:
ções. Isso se deve a diferenças genéticas naturais entre • Ectomorfo: corpo e membros longos e finos,
as populações (FALZON, 2007; LAVILLE, 1977). poucos músculos e pouca gordura.
Por exemplo, entre os indivíduos de uma mesma • Mesomorfo: apresenta mais músculos, for-
população, a diferença entre os indivíduos mais altos mas angulosas, cabeça cúbica, maciça, om-
(maior homem) e os mais baixos (menor mulher) é bros e peitos largos, abdômen pequeno,
membros musculosos e pouca gordura.
em torno de 25% (188,0 cm e 149,1 cm). A mesma
• Endomorfo: formas mais arredondadas,
diferença ocorre para o comprimento do braço. Já
grandes depósitos de gordura, corpo em
para a largura do abdômen, essa diferença pode che- forma de pera, abdômen grande, membros
gar a 210% (43,4 cm e 14 cm) (IIDA, 2005). curtos e flácidos, ossos pequenos, corpo
A essas diferenças chamamos de biótipos que de- com baixa densidade, ombros e cabeça ar-
terminam certas características individuais. Sheldon redondados.
19
ERGONOMIA
É importante considerar também que dificilmente Assim, além das características individuais e cole-
encontraremos um indivíduo que seja característico tivas que influenciam na antropometria, como acaba-
de um único biótipo, pois em geral, o que temos é mos de ver, também é importante sabermos como es-
predominância de uma ou outra característica. ses produtos serão utilizados para conhecermos quais
medidas devemos tomar e quais serão desnecessárias.
Por exemplo, para fazermos o desenvolvimento de
Variações seculares produto de vestuário, medidas circunferenciais são
São mudanças antropométricas que ocorrem a mais muito importantes, como largura do tórax, largura da
longo prazo, afetando as gerações. É importante não cintura etc. Mas para projetarmos um sofá, uma pol-
confundir com as variações antropométricas que trona ou um ambiente, essas medidas são desnecessá-
ocorrem ao longo da vida de uma pessoa (variações rias, e o comprimento da perna e do tronco (medidas
intraindividuais), pois, nesse caso, trata-se da evolu- lineares), por sua vez, serão mais úteis.
ção antropométrica de uma determinada população. Assim, dependendo de quais atividades serão
O ser humano tem ficado mais alto e mais pesa- desempenhadas no produto ou no ambiente, o tipo
do ao longo dos anos, ao compararmos com as pes- de medição antropométrica também vai variar. Exis-
soas de hoje com a geração de nossos avós, bisavós tem três tipos de medidas antropométricas. Cada
ou antepassados mais distantes. Na Idade Média, por uma depende do tipo de aplicação a ser utilizada e
exemplo, as pessoas eram bem mais baixas que as de a forma de coleta de dados também varia bastante
hoje. Isso se deve à evolução da sociedade, com aces- (IIDA, 2005; PHEASANT, 1996). São elas:
so a uma melhor alimentação, higiene, saneamento, • Antropometria estática: é realizada com cor-
abolição do trabalho infantil, prática esportiva, me- po parado ou com poucos movimentos, sen-
do tomadas medições entre pontos anatômi-
lhores tratamentos medicinais etc.
cos claramente identificados. Determinam as
Em épocas de privação, como em guerras ou se- medidas do corpo humano em si, podendo
cas prolongadas, as medidas médias da população ser tomadas medidas lineares e circunferen-
tendem a uma redução, pois a alimentação é mais ciais. É a antropometria estática que usamos
escassa e menos variada. Entretanto, com a melhora para projetar mobiliário, vestuário e todas as
das condições, as gerações seguintes apresentam um situações em que não precisem ser considera-
dos movimentos amplos.
crescimento acelerado, compensando a perda da ge-
• Antropometria dinâmica: mede a amplitude
ração anterior.
das articulações do corpo humano e, des-
ta forma, os alcances dos movimentos. Por
exemplo, pode-se medir o alcance horizontal
Tipos de antropometria com o braço esticado, que é a medida da am-
Para sabermos como projetar um produto ou espaço plitude de movimentação do ombro (articu-
lação) e serve para determinar o tamanho útil
de trabalho, precisamos ter conhecimento do tama-
de um tampo de mesa, por exemplo. Utiliza-
nho das pessoas que utilizarão esses objetos e espa-
-se a antropometria dinâmica para dimensio-
ços. Esses dados são providenciados quando medi- nar partes móveis de produtos ou postos de
mos os usuários ou trabalhadores. trabalho com movimentações.
20
DESIGN
• Antropometria funcional: faz medições das Figura 8: Exemplos de movimentos articulares medidos em antropometria dinâmica
o
xã
isolada, enquanto que a funcional envolve o Extensão
Fle
movimento de vários segmentos corporais ao
mesmo tempo. O registro da antropometria
funcional é bastante difícil e, por isso, é pou-
co realizada.
Extensão
Com isso, entendemos um pouco mais do que é an- Fonte: IIDA, 2005, p. 127.
tropometria e como são realizados esses estudos. No Figura 9: Exemplo de antropometria funcional
próximo tópico iremos aprender como aplicar esses para movimento de alcance máximo de cadeirantes
Aplicação da Antropometria
para o dimensionamento
dos objetos e espaços
Como vimos diversos fatores podem influenciar na mente para os seus respectivos usuários. No entanto,
antropometria das pessoas e que essa diferença pode na maior parte dos casos é impossível fazer uma me-
dificultar bastante o projeto de produtos para serem dição antropométrica de todos os usuários, ou não
usados por todos. Agora, compreenderemos melhor temos certeza de quem utilizará o espaço ou produto
como utilizar os dados antropométricos para o pro- (HENDRICK; KLEINER, 2002; MIGUEL, 2012).
jeto de produtos e espaços. Dessa forma, utilizar tabelas antropométricas já
existentes é muito mais prático e econômico que fa-
Uso de tabela antropométrica zer levantamentos antropométricos (GUÉRIN et al,
Quando vamos projetar um produto, posto de tra- 2001; FERREIRA et al. 2001). Deve-se, no entanto,
balho ou ambiente, é importante projetarmos direta- tomar cuidado com alguns critérios :
22
DESIGN
Tendo escolhido uma base de dados ideal para aplica- Distribuição normal
ou de Gauss
5%
ção no desenvolvimento do projeto, é importante con-
siderar a forma de se empregar esses dados. Existem
alguns critérios para aplicação da antropometria que 1,40 1,45 1,50 1,55 1,60 1,65 1,70 1,75 1,80 1,85 1,90 1,95 2,00 2,05 2,10
Estatura
dependerá do tipo de atividade a ser desempenhada Fonte: o autor (2016).
Distribuição normal
ou de Gauss
Uso dos extremos populacionais 5%
23
ERGONOMIA
Em projeto, sempre que possível, podemos empregar rem de alcance, usa-se os percentis menores, pois se
um dos percentis, pois, o projeto consegue se adequar os menores alcançam, também alcançarão os maiores.
a uma maior quantidade de pessoas. Uma regra básica Por exemplo, ao projetarmos um sofá a largura
é sempre que a variável que for utilizada para proje- do assento deve ser feita para o percentil 95%il, pois
to for de espaço, usa-se os percentis maiores (95%il, é uma medida de espaço, mas a altura do sofá pode
99%il), pois se os maiores cabem, os menores também ser feita para o percentil mais baixo, 05%il, pois as-
caberão. Por outro lado, sempre que as variáveis fo- sim ele consegue alcançar os pés no chão.
Figura 12: na situação 1 existe um problema de alcance, já nas situações 2 e 3 problemas de espaço
24
DESIGN
25
ERGONOMIA
ESPAÇOS DE TRABALHO
É um volume imaginário necessário para o corpo Tipo de atividade
realizar movimentos e deslocamentos e para garantir Atividades manuais pesadas necessitam de maior
o conforto físico e psicológico do indivíduo. Cada espaço para o trabalho, pois em geral, também são
tipo de atividade vai exigir um determinado espaço realizados movimentos mais amplos ou há trans-
(STANTON; YOUNG, 1999). Existem alguns fato- porte de materiais volumosos e pesados. Atividades
res principais que influenciam no dimensionamento mais leves podem ser realizadas em espaços meno-
do espaço. Vejamos alguns deles. res, pois em geral, são trabalhos de precisão cujos
movimentos são mais restritos (RIO, PIRES, 1999;
Postura IIDA, 2005).
A postura é o fator mais importante no dimensiona-
Figura 17: Atividades pesadas e de precisão
mento do espaço de trabalho e se divide em três po-
sições básicas: deitada, sentada e em pé. Geralmente,
a postura em pé precisa de mais espaço, pois em geral
há mais movimentos e deslocamentos do trabalha-
dor (IIDA, 2005; DUL; WEERDMEESTER, 1995).
Vestuário
O vestuário tem papel fundamental, podendo aju-
dar ou atrapalhar uma tarefa. Alguns agasalhos
de inverno ou roupas de segurança podem limi-
tar movimentos, chegando a restringir o alcance
Fonte: IIDA, 2005, p. 144. em até 5 cm. O mesmo pode ocorrer com alguns
Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s),
Para trabalhos que exigem movimentos corporais como luvas muito grossas. Essas roupas e equipa-
mais amplos, devem ser realizados registros de an- mentos também aumentam o volume do corpo do
tropometria dinâmica ou funcional. usuário.
26
DESIGN
SAIBA MAIS
O espaço pessoal psicológico é espaço imaginário
de segurança e conforto que envolve cada indiví-
Para cadeirantes, as larguras das passagens, duo. É natural da condição humana e, também, um
corredores e postos de trabalho devem ser fenômeno observável em diversas outras espécies.
dimensionadas para permitir a circulação das
cadeiras de roda. Cadeiras têm dimensões Em alguns animais existem marcadores para de-
aproximadas de: 110 cm comprimento x 65 limitar o seu território, mas para os seres huma-
cm largura e para haver o descolamento e nos esse envoltório é invisível e flexível, ou seja, ele
manobras vão ocupar mais espaço.
pode se adaptar sendo maior ou menor, dependen-
A norma brasileira que regulamenta a acessi- do do grau de intimidade e conforto que temos em
bilidade é a NBR 9050 (ABNT, 2004) e ela esta- cada situação.
belece todos os parâmetros de espaço para
cadeirantes em produtos e espaços públicos. Experimentos com animais confinados em espa-
Por exemplo, para haver um giro completo, ços superlotados mostram um aumento de estresse
uma cadeira de rodas precisa de um círculo e da agressividade, gerando em algumas espécies a
de no mínimo de 1,5m de diâmetro.
prática do canibalismo. A hipótese da competição
Fonte: ABNT. NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, por alimento é descartada, pois estavam sendo far-
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.
tamente alimentados.
Os projetos envolvendo a proxemia devem ter
em mente que essa dimensão é muito variável e
Proxemia sofre influência de diversos fatores, como gênero,
Proxemia é o estudo do espaço pessoal psicológi- cultura, idade, dentre outros. A figura abaixo traz
co ou físico de cada indivíduo. O espaço pessoal alguns parâmetros para o dimensionamento do es-
físico é caracterizado pelo posto de trabalho, ar- paço individual.
mários, locais de armazenamento de objetos pes- Figura 18: humanos em espaços lotados tendem a mostrar comportamento desliga-
soais etc. Mas o espaço pessoal é mais que apenas do e evitam olhar para as outras pessoas
REFLITA
27
ERGONOMIA
Público
Social
Pessoal
ÍÍnti
tiimo
Íntimom
45cm
4
120cm
360cm
SUPERFÍCIES HORIZONTAIS
Boa parte das atividades produtivas são realizadas mesa fixa. No caso de um trabalhador mais baixo, a
sobre mesas, escrivaninhas, bancadas ou superfícies cadeira deve ser elevada até se adequar à altura do
de apoio. Assim, é importante sabermos como utili- cotovelo e ser providenciado um apoio para os pés.
zar a antropometria para projetar essas superfícies.
Duas variáveis são importantes: altura e tamanho Figura 20: Dimensões do posto de trabalho sentado
28
DESIGN
Também é importante pensarmos no tamanho da Figura 22: Dimensionamento da superfície de trabalho para postura em pé
Assento
Fonte: IIDA, 2005, p. 146. Atualmente é muito comum passarmos a maior
parte da nossa rotina diária em posições sentadas,
Tarefas de maior frequência ou com maiores exi- seja no trabalho, transportes, escola ou em casa.
gências de precisão devem ser realizadas na área de Permanecer por muito tempo em uma mesma pos-
alcance ótimo. A área de alcance máximo deve ser tura pode causar fadiga, dores lombares, câimbras,
usada para uso ou acionamentos menos frequentes. especialmente se essa postura for incorreta ou se a
qualidade do assento for ruim. Aqui, veremos al-
Bancada para trabalho em pé guns princípios que devemos considerar ao projetar
A altura ideal depende do tipo de trabalho que se um assento.
executa e usamos também a altura do cotovelo como Ajustes dimensionais – existem certos cuidados
referência. Para trabalhos de precisão, a superfície que devemos ter com o projeto dos assentos, pois
deve estar mais alta, em até 5 cm acima do cotovelo, podem causar problemas de circulação e posturais
assim fica mais próximo da visão. Trabalhos pesados no indivíduo, principalmente se considerarmos que
a bancada deve estar até 30 cm abaixo do cotovelo, podemos passar uma longa jornada de trabalho sen-
ficando, desta forma, mas fácil para realizar movi- tado neles. A figura, a seguir, exemplifica algumas
mentos e podendo usar o peso do corpo como apoio. situações inadequadas.
29
ERGONOMIA
• Estofamento - Deve ser feito um estofamento luna e nos músculos que sustentam a nossa
pouco espesso (2 a 3 cm) sobre base rígida postura. Devem ser evitados desenhos ana-
que não afunde com o peso do corpo. O ma- tômicos nos assentos, que permitem menos
terial deve ter característica antiderrapante e variação postural.
ter capacidade de dissipar o calor e suor ge- • Permitir o relaxamento - O encosto e o apoio
rados pelo corpo, não sendo recomendado de braço devem ajudar no relaxamento, per-
plásticos lisos e impermeáveis. Atualmente, mitindo que, ocasionalmente, o trabalhador
também está sendo usado o material telado, faça um breve repouso recostado, permitindo
que permite que ocorra a transpiração do a recuperação da fadiga.
corpo e, também, faz uma boa distribuição • Assento e mesa foram um conjunto integra-
da pressão das nádegas no assento. do - Altura do assento deve estar de acordo
• Permitir variações de postura - não deve- com a altura da mesa. O apoio de braço não
mos permanecer sempre na mesma posição, pode atrapalhar o trabalhador ou impedi-lo
portanto, é importante que o assento permita de se aproximar da mesa. Sempre que possí-
que possamos cruzar as pernas e mudar as vel, deve haver regulagens para adaptar me-
posições. Aliviando, assim, a pressão na co- lhor usuários de antropometrias diferentes.
30
considerações finais
31
atividades de estudo
1. Sabemos que existem vários fatores que influenciam na variação antropométrica entre as
populações. Associe o fator com a afirmação mais adequada.
a. Gênero ( ) Esse fator pode determinar biótipos diferentes entre os indivídu-
os de uma mesma população.
b. Clima ( ) Determina a evolução da antropometria de uma população ao
longo de gerações.
c. Etnia ( ) Homens e mulheres apresentam diferenças antropométricas
tanto nas medidas quando nas proporções.
d. Genética ( ) A antropometria de povos adaptados ao calor é de braços e
pernas alongados, enquanto que de clima frio, o tronco é mais
volumoso e denso.
e. Fator secular ( ) Compõem características que determinam as diferenças an-
tropométricas entre os povos.
3. Aprendemos no texto que existem três tipos de medições antropométricas: estática, dinâmi-
ca e funcional. A partir disso, complete as frases abaixo.
a. A antropometria ____________ mede amplitude das articulações do corpo humano e, dessa for-
ma, os alcances dos movimentos. É utilizada para dimensionar partes móveis de produtos ou
postos de trabalho com movimentações.
b. A antropometria ____________ faz medições das amplitudes de movimento em tarefas espe-
cíficas. A maior diferença em relação à antropometria dinâmica é que essa faz medição da
amplitude de movimento de uma articulação isolada, enquanto que a funcional envolve o
movimento de vários segmentos corporais ao mesmo tempo. O registro da antropometria
funcional é bastante difícil e, por isso, é pouco realizada.
c. A antropometria ____________ é realizada com corpo parado ou com poucos movimentos, sendo
tomadas medições entre pontos anatômicos claramente identificados. É a antropometria que
usamos para projetar mobiliário, vestuário e todas as situações em que não precisem ser con-
siderados movimentos amplos.
32
atividades de estudo
4. Abaixo são apresentadas algumas situações de projeto em que podem ser usados os crité-
rios de alcance (5%il) e espaço (05%il) para uso de percentis. Nas situações abaixo, indique
quando usar o percentil 5%il e quando usar o percentil 95%il.
a. Saída de emergência: _____________________.
b. Altura de estantes: _____________________.
c. Vão entre cadeira e mesa: _____________________.
d. Largura da cadeira: _____________________.
e. Distância entre poltronas em ônibus: _____________________.
33
LEITURA
COMPLEMENTAR
Um setor que necessita muito de dados antropométricos para a produção de seus produtos é a confecção. A área
de moda carece de padronização das medidas do vestuário. O texto a seguir trata desse assunto e faz parte de uma
pesquisa que levantou uma base de dados antropométricos para a confecção.
Antropometria e vestuário
Mais do que cobrir o corpo, o ato de vestir caracteriza e diferencia épocas e culturas, bem como cada um dos indi-
víduos pertencentes a uma sociedade. Partindo desse princípio, a moda é responsável por atender desejos e neces-
sidades de seus consumidores. Para Queiroz e Otta (2005), o uso que cada indivíduo faz de seu corpo, por meio de
vestimentas, acessórios e ornamentos, representa o universo de valores, significados e comportamentos, no qual está
inserido. Neste sentido, cabe ao profissional da moda conciliar fatores técnicos e subjetivos na confecção das peças,
pois estas deverão atender não apenas às necessidades físicas do consumidor, mas estarão, sobretudo, ligadas a
fatores psicológicos.
Os consumidores dos produtos de moda são divididos em três grupos: crianças, homens e mulheres, sendo estas
últimas as que enfrentam maiores dificuldades para encontrar peças de vestuário adequadas ao seu biótipo. Tal fato
pode ser justificado pela maior variedade de peças destinadas a esse público, bem como as suas formas mais arre-
dondadas, devido ao acúmulo de gordura subcutânea ser maior no corpo da mulher (IIDA, 2005). Além disso, essa gor-
dura é distribuída de maneira diferente em homens e mulheres, bem como pode variar muito de mulher para mulher.
Considerando as diferenças antropométricas existentes, é necessário que se conheça os biótipos regionais da popu-
lação, para que a indústria do vestuário consiga atender às necessidades de seus consumidores.
34
LEITURA
COMPLEMENTAR
Outro fator que gera conflito, no estabelecimento de uma tabela de medidas para confecção, é a falta de padroniza-
ção de nomenclaturas, termos técnicos e métodos de coleta entre os dados disponíveis, o que pode ser observado
com facilidade ao comparar-se diferentes tabelas que geram bases para modelagem.
Algumas empresas adotam a prática da troca de etiquetas, identificando com um número menor uma peça de ta-
manho maior, procurando satisfazer o desejo de consumidoras, que não aceitam usar determinada numeração ou
sentem-se emocionalmente melhores ao vestirem uma roupa de numeração menor (SABRÁ, 2009).
Com a finalidade de padronizar os tamanhos de artigos de vestuário, a Associação Brasileira de Normas Técnicas
- ABNT elaborou a NBR 13.377 – Medidas do corpo humano para vestuário. Entretanto, não há obrigatoriedade de
aplicação desta norma, bem como não há informações suficientes para a definição de padrões dos manequins.
Outras duas Associações, a Associação Brasileira do Vestuário (ABRAVEST) e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil
e de Confecção (ABIT) atuam no setor de vestuário do país, sendo que a primeira está desenvolvendo o Censo Antro-
pométrico Brasileiro. Este censo é de grande importância para que haja o conhecimento antropométrico da popula-
ção brasileira, porém é necessário que se identifiquem e apresentem os padrões regionais, para que haja adequação
da confecção.
35
ERGONOMIA
ABERGO
A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) é o órgão que regulamenta a pro-
fissão do Ergonomista no Brasil. Neste site, você pode encontrar informações úteis
sobre a profissão e diversos outros assuntos relacionados.
36
referências
37
referências
38
gabarito
UNIDADE I
1. D; E; A; B; C
2. C; A; B
3. Dinâmica; Funcional; Estática
4. 95%il; 5%il; 95%il; 95%il; 95%il
5. B; D; A; B
6. D
39
POSTURA E MOVIMENTO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• O sistema musculoesquelético
• Força, fadiga e repetitividade
• Principais posturas do trabalho
• Levantamento e transporte de carga
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar uma base de conhecimento do funcionamento do sistema
musculoesquelético, ou seja, como os ossos, músculos e articulações
trabalham em conjunto para garantir a sustentação e movimentação dos
seres humanos.
• Introduzir os conceitos de força, repetitividade e fadiga e como prevenir
que lesões ou doenças possam acometer o trabalhador ou usuário do
produto.
• Demonstrar as vantagens e desvantagens das posturas em pé, sentado e
deitado. Projeto de postos de trabalho.
• Esclarecer porque o levantamento e transporte de carga são as tarefas da
indústria em que ocorrem a maior quantidade de lesões e afastamento
funcional; demonstrar os principais fatores de risco e como reduzir os
impactos no ser humano.
unidade
II
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), você já notou que a maior parte das nossas atividades
é realizada por meio de computadores e que o sedentarismo passou a
ser um grande problema de saúde nos últimos anos. Com a ênfase dada
aos avanços da computação, realidade virtual, automação e robótica,
acabamos esquecendo que ainda a maior parte das atividades humanas é realiza-
da manualmente e exigindo ainda grandes esforços físicos.
Apesar de termos grandes avanços, ainda a maior parte dos acidentes de tra-
balho e lesões são causadas por trabalhos manuais que desrespeitam os limites
do corpo humano. Nesta segunda unidade, aprenderemos um pouco mais sobre
um assunto tradicional da ergonomia: a postura e movimento do corpo humano.
A área da ciência que estuda o posicionamento e os movimentos corporais e da
qual a ergonomia se apropria é a biomecânica.
A biomecânica utiliza leis da física e conceitos da engenharia para descre-
ver movimentos realizados por vários segmentos corporais, bem como as forças
atuantes nessas partes do corpo durante atividades normais diárias (NORDIN;
FRANKEL, 2003). Mais especificamente, utilizamos em ergonomia a biomecâni-
ca ocupacional, pois, focamos o estudo do corpo humano em relação à demanda
do trabalho.
As posturas de trabalho são assuntos bastante comentados e praticamente
todo mundo pensa que sabe como realizar uma postura correta no trabalho.
Ainda nesta unidade, aprofundaremos mais sobre esse assunto, mostrando
quais são as principais posturas de trabalho e a importância de conhecer a
estrutura do corpo humano para sabermos adaptar as tarefas e postos de
trabalho para cada tipo de atividade.
Além disso, aprenderemos um pouco mais sobre o sistema musculo-
esquelético e como ele garante que façamos movimentos e como atua no
mundo físico, como os músculos exercem forças e quais os limites desses
tecidos. Veremos a importância da coluna vertebral para nossas ativida-
des e como prevenir lesões nessas estruturas.
ERGONOMIA
O SISTEMA
MUSCULOESQUELÉTICO
Na segunda unidade compreenderemos um pouco vimentos. Conhecer esses limites é importante para
sobre a funcionalidade do sistema musculoesquelé- evitar lesões, que no caso das articulações são de difí-
tico, responsável pela estrutura do corpo e pelos mo- cil recuperação. E os músculos são responsáveis pelo
vimentos. Por isso mesmo, é um dos sistemas mais movimento corporal (DANGELO; FATTINI, 2011).
importantes para a ergonomia física. O sistema musculoesquelético humano funcio-
O sistema musculoesquelético é composto de três na como se fosse um conjunto de alavancas. Quan-
elementos principais: músculos, ossos e articulações. do um segmento corporal está se movimentando, o
Os ossos são responsáveis, dentre outras funções, a de segmento anterior (mais próximo ao corpo) é quem
dar estrutura ao corpo, proteção e sustentar os diver- dá a sustentação. Por exemplo, se vamos mover o an-
sos segmentos corporais. As articulações são respon- tebraço para cima, o braço estabiliza o movimento,
sáveis por fazer a ligação entre um segmento corporal permitindo que o músculo do bíceps traga esse seg-
e outro, e permitir a movimentação entre eles. Cada mento corporal para cima (mais próximo), moven-
articulação tem uma característica e um limite de mo- do a articulação do cotovelo.
44
DESIGN
Figura 1: Na imagem é possível ver os segmentos corporais e um esquema das articulações formando alavancas. À direita uma imagem do baço e ante-
braço mostrando a contração do bíceps e o movimento ascendente
MÚSCULOS
• Músculo liso: são os músculos que envolvem
Dentre os três componentes do sistema musculoes-
os órgãos internos, responsáveis pelos movi-
quelético, os músculos são responsáveis pelos mo- mentos peristálticos (deglutição e evacuação)
vimentos e têm íntima relação com o metabolismo, e não são controlados voluntariamente.
gasto energético e fadiga. Existem 3 tipos de múscu-
lo no corpo humano (CHAFFIN et al., 2001): No entanto, apenas os músculos estriados esqueléti-
• Músculo estriado esquelético: são os múscu- cos é que nos importam. No corpo humano existem
los que estão ligados aos ossos e formam o aproximadamente 600 músculos e desses cerca de
nosso sistema musculoesquelético. São res- 400 são músculos esqueléticos, relacionados direta
ponsáveis pelos movimentos e são controla-
ou indiretamente com movimentos do corpo (SAN-
dos voluntariamente pelo Sistema Nervoso
Central. DERS; McCORMICK, 1993).
• Músculo estriado cardíaco: é o músculo do Os músculos são compostos por milhares de fi-
coração. É composto de fibras estriadas, as- bras musculares, que são responsáveis pelas contra-
sim como os músculos esqueléticos, mas não ções musculares. A unidade contrátil de uma fibra
são controlados voluntariamente. muscular é a miofibrila e cada fibra muscular con-
45
ERGONOMIA
tém muitas delas. A miofibrila é a unidade contrátil Para haver a contração muscular e, consequen-
do músculo e é composta de dois filamentos de pro- temente, os movimentos corporais, é necessária
teína: a actina e a miosina. Quando os filamentos de energia que para o músculo é providenciada pelos
actina deslizam para mais próximo dos filamentos alimentos que ingerimos, predominantemente dos
de miosina, ocorre uma contração muscular. O afas- carboidratos e gorduras. Ela é armazenada na for-
tamento da actina caracteriza o relaxamento mus- ma de glicogênio dentro dos músculos, sendo usada
cular. Um músculo pode reduzir em até metade do conforme há necessidade para o movimento da acti-
tamanho ao realizar a contração. na sobre a miosina.
Figura 2: Fibras musculares
Trabalho muscular
Em repouso, nosso metabolismo está mais lento,
próximo ao metabolismo basal. Ao iniciar uma ati-
vidade, com a movimentação do corpo, a taxa me-
tabólica vai aumentando, acelerando os batimentos
cardíacos e a respiração (BRANDIMILLER, 1999).
SAIBA MAIS
46
DESIGN
Quando o esforço se inicia, não há grande quantida- a contração chega a 60% da capacidade máxima, o
de de oxigênio no músculo para garantir a sua fonte sangue deixa de circular no interior dos músculos
de energia, pois a reação de transformação do glico- (CHAFFIN et al., 2001). Um músculo sem irrigação
gênio em energia é aeróbia, ou seja, depende da pre- sanguínea fatiga-se rapidamente, não sendo possível
sença de oxigênio. Assim, de início, o músculo pro- mantê-lo contraído por mais de 1 ou 2 minutos. Se
duzirá energia a partir de reações anaeróbias, que o esforço persistir, a dor que se segue provoca inter-
produzem menos energia, ou seja, é menos eficiente. rupção obrigatória do trabalho.
O tempo de adaptação até o metabolismo conseguir Por outro lado, quando o músculo faz contra-
se adequar à demanda da atividade leva aproxima- ções e relaxamentos alternados, causa um efeito be-
damente de 2 a 4 minutos (FALZON, 2007). néfico à circulação, pois durante a contração há um
Se o esforço começar repentinamente e, princi- bloqueio da circulação sanguínea e no relaxamento
palmente se tiver uma intensidade de moderada a há liberação. Esse movimento alternado intensifica
alta, os músculos trabalharão em desvantagem, com a passagem do sangue pelas veias, atendendo a de-
débito de oxigênio e de energia. Essas reações geram manda de suprimento de nutrientes e de oxigênio
subprodutos no músculo, sendo o principal o ácido no músculo.
lático que é um dos indicativos da fadiga muscular. • O trabalho estático de um músculo é aquele
O desequilíbrio entre demanda (intensidade que exige contração continuada para manter
da atividade muscular) e suprimento (atividade uma determinada posição, ou seja, há a con-
tração, mas não há movimento.
cardiorrespiratória) pode ser reduzido com aque-
• O trabalho dinâmico de um músculo é aquele
cimento prévio do organismo. Em geral, cinco mi-
que permite contrações e relaxamentos alter-
nutos de atividade física já são suficientes para os nados, havendo movimento articular.
músculos não iniciarem o trabalho com déficit de
oxigenação e de energia. Outro benefício do aque- Na figura 4, podemos ver uma ilustração a cerca
cimento também é aquecer os músculos, facilitando da demanda e suprimento no músculo proporcio-
a movimentação e a contração muscular e melhorar nado pela circulação sanguínea. Em repouso, te-
a mobilidade das articulações, permitindo melhor mos baixo suprimento, pois a circulação está mais
lubrificação. lenta, mas também há baixa demanda de energia e
de oxigênio. O trabalho dinâmico apresenta uma
alta demanda, mas também recebe uma alta ofer-
Trabalho estático e dinâmico ta, pois a circulação está facilitada. No trabalho
Quando um músculo está contraído, ele aumenta de estático há uma alta demanda que não consegue
volume e, consequentemente, há aumento da pres- ser suprida pela circulação, levando rapidamente
são interna, estrangulando os capilares (vasos san- à fadiga.
guíneos de menos calibre). Um trabalho estático, por exemplo, realizado
Enquanto, a contração muscular estiver entre 15 com aproximadamente 50% da contração máxima
e 20% da capacidade máxima do músculo, a circu- de um músculo, não deve durar por mais de 1 minu-
lação continua normalmente. No entanto, quando to (IIDA, 2005).
47
ERGONOMIA
48
DESIGN
figura 4: relação entre a demanda e o suprimento no músculo de acordo com o tipo de trabalho
49
ERGONOMIA
FORÇA, FADIGA
& REPETITIVIDADE
Agora, vamos ver os conceitos de força, fadiga mus- capazes de gerar força (CHAFFIN et al., 2001).
cular e repetitividade, bem como as consequências O objetivo da força muscular é realizar um mo-
desses três aspectos da atividade muscular para o vimento e essa força deve ser proporcional à resis-
trabalho e saúde do ser humano. tência oferecida. Os movimentos são realizados,
Primeiramente, vamos entender melhor o que geralmente, por pares de músculos antagônicos,
é força muscular. Força é o resultado da contração enquanto um faz a contração o outro faz o relaxa-
muscular. Quanto maior a quantidade de fibras mento. Para determinado movimentos são realiza-
musculares, maior a capacidade do músculo em re- das diversas combinações de contrações musculares
alizar força. O corpo humano não produz mais fi- para que os segmentos corporais se movimentem
bras musculares conforme se desenvolve, mas ape- coordenadamente e realizem o movimento neces-
nas deixa-as mais grossas. Assim, não se perde nem sário. As características principais dos movimentos
se ganha músculos, o que ocorre é que as fibras se (IIDA, 2005; COLOMBINI et al., 2002; CORLETT
tornam mais delgadas e, consequentemente, menos et al., 1986):
50
DESIGN
51
ERGONOMIA
52
DESIGN
53
ERGONOMIA
PRINCIPAIS POSTURAS
DO TRABALHO
Um dos aspectos mais estudados pela ergonomia é segmentos corporais sejam dispostos da forma que
a postura de trabalho. Uma má postura pode levar desejamos, considerando as suas limitações (GUÉ-
a diversas constrições no organismo, como prejudi- RIN et al., 2001; GRANDJEAN, 1998).
car a circulação sanguínea, levar a lesões musculares Uma postura correta é um dos principais fatores
ou articulares e até influenciar nosso desempenho para o bom desempenho do trabalho. Em geral, é
no trabalho. Agora, vamos aprender mais sobre as ideal que a posição que adotamos para o trabalho
principais posturas de trabalho e como podemos ga- não imponha que fiquemos em uma luta constan-
rantir uma maior saúde e segurança ao trabalhador. te contra a gravidade, mas que tenhamos um bom
Postura é o estudo relativo das partes do corpo apoio e sem precisar fazer muito esforço muscular
no espaço. São as articulações que permitem que os estático (ABRAHÃO et al., 2009).
54
DESIGN
SAIBA MAIS
Essas posturas envolvem esforço muscular para
a sua manutenção e sustentação de partes do corpo.
Por exemplo, quando estamos com a cabeça voltada O sentido (ou senso) cinestésico é parte das
à frente (flexão da cervical), como quando lemos ou nossas capacidades sensoriais que trabalha
com a percepção do próprio corpo. A defini-
desenhamos, os músculos posteriores do pescoço ção fisiológica do termo é ‘a consciência da
estão realizando contração estática para sustentar a posição e movimento do corpo no espaço’.
cabeça na posição. Quando mais pesado o segmen- Esse sentido é usado, por exemplo, quando
realizamos movimentos sem o acompanha-
to corporal ou mais distante do centro de massa do mento visual, como quando um motorista
corpo, mais difícil será essa sustentação (THOMAS; troca a marcha de um carro.
NELSON; SILVERMAN, 2005). O sentido cinestésico é parte do sistema sen-
sorial que é consciente da percepção corporal,
figura 8: flexões da cervical são comuns em diversas atividades huma- envolvendo a localização espacial do corpo,
nas, tanto em casa como no trabalho
sua posição e orientação, a posição de cada
parte do corpo em relação às demais e a per-
cepção dos órgãos internos (força exercida
pelos músculos, por exemplo), esta faculdade
é também chamada de propriocepção.
Cabeça 06 a 08
Tronco 40 a 46
Membros superiores 11 a 14
Membros inferiores 33 a 40
55
ERGONOMIA
Posturas de trabalho
Embora, tenhamos falado que existem as posturas
mais diversas, quando falamos de postura de traba-
lho há duas principais que adotamos como referên-
cia: sentado ou em pé. Há também a postura deita-
da, que pode ocorrer mais raramente.
Postura deitada
Nesta postura não há concentração de tensão, o san-
gue flui livremente, o consumo de energia é mínimo.
figura 10: profissões que adotam a postura em pé
No entanto, é uma postura ideal para o descanso,
mas não para o trabalho. Os movimentos ficam di-
ficultados pela própria posição e muitas vezes é ne-
cessário manter a cabeça suspensa para conseguir
visualizar o trabalho, o que leva a uma rápida fadiga.
Postura em pé
A posição em pé proporciona grande mobilidade e
a cobertura de grandes áreas e, por isso, é normal-
mente empregada em atividades que o trabalhador
precisa se deslocar de um lugar a outro frequente-
mente, por exemplo, vendedores, supervisores de
indústria, pedreiros, carteiros, dentre outros.
56
DESIGN
57
ERGONOMIA
Entretanto, a postura não deve ser adotada se o tra- Recomendações sobre a postura no trabalho
balhador tiver que ficar parado no mesmo lugar. Como havíamos dito, anteriormente, cada atividade
Essa condição é bastante fatigante, pois, exige traba- tem características específicas que precisam ser es-
lho estático da musculatura dos membros inferiores, tudadas individualmente para se verificar se há ade-
do abdômen e da coluna e o coração enfrenta maior quação ou não. Cada postura tem suas vantagens e
dificuldade para bombear o sangue. desvantagens. Na tabela a seguir, elencamos algumas
desvantagens relacionadas às posturas de trabalho.
Postura sentada Tabela 2: Problemas relacionados às posturas de trabalho
Quando estamos sentados, há um consumo menor
Postura Problemas ou constrangimentos
de calorias para manter a posição se comparada à
Fadiga nos pés e pernas e proble-
postura em pé, por isso, é mais relaxante e também Em pé
mas circulatórios.
mais indicada as atividades intelectuais. Essa postu-
Sentado Fadiga nos músculos das costas
ra exige atividade muscular do dorso e ventre para sem encosto (extensores do dorso).
se manter, não precisando tanto dos músculos das Pode comprometer a circulação na
Assento
pernas. A maior parte do peso do corpo é sustenta- parte posterior das pernas, que fi-
muito alto
da pelas nádegas, o que permite um bom posiciona- cam pressionadas contra o assento.
mento corporal e equilíbrio, por haver uma base de Postura incorreta das costas e
Assento
pescoço e tendência a escorregar o
apoio larga (e se o assento for adequado). muito baixo
corpo para a frente.
Quando estamos sentados, os membros inferio-
Braços Fadiga nos músculos dos ombros e
res estão livres da obrigação de sustentar o corpo, esticados braços.
permitindo assim utilizar os pés para atividades Superfícies Postura incorreta da coluna verte-
produtivas. Isso é bastante comum acionar pedais ao de trabalho bral, tendo que abaixar para realizar
muito baixas o trabalho.
conduzir veículos automotores, por exemplo.
Superfícies
Postura incorreta dos ombros (ab-
Figura 11: Exemplos de trabalhos realizados na postura sentada de trabalho
dução ombro) e leva à fadiga.
muito alta
Fonte: Iida (2005).
58
DESIGN
59
ERGONOMIA
LEVANTAMENTO
& TRANSPORTE DE CARGA
Agora, aprenderemos mais sobre o levantamento e parte dos traumas musculares entre os trabalhadores.
o transporte de carga. Essa é uma atividade muito De acordo com Iida (2005), 60% do total das lesões é
comum em nossa vida cotidiana e em encontrada causado por levantamento de cargas e 20% está relacio-
com mais ou menos intensidade na maior parte das nado a tarefas de puxar ou empurrar cargas. Isso é par-
profissões e também causadora de muitos acidentes ticularmente preocupante se pensarmos que parte des-
de trabalho e afastamentos. sas lesões são graves e podem deixar o trabalhadores
O manuseio de cargas é responsável por grande incapacitados para o trabalho (CHAFFIN et al., 2001).
60
DESIGN
61
ERGONOMIA
E
Figura 15: os discos interverte-
ntre cada vértebra há uma estrutura espon- brais sustentam e dão mobilidade
Às vertebras
josa chamada disco intervertebral que tem
a função de amortecer o peso e o impacto
entre as vértebras e permitir a mobilidade.
São essas estruturas que se deformam para permitir
que o nosso tronco se movimente.
A maior parte das lesões, por levantamento de
carga na coluna, podem ocorrer por estiramento
dos músculos extensores dorsais, especialmente
quando a carga é muito pesada ou o movimento
foi realizado bruscamente, mas também podem
ocorrer lesões nos discos intervertebrais, que nes-
se caso são de mais difícil recuperação (CHAFFIN
et al., 2001).
62
DESIGN
Quando estamos com a coluna curvada, os dis- Para evitar esse tipo de lesão, o levantamento de
cos ficam pressionados de um lado e esticados cargas deve ser realizado com a coluna na vertical,
do outro, para garantir o movimento. Se formos mantendo-se todas as vértebras alinhadas e priori-
levantar ou transportar muito peso com a coluna zando o esforço na musculatura das pernas, que são
curvada, esses discos sofrerão uma pressão extra, mais resistentes e capazes da realização de esforço.
podendo levá-los a extravasar o espaço da coluna. Assim, os músculos dorsais devem apenas estabili-
Isso caracteriza uma hérnia de disco (CHAFFIN zar a coluna e não realizar o levantamento da carga.
et al., 2001).
figura 16: discos intervertebrais rompidos SAIBA MAIS
muitíssimo doloroso.
figura 17: exemplificação de levantamento de carga mais eficiente
63
ERGONOMIA
Transporte de Carga
Os constrangimentos biomecânicos relativos ao saudáveis. A seguir exemplificamos algumas reco-
transporte de carga são relativamente os mesmos mendações para o levantamento e transporte de car-
relacionados ao levantamento de carga. A diferen- ga (LACOMBE, 2012; PALMER, 1976; IIDA, 2005).
ça é que nesse caso a carga já está sendo sustenta- • Manter a coluna ereta: é importante manter
da e deve ser agora transportada até seu lugar de os discos alinhados tanto no levantamento
destino. O peso extra provoca dois tipos de rea- quanto no transporte de cargas.
ções corporais (HAGBERG et al., 1995; NORDIN; • Fazer o levantamento ou transporte em
FRANKEL, 2003): etapas: se a carga for muito pesada, pode-
-se levantar até um ponto intermediário e
• Sobrecarga fisiológica nos músculos da co- depois terminar o levantamento. O mesmo
luna e membros inferiores, que trabalharão princípio serve para o transporte, podendo
mais intensamente e, consequentemente, te- fazer uma pausa no meio do percurso para
rão fadiga mais rápida. recuperação.
• Estresse postural devido à compressão das • Mantenha a carga próxima do corpo: quan-
articulações. do afastamos a carga do corpo, o esforço tor-
• Compressão de partes anatômicas, especial- na-se mais intenso e causamos sobrecarga
mente aquelas que estão em contato direto nos músculos dorsais.
com o peso a ser transportado. • Use cargas simétricas: cargas assimétricas
causam um desequilíbrio no tórax, sobrecar-
Por ser uma atividade de alto risco de lesões, alguns regando os discos intervertebrais.
cuidados devem ser tomados. A coluna vertical • Defina o caminho previamente: é muito
também deve ser mantida alinhada para haver uma comum durante o transporte de cargas ter
que superar obstáculos, como desviveis, de-
destruição adequada do peso ao longo do corpo. O
graus, mobílias, líquidos ou materiais que
peso da carga deve ser equilibrado para a capacidade estão no chão; esses obstáculos podem cau-
do indivíduo e sempre que possível deve-se dividir sar acidentes ao trabalhador transportando
a carga em cargas menores, ou utilizar dois ou mais cargas e por isso devem ser eliminados pre-
trabalhadores. viamente.
• Use sistemas auxiliares: quando for possível,
Recomendações para o levantamento pode usar transportadores mecânicos ou car-
e transporte de carga rinhos que desobrigam o trabalhador a sus-
tentar muito peso por muito tempo e permi-
Existem no Brasil algumas normas relativas ao le-
tem levar cargas mais elevadas.
vantamento e transporte de cargas. A NR18 estabe-
• Providencie pegas adequadas: é importante
lece que o limite máximo possível para o levanta-
que a carga a ser transportada tenha um lu-
mento de cargas é de 40kg e para o transporte de gar adequado para se segurar; isso evita que
60kg, ou seja, para transportar cargas maiores que a carga excessiva cause lesões nos tecidos das
40kg elas não podem ser retiradas do chão. Esses mãos e que evita que o trabalhador derrube o
limites foram considerados para homens adultos e material a ser transportado.
64
considerações finais
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, nós aprendemos um pouco mais sobre o sis-
tema musculoesquelético e como ele permite que realizemos nossas atividades
do dia a dia. Vimos como se dá o metabolismo gerador de energia no músculo e
quais são as restrições das capacidades desses tecidos e das articulações.
A fadiga muscular é um índice importante para compreender o limite de atu-
ação humano e ela está ligada a alguns fatores, como a exceção de forças de alta
magnitude, esforços repetitivos e contrações musculares estáticas. Nesses casos,
evitar as contrações estáticas e promover o repouso adequado é a melhor maneira
de evitar a sobrecarga muscular.
Ainda nessa unidade, compreendemos um pouco mais sobre as posturas de
trabalho e como elas podem ser benéficas à atividade que se desempenha ou que
podem causar malefícios ao organismo se forem executadas de maneira incorre-
ta. É importante lembrar também que, mesmo se a postura for correta, ela não
deve ser mantida por muito tempo, pois toda postura causa contração estática de
algum grupo muscular que levará à fadiga. Portanto, o mais indicado é sempre
fazer alternância postural.
Ao final, estudamos o levantamento e transporte de carga, uma das ativida-
des que mais causam acidentes e lesões no trabalho. As razões disso são diversas
e estão relacionados com posturas inadequadas e cargas excessivas que podem
prejudicar a estrutura anatômica da coluna vertebral, causando lesões. Dentre
as principais recomendações, podemos citar: respeitar os limites de carga para
cada trabalhador; manter sempre a coluna alinhada; usar carrinhos ou sistemas
auxiliares e dividir a carga. Dessa forma, conseguiremos prevenir que não haja
exaustão ou lesões nas estruturas da coluna vertebral.
Com isso, vimos os assuntos mais relevantes da biomecânica ocupacional que
indiscutivelmente são imprescindíveis para a atuação do designer, engenheiro ou
ergonomista. Apenas com o conhecimento das capacidades humanas que pode-
remos projetar produtos, ambientes e tarefas que sejam adequados e seguros.
65
atividades de estudo
66
atividades de estudo
67
atividades de estudo
68
LEITURA
COMPLEMENTAR
69
LEITURA
COMPLEMENTAR
o design tem por principal objetivo encontrar a relação mais efetiva e segura entre o
trabalhador e a ferramenta, o que pode ser alcançado tanto pelo projeto de equipa-
mentos e tarefas que aliviem a carga biomecânica no ser humano, quanto pela escolha
de ferramentas adequadas à tarefa e ao trabalhador. Para isso, é necessário que sejam
feitos levantamentos da capacidade humana de realização de forças manuais.
[...]
Os fatores individuais (idade, antropometria e gênero), apesar de indiretamente relaciona-
dos com o projeto de produtos, são extremamente relevantes para o designer, pois indi-
cam características, capacidades e limitações do público usuário de determinado produto.
Um exemplo desta situação são os produtos produzidos para mulheres ou para idosos,
nos quais a exigência de força deve ser menor que produtos destinados a homens adul-
tos, por exemplo. Ilustrando estes argumentos, Voorbij e Steenbekkers (2002), em uma
avaliação simulada de abertura de frascos de vidro, recomendaram que a exigência de
força nessas embalagens não poderia ser superior a 2 Nm. Com esse pré-requisito, 97,6%
dos indivíduos com mais de 50 anos seria plenamente capaz de abrir estas embalagens.
Dentre os fatores biomecânicos e da tarefa, destacam-se as posturas com desvios de
punho, especialmente a flexão, como as mais prejudiciais para a realização de forças;
devem também ser evitadas posturas extremas e com restrição de espaço. Ao pensar o
projeto de pegas e manejos que exijam aplicações de grandes forças, deve-se priorizar
as preensões palmares em detrimento das digitais e providenciar maior espaço para
que mais dedos sejam envolvidos na preensão. Nas atividades que envolvam a execu-
ção de torque manual, sempre que possível, deve-se dar preferência aos movimentos
de flexo-extensão aos de prono-supinação, por gerarem maiores forças.
Algumas características dos produtos também devem ser consideradas. As pegas cujos
formatos possuem angulosidades ou um maior braço de alavanca, ou seja, apresentam
maior diferença na proporção entre a largura e altura (mais distantes do cilindro), po-
dem gerar maiores forças manuais. A presença de textura ou ranhuras também pode
aumentar a execução de forças manuais.
Em ações de torção do antebraço (torque) que exigem maior demanda de forças, devem
ser evitados formatos cilíndricos e acabamento muito liso, não se esquecendo também
que formas pontiagudas podem causar desconforto na manipulação. Para a tração, os
puxadores devem proporcionar uma área de contato suficiente para facilitar a preensão.
70
LEITURA
COMPLEMENTAR
O tamanho do objeto pode alterar significativamente a força manual. Blackwell et al. (1999) explicam que essa variável
pode estar condicionada ao comprimento da musculatura envolvida, sendo que a melhor condição para aplicação de
forças seria quando o músculo está próximo da sua posição de repouso, ao passo que condições adversas podem
ocorrer quando o músculo está encurtado (objetos muito pequenos) ou alongado (objetos muito grandes). O diâme-
tro de aproximadamente 50mm em pegas cilíndricas (preensões palmares), independentemente da ação realizada
(força de preensão, torque, tração), parece ser o mais adequado.
Quanto à posição e orientação do objeto, deve-se procurar, ao projetar produtos e tarefas, que as pegas ou manejos
(locais de acionamento manual) estejam localizados aproximadamente na altura dos ombros dos indivíduos e que o
sentido de aplicação seja preferencialmente horizontal.
71
Ergonomia
Pierre Falzon
Editora: Edgard Blücher
Sinopse: Pierre Falzon é organizador deste livro que contém
textos de grandes pesquisadores de ergonomia. Está dividido
em quatro partes: introdução à disciplina, fundamentos concei-
tuais de ergonomia, metodologias e procedimentos de ação e
modelos de atividade e aplicação.
Comentário: Esse livro traz textos detalhados e discussões
avançadas sobre a maior parte dos temas abordados pela Ergonomia. Um livro recomenda-
do para quem se interesse em se aprofundar nesses estudos.
Biomecânica ocupacional
Don B. Chaffin, Gunnar B. J. Andersson e Bernard J. Martin
Editora: Ergo Editora
Sinopse: Este livro oferece base àqueles que buscam se utilizar
da biomecânica ocupacional em suas atividades, incluindo aca-
dêmicos, profissionais liberais, designers, engenheiros e espe-
cialistas em ergonomia, podendo se capacitar para a utilização
da ergonomia no projeto de produtos e processos.
Comentário: Trata-se de um livro bastante completo para quem
tem interesse em se aprofundar no conhecimento da biomecâ-
nica ocupacional.
referências
ABRAHÃO, J.; SZNELWAR, L.; SILVINO, A.; SARMET, M.; PINHO, D. Introdução à ergonomia: da prática à
teoria. São Paulo: Edgard Blücher, 2009.
ASCENSÃO, A.; MAGALHÃES, J.; OLIVEIRA, J.; DUARTE, J.; SOARES, J. Fisiologia da fadiga muscular. De-
limitação conceptual, modelos de estudo e mecanismos de fadiga de origem central e periférica. Revista Portu-
guesa de Ciências do Desporto. Vol. 3, no 1, p. 108–123, 2003.
BERNARD, B. Musculoskeletal disorders and workplace factors. A critical review of epidemiologic evidence for
work-related musculoskeletal disorders of the neck, upper extremity, and low back pain. National Institute for
Occupational Safety & Health, Publ nº 97.141, 1997.
BICEPS Muscle. Wikimedia Commons. Biceps. 2013. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Biceps_Muscle_CNX.jpg>. Acesso em: 05 abr. 2016.
BRANDIMILLER, P. A. O corpo no trabalho: guia de conforto e saúde para quem trabalha em microcomputa-
dores. São Paulo: Senac, 1999.
CHAFFIN, D. B.; ANDERSSON, G. B. J.; MARTIN, B. J. Biomecânica ocupacional. São Paulo: Ergo Editora,
2001.
COLOMBINI, D.; OCCHIPINTI, E.; GRIECO, A. Risk assessment and management of repetitive movements
and exertions of upper limbs: Job analysis, Ocra risk indices, prevention strategies and design principles (Vol.
2): Elsevier, 2002.
CORLETT, N.; WILSON, J. R.; MANENICA, I. The ergonomics of working postures: models, methods and
cases. London: Taylor and Francis, 1986. 429p.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Editora Atheneu,
2011.
FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher, 2007.
FOGTMANN; M. H.; FRITSCH, J.; KORTBEK, K. J. Kinesthetic Interaction: Revealing the Bodily Potential in
Interaction Design. In: OZCHI ‘08. Proceedings of the 20th Australasian Conference on Computer-Human
Interaction: Designing for Habitus and Habitat, v. 8, pp. 89-96; New York: ACM, 2008.
GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Bookman, 1998.
GUÉRIN, F.; LAVILLE, A.; DANIELLOU, F.; DURAFFOURG, J. KERGUELEN, A. Compreender o trabalho
para transformá-lo: A prática da ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher, 2001.
HAGBERG, C., SILVERSTEIN, B., WELLS, R., SMITH, M. J., HENDRICK, H., CARAYON, P., & PÉRUSSE, M.
Work related musculoskeletal disorders (WMSDs): a reference book for prevention. London: Taylor & Francis,
1995.
IIDA, I. Ergonomia, projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
LACOMBE, P. Bioergonomia: a ergonomia do elemento humano. Curitiba: Juruá, 2012.
MUSCLE Fibes. Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:1007_Mus-
cle_Fibes_(large).jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 05 abr. 2016.
NORDIN, M.; FRANKEL, V. H. Biomecânica do sistema musculoesquelético. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2003. 428p.
73
ERGONOMIA
74
gabarito
GABARITO
1. C
2. B, A, D, C
3. D
4. Contração Muscular Estática; Contração Muscular
Dinâmica; Postura Estática; Postura Dinâmica.
5. B, E, A, C,D
6. V, V, F, V, V
7. C
75
ERGONOMIA
DO AMBIENTE
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Iluminação
• Temperatura e umidade
• Ruído
• Vibração
• Substâncias químicas
Objetivos de Aprendizagem
• Explanar como é composta a luz, como avaliar a iluminação de um ambiente
ou posto de trabalho, quais critérios devem ser utilizados para seleção e
projeto de uma iluminação eficiente e confortável, e como utilizar as normas
técnicas de iluminação.
• Transmitir os conceitos de conforto térmico, regulação da temperatura
corporal pelo organismo, as consequências do trabalho em altas e baixas
temperaturas, e normatização sobre conforto e segurança.
• Demonstrar as diferenças entre som e ruído, o funcionamento do sistema
auditivo, os tipos de surdez e como podem ocorrer, limites de segurança de
exposição a ruídos e medidas de proteção e redução.
• Identificar os tipos de vibração que podem afetar o ser humano e como
prevenir seus efeitos.
• Apresentar os principais agentes químicos que os indivíduos podem estar
expostos em diversos ambientes profissionais, exemplificar os riscos, e
fornecer diretrizes de normas de segurança e medidas de proteção.
unidade
III
INTRODUÇÃO
O
lá, caro(a) aluno(a)! Você já notou como o meio em que esta-
mos nos afeta o tempo todo? E que essa influência gera diversas
reações no organismo e no nosso estado emocional? Por exem-
plo, quem nunca ficou desconcentrado ao ouvir um som desa-
gradável ou muito alto? Ou incomodado com uma quantidade de luz mui-
to forte? Bem, esses e outros fatores fazem parte da ergonomia ambiental.
A ergonomia ambiental estuda os elementos do ambiente que inter-
ferem no desempenho e conforto do ser humano, especialmente se as
condições do ambiente não forem ideais. Essa é uma área de estudo mui-
to importante, pois condições inadequadas do ambiente podem afetar o
indivíduo de diversas maneiras. Uma delas é a segurança, por exemplo,
quando estamos em um ambiente com pouca luz e podemos nos aciden-
tar ou esbarrar em objetos. O ambiente inadequado também pode afetar
nossa saúde, como quando estamos trabalhando com ruídos muito altos
que podem levar à surdez ou com máquinas que transmitem vibrações
ao organismo, podendo deteriorar nosso organismo.
O desempenho em nossas atividades também pode ser afetado quando há
condições inadequadas de iluminação, tornando a visualização de objetos ou
textos mais cansativa e demorada. Também pode afetar nossas emoções, crian-
do um estado de irritabilidade ou estresse, por exemplo, quando está muito
calor ou muito frio no ambiente, deixando-nos menos aptos para o trabalho.
O corpo humano recebe as influências do meio ambiente por meio
dos órgãos dos sentidos. Por meio de estruturas especializadas, o orga-
nismo capta informações do ambiente, como a luz, ruído, temperatura
etc., e a transforma em impulsos elétricos transmitidos até o cérebro para
reagir a esses estímulos ou tomar decisões. Por meio dos órgãos dos sen-
tidos que percebemos o ambiente a nossa volta e podemos atuar nele.
Nessa unidade, estudaremos como o ambiente pode interferir em nossas
atividades e como podemos configurá-lo para atingir as condições ideais
de trabalho e conforto para os seres humanos.
ERGONOMIA
ILUMINAÇÃO
Iniciaremos o estudo de ergonomia ambiental pela ilu- bastante atenção e precisão na visualização, como o
minação, pois esse é um dos elementos mais determi- de ourives, leitura, desenhos etc. (IIDA, 2005).
nantes para a qualidade do trabalho. O maior avanço O desenvolvimento da iluminação artificial se
em termos de iluminação ocorreu com a invenção da deu no fim do século XIX, mas, principalmente, no
lâmpada elétrica por Thomas Edison, em 1878. Antes início do século XX, pois era necessária a constru-
da iluminação elétrica, as residências, comércios e in- ção de toda a rede elétrica das cidades para permitir
dústrias eram dependentes da iluminação natural ou a sua distribuição. Esse invento permitiu um au-
da luz de chamas (velas ou candeeiros). mento médio de 4 horas nas atividades produtivas
Como esse tipo de iluminação artificial era mui- humanas e melhoria do conforto, qualidade do tra-
to ineficiente a quantidade de luz gerada era muito balho e da segurança. No entanto, antes de iniciar-
baixa deixando os ambientes escuros. Isso prejudi- mos o estudo do projeto de iluminação, é necessário
cava muito a qualidade do trabalho em fábricas e es- compreender como funciona o mecanismo da visão
tabelecimentos comerciais, em especial para aqueles e como ele pode ser afetado pela qualidade da ilumi-
que têm grande demanda visual, ou seja, que exige nação do ambiente.
80
DESIGN
SAIBA MAIS
O movimento de adaptação da íris tem suas peculiaridades. Quando saímos de um ambiente escu-
ro e adentrados a um ambiente muito claro, por exemplo, quando se abre a janela de um quarto
escuro, ocorre um ofuscamento temporário da visão que pode chegar a ser dolorosa dependendo
a intensidade de luz. Isso ocorre porque a íris deixou a pupila bastante aberta (relaxada) para a
entrada de bastante luz, como forma de se adaptar ao ambiente escuro. Essa adaptação, no entanto
é rápida, levando apenas alguns segundos.
81
ERGONOMIA
Os cones são as células adaptadas a perceber as cristalino para formar uma imagem. Ela depende da
cores e possuem uma maior acuidade visual, ou seja, distância focal, ou seja, da distância que está o obje-
precisão na formação das imagens. Estão localizadas to focado. Assim, quanto mais próximo está o obje-
predominantemente em uma região especializada to, mais contraído estará o cristalino e, consequente-
da retina chamada fóvea central, que é a região onde mente, estará mais esticado (relaxado) para objetos
o foco da imagem é formado. Na região periférica mais distantes. O músculo ciliar é o responsável por
estão concentrados os bastonetes. Essas células con- esse movimento de acomodação e, também, pode
seguem apenas diferenciar luz e sombra, formando estar sujeito à fadiga, que é comum quando fazemos
imagens em preto e branco. Uma característica des- fixações ou leituras em objetos próximos por tempo
sas células é que elas são bastante sensíveis a imagens prolongado .
em movimento, aguçando a nossa visão periférica e
figura 2: anatomia do aparelho visual
chamando a atenção a movimentos que não estejam
no foco visual. Por serem mais sensíveis à luz que os
cones, são as células responsáveis pela visão noturna
(FENKO, 2010; IIDA, 2005).
SAIBA MAIS
82
DESIGN
figura 3: movimento de convergência para uma distância focal maior (acima) e para uma distância focal menor (abaixo)
83
ERGONOMIA
84
DESIGN
85
ERGONOMIA
Outra questão importante no planejamento da ilu- quada, pode levar à fadiga visual. Conforme vimos
minação é o ofuscamento. Esse fenômeno ocorre anteriormente, os olhos fazem diversos movimentos
quando existe um ponto luminoso próximo ou no para conseguir focar a imagem e captar a visão com
mesmo campo visual de um objeto que precisamos clareza. Em situações com pouco contraste, baixa
ver. Um exemplo fácil de compreender é o ofusca- iluminação ou ofuscamento, os olhos podem ter que
mento causado pelo farol de um carro na via inversa fazer mais movimentos de fixação e por mais tempo,
quando dirigimos à noite. levando rapidamente à fadiga.
O incômodo visual geral é devido ao confli- Os principais sintomas da fadiga visual são:
to enfrentado pela íris para controlar a entrada de dor, irritação, lacrimação, vermelhidão, visão du-
luz, pois, o objeto focalizado está mais escuro que a pla, dor de cabeça, conjuntivite, redução dos mo-
quantidade de luz incidente sobre a visão. Isso tam- vimentos de acomodação e convergência, redução
bém pode ocorrer nos ambientes internos, quando da acuidade visual. Em geral levam a estresse, dor
a posição das luminárias está muito baixa ou dei- de cabeça, cansaço e perda do rendimento de tra-
xando a luz exposta afetando diretamente a visão. balho (MÁSCULO; VIDAL, 2011). Dessa forma,
Luminárias embutidas ou com rebatedores são in- para ser evitada a fadiga visual é necessário um
dicadas para reduzir a incidência de ofuscamentos bom planejamento da iluminação do ambiente de
(GRANDJEAN, 1998). acordo com a necessidade de cada atividade a ser
Quando a iluminação do ambiente não é ade- realizada.
86
DESIGN
87
ERGONOMIA
TEMPERATURA
& UMIDADE
Agora, abordaremos um pouco os fatores climáticos utiliza para manter a temperatura interna é dado o
da temperatura e umidade e como eles podem afetar nome de termorregulação.
nosso desempenho no trabalho e nosso bem-estar. A temperatura interna ideal permanece em tor-
E também o conceito de conforto térmico e quais as no de 36,5°C, mas alguns fatores podem romper
medidas que podemos adotar para adequar o am- com esse equilíbrio e isso afeta a nossa saúde. A
biente ou nos proteger de situações adversas. hipotermia ocorre quando a temperatura corporal
está baixa, que ocorre principalmente devido a ex-
TERMORREGULAÇÃO posição ao frio intenso. A hipertermia é a elevação
Nós, seres humanos, somos seres homeotermos, ou da temperatura corporal acima de 37,5°C, podendo
seja, nosso organismo regula a temperatura interna ocorrer por exposição ao calor intenso e, também,
em um nível ideal para o funcionamento dos siste- em decorrência de problemas de saúde e infecções,
mas orgânicos. Aos mecanismos que o organismo se que levam a surgimento de febre. Em casos extre-
88
DESIGN
mos, a desregulação térmica pode ser fatal quando ta-se de um conjunto de transformações e reações que
temperatura corporal estiver abaixo de 32°C (hipo- ocorrem em um organismo vivo. Geram calor, propor-
termia) ou acima de 42°C (hipertermia) (FROTA; cionalmente, ao nível de consumo de calorias e da ati-
SCHIFER, 2001). Por isso, é muito importante com- vidade humana, assim quanto mais pesada a atividade,
preender quais fatores internos e externos podem maior a geração de calor. Há pessoas que têm natu-
influenciar no controle térmico no ser humano, para ralmente maior sensibilidade ao frio ou ao calor que
garantir uma melhor saúde e condições de trabalho. outros, fazendo parte das características individuais.
Ao contrário do que se pode supor, a temperatu- Externamente ao organismo, o conforto térmico
ra interna não está igualmente distribuída ao longo depende da combinação da temperatura, umidade
do corpo. Nos órgãos internos, o organismo traba- relativa e velocidade do ar. A combinação desses
lha para mantê-la no estado de homeostase, ou seja, elementos levou ao desenvolvimento do conceito de
de temperatura e condições internas estáveis, mas se sensação térmica. A presença de vento é um fator
medirmos a temperatura de outras regiões, em es- que faz diminuir a temperatura percebida, ou seja a
pecial das extremidades dos membros superiores ou sensação térmica.
inferiores, podemos encontrar temperaturas relati-
vamente mais baixas. SAIBA MAIS
O órgão responsável para captação de estímulos
de variação da temperatura do ambiente é a pele. Na
Condução é a troca de calor pelo contato com
epiderme há receptores (neurônios) especializados outros corpos de diferentes temperaturas.
para captarem informações de temperatura, pressão, Quando encostamos nossa pele em um metal
e o sentimos gelado, logo o calor da nossa
textura e dor. Esses estímulos recebidos pela pele são
pele é transmitido ao metal por condução,
transmitidos até o cérebro que toma decisões para aquecendo-o, ao mesmo tempo que o frio
adaptarmos o organismo e manter a homeostase. também é absorvido por nossa pele, haven-
do a troca térmica. Os efeitos da condução
geralmente são desprezados na ergonomia,
CONFORTO TÉRMICO pois, as vestimentas e EPIs (equipamento de
A percepção de conforto térmico é uma medida sub- proteção individual) realizam o isolamento.
jetiva que varia de pessoa para pessoa e depende de Convecção é a troca de calor pela camada de
ar, onde a movimentação do ar tem o efeito
fatores internos ao organismo e de fatores externos.
de diminuir a temperatura da pele. Quando
Por definição, é a condição da mente que expressa a o vento está mais forte, ou seja, quando o ar
satisfação com o ambiente em termos de temperatu- se movimenta em maior velocidade, o calor
superficial da pele acaba sendo retirado por
ra e umidade. A faixa de conforto térmico é estreita,
convecção, resfriando a pele. Outro efeito do
variando poucos graus e depende de diversos fato- movimento do ar em dias quentes é retirar
res, como tipo de atividade que está sendo realizada, a camada de umidade da pele causada pela
transpiração, facilitando também o resfria-
a vestimenta, idade, sexo, época do ano, nutrição,
mento do organismo.
metabolismo etc.
Fonte: Falzon (2007).
Um dos fatores que têm grande influência no con-
forto térmico é o metabolismo. Resumidamente, tra-
89
ERGONOMIA
90
DESIGN
91
ERGONOMIA
Muitas atividades sob altas temperaturas também Nessa situação, o organismo trabalha em des-
estão associadas a trabalhos pesados. Atividades vantagem, devendo reduzir a sua atividade para
industriais, trabalhadores de rodovias, minerado- não gerar mais calor. Caso o trabalhador continue
res estão sujeitos a realizar grandes esforços físicos em atividade intensa, pode ocorrer uma desregula-
em temperaturas elevadas e ainda utilizando grossas ção térmica, com aumento da temperatura corporal
roupas de proteção. Isso pode levar a uma sobrecar- e colocando o trabalhador em estado febril. Nesse
ga do sistema cardiorrespiratório. caso, temperaturas internas de até 39,5°C são tolera-
A atividade muscular intensa exige maior de- das por curtos períodos. Aos 41°C há deteriorações
manda sanguínea, ou seja, o coração precisa bom- irreversíveis nos órgão e tecidos do organismo e aos
bear mais sangue para alimentar os músculos em 42°C leva a óbito (IIDA, 2005).
trabalho constante. Mas também, devido ao calor, Além das implicações físicas no organismo, o
o sangue também fluirá para as extremidades do calor excessivo também traz perturbações psíquicas,
corpo, na tentativa de promover o resfriamento do como sensação de desconforto, irritabilidade, falta
organismo. Isso pode levar a um déficit de sangue no de concentração, erros, queda no rendimento, redu-
corpo e a uma sobrecarga cardíaca. ção da precisão e aumento de acidentes. Vestimen-
A transpiração excessiva também pode levar à tas e EPIs adequados são necessários para melhor a
desidratação e se não for associada à ingestão ade- qualidade de vida do trabalhador. Quando não for
quada de líquidos, pode agravar ainda mais o siste- possível remover o trabalhador da condição de des-
ma cardiovascular, deixando o sangue mais viscoso vantagem térmica, é necessário conceder pausas na
e prejudicando o bombeamento sanguíneo. atividade.
92
DESIGN
93
ERGONOMIA
RUÍDO
Agora, compreenderemos um pouco mais sobre também se propaga na água e em outros meios.
som e ruído, como eles podem ser úteis ou danosos Antes de iniciarmos a discussão sobre o som e o ru-
ao indivíduo e o que podemos fazer para melhorar ído, é importante compreendermos como o nosso
nossas condições de trabalho e nos prevenir contra organismo consegue interpretar vibrações do ar em
perdas auditivas. informações compreensíveis ao cérebro.
O som, por definição, consiste em flutuações
de pressão (vibrações) em um meio, ou melhor di- APARELHO AUDITIVO
zendo, consiste na interpretação das flutuações de A função do ouvido é captar e converter ondas de
pressão em um meio em som, pois o som em si é pressão do ar (vibrações) em sinais elétricos que são
uma percepção e não um elemento físico. No caso transmitidos ao cérebro para produzir sensações so-
dos seres humanos, nosso ouvido está adaptado para noras. No entanto, para ocorrer essa conversão, di-
interpretar as flutuações de pressão do ar, mas o som versos processos ocorrem.
94
DESIGN
Então, vamos entender como funciona o aparelho da aos ossículos internos chamados bigorna, martelo
auditivo. Primeiramente, a vibração do ar entra pela e estribo, devido ao seu formato. A função desses os-
cavidade auditiva sendo conduzido pelo pavilhão au- sículos é amplificar a vibração recebida pelo tímpano
ditivo (orelha) pelo conduto auditivo externo até o e transmitir até a cóclea, por sua ligação na membra-
tímpano. O tímpano é uma membrana bastante fina na da janela oval. Esta membrana é semelhante ao
e flexível que vibra juntamente com o ar de forma se- tímpano, mas recebe vibrações mais amplificadas e a
melhante a um tamborim. Essa vibração é transmiti- distribui na cóclea (GRANDJEAN, 1998).
figura 9: o aparelho auditivo e suas partes constituintes
95
ERGONOMIA
SOM E RUÍDO
Agora que entendemos como funciona o aparelho
Fonte: Adaptado de LIMACON (online, 2011).
auditivo, podemos voltar a falar dos sons. O som é
composto por três características: a frequência, a in-
figura 11: na imagem estão indicadas as transformações de energia pelas
quais passa o som até ser transmitido ao cérebro. em marrom, temos a vi- tensidade e a duração (FALZON, 2007).
bração do ar; em verde, vibrações mecânicas; em roxo, pressões hidráulicas
A frequência é designada pelo número de flutu-
ações, vibrações ou ciclos por segundo, medida em
Hz (1 ciclo/segundo = 1 Hz). Em ondulatória repre-
senta o comprimento de onda. Comprimentos de
ondas maiores geram frequências ou ciclos menores
e configuram os sons graves. Frequências maiores
apresentam comprimentos de onda menores e ca-
racterizam os sons agudos. Até 1000Hz um som é
considerado grave e acima de 3000 Hz um som é
considerado agudo. O ouvido humano percebe sons
de 20 a 20.000 Hz.
A intensidade é determinada pela amplitude da
onda sonora, ou seja, sons mais intensos (altos) são
96
DESIGN
produzidos por ondas sonoras com maior amplitu- põem o barulho da cidade. Mas para o motorista ele
de e sons menos intensos são produzidos por ondas transmite informações importantes, como a hora de
de amplitude menor. A sua unidade de medida é os trocar de marcha ou se há algum problema com sis-
decibéis (dB) e determina energia das oscilações da tema mecânico.
onda sonora. O ruído, portanto, é geralmente um som inde-
O ouvido percebe sons de 20 a 140 dB (os sons sejável que pode nos afetar com maior ou menor
geralmente estão na faixa de 50 a 80 dB). A dura- intensidade. Existem dois tipos de ruído: os ruídos
ção caracteriza o tempo do som, sendo medida em contínuos e os intermitentes (ou de impacto).
segundos. Sons de curta duração, menores que 0,1s • Os ruídos contínuos são aqueles sons que
dificultam a percepção e o reconhecimento. se iniciam e perduram com as mesmas
características de frequência e intensidade
figura 12: ondas sonoras de mesma intensidade por um longo período. Um exemplo comum
(amplitude) para som grave e som agudo, mostran-
do a variação do comprimento de onda é o ruído do motor de ventiladores ou
condicionadores de ar, que permanecem
constantes por um longo período.
• Os ruídos intermitentes, por sua vez, têm
uma duração muito curta e com variação de
intensidade. São produtos por uma diversi-
dades de fatores relacionados às atividades
humanas, como um telefone tocando, um
objeto caindo, conversações etc.
97
ERGONOMIA
Ruído dB Atividade
Aceitável em ambientes de
60
trabalho durante o dia.
98
DESIGN
É necessário aumentar a
75
voz para conversação.
No entanto, a consequência mais grave para o ser ser ocasionado por acúmulo demasiado de secre-
humano decorrente da exposição ao ruído é a sur- ção (cera), por infecções ou perfuração do tímpano.
dez. As duas principais causas da surdez ocupacio- Ruídos de impacto muito intensos podem causar a
nal em seres humanos é a surdez de condução e a perfuração do tímpano. No entanto, a surdez por
surdez nervosa. São diferentes porque correspon- condução em geral é reversível e o tímpano, mesmo
dem a deficiências em regiões anatômicas distintas perfurado, consegue se regenerar.
do ouvido (GRANDJEAN, 1998). A surdez nervosa, por sua vez, corresponde a
A surdez de condução é caracterizada pela re- uma redução da sensibilidade das células nervosas
dução da capacidade de transmitir as vibrações do da cóclea (ouvido interno), ou seja, é a perda da ca-
ouvido externo para o interno. Em geral, acomete pacidade de convertem vibrações em impulsos elé-
o tímpano ou o conduto auditivo externo, podendo tricos. A surdez nervosa pode ser de dois tipos:
99
ERGONOMIA
trabalho intelectual são mais susceptíveis a serem Grande concentração mental (projeto) 45
prejudicadas pelo ruído que as atividades braçais, Grande concentração mental (leitura) 35
por causar maior desconcentração no trabalhador e Fonte: NBR (1987) NBR, ABNT. 10152 - Níveis de Ruído para Conforto
causar desvios de atenção. Acústico. São Paulo: ABNT, 1987.
100
DESIGN
Em atividades que o trabalhador estará exposto a Isolar a fonte: em situações em que não for possível
ruídos acima de 85dB é necessária a intervenção atuar na fonte ou as medidas não forem suficientes,
por meio de medidas de segurança. O ruído não é pode-se isolar a fonte de ruído, impedindo que o
um elemento do ambiente facilmente sanável, pois som se propague no ambiente. A medida mais co-
tende a se dissipar por todos os materiais e é difícil mum é o enclausuramento. Este consiste em cons-
contê-lo. As principais medidas de proteção contra truir em torno da fonte de ruído uma caixa de ve-
os ruídos são: dação à prova de som, empregando-se camadas de
Atuar na fonte de ruído: geralmente as fontes de materiais que absorvem o ruído e impede que ele
ruídos são máquinas ou peças em movimento em atinja o trabalhador. Deve-se atentar, no entanto,
sistemas produtivos. Se for possível reduzir a emis- para os equipamentos que necessitam de ventilação,
são de ruído nas fontes emissoras, ou seja, atuar para refrigeração, alimentação de matéria prima, aciona-
o ruído não seja gerado em grande intensidade, se- mentos etc. Nesses casos, o isolamento pode não ser
ria a solução ideal. As principais causas do ruído em realizado ou terá sua funcionalidade prejudicada.
máquinas são fontes mecânicas (choques, atritos ou Atuar no receptor: a principal forma de proteger
vibrações), explosões e implosões (principalmente o trabalhador atuando nele mesmo é o uso de Equi-
em motores e se referem a mudança súbita de pres- pamentos de Proteção Individual (EPI). Não deve
são da gás contido em uma câmara) e causas magné- ser considerado um método de controle de ruído,
ticas (vibração das bobinas elétricas) As principais mas apenas a prevenção de que seus efeitos agem no
medidas que podem ser implementadas para redu- trabalhador. Os principais EPIs encontrados para
zir o ruído na fonte emissora são: proteção contra ruídos são os plugues intra-auri-
• Usar calços de borracha, para evitar a propa- culares e os protetores em formato de concha. Os
gação do som e reduzir impactos. primeiros devem ser inseridos no canal auditivo e
• Substituir peças mecânicas por peças de geralmente são constituídos de materiais macios e
nylon, que absorvem o impacto e não geram absorventes de som. Os protetores auriculares tipo
atrito. concha se assemelham a grandes fones de ouvido
• Manter lubrificação adequada dos mecanis- que cobrem todo o aparelho auditivo. No entanto,
mos internos. recomendar o uso de EPIs deve ser a última opção,
• Manter motores regulados e balanceados. pois eles causam bastante desconforto no trabalha-
• Substituir máquinas e motores muito ruido- dor, impedem a comunicação e há grande dificulda-
sos por modelos mais novos e silenciosos. de de aceitação inicial.
101
ERGONOMIA
VIBRAÇÃO
Você já notou que diversos produtos ou meios de noidal) ou irregular. As vibrações são muito comuns
transporte transmitem vibrações ao nosso corpo? nos meios de transporte e ferramentas manuais, mas
Como em geral não utilizamos esses produtos por nem todas são prejudiciais. O chacoalhar de um ôni-
tempo prolongado, não conseguimos sentir os efei- bus ou o sobe e desce que as ondas do mar causam em
tos que essas vibrações podem trazer ao organismo. um barco também são consideradas vibrações.
Agora, vamos abordar o assunto das vibrações no O som também é uma vibração, mas decodifica-
ambiente de trabalho, suas consequências e como da de forma que transmite informações. Assim, os
podemos prevenir os trabalhadores da atuação de mesmos princípios que vimos anteriormente para o
seus efeitos negativos. som serão aplicados para as vibrações. A diferença é
A vibração pode ser considerada “[...] qualquer que a forma de atuação da vibração, em geral, per-
movimento que o corpo executa em torno de um pon- passa por todo o corpo, enquanto que o som interfe-
to fixo” (IIDA, 2005, p. 512), podendo ser regular (si- re primordialmente no aparelho auditivo.
102
DESIGN
A vibração é definida por três variáveis (FROTA; Para Falzon (2007), Frota e Schiffer (2001), os três
SCHIFFER, 2001): pontos do corpo mais frequentemente afetados pe-
• Frequência (Hz ou ciclos por segundo): de- las vibrações são:
termina o tipo de onda que a vibração exer- • Pés: quando caminhando ou permanecendo
cerá no corpo. A frequência tem uma relação em pé, especialmente sobre veículos, máqui-
intrínseca com o tipo de material que está nas ou plataformas que transmitam vibrações.
transmitindo a onda; veremos com mais de- • Nádegas: quando estamos sentados em veí-
talhes essas questões quando discutiremos a culos, principalmente; uma das consequên-
ressonância. cias da vibração é transmitir atrito entre to-
• Intensidade do deslocamento (cm ou mm) dos os elementos constituintes do corpo, mas
ou aceleração (g = 9,81 m/s2): determina a isso é particularmente mais evidente para os
potência do movimento da vibração; e se fi- ossos e articulações. As vibrações no eixo
zermos um paralelo com o som, seria o mes- vertical em meios de transporte são mais da-
mo que os decibéis, mas, nesse caso, conside- nosas que as horizontais, pois amplificam os
ramos o quando a vibração oscila em torno efeitos da gravidade e trabalham a favor do
de um eixo central. peso do próprio corpo.
• Direção do Movimento (três eixos triorto- • Mãos: ao operar máquinas e equipamentos,
gonais = x, y e z): em geral as vibrações são desde eletrodomésticos, como mixer e batedei-
horizontais, verticais ou irregulares, partindo ras, até máquinas industriais das mais diversas.
para todas as direções. Em geral, é importan- Em veículos também há transmissão de vibra-
te saber a direção do deslocamento, pois pode ção para as mãos, por meio de seus sistemas de
causar mais ou menos danos ao organismo. comando (cabos, volantes e alavancas).
103
ERGONOMIA
104
DESIGN
figura 15: o trabalho com motosserra transmite muita vibração os membros superiores e não deve ser realizado
sem pausas durante uma jornada de trabalho de 8h
EXEMPLO MOTOSSERRA
O uso de equipamentos manuais que trans-
mitem vibração tem vários efeitos nocivos
no organismo. O principal e mais grave é a
redução da circulação sanguínea causada pela
vibração e pelo aumento da contração mus-
cular. Com o uso prolongado do equipamento
e sem pausa, os tecidos ficam sem receber
oxigênio e as toxinas ficam acumuladas. Isso
pode levar a degeneração gradativa do tecido
vascular, muscular e nervoso que consequen-
temente gera a perda de sensibilidade (tato) e
dos movimentos dos dedos. Em casos graves
pode chegar à necrose.
105
ERGONOMIA
106
DESIGN
• Pausas: nos casos em que as vibrações forem ou repulsivas (RAZZA; PASCHOARELLI, 2015). É
contínuas, devem ser realizadas pausas na por isso que frequentemente sentimos um cheiro que
atividade para recuperação. A frequência e a nos remetem a memórias muito vivas em nossa men-
duração das pausas depende das condições de
te, recordando imagens, sensações e emoções.
trabalho e podem promover uma recuperação
Além disso, o olfato também está relacionado
parcial, com a circulação sendo restabelecida e
os tecidos conseguindo se regenerar. a percepções instintivas e tem função evolutiva de
• Proteção do indivíduo: caso as providências auto conservação, em especial para encontrar ali-
anteriores não forem suficientes, pode-se mento e evitar alimentos estragados.
proteger o sujeito com EPI, tais como: calça-
dos e luvas de absorção. SAIBA MAIS
ODORES
Nós estudamos isoladamente, mas a percepção
Agora, abordaremos em ergonomia ambiental é so- de todos órgãos dos sentidos ocorre conjunta
bre os odores do ambiente. O olfato é um sentido e, simultaneamente, no cérebro, em que um
sentido complementa o outro. A esse fenôme-
humano muitas vezes negligenciado em pesquisas
no damos o nome de integração multissenso-
em ergonomia, mas ele tem papel importante na rial. Isso quer dizer que o todo da percepção é
percepção humana. maior do que as suas partes isoladas.
107
ERGONOMIA
108
DESIGN
109
considerações finais
Caro(a) aluno(a), nessa unidade, nós aprendemos como o nosso organismo, por
meio dos órgãos dos sentidos, consegue captar estímulos do meio em que se está,
transformando-a em impulsos nervosos que são decodificadas pelo sistema ner-
voso em informações. Essas informações são úteis para a tomada de decisões
conscientes, como acender a luz porque está escuro ou detectar um vazamento
de gás. Mas também são úteis para o próprio organismo regular as suas funções
internas, como manter a temperatura do corpo ou regular o ritmo de sono.
Os órgãos dos sentidos são a porta de entrada das informações do meio am-
biente e, assim como qualquer outro órgão, também estão sujeitos à fadiga e le-
sões por estimulação excessiva. Além do mais, em muitos casos, essas lesões são
cumulativas e irreversíveis, o que implica que devemos dar maior atenção aos
fatores ambientais danosos.
Para a grande maioria das situações de trabalho existem normas regulamen-
tadoras que indicam padrões mínimos de segurança para atividade desempenha-
da. Por exemplo, vimos que as recomendações de iluminação dependem tanto da
demanda de atenção e detalhamento da tarefa quanto das características do obje-
to a ser observado; entendemos as consequências para o trabalho ao permanecer
em ambientes ruidosos; compreendemos a grande influência que as condições
climáticas de temperatura e umidade têm em nossa disposição para o trabalho;
e vimos também as consequências que das vibrações para a nossa qualidade de
vida.
As normas brasileiras são chamas de NRs e são produzidas pela ABNT. No
entanto, todas as normas regulamentam apenas situações de trabalho já bastante
estabelecidas, para as quais foram realizados diversos estudos para se estabelecer
os padrões de segurança. Assim, somente com um conhecimento aprofundado
dos limites e capacidades humanos, e, nesse caso, específico estamos falando dos
órgãos sensoriais, é que poderemos reconhecer novas situações de risco e adaptar
os ambientes para garantir conforto e segurança a seus usuários.
110
atividades de estudo
111
atividades de estudo
112
atividades de estudo
113
LEITURA
COMPLEMENTAR
O texto, a seguir, aborda de forma mais aprofundada o papel do tato no uso de pro-
dutos. Apesar de pouco se falar dele, é um sentido muito importante para a interação
com os objetos do dia a dia.
Peck e Childers (2003) realizaram uma pesquisa para identificar a preferência do to-
que em relação a hábitos de consumo e demonstraram que existem muitas pessoas
que são orientadas pelo tato; essa orientação é definida como a preferência de obter
informações provenientes do toque, ou seja, é uma necessidade de tocar as coisas
para compreendê-las melhor. Para os indivíduos orientados pelo tato, as compras são
realizadas de maneira mais prazerosa e com confiança quando podem manipular os
produtos e o grau de insatisfação é muito maior que outras pessoas quando não se
pode tocar nos produtos.
Uma pesquisa realizada pela Millward Brown mostrou que 35% das pessoas conside-
raram o toque e a sensação de segurar o celular como mais importantes que a estética
visual do produto, mostrando que as questões táteis dos produtos configuram um im-
portante requisito de projeto para o design de produtos (SPENCE; GALLACE, 2011). Essa
114
LEITURA
COMPLEMENTAR
Uma explicação para o efeito do tato na avaliação do produto está relacionada com fato
de que o tato proporciona um contato direto e mais próximo com o produto, estabe-
lecendo uma maior conexão entre este e o usuário. Dessa forma, a percepção de estar
atuando no produto, com controle sobre o que fazer ou o que explorar, estabelece uma
conexão maior que a interação de um simples observador (SPENCE; GALLACE, 2011).
Vale salientar que não é o toque em si responsável por toda essa interação, pois duran-
te a manipulação, todos os sentidos estão ativos e recebendo estímulos e, além disso, a
interação traz diversos outros aspectos da experiência do usuário como: aprendizado,
feedback, frustrações, surpresas, julgamentos, dentre outros.
O tato proporciona as estimativas mais confiáveis que todos os outros sentidos em ter-
mos de valor e preferência do usuário, despertando respostas de aceitação implícitas e
explícitas. No entanto, pouco ainda se sabe do papel do tato na interação com produtos
e suas consequências para a avaliação geral do usuário (SPENCE; GALLACE, 2011).
Muito embora o sentido do tato seja bastante desenvolvido no ser humano, permitindo
que se consiga reconhecer objetos apenas pelo toque, ainda a visão é o sentido pre-
dominante na maior parte das situações, particularmente para propriedades macroes-
truturais, como tamanho ou forma de um objeto, mas para determinar características
microestruturais, como a textura ou acabamento, o tato passa a ser predominante.
115
Ergonomia: Projeto e Produção
Itiro Iida
Editora: Edgard Blücher
Ano: 2005
Sinopse: Esta obra aborda todos os assuntos básicos da ergo-
nomia configurando-se como um curso de base completo. Sua
abordagem é baseada em ergonomia física, dando ênfase aos
aspectos de antropometria, biomecânica, segurança, posto de
trabalho e conforto ambiental. Além disso, aborda aspectos es-
senciais da configuração produtiva e organização do trabalho, além do projeto em ergono-
mia.
David Eagleman
Já imaginou ampliar seus sentidos em perceber as coisas de formas diferente? David Eagle-
man criou meios de fazer isso acontecer. Nessa palestra, ele apresenta seus inventos que
podem revolucionar a percepção humana.
ANATOMY of the Human Ear. Wikimedia Commons. 2012. Disponível em: <https://
commons.wikimedia.org/wiki/File:Anatomy_of_the_Human_Ear_ar.svg>. Acesso em:
13 abr. 2016.
BLAUSEN 0328 EarAnatomy - gl. Wikimedia Commons. 2013. Disponível em: <ht-
tps://commons.wikimedia.org/wiki/File:Blausen_0328_EarAnatomy_-_gl.png?uselan-
g=pt-br>. Acesso em: 13 abr. 2016.
BITENCOURT, F. Ergonomia e conforto humano: Uma visão da arquitetura, engenha-
ria e design de interiores. Rio de Janeiro: Rio Books, 2011.
DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. São Paulo: Edgard Blücher, 1995.
EYE orbit anatomy superior. Wikimedia Commons. 2006. Disponível em: <https://
commons.wikimedia.org/wiki/File%3AEye_orbit_anatomy_superior.jpg>. Acesso em:
12 abr. 2016.
FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher, 2007.
FENKO, A. D. Sensory dominance in product experience. Tese (Doutorado), Univer-
sidade de Delf, 2010.
FROTA, A. B. SCHIFFER, S. R. Manual de conforto térmico: arquitetura, urbanismo.
5. São Paulo: Studio Nobel, 2001.
GAZZANIGA, M. S.; HEATHERTON, T. F. Ciência psicológia: mente, cérebro e com-
portamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.
GOMES FILHO, J. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura ergonômica. São
Paulo: Escrituras, 2003.
GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Ale-
gre: Bookman, 1998.
GUÉRIN, F.; LAVILLE, A.; DANIELLOU, F.; DURAFFOURG, J. KERGUELEN, A.
Compreender o trabalho para transformá-lo: A prática da ergonomia. São Paulo: Ed-
gard Blücher, 2001.
IIDA, I. Ergonomia, projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
LIMACON Chauveau1 890 MeyCh. Wikimedia Commons. 2011. Disponível em: <ht-
tps://commons.wikimedia.org/wiki/File:LimaconChauveau1890MeyCh.jpg>. Acesso
em: 13 abr. 2016.
KASTRUP, V. O tátil e o háptico na experiência estética: considerações sobre arte e
cegueira. Revista Trágica - estudos de filosofia da imanência, v. 8, n. 3, p. 69-85, 2015.
MÁSCULO, F. S.; VIDAL, M. C. Ergonomia: trabalho adequado e eficiente. Rio de
Janeiro: ABEPRO, 2011.
McCABE, D. B.; NOWLIS, S. M. The effect of examining actual products or product
descriptions on consumer preference. Journal of Consumer Psychology, v. 13, pp. 431-
439, 2003.
118
referências
GABARITO
1. C
2. E, D, A, C, B
3. A
4. B, D, A, C, E
5. C
6. Informação; surdez por condução; surdez nervosa; ruído contínuo; ruído intermitente
7. B
8. V, F, V, V, F
119
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
E DE CONTROLE
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Fatores humanos da ergonomia informacional
• Informações visuais e auditivas
• Mostradores
• Controles
Objetivos de Aprendizagem
• Diferenciar os conceitos de sensação e percepção, como as expectativas do
usuário podem afetar a compreensão e como funciona o diálogo homem-
máquina.
• Apresentar como empregar informações visuais e auditivas, conceitos de
leiturabilidade e legibilidade, símbolos e elementos visuais, os principais erros
de informação, e critérios para o projeto de sistemas informacionais.
• Demonstrar como os outros canais sensoriais, como o tato, paladar, senso
cinestésico e sentido vestibular podem captar informações importantes para a
realização das mais diversas atividades cotidianas.
• Discriminar os tipos de controles, critérios para o projeto, organização e
aplicação.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
FATORES HUMANOS
DA ERGONOMIA INFORMACIONAL
Você já deve ter consciência de que todo trabalho O PROCESSO DA PERCEPÇÃO
humano envolve de alguma maneira a captação e E COGNIÇÃO HUMANA
processamento de informação. Mesmo as atividades Como vimos na introdução, a especialidade da er-
realizadas da maneira mais mecânica e repetitiva gonomia que estuda os processos de captação e pro-
envolvem transmissão de informações no sistema cessamento de informação é a ergonomia cognitiva.
nervoso central. Agora, apresentaremos questões A ergonomia cognitiva estuda os sistemas em que
relacionadas à captação de processamento de infor- há predominância dos aspectos sensoriais (percep-
mações nos seres humanos. ção e processamento de informações) e de tomada
124
DESIGN
125
ERGONOMIA
SAIBA MAIS
A percepção é portanto, a interpretação dos es-
tímulos captados pelos sentidos, ou seja, são as ima-
Para que ocorra a sensação, é necessário que gens, sons, sabores, odores que percebemos à nossa
a energia ambiental esteja dentro de um certo volta. A percepção também depende de experiências
limite (limiar) que corresponde à capacida-
de do órgão sensorial. Quanto mais intenso
anteriores e de fatores individuais como personali-
o estímulo, mais facilmente será detectado dade, nível de atenção e expectativas. Assim, a mes-
e as respostas serão mais rápidas. Ou seja, ma sensação pode produzir percepções distintas em
percebemos com maior facilidade uma luz
forte e um som alto que uma luz fraca e um
diferentes pessoas, levando a diferentes tipos de de-
som baixo. cisões (NORMAN, 2004).
Mas há também um limite superior e acima No processo cognitivo, após formada a percepção
deste limite a sensação passa a ser dolorosa. dos sinais externos, ocorre um processo de interpreta-
Por exemplo: o homem capta sons entre 20
Hz (5 dB) e 20 000 Hz (130 dB). Sons no limite ção, em que muitas reações ocorrem para se tomarem
superior podem levar à surdez. uma decisão sobre como agir. Nesse ponto, as experi-
Fonte: Másculo e Vidal (2011).
ências anteriores, o treinamento, o estado de humor,
enfim, todas as condições do indivíduo que sejam
relevantes são levadas em consideração no processo
de decisão. Assim, é tomada a decisão por agir, sendo
O tempo todo somos bombardeados de sinais do enviados comandos ao sistema musculoesquelético
ambiente, mas nem todos esses sinais apresentam para realizar os movimentos necessários (NORMAN,
informações úteis para as tarefas a serem executa- 2004; MONT’ALVÃO, DAMASIO, 2008).
das. Assim, o cérebro concentra a atenção em alguns As informações do meio percebidas pelo cére-
estímulos e reduz a atenção de outros, em um pro- bro se forem consideradas relevantes, podem ser ar-
cesso denominado de atenção seletiva. mazenadas como memória. A memória é composta
A informação captada pelo organismo humano de nossas vivências, aprendizado, elicitam emoções
pelos órgãos dos sentidos (sensação) é conduzida e são imprescindíveis para a tomada de decisões. A
ao sistema nervoso central, onde primeiramente seguir, discutiremos um pouco mais o papel da me-
ela é identificada como uma informação. Assim, mória no processo cognitivo humano.
por exemplo, um fluxo luminoso (estímulo am-
figura 02: processo cognitivo humano
biental) é captado pelos olhos (órgão sensorial) e
Sinais do meio Memória de Memória de
transmitido até o cérebro como impulso elétrico ambiente Longa duração trabalho
126
DESIGN
127
ERGONOMIA
128
DESIGN
figura 03: quando estamos com sono, nosso nível de atenção é bastante reduzido, colocando em risco a realização de tarefas que envolvem risco
129
ERGONOMIA
INFORMAÇÕES
VISUAIS E AUDITIVAS
Como vimos, a transmissão e compreensão de infor- seus rótulos, manuais de instrução e interface dos
mações envolvem processos complexos e, por isso, produtos, por exemplo, o símbolo de ligar/desligar.
as formas de disponibilizar essas informações para Também estão nas interfaces dos softwares, nas si-
os usuários de produtos e sistemas deve ser de for- nalizações das estradas e repartições públicas, nos
ma clara e de fácil compreensão. Para tanto, veremos aplicativos de celulares etc.
um pouco mais sobre os dispositivos de informação O projeto inadequado dos dispositivos de infor-
e os principais canais de comunicação. mação pode causar demora para compreensão das
informações ou compreensão incorreta, levando a
DISPOSITIVOS DE INFORMAÇÃO erros e acidentes, cujas consequências podem ser
Os dispositivos de informação são todos os supor- desastrosas. Por isso, é importante considerar que
tes que transmitem informações para os usuários. existem formas mais eficientes de transmitir infor-
Eles estão presentes em quase todos os produtos, em mações em determinados contextos.
130
DESIGN
131
ERGONOMIA
132
DESIGN
133
ERGONOMIA
134
DESIGN
135
ERGONOMIA
136
DESIGN
Uma das diretrizes de conforto na leitura de um tex- • Evitar textos com letras maiúsculas: para
textos longos não é recomendado, pois, difi-
to está relacionada com o espaçamento entre linhas.
cultam o acompanhamento das linhas e não
Às vezes é preferível manter um espaçamento menor auxiliam no reconhecimento de início de
entre as letras que deixar as linhas muito próximas. orações ou nomes próprios.
Quando há um espaço maior entre as linhas, menos • Uso de fontes com serifa: serifas são formas
erro de acompanhamento de leitura ocorre. Para evi- gráficas utilizadas, opcionalmente, para dar
tar o embaralhamento das linhas, pode-se usar colu- acabamento a uma letra. São usadas, por
nas, parágrafos ou interrupções periódicas no texto. exemplo, para reforçar uma linha. O uso de
fontes com serifas, se não forem exageradas,
figura 7: tipos de texto ajudam o leitor a acompanhar a leitura de
Uma das diretrizes de conforto na uma linha em um texto longo, reduzindo o
leitura de um texto está relaciona- tempo de leitura. Textos de título, sinalização
da com o espaçamento entre linhas. ou textos curtos preferencialmente são utili-
Às vezes é preferível manter um zadas fontes sem serifa, por serem de reco-
espaçamento menor entre as letras nhecimento mais rápido.
que deixar as linhas muito próxi-
8: tipos de serifas utilizadas em tipos (fontes)
mas. Quando há um espaço maior
figura
137
ERGONOMIA
Preto Vermelho
Azul Preto
Preto Preto
Vermelho Preto
Amarelo Amarelo
Símbolos
O uso de símbolos é uma forma de romper a barreira
do idioma, por ser mais universal que a linguagem ver-
bal. Assim, é muito comum encontrarmos símbolos
em sinalização de aeroportos, rodovias etc. Em geral,
apresenta maior proximidade com o objeto real que
tentam representar e, portanto, também podem ter
maior facilidade e rapidez de compreensão. Por exem-
plo, símbolos são largamente utilizados em interfaces No entanto, nem sempre apresentam um significado
gráficas, sinalização de estradas e avisos de segurança. claro aos usuários, pois, a compreensão dos símbo-
los depende do repertório individual (informações
figura 10: o uso de símbolos é um recurso largamente
utilizado na comunicação e vivências que o leitor teve acesso ao longo de sua
vida), nível de instrução, cultura, religião etc. Sím-
bolos em uma cultura podem ter um significado cla-
ro enquanto que em outras podem não fazer muito
sentido.
Outra questão importante é que quanto maior o
grau de abstração, mais difícil reconhecer o signifi-
cado, ou seja, se o símbolo não representar um ob-
jeto real, é mais difícil compreendê-lo. Por exemplo,
alguns símbolos utilizados no transporte de embala-
gens são de fácil compreensão, no entanto, para ou-
tros é necessário um treinamento dos profissionais
dessa área para não haver erros de interpretação.
138
DESIGN
MOSTRADORES
Em muitos produtos, veículos e locais de trabalho Os mostradores são os elementos empregados em
existem sistemas de informação específicos que nos produtos, máquinas, veículos etc. para tirar indicar
auxiliam a compreender o que devemos fazer ou ao usuário o seu status de funcionamento.
trazem informações sobre o estado do sistema que
estamos operando. Esses sistemas de informação são Tipos de mostradores
chamados de mostradores e, nesse momento, vamos Os mostradores podem ser divididos em duas cate-
estudar um pouco mais sobre como são e como po- gorias: os mostradores quantitativos e qualitativos. A
demos utiliza-los de maneira mais adequada. seguir, veremos as diferenças entre esses dois tipos.
139
ERGONOMIA
Mostradores informatizados
Os mostradores informatizados são cada vez mais
comuns. Devido à possibilidade de mudança de tela,
permitem uma grande versatilidade ao sistema, po-
dendo transmitir uma quantidade enorme de infor-
mações de forma dinâmica. No entanto, o projeto
Mostradores quantitativos desses sistemas se torna muito mais complexo, de-
Os mostradores quantitativos estão ligados a uma vendo apresentar muito maior critério para garantir
variável de natureza quantitativa, como volume, a compreensibilidade e eficiência do sistema (SAN-
pressão, peso, distância etc., e o conhecimento des- TA ROSA; MORAES, 2012).
sa quantidade é importante para o usuário (STAN-
TON; YOUNG, 1999). São divididos em analógicos, LOCALIZAÇÃO DE MOSTRADORES
digitais e de registro contínuo. Um critério importante a ser considerado, além de
escolher o tipo de mostrador, é a disposição dele no
• Analógicos: apresentam ponteiros ou uma
produto ou máquina. Dessa forma, facilita a visu-
escala móvel que acompanha a evolução do
alização, o reconhecimento e uso, alguns critérios
estado da máquina.
devem ser observados:
• Digitais: apresentam a situação da variável
• Importância: os mostradores mais importan-
em números. Apresentam leituras com maior
tes e mais frequentemente utilizados devem
facilidade e precisão. Não devem ser usados
ficar no cone de visão ótima.
quando o valor observado variar mais de 1
• Associação: mostradores associados a con-
vez por segundo.
troles devem ser colocados na mesma ordem
• Registro contínuo: faz o registro da variável ou próximos, assim fica fácil para o usuário
que está sendo medida em um fluxo contí- associar um controle a um mostrador.
nuo. Servem para acompanhar a variação de • Agrupamento: em painéis complexos, com
uma variável ao longo do tempo (eletrocar- diversos tipos de mostradores, esses devem
diogramas, sismógrafos, tacógrafos etc.). ser agrupados em categorias.
140
DESIGN
A
D
141
ERGONOMIA
CONTROLES
Anteriormente, vimos o que são mostradores e al- podem ser utilizados em produtos e programas; a
guns critérios de como empregá-los em produtos. seguir veremos alguns deles.
Agora, vamos estudar os sistemas de controle que
utilizamos para acionar comandos em produtos, TIPOS DE CONTROLES
máquinas e sistemas operacionais. Os controles são em sua maioria projetados para se-
Os controles são todos os sistemas que utili- rem acionados por movimentos das mãos e dedos,
zamos para inserir informações em sistemas, má- mas podem utilizados os pés, comando de voz e até
quinas, veículos ou produtos e interagir com eles. expressões faciais.
Compõem a interface de operação entre homem e o Os controles podem ser classificados em duas catego-
produto. Existem inúmeras formas de controles que rias: os controles discretos e os controles contínuos.
142
DESIGN
Controle discreto
O controle discreto admite apenas algumas posições
bem definida de cada vez, não permitindo valores
intermediários entre elas. Os principais tipos destes
controles são:
• Ativação: admite dois estados: liga/desliga;
sim/não. Por exemplo: são os interruptores
ou os botões liga/desliga.
• Posicionamento: admite um número limita-
do de posições.
• Entrada de dados: conjunto de botões que per-
mite compor séries de letras e/ou números.
Controle contínuo
Os controles contínuos permitem realizar uma infi-
nidade de diferentes ajustes. São divididos em dois
tipos, os de posicionamento quantitativo e os de mo-
vimento contínuo.
• Posicionamento quantitativo: quando se de-
seja fixar um determinado valor dentro de
um conjunto contínuo.
• Movimento contínuo: quando serve para al-
terar continuamente o estado da máquina,
acompanhando a sua trajetória
143
ERGONOMIA
144
DESIGN
SENSIBILIDADE DO DESLOCAMENTO
A sensibilidade de um controle é medida pela razão Existem vários critérios que podemos diferenciar
entre o deslocamento do mostrador e do controle um controle do outro para auxiliar o operador a
(CACHA, 1999; GREEN; JORDAN, 1999). identificar qual a função de cada controle. A seguir,
• Sensibilidade alta: o movimento do mostrador apresentados alguns deles.
é grande em relação ao movimento do controle, • Forma: os controles devem ter formatos dife-
gerando um ajuste mais rápido e menos preciso. renciados que sejam facilmente identificados.
• Sensibilidade baixa: o movimento do mostra- Inclusive a discriminação pode ocorrer pelo
dor é pequeno em relação ao movimento do tato, sem necessidade de acompanhamento
controle, gerando um ajuste mais lento e mais visual.
preciso. • Tamanho: essa discriminação é mais difícil
do que pela forma. Os controles precisam
Existe um ponto ótimo entre as duas variáveis onde estar próximos para serem comparados. Os
o tempo não é tão grande e a precisão não é muito controles devem estar em sequência e apre-
baixa, todavia, os controles podem apresentar baixa sentar um aumento de pelo menos 20% entre
e alta sensibilidades dependendo da necessidade. um e outro. Geralmente, os botões maiores
são destinados às funções mais comuns.
DISCRIMINAÇÃO DOS CONTROLES • Cores: podem ser associadas a significados
(verde liga, vermelho desliga), mas exige
acompanhamento visual e funciona mal em
O reconhecimento de um controle e de como deve- ambiente pouco iluminados.
mos operá-lo são critérios importantes para o fun- • Textura: refere-se ao acabamento superficial
cionamento correto da interface homem-máquina, do controle. Estudos indicam que é possível
pois, possibilita mais agilidade e segurança no acio- identificar bem 3 padrões: liso, rugoso e sul-
namento e menos incidência de erros. cos no sentido axial. É prejudicada em caso
de uso de luvas.
SAIBA MAIS • Modo operacional: os acionamentos podem
diferenciar os mostradores (alavanca, rota-
ção, puxar/empurrar). Os movimentos de-
vem ser compatíveis com estereótipos, con-
Dados da Força Aérea dos Estados Unidos in- forme vimos anteriormente. Por exemplo,
dicam que houve mais de 400 acidentes em em mesas de som, os controles apresentam
apenas 22 meses durante a Segunda Guerra
formas e modo de funcionamento específicos
Mundial que não estavam relacionados dire-
tamente ao conflito armado. As causas apura- para funções diferentes.
das dos acidentes indicaram que o erro mais • Localização: identificação pelo senso cines-
comum foi a confusão entre os controles do tésico, sem acompanhamento visual. Os con-
trem de pouso e dos flaps, pois, eram muito troles devem ficar distantes uns dos outros
semelhantes, causando a queda das aeronaves.
(distância mínima: 6,3 cm na vertical e 10,2
Fonte: Iida (2005). cm na horizontal). Os pedais de veículos,
câmbio e alavancas de tratores são exemplos
desses controles.
145
ERGONOMIA
146
DESIGN
PREVENÇÃO DE ACIDENTES
COM CONTROLES
Um dos problemas com o uso de controles é que mento mesmo quando o usuário ou operador
estiver com as mãos ocupadas.
podemos acioná-los acidentalmente, gerando erros
• Rebaixo: alguns botões são posicionados no
que podem ser graves, dependendo do que estamos
mesmo nível da superfície ao invés de esta-
operando.
rem destacados em relevo, facilitando com
A maior parte dos erros estão relacionados à má que não sejam pressionados acidentalmente.
discriminação dos controles, confusão entre um co- • Cobertura: alguns controles possuem uma
mando e outro e escarrando em controles sem in- cobertura protetora que evita o acionamento
tenção. Visando evitar acionamentos acidentais, o acidental.
projeto de controles deve prever cuidados especiais • Canalização: muito comum em alavancas que
(CACHA, 1999; IIDA, 2005). apresentam determinados níveis para serem
• Localização: os botões de acionamento crí- acionados, exigindo movimentos compostos.
ticos devem ser posicionados em locais da Também pode necessitar dois comandos para
máquina em que a pessoa não pode esbarrar serem acionados, como pressionar um botão
acidentalmente. para liberar o acionamento da alavanca.
• Orientação: alguns botões devem ser pu- • Resistência: consiste em deixar o controle
xados para serem acionados e empurrados com uma certa resistência para ser acionado,
(pressionados) para serem desligados. Isso demandando certa força.
faz com que em um acionamento acidental • Bloqueio: alguns comandos de segurança são
a máquina pare ao invés de ser acionada. Em protegidos em caixas fechadas para evitar que
emergência, isso também facilita o aciona- sejam acionados em qualquer situação.
147
considerações finais
148
atividades de estudo
149
atividades de estudo
150
LEITURA
COMPLEMENTAR
151
LEITURA
COMPLEMENTAR
estrutura e funcionamento poderão ser melhor descritos por outros. Esse atuador se
vale de quatro funções, as quais podem recorrer aos mesmos órgãos, aos mesmos
substratos anatômicos.
A primeira dessas funções é o mobilizador: trata-se do conjunto dos atos de comando
do sistema. Três funções de tratamento da informação nos dizem respeito mais di-
retamente. A função “receptor” serve para receber o conjunto das emissões sonoras,
visuais ou mecânicas não solicitadas: os sinais de alerta do sistema técnico, os avisos
provenientes de outras pessoas, as emissões acompanhando uma disfunção, tais como
uma vibração, um ruído repentino que, paradoxalmente, constitui um sinal. O atuador
é passivo em relação ao receptor, só o ativa na medida em que pode fazer a triagem da
informação que recebe dele. A função “investigador” serve para procurar e colher ativa-
mente informações sobre o conjunto do dispositivo técnico e organizacional através do
olhar, audição e exploração manual, em vez de ficar à espera dos sinais. Por fim, a fun-
ção “comunicador” permite as trocas do operador com os componentes organizacio-
nais do sistema, os parceiros humanos implicados na mobilização do mesmo sistema.
É portanto nesse amplo contexto que convém situar as ações informacionais do
operador. Demos ênfase à dualidade da aquisição de informação, ao mesmo tempo
captação passiva de emissões diversas e aquisição ativa de informações. É necessário
acrescentar o “investigador” ao receptor para compreender efetivamente o quanto é
importante o lugar da aquisição de informação na atividade de trabalho. E é necessário
acrescentar o comunicador a esse conjunto para compreender como um complexo
sistema de tratamento da informação é necessário para a mobilização dos sistemas de
trabalho.
152
Selected readings on information design: commu-
nication, technology, history and education
Carla Spinillo; Petrônio Bendito; Stephania Padovani (organi-
zadores)
Editora: Curitiba: Sociedade Brasileira de Design da Informa-
ção (SBDI), 2009.
Sinopse: Este livro compreende a seleção de 12 trabalhos
apresentados no 3º Congresso Internacional de Design da
Informação, promovido pela SBDI em 2007. Os trabalhos, pu-
blicados em português e inglês, compreendem 4 áreas: (1) Sistemas de Comunicação e Infor-
mação; (2) Design de interação; (3) Teoria e Métodos em design de informação e (4) Design
de informação e educação.
Revista Infodesign
Página da Revista Infodesign - Revista Brasileira de Design da Informação, apresentando di-
versos artigos dos melhores pesquisadores nacionais da área e com acesso livre gratuito.
CACHA, C. A. Ergonomics and safety in hand tool design. London: Lewis Pu-
blishers, 1999.
DAMÁSIO, A. R. O erro de descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São
Paulo: Companhia das Letras, 1996.
DESNOYERS, L. A aquisição da informação. In: FALZON, P. (Ed.). Ergonomia.
São Paulo: Edgard Blücher, 2007.
DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. São Paulo: Edgard Blücher,
1995.
FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher, 2007.
GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Por-
to Alegre: Bookman, 1998.
GREEN, W. S.; JORDAN, P.W. Human Factors in Product Design: Current Prac-
tice and Future Trends. London: Taylor & Francis, 1999.
IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
MÁSCULO, F. S.; VIDAL, M. C. Ergonomia: trabalho adequado e eficiente. Rio
de Janeiro: ABEPRO, 2011.
MONT’ALVÃO, C.; DAMASIO, V. Design Ergonomia Emoção. Rio de Janeiro:
Mauad X, 2008.
MORAES, A. de; MARIÑO, S. Ergodesign para trabalho em terminais informa-
tizados. Rio de Janeiro: 2AB, 2000.
MORAES, A. de; MONTALVÃO, C. Ergonomia: conceitos e aplicações. Rio de
Janeiro: 2AB, 1998.
NORMAN, D. Emotional Design. New York: Basic Books, 2004.
STANTON, N. Human Factors in consumer products. London: Taylor & Fran-
cis, 1998.
STANTON, N., YOUNG, M. S. A Guide to Methodology in Ergonomics: de-
signing for human use. London: Taylor and Francis, 1999.
SANTA ROSA, J. G.; MORAES, A. de. Avaliação e projeto no design de interfa-
ces. Teresópolis: 2AB, 2012.
154
gabarito
1. B, A, D, C.
2. A.
3. A, V, V, A, V.
4. B, D, C, A.
5. C.
155
ERGONOMIA DOS
PRODUTOS E SISTEMAS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Acessibilidade
• Usabilidade
• Métodos de usabilidade
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar os conceitos de acessibilidade e design
universal, bem como o projeto voltado para públicos
específicos ou com necessidades especiais.
• Desenvolver o conceito de usabilidade e de experiência do
usuário, critérios de usabilidade para o desenvolvimento
de produtos e sistemas.
• Apresentar ao aluno os principais métodos de usabilidade
para a avaliação e projeto de produtos, interfaces e
sistemas.
unidade
V
INTRODUÇÃO
ACESSIBILIDADE
Agora, discutiremos o projeto de produtos para a usuários, como antropometria, idade, capacidade
acessibilidade, ou seja, considerando o uso das pes- cognitiva e nível de escolaridade, conhecimen-
soas com deficiência. Assim, veremos algumas ne- tos anteriores, diferenças culturais, aptidões físi-
cessidades e potencialidades desses indivíduos e os cas, dentre outros. Dentre todas essas diferenças,
principais princípios de projeto para garantir o aces- é considerado um padrão de “normalidade” que é
so igualitário desses usuários. determinada por características mais frequentes na
Conforme comentamos anteriormente, proje- população, considerando as capacidades plenas do
tar produtos industriais é complexo devido à gran- indivíduo.
de variabilidade das características individuais dos
160
DESIGN
PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS nente (FALZON, 2007). De acordo com o tipo de limi-
Indivíduos que apresentam qualquer característi- tação, foram adotados cinco grandes agrupamentos:
ca que o limite a realizar plenamente as atividades • Deficiências psíquicas: incluem as deficiências
da vida cotidiana são consideradas as pessoas com intelectuais, a doença mental, bem como as de-
necessidades especiais. Essas necessidades podem, ficiências das funções gnósticas e práticas.
no entanto, ser permanentes ou temporárias. Por • Deficiências sensoriais: compreendem as de-
ficiências da visão, da audição e da fala, prin-
exemplo, um indivíduo com paraplegia ou cegueira
cipalmente.
é uma pessoa com necessidade especial permanente,
• Deficiências físicas: incluem deficiências ao
enquanto que uma pessoa transportando um bebê nível dos órgãos internos e musculoesquelé-
no colo ou com o braço enfaixado, que os impedem ticas e estéticas da região da cabeça e do tron-
de realizar plenamente algumas ações, são pessoas co, bem como as deficiências dos membros
com necessidades especiais temporárias. superiores e inferiores (déficit funcional, au-
sência e malformação ou deformação).
figura 1: exemplos de necessidades especiais temporárias • Deficiências mistas: referem-se às deficiên-
cias cuja manifestação incide em mais de um
dos planos: psíquico, sensorial e físico.
• Nenhuma deficiência em especial: são incluí-
das as situações das incapacidades em que não
foi possível identificar a deficiência de origem.
figura 2: exemplos de necessidades especiais permanentes
161
ERGONOMIA
REFLITA
162
DESIGN
163
ERGONOMIA
É importante lembrar que, em geral, não é a Os argumentos favoráveis a essa medida é que
inaptidão física ou cognitiva que deprecia as pesso- pode ser menos oneroso projetar esses produtos
as com necessidades especiais aos olhos das pessoas desde o início do que adaptá-los ou criar aparatos
em geral, mas sim os equipamentos utilizados por especiais para as minorias, como canhotos, idosos,
esses indivíduos. Assim, sempre possível, é impor- pessoas com deficiência etc. (IIDA, 2005).
tante projetar produtos que integrem essas pessoas à A teoria do design universal contém sete princí-
sociedade de forma inclusiva, ou seja, que os produ- pios básicos que podem ser usados como guia para o
tos utilizados por todos também sirvam as pessoas projeto de produtos ou para a avaliação da adequação
com necessidades especiais. Esse é o objetivo princi- de produtos e ambientes já existentes (SCHIFFERS-
pal do design universal. TEIN; HEKKERT, 2008; RUBIN, 2004). São eles:
• USO EQUITATIVO: o produto deve ter dimen-
figura 5: exemplos de postos de trabalho acessíveis a pessoas
com necessidades especiais sões, ajustes e acessórios que permitam atender
ao maior número de usuários. Não deve segre-
gar ou estigmatizar as pessoas com necessida-
des especiais. Segurança, proteção e privacidade
devem estar igualmente disponíveis.
• FLEXIBILIDADE NO USO: deve acomodar
ampla gama de habilidades e preferências
individuais, possibilitando, por exemplo, a
escolha do modo de usar e ser adaptável às
forças e ritmos individuais.
• USO SIMPLES E INTUITIVO: deve ser in-
teligível, sem depender de conhecimentos
especializados. Deve-se eliminar a comple-
xidade desnecessária, ser consistente com as
expectativas e intuição dos usuários, acomo-
dar vasta gama de problemas de linguagem
ou diferenças culturais.
• INFORMAÇÃO PERCEPTÍVEL: as infor-
mações devem ser efetivamente comunicadas
DESIGN UNIVERSAL aos usuários com redundância, compatibili-
O conceito de design universal foi criado pelo Cen- zando a natureza da informação com o meio
utilizado na transmissão, além de tornar as
tro de Design Universal (Universidade da Carolina
informações perceptíveis às pessoas com de-
do Norte – EUA) e tem por objetivo tornar um pro- ficiência sensoriais, sem depender de habili-
duto ou ambiente com características que facilitem o dades especiais dos indivíduos.
uso pela maioria das pessoas, ou seja, que os produ- • TOLERÂNCIA AO ERRO: o projeto deve
tos projetados para a maioria também considerem o minimizar os riscos e consequências adversas
uso pela minoria, não havendo diferenças (GUAL- das ações involuntárias ou acidentais. Assim,
BERTO FILHO, 2011). é importante reduzir a sensibilidade exage-
164
DESIGN
165
ERGONOMIA
USABILIDADE
Agora, aprenderemos um pouco mais sobre o con- DESENVOLVIMENTO DA USABILIDADE
ceito de usabilidade. A usabilidade tem relação com A ergonomia se desenvolveu desde o seu início
a qualidade de uso de uma interface, podendo ser com foco na segurança e produtividade dos ob-
um produto (como um eletrodoméstico) ou um sis- jetos, postos de trabalho, ferramentas e sistemas
tema ( um programa de computador), isso é, tem re- produtivos. Ou seja, a maior parte dos métodos de
lação com quão fácil, agradável e útil é essa interface. ergonomia até então estavam voltados para garan-
Dessa forma, veremos o que significa usabili- tir a postura correta do indivíduo, evitar posturas
dade, como surgiu essa área do conhecimento e os estáticas ou repetitivas, reduzir carga de trabalho
principais princípios que determinarão a qualidade e propor limites de segurança para o trabalho.
de uso de uma interface.
166
DESIGN
Com o surgimento de sistemas computacionais, O nome Usabilidade surgiu nos anos 1980 em subs-
surgiram problemas novos relacionados a sistemas tituição ao termo ‘amigável’ aplicado a produtos e
informatizados que eram muito difíceis de operar, interfaces para determinar, em linhas gerais, a qua-
especialmente por necessitar de uma linguagem de lidade de uso de um produto ou sistema. O termo
códigos que era bastante complicada para um usuá- amigável foi usado para determinar produtos que não
rio comum (GREEN; JORDAN, 1999). fossem ameaçadoramente difíceis de usar, no entanto,
Foi necessário investigar como tornar mais fácil os usuários não precisam que as máquinas sejam suas
a interação humano-computador. Portanto, novos amigas, mas sim que sejam eficientes, práticas, fáceis
campos de pesquisa foram iniciados com o objeti- e agradáveis de serem utilizadas (NIELSEN,1993).
vo de adequar sistemas interativos às capacidades Nas últimas décadas podemos observar que hou-
e desejos humanos, ou seja, a máquina e o usuário ve um aumento no número de produtos eletrônicos
precisavam “falar” a mesma língua. no mercado e também uma certa ‘computadorização’
Inicialmente, a Usabilidade nasceu como uma de outros produtos, como televisores e eletrodomésti-
ferramenta para avaliação de interações humano- cos, que passaram a apresentar uma interface tecno-
-computador, mas rapidamente aumentou o seu lógica com o usuário, com maior interação (SANTA-
campo de atuação para todo o tipo de interação com ELLA, 2004). Essa maior diversidade de interfaces em
produtos (JORDAN, 1998a). produtos que por si apresentam características de uso
diferentes está tornando a usabilidade uma área cada
vez mais importante dentro do estudo da ergonomia.
SAIBA MAIS
figura 7: casas inteligentes: hoje é possível controlar diversos eletro-
domésticos de sua casa por meio de aplicativos de celulares
167
ERGONOMIA
DEFINIÇÃO DE USABILIDADE para quem projetamos e que tipo de tarefa será re-
Em 1998 foi lançada a norma ISO de Usabilidade alizada nessa interface (JORDAN, 1998b; STAN-
[ISO 9241-11] e, com base nessa norma, em 2002 TON; YOUNG, 1999).
foi criada a norma brasileira NBR 9241-11. Nessas Portanto, temos que considerar diversas carac-
normas, a Usabilidade é definida por: “Usabilidade terísticas desses usuários para que ele e o produto
é a efetividade, eficiência e satisfação com as quais “falem a mesma língua”. Isso implica conhecer as
usuários específicos podem obter resultados especí- experiências anteriores com os produtos, o nível de
ficos em ambientes específicos” (ABNT, 2002, p. 5). conhecimento do usuário, a cultura de origem, ca-
Essa definição apresenta inúmeros fatores que racterísticas individuais como gênero, idade, antro-
precisamos considerar. Primeiramente, temos de pometria, dentre outros.
uso objetivos (eficácia e eficiência) e subjetivos (sa- O nível de conhecimento, por exemplo, que o
tisfação) (JORDAN, 1998a; NIELSEN, 2000). usuário tem com o produto é determinante da qua-
• Efetividade é a medida que um objetivo ou lidade da interface. Usuários novatos, talvez, preci-
tarefa é realizada, ou seja, é que o produto ou sem de mais tempo e de uma interface mais simples
o sistema realize a ação esperada de fato. Por que permita a realização de operações passo a pas-
exemplo, um aspirador de pó que efetivamen-
so, enquanto que usuários mais experientes podem
te tira o pó, uma cafeteira que faça o café etc.
se sentir mais confortáveis com uma interface mais
• Eficiência é a quantidade de esforço necessário
para o cumprimento de um objetivo. Assim, a complexa.
eficiência de uma interface está pautada na re- Assim, somente com o conhecimento de quem é
lação de custo-benefício, ou seja, um produto o usuário, para que serve a interface e qual é o con-
eficiente é aquele que realiza a ação desejada texto onde ela será utilizada, é possível começar a
(efetividade) com menor tempo, com menos conceber o projeto ou avaliação de uma interface.
esforço, gastando menos recursos etc.
figura 8: televisores inteligentes apresentam inter-
• Satisfação pode ser definida como o faces similares a computadores, mas nem sempre são
facilmente operadas por controles remotos
nível de conforto que os usuários sen-
tem com o uso do produto. É um con-
ceito subjetivo e está relacionado com
o atendimento das necessidades e desejos
dos usuários. Assim, é importante sabermos
que o que é confortável ou agradável a uma
pessoa, pode não ser para a outra. Por isso,
a satisfação na usabilidade é o conceito mais
difícil de ser atendido.
168
DESIGN
169
ERGONOMIA
Realimentação (feedback)
Os produtos devem dar um retorno sobre os resul-
tados da ação ao usuário, podendo ser apenas um
sinal sonoro, por exemplo: em uma ligação telefô-
nica. Esse retorno, que chamamos de realimentação
ou feedback, tem a função de informar ao usuário
que a ação empreendida foi devidamente realizada.
A realimentação é importante para que o operador
redirecione sua ação, sua falta pode causar desperdí-
cios. Por exemplo: um motorista que dirigiu durante
horas até a próxima cidade, para descobrir que esta-
va no caminho errado.
A partir dos conhecimentos de alguns princípios
de usabilidade, é possível começar a projetar e avaliar
a interface de um produto ou software. No entanto,
apenas o conhecimento desses princípios pode não
ser suficiente para ter segurança de que todos os usu-
ários irão compreender a funcionalidade do produto
da mesma forma, ou que as soluções propostas para
um produto serão satisfatórias a todos.
Por isso, é sempre importante realizar uma ava-
liação de usabilidade com os usuários do produto.
Essa avaliação pode ser realizada durante o proje-
to da interface ou para verificar a adequação de um
produto que já se encontra no mercado de trabalho.
170
DESIGN
171
ERGONOMIA
MÉTODOS
DE USABILIDADE
Já vimos que a usabilidade está intimamente rela- PESQUISA EM USABILIDADE
cionada com tipo de interface, com o usuário (suas Uma avaliação de usabilidade, assim como qualquer
características e experiências) e com o contexto de pesquisa em ergonomia, necessita de planejamento
uso. Assim, para facilitar o planejamento de uma metodológico, considerando diversos aspectos im-
avaliação de usabilidade, existem métodos que po- portantes que podem influenciar na compreensão e
demos utilizar em nossos estudos. Aprenderemos uso de uma interface.
alguns desses métodos bastante úteis em avaliações Primeiramente é importante considerar a amos-
de usabilidade. tragem do estudo, ou seja, quem participará da
172
DESIGN
pesquisa e quantas pessoas serão necessárias para Para Tullis e Albert (2008), as características rele-
o estudo. Para isso é importante considerar que os vantes dos usuários a serem consideradas no plane-
participantes sejam de fato usuários do produto e jamento da amostragem são:
que haja um número suficiente de indivíduos para • Características gerais: sexo, idade e origem.
garantir consistência metodológica (TULLIS; AL- • Características físicas: antropometria, carac-
BERT, 2008; MAYHEW, 1999). terísticas sensoriais (acuidade visual, auditiva
e percepção de cores), características psico-
motoras (força, coordenação motora, equilí-
brio e tempo de reação).
SAIBA MAIS
• Características psicossociais: inteligência, ha-
bilidades (numérica, verbal e espacial), perso-
nalidade (liderança, motivação e cooperação).
Existem algumas formas de propor a amos- • Instrução e experiências: formação e conhe-
tragem do público da pesquisa. Elas podem cimentos específicos.
ser de quatro tipos:
• Amostragem casual: mais usada e menos
Depois de definida a amostragem, é importante
precisa. São utilizados os sujeitos que estão
disponíveis, sem o menor critério de repre- considerar também as variáveis de contexto. Sem-
sentatividade de determinada população. pre que possível é importante realizar a avaliação de
• Amostragem aleatória: sujeitos escolhidos usabilidade em condições mais próximas às de uso
aleatoriamente, ou seja, todos os elemen-
tos têm iguais probabilidades de partici- real. Por exemplo: se formos avaliar a usabilidade de
parem da amostra. Sempre está sujeita um liquidificador, o ideal é que o estudo seja realiza-
às características da população de origem
do em uma cozinha. Isso deve ser considerado por-
(onde é feito o sorteio).
que o contexto de uso pode apresentar grande influ-
• Amostragem estratificada: como a aleató-
ria, mas é feita uma classificação prévia dos ência no estudo (SANTA ROSA; MORAES, 2012).
sujeitos de acordo com suas características Os métodos de avaliação de usabilidade podem ser
ou interesses.
divididos em métodos experimentais ou observacionais,
• Amostragem proporcional estratificada:
como a amostragem anterior, mas é feito nos quais há a participação de sujeitos e são avaliados o
uma estimativa da representação da quan- comportamento, forma de uso de produtos e problemas
tidade de elementos em cada característica
da interface. Outra categoria de métodos de usabilidade
conhecida da amostra.
são os métodos analíticos ou de simulação, onde não há
Fonte: Tullis e Albert (2008).
a participação de usuários, mas apenas o conhecimento
e experiência do pesquisador. A seguir, vamos conhecer
alguns desses métodos (RAZZA et al., 2010).
173
ERGONOMIA
174
DESIGN
175
ERGONOMIA
176
DESIGN
A lista de verificação consiste em um método relati- elementos. A forma de aplicação destes três critérios
vamente fácil e rápido para a avaliação de produtos. organizacionais foi vista com mais detalhes no capí-
Entretanto, nem todos os itens de uma lista de veri- tulo anterior (JORDAN, 1998a).
ficação serão úteis em todos os casos.
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS MÉTODOS
Ensaios cognitivos (cognitive walkthroughs) A escolha sobre utilizar um método de usabilidade
É uma técnica muito parecida com a heurística. No ou outro depende de alguns fatores e da experiência
entanto, diferentemente da avaliação heurística, que do pesquisador. É normal termos preferência por um
parte da avaliação do produto contrastando com os método em detrimento de outro e também há mé-
princípios de usabilidade, para realizar os ensaios todos mais adequados para determinadas situações.
cognitivos, o pesquisador tem que se colocar no lugar Alguns critérios que devemos considerar são: a
do usuário, simulando a realização de determinadas fase do desenvolvimento projetual em que se deseja
tarefas. Para isso, o pesquisador deve conhecer bem investigar a interface do produto; a quantidade de re-
o funcionamento do produto, mas, também, precisa cursos disponíveis, tanto de materiais quanto de tem-
se imaginar como um usuário menos experiente e po; o tipo de interação que o produto apresenta; o tipo
nem sempre isso ocorre a contento (SANTA ROSA; de resultado que se pretende obter, dentre outros.
MORAES, 2012; TULLIS; ALBERT, 2008). Nas avaliações de usabilidade podem-se utilizar
também combinações de diversos métodos para se
Análise de ligações (link analysis) chegar aos resultados esperados. Como estão sendo
A análise de ligações representa a sequência na qual publicados constantemente novos métodos, é impor-
os elementos de um equipamento são utilizados em tante considerar com cautela a adoção de um méto-
uma determinada tarefa ou cenário. A sequência do específico durante o planejamento metodológico,
oferece as ligações entre os elementos da interface para assim poder se obter os melhores resultados.
do produto. Por exemplo: em um rádio, deve-se pri-
meiramente clicar no botão ligar, depois pode-se se-
SAIBA MAIS
lecionar o tipo de mídia (rádio, pendrive, CD etc.),
em seguida mudar de faixa ou escolher a estação etc.
Assim, pode-se verificar se os comandos estão orga-
nizados na sequencia ideal, que seja mais eficiente, Dentre os métodos analíticos, existem ainda
clara e organizada (TULLIS; ALBERT, 2008). algumas outras opções menos comuns, mas
que podem ser úteis em casos específicos.
Alguns deles são: Análise de Hierarquia da
Análise de layout (layout analysis) Tarefa, Análise de Previsão do Erro Humano,
É construída sobre a análise de ligações para con- Grades de repertório, DATUS/IBV, Modelo ao
nível da tecla, dentre outros.
siderar agrupamentos funcionais dos elementos do
Fonte: Schifferstein e Hekkert (2008).
produto. Dentro de grupos funcionais, os elementos
são distribuídos de acordo com três critérios: frequ-
ência de uso, sequência de uso e a importância dos
177
considerações finais
178
atividades de estudo
2. O design universal tem por objetivo propor o uso equitativo dos produtos
por todos os usuários. Para isso, existem princípios que precisam ser se-
guidos. Identifique a definição correta de alguns dos princípios do design
universal listados abaixo.
179
atividades de estudo
180
atividades de estudo
181
LEITURA
COMPLEMENTAR
Com o desenvolvimento da economia, da concorrência de mercado e o avanço social, a exigência do consumidor está cada
vez mais alta. Assim, atualmente, os produtos precisam, além de serem eficazes, eficientes e fáceis de usar, devem também
estabelecer um vínculo afetivo com o usuário. A área que estuda essas relações mais sutis com o uso de produtos é a ex-
periência do usuário. O texto, a seguir, traz um pouco de definições para essa nova área de atuação e pesquisa em design.
A experiência do usuário
Na pesquisa em design, a ergonomia é a disciplina que estuda as questões humanas relacionadas ao projeto dos
produtos/sistemas. Com o desenvolvimento tecnológico e social, essa área se desenvolveu e ampliou para abarcar
fatores humanos emergentes, criando novas abordagens como a usabilidade, o design centrado no usuário, design
inclusivo, design emocional, dentre outros. A característica multidisciplinar do design e da própria interação usuário-
-produto conduz para uma visão holística do projeto que precisa contemplar todas essas teorias ao mesmo tempo.
Assim, recentemente, uma nova abordagem da pesquisa em design está surgindo para ampliar a área de conheci-
mento e atuação, chamada Experiência do Usuário.
A Experiência do Usuário é área da pesquisa em design que lida com a interação entre usuário-produto e toda a
complexidade de fatores que fazem parte dessa interação: o produto, o usuário e o contexto. A ISO 9241-210 define
a experiência do usuário como as percepções e reações de uma pessoa que resultam do uso ou utilização prevista de
um produto, sistema ou serviço. Sabe-se que o usuário apresenta características, necessidades, capacidades, desejos
e expectativas que implicam em uma demanda crescente de produtos que sejam mais adequados, personalizados e
que os representem em suas individualidades. De acordo com a definição da ISO, experiência do usuário inclui todas
as emoções, crenças, preferências, percepções, respostas físicas e psicológicas, comportamentos e realizações do
usuário que ocorrem antes, durante e após o uso.
Os produtos industriais estão presentes no cotidiano da maioria das pessoas e estabelecem relações com esses
usuários. Essas relações são dependentes das características destes produtos e das funções para o qual ele foi de-
senvolvido. Rafaeli e Vilnai-Yavetz (2004) desenvolveram uma teoria na qual os produtos apresentam três dimensões:
a instrumentalidade, estética e simbologia. Esta teoria é muito semelhante às funções do produto de Löbach (2001),
a função prática, estética e simbólica. Pela teoria de Rafaeli e Vilnai-Yavetz (2004), as dimensões dos produtos são:
• Instrumentalidade: refere-se à extensão na qual um objeto contribui para o desempenho ou para atingir de-
terminado objetivo. As pessoas têm objetivos para atingir e os objetos podem ser avaliados de acordo com a
extensão na qual contribuem para atingir esses objetivos. A Usabilidade está inserida nesta dimensão, e é uma
característica fundamental do produto (NIELSEN, 1993).
182
LEITURA
COMPLEMENTAR
• Estética: são as experiências sensoriais que um produto desperta e a extensão na qual essa experiência se
relaciona com as características e expectativas individuais. Segundo Lang (1988 apud RAFAELI; VILNAI-YAVETZ,
2004), a estética ainda pode ser subdividida em outros três níveis: a estética sensorial (percepção de cores,
texturas e odores), a estética formal (forma e complexidade) e estética simbólica (significados associados aos
produtos que representam uma experiência estética e de prazer).
• Simbologia: são os significados e associações que o produto traz em si. Os objetos, mesmo os mais simples
e mundanos como cadeiras e mesas são carregados de significado (CSIKSZENTHIHALYI; ROCHBERG-HALTON,
1981). Estudos recentes ainda apontam que produtos industriais, por exemplo, os barbeadores, podem repre-
sentar os valores e a cultura organizacional de seus fabricantes, por associação (SCHEIN, 1990; TRICE; BEYER,
1993). No entanto, os atributos simbólicos de um produto podem não ser os mesmos planejados pela empresa
devido ao processo de interpretação pessoal feito pelo usuário e à complexidade do processo de associação de
significados que dependem de inúmeros outros fatores (DAVIS, 1989).
A partir do conhecimento destas funções, pode-se questionar de que maneira que o usuário percebe o produto e
estabelece uma relação com ele. Para avaliar a percepção de um indivíduo sobre um objeto, ou mais especificamente,
a percepção de um usuário sobre um produto, é necessário compreender que a construção dessa percepção é mul-
tifatorial e dependente de características do produto, características do indivíduo, da relação entre usuário-produto e
do contexto no qual essa relação ocorre.
[...]
Um aspecto da experiência do usuário é que ela varia com o tempo. De acordo com o estudo de Karapanos et al.
(2009), as experiências mais recentes tendem a se relacionar com os aspectos hedônicos do uso do produto, mas um
uso prolongado pode estar associado a aspectos mais subjetivos, como o significado que o produto passa a represen-
tar para a vida do usuário.
Portanto, definimos o conceito de Experiência do Usuário como a área do conhecimento que abarca os aspectos cog-
nitivos, emocionais, simbólicos e de usabilidade, relacionados ao contexto de interação entre o usuário e o produto e
dependente das características do produto, de fatores do usuário e de variáveis do contexto de uso.
183
Avaliação e projeto no design de interfaces
José Guilherme Santa Rosa e Anamaria de Moraes
Editora: 2AB
Sinopse: O livro tem por objetivo desenvolver soluções práticas
da área de interação humano-computador e responder a ques-
tões metodológicas de pesquisa, apresentando técnicas para o
projeto e avaliação de interfaces.
Comentário: Este livro é uma referência interessante para
quem precisa se aprofundar mais nos métodos de avaliação de
interfaces, bem como auxiliar no planejamento de avaliações e projeto.
W3C
O W3C é um consórcio internacional que tem por objetivo melhorar a qualidade da rede
mundial de computadores (Wolrd Wide Web) e desenvolve também padrões de acessibilida-
de. Este é o link de acesso ao escritório do Brasil.
ABNT. NBR 9241-11: Requisitos Ergonômicos para Trabalho de Escritórios com Computadores: Parte 11 -
Orientações sobre Usabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
BARNUM, C. M. Usability Testing Essentials: Ready, Set...Test! New York: Morgan Kaufmann, 2010.
CYBIS, W.; BETIOL, A. H.; FAUST, R. Ergonomia e usabilidade: conhecimentos, métodos e aplicações. 2. ed.
São Paulo: Novatec, 2010.
FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher, 2007.
GARRETT, J. The Elements of User Experience: User-Centered Design for the Web. New Riders, 2011.
GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Bookman, 1998.
GREEN, W. S.; JORDAN, P. W. Human Factors in Product Design: Current Practice and Future Trends.
London: Taylor & Francis, 1999.
GUALBERTO FILHO, A. Ergonomia e acessibilidade no ambiente de trabalho. In: MASCULO, F. S.; VIDAL,
M. C. Ergonomia: trabalho adequado e eficiente. Rio de Janeiro: Elsevier/ABEPRO, 2011.
IBM PC 5150. Wikimedia Commons. 2015. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:I-
BM_PC_5150.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 20 abr. 2016.
IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
JORDAN, P. An Introduction to Usability. London: Taylor & Francis, 1998a.
JORDAN, P. W. Human factors for pleasure in product use. Applied Ergonomics, v. 29, n. 1, p. 25-33, 1998b.
JORDAN, P. W. Focus groups in usability evaluation and requirements capture: a case study. In: ROBERT-
SON, S. Contemporary Ergonomics, London: Taylor and Francis, p. 449-453, 1994.
KERR, K. C.; JORDAN, P. W. An investigation of the validity and usefulness of a ‘quick and dirty’ usability
evaluation. In: ROBERTSON, S. Contemporary Ergonomics. London: Taylor and Francis, p. 128-133, 1995.
MAYHEW, D. The usability engineering lifecycle. San Francisco, CA: Morgan Kaufmann, 1999.
MONT’ALVÃO, C.; DAMASIO, V. Design Ergonomia Emoção. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008.
NIELSEN, J. Designing Web usability. Indianapolis, IN: New Riders Publishing, 2000.
NIELSEN, J. Usability Engineering. London: Academic Press, 1993.
NORMAN, D. Emotional Design. New York: Basic Books, 2004.
RAZZA, B. M. A influência da integração multissensorial na construção do espaço semântico no Sistema
Kansei de Engenharia: um estudo de design ergonômico com barbeadores descartáveis. Tese (doutorado em
Design). Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP, 2014.
RAZZA, B. M.; PASCHOARELLI, L. C.; SILVA, J. C. P. Metodologias de usabilidade no design de produtos:
uma revisão. In: PASCHOARELLI, L. C.; MENEZES, M. S. Design: questões de Pesquisa. Rio de Janeiro: Rio
Book’s, 2010.
RUBIN, J. Handbook of Usability Testing: How to Plan, Design, and Conduct Effective Tests. New York:
Wiley, 2004.
SANTA ROSA, J. G.; MORAES, A. Avaliação e projeto no design de interfaces. Teresópolis: 2AB, 2012.
SANTAELLA, L. Navegar no ciberespaço. São Paulo: Palus, 2004.
SCHIFFERSTEIN, H.; HEKKERT, P. Product Experience. London: Elsevier, 2008.
185
referências
STANTON, N. Human Factors in consumer products. London: Taylor & Francis, 1998.
STANTON, N.; YOUNG, M. S. A Guide to Methodology in Ergonomics: designing for human use.
London: Taylor & Francis, 1999.
TULLIS, T.; ALBERT, B. Measuring the user experience. Burlington: Morgan Kaufmann, 2008.
186
DESIGN
1. B, D, A, C, E.
2. E; A; C; D; B.
3. C.
4. V; F; V; V; V.
5. AN; EX; EX; AN; AN; EX.
187
ERGONOMIA
conclusão geral
Caro(a) aluno(a), com este livro aprendemos um pouco mais sobre antropometria, ou seja, a área do conheci-
mento que lida com as dimensões do corpo humano, e como ela é importante para diversas áreas da atuação
humana. Estudamos o sistema musculoesquelético, como ele permite que realizemos nossas atividades do
dia a dia, como se dá o metabolismo gerador de energia no músculo e quais são as restrições das capacidades
desses tecidos e das articulações.
Compreendemos como o organismo humano capta as informações do meio ambiente para utilizá-la em
suas atividades. Essas informações são úteis para a tomada de decisões conscientes, mas também sevem para
o próprio organismo regular as suas funções internas. Estudamos também as diversas etapas do processo
cognitivo e vimos como a memória tem papel importante no reconhecimento dos estímulos que estamos
percebendo e interpretando.
Por fim, estudamos duas abordagens importantíssimas da ergonomia e do design voltado ao usuário:
acessibilidade e usabilidade. Enquanto, a usabilidade tem o foco na facilidade e satisfação no uso de produtos,
a acessibilidade é uma abordagem que visa garantir o acesso igualitário aos produtos e serviços a pessoas com
necessidades especiais.
O objetivo deste livro foi trazer os conteúdos de ergonomia de uma forma facilitada e mais próxima do
leitor, criando a consciência de que o estudo do trabalho deve partir primeiramente do conhecimento de
como funciona o ser humano. Isso implica começar do ponto de vista dimensional e oesteomuscular, que
determinará a capacidade de trabalho, fadiga e doenças ocupacionais.
Devemos observar também que o corpo humano está imerso em um ambiente, recebendo estímulos e
agindo nesse meio, e o estudo dos sentidos humanos permite conhecer os limites humanos e suas potencia-
lidades. E, por fim, considerar que traços de personalidade e individualidade também influenciam no uso de
objetos, e essas questões também devem ser consideradas pela ergonomia.
188