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229/2016-2
RELATÓRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 030.229/2016-2
7. Após analisar as respostas às oitivas, com a anuência dos dirigentes da unidade técnica, o
auditor federal da Secex/AM apontou que a inabilitação da Daten Tecnologia Ltda. poderia ter sido
mesmo indevida, vez que a jurisprudência do TCU tem se firmado no sentido de que a aludida
penalidade teria abrangência restrita ao ente federado sancionador, mencionando, para tanto, os
Acórdãos 2530/2015, 2081/2014, 3443/2013, 2073/2013 e 342/2014, do Plenário.
8. Por sua vez, no que diz respeito às alegações da 29ª CSM em resposta à oitiva prévia, o
auditor federal anotou que a decisão da pregoeira teria sido equivocada, já que a inabilitação da Daten
Tecnologia Ltda. não estaria em sintonia com a aludida orientação normativa do órgão de auditoria do
Exército, que aduz:
“(...) 5. Em vista do exposto, esta Secretaria entende que: a. A sanção prevista no inciso
III, do art. 87 da Lei 8.666, de 1993, de suspensão temporária de participar em licitação e de
impedimento de contratar com a Administração, é restrita ao órgão responsável pela imputação. No
âmbito do Exército, pois, isso significa que tal penalidade, desde que imposta por qualquer unidade
gestora, produzirá efeitos em relação a todas as demais unidades gestoras desta Força Singular.
b. A sanção prevista no art. 7º da Lei 10.520, de 2002, produz efeitos em relação a todos
os órgãos do ente federativo ao qual pertence o órgão sancionador. Assim, qualquer penalidade com
tal fundamento, desde que imposta por órgão da Administração Pública Federal, se estenderá a todas
as unidades gestoras do Exército.”
2. Diante do exposto, em resposta ao questionamento apresentado pelo 1º B Com Sl e com
base nos transcritos acima, destacando o contido no DIEx no 142-Asse1/SSEF/SEF, esta Setorial
Contábil tem o seguinte entendimento quanto a possibilidade de contratações a serem efetuadas por
essa UGV :
a. Não podem ser contratadas, empresas que foram sancionadas por qualquer Unidade
Gestora do Exército Brasileiro, tendo como fundamento o previsto no inciso III, do art. 87 da Lei
8.666, de 1993; e
b. Não podem ser contratadas, empresas que foram sancionadas por qualquer órgão da
Administração Pública Federal, tendo como fundamento o previsto no art. 7º da Lei 10.520, de 2002.”
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13. Conforme descrito na instrução anterior (peça 17), a sanção aplicada à empresa
Daten foi baseada no art. 7º da Lei 10.520/2002 e no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/1993, devendo se
restringir ao ente federado sancionador:
‘Acórdão 1003/2015-TCU-Plenário: A sanção de impedimento para licitar e contratar
prevista art. 87, inciso III, da Lei 8.666/93 produz efeitos apenas em relação ao órgão ou entidade
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sancionador, enquanto que aquela prevista no art. 7º da Lei 10.520/02 produz efeitos apenas no
âmbito interno do ente federativo que a aplicar.’
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8.443, de 1992, assinar prazo de 15 (quinze) dias para que a 29ª Circunscrição de Serviço Militar, no
que tange ao item 4 do Pregão Eletrônico 004/2016 adote as medidas necessárias ao exato
cumprimento da Lei 8.666/1993, e anular o ato que inabilitou a empresa Daten Tecnologia Ltda.,
CNPJ 04.602.789/0001-01, e os atos subsequentes, informando a este Tribunal, no prazo de 30
(trinta) dias, as medidas adotadas;
d) dar ciência à 29ª Circunscrição de Serviço Militar para que oriente seus pregoeiros a
respeitarem a abrangência das sanções do art. 7º da Lei 10.520/2002 e art. 87 da Lei 8.666/1993, nos
moldes da jurisprudência do TCU (Acórdãos 2530/2015-TCU-Plenário; 2081/2014-TCU-Plenário;
3443/2013-TCU-Plenário; 2073/2013-TCU-Plenário; Acórdão 1884/2015-TCU-Primeira Câmara;
Acórdão 342/2014-Plenário, entre outros) e entendimento do próprio Exército (expediente DIEx nº
222-1ª Seção/12ª ICFEx).
c) dar ciência do acórdão que vier a ser proferido, assim como do relatório e do voto que
o fundamentarem, ao representante, à 29ª Circunscrição de Serviço Militar, e à empresa Lituânia
Comércio de Eletroeletrônicos Ltda.;
d) arquivar o presente processo.”
É o Relatório.
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VOTO
Como visto, trata-se de representação, com pedido de cautelar suspensiva, sobre possíveis
irregularidades no Pregão Eletrônico nº 004/2016 conduzido pela 29ª Circunscrição de Serviço Militar
(29ª CSM) para a aquisição de bens diversos (27 itens).
2. Preliminarmente, entendo que a presente representação merece ser conhecida pelo TCU, já
que preenchidos os requisitos legais e regimentais de admissibilidade.
3. No mérito, incorporo os pareceres da Secex/AM a estas razões de decidir e, por essa linha,
anoto, desde já, que a presente representação deve ser considerada procedente, pelos motivos que
passo a expor.
4. De acordo com a unidade instrutiva, a ora representante (Daten Tecnologia Ltda.) foi
indevidamente inabilitada no Pregão Eletrônico pela decisão da pregoeira, a partir de recurso
administrativo interposto por outra licitante (Mega Byte Magazine Ltda.), sob a equivocada alegação
de a empresa Daten estar impedida de licitar e contratar com toda a administração pública brasileira,
diante da existência de penalidade administrativa imposta no Estado de São Paulo, com fundamento no
art. 7º da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002.
5. Diante dos elementos contidos nos autos, o Plenário do TCU confirmou o meu despacho
concessório da cautelar suspensiva, tendo ficado anotado que: “a inabilitação da ora representante foi
realizada de forma indevida, já que a 29ª CSM estendeu os efeitos da penalidade de suspensão
imposta à referida empresa para além da circunscrição do Estado de São Paulo, afrontando, assim, a
firme jurisprudência do TCU, como bem destacou a unidade técnica”.
6. Além de conceder a medida cautelar, determinei a realização de audiência dos gestores da
29ª CSM e de oitiva das empresas interessadas, destacando que, após a realização das pertinentes
notificações processuais, apenas os gestores da 29ª CSM apresentaram as suas razões de justificativa,
ao passo que as referidas empresas se mantiveram silentes nos autos.
7. Em sua defesa, os aludidos gestores apenas informaram que a inabilitação da Daten
Tecnologia Ltda. teria ocorrido por mera inexperiência da pregoeira, vez que ela teria conferido
interpretação equivocada ao dado modelo de edital da AGU utilizado como paradigma.
8. Por essa linha, ao constatar que não houve efetivo prejuízo aos cofres públicos, já que, por
iniciativa própria, a 29ª CSM suspendeu a licitação em 15/12/2016 (bem antes da cautelar suspensiva
concedida pelo TCU em 8/2/2017), a unidade técnica propôs: (i) o conhecimento da representação; (ii)
o acolhimento parcial das razões de justificativas; (iii) a assinatura do prazo de 15 (quinze) dias para
que a 29ª Circunscrição de Serviço Militar, diante das irregularidades apontadas no item 4 do Pregão
Eletrônico 004/2016, adote as medidas necessárias com vistas ao cumprimento da Lei nº 8.666, de 21
de junho de 1993, anulando o ato que inabilitou a Daten Tecnologia Ltda., além dos atos subsequentes
a essa inabilitação; e (iv) dar ciência à 29ª CSM sobre a irregularidade apontada nos autos.
9. Bem se vê que a irregularidade inerente à indevida inabilitação da ora representante não
restou elidida, havendo até mesmo o reconhecimento por parte dos gestores do órgão licitante sobre a
equivocada interpretação da pregoeira em relação a esse aspecto específico.
10. A jurisprudência do TCU demonstra claramente que a Daten Teconlogia Ltda. não deveria
ter sido alijada do Pregão Eletrônico nº 004/2016 (v.g.: Acórdãos 2.530/2015, 2.081/2014, 3.443/2013,
2.073/2013 e 342/2014, do Plenário, e Acórdão 1884/2015, da 1ª Câmara), sobretudo porque o alcance
da penalidade imposta a essa empresa, com base no art. 7º, da Lei nº 10.520, de 2002, não deveria ter
ultrapassado o âmbito do ente estadual sancionador (Estado de São Paulo).
11. De todo modo, na mesma esteira do parecer da unidade técnica, as razões de justificativa
dos gestores da 29ª CSM devem ser parcialmente acolhidas pelo TCU, sem lhes aplicar a multa legal,
vez que a boa-fé dos responsáveis ficou bem evidenciada nos autos, destacando que eles adotaram, por
conta própria, as medidas necessárias com vistas a suspender o referido pregão eletrônico, bem antes,
até mesmo, de o TCU ter concedido a aludida cautelar suspensiva.
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13. Entendo, portanto, que o TCU deve conhecer da presente representação para, no mérito,
considerá-la procedente, enviando determinação à 29ª CSM, em vez da mera ciência proposta pela
unidade técnica.
Ante o exposto, proponho que seja prolatado o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de abril de 2017.
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1. Processo nº TC 030.229/2016-2.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Responsáveis: Marcelo de Oliveira Soares (CPF 119.219.458-69); Silvia Pinheiro da Silva
(CPF 699.238.502-00).
4. Órgão: 29ª Circunscrição de Serviço Militar.
5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Amazonas (Secex/AM).
8. Representação legal: Rudinei Kronbauer (CPF 756.077.279-04), representando a Daten Tecnologia
Ltda.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de cautelar
suspensiva, sobre possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico nº 004/2016 conduzido pela 29ª
Circunscrição de Serviço Militar (29ª CSM) para a aquisição de bens diversos (27 itens);
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente representação, vez que preenchidos os requisitos legais e
regimentais de admissibilidade para, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. acolher parcialmente as razões de justificativa apresentadas por Marcelo de Oliveira
Soares e Sílvia Pinheiro da Silva;
9.3. determinar, com fundamento no art. 71, IX, da Constituição de 1988 e no art. 45 da
Lei 8.443, de 1992, que, no prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência desta deliberação, a 29ª
Circunscrição de Serviço Militar adote as medidas necessárias ao exato cumprimento da Lei nº 10.520,
de 2002, e da Lei nº 8.666, de 1993, no que concerne ao item 4 do Pregão Eletrônico nº 004/2016, e,
assim, para retomar o andamento do aludido certame, anule o ato que indevidamente inabilitou a Daten
Tecnologia Ltda., além dos atos subsequentes, e conduza o referido pregão com a efetiva participação
da mencionada empresa, informando o TCU, no prazo de 30 (trinta) dias, sobre o resultado das
medidas adotadas;
9.4. determinar que, doravante, a 29ª Circunscrição de Serviço Militar observe os limites
de abrangência das sanções previstas no art. 7º da Lei 10.520, de 17 de julho de 2002, e no art. 87 da
Lei nº 8.666, de 1993, em consonância com a jurisprudência do TCU (v.g.: Acórdãos 2.530/2015,
2.081/2014, 3.443/2013, 2.073/2013 e 342/2014, do Plenário, e Acórdão 1884/2015, da 1ª Câmara) e
em linha com o entendimento do próprio Exército, nos termos do DIEx nº 222-1ª Seção/12ª ICFEx;
9.5. enviar cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamenta, à
empresa representante, à 29ª Circunscrição de Serviço Militar e à Lituânia Comércio de
Eletroeletrônicos Ltda.; e
9.6. arquivar o presente processo, sem prejuízo de determinar que a unidade técnica
promova o monitoramento da determinação contida no item 9.3 deste Acórdão.
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Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
PAULO SOARES BUGARIN
Procurador-Geral
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